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LIBRAS

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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 6
2 LÍNGUA DE SINAIS ............................................................................................. 7
3 SURDEZ .............................................................................................................. 7

3.1 Caracterizando a surdez ............................................................................. 7


3.2 Quem são os SURDOS? ............................................................................. 8
3.3 Desmistificando os estereótipos .................................................................. 8

4 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS ........................................ 9

4.1 Na idade antiga ........................................................................................... 9


4.2 Na Idade Média ........................................................................................... 9
4.3 Na idade moderna ..................................................................................... 10
4.4 Idade contemporânea até os nossos dias ................................................. 11

5 ELEMENTOS QUE FAZEM PARTE DA CULTURA SURDA. ............................ 13


6 FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDO E LEGISLAÇÃO. ...................... 14

6.1 Oralismo .................................................................................................... 14


6.2 Comunicação total ..................................................................................... 15
6.3 Bilinguismo ................................................................................................ 15

7 O TRADUTOR/INTERPRETE DE LIBRAS EDUCACIONAL .............................. 17


8 LEGISLAÇÃO .................................................................................................... 17

8.1 Lei de libras ............................................................................................... 18

8.1.1 Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002. ............................................. 18


8.1.2 Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 ............................... 19
8.1.3 Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002 .............................................. 19

8.2 Intérpretes ................................................................................................. 19

8.2.1 Lei Nº 12.319 de 1º de setembro de 2010 ....................................... 19


8.2.2 PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 040/2003 ..................................... 19

8.3 Acessibilidade ........................................................................................... 19

8.3.1 Decreto 5.296 de 2 de Dezembro de 2004 ...................................... 19


8.3.2 Decreto nº 6.214 de 26 de Setembro de 2007 ................................ 19
8.3.3 Resolução nº 4 de 2 de Outubro de 2009 ....................................... 20
8.3.4 Lei nº 10.216 de 6 de Abril de 2001 ................................................ 20
2
8.3.5 Lei nº 6.202 de 17 de Abril de 1975 ................................................ 20
8.3.6 Portaria nº 3.284 de 7 de Novembro de 2003 ................................. 20
8.3.7 Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004. ................................................ 20
8.3.8 Lei federal nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000 .......................... 20

8.4 Mercado de trabalho .................................................................................. 21

8.4.1 Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 ............................................... 21

8.5 Transporte ................................................................................................. 21

8.5.1 Conselho Nacional de Trânsito – Contran ....................................... 21

8.6 Surdez ....................................................................................................... 21

8.6.1 Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999 ................................ 21

8.7 Telefonia ................................................................................................... 22

8.7.1 Decreto nº 1.592 de 15 de maio de 1998 ........................................ 22

8.8 Legenda .................................................................................................... 22

8.8.1 Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004 – Rio de janeiro ....................... 22


8.8.2 Lei nº 2.089 De 29 De Setembro De 1998 – Distrito Federal .......... 22
8.8.3 Lei Nº 12.319 de 1º de setembro de 2010 ....................................... 22
8.8.4 Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020 .............................. 22

9 ASPECTOS LINGUÍSTICOS E GRAMATICAIS................................................. 23

9.1 Linguagem ................................................................................................ 23


9.2 Língua ....................................................................................................... 24

10 PARÂMETROS FONOLÓGICOS ...................................................................... 24

10.1 Configuração de mãos .............................................................................. 25


10.2 Ponto de articulação .................................................................................. 26
10.3 Movimento ................................................................................................. 27
10.4 Orientação/direcionalidade ........................................................................ 27
10.5 Expressão facial e / ou corporal................................................................. 27

11 FONOLOGIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS .......................................................... 29


12 O LÉXICO OU VOCABULÁRIO DA LIBRAS ................................................... 29
13 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS ............................................................................ 30

13.1 Mudanças históricas .................................................................................. 31


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14 ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE ................................................................ 31

14.1 Sinais Icônicos .......................................................................................... 32

15 ÁRVORE ........................................................................................................... 32

15.1 Sinais Arbitrários ....................................................................................... 33

16 DATILOLOGIA É O ALFABETO MANUAL......................................................... 33


17 ALFABETO MANUAL ........................................................................................ 34
18 NUMERAIS ........................................................................................................ 34
19 SINAIS E PRÁTICA DE CONVERSAÇÃO BÁSICA EM LIBRAS. ...................... 36
20 PRONOMES DEMONSTRATIVOS.................................................................... 39
21 SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO PARA A LIBRAS ............................................... 39

21.1 Pronomes Pessoais................................................................................... 39


21.2 Primeira Pessoa do Singular: EU .............................................................. 39
21.3 Primeira Pessoa do Plural: NÓS-2, NÓS-3, NÓS-4, NÓS-NÓS-TOD@ .... 40
21.4 Segunda Pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): VOCÊ, ................ 40
21.5 Segunda Pessoa do Singular: VOCÊ ........................................................ 40
21.6 Segunda Pessoa do Plural: VOCÊ-2, VOCÊ-3, VOCÊ-4, VOCÊ/VOCÊS-
TOD@S................................................................................................................ 41
21.7 Terceira Pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EL@, ................... 41
21.8 SAUDAÇÕES: FORMAL/INFORMAL ........................................................ 51
21.9 Que horas são? Que-horas e quantas-horas ............................................. 60

21.9.1 SITUAÇÃO 1 “Entre amigos” .......................................................... 65


21.9.2 SITUAÇÃO 2 “ na recepção da escola” ........................................... 65

22 TIPOS DE FRASES EM LIBRAS ....................................................................... 73

22.1 DIÁLOGO 1 ............................................................................................... 90


22.2 DIÁLOGO 2 ............................................................................................... 90

23 MEIOS DE TRANSPORTES............................................................................ 100


24 ANIMAIS .......................................................................................................... 101
25 DISCIPLINAS .................................................................................................. 103
26 MATERIAL ESCOLAR ..................................................................................... 104

26.1 DIÁLOGO 1 – NA ESCOLA ..................................................................... 105


26.2 DIÁLOGO 2 – NO HOTEL ....................................................................... 105

4
26.3 DIÁLOGO 3 – NA RECEPÇÃO ............................................................... 106
26.4 DIÁLOGO 4 – NA EMPRESA .................................................................. 106

27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 107

5
1 INTRODUÇÃO

A LIBRAS se destaca por ser uma língua de modalidade visual espacial, foi
desenvolvida pelas comunidades surdas do Brasil, por meio de aspectos culturais e
indenitários. Como toda língua, a LIBRAS é dinâmica e está sempre em processo de
desenvolvimento e ampliação. É reconhecida na legislação brasileira como língua
oficial da comunidade surda, assim como a Língua Portuguesa é para os ouvintes.
Um aspecto a ser considerado é que a linguagem humana pertence a todo ser
humano, ou seja, no convívio de uma comunidade, os indivíduos aprendem a sua
língua, e esta linguagem é fundamental para a socialização da criança, já que é um
instrumento importante para a comunicação, que ocorre de diversos modos: fala
escrita, gestos, expressões faciais etc. Portanto, para o indivíduo surdo, a língua de
sinais é uma linguagem primordial para seu convívio em sociedade, no caso brasileiro,
esta língua de sinais foi consolidada na LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).

Para Góes (1999), aprender uma língua significa atribuir


significações ao mundo por meio de uma linguagem, assim sendo,
uma criança surda que vive numa sociedade de maioria ouvinte deve
buscar outra linguagem para comunicação, já que para os ouvintes
a fala é o modo hegemônico de comunicação. Desta forma, cria-se
uma via de mão dupla: os surdos aprendem como a sua primeira
língua a língua de sinais da sua comunidade, logo, a sua segunda
língua será a escrita da língua onde vivem. Por sua vez, os ouvintes
têm como primeira língua a língua falada e escrita pela sua
comunidade, já a língua de sinais pode tornar-se a sua segunda
língua, se assim desejarem. E esta coexistência pode ser saudável
para a sociedade.

A Língua Brasileira de Sinais teve sua origem ainda no Império. Em 1856, o


conde francês Ernest Huet, que era surdo, desembarcou no Rio de Janeiro com o
alfabeto manual francês e alguns sinais. O material foi adaptado e deu origem a Libras.
Este sistema foi amplamente expandido e assimilado no Brasil.
No entanto, a oficialização da Língua brasileira sinais- LIBRAS só ocorreu um
século e meio depois, em abril de 2002 – durante esse período, no Brasil a monarquia
deu lugar a república, teve seis Constituições e viveu a ditadura militar.
O longo intervalo deve-se a uma decisão tomada no Congresso Mundial de
Surdos, na cidade italiana de Milão em 1880. No evento, ficou decidido que a língua
de sinais deveria ser abolida, ação que o Brasil implementou em 1881.
A regulamentação da Libras em âmbito federal só se deu em 24 de abril de
2002, com a lei nº 10.436. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 Regulamenta
6
a Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
– Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

2 LÍNGUA DE SINAIS

As línguas de sinais são denominadas línguas de modalidade gestual-visual


(ou espaço-visual), pois a informação linguística é recebida pelos olhos e produzida
pelas mãos. As Línguas de Sinais (LS) são as línguas naturais das comunidades
surdas.
A Língua de sinal assim como a Língua oral não são universais, cada país fala
a sua língua de sinal de acordo com suas origens culturais. Os surdos do Brasil falam
LIBRAS, na França LSF, nos Estados Unidos ASL e assim por diante. Além do
regionalismo, pois assim como as línguas orais sofrem influencias linguísticas as
línguas de sinais também. Portanto a sigla LIBRAS significa – Língua de sinais
brasileira.

3 SURDEZ

A surdez ou deficiência auditiva é a perda parcial ou total da audição, que pode


ser ocasionada por má-formação congênita, ou seja, desde o nascimento. Pode
também, ser adquirida ao longo da vida, provocada por alguma lesão na orelha ou
ouvido, atingindo as estruturas que compõem o aparelho auditivo. A deficiência
auditiva ou surdez pode variar de um grau leve a profunda, ou seja, o indivíduo pode
não ouvir apenas os sons mais fracos ou até mesmo não ouvir som algum.

3.1 Caracterizando a surdez

 Leve: as pessoas podem não se dar conta que ouvem menos: somente um
teste de audição (audiometria) vai revelar a deficiência. E a perda acima de 25
a 40 decibéis (D.B.);
 Moderada: É a perda de 41 a 55 (D.B.). Os sons podem ficar distorcidos e na
conversação as palavras se tornam abafadas e mais difíceis para entender,
particularmente quando têm várias pessoas conversando em locais com ruído
ambiental ou salas onde existe eco. A pessoa só consegue escutar os sons

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muito altos como o som ambiente de urna sala de trabalho e tem dificuldade
para falar ao telefone.
 Severa: a perda de 71 a 90 (D.B.). Para ouvir, a pessoa precisa de um som tão
alto quanto o barulho de uma impressora rotativa (até 80 decibéis).
 Surdez profunda: É a perda Acima de 91 (D.B.). A pessoa só ouve ruídos
como os provocados por uma turbina de avião (120 decibéis) disparo de
revolver (150 decibéis) e tiro de canhão (200 decibéis).

3.2 Quem são os SURDOS?

Surdo - Pessoas que não escutam ou que possuem perda auditiva e utilizam a
língua visual-espacial como principal meio de comunicação. Os surdos que
frequentam a escola ou tem contato com outros surdos desenvolvem a língua de
sinais. Mas existem alguns surdos que vivem isolados ou em locais onde não exista
uma comunidade surda, e se comunicam por gestos conhecidos também como sinais
caseiros. Existem também os surdos oralizados, que por decisão da família, após
muito treino, preferem usar a língua oral.
Deficiência Auditiva - Pessoa que possui algum tipo de perda sensorial
auditiva desde de surdez leve a profunda. É um termo técnico usado pela medicina e,
algumas vezes, em textos científicos. Não designa o grupo cultural dos surdos.
Surdo-Mudo: termo incorreto atribuído ao surdo está associado ao estigma
social pelo fato do surdo não usar a comunicação oral. Ser surdo não significa ser
mudo, a mudez e a surdez são deficiências diferentes e não devem ser associadas.
Infelizmente por falta de conhecimento o termo ainda é utilizado em certas áreas e
divulgado nos meios de comunicação, principalmente televisão, jornais e rádio e redes
sociais. O termo correto para nos referirmos a esses indivíduos é apenas “SURDO”.

3.3 Desmistificando os estereótipos

 Nem todo surdo é mudo;


 Nem todos os surdos fazem leitura labial;
 Nem todos os surdos sabem Língua de Sinais;
 Ao falar com surdo não é necessário tocá-lo fortemente e/ou falar em voz alta.
 A Língua de Sinais não é universal.

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4 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

Ao longo da história os surdos foram marginalizados, sendo considerados como


deficientes e incapazes o que levou em muitos casos à perda de heranças e vários
direitos.

4.1 Na idade antiga

Os romanos e os gregos discriminavam os surdos por acharem que eram


castigo divino ou pessoas enfeitiçadas. Os surdos eram abandonados ou eram
lançados de precipícios como faziam com qualquer criança que nascesse com alguma
deficiência.
No Egito e na Pérsia as pessoas acreditavam que os surdos eram enviados
dos deuses, por acreditarem que eles se comunicavam diretamente com eles, apesar
de serem venerados, viviam isolados e não tinham direito à educação.
Aristóteles (384 -322 a.c) acreditava-se que os surdos não falavam porque não
possuíam linguagem e nem pensamentos, portanto achavam impossível educa-los.

4.2 Na Idade Média

A igreja católica proibia os surdos de receberem a comunhão sobre a alegação


de que eles não tinham alma e eram incapazes de confessar seus pecados.
Eram proibidos de casarem entre si, não recebiam herança, eram privados de
todos os direitos de cidadãos. Nessa mesma época os monges beneditinos faziam
votos de silêncio e desenvolveram uma linguagem de sinais para comunicarem entre
si, sem quebrar o voto do silêncio, e aproveitaram para alfabetizar alguns surdos de
família nobre nascidos nos castelos, visto que os nobres não queriam dividir a herança
com outras famílias casando-se entre primos, sobrinhas, tios entre outros. Porem seus
filhos nasciam surdos e para receberem a herança precisavam falar e dessa forma
passaram a ser educados.
Quanto ao método utilizado na época não temos registros, mas sabe-se que
alguns acreditavam que deveriam priorizar a língua falada, outros, a língua de sinais
e outros, ainda, o método combinado.

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4.3 Na idade moderna

Girolamo Cardono (1501-1576) era médico e filósofo reconhecia a habilidade


de raciocínio do surdo e afirmava que a surdez não impedia a aprendizagem do surdo
e que a melhor forma de educá-los era a escrita.
A primeira escola para surdo estabelecida na Espanha foi criada pelo monge
beneditino Pedro Ponce de Leon (1510-1584). Poncio de Leon usava a datilologia, a
escrita e a oralização. Mais tarde ele criou a escola para professores surdos, mas seus
métodos não perpetuaram após sua morte, pois na época costumava-se guardar
segredo sobre a educação de surdos.
O primeiro livro publicado sobre a educação de surdos foi no ano de 1620, por
Juan Pablo Bonet. Seus métodos consistiam em treinamento da fala, e o uso do
alfabeto (datilologia).
Jacob Rodrigues foi reconhecido como o primeiro professor surdo da França,
oralizou sua irmã utilizando o método do ensino da fala e de exercícios auditivos e
orais.
Samuel Heinicke (1729-1790) usava o oralismo puro, onde o grande valor era
a fala, e foi conhecido como “O Pai do método Alemão”. Em 1778 fundou a primeira
escola de surdos na Alemanha na qual seus alunos eram ensinados através do
oralismo puro.
No entanto, dentre esses educadores, o mais importante foi o abade francês
Charles-Michel de L’Epée (1712- 1789), o qual ensinou e apoiou os surdos, criando
uma escola pública, o Instituto Nacional de Jovens Surdos-Mudos, em Paris. Além
disso, L’Epée criou também como método de ensino a gramática de LS, o método
chamado de Sinais Metódicos. Por meio dos Sinais Metódicos, utilizava-se a inicial da
palavra em francês para criar o sinal dessa palavra. Por exemplo: o sinal para DIEU
(Deus) era feito com a sua inicial, a letra D. Abade Charles de L’Epée morreu deixando
21 escolas para surdos em todo o território francês.

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Abade Charles de L’Epée

Fonte Disponível em: https://www.google.com/search?


q=figura+de+abade+de+l+epp&sxsrf=

4.4 Idade contemporânea até os nossos dias

Nos Estados Unidos o reverendo Thomas Hopkins Gallaudet (1787-1851),


observava as crianças brincando em seu jardim, quando percebeu que uma delas era
rejeitada pelas outras crianças pelo fato de ser surda. Gallaudet ficou profundamente
tocado com a situação da menina, e pelo fato de não ter nenhuma escola de surdos
nos Estados Unidos que pudesse ser frequentada por ela.
Gallaudet partiu para a Europa onde conheceu os métodos aplicados por
L’Epée e ao retornar para os Estados Unidos trouxe consigo um professor surdo,
Laurent Clerc, que foi um discípulo de L’Epée. Durante a viagem Clerc ensinou a
língua de sinais para Gallaudet que por sua vez lhe ensinou o inglês. Gallaudet fundou
a primeira escoa de surdos dos Estados Unidos, e em 1864 seu filho Edward Miner
Gallaudet fundou a primeira universidade nacional para surdos.
Em 1855 chega ao Brasil o professor surdo Ernest Huet conhecido também por
Eduardo Huet, a convite de D. Pedro II. Abriu a primeira escola de surdos na cidade
do Rio de Janeiro, denominada “Imperial Instituto dos Surdos-mudos”, atualmente
denominada, “Instituto Nacional de Educação de Surdos”- INES.

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Fonte disponível em: https://academiadelibras.com/blog/primeiraescola-de-surdos-no-brasil-1857/

Em 1867, Alexander Grahan Bell dedicou-se aos estudos sobre acústica e


fonética, publicou vários artigos criticando o casamento entre pessoas surdas, cultura
surda e as escolas para surdos. Ele era contra a língua de sinais, argumentando que
a mesma não propiciava o desenvolvimento intelectual dos surdos. Grahan Bell abriu
a própria escola com intuito de oralizar os surdos e lá conheceu a surda Mabel, com
quem se casou.
O ano de 1880 foi uma data marcante para a comunidade surda, pois foi
realizado o congresso de Milão – Itália, onde o método oral foi votado como o método
mais adequado para a educação de surdos e a língua de sinais foi proibida
oficialmente, justificando que a mesma destruía a capacidade de fala dos surdos,
sobre a alegação que os surdos eram preguiçosos e preferiam se comunicar em língua
de sinais. Graham Bell teve uma grande participação no congresso junto com mais
164 ouvintes que votaram a favor do oralismo, contra 5 surdos americanos que foram
contra o oralismo. Tal opressão perdurou por mais de um século, trazendo uma série
de consequências sociais e educacionais negativas.
Nesse mesmo contexto nasceu Helen Keller no Alabama, Estados Unidos.
Devido a uma enfermidade ela ficou surda e muda aos 2 anos de idade. Aos 7 anos
foi educada pela professora Anne Sullivan, que lhe ensinou o alfabeto tátil (método
empregado pelos surdos cegos). Hellen Keller concluiu o ensino superior e publicou
várias obras, além de passar o resto de sua vida visitando pessoas com deficiências
pelo mundo, levando esperança e autoestima a elas.
Em 1960 o linguista Willian StoKoe publicou o livro “Language Structure: an
Outline of the Visual Communication System of the American Deaf”, afirmando que

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ASL (língua de sinais americana) é uma língua com todas as características da língua
oral. A partir dessa publicação surgiram várias pesquisas a respeito da língua de sinais
nos Estados Unidos e na Europa.
Willian Stokoe

A cultura surda engloba possibilidades e elementos próprios da vida dos


sujeitos surdos, abarcando não apenas aspectos cotidianos de suas vidas, mas
também o grupo social a qual pertencem. A falta de audição não inviabiliza a
interação linguística, a participação social ou a produção cultural das pessoas
surdas. Ao nos aproximarmos mais da realidade surda, através da convivência e de
pesquisas, deparamos, com um complexo e instigante conjunto de elementos
culturais, alimentados e enriquecidos pelas comunidades surdas.

5 ELEMENTOS QUE FAZEM PARTE DA CULTURA SURDA.

 Visualidade: O surdo é muito visual. A visão é o principal sentido de contato


com o mundo, de apreensão e significação das informações.
 Linguístico: as línguas de sinais, de características viso espaciais, são as
línguas naturais das pessoas surdas. Não se trata de uma versão em sinais de
uma língua oral como o português, ela possui regras próprias, e não são
simples gestos ou mímicas.
 Comunidade surda: composta por surdos e por ouvintes militantes da causa,
como professores, familiares, intérpretes, amigos, entre outros.
 Associações e organizações: centros cuja importância se manifesta, por
exemplo, na possibilidade de o surdo interagir com outras pessoas surdas, o

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que favorece a construção da sua identidade, a possibilidade de aprender a
língua de sinais, as lutas sociais etc.
 Arte surda: produções literárias, teatros e artes plásticas em língua de sinais
e produzidas por pessoas surdas.
 Criações e transformações materiais: exemplificadas pelas soluções
alternativas para as pessoas surdas, como campainhas luminosas, telefones
adaptados (Telecommunications device for the deaf - TDDs), dispositivos de
vibração (relógios, celulares) em substituição ao despertador, etc.

6 FILOSOFIAS EDUCACIONAIS PARA SURDO E LEGISLAÇÃO.

6.1 Oralismo

O Congresso de Milão foi um evento muito importante na educação dos


surdos, foi realizada no dia 06 de setembro de 1880, e trouxe a filosofia oralista para
a educação dos surdos. Nessa perspectiva os surdos só podiam ser educados
através do método oral, logo, todos os métodos gestuais e de língua de sinais foram
considerados limitados e inferiores. Após o Congresso de Milão, os países
europeus, bem como outros países do mundo, adotaram o Oralismo puro em suas
escolas. Isso causou o afastamento de professores surdos, permanecendo apenas
os professores ouvintes nessas escolas. Segundo Moura (2000), durante cerca de
cem anos de predominância do Oralismo (de 1880 a 1980), foram obtidos poucos
resultados quanto ao desenvolvimento da fala, do pensamento e da aprendizagem
dos surdos. Além disso, a surdez era vista apenas em termos clínicos, tendo-se
como preocupação o estudo da perda auditiva, o desenvolvimento da oralidade, a
articulação, etc. A comunicação de surdos, através da Língua de Sinais, dava-se
em ambientes escondidos, como no banheiro e no pátio das escolas, nos quartos
de internatos, antes de dormir, e nos pontos de encontros de surdos. Devido a esse
fato, a Língua de Sinais nunca se extinguiu, permanecendo como língua na vida dos
surdos.

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6.2 Comunicação total

Nos anos 60, o linguista americano William Stokoe reconheceu que a LS tinha
gramática própria. Atualmente, vários linguistas pesquisam sobre a LS em diferentes
países. Antes de Stokoe, a LS era vista como pobre, apenas um apoio de
comunicação; havia o pensamento de que esta servia para comunicação de macacos.
Nessa época, predominava o oralismo, discriminando-se a LS.
Nos anos 80, iniciaram os estudos e a aplicação da Comunicação Total por
professores de surdos. Conforme explica Dorziat (2005, p. 3):

Os adeptos da comunicação total consideravam a língua oral um código


imprescindível para que se pudesse incorporar a vida social e cultural,
receber informações, intensificar relações sociais e ampliar o conhecimento
geral de mundo, mesmo admitindo as dificuldades de aquisição, pelos surdos,
dessa língua.

Na Comunicação Total, é necessário falar e sinalizar ao mesmo tempo. Por


exemplo: pronuncia-se EU VOU PARA CASA e sinaliza-se EU VOU CASA (o que
chamamos de bimodalismo).

6.3 Bilinguismo

Nos anos 90, o Bilinguismo teve início na educação de surdos. Caracterizado


pelo aprendizado de duas línguas - a Língua Brasileira de Sinais e a Língua
Portuguesa - a educação bilíngue consiste, em primeiro lugar, na aquisição da Língua
de Sinais (L1) pelos surdos, sendo esta sua língua materna. Em seguida, a Língua
Portuguesa (L2) escrita é ensinada como sua segunda língua.
Durante muito tempo houve a tentativa de normatizar o surdo, mas graças a
resistência da cultura surda que lutou pelo reconhecimento da língua de sinais. Apesar
dessa conquista o surdo ainda tem dificuldade de aprendizagem no ambiente escolar
devido a diferença na estrutura das línguas, pois a Libras não tem escrita própria, o
surdo é obrigado a escrever na estrutura da língua portuguesa, que se difere muito da
língua de sinais.
A estrutura da língua de sinais se diferencia da língua portuguesa, isso traz
dificuldade para os surdos na ora da escrita, ao passo que ele usa a Libras para se
comunicar e o Português para a escrita. E esse fator leva os professores, que não
entendem a escrita dos surdos, acreditarem que eles possuem alguma dificuldade de
aprendizagem ou falta de interesse.
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Além do interprete em sala de aula é importante que o professor ouvinte saiba
a Língua de Sinais, assim ele pode comunicar-se de maneira satisfatória com o aluno
surdo. Porém, quando o professor também é surdo, além da mesma comunicação,
ambos possuem a mesma identidade, o que contribui para uma harmonia ainda
melhor entre professor e aluno. Assim o aluno encontra na figura do professor um
modelo de adulto surdo e o professor surdo representa uma perspectiva para o próprio
futuro desse aluno. Mas essa situação é rara em nosso país, ainda temos poucas
escolas bilíngues, não temos professores surdos em salas de aula regente e sim nas
salas de recursos onde o professor surdo faz o atendimento ao aluno no contra turno,
nas escolas ou centros especializados para surdos. Também encontramos
profissionais surdos lecionando para esses alunos.
A introdução da Língua de Sinais no currículo de escolas para surdos é um
indício de respeito a sua diferença. É desejo dos surdos que a escola, dentro de sua
cultura, prepare-os para o mercado de trabalho e o convívio social.
Mesmo com o desenvolvimento da Língua brasileira de sinais e a introdução
do bilinguismo na educação dos surdos, há baixo índice de participação dos surdos
no ensino médio, e menor ainda no ensino superior, comprovando que a educação de
surdos permanece carente de mudanças (Rangel e Stumpf, 2004).
A diferença destacada refere-se também ao fato de que as línguas de sinais
são línguas espaço-visuais, ou seja, esta língua não se utiliza do canal oral-auditivo
para sua comunicação, mas da visão e do espaço disponível. Uma semelhança é o
fato de não ser universal, pois tanto a língua de sinais quanto as línguas orais têm
suas regionalidades, gírias e outras especificidades que impedem a formação de uma
língua universal.

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7 O TRADUTOR/INTERPRETE DE LIBRAS EDUCACIONAL

https://abre.ai/d7kf

Atualmente há leis em vigor que regulamentam a profissão e determinam a


formação desse profissional. Uma dessas leis é a LEI Nº 12.319 DE 01.09.2010 que
regulamenta a profissão de Tradutor e Interprete de Língua Brasileira de Sinais –
LIBRAS.
De acordo com Quadros (2007, p.7) o tradutor/intérprete de Libras é
conceituado como “a pessoa que interpreta Libras/Português e Português/Libras.
A atividade de traduzir/interpretar não deve ser entendida somente como um
processo linguístico, é imprescindível que o profissional domine as línguas envolvidas
e compreenda as ideias presentes nos discursos para além das palavras, lembrando
que em uma atividade de tradução/interpretação, além da gramática das línguas, está
a cultura, os aspectos sociais e emocionais presentes no contexto a ser interpretado.
De acordo com a Lei, além de mediar à tradução da Libras/Língua Portuguesa,
cabe ainda ao interprete exercer maiores funções explicativas da fala do professor,
mas não interagir no processo de aprendizagem do aluno, apenas exercer sua função
de mediador da língua e não da aprendizagem.

8 LEGISLAÇÃO

No Brasil, a primeira lei que viabiliza o uso da Língua Brasileira de Sinais como
a primeira língua dos surdos foi assinada em novembro de 2002 pelo Presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Em 22 de dezembro de 2005, no governo do Presidente Luiz Inácio Lula da
Silva esta lei foi regulamentada através do Decreto 5.626, que trata do uso e da
17
difusão da LIBRAS, da inclusão da LIBRAS como disciplina, da formação do instrutor
e do intérprete da LIBRAS, entre outras coisas.

8.1 Lei de libras

8.1.1 Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002.

Dispõe sobre a LÍNGUA BRASILERA DE SINAIS - LIBRAS e dá outras


providências. Eu o presidente da república faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei.
Art. 1 - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo Único. Entende-se como LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS
a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza é
visual motora. Com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2 - Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas
concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e
difusão da LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS como meio de comunicação
objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art 3 - As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços
públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado
aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4 - O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais,
municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de
educação especial, de fonoaudióloga e de magistério, em seus níveis médio e
superior, do ensino da língua brasileira de sinais - libras, como parte integrante dos
parâmetros curriculares nacionais - PCNS. Conforme legislação vigente.
Parágrafo Único. A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS não poderá
substituir a modalidade escrita da Língua Portuguesa.
Art. 5 - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 1810 da Independência e 1140 da República.
Fernando Henrique Cardoso Paulo Renato Souza
Texto Publicado no D.O.U. de 25.4.2002.

18
8.1.2 Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005

Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a


Língua Brasileira de Sinais – Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro
de 2000.

8.1.3 Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências.

8.2 Intérpretes

8.2.1 Lei Nº 12.319 de 1º de setembro de 2010

Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de


Sinais (LIBRAS).

8.2.2 PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 040/2003

Tradução simultânea na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – na


programação da TV Assembleia e dá outras providências.

8.3 Acessibilidade

8.3.1 Decreto 5.296 de 2 de Dezembro de 2004

Regulamenta as Leis nº 10.048 de Novembro de 2000, e dá prioridade de


atendimento às pessoas que especifica, e 10.098 de 19 de Dezembro de 2000 que
estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade.

8.3.2 Decreto nº 6.214 de 26 de Setembro de 2007

Regulamenta o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Assistência


Social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a lei nº 8.742 de
Dezembro de 1993, e a Lei nº 10.741 de 1º de Outubro de 2003, e dá outras
providências.

19
8.3.3 Resolução nº 4 de 2 de Outubro de 2009

Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado


na Educação Básica, modalidade Educação Especial.

8.3.4 Lei nº 10.216 de 6 de Abril de 2001

Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos


mentais e redireciona o modelo assistencial de saúde mental.

8.3.5 Lei nº 6.202 de 17 de Abril de 1975

Atribui à estudante em estado de gestação o regime de exercícios domiciliares,


instituído pelo Decreto lei nº 1.044, e dá outras providências.

8.3.6 Portaria nº 3.284 de 7 de Novembro de 2003

Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de defi


ciências, para instruir os processos de autorização e reconhecimento de cursos, e de
credenciamento de instituições.

8.3.7 Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004.

Dispõe sobre a utilização de recursos visuais, destinados as pessoas com


deficiência auditiva, na veiculação de propaganda oficial.

8.3.8 Lei federal nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000

Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da


acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e
dá outras providências.

20
8.4 Mercado de trabalho

8.4.1 Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991

Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a
preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na
seguinte proporção: I – até 200 empregados 2% II – de 201 a 500 3% III – de 501 a
1.000 4% IV – de 1.001 em diante 5% 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de
deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90
(noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer
após a contratação de substituto de condição semelhante. 2º O Ministério do Trabalho
e da Previdência Social deverá gerar estatísticas sobre o total de empregados e as
vagas preenchidas por reabilitados e deficientes habilitados fornecendo-as quando
solicitadas, aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados. Lei nº
8.666, de 21 de junho de 1993.

8.5 Transporte

8.5.1 Conselho Nacional de Trânsito – Contran

Resolução nº 734/1989 Art. 54 o candidato à obtenção de carteira nacional de


habilitação, portador de defi ciência auditiva igual ou superior a 40 decibéis,
considerado apto no exame otonerológicos, só poderá dirigir veículo automotor das
categorias A ou B.

8.6 Surdez

8.6.1 Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999

Art.4º é considerada pessoa portadora de deficiência aquela que enquadrar nas


seguintes categorias:
A) DE 25 A 40 DECIBÉIS (D.B) – SURDEZ LEVE;
B) DE 41 A 55 (D.B) – SURDEZ MODERADA;
C) DE 56 A 70 (D.B) – SURDEZ ACENTUADA;
D) DE 71 A 90 (D.B) – SURDEZ SEVERA;

21
E) DE ACIMA DE 91 (D.B) – SURDEZ PROFUNDA;
F) ACANHAIS (PROFUNDA).

8.7 Telefonia

8.7.1 Decreto nº 1.592 de 15 de maio de 1998

Art.6º a partir de 31 dezembro de 1999. A concessionária deverá assegurar


condições de acesso ao serviço telefônico para defi cientes auditivos e da fala: tornar
disponível centro de atendimento para intermediação da comunicação (1402).

8.8 Legenda

8.8.1 Lei nº 4.304 de 07 de abril de 2004 – Rio de janeiro

Dispõe sobre a utilização de recursos visuais, destinados às pessoas com


deficiência auditiva, na veiculação de propaganda oficial.

8.8.2 Lei nº 2.089 De 29 De Setembro De 1998 – Distrito Federal

Institui a obrigatoriedade de inserção, nas peças publicitárias para veicularão


em emissoras de televisão, da interpretação da mensagem em legenda e na Língua
Brasileira de Sinais – Libras.

8.8.3 Lei Nº 12.319 de 1º de setembro de 2010

Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais


(LIBRAS).

8.8.4 Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020

Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com


Aprendizado ao Longo da Vida. Traz no Art. 2º no inciso II - educação bilíngue de
surdos - modalidade de educação escolar que promove a especificidade linguística e
cultural dos educandos surdos, deficientes auditivos e surdo-cegos que optam pelo
uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras, por meio de recursos e de serviços
22
educacionais especializados, disponíveis em escolas bilíngues de surdos e em
classes bilíngues de surdos nas escolas regulares inclusivas, a partir da adoção da
Libras como primeira língua e como língua de instrução, comunicação, interação e
ensino, e da língua portuguesa na modalidade escrita como segunda língua;
Estas Leis foram conquistadas pela comunidade surda, após muitas lutas e
pressões dos movimentos sociais, iniciativas individuais e coletivas, órgãos e
entidades diversas foram aprovadas pelo legislativo, que por sua vez se sensibiliza
juntamente com toda a sociedade em prol da visibilidade dos surdos e pela luta dos
seus direitos.

9 ASPECTOS LINGUÍSTICOS E GRAMATICAIS

A LIBRAS é dotada de uma gramática constituída a partir de elementos


constitutivos das palavras ou itens lexicais e de um léxico (o conjunto das palavras da
língua) que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e
semânticos que apresentam especificidade mas seguem também princípios básicos
gerais. Estes são usados na geração de estruturas linguísticas de forma produtiva,
possibilitando a produção de um número infinito de construções a partir de um número
finito de regras.
É dotada também de componentes pragmáticos convencionais, codificados no
léxico e nas estruturas da LIBRAS e de princípios pragmáticos que permitem a
geração de implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais.
Estes princípios regem também o uso adequado das estruturas linguísticas da
LIBRAS, isto é, permitem aos seus usuários usar estruturas nos diferentes contextos
que se lhes apresentam de forma a corresponder às diversas funções linguísticas que
emergem da interação do dia a dia e dos outros tipos de uso da língua. Veremos a
seguir cada um desses conceitos da definição discutidos e ilustrados por estruturas
da LIBRAS.

9.1 Linguagem

Linguagem é tudo que envolve significação, que pode ser humano (pintura,
música, cinema), animal (abelhas, golfinhos, baleias) ou artificial (linguagem de
computador, código Morse, código internacional de bandeiras). Ou seja, “sistema
de comunicação natural ou artificial, humana ou não” (Fernandes, 2002:16).
23
9.2 Língua

É um conjunto de palavras, sinais e expressões organizados a partir de regras,


sendo utilizado por um povo para sua interação. Sendo assim a língua seria uma forma
de linguagem: a linguagem verbal (oral) e não verbal (língua de Sinais). Tanto a língua
oral quanto a língua de sinal se organizam em diferentes níveis: semântico, sintático
morfológico e fonológico.
Libras é língua ou linguagem? Diante do exposto a LIBRAS é uma língua e
o termo correto é “língua” de sinais e não “linguagem” de sinais, pois “língua” possui
um sistema específico de signos que é utilizado por um povo para si comunicarem ao
passo que “linguagem” está relacionada capacidade da espécie humana para se
comunicar através de signos.

10 PARÂMETROS FONOLÓGICOS

Os sinais são formados a partir da combinação do movimento das mãos com


um determinado formato em um determinado lugar, podendo este lugar ser uma parte
do corpo ou um espaço em frente ao corpo.
Nas línguas de sinais podem ser encontrados os seguintes parâmetros:

 Configuração de Mãos (CM)


 Localização ou Ponto de Articulação (PA)
 Movimento (M)
 Orientação e direcionalidade (Or).
 Expressões Não – Manuais (ENM).

24
10.1 Configuração de mãos

São formas das mãos, que podem ser da datilologia (alfabeto manual) ou outras
formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros) ou pelas duas
mãos do emissor ou pelo sinalizador. Os sinais APRENDER, LARANJA, OUVIR E
AMOR têm a mesma configuração de mãos que são realizadas na testa, na boca, na
orelha e no lado esquerdo do peito respectivamente;

FONTE: Disponível em: <http://charles-


libras.blogspot.com.br/2014/10/configuracoes-de-mao.html>. Acesso em: 21 jan. 2016.

25
10.2 Ponto de articulação

É o lugar onde incide a mão predominante configurada, podendo esta tocar


alguma parte do corpo ou estar em um espaço neutro vertical (do meio do corpo até
a cabeça) e horizontal (à frente do emissor). Os sinais TRABALHAR, BRINCAR,
BESTEIRA, CONSERTAR são feitos no espaço neutro e os sinais ESQUECER,
MENTE, APRENDER E PENSAR são realizados na testa;

26
10.3 Movimento

Os sinais podem ter movimento ou não. Os sinais citados acima têm


movimento, com exceção de PENSAR que, como os sinais AJOELHAR E EM-PÉ m
não têm movimento;

10.4 Orientação/direcionalidade

Os sinais têm uma direção com relação aos parâmetros acima. Assim os verbos
IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER,
ACENDER E APAGAR, ABRIRPORTA e FECHAR-PORTA;

10.5 Expressão facial e / ou corporal

Muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua


configuração têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal,

27
como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha como
LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal
BALA, e há ainda sinais em sons e expressões faciais que complementam os traços
manuais, como os sinais HELICOPTERO e MOTOR.

Na combinação destes cinco parâmetros, tem-se o sinal. Falar com as mãos é,


portanto, combinar estes elementos para formarem as palavras e estas formarem as
frases em um contexto.

28
11 FONOLOGIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS

Fonologia abrange o estudo das unidades menores que irão fazer diferença na
formação de uma palavra. No português, os sons de /m/ e de /p/ são distintivos porque
formam um par mínimo /mata/ e /pata/. O par mínimo indica que ao mudar apenas
uma unidade mínima, ou seja, /m/ e /p/, em uma determinada combinação determinará
mudança de significado. Isso também acontece com os pares mínimos da língua de
sinais brasileira. Os pares mínimos da língua de sinais estão relacionados ás
configurações de mão, a locação/ponto de articulação ou movimento. Uma pequena
mudança desses elementos determinará a mudança do significado da palavra.
Observando o exemplo abaixo percebemos que a configuração de mão e o movimento
é o mesmo, mudou-se apenas a localização, ou seja, o local onde foi executado o
movimento e através disso mudou o significado do sinal.

12 O LÉXICO OU VOCABULÁRIO DA LIBRAS

O léxico pode ser definido como um conjunto de palavras de uma língua. No


caso da LIBRAS, as palavras ou itens lexicais são os sinais. Por falta de conhecimento
pensa-se que as palavras ou sinais da língua de sinais é constituída a partir do
alfabelto manual, como por exemplo:

29
A soletração manual das letras mais conhecido como datilologia só é usado
para nomes próprios ou quando não se conhece o sinal da palavra em Libras.

13 VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

Na maioria do mundo, há, pelo menos, uma língua de sinais usada amplamente
na comunidade surda de cada país, diferente daquela da língua falada utilizada na
mesma área geográfica. Isto se dá porque essas línguas são independentes das
línguas orais, pois foram produzidas dentro das comunidades surdas. A Língua de
Sinais Americana (ASL) é diferente da Língua de Sinais Britânica (BSL), que difere,
por sua vez, da Língua de Sinais Francesa (LSF).

Além disso, dentro de um mesmo país há as variações regionais. A LIBRAS


apresenta dialetos regionais, salientando assim, uma vez mais, o seu caráter de língua
natural.

30
13.1 Mudanças históricas

Com o passar do tempo, um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos


costumes da geração que o utiliza.

14 ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE

A modalidade gestual-visual-espacial pela qual a LIBRAS é produzida e


percebida pelos surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os
sinais são o “desenho” no ar do referente que representam. É claro que, por
decorrência de sua natureza linguística, a realização de um sinal pode ser motivada
pelas características do dado da realidade a que se refere, mas isso não é uma
31
regra. A grande maioria dos sinais da LIBRAS são arbitrários, não mantendo relação
de semelhança alguma com seu referente. Vejamos alguns exemplos entre os
sinais icônicos e arbitrários.

14.1 Sinais Icônicos

Uma foto é icônica porque reproduz a imagem do referente, isto é, a pessoa ou


coisa fotografada. Assim também são alguns sinais da LIBRAS, gestos que fazem
alusão à imagem do seu significado. Ex.:

Isso não significa que os sinais icônicos são iguais em todas as línguas. Cada
sociedade apreende aspectos diferentes do mesmo referente, concebidos através de
seus próprios sinais, convencionalmente, (FERREIRA BRITO, 1993) conforme os
exemplos abaixo:
LIBRAS - representa o tronco usando o antebraço e a mão aberta, as folhas
em movimento. LSC (Língua de Sinais Chinesa) - representa apenas o tronco da
árvore com as duas mãos (os dedos indicador e polegar ficam abertos e curvos).

15 ÁRVORE

32
15.1 Sinais Arbitrários

São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade
que representam. Uma das propriedades básicas de uma língua é a arbitrariedade
existente entre significante e referente. Durante muito tempo afirmou-se que as
línguas de sinais não eram línguas por serem icônicas, não representando, portanto,
conceitos abstratos. Isto não é verdade, pois em língua de sinais tais conceitos
também podem ser representados, em toda sua complexidade. Ex:

16 DATILOLOGIA É O ALFABETO MANUAL

A datilologia é mais usada para expressar nome de pessoas, localidades e


outras palavras que não possuem um sinal específico. Às vezes, uma palavra da
língua portuguesa que por empréstimo passou a pertencer a LIBRAS, por ser
expressa pelo alfabeto manual com uma incorporação de movimento próprio desta
língua, será apresentada pela soletração ou parte da soletração como as palavras
“reais” e “nunca”, por exemplo.
É difícil de explicar isso utilizando apenas a escrita, sem demonstrar com as
mãos, porque LIBRAS é uma língua de modalidade gestual-visual. Portanto se a
pessoa ver o gesto sobre o que estamos querendo falar, torna-se muito mais fácil dela
entender...
Uma pessoa que não é surda pode usar a datilologia quando ela não sabe o
sinal correspondente do que quer falar com um surdo. Então para o surdo entender
do que se trata devemos soletrar, usando o alfabeto manual...
Entretanto nem todo surdo é “sinalizado”, muitos são “oralizados” e outros não
conhecem LIBRAS, infelizmente...
Quando construímos palavras com o alfabeto manual ou números, utilizamos
apenas uma das mãos.
Neste caso, a mão, quase sempre, estará com a palma virada para quem está
lendo:
33
Agora, no caso de formar números, a mão, quase sempre, ficará com o dorso
virado para quem está lendo:
As palavras ou números sempre serão construídos da ESQUERDA para
DIREITA

17 ALFABETO MANUAL

18 NUMERAIS

As línguas podem ter formas diferentes para apresentar os numerais quando


utilizados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou
mês, horas e valores monetários. Isso também acontece na LIBRAS. Nesta unidade
e nas seguintes, serão apresentados os numerais em relação às situações
mencionadas acima.
É considerado incorreto o uso de uma determinada configuração de mão para
o numeral cardinal sendo utilizada em um contexto onde o numeral é ordinal ou
quantidade, por exemplo: o numeral cardinal é diferente da quantidade 1, que é

34
diferente do ordinal PRIMEIR@, que é diferente de que é diferente de
PRIMEIROGRAU, que é diferente de MÊS-1.

NÚMEROS CARDINAIS: telefone, calça, tenis, ônibus, casa, anel, sapato,


pneus, celular e carro placa etc.

35
19 SINAIS E PRÁTICA DE CONVERSAÇÃO BÁSICA EM LIBRAS.

EU

PRONOMES
PESSOAIS
NÓS 2 NÓS 3

NÓS / NÓS TODOS


NÓS 4

36
VOCÊS 2
VOCÊ

VOCÊS 3 VOCÊS 4

VOCÊS / VOCÊS TODOS VOCÊS – GRUPOS

ELE (A) ELES (A) 2

ELES (A) 3 ELES (A) 4

ELES (A) / ELES (A) – TODOS ELES (A) – GRUPOS

37
PORQUÊ?

PRONOMES
INTERROGATIVOS

O QUE? COMO?

ONDE? QUANDO?

QUEM? QUAL?

38
20 PRONOMES DEMONSTRATIVOS

ESSE / AÍ AQUI / ESTE

AQUELE (A) / LÁ

21 SISTEMA DE TRANSCRIÇÃO PARA A LIBRAS

“Na LIBRAS não há desinências para gêneros (masculino e feminino), números


(plural). O sinal representado por palavra da língua portuguesa que possui estas
marcas, está terminado com o símbolo @ para reforçar a idéia de ausência e não
haver confusão.
Exemplos: AMIGA = amiga (s) ou amigo (s), ME@ = meu (s) ou minha (s),
EL@= ele (S) ou ela (S).

21.1 Pronomes Pessoais

A LIBRAS possui um sistema pronominal para representar as pessoas do


discurso: primeira pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EU; NÓS-2,
NÓS-3, NÓS-4, NÓS-GRUPO, NÓS/NÓS-TOD@S;

21.2 Primeira Pessoa do Singular: EU

Apontar para o peito do enunciador (a pessoa que fala).

39
EU

21.3 Primeira Pessoa do Plural: NÓS-2, NÓS-3, NÓS-4, NÓS-NÓS-TOD@

NÓS-2 NÓS-3 NÓS-4 NÓS-NÓS-TOD@

21.4 Segunda Pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): VOCÊ,

VOCÊ- 2, VOCÊ-3, VOCÊ-4, VOCÊ-GRUPO, VOCÊ/VOCÊS-TOD@S;

21.5 Segunda Pessoa do Singular: VOCÊ

Apontar para o interlocutor (a pessoa com quem se fala)

VOCÊ

40
21.6 Segunda Pessoa do Plural: VOCÊ-2, VOCÊ-3, VOCÊ-4, VOCÊ/VOCÊS-
TOD@S

VOCÊS-2 VOCÊS-3 VOCÊS-4

VOCÊS-GRUPO VOCÊ/VOCÊS-TOD@S

21.7 Terceira Pessoa (singular, dual, trial, quatrial e plural): EL@,

EL@-2, EL@-3, EL@-4, EL@S-GRUPO, EL@S/EL@-TOD@S

 Terceira Pessoa do Singular: EL@

Apontar para uma pessoa que não está na conversa ou para um lugar
convencional.

EL@

41
 Terceira Pessoa do Plural: EL@-2, EL@-3, EL@-4, EL@SGRUPO,
EL@S/EL@S-TOD@S

EL@-2 EL@-3 EL@-4

EL@S-GRUPO EL@S/EL@S-TOD@S

ENTENDER

VERBOS BÁSICOS

REPETIR COMUNICAR

42
FALAR ACABAR

ACEITAR NÃO ACEITAR

DANÇAR ANDAR

BRINCAR
AVISAR

43
APRENDER COMPRAR

CONSEGUIR CONVERSAR

GANHAR CONHECER

CUIDAR CONVIDAR

ESTUDAR EXPLICAR

44
FAZER GOSTAR

NÃO GOSTAR PODER

NÃO PODER PENSAR

LER PREPARAR

TRABALHAR PROCURAR

45
IR

SALÁRIO
VERBOS RELACIONADOS
A MEIOS DE
COMUNICAÇÃO E
TRABALHO

ESTÁGIO AVISAR

INFORMAR RECEBER

46
APOSENTAR ESPERAR

ACABAR SAIR

PEDIR COMEÇAR

CANCELAR

47
ADVÉRBIOS DE TEMPO
ADVÉRBIOS DE
TEMPO E
SAUDAÇÕES

AMANHÃ ANTEONTEM

BOM FERIADO BOAS FÉRIAS

FUTURO

HOJE

OU

48
ONTEM
MADRUGADA

PASSADO PRESENTE

BOM DIA BOA TARDE

DIARAMENTE
BOA NOITE

49
AMANHÃ TARDE

NOITE OI

TUDO BEM SEMPRE

50
21.8 SAUDAÇÕES: FORMAL/INFORMAL

ANO
CALENDÁRIO
HORÁRIO E TEMPO

ANO-PASSADO ANO NO FUTURO

ONTEM ANTEONTEM

51
AMANHÃ HORÁRIO

MEIO-DIA/MEIA-NOITE DIA

MÊS MINUTO

52
SEMANA (QUEIXO) TODO-DIA

SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA

QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA

SEXTA-FEIRA SÁBADO

DOMINGO JANEIRO

53
FEVEREIRO MARÇO

ABRIL MAIO

JUNHO JULHO

AGOSTO SETEMBRO

OUTUBRO NOVEMBRO

54
DEZEMBRO MESES

ANTES SEMPRE

HOJE (2 X) AGORA (1X)

ADJETIVOS BOM

MAL LONGE

55
FÁCIL DIFICIL

CORES AZUL

VERMELHO AMARELO

VERDE LARANJA

MARROM PRETO

56
BRANCO BEGE

VINHO COR-DA-ROSA

CINZA ROXO

OURO PRATA

CLARO ESCURO

57
PERFEITO CERTO

FAMOSO CURIOSO

INTERESSADO IMPORTANTE

ESPERTO GORDO

MAGRO GRANDE

58
POUCO USADO

VELHO(A) NOVO(A)

ALTO(A) BAIXO(A)

FEIO(A) BONITO(A)

GROSSO(A) FINO(A)

59
ORGULHO

Diálogo

a- TUDO BO@!

b- TUDO BO@!

a- VOCÊ VAI FESTA AMANHA?


b- SIM, EU VOU!
a- VOCÊ TER ROUPAS EMPRESTAR?
b- TER, VOCÊ QUERER VER?
a- EU PRECISAR BLUSA ROSA, CALÇA BRANCA, SANDÁLIA PRETA.

b- EU TER CALÇA BRANCA,TER-NÃO BLUSA ROSA, SÓ AMARELA,


SANDÁLIA MARRON.

a- OBRIGAD@, PROBLEMA TER-NÃO EU PEDIR OUTR@ AMIG@!

b- OK! TCHAU!

21.9 Que horas são? Que-horas e quantas-horas

Na libras, para se referir a horas, usa-se a mesma configuração dos numerais


para quantidade e, após doze horas, não se continua a contagem, começa-se a contar
novamente: 1 horas, 2 horas, 3 horas, etc., acrescentado sinal tarde, quando
necessário, porque geralmente pelo contexto já sabe se está se referindo à manhã,
tarde, noite ou madrugada.
A expressão interrogativa que horas? (Um apontar para o pulso), está
relacionada ao tempo cronológico.

60
QUE HORA E QUANTAS HORAS
QUE HORA?

 AULA COMEÇAR QUE-HORA AQUI?


 VOCÊ TRABALHO COMEÇAR QUE-HORA?
 AULA TERMINAR QUE-HORA?
 VOCÊ ACORDAR QUE-HORA?
 VOCÊ DORMIR QUE-HORA?

HORA / QUE-HORA

QUANTAS-HORAS?

 VIAJAR SÃO PAULO QUANTAS-HORAS?


 TRABALHAR ESCOLA QUANTAS-HORAS?

HORA/ QUANTAS-HORAS

61
6H 30 MANHÃ

HORAS

15H 30 TARDE 19H NOITE

62
15 MINUTOS 25 MINUTOS

30 MINUTOS 30 MINUTOS

45 MINUTOS 12H ALMOÇO

10H NOITE MEIA-HORA

HORAS/MINUTOS/SEGUNDOS UMA HORA

63
DUAS HORAS TRÊS HORAS

QUATRO HORAS CINCO HORAS

HORAS? 12H NOITE

MINUTOS 11H NOITE

7H MANHÃ

EXEMPLOS:
QUE-HORA?

 AULA COMEÇAR QUE-HORA AQUI?


 VOCÊ TRABALHAR COMEÇAR QUE-HORA?
 AULA TERMINAR QUE- HORA?
64
 VOCÊ ACORDAR QUE –HORA?
 VOCÊ DORMIR QUE-HORA?

Interrogativa
QUANTAS-HORAS?

 VIAJAR SÃO PAULO QUANTAS-HORAS?


 TRABALHAR ESCOLA QUANTAS-HORAS?

21.9.1 SITUAÇÃO 1 “Entre amigos”

a- TUDO BOM? VIAJAR FÉRIAS VOCÊ?


b- EU NÃO ISEAT PRECISAR TRABALHAR, VOCÊ FÉRIAS VIAJAR BOA?

a- EU VIAJAR SÃO PAULO, BO@! BONIT@! LÁ! CONHECER SURD@


MUIT@! (Chega uma amiga de uma das pessoas que estavam conversando
e após a apresentação, a primeira toma a palavra)

a- ME@ AMIG@ CARLOS.

b- DESCULPAR EU PRESSA SAIR PRECISAR ESTUDAR DEPOIS


ENCONTRAR ME@ S-A-L-A 25 DEPOIS CONVERSAR VOCÊ.
a- MELHOR ENCONTRAR ME@ S-A-L-A NÚMERO 28 AULA ACABAR.
b- PARECER EU CONHECER EL@ TRABALHAR ISEAT?
a- ISEAT CERTO.
b- SIM.
a- VOCÊ S-A-L-A NÚMERO?
c- ME@ NÚMERO 26
a- DESCULPAR EU ATRASAD@ AULA TCHAU!
b- TUDO BO@! TCHAU!!!

21.9.2 SITUAÇÃO 2 “ na recepção da escola”

a- TUDO BEM?
b- TUDO BEM O QUE DESEJAR?
a- EU QUERER INSCRIÇÃO ENTRAR ESCOLA.

65
b- HORÁRIO? SÉRIE?
a- EU TERCEIR@ SÉRIE SEGUNDO G-R-A-U. QUERER NOITE.
b- PARECER TER NÃO V-A-G-A. MELHOR EU TELEFONAR VOCÊ
TER TELEFONE CELULAR?
a- EU TER NÚMERO SE@?

b- TELEFONE ME@ 8115-2584 ME@ NOME........................... SE@


NOME?

a- ME@ NOME........................... AMANHÃ HORAS


8:15 TELEFONAR
b- TELEFONAR OK! ESPERAR VOCÊ CERTO!

a- OBRIGAD@ TCHAU!

ANO
CALENDÁRIO HORÁRIO E
TEMPO

ANO-PASSADO ANO NO FUTURO

ONTEM ANTEONTEM

66
AMANHÃ HORÁRIO

MEIO-DIA/MEIA-NOITE DIA

MÊS MINUTO

SEMANA (QUEIXO) TODO-DIA

SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA

67
QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA

SEXTA-FEIRA SÁBADO

DOMINGO JANEIRO

FEVEREIRO MARÇO

ABRIL MAIO

68
JUNHO JULHO

AGOSTO SETEMBRO

OUTUBRO NOVEMBRO

DEZEMBRO MESES

ANTES SEMPRE

69
HOJE (2 X) AGORA (1X)

HOLERITE (CONTRA CHEQUE) IMPOSTO

INDENIZAÇÃO INSCRIÇÃO

JUROS LIQUIDAÇÃO

ME EMPRESTAR MUITO CARO

70
MULTA NOTA FISCAL

PAGAR VISTA PAGAR

OU

PRESTAÇÃO POUPANÇA

PROMOÇÃO QUANTO CUSTO

71
RECEBER SALÁRIO RG

RG NASCIMENTO RG

72
SALÁRIO SEGURO

OU

SÓCIO SPC

EMPRESTAR FIADO

TITULO ELEITORAL

22 TIPOS DE FRASES EM LIBRAS

As línguas de sinais utilizam as expressões faciais e corporais para estabelecer


tipos de frases, como as entonações na língua portuguesa, por isso para perceber se
uma frase em LIBRAS está na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa, negativa

73
ou imperativa, precisa estar atento às expressões facial e corporal que são feitas
simultaneamente com certos sinais ou com toda a frase. Exemplos:

74
ALIMENTOS DIVERSOS
ALIMENTOS
DIVERSOS

ARROZ BIFE

CACHORRO QUENTE CAMARÃO

75
CARNE CHURRASCO

FARINHA FEIJÃO

FIGADO FRANGO

LASANHA LINGUIÇA

MACARRÃO MANTEIGA

76
MASSA TOMATE MIOJO

MORTADELA NUGETS

OVO PÃO DE FORMA

PÃO PASTEL

77
PEIXE PIZZA

PRESUNTO QUEIJO

REINO PIMENTA REQUEIJÃO

SALSICHA SANDUÍCHE

78
SOPA

FRUTAS DIVERSAS

FRUTAS DIVERSAS

ABACATE ABACAXI

AMEIXA BANANA

79
CAJU CAQUI

CEREJA COCO

FIGO GOIABA

JABUTICABA KIWI

80
LARANJA LIMÃO

MAÇÃ MAMÃO

MANGA MARACUJÁ

MELANCIA MELÃO

81
MORANGO PÊRA

82
SALADA DE FRUTAS TANGERINA

UVA

BEBIDAS DIVERSAS

BEBIDAS DIVERSAS

BEBIDA ALCOOL BEBIDA LIGHT

83
BEBIDA CAFÉ

CERVEJA CHÁ

CHAMPANHE CHOPP

ENVELOPE DE SUCO GELO DE CUBO

LEITE REFRIGERANTE

84
SUCO VINHO

VERDURAS E LEGUMES
DIVERSOS

VERDURAS E
LEGUMES

ABÓBORA AGRIÃO

ALFACE ALHO

AZEITONA BATATA

85
BETERRABA CANA-DE-AÇÚCAR

CEBOLA CENOURA

CHUCHU COUVE-FLOR

MANDIOCA MILHO

OU

86
PALMITO PEPINO

PIMENTÃO REPOLHO

SALADA TOMATE

DOCES

DOCES

87
AÇÚCAR AMENDOIM

ARROZ DOCE BALA

BISCOITO DE MAISENA BOLACHA

BOLO BOMBOM

88
CHICLETE CHOCOLATE

GELATINA IOGURTE

MEL PICOLÉ

PUDIM SORVETE

89
22.1 DIÁLOGO 1

a- OI TUDO BEM?
b- TUDO BEM. VAMOS ALMOÇAR MINHA CASA?

a- SIM VAMOS!
b- EU FAZER ALMOÇO. VOCÊ GOSTA COMER O QUÊ?
a- GOSTAR ARROZ, FEIJÃO, OVOS, PEIXE!
b- VOCÊ O QUE?
a- GOSTAR MAIS CARNE, ALFACE, TOMATE,CEBOLA, MACARRÃO!
b- BOM!

a- VAMOS ALMOÇAR?

22.2 DIÁLOGO 2

a- OI TUDO BEM?
b- TUDO BEM.
a- VOCÊ SABER FESTA MINHA CASA?
b- SABER NÃO.

a- VOCÊ QUERER IR?


b- EU QUERER.
a- TER BEBIDAS QUAL?
b- TER REFRIGERANTE COCA, GUARANÁ, TER UISQUE, VINHO E CERVEJA.
a- MUITO BO@!
b- EU CHEGAR LÁ 08:15! OK?

a- OK, TCHAU!

FAMÍLIA

FAMILIARES

90
ADULTO AMANTE

AMIGO (A) BEBÊ

BISAVÔ (A) CASAL

CASAMENTO CRIANÇA

CUNHADO (A) DIVORCIAR

91
ENTEADO (A) ESPOSA

FAMILIA GENÉTICA FICANTE

CASAMENTO CRIANÇA

CUNHADO (A) DIVORCIAR

92
ENTEADO (A) ESPOSA

FAMILIA GENÉTICA FICANTE

FILHO ADOTIVO (A) FILHO (A)

GÊMEOS (A) GENRO

HOMEM IRMÃ

93
JOVEM MADRASTA

OU

MADRINHA MÃE

MARIDO MEIO-IRMÃO

MENINOS (AS) MULHER

NOIVO (A) NORA

94
PADRINHO PAI

OU

PRIMO (A) SEGUNDA MULHER

SOGRO (A)

SOBRINHO (A)

95
SOLTEIRO (A) TIO (A)

UNIÃO ESTÁVEL VIÚVO (A)

VOVÔ (A)

MÉDICO
PROFISSÕES

ENFERMEIRA ADVOGADO(A)

96
GERENTE POLÍCIA

ADMINISTRADOR(A) ATOR(A)

BOMBEIRO CHEFE

COZINHEIRO(A) DESENHISTA

DIGITADOR(A) DIRETOR(A)

97
ESCRITOR(A) ESTAGIÁRIO(A)

FOTOGRÁFO FUNCIONÁRIO(A)

JUIZ

INSTRUTOR(A)

INTÉRPRETE REPÓRTER

JORNALISTA PINTOR(A)

98
PSICÓLOGO(A) SECRETÁRIO(A)

VIGILANTE PROFESSOR(A)

99
23 MEIOS DE TRANSPORTES

100
24 ANIMAIS

101
102
25 DISCIPLINAS

103
26 MATERIAL ESCOLAR

104
26.1 DIÁLOGO 1 – NA ESCOLA

a- OI TUDO BEM?
b- OI TUDO BEM, VOCÊ TER AULA AGORA?

a- SIM TER AULA DE LIBRAS

b- PROFESSOR@ QUEM?

a- (nome e sinal do professor)

b- CONHECER NÃO! SALA NÚMERO QUAL?

a- DESCULPAR, EU ATRASAD@ AULA, SALA J-204, TCHAU!

b- TCHAU!

26.2 DIÁLOGO 2 – NO HOTEL

a- VOCÊ SURD@?

105
b- OI! (Expressão facial “surpreso”) SIM EU SURD@
a- VOCÊ LEMBRAR NÃO EU? EU AMIG@ TAMBÉM PROFESSOR LIBRAS.
b- DESCULPAR, EU CONHECER NÃO, LEMBRAR NÃO.

a- (explica as caracteristícas do professor: alto, magro de óculos)

b- (expressão facial lembrar) CONHECER SIM!

a- EU AMIG@
b- BOM CONHECER

a- DESCULPAR (olhando para o relógio) EU ATRASAD@. TCHAU!


b- TCHAU!

26.3 DIÁLOGO 3 – NA RECEPÇÃO

a- OI! TUDO BEM? ME@ NOME

b- TUDO BEM SE@ NOME(procurar ficha)


a- NÃO, ERRAD@
b- DESCULPAR (procura ficha novamente) ACHAR (expressão facial “achar”)
(entregar a ficha)

a- CERTO OBRIGAD@ TCHAU

b- DE NADA TCHAU!

26.4 DIÁLOGO 4 – NA EMPRESA

a- BOM DIA!

b- BOM DIA ! POSSO TE AJUDAR?

a- TER VAGA AQUI CASA?


b- DESCULPAR NÃO TER VAGA.

b- VOCÊ PREENCHER FICHA, DEPOIS


ESPERAR.
a- VOCÊ TER TELEFONE CELULAR

106
27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITO, Lucinda Ferreira. Por uma Gramática de Línguas de Sinais. Rio


de Janeiro: Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia,
1995.
CENTRO ESTADUAL DE ATENDIMENTO AO DEFICIENTE DA
AUDIOCOMUNICAÇÃO – CEADA. LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais
com dialeto regional de Mato Grosso do Sul. Ilustração Mauro Lúcio Gondim.
2,ed. Ver.atual. Campo Grande-MS: gráficas e Editora Atlhenas, 2000.
COSTA, Antônio Carlos; STUMPF, Marianne Rossi; FREITAS, Juliano
Baldez; DIMURO, Graçaliz Pereira. Um convite ao processamento da língua
de sinais.
DORZIAT, Ana. Metodologias específicas ao ensino de surdos – análise
crítica..
FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em Contexto: Curso
Básico, Livro do Professor Instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio
à Educação dos Surdos, MEC: SEESP, 2001.
GÓES, M.C.R. Linguagem, surdez e educação. Campinas: Editora da
UNICAMP, 1999.
PIMENTA, Nelson; QUADROS, Ronice Muller de. Curso de Libras 1. Rio de
Janeiro : LSB Vídeo, 2006.

QUADROS, Ronice Muller de; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais


Brasileira: Estudos Lingüísticos. Porto Alegre : Artmed, 2004.
REIS, Flaviane, Professor Surdo: a política e a poética da transgressão
pedagógica. Florianópolis : UFSC/GES/CED – Dissertação de Mestrado, 2006.
SÁ, Nídia Limeira de. Existe uma cultura surda? Artigo
disponível em http://www.eusurdo.ufba.br/arquivos/cultura_surda.doc.
Acessado em 28/03/2007.
SÁ, Nídia Limeira. A produção de significados sobre a surdez e
sobre os surdos: práticas discursivas em educação. Porto Alegre:
UFRGS/FACED/PPGEDU - Tese de Doutorado, 2001.
SILVA, Fábio I.; SCHMITT, Deonísio; BASSO, Idavania M. S. Língua
Brasileira de Sinais: Pedagogia para Surdos. Caderno Pedagógico I.
Florianópolis:UDESC/CEAD, 2002.

107
SKLIAR, C. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação,
1998.

RANGEL, G.M.M.; STUMPF, M.R. Leitura e escrita no contexto da


diversidade, In: LODI, Ana Claudia Balieiro; HARRISON, Kathryn Marie Pacheco;
CAMPOS, Sandra Regina Leite de. (Orgs.). Ed. Mediação.
VASCONCELOS, Silvana Patrícia; SANTOS, Fabrícia da Silva; SOUZA,
Gláucia Rosa da. LIBRAS: língua de sinais. Nível 1. AJA - Brasília : Programa
Nacional de Direitos Humanos. Ministério da Justiça / Secretaria de Estado dos
Direitos Humanos CORDE. .
https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/incluir/libras/curso_de_libras_-_graciele.pdf

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https://www.ifpb.edu.br/assuntos/fique-por-dentro/o-que-e-cultura-surda

http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6202.htm

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