A sociedade capitalista sobre a ótica do filme Robôs.
O filme Robôs, lançado no ano de 2005, é um filme do gênero
infantil/comédia. Muitos que o assistiram, ainda eram crianças e não conseguiam ver a profundidade por trás daqueles bonecos animados. De primeiro o filme parece nos trazer uma sociedade de robôs que deu errado. Mas seu sentido é ainda mais profundo. Começamos o filme com o personagem “Rodney” que tem o desejo de trabalhar “concertando” os robôs quebrados, em uma época de modernização, vendas de novas peças. Onde todos os robôs buscam se “encaixar” em um padrão estético, defendido pelas empresas do “Grande Soldador”, visto anteriormente como um defensor daqueles que eram minoria. Rodney inicia então a busca de seguir seu sonho, se mudando para a “cidade”. Ao chegar lá, cheio de expectativas, ele vê seus sonhos serem destruídos. Ao se dar conta de que robôs, como ele e seu pai, eram chamados “sobressalentes”, ou seja, ultrapassados. Suas peças, assim como de diversos outros robôs, não eram mais encontradas no mercado. Apenas as peças novas, que se tornam inacessíveis. Ele e seus amigos iniciam um movimento, em busca de igualdade para todos, em busca de proporcionar uma qualidade digna de vida, ele começa a “concertar” seus amigos, colocando neles novas peças, logo se torna uma “referencia” em seu bairro. Todos o procuram para serem concertados e isso passa a incomodar àqueles que detinham o poder. Podemos ver, claramente, uma crítica neste filme ao sistema capitalista americano e ao seu sistema privado de saúde, que se torna inacessível a grande parte da população. Se expandirmos mais nossa visão, conseguimos ver até mesmo uma crítica a padrões de beleza impostos pela sociedade, que muitas vezes são alcançados apenas por procedimentos cirúrgicos, mas se a saúde básica é inacessível, quem dirá procedimentos estéticos. Entretanto, se o filme traz uma crítica ao sistema capitalista e privado dos Estados Unidos da América, se aplicaria sua crítica também ao Brasil? Essa realidade é presente também no Brasil. No ano vigente, segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da Pandemia, o Brasil constatou que haviam 33,1 milhões de pessoas sem garantia do que iriam comer – o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Podemos também – na mesma fonte – encontrar dados que dizem que 58,7% - mais da metade da população -, vive algum grau de insegurança alimentar – entre graus leve, moderado ou grave. O Artº 5 de nossa constituição, prevê igualdade entre todos perante a lei. Por diversas vezes vemos os cidadãos serem tratados de formas diferentes, apenas por terem status sociais elevados ou não. Segundo dados do G1, no ano de 2018, a pátria “amada” teve cerca de 153 mil mortes por ano por atendimento de má qualidade e 51 mil por falta de acesso a atendimento. Mesmo no Brasil, que temos um sistema público de saúde (SUS) encontrarmos esses dados é assombroso. O SUS não é utilizado apenas por aqueles que verdadeiramente precisam, pessoas “ricas” fazem uso deste sistema, para seus atendimentos, mesmo que não sendo necessário. E podemos expandir isso para várias realidades, educação, trabalho e etc. Em nosso país a igualdade está longe de ser uma realidade. Vislumbramos durante o ápice da pandemia da Covid-19 a exposição dessas desigualdades. Muitos morreram sem sequer ter acesso a um atendimento, sem ter acesso a enterros dignos. Ainda quando saiu a vacinação, muitos não puderam se vacinar por dificuldades de locomoção. Então, onde encontramos essa igualdade? Ela existe? Passamos movimentos, sobretudo, de privatização de alguns órgãos públicos. E existe um movimento que defende a privatização do SUS, com a desculpa de que isso melhoraria o atendimento. Entretanto, apenas veríamos as desigualdades aumentarem, ficarem mais expostas. Basta olharmos países com sistema público de saúde e sua dificuldade à acessibilidade de pessoas mais carentes. Diante do exposto, fica nítido a necessidade de mudar as realidades desiguais de nosso país, focando aqui na saúde pública. Estamos, às vezes, apenas a alimentar ainda mais essas diferenças, quando fazemos de nossos posicionamentos puras buscas de interesses. Olhamos apenas para nosso próprio eu. Para nossos próprios benefícios. Não buscando o bem comum. E demonstramos isso em coisas simples, passando a frente na fila, roubando a vaga de alguém que tinha prioridade e etc. É necessária, por exemplo, no nosso sistema básico de saúde fazermos uma intervenção para podermos melhor atender as realidades presentes em nosso país.