Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Meleagro de Gádara
AMARAL, Flávia Vasconcellos.A guirlanda de sua guirlanda - epigramas de Meleagro de Gadara :
tradução e estudo. São Paulo, 2009.
Argentieri, Lorenzo. 'Meleager and Philip as Epigram Collectors.' In: Peter Bing & Jon Steffen
Bruss (edd.). Brill's Companion to Hellenistic Epigram Down to Philip. Leiden: Brill, 2007 (Brill's
Companions in Classical Studies), 147-64.
Krevans, Nita. 'The Arrangement of Epigrams in Collections.' In: Bing & Bruss (edd.). Brill's
Companion to Hellenistic Epigram, 2007, 131- 146.
Zanker, Graham. Characterization in Hellenistic Epigram. In: Bing & Bruss (edd.). Brill's Companion
to Hellenistic Epigram, 2007, 211-32.
• II: (re-)interpreta sua proveniência: cf. Calímaco
• XIII: programático, remete a Calímaco
• CXI: lida com a materialidade que era do suporte dos epigramas
passa a ser de um objeto, como a escultura - cf. Horácio AP
• CXXXV: pseudo-epigrama: lamento
• V: pseudo-epigrama: erudição? jâmbico?
• LX: transitoriedade da vida, exaltação da juventude vs. velhice decrépita
• XIX: transitoriedade da vida; exortação ao prazer, simpótico
Petrovic, Ivana. 'Callimachus and contemporary religion: the Hymn to Apollo.' In: Benjamin
Acosta-Hughes, Luigi Lehnus and Susan Stephens (edd.). Brill's Companion to Callimachus . Leiden:
Brill, 2011 (Brill's Companions in Classical Studies), 264-87.
Acosta-Hughes, Benjamin & Susan A. Stephens. Callimachus in Context. From Plato to the Augustan
Poets. Cambridge & New York: Cambridge University Press, 2012, 115-6, 155-9 (esp. 158).
1
Calímaco Ep 30
persona loquens : como em todos epigramas de Calímaco, salvo um, o “eu” dirige-se a
alguém. Ao lamentar, constrói uma narrativa, agindo como um detetive para averiguar a
realidade: desmascara a realidade, perscruta-a, reconhece “a verdade”.1
• o aspecto visual de Cleônico trai que ele teve um “caso” – que o deixou exausto
• o que seria o “belo”? Seria Euxíteo?
• em nenhum outro poema, o eu-lírico admite sofrer desses sintomas do amor.
• ser só ossos e cabelo: tal qual defunto de vários dias: esteve como morto
• é competição amorosa do eu-poético e Euxíteo por Cleônico?
• Enquanto Cleônico ama outro, está como morto para o eu-poético?
Não há uma interpretação mais segura do que outra!
junção dos temas – uso do estilo formal do epitáfio
percurso do pensamento na apreensão do personagem
(da ignorância para o conhecimento)
Indiretamente revela mais sobre a prostração erótica da persona loquens do que de
Cleônico. Ela revela sua própria condição prévia, observando Cleônico pela sua perspectiva.
(NB: Propércio 3.7 tem estrutura semelhante).2
Calímaco Ep 58
Errata: onde se lê “Leônidas”, leia-se “Leôntico”
põe no poema que estaria na lápide o que teria se passado na mente de quem
(hipoteticamente) erigiu a lápide:
• o discurso apresenta o personagem a investigar a identidade do morto
• momento anterior à ereção da lápide
• constrói uma persona loquens detetive
O leitor visualiza a cena, imagina Leôntico e como ele pensa/reflete sobre o morto
anônimo. Calímaco constrói a narrativa do epigrama sugerindo que a significação de
destino de navegante que Leôntico dá à morte do desconhecido parte de sua própria
experiência e sua visão deste destino. O epigrama é um exemplo do realismo psicológico
do poeta, pois o discurso de Leôntico caracteriza-o. A persona loquens constrói o significado
da situação centrada em si, como na visão de um monumento por um observador ou leitor
particularmente compreensivo.3
1 Fantuzzi, Marco & Richard Hunter. Tradition and Innovation in Hellenistic Poetry. Cambridge: CUP, 2004, 338-9.
2 Hatch, Joel S. Poetic voices and Hellenistic antecedents in the elegies of Propertius. Diss. University of Cincinnati,
2007, 39ff.
3 Doris Meyer, “The Act of Reading and the Act of Writing in Hellenistic Epigram,” in Peter Bing, John Steffen Bruss
(eds.), Brill’s Companion to Hellenistic Epigram (Leiden 2007), 187–210, 202-3; também Zanker 2004 – Modes of
Viewing in Hellenistic Poetry and Art, 82-3 – cf. http://bmcr.brynmawr.edu/2005/2005-01-02.html.
2
Leôntico não parece ser um indivíduo específico.
Calímaco Ep 2
o que preserva a memória de algo/alguém é a poesia, sobretudo aquela poesia que parece
ser inscrita. Mas monumentos podem ser destruídos. A poesia –a boa poesia – circula e
sobrevive.
cf. Homero – kléa andrôn
• de acordo com os escoliastas, Heráclito teria sido um poeta. Mas sobre ele, tudo é
incerteza: alguém (v. 3 “που – pou” = “em algum lugar”)
• ao Hades “pan-rapina” –πάντων ἁρπακτὴς – variante do mais usual “anfitrião
universal” opõ-se as ἀηδόνες (rouxinóis e daí por extensão cicadas, canto poético,
canto) imortais: rouxinóis imortais: ou o canto imortal, ou rouxinóis que foram
imortalizados, e.g. da fábula em Hesíodo (Trabalhos e os dias 202-12)
• o sol se pôr ao término de uma cena em que um personagem chora, tal qual o eu-
poético:
Od. 16, 220: Odisseu e seu filho depois da reunião
Od. 21, 226: Odisseu e seus criados fiéis
Il. 23, 154 durante o luto geral por Patroclus
Passagens que evocam memória, amizade e perda.
• Odisseu chora pela memória dos companheiros.
HUNTER, Richard. ‘Callimachus and Heraclitus’. Materiali e Discussioni 28 (1992) 113 – 23 (ou
In. On Coming After – Studies in Post-Classical Greek Literature and its Reception, Berlim, 2014).
3
Calímaco Ep 3
Calímaco Ep 4
Uso do epigramas funerários para expressar rivalidade / invectiva de modo explícito... por
conseguinte, posicionamento literário ou filosófico.
O epigrama AP 7.313, de dois hexâmetros datílicos, composto pelo próprio Timon estaria
em sua lápide:
‘Ἐνθαδ᾿ ἀπορρήξας ψυχὴν βαρυδαίμονα κεῖμαι·
τοὔνομα δ᾿ οὐ πεύσεσθε, κακοὶ δὲ κακῶς ἀπόλοισθε.
Aqui jazo, apartado de uma vida mal-fadada.
O nome não sabereis: pereçam mal, maus.
Mas Ep. 4 pode não referir à figura literária/quasi-lendária do misantropo Timon, e sim a
um filósofo pirronista de Flio, (cf. Clayman, D. 2009. Timon of Phlius: Pyrrhonism into Poetry .
Berlin & NY: Walter de Gruyter, 149) contemporâneo de Calímaco. No Ep. 4, alguém
pergunta algo a alguém no Hades que responde, na Flio fizera uma obra, Siloi , na qual o
eu-lírico estava no Hades e perguntava como cético pirrônico coisas aos vivos.
4
Calímaco Ep 23
“Sobre a alma” é Platão Fedon, onde Sócrates no leito de morte discute o destino pós-
mortem da alma; menciona as vantagens que as almas de filósofos têm quando se separam
dos corpos.
Mas alerta contra suicídio em 62b-c
Cleombroto teria sido um leitor descuidado?
Acosta-Hughes, Benjamin. "The Cicala's Song: Plato in the Aetia. " Princeton/Stanford
Working Papers in Classics, 2007 http://www.princeton.edu/~pswpc/pdfs/stephens/050703.pdf
• No diálogo Fédon,o personagem homônimo comenta (Phd. 59c3-4;3) que Cleómbroto
não esteve resente quando Sócrates morreu, mas como seu interlocutor, em Egina.
Cleómbroto não está presente naquela narrativa: ausência e distanciamento são
temas freqüentes na poesia calimaquiana.
• contexto socrático revelado linha a linha (Cleómbroto, muralha, Platão, Fédon)
• transição de fala para leitura associa:
• performance e registro/reperformance retrospectiva
◦ autor de poesia (Calímaco autor do poema) e autor antigo de prosa (Platão)
◦ leitor de Platão (Cleómbroto na narrativa e Calímaco na realidade) e leitor do
epigrama
• uso do dístico elegíaco em elegias e epigramas (gêneros separados?)
◦ completa com a personagem leitora o registro escrito de um discurso de
Sócrates
• “palavra” (γράμμα – gramma) no singular sugere uma obra específica (cf. Aetia fr.
1.5,9)
◦ Platão autor de epigramas para Calímaco?
◦ Meleagro inclui Platão entre os antigos autores de epigramas (hymnoetai)
◦ dois epigramas (FGE 3 e 6) foram atribuídos a Platão no período helenístico
▪ eróticos, com personagens de diálogos socráticos
• a leitura falha de Fédon por Cleómbroto retratada no epigrama indica
◦ Calímaco leu Platão e conhecia bastante detalhes do Fédon
◦ o significado do epigrama depende do conhecimento de Platão e de bastante
detalhes do Fédon pelo público
◦ Calímaco epitoma em verso sinopticamente temas de diálogos de Platão
◦ lida com a possibilidade de leituras diversas e porventura conflitantes de um
autor “clássico” como Platão
• qual o significado da citação por nome de autores antigos como Platão, Hesíodo ( Ep.
56 GP/27 Pf.), ou Hipponax (Iambus 1)?
5
Calímaco Ep 28
o mais metapoético e “agenda poética” dos Epigramas de Calímaco dentre os que estão na
Antologia
Henrichs, Albert. ‘Callimachus epigram 28. A fastidious priamel.’ Harvard Studies in Classical
Philology 83, 1979, 207-12.
cada dístico começa com algo que está relacionado a “desgosto”/alheio a sua poética:
os outros versos mantém esse sentido
parece a figura retórica do priamel:
usualmente ‘não A, não B, mas C’, ou ‘A, B, mas C é melhor/diferente’.
Se Lisânias é de outro, não é exclusivo de Calímaco, não o interessa, e essa estrutura não
termina afirmando o que Calímaco mais gosta (se fosse um jogo literário trivial como
Epigramas de Teógnis que estaria emulando), pelo contrário.
explicação do eco:
(nekhi k )alos(kalos n )ekhi (kalos kalos)
K. Strunk, "Frühe Vokalveränderungen in der griechischen Literatur," Glotta 38 (1960): 74-
89, esp. 84f.
http://publishing.cdlib.org/ucpressebooks/view?
docId=ft4r29p0kg;chunk.id=d0e5388;doc.view=print
Bulloch1993-Images-Ideologies-Self-definition-HellenisticWorld.pdf