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APRECIAÇÃO ESTREIA 2022 DO

REITOR MOR PADRE ÁNGEL FERNÁNDEZ ARTIME S.D.B.1


SALESIANIDADE II
PADRE FRANCISCO ATAÍDE DOS SANTOS S.D.B.2
PRÉ NOVIÇO LIAM CARLOS VIEIRA MARTINS DA SILVA3

Ao iniciar a estreia, honrando o IV centenário da morte de São Francisco de Sales4,


recebemos do Reitor Mor, palavras de imenso deleito, palavras que nos introduzem a
misticidade do que virá mais a frente. Ao falar de São Francisco de Sales e Dom Bosco5, como
uma relação mística e transcendental, o Padre Ángel Fernández nos leva a um novo viés, o
místico Dom Bosco. O fato da consagração de São Francisco no ventre materno e de Dom
Bosco ao nascer, nos trazem a relação desses santos, que ultrapassa os limites do tempo.

“O ESPÍRITO, PORÉM, NÃO SE DETÉM DIANTE DAS DIFICULDADES HUMANAS”

O Espírito agiu e fez com que ambos tivessem uma relação espiritual muito forte,
sendo quase que um reflexo do outro em seu tempo e contexto de vida.
E quase que encerrando a pequena introdução, o Reitor Mor nos deleita com o tema
e nos traz sua inspiração, uma carta enviada por São Francisco de Sales a sua filha espiritual,
Santa Joana Francisca Chantal6. “Mas se estás muito afeiçoada ás orações que indicaste
acima, não as mudes, por favor, e se parece que renuncias a algo que te proponho, não
tenhas escrúpulos, pois a regra de nossa obediência, que escrevo em letras maiúsculas, é:
FAZEI TUDO POR AMOR, NADA POR FORÇA; É MELHOR AMAR A OBEDIÊNCIA DO
QUE TEMER A DESOBEDIÊNCIA”
Mas ainda, antes de encerrar sua introdução, o Reitor nos traz o artigo 38, das nossas
constituições que fala de nosso sistema preventivo, mencionando sua base. “(….) Este
sistema baseia-se inteiramente na razão, na religião e na bondade. Não apela para pressões,

1
Reitor Mor Padre Ángel Fernández Artime S.D.B. (1960), 10° sucessor de Dom Bosco (2014 - ….)
2
Padre Francisco Ataíde dos Santos S.D.B. (1989), graduado em filosofia e teologia, coordenador do horto do
Padre Cícero, Juazeiro do Norte – CE; professor de Salesianidade II no pré-noviciado São João Bosco, 2022.
3
Liam Carlos Vieira Martins da Silva (2003), pré-noviço salesiano, técnico em assistência administrativa,
profissionalizado em informática.
4
São Francisco de Sales (1567-1622), Bispo e doutor da Igreja, patrono da congregação Salesiana, cofundador
da Ordem da Visitação de Santa Maria.
5
São João Bosco (1815-1888) santo, “Pai e Mestre da Juventude”, fundador da Congregação de São Francisco
de Sales (salesianos) e das Filhas de Maria Auxiliadora (salesianas)
6
Santa Joana Francisca Frémyot Chantal V.S.M. (1572-1641) santa, viúva, Fundadora da Ordem da Visitação de
Santa Maria, filha espiritual de São Francisco de Sales
mas para as fontes de inteligência, do coração e do desejo de Deus (….)”. Mostrando ainda
a unidade de pensamento de São Francisco de Sales e de Dom Bosco.

“E POR ISSO NOSSO SISTEMA EDUCATIVO “NÃO APELA PARA PRESSÕES”.


Devemos sempre agir, unicamente, pelo amor; ele que nos guia e nos move.
“[….] escolheu a via do coração e não a da força”.
Deus nos criou livres e, a essa liberdade ele tem muito zelo, Ele não nos obriga a
amá-lo, ou a desejar estar perto dele, pelo contrário.
“Vê, então, como o Pai Eterno nos atrai: ensinando-nos, deleita-nos com sua palavra
sem nos impor necessariamente a sua vontade; lança nos nossos corações delícias e
prazeres espirituais [….]”.
A força desse amor, está na doçura como ele nos atrai; Ele nos deixa livres, mas
mesmo sendo livres, temos a necessidade de nos encontrar com Ele; e Deus nos conquista
aos poucos, Ele se abre para nós, nos deixa conhece-lo, oferece sua amizade. “Deus, nunca
forçou ninguém a servi-lo e nunca o fará”. E diante de toda a reflexão sobre a liberdade e o
amor de Deus, somos levados a refletir sobre a liberdade religiosa.
“[….] e o respeito pela liberdade religiosa de todas as pessoas. [….] uma presença a
ser entendida como forma de evangelização pelo testemunho, que às vezes deverá ser não
só respeitosa, mas tranquila, silenciosa; esta presença será perfeitamente válida, pois se
baseia não só no princípio da não violência, mas, mais importante, no profundo respeito pela
liberdade das pessoas.”
Ser esse tipo de presença, de testemunho e evangelização, é uma das melhores
formas de crescer na Salesianidade, aprofundando a herança de São Francisco de Sales e
procurar ampliar a sua espiritualidade nas situações concretas do nosso tempo.

“[…..] o ser humano, o jovem, cada pessoa, nós todos, trazemos inscrito em nosso ser
a necessidade de Deus, o desejo de Deus, “a nostalgia de Deus”.

O ser humano, naturalmente, sente necessidade do amor de Deus; se sente atraído


para esse amor. É um amor de completitude, um amor desbravador.

“[….] ele percebe que a primeira aproximação da felicidade ocorre na aceitação de si


mesmo, do que se é, porque a felicidade se confunde com os meios para alcança-la.”

Entretanto, o nosso primeiro contato, verdadeiro, com Deus se dá quando aceitamos


quem somos, nossa condição de filhos de Deus, nossa condição de pecadores, nossa
condição de seres em mudança. O amor de Deus, passa a ser presente em nossas vidas
quando temos plena consciência de quem nós somos, do que aspiramos, do que queremos;
e nos deixamos guiar por ele, nos deixando se fazer crianças, e deixando que Deus cuide de
nós como um bom pai.

“[…] porque, quando o amor divino embeleza a nossa alma, toma o nome de graça,
tornando-nos agradáveis à sua divina Majestade; quando nos dá a força de fazer o bem,
chama-se caridade; mas quando chega a tal grau de perfeição, que não somente nos leva a
praticar o bem, mas até no-lo faz praticar com zelo, constância e prontidão, então chama-se
devoção.”

O ser humano está sempre buscando Deus, sempre buscando a completitude que só ele nos
traz, e assim buscamos uma vida em Deus. São Francisco de Sales, não via oposição entre
querer ser totalmente de Deus e viver plenamente no mundo; ele usa o termo “devoção” para
se referir a vida cristã em Deus; não precisamos nos tirar do mundo para viver essa devoção,
podemos vivê-la em nosso dia a dia, cada um de sua forma, a seu tempo louva a Deus.

“[…] seria por ventura louvável se um bispo fosse viver tão solitário como um cartuxo? Se
pessoas casadas pensassem tão pouco em ajuntar para si um pecúlio, como os
capuchinos? Se um operário frequentasse tanto a igreja como um religioso ou o coro? Se
um religioso se entregasse tanto as obras de caridade como um bispo? Não seria ridícula
uma tal devoção, extravagante e insuportável? Entretanto, é o que se nota muitas vezes; e o
mundo que não distingue nem quer distinguir a devoção verdadeira da imprudência
daqueles que a praticam desse modo excêntrico, censura e vitupera a devoção, sem
nenhuma razão justa e real”.

Deus não pede, nunca, que nos façamos escravos ou nos façamos mártir em seu
seguimento, ao contrário, ele compreende cada um; para Deus, devemos agir em nosso
tempo, nunca querer ser mais que os demais, cada um em seu lugar, cada um fazendo sua
parte na edificação do reino. A contribuição de cada um é necessária, agindo com a
humildade no coração e reta intenção, seremos sempre agraciados por Deus. Diante disso,
nos vemos na realidade vocacional, onde cada batizado é chamado a uma vocação, a um
serviço próprio pedindo que tenhamos ação na ajuda do discernimento dos irmãos e irmãs,
podendo faze-lo, por exemplo através da escuta.

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