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Apresentação

“Dom Bosco foi radicalmente contra a educação motivada pelo temor, conhecida como
sistema repressivo. Fez tremular a bandeira de uma educação motivada pelo amor, pela
caridade, pela alegria”. (p.11)

“Esse jeito novo de ensinar ficaria conhecido primeiro como sistema preventivo, depois
como “nosso sistema educativo” e, finalmente, como espírito salesiano.[...] nasceu da
síntese entre sua ação social e seu pensamento pedagógico. Foi o cotidiano”. (p.11)

Introdução
Origens e promessas de um sistema construído na experiência

“Preventivo foi interpretado, e o é ainda hoje, em alguns lugares, como momento pré-
educativo. [...] Aconteceu ainda pior, em certa literatura, com o termo “re- pressivo”. Houve
quem o entendesse como “não educativo”.
No decorrer do trabalho ficará claro que sistema preventivo e sistema repressivo são dois
verdadeiros sistemas de educação, relativamente distintos. [...] Um se preocupa mais com o
menino e com os “limites” de sua idade, portanto, com uma “assistência” assídua e
amorosa do educador. [...] Daí nascem regimes educativos de orientação “familiar”. O outro
se preocupa mais diretamente com a meta a ser atingida. [...] Nascem então regimes
educativos mais austeros e exigentes, escolas rigidamente disciplinadas por leis, relações e
medidas fortemente responsabilizantes, colégios de estilo militar ou semelhantes”. (p.13-14)

“Dom Bosco escrevia: “Dois são os sistemas usados na educação da juventude, em todos os
tempos: Preventivo e Repressivo”. Dom Bosco optou pela primeira hipótese
Nessa perspectiva, ele certamente não elaborou um sistema pedagógico preventivo em
termos teoréticos, mas muito conscientemente experienciou e refletidamente adotou
princípios, métodos e instituições. O “preventivo”, para ele era um dos três pilares da
pedagogia científica”. (p.14) 1
O sistema preventivo na educação da juventude, de 1877, [...] Fala-se de educadores que são “pais
amorosos”, constantemente “presentes” na vida dos alunos, que falam, guiam, aconselham,
“corrigem amigavelmente”. A missa cotidiana e os sacramentos da penitência e da eucaristia são
considerados “colunas” que sustentam todo o edifício educativo.

[...] A propósito, cumpre lembrar a feliz intuição do pedagogista austríaco Hubert Henz, que,
referindo-se explicitamente ao sistema preventivo de Dom Bosco, assim escreve: “O método
preventivo é um modo de educar que previne a corrupção moral do aluno e a necessidade de
punições. [...] Dom Bosco entende com o seu “preventivo”: tornar os jovens “honestos cidadãos e
bons cristãos”, maduros e responsáveis. Com efeito, o seu sistema preventivo “visa a esse objetivo e
não se completa no simples proteger ou amparar”.

[...] Nessa ótica foi realizada a presente exposição “sistemática” da experiência pedagógica de Dom
Bosco: uma experiência educativa prática, constantemente integrada pela reflexão e por uma
verdadeira experimentação. (p.15)

Capítulo 1

Os tempos de Dom Bosco

A vida de Dom Bosco transcorre entre 16 de agosto de 1815 e 31 de janeiro de 1888. Seu
nascimento coincide com a data que:

 Assinala a passagem definitiva da Europa do ancien régime para a idade


contemporânea
 Congresso de Viena (1814-1815)
 As rápidas transformações sociais e culturais; a revolução industrial; as profundas
aspirações à unidade nacional
 A expansão colonial da Europa e o concomitante imperialismo econômico, político e
cultural.
 Passagem do modelo secular de sociedade das ordens (aristocracia, clero, estado)
para a sociedade burguesa fundada na divisão de classes.
 Nascer de um proletariado industrial
 De grande alcance histórico é a revolução industrial com imprevisíveis repercussões
em todos os níveis da vida humana: técnico-científico, econômico, social, cultural e
político

 Na Itália, ela vai se iniciar nos últimos vinte anos do século. Quanto aos decênios
precedentes, pode-se, no máximo, falar de fenômenos locais de pré-
industrialização. Turim, por exemplo. (p. 17 -18)

Divisão politica da Itália


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 O Reino Lombardo-Vêneto, sujeito ao domínio austríaco
 O Ducado de Parma e Piacenza, doado a Maria Luísa de Habsburgo
 O Ducado de Modena e Reggio, entregue a Francisco IV de Habsburgo-Este
 O Ducado de Massa e Carrara concedido a Maria Beatriz de Este, mãe de Francisco IV
 O Ducado de Lucca, dos Bourbons de Parma
 O Grão-Ducado da Toscana, doado a Fernando III de Habsburgo-Lorena
 O Estado pontifício restituído em Avinhão a Pio VII (1800-1823)
 O Reino das Duas Sicílias, cedido a Fernando IV de Bourbon (1815-1825)
 O Reino da Sardenha, sob Vítor Emanuel I de Saboia (1802-1821), formado pela
Saboia, Piemonte, Nizza, Sardenha e aumentado depois com o território da ex-
república de Gênova. (p.18)

Outras transformações

 A consolidação do capitalismo e a intensificação da revolução industrial


 Cresce a exigência da expansão comercial, política e cultural em nível mundial,
Colonialismo
 O cenário mundial duas novas grandes potências: os Estados Unidos e o Japão.
 Extraordinário fenômeno da emigração, que de 840 a 1914 leva 30 a 35 milhões de
europeus a deixar a Europa
 Cresce um mais evidente pluralismo das concepções de mundo, das ideologias
políticas, dos conceitos morais e religiosos
 Avançam ideologias novas: liberais, democráticas e radicais; nacionais e, depois,
nacionalistas, de cunho romântico; mais tarde, socialistas de um lado e cristãs-sociais
de outro. (p. 18-19)

1. Elementos de transformação em campo político

 A unificação nacional e o fim do poder temporal dos papas


 No período 1815-1848 domina o clima da “restauração”, que em parte é também
“reação
 Progridem, ao mesmo tempo, as ideias liberais e se espalham movimentos e
sociedades: maçonaria, federações, ligas estudantis, a “Jovem Itália” e a “Jovem
Europa
 São elaboradas constituições” forçadas ou espontâneas
 A competição com forças leigas e algumas vezes anticlericais, a perda de privilégios
seculares, como o foro eclesiástico e as imunidades
 A expulsão dos jesuítas do Reino Sardo, das Damas do Sagrado Coração, do arcebispo
de Turim, dom Luigi Fransoni, a supressão das Ordens religiosas e o confisco dos bens
em 1855, 3
 Ca-millo Benso di Cavour - Ele conduz uma enérgica política de liberalização leiga do
Estado, com base no princípio “Igreja livre em Estado livre
 Em 17 de março de 1861, Vítor Emanuel II foi proclamado rei da Itália, e Roma
declarada formalmente capital:
 A Santa Sé não aceitou o fato consumado. Não reconheceu a lei das garantias7 e em
1874 proibiu os católicos italianos de participar das eleições parlamentares de um
Estado “usurpador. (p. 19-21)
2. Situações no campo religioso

a passagem de um primeiro período de acentuada aliança entre “trono e altar” a uma


crescente separação consumada enfim pela automarginalização política do non expedit.

2.1 Na Igreja Católica

 Aprofundamento e reforço das próprias estruturas e da própria ação evangelizadora


e pastoral tomadas de posição doutrinais: a encíclica Mirari Vos de Gregório XVI sobre
o catolicismo liberal (1832), a definição do dogma da Imaculada Conceição (1854), a
publicação da encíclica de Pio IX Quanta Cura e do Syllabus (1864) contra os “erros
do século”, a celebração do Concílio Vaticano I (1869- 1870) com a promulgação da
Constituição De Fide Catholica e a proclamação do dogma da Infalibilidade Pontifícia.
 Com Leão XII, em 1824, dá-se uma primeira restauração dos estudos universitários, a
encíclica Rerum Novarum, de 1891
 Fenômeno característico do século XIX é, enfim, a proliferação de congregações
religiosas masculinas e femininas com finalidades caritativas, assistenciais, educativas
e missionárias
 Mas a partir da Alocução de 29 de abril de 1848, na qual a viva . Chega-se quase
fatalmente ao confronto: o assassinato do presidente do Conselho Pelle- grino Rossi
e a revolução romana (15-16 de novembro de 1848), que de- sembocará, depois da
fuga do Papa para Gaeta (24 de novembro), em um governo provisório laicista e na
proclamação da República Romana (5 de fevereiro de 1849). (p. 21-23)

2.2 Na Igreja de Turim


 A vida de Dom Bosco, cinco arcebispos se sucedem na Igreja de Turim:
Colombano Chiaveroti, camaldulense (1818-1831); Luigi Fransoni, de nobre
família genovesa (1832-1862, expulso do Reino Sardo em 1850, morreu em Lyon
em 1862); Alessandro Riccardi di Netro, de Biella (1867-1870); Lorenzo Gastaldi,
de Turim (1871-1873), e o cardeal Gaetano Alimonda (1883-1891).
 Dom Chiaveroti distingue-se pelo intenso trabalho pastoral, reabre o seminário de
Bra para os estudantes de filosofia. Em Chieri, abre uma sucursal
4 do seminário
filosófico-teológico de Turim (1829)
 Nascia em Turim o Convitto Ecclesiastico
 Dom Fransoni: dedica-se ao cuidado do clero. Restauração, a Igreja do Reino da
Sardenha tinha recuperado os direitos e os privilégios do ancien régime. Sistema
escolar é de inspiração clerical
 Nesse período, é importante a reunião de Villanovetta, de 25 a 29 de julho de 1849,
os bispos de Mondovi e de Ivrea são convidados a “apresentar um projeto de
associação para a imprensa e difusão dos melhores escritos eclesiásticos”. (p. 23-24)
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