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EMPRESARIAL E
NEGOCIAÇÃO
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá! Se você se interessou pelo assunto deste livro, já deve ter percebido que a comuni-
cação e a negociação fazem parte do nosso dia a dia, não só nas empresas, mas na vida.
Por isso, conhecer mais sobre algo que praticamos, às vezes até mesmo instintivamente,
vai nos ajudar muito em nossa profissão e relações sociais.
A comunicação é algo nato do ser humano, mas podemos melhorar nossas habilidades
e, além disso, aplicá-las nas empresas para atingir de forma mais eficiente os objetivos
das organizações. Também temos que negociar o tempo todo, muitas de nossas esco-
lhas e tomadas de decisão são antes intermediadas por uma boa negociação. Portanto,
veremos que negociação e comunicação andam juntas, e quanto melhor entendemos
e aplicamos suas técnicas, de forma ética e profissional, melhor serão nossos resultados
e das empresas.
Na unidade I serão apresentados os conceitos básicos de negociação e sua importân-
cia em nosso dia a dia. Na sequência, iremos tratar a respeito dos possíveis resultados
em negociação e discutir a possibilidade e viabilidade de se buscar resultados do tipo
ganha/ganha, assim como iremos trabalhar os elementos essenciais em negociação e a
importância de se conhecer antecipadamente cada um deles para favorecer a prepara-
ção para a execução de um processo de negociação.
Na unidade II vamos discutir alguns pontos muito importantes que fazem parte da ne-
gociação. Veremos que um bom negociador necessita de algumas habilidades espe-
cíficas que o ajudem a desenvolver uma negociação eficiente e eficaz. Na sequência,
iremos entender porque a negociação é considerada um processo sistêmico e, ao com-
preendermos esta condição, será fácil preparar qualquer tipo de negociação. Abordare-
mos algumas maneiras que possibilitem a realização do planejamento da negociação
de modo que seja possível entender o porquê da necessidade de se planejar todo o
processo.
A unidade III trata dos processos de negociação, onde iremos nos deparar com diversos
cenários diferentes, sendo fundamental que se tenha estratégias para agir em cada um
deles. Veremos também que definir uma estratégia de ação em negociação faz parte
do processo de preparação, entretanto, só será possível a definição por qual estratégia
utilizar quando da finalização do planejamento e preparação do processo de negocia-
ção. Tão importante quanto a escolha das estratégias definidas pelo negociador está a
verificação de questões éticas que possam estar implicadas no processo. Portanto, esta
unidade será dedicada a ressaltar a importância da ética para que o negociador tome
os devidos cuidados e evite problemas que possam surgir com seus parceiros em uma
negociação.
Na unidade IV começaremos a nossa jornada pela comunicação com foco na Comuni-
cação Empresarial, sem deixar de manter a importante ligação com o mundo das orga-
nizações e a negociação, que é parte fundamental dessa área. Veremos que falar sobre
comunicação é algo complexo, principalmente porque não se trata de uma ciência exa-
ta e pelo fato de ela estar totalmente ligada as nossas relações sociais, que por sua vez
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
15 O Que é Negociação?
36 Considerações Finais
UNIDADE II
43 Introdução
51 O Processo de Negociação
54 O Planejamento da Negociação
65 Considerações Finais
SUMÁRIO
UNIDADE III
71 Introdução
91 Considerações Finais
UNIDADE IV
97 Introdução
98 As Revoluções da Comunicação
SUMÁRIO
UNIDADE V
131 Introdução
165 CONCLUSÃO
167 REFERÊNCIAS
Professor Me. Ricardo Azenha Loureiro Albuquerque
CONCEITOS E IMPORTÂNCIA
I
UNIDADE
DA NEGOCIAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conceituar negociação.
■■ Compreender a importância da negociação.
■■ Apresentar os possíveis resultados de uma negociação.
■■ Discutir sobre os elementos essenciais em negociação.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O que é negociação?
■■ Possíveis resultados em negociação
■■ Elementos essenciais em negociação
14 - 15
INTRODUÇÃO
O QUE É NEGOCIAÇÃO?
Introdução
I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Dizer que negociar é realizar processos significa dizer que negociação é algo que
tem início, meio e fim. Burbridge et al. (2007, p. 83) comparam o processo de
negociar com o treinamento de um soldado no manuseio de um rifle. O soldado
é instruído a usar uma sequência de cinco passos que, quando bem executados,
asseguram a precisão do tiro. Segundo o autor, na negociação também é possí-
vel treinar processos simples em que saberemos utilizar no momento certo as
táticas que melhor se aplicam em cada fase do processo de negociação, aumen-
tando, assim, as chances de sucesso.
O Que é Negociação?
I
estar esperando uma doação ou então um milagre. De uma maneira clara, para
receber é preciso oferecer. O autor se utiliza de uma parábola que facilita o enten-
dimento deste processo:
Certa vez, dois seminaristas foram pedir autorização ao padre supe-
rior para fumar enquanto rezavam. O primeiro foi direto ao assunto,
perguntando se podia fumar durante suas orações. O padre negou o
pedido e exigiu do seminarista muitas penitências. O segundo semina-
rista preparou-se previamente. Descobriu qual era o santo da devoção
do superior, leu sobre sua vida e foi ao encontro do padre. Estabeleceu
um clima positivo e verificou o momento oportuno de fazer a sua soli-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
citação. Falou sobre seu grande desejo de chegar à santidade e contou
o que vinha fazendo nesse sentido. Entretanto, observou, tinha um pe-
queno problema. Algumas vezes costumava fumar, mas nos momentos
em que estava fumando sentia uma vontade incontrolável de rezar. Será
que nesses momentos poderia rezar? Recebeu uma resposta positiva,
com a recomendação de que rezasse também para interromper esse
vício (WANDERLEY, 1998, p. 21).
Analisando esta parábola, é possível que se perceba que, para conseguir alcan-
çar seu desejo, o segundo seminarista, de certa forma, precisou oferecer algo
além do seu pedido, precisou aceitar a recomendação do padre de rezar para
parar de fumar. Diferente do primeiro que apenas apresentou seu desejo sem
nada a oferecer.
O psicólogo Kurt Lewin desenvolveu uma teoria chamada campo de forças que,
como nos mostra Ferreira et al. (2002 p. 85), definem o comportamento das pes-
soas como resultado de um equilíbrio entre forças de impulsão para mudanças e
forças de restrição a novas propostas e, como consequência, favoráveis à manu-
tenção da situação atual.
O Que é Negociação?
I
quer não é necessariamente o que outro quer e as partes devem procurar uma
maneira de solucionar este conflito. Os autores continuam informando que as
partes preferem tentar chegar a um acordo a gerar um impasse. Inevitavelmente,
para que se conclua o processo, uma das partes acabará por ceder ou, caso con-
trário, se buscará uma autoridade superior para decidir. Normalmente, quando
se chega nesta situação, irá ocorrer o rompimento das relações e o importante
é agir para evitar que isto ocorra. E é exatamente aí que existe a diferenciação
entre a negociação e outros meios para se alcançar objetivos. Negociar é tomar
decisões em conjunto de modo a obter acordos mútuos, ou seja, muitas vezes
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
será necessário vencer conflitos, divergências e antagonismos que podem acon-
tecer, segundo Wanderley (1998, p. 23), por má comunicação ou divergência
entre ideias, propostas e interesses, que, normalmente, tem origem em dificul-
dades de relacionamento.
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POSTURA GANHA-PERDE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
POSTURA GANHA-GANHA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
feitos de maneira a encontrar alternativas de ganho comum. Wanderley (1998,
p. 24) afirma serem pessoas que agem para encontrar pontos de convergência,
por mais difícil que seja, e detêm as seguintes crenças:
■■ Querem que os seus interesses sejam atendidos.
■■ Um bom negócio deve atender os interesses de todos os negociadores
envolvidos.
■■ O problema do outro não é só problema do outro. Ele deve ser identifi-
cado e solucionado no processo de negociação.
■■ Embora o curto prazo seja relevante, não se pode deixar de levar em con-
sideração as perspectivas de médio e longo prazo.
■■ Em toda negociação, além do objeto da negociação, deve-se dedicar igual
atenção ao relacionamento entre as partes.
■■ Para que haja um bom acordo, é necessário que os dois lados estejam ver-
dadeiramente comprometidos com a sua implementação.
POSTURA PERDE-PERDE
NENHUM RESULTADO
■■ Colchete: consiste em isolar aquilo que a outra parte mais deseja visando colocá-la
na defensiva.
■■ Surpresa: consiste na súbita mudança do objeto da negociação, deixando a outra
parte desconcertada e despreparada para negociar.
■■ Intimidação: consiste em ameaçar a outra parte – sugerindo encerrar a negocia-
ção imediatamente, por exemplo.
■■ Silêncio: consiste em não emitir qualquer opinião ou crítica quanto ao que está
sendo proposto, visando desorientar a outra parte.
■■ Drible: consiste em insistir que queremos uma determinada coisa quando o que
nos interessa é outra.
■■ Autoridade limitada: consiste em criar uma instância superior que precisa ser
consultada antes de darmos uma resposta final sobre uma proposta.
■■ Mocinho/bandido: negociadores que trabalham em dupla. Um faz o papel do
bonzinho e o outro é o mau.
Poderíamos aqui mencionar uma lista muito mais ampla, que envolveria truques, arti-
manhas e falcatruas. Ao conversarmos sobre isso com os participantes dos nossos even-
tos, um número muito grande afirma utilizar-se desses recursos para obter o acordo. Em
sua opinião, estão agindo da forma que propõem os livros e manuais (infelizmente mui-
tos deles realmente propõem isso) e, consequentemente, não se percebem infringindo
qualquer limite ético ou moral.
[...]
Nossa crença é que o ganha-ganha existe sim, mas não no processo. Ele é atingido quan-
do ao final da negociação cada parte avalia as concessões que fez e as compara com os
resultados que obteve e chega à conclusão que, realmente, valeu a pena.
TEMPO
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O tempo de duração de um processo de negociação pode variar entre curto ou
longo. Martinelli e Ghisi (2006, p. 103) recomendam cuidado com relação ao
tempo despendido na negociação. Segundo o autor, o tempo deve ser o ponto
de apoio para se projetar o negócio, com consequente satisfação dos envolvi-
dos, além de permitir a conclusão de que é ilimitado, podendo, entretanto ser
controlado. Muitas vezes, porém, a outra parte tenta parecer indiferente em rela-
ção ao prazo, o que sempre traz resultados negativos para o oponente, visto que
aumenta a pressão sobre ele. O autor recomenda não esquecer de fixar prazos de
acordo com os interesses do negociador para evitar tumultos, concessões desne-
cessárias e o estabelecimento de acordos prévios.
Stark (1999, p. 13) se reforça na lei de Pareto para explicar a importância do
tempo em negociações. A chamada regra 80/20, ou Lei de Pareto, diz que: “vinte
por cento do que você faz produz 80% dos resultados; inversamente, 80% do que
você faz produz somente 20% dos resultados”. Normalmente, segundo o autor, a
maioria das negociações é concluída nos últimos momentos.
Em negociações, ainda segundo Stark (1999), o tempo e o prazo de nego-
ciação podem favorecer a cada lado, e faz algumas sugestões:
1. Seja paciente. Como a maioria das concessões e decisões ocorrerão
nos últimos 20% do tempo disponível, tenha bom senso e espere o
momento certo para agir. Como regra geral, vale a pena ter paciência.
2. Se houver vantagens na conclusão rápida da negociação, venda
esta ideia à contraparte. Existem ocasiões em que uma ou ambas
as partes serão beneficiadas, se as negociações forem concluídas ra-
pidamente.
INFORMAÇÃO
No filme Piratas do Vale do Silício (1999) existe uma passagem muito interes-
sante onde estão Steve Jobs, Steve Wozniac e “Capitão Crunch” (apelido da pessoa
que descobriu que o som dos apitos dados de brinde em caixas de cereal Capitão
Crunch tinham o mesmo tom dos telefones da AT&T em ligações de longa dis-
tância e, com isso, era possível fazer ligações DDI sem pagar) estão utilizando
um equipamento desenvolvido por eles batizado como “caixa azul”. Este apare-
lho era capaz de fazer ligações DDI de graça, burlando o sistema telefônico. Na
cena em questão, Steve Jobs liga para o Vaticano e pede para falar com o Papa.
Ele fica tão maravilhado que diz a Wozniack: “Tudo isso é sobre poder... é como
naqueles países estranhos, onde os caras do exército querem derrubar o presi-
dente, e a primeira coisa que eles assumem são os meios de comunicação. TV,
Rádio, Jornais... informação é poder...”. Esta passagem ocorreu em 1977.
Tornou-se clichê dizer que vivemos na Era da Informação ou Sociedade da
Informação, na verdade, já são mais de 20 anos desde que esse termo começou
a ser utilizado com bastante frequência, principalmente com a consolidação da
Internet. Entretanto, a informação tem sido, sem sombra de dúvida, a arma mais
importante nos jogos sociais. Na maioria das vezes, quando pensamos em nego-
ciação, a parte que tiver mais informações tenderá a obter os melhores resultados,
o problema é que as pessoas encaram negociação como uma interação real entre
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
p. 106) sugerem como fontes de informação:
■■ Internet: artigos sobre as pessoas com as quais se está negociando,
a empresa e seus produtos.
PODER
Esta pequena palavra carregada de uma grande força tem consequências dife-
rentes na forma como é utilizada. O poder do poder chega a ser místico, revela
o verdadeiro caráter das pessoas, pode construir e, ao mesmo tempo, destruir.
Poder é objeto de desejo da maioria das pessoas, é a causa das discórdias, brigas
e mesquinharias do ser humano.
Stark (apud MARTINELLI; GHISI 2006, p. 97) define poder e considera
que ele pode se manifestar de várias formas:
■■ É a força que permite impor uma posição sobre a outra, sem levar
em consideração seus méritos relativos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
negociação:
■■ Reconhecer a discrepância do poder.
■■ Evitar a manipulação.
Para entender a utilização das tarefas sugeridas por Stark (apud MARTINELLI;
GHISI, 2006) vamos apresentar os dez tipos de poder que podem influenciar
uma negociação conforme Stark (1999, p. 17):
1. Posição. Algumas medidas de poder baseiam-se na posição hie-
rárquica da pessoa na organização. Um gerente de marketing pode
influenciar as decisões que afetam o departamento de marketing.
Mas ele tem pouca autoridade ou poder para influenciar as deci-
sões que afetam o departamento financeiro.
4. Caráter. Quanto mais íntegra e leal a pessoa for, maior poder ela
terá em negociações. Neste caso, o que importa é se elas realmente
fazem aquilo que dizem que vão fazer.
12. Uma mistura dos outros três. Qual deles é o mais apropriado
depende da situação. Uma pessoa em processo de divórcio, que
deseja manter um bom relacionamento com seu marido ou sua
esposa e com os filhos, poderá usar o estilo protetor. O poder real
por trás do conhecimento dos estilos comportamentais está na sua
habilidade de adaptar seu estilo à situação.
O autor continua suas observações enfatizando que a maioria das pessoas tem
mais poder do que pensa. É muito provável que exista uma relação de autoes-
tima e poder, uma vez que já se demonstrou que pessoas com autoestima elevada
acham que têm mais opções em negociações, enquanto que pessoas com baixa
autoestima não acreditam ter poder para agir.
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Quando você for realizar alguma negociação, é importante levar em con-
sideração que algum ou todos os tipos de poder apresentados por Stark (1999)
possam estar envolvidos. Neste caso, o mesmo autor sugere respeitar algumas
regras relacionadas ao poder durante o processo de negociação:
1. Raramente um lado tem todo o poder. Sempre que você vai aos
bancos pedir empréstimo para o seu negócio, você, empresário ou
cliente, ainda tem poder: o poder de decidir qual banco você vai
escolher; o poder de decidir qual taxa de juros você aceita pagar; e
o poder de decidir se você vai dar sua casa como garantia.
5. Teste o seu poder. Você nunca saberá quanto poder tem, até que o
teste realmente. Há grandes possibilidades de que tenha mais po-
der do que pensa. É bom insistir que o poder não é nem bom nem
ruim. Ruim é o abuso de poder, (STARK, 1999, p. 19-20).
Não importa que tipo de negociação, se salarial ou comercial. Se alguém pleiteia uma
promoção ou está negociando em causa própria, mudanças de responsabilidades e fun-
ções. Sempre os negociadores têm que trabalhar com as variáveis psicológicas de cada
um dos envolvidos. [...]
[...]
O interesse é sempre o que um indivíduo quer em determinada situação. Nem sempre é
o que precisa. Muitas vezes, não deixa claro para o outro negociador o que pretende. O
interesse pode ser comunicado como se fosse uma posição assumida por uma das par-
tes, geralmente a pessoa se mantém irredutível em determinada posição. Por exemplo,
“quero a laranja de qualquer jeito”. Esta é a posição declarada, o que a pessoa quer na
verdade é o suco. Diz querer a laranja para provocar a outra parte, ou para demonstrar
intransigência e/ou seu poder presumido.
O conflito está sempre presente em todas as relações humanas, ainda que latente, não
percebido e expressado. Vendedor e cliente têm interesses diversos que podem gerar
conflito. Patrão e funcionário também. Assim por diante, em qualquer relação é possí-
vel observar conflitos, que quando identificados, devem ser trabalhados. [...] A melhor
forma de evitar conflitos é manter um relacionamento sustentado pela cooperação
entre as partes no que tange ao objetivo em si. O relacionamento harmonioso entre as
pessoas gera interações positivas que beneficiam o processo de negociação.
Negocia melhor quem conhece bem a natureza humana. Atitudes, ações, reações, sen-
timentos, pensamentos, emoções e valores de cada indivíduo sempre influenciam todo
o processo de negociação por mais racional que este seja. [...]
O planejamento é fundamental. Existe um ditado árabe que diz: “jamais negocie com
desconhecidos”. Por isso, identificar o estilo do outro, ou dos outros negociadores, é fun-
damental e pode ser determinante para a eficácia. A negociação, na maioria das vezes
não é tão simples como parece. Precisamos planejar muito para conseguir os resultados
que queremos, sem que com isso ocorram desgastes imediatos ou a médio e longo pra-
zo. O imediatismo é um dos maiores perigos nas negociações. Por isso, muito cuidado
com os benefícios de curto prazo e os danos de longo prazo.
O bom negociador aprende com cada nova situação. Desenvolve-se constantemente e
busca inovar sempre. Por isso, investe em seu talento, desenvolve seu potencial e amplia
o seu repertório para lidar com situações difíceis, adquirindo um “jogo de cintura” que
lhe permite estar no comando sempre, mesmo quando aparentemente não está.
Negociações bem-sucedidas trazem autoconfiança, melhoram a autoestima e aumen-
tam cada vez mais a competência e as habilidades do negociador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-perde. Por fim, tratamos sobre os elementos essenciais em uma negociação:
tempo, informação e poder. Discutimos sobre seus aspectos e apresentamos a
necessidade de ter conhecimento destes para, quando necessário for, termos van-
tagens estratégicas durante o processo de negociação.
A partir de agora, você já está preparado(a) para seguir adiante, onde iremos
estudar as habilidades necessárias para se executar boas negociações.
Sucesso!
O Preço de um Resgate
Título Original: Ransom
Sinopse: Um milionário proprietário de uma companhia de aviação
recebe um choque quando descobre que seu filho de nove anos foi
sequestrado e lhe pediram um resgate de dois milhões de dólares.
Inicialmente se prontifica em pagar, mas quando conclui que vão
matar seu filho após o resgate ter sido pago decide reverter o jogo,
e comunica pela televisão que não pagará nada aos sequestradores,
mas dará uma recompensa de dois milhões de dólares para quem
ajudar a capturá-los. Como isto não tem efeito imediato, ele dobra
o valor da recompensa.
Em DVD - 1996 (Mundial) 121 min - Ação, Policial.
Direção: Ron Howard
Roteiro: Alexander Ignon, Cyril Hume.
Elenco: Mel Gibson (Tom Mullen), A.J. Benza (Reporter Guest), Addie O’Donnell (News
Reporter #1), Allen Bernstein (Bob Stone), Anna Marie Wieder (Woman at Science Fair)
Material Complementar
I
II
HABILIDADES, PROCESSOS
UNIDADE
E PLANEJAMENTO EM
NEGOCIAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Discutir as habilidades necessárias em negociação.
■■ Entender o processo de negociação.
■■ Apresentar o processo de uma negociação.
■■ Elaborar o planejamento da negociação.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ As habilidades dos negociadores
■■ O processo de negociação
■■ O planejamento da negociação
42 - 43
INTRODUÇÃO
Vamos, agora, discutir alguns pontos muito importantes que fazem parte da
negociação.
Um bom negociador necessita de algumas habilidades específicas que o
ajudem a desenvolver uma negociação eficiente e eficaz. Iremos estudar estas
habilidades no decorrer desta unidade de modo a contribuir para que você, caso
deseje, possa procurar ferramentas que o(a) ajudem a desenvolver as habilida-
des aqui apresentadas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Focalize os interesses, não as posições.
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■■ Ouça atentamente.
Perceba que estes fatores críticos nada mais são do que habilidades que podem
ser alcançadas com dedicação, preparação e planejamento de um processo de
negociação. Algumas atitudes também são importantes para que as habilidades
sejam desenvolvidas. Para tanto, Steele, Murphy e Russil apud MARTINELLI;
GHISI, 2006, p. 112 sugerem como atitudes:
■■ Seja claro sobre seu ponto de vista.
DISCUTIR AS PROPOSIÇÕES
definição e efetivação daquilo que acabou por ser acordado de maneira informal.
Isso é um problema, pois o que ocorre são decisões direcionadas pelos grupos
informais dominantes por seus interesses pessoais.
Para evitar isso, é necessário que este tipo de conduta seja abolido, de modo
a buscar-se nas reuniões de trabalho a objetividade necessária para que os pro-
blemas sejam equacionados da melhor maneira possível e com efetividade,
evitando os interesses pessoais e o que Martinelli e Almeida (1997, p. 89) colo-
cam como reuniões evasivas, com muita agitação, discussão, pouca reflexão e
nenhuma solução.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
APRESENTAR PROPOSTAS CONCRETAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SEPARAR OS RELACIONAMENTOS PESSOAIS DOS INTERESSES
Um ponto que chama atenção e é preciso tomar cuidado é o fato de muitas pes-
soas confundirem relacionamentos com interesses pessoais. Martinelli e Almeida
(1997, p. 92) citam um exemplo de alguém que diz: “Tenho um ótimo relaciona-
mento com meu chefe; ele me dá um aumento todos os anos”. Segundo os autores,
essa pessoa está, claramente, confundindo o relacionamento com seu
chefe com os resultados produzidos. Independente do relacionamento
ser muito bom ou não, aumentos salariais podem vir no final de um
período como reconhecimento (por parte do chefe) pelo trabalho feito
durante o ano (o chefe assume postura imparcial e julga o mérito do
aumento em termos do desempenho do subordinado) (MARTINELLI;
ALMEIDA, 1997, p. 92).
Como se verificou, este é um ponto que merece atenção e precisa ser bem
conduzido para que não ocorra o que iremos discutir a seguir.
O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO
O Processo de Negociação
II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2: Proposta de uma abordagem sistêmica da negociação
Fonte: Martinelli e Ghisi (2006, p.19)
Silva (2008, p.320 apud ALBUQUERQUE, 2013, p. 28) define sistema como “um
conjunto de elementos interagentes e interdependentes relacionados cada um ao
seu ambiente de modo a formar
um todo organizado”. Para facili-
tar o entendimento, Albuquerque
(2013) complementa a definição
de Silva (2008) comparando-a
ao Corpo Humano, e continua:
este é constituído por diversos
sistemas como o respiratório, o
linfático etc. Todos estes siste-
mas, juntos, formam um todo, ©shutterstock
O Processo de Negociação
II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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O PLANEJAMENTO DA NEGOCIAÇÃO
Antecipar tudo o que pode acontecer em uma negociação é uma forma de garan-
tir que os problemas que possam surgir durante o processo sejam resolvidos de
maneira a não atrapalhar a condução das atividades, assim, planejar o processo
de negociação tem uma importância significativa de modo a contribuir para que
o resultado final seja satisfatório.
Wanderley (1998, p. 129) explica que planejar uma negociação é identificar
todos os fatores necessários e suficientes para obter êxito e criar condições pré-
O Planejamento da Negociação
II
■■ Consultar os outros.
■■ Identificar limites.
■■ Estabelecer alvos.
■■ Desenvolver argumentos de apoio.
■■ Analisar a outra parte (MARTINELLI; GHISI, 2006, p. 148).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DEFINIR AS QUESTÕES
DEFINIR OS INTERESSES
Uma maneira de se fazer isso é elaborando perguntas que respondam quais são os
valores, as necessidades e os princípios que se esperam alcançar com a negociação.
Martinelli e Ghisi (2006, p. 149) falam que esses interesses podem estar relaciona-
dos às próprias questões focalizadas na negociação, ao modo como os negociadores
determinam a disputa, ao relacionamento atual ou futuro ou aos princípios, padrões
ou normas informais que serão utilizados no processo de negociação.
CONSULTAR OS OUTROS
IDENTIFICAR LIMITES
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Identificar a importância real de cada item de uma negociação tem sua impor-
tância uma vez que permite saber exatamente até onde ir, ou seja, quais são os
limites que precisam ser respeitados.
ESTABELECER ALVOS
O Planejamento da Negociação
II
Tendo como base propostas de diversos autores, Martinelli e Ghisi (2006, p. 157)
elaboraram um quadro no qual apresentam os procedimentos de planejamento
de negociação, que se encontram no quadro 3.
Procedimentos/
1. Mapeamento 2. Parâmetros 3. Cenário 4. Preparação
autores
Definir o proble- Acertar a nego-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Colaicovo (1997) - -
ma ciação
Separar as pesso-
Fisher e Ury as do problema; Buscar alterna- Encontrar critérios
-
(1980) concentrar-se nos tivas objetivos
interesses
Buscar infor- Desenvolver a argu-
Lewicki, Saun- Identificar limi-
mações; definir mentação; consultar
ders e Minton tes; estabelecer -
questões; definir os outros; analisar a
(2002) alvos
interesses outra parte
Levantar e listar Definir
Definir limites;
Donaldson e Do- as informações; agenda,
definir metas -
naldson (1999) identificar “agen- local, parti-
ou objetivos
das ocultas” cipantes
Simular a nego-
Reunir e organizar
Definir limites; Definir ciação; fortalecer
dados; identificar
identificar atitude, pontos fracos; listar
Sparks (1992) apoios às ques-
alternativas e ambiente e dados que deverão
tões; examinar
penalidades horário ser passados para o
dados
outro lado
Estabelecer
Identificar ques-
limites; definir Desenvolver estraté-
Acuff (1998) tões; priorizar -
acordos alter- gias e táticas
questões
nativos
Quadro 3 - Procedimentos de Planejamento da Negociação
Fonte: Martinelli e Ghisi (2006, p.157)
1. Mapeamento da situação:
a. Levantar e listar as informações.
b. Identificar e priorizar as questões.
2. Estabelecimento de parâmetros para a negociação:
a. Definir metas e objetivos.
b. Listar o leque de acordos alternativos.
c. Fixar os limites para negociação.
3. Montagem do cenário para a negociação:
a. Definir a agenda.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MAPEAMENTO DA SITUAÇÃO
O Planejamento da Negociação
II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O Planejamento da Negociação
II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-- Quem é o chefe do outro lado e o que você sabe sobre ele?
-- A organização está sofrendo pressões com prazos?
■■ Negociações anteriores
-- Quais os assuntos das negociações anteriores?
-- Quais os principais obstáculos e resultados daquelas nego-
ciações?
-- Quais ressalvas surgiram?
-- Quais as estratégias e as táticas utilizadas pelo outro lado?
-- Qual o nível da proposta inicial em comparação com o acordo
final?
-- Como foi obtido o resultado e em que espaço de tempo?
(ACUFF, 1998, p.35 apud MARTINELLI; GHISI, 2006, p. 163).
Nos últimos meses tenho recebido fre- b. Quem deve ser o responsável pelo
quentes solicitações de programas de Planejamento Estratégico de Vendas?
treinamento na área de Planejamento
Estratégico de Vendas. Como sei que essa A responsabilidade final é do principal
é uma área crítica para as organizações - e gestor da área comercial, mas ele não
reconheço que a bibliografia sobre o tema tem condições de exercê-la sozinho.
específico é bastante escassa - pretendo Esse executivo é quem vai garantir que
dividir com você leitor alguns aprendiza- as estratégias que serão empregadas
dos que venho acumulando neste tipo de pela área comercial não afrontarão, em
trabalho. Visando facilitar nossa conversa, momento algum, os postulados da estra-
vamos seguir um roteiro das questões mais tégia competitiva da organização (se sua
comuns para as empresas que estão preo- empresa se posiciona no mercado com
cupadas em investir nessa área. líder em custos, você não pode propor
uma estratégia comercial que vá agravar
a. Por que fazer um Planejamento Estra- os custos internos significativamente). O
tégico de Vendas? respeito à Missão e Visão é essencial para
garantir a exequibilidade do plano.
Pode parecer incrível, mas muitas empre-
sas veem a área de vendas apenas sob o Outra questão fundamental é que todos
aspecto operacional. Para essas empre- os membros da área comercial, bem
sas, o papel de vendas é vender o que como seus principais fornecedores inter-
a empresa tem para oferecer, bastando nos devam ser convidados a participar do
para isso “ir a campo e oferecer”. processo de Planejamento Estratégico
de Vendas, pois precisarão conhecer e se
Apenas as empresas que já amadurece- comprometer com as estratégias. Caso
ram e compreenderam que o mercado esse comprometimento não seja obtido,
não reage de forma condicionada aos o trabalho terá sido em vão.
apelos da área comercial é que valorizam
o planejamento das vendas – e não o pla- c. Que ferramentas são utilizadas no Pla-
nejamento do trabalho a ser executado nejamento Estratégico de Vendas?
pelo vendedor – como algo verdadeira-
mente estratégico. Como todo o trabalho de planejamento,
utilizam-se ferramentas analíticas e de e. Que resultados são obtidos de um tra-
diagnóstico para mapear a situação atual. balho como esse?
Em seguida, revisitam-se o Plano Estraté-
gico Corporativo e o Plano de Marketing Embora varie de caso para caso, costuma-
para garantir a correta compreensão de se conseguir uma empresa mais confiante
quais deverão ser os principais objetivos nos seus próprios objetivos, com pessoas
a serem perseguidos no Planejamento comprometidas com o sucesso do negó-
Estratégico de Vendas. A partir daí, dis- cio como um todo e, consequentemente,
cutem-se as diferentes estratégias que mais confiantes e estimuladas a dar a sua
permitiriam atingir esses objetivos. Basi- contribuição para que esse sucesso real-
camente avalia-se: a atual metodologia mente ocorra.
de vendas, a estrutura da força de vendas,
os principais canais de distribuição que f. O investimento nesse tipo de traba-
estão sendo utilizados, a política de pre- lho é significativo?
ços, as formas de remuneração da força
de vendas e uma série de outras questões Não existe almoço de graça. Quando uma
que são relevantes para a performance empresa desenvolve um processo siste-
da área comercial. matizado de planejamento acaba tendo
que fazer alguns investimentos. Contudo,
d. Como controlar os resultados? segundo clientes que resolveram investir
em Planejamento Estratégico de Vendas,
Existem vários instrumentos de controle, o retorno sobre o investimento é signifi-
como gráficos, histogramas e outros. Eu cativo e o payback é muito curto.
prefiro utilizar um modelo adaptado do
Balance Score Card, no qual os objetivos Espero que, como eu, você perceba que já
são definidos em torno de 4 grandes não é mais possível ficar improvisando na
áreas: financeira, clientes, processos área comercial. Não dá mais para acreditar
internos e aprendizagem. A maior van- em vendedores natos, clientes ingênuos
tagem do BSC é que se pode chegar a ou concorrência inerte. Se praticamente
um cartão de controle individual, que será todas as áreas críticas da organização
utilizado por cada participante da equipe estão se esforçando para planejar estra-
para saber, de forma rápida e simples, que tegicamente sua atuação, por que a área
tipo de contribuição está dando para o de vendas continua sendo vista apenas
atingimento dos objetivos com os quais como um conjunto de músculos sem a
se comprometeu. necessidade de ter cérebro?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
mostra que o processo precisa ser previamente planejado de modo que as habili-
dades desenvolvidas possam ser bem utilizadas durante o processo de negociação.
Uma vez que você já se sinta seguro(a) com os conhecimentos aqui apre-
sentados, sinta-se a vontade em seguir adiante e iniciar os estudos da próxima
unidade, onde iremos tratar das etapas e estratégias de negociação, do papel dos
negociadores e da ética nas negociações.
Sucesso!
Considerações Finais
1. Dentre as habilidades que os negociadores precisam desenvolver, que foram
apresentadas neste material, discorra a respeito das mesmas apontando aquela
que você pense ser a mais significativa para alcançar o sucesso em uma nego-
ciação.
2. Explique o motivo pelo qual o processo de negociação é utilizado com base em
uma visão sistêmica.
3. Discorra sobre a importância de planejar efetivamente o processo de negocia-
ção.
66 - 67
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
Professor Me. Ricardo Azenha L. Albuquerque
III
ESTRATÉGIAS EM NEGOCIAÇÃO
UNIDADE
E SUAS IMPLICAÇÕES ÉTICAS
NO PROCESSO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Discutir as estratégias utilizadas em negociação.
■■ Entender o processo estratégico em negociação.
■■ Discutir as preocupações éticas em negociação.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ As estratégias dos negociadores
■■ A ética nas negociações
70 - 71
INTRODUÇÃO
Um dos pontos muito importantes que necessita ser apresentado são as estraté-
gias escolhidas pelos negociadores em um processo de negociação.
Quando estamos em uma negociação deve mas, antecipadamente, deci-
dir por qual estratégia utilizar no processo para garantir um resultado do tipo
ganha-ganha entre os participantes da negociação. Entretanto, se decidir por
qual linha seguir não significa que está deverá ser utilizada até o final do pro-
cesso. Durante o mesmo, em caso de necessidade, é perfeitamente aceitável que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
III
deve-se definir que tipo de estratégia ou estratégias deverão ser utilizadas durante
cada negociação.
Fernandes e Berton (2005, p. 9) explicam que a palavra estratégia pode ser
entendida como um meio para se chegar a um fim. “A estratégia nunca é um fim
em si, mas um caminho”, ou seja, é a maneira pela qual se irá alcançar determi-
nado objetivo. A estratégia permeia nossa vida em todos os sentidos. Sempre que
se deseja alcançar algum objetivo, realiza-se um planejamento intrinsecamente
a este. Von Clausewitz (1976, p. 177 apud MINTZBERG et al. 2003, p. 24) traz
um exemplo de estratégia utilizada no campo militar, ou seja, neste contexto,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a estratégia está relacionada à criação de um plano de guerra, preparação das
campanhas individuais e, dentro delas, decisão de comprometimento individual.
Com esta definição, podemos concluir que, ao pensarmos estratégia no
contexto da negociação, esta tem a característica de assumir as ações que os
negociadores estarão dispostos a utilizar no decorrer de todo o processo de nego-
ciação, podendo, inclusive, mudar de estratégia durante a mesma.
Stark (1999, p. 55-95) apresenta 50 estratégias e táticas de negociação. A
seguir, iremos apresentar as vinte e cinco primeiras estratégias e, tendo interesse,
recomendamos adquirir o livro do autor.
©shutterstock
Vendedor: “O preço dos folhetos será de Como foi enfatizado no início deste
US$ 3.000,00 para uma tiragem de 1000”. livro, em qualquer relação o lado menos
comprometido com a continuidade do rela-
Cliente (cara de surpreso): “Você deve cionamento terá mais poder.
estar brincando. Por que tão caro?”. Se você tem a possibilidade de simples-
Vendedor (naturalmente, tentando mente abandonar a mesa de negociação
agregar valor ao preço): “É claro que quando a tendência das coisas muda, então
isto inclui redação de textos, fotografia, terá um maior poder de alavancagem.
composição, pintura, verniz e encader-
nação”. Exemplo:
dirá, incrédulo, que “esta é a primeira vender por esse preço, mas, se você
vez que meu chefe não seguiu a minha pagasse US$ 140.000,00 ela poderia
recomendação. Ele disse que se eu não aceitar. Agora, você já sabe que, quando
conseguir um preço abaixo de US$ se aproximar o final da negociação, na
420.000,00 não posso assinar o contrato. pior das hipóteses a pessoa aceitará US$
Eu sinto muito por ter envolvido você 140.000,00. Isto pode ser ou não com
nisto, e justo quando nós pensávamos o pagamento à vista em uma semana,
que já tínhamos fechado o acordo!”. como você propôs.
Esta tática pode causar um certo mal-es- O princípio do balão de ensaio também
tar, do ponto de vista ético, a algumas pode ser usado para iniciar uma nego-
pessoas. Mas foi incluída aqui porque já ciação. Recentemente, comprei um carro
a usaram contra mim. usado para um amigo. Ele tinha somente
US$ 2.000,00 para gastar. Eu o surpre-
Como reagir à reação à reação:
endi quando considerei para a compra
Você tem três opções: carros na faixa de US$ 2.300,00 a US$
2.900,00.
- Pratique o princípio do absurdo (nº 24)
Eu disse a cada vendedor que tinha
- Use o princípio da pressão (nº 20) somente US$ 2.000,00 para gastar e que-
- Vá embora! ria saber se seria o suficiente para visitar
o revendedor e dar uma olhada nos car-
7. Princípio do balão de ensaio ros. Alguns disseram que não. Outros
disseram que sim, e que US$ 2.000,00
O balão de ensaio foi inventado a fim de era uma possibilidade. E alguns disse-
verificar os movimentos das correntes de ram que não aceitariam US$ 2.000,00,
ar. O mesmo princípio pode aplicar-se à mas poderiam aceitar US$ 2.100,00. Ter
negociação. Muitas vezes você vai querer esta informação ao iniciar uma negocia-
descobrir até que ponto sua contraparte é ção muda sua oferta inicial.
realmente firme nos assuntos fundamen-
Como reagir:
tais. Soltando um balão de ensaio, você
pode julgar a reação dela à sua proposta. Se alguém lhe aplica um balão de ensaio
Fazendo isto, você poderá ter uma ideia no seu campo de batalha, responda com
mais clara de quando vocês chegarão à con- uma expressão chocada ou de increduli-
clusão da negociação. dade: “Você não está falando sério, está?”
Uma segunda reação seria responder
Exemplo:
simplesmente: “Isto não é suficiente”.
Uma pessoa está pedindo US$ Uma terceira reação, que pode ajudar
150.000,00 pela sua casa. Como possí- você a recuperar a vantagem, seria jus-
vel comprador, você poderia perguntar: tificar o valor do seu carro. Você pode
“Se eu lhe desse US$ 130.000,00 à vista, afirmar: “Depois de ver o carro, tenho
e pagasse em uma semana, você acei- certeza de que você achará o preço de
taria?” A pessoa diz que não poderia US$ 2.500,00 uma barganha”.
Como reagir à reação: princípio aplica-se às negociações. Gran-
des concessões são feitas com menos
Justifique o seu balão de ensaio. Algu- resistência, se forem divididas em peda-
mas vezes, com uma boa explicação, o ços pequenos.
seu balão poderá encher-se com algo
mais que ar quente. Se você pode justi- Exemplo:
ficar a sua posição, poderá até fazer sua
contraparte mudar seu ponto de refe- Você está procurando no mercado um
rência inicial. sistema de som completo. O preço do
sistema é de US$ 850,00. Você tem como
8. Princípio do extra objetivo comprar o conjunto por US$
700,00. Se você dissesse a um vende-
Este princípio entra no jogo depois de você dor que compraria o sistema de som,
chegar a um acordo inicial. caso o preço fosse US$ 700,00, provavel-
mente o vendedor diria para dar o fora.
Depois de chegar ao que sua contraparte Você teria muito mais chances de com-
pensa ser um acordo, você acrescenta uma prar o conjunto pelo preço que você está
condição para que a venda final se concre- disposto a pagar, se usasse a técnica do
tize. Esta condição é o “extra”. salame.
ções é tentar obter um benefício cada vez ponto em discussão agora é a reforma”.
que você fizer uma concessão à sua contra-
Tente sempre obter alguma coisa em
parte. É claro que, quando você cede em
troca. Caso contrário, o que você vai con-
algum ponto negociado, ele passa a ter
seguir é apenas um grande salame.
pouco valor mais à frente na negociação.
Exemplo: 14. Princípio da falsa retirada
Comprador: “Eu compro sua casa por Existem oportunidades em que você não
US$ 180.000,00, se você deixar o refrige- deseja ir ao extremo de retirar-se da nego-
rador, a máquina de lavar e a secadora”.
ciação, mas deseja dar, à contraparte, a
Vendedor: “Eu deixo o refrigerador, a impressão de que você não está compro-
máquina de lavar e a secadora, se você metido com o que está sendo discutido.
quitar o pagamento em 30 dias”, ou “Eu Uma falsa retirada pode ser usada quando
deixo o refrigerador, a máquina de lavar você quer dar a impressão de não estar
e a secadora, mas o preço será de US$ muito interessado quando, na realidade,
182.000,00”. você está interessado é em reter o controle
da situação.
Como reagir:
Exemplo:
Se você não consegue algo em contra-
partida, veja o que pode acontecer (em Há vários anos, um amigo meu estava
muitos casos): negociando a compra de uma bela casa.
Ele passou vários dias negociando vários
Comprador: “Eu compro sua casa por pontos. Ele estava apaixonado pela casa,
US$ 180.000,00, mas, por esse preço, mas a última concessão do proprietário
você deixa a máquina de lavar, a seca- ainda era US$ 4.000,00 acima do que
dora e o refrigerador”. meu amigo aceitava pagar.
Vendedor: “OK”. Ele então telefonou para o corretor de
Comprador: “Eu aceito fechar o negócio imóveis e disse-lhe que estava desis-
conforme combinado, mas você vai assu- tindo de comprar a casa porque os
mir o custo das reformas a serem feitas”. montantes a que haviam chegado não
eram do seu interesse. Meu amigo acre-
Vendedor: “Espere um momento. Eu ditava que nem o proprietário nem o
acabei de lhe dar a máquina de lavar, a corretor iriam deixar um negócio de US$
secadora e o refrigerador, e agora você 300.000,00 perder-se, por causa de US$
ainda quer que eu assuma as despesas 4.000,00. Como ele aceitaria pagar os
de reforma?”. US$ 4.000,00, caso isso fosse realmente
necessário, utilizou-se do princípio da
Comprador: “Por que você está falando
falsa retirada.
na máquina de lavar, na secadora e no
refrigerador? Nós já chegamos a um
acordo quanto a este ponto. O único
Como reagir: Como reagir:
Primeiro, você poderia abandonar a Primeiro, você pode retirar-se da nego-
negociação. Segundo, você poderia ciação. Se a sua contraparte for uma
tentar dividir a diferença. Terceiro, você pessoa realmente séria, ela voltará.
poderia ceder na questão visando a Segundo, você pode utilizar o princípio
algum benefício em troca. da falsa retirada. Você dá a impressão de
que está desistindo, quando na verdade
15. Princípio da oferta retirada você está no controle da situação.
Existem casos em que é interessante
16. Princípio das alternativas
para você retirar sua oferta inicial. Esta
técnica pode ser usada quando você O princípio das alternativas pode ser
sentir que está perdendo alguma van- usado quando há várias opções que
tagem na negociação, ou quando estiver podem ser aceitas por você. O pessoal
sendo levado a uma situação em que da área de vendas é treinado para usar
você só pode perder. esta técnica, a fim de obter o compro-
Exemplo: misso de compra da contraparte.
verdade, você não se importa muito quanto isso como uma grande concessão pela qual
a determinado ponto. Você está, na rea- deseja algo em troca.
lidade, interessado em algo que é mais
Exemplo:
importante para você.
Exemplo: Você está comprando um carro usado de
alguém que está pedindo US$ 2.000,00
Você está comprando uma copiadora e por ele. Você quer pagar menos e para
fecha o negócio. O único opcional que a isso, “coloca um peixe morto” na mesa,
máquina não apresenta é a capacidade pedindo à pessoa que compre pneus
de colocar os papéis em ordem, mas o novos. Você a avisa de que está disposto
vendedor concorda em instalá-lo para a desconsiderar esse pedido de pneus
você. Quando você está pronto para novos, mas que, para isso, ela terá que
assinar o pedido, o vendedor informa abaixar o preço do carro em US$ 300,00.
que a máquina com o dispositivo para
ordenar os papéis ficará pronta em um Como reagir:
mês. Mesmo que o problema do tempo Primeiro, diga que o preço não é nego-
não seja tão importante, você pode fazer ciável. Segundo, use o princípio da falsa
disto um grande empecilho, de tal forma retirada. Terceiro, abandone a negocia-
que levará o vendedor a fazer um des- ção. Quarto, use o princípio da concessão
conto no preço. Você pode, por exemplo, condicionada. Você até estaria disposto
dizer ao vendedor que vai procurar a a trocar os pneus, mas isso acarretaria
copiadora em algum outro lugar, já que um aumento de US$ 500,00 no preço.
essa espera não vale a pena.
Como reagir: 19. Princípio da dissimulação
Primeiro, você pode tentar descobrir Existem na vida situações em que vale a
o motivo verdadeiro por trás do estar- pena fazer-se de bobo. Em outras palavras,
dalhaço. Segundo, você pode utilizar o existem situações em que ficar calado signi-
princípio da falsa retirada. Terceiro, você fica ser esperto, e ser esperto significa ficar
pode abandonar a negociação. calado. A ideia é mesmo fazer com que as
pessoas pensem que você não consegue
18. Princípio do peixe morto resolver as coisas sozinho. O ponto cen-
tral deste princípio é que as pessoas vão
A ideia por trás do princípio do peixe morto querer auxiliá-lo, se pensarem que você
é colocar na mesa de negociação alguma é carente de determinadas habilidades,
coisa que você não espera conseguir e que conhecimento ou informação.
a sua contraparte vai recusar, por achar
ruim como o cheiro de um peixe morto. Exemplo:
Mesmo que não se importe muito com o No ano passado, eu estava querendo
ponto discutido, ao ver sua contraparte comprar um refrigerador novo. Como
fazer uma cara feia, você pode oferecer-se pretendia fazer um bom investimento,
para desistir do assunto, mas considerando fui a seis lojas diferentes, procurando três
marcas diferentes de refrigeradores. Na pessoa boba, mas é devastador ajudar
quarta loja, comecei a notar que eu sabia uma pessoa esperta a cavar a sepultura
mais sobre os modelos que procurava de você mesmo.
do que os vendedores que estavam me
atendendo. Como o meu maior conhe- 20. Princípio da pressão
cimento poderia intimidar o vendedor
e fazer com que ele levantasse a guarda, A ideia por trás do princípio da pressão é
comecei a me fazer de bobo, dizendo a muito simples. Quando alguém lhe fizer
ele que eu nunca havia comprado um uma oferta e você achar que ela pode ser
refrigerador antes. Eu não lhe disse que melhorada, simplesmente diga: “Isto não é
já havia consultado o preço em várias o suficiente”. Uma vez feita essa observação,
outras lojas. Quando o vendedor con- dê uma pausa e deixe a sua contraparte dar
cluiu sua apresentação, concentrei meu o próximo passo.
enfoque no modelo que queria e disse
ao vendedor que, se ele me vendesse Exemplo:
o refrigerador por US$ 950,00, eu faria Henry Kissinger era um mestre nessa
a compra lá mesmo e nem iria visitar arte. Fala-se que, em uma ocasião, seu
outras lojas. Isto era US$ 70,00 abaixo chefe de gabinete escreveu um relató-
do preço solicitado por ele e US$ 135,00 rio sobre um determinado aspecto da
abaixo do menor preço que eu havia política exterior. Quando o chefe de
encontrado nas outras lojas. O vende- gabinete lhe entregou o relatório, Kissin-
dor respondeu: “Eu não posso vender ger disse: “Este é o seu melhor trabalho?”
por US$ 950,00, mas posso fazer, para O chefe de gabinete pensou um pouco
você, por US$ 980,00”. Ainda era um bom e disse: “Sr. Kissinger, acho que posso
negócio. melhorar”.
Uma pequena observação: nunca diga Kissinger, então, devolveu o relatório.
a alguém com quem está negociando Duas semanas depois, ele voltou com o
que você fez um curso ou participou relatório revisado. Kissinger ficou com o
de um workshop sobre negociação. A relatório por uma semana e devolveu-o
última coisa que conto a alguém é que com uma nota anexa que perguntava:
eu leciono cursos sobre negociação na “Você tem certeza de que isto é o melhor
Universidade de San Diego. Se dissesse, que pode fazer?” Pensando que poderia
a minha contraparte poderia arrumar estar faltando alguma coisa, o chefe de
munição extra contra mim. gabinete reescreveu o relatório. E, desta
Como reagir: vez, ele levou o relatório pessoalmente
a Kissinger e disse: “Sr. Kissinger, este é
Mantenha a guarda levantada. Você o melhor trabalho que eu posso fazer.”
precisa sempre lembrar que qualquer Ouvindo isso, Kissinger respondeu:
informação que você passar em uma “Então, agora eu vou ler o seu relatório”.
negociação poderá ser usada contra
você mais à frente. É bom ajudar uma
84 - 85
de você. Para tornar esta técnica mais efi- ção, até que sua contraparte concorde em
ciente, você tem de fazer algo realmente ser razoável. Terceiro, quando alguém se
muito diferente daquilo que uma pessoa mostra irracional propositadamente, use
normal geralmente faria para resolver um o princípio da oferta retirada. Se a pessoa
problema. percebe que sempre que ela faz isso você
retira a última oferta com que já tinha
Exemplo: concordado, ela vai-se conscientizar de
Uma vez, no Departamento de Trânsito, que essa conduta está custando caro!
observei uma mulher que estava per-
turbada por ter ficado esperando em 25. Princípio do fechamento presumido
três filas diferentes e não ter encontrado
quem pudesse resolver o seu problema; O fechamento presumido é outro princípio
então, ela começou a chorar e a falar que retirado do mundo das vendas. O funda-
só queria encontrar alguém que a tra- mento deste princípio é fazer uma oferta
tasse como um ser humano! e pressupor que a contraparte vá aceitar.
A sua concessão seria o chamariz para que
Quando esta explosão irracional come- a negociação se conclua.
çou, o gerente a levou para um guichê
vazio e pessoalmente a ajudou a resolver Exemplo:
seus problemas de registro. Um exemplo
Você está vendendo sua casa e quer
clássico deste princípio é o do líder sovi-
US$ 300.000,00 por ela. Você disse ao
ético Nikita Kruchev, que bateu com um comprador que poderia considerar
sapato na mesa das Nações Unidas para uma redução no preço, se o prazo de
enfatizar um ponto em uma reunião. O pagamento fosse reduzido, mas não
interessante nesse incidente é que, anos especificou o quanto. O comprador
depois, alguém ampliou a foto de Kru- diz que aceita comprar a casa por US$
chev batendo na mesa com o sapato e 270.000,00 e pergunta se você aceita um
observou que ele ainda calçava os seus prazo de 15 ou 30 dias.
dois sapatos! Ou ele trouxe um sapato
extra em sua maleta para causar o efeito Como reagir:
desejado, ou um de seus camaradas
Primeiro, você pode utilizar o princípio
emprestou-lhe o sapato. De qualquer
do absurdo. Exploda e traga o preço de
forma, o absurdo funcionou.
volta a um valor respeitável. Segundo,
Como reagir: você pode usar o princípio da conces-
são condicionada. Você pode dizer que
Primeiro, não considere o comporta- aceita os US$ 270.000.00 se o comprador
mento da pessoa como um ataque pagar à vista e trouxer o pagamento no
pessoal. Muitos negociadores se utili- dia seguinte. Terceiro, você pode pedir
zam do princípio do absurdo somente um preço mais alto e dividir a diferença.
para causar o efeito desejado. Segundo, Quarto, você pode abandonar a nego-
você sempre pode abandonar a negocia- ciação.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Em uma negociação, sempre existirá diversos interesses que, muitas vezes, podem
assumir condições conflituosas. Desta forma, é preciso estar atento na maneira
pela qual se irá conduzir o processo de negociação, uma vez que existe uma
grande chance de algumas atitudes serem mal compreendidas e transformarem
o que antes era uma negociação em um conflito generalizado. Sendo assim, ana-
lisar questões éticas que possam estar envolvidas neste processo deve ser uma
preocupação recorrente em todo negociador.
O dicionário online Houaiss <http://houaiss.uol.com.br> traz como uma das
definições da palavra ética um “conjunto de regras e preceitos de ordem valo-
rativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade”, ou
seja, a ética está diretamente relacionada com os valores morais de um grupo
social. Cada sociedade tem preceitos éticos e morais muito particulares relacio-
nados com suas tradições culturais o que nos leva a concluir que a ética pode ser
vislumbrada e entendida de maneira diferente pelas pessoas. FERREIRA apud
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Enfoque individualista: representa que as ações são morais por
promoverem o interesse individual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
1. Discorra a respeito da importância de se escolher estratégias para serem utiliza-
das em um processo de negociação.
2. Das 25 estratégias apresentadas nesta unidade, escolha três e explique sua uti-
lização.
3. Após a leitura da Unidade referente à Ética, discorra a respeito da influência da
cultura e dos valores em um processo de negociação.
92 - 93
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
Professor Esp. Jorge Luiz Garcia Van Dal
A COMUNICAÇÃO NO
IV
UNIDADE
CONTEXTO EMPRESARIAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender o que é comunicação e o processo comunicacional.
■■ Compreender a Comunicação no contexto Empresarial.
■■ Entender o papel do Gestor Comunicador.
■■ Identificar o Composto Comunicacional e aplicá-lo de forma
estratégica nas organizações.
■■ Implantar e gerir um plano de Comunicação Empresarial.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ As revoluções da comunicação
■■ Comunicação na Sociedade da Informação
■■ O processo comunicacional
■■ Tipos de Comunicação nas Organizações
■■ Comunicação Integrada
■■ Comunicação empresarial
■■ A comunicação e o Gestor
96 - 97
INTRODUÇÃO
Olá! É sempre empolgante aprendermos algo novo ou aprender mais sobre o que
já sabemos. A cada leitura, a cada boa conversa, a cada experiência, temos a sen-
sação que estamos diferentes, mais completos, mais preparados.
Para alguns, falar sobre comunicação pode ser algo novo, para outros nem
tanto, mas sempre que vamos nos debruçar sobre um assunto importante, pre-
cisamos nos preparar. Um ingrediente básico para absorvermos o máximo do
que procuramos é a curiosidade. Ela nos abre olhar, nos mostra pontos de vista
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No âmbito da Comunicação no contexto Empresarial não é diferente. Por
isso, antes de nos aprofundarmos em nosso tema principal nesta unidade, vamos
procurar traçar um paralelo entre as discussões acadêmicas e do campo profis-
sional. Bom estudo!
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AS REVOLUÇÕES DA COMUNICAÇÃO
ERA DA ESCRITA
As Revoluções da Comunicação
IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
terizada pela difusão de mensagens veiculadas pelos meios de comunicação
eletrônicos (FELICE, 2008, p. 22).
Dizard (2000) ressalta que não só a difusão se tornou ainda mais rápida e
instantânea do que a permitida pela invenção de Gutenberg, como também per-
mite maior acesso e maiores possibilidades de transmissão.
Neste período surgem o cinema, o rádio e a televisão, meios de comunica-
ção que possibilitaram a propagação em massa de ideologias, marcas e cultura,
principalmente a ocidental, como o “estilo de vida norte-americano”.
A cada uma dessas revoluções surgem novos meios com a potencialidade
de alcançar um público cada vez maior a custos cada vez menores, mas todos
com base em um modelo de comunicação unidirecional, onde o público tem
um papel apenas de receptor das mensagens, permitindo pouca ou nenhuma
interação. Nos tempos atuais, a humanidade vive uma nova revolução comuni-
cativa, possibilitada pelas tecnologias digitais.
© shutterstock
A QUARTA REVOLUÇÃO
As Revoluções da Comunicação
IV
De acordo com Alvin Toffler em seu livro: “A terceira onda”, após a primeira onda
de mudanças desencadeada na era agrícola, ingressamos no que ele chama de
segunda onda, que teve início com a Revolução Industrial (século XVIII). Neste
momento, temos a concretização da sociedade de consumo.
A sociedade da segunda onda, baseada no consumo e nos meios de comuni-
cação de massa, tem seu auge no século XX. Após a 2ª Guerra Mundial, o mundo
ocidental vive uma grande expansão econômica e o Marketing moderno, como
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
conhecemos hoje, emerge nesse contexto e contribui para o esse novo tempo.
A introdução do computador, o jato comercial, a internet e tantas outras ino-
vações de alto impacto, marcam definitivamente o surgimento da terceira onda,
a sociedade da informação. O quadro abaixo demonstra essa evolução:
atual, a informação vale mais que produtos, dinheiros ou bens. Quantas marcas
já não valem mais do que o patrimônio das empresas que a criaram? Muitas!
Este é apenas um dos fenômenos da sociedade da informação.
O PROCESSO COMUNICACIONAL
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O Processo Comunicacional
IV
Emissor: aquele que, num dado momento, emite uma mensagem para
um receptor ou destinatário.
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mensagem por um canal. Tudo o que dificulta a comunicação, interfere
na transmissão e perturba a recepção ou a compreensão da mensagem.
Outro modelo que busca compreender o alcance e efeito das mensagens trans-
mitidas foi desenvolvido pelo estudioso Harold Lasswel em 1948. Esse modelo
é conhecido como modelo Lasswel e busca descrever o ato de comunicar, res-
pondendo a 5 questões:
■■ Quem? Emissor.
■■ Diz o quê? Mensagem.
■■ Em que canal? Meio utilizado.
■■ Para quem? Receptor.
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■■ Com qual efeito? Impacto produzido pela mensagem sobre o receptor (aná-
lise do efeito).
O Processo Comunicacional
IV
O Processo de Comunicação
Comunicação é o processo pelo qual o meu eu (com todas as minhas par-
ticularidades, qualidades e defeitos) entra em comunhão (entendimento,
sintonia, aceitação, empatia, diálogo) com o outro (com todas as suas parti-
cularidades, qualidades e defeitos).
Este processo, pelos dois extremos envolvidos (eu/outro) por si só já reme-
te a uma série de atritos e obstáculos, pois como seres únicos que somos
e por nossas personalidades tão díspares e egocêntricas, já são grandes
as divergências e discussões. Mas esta não é a única, e para muitos, não
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
é a maior dificuldade, existem fatores que não dependem do emissor ou
receptor e estão ligados ao canal (meio pelo qual a mensagem é transmi-
tida) e ao código (linguagem conhecida por ambos).
Para que a comunicação atinja o seu objetivo, o melhor caminho é a simplicida-
de (por incrível que pareça!).
Simplicidade quer dizer: o emissor (quem quer dizer/vender/comunicar)
transmite (fala/escreve/desenha/faz mímica) uma mensagem (o que se quer
dizer/vender/comunicar) para o outro (aquele que quer/precisa ouvir/com-
prar/apreender) de forma clara (fácil/possível de ser entendida).
O texto completo pode ser encontrado na referência abaixo:
COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL
COMUNICAÇÃO ADMINISTRATIVA
COMUNICAÇÃO INTERNA
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ter de sensibilização dos programas que a empresa define como prio-
ritários. Uma pesquisa com os colaboradores auxiliará na tomada da
decisão sobre quais ações serão desenvolvidas. Para a obtenção de re-
sultados, a comunicação interna deve ser interativa, seja em programas
que envolvam mudanças nos padrões culturais, seja em programas de
caráter social (LUPETTI, 2009, p. 21).
COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA
Antes, o marketing tinha o foco nos aspectos produtivos e de troca entre produ-
tores e consumidores, agora uma nova abordagem contempla a noção de valor,
de parceria e de sociedade, porém ainda presa ao universo produtor como ini-
ciador do processo.
Kotler (2010) define marketing como sendo “a atividade, conjunto de insti-
tuições e processos para criar, comunicar, oferecer e trocar ofertas que tenham
valor para consumidores, clientes, parceiros e para a sociedade como um todo”
(KOTLER, 2010, p.18).
Esta revisão nos conceitos de marketing já se aproxima mais da realidade que
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COMUNICAÇÃO INTEGRADA
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Hoje vemos que as agências de publicidade e propaganda estão se transfor-
mando em agências de comunicação. O pensamento é de fazer uma comunicação
360º e integrada. Em vez de cada agência ou departamento fazer seu trabalho
isolado, agora uma equipe multidisciplinar pensa estrategicamente na gestão da
comunicação da empresa com todos os seus públicos.
Algumas agências reagiram a este momento de busca de sinergia entre
as ferramentas promocionais, adquirindo empresas de relações públi-
cas, promoção de vendas, marketing direto e convertendo-se então nas
primeiras “agências” de comunicação integrada, oferecendo aos seus
clientes ações diferenciadas além da clássica compra de mídia. Não de-
morou à indústria da propaganda reconhecer estas agências, cuja ativi-
dade foi rotulada como “nova propaganda”, “orquestração” e “comuni-
cação sem emendas” na busca de um termo que descrevesse o conceito
de integração (BELCH, 2004, p. 9, apud GALINDO, 2009, p. 198).
A comunicação integrada é uma proposta surgida nos anos 1980 e que ressurge
com ainda mais força atualmente com o surgimento da comunicação virtual ou
em rede.
Lupetti (2009) fala que com o mundo digital, as organizações estão sentindo
a necessidade de rever os modelos de comunicação até então adotados.
Os empresários perceberam que novos sistemas se incorporaram aos
antigos, e administrar a empresa de forma linear já não era a maneira
de obter resultados positivos à organização. Um novo modelo baseado
no pensamento sistêmico passou a desempenhar uma função de extre-
ma importância na gestão estratégica organizacional redesenhando o
papel da comunicação nas empresas (LUPETTI, 2009, p. 15).
Galindo (2009) chama atenção para o fato de que hoje temos inúmeros “pontos
Galindo (2009) reforça que neste período destaca-se uma preocupação em assu-
mir o conceito de um plano onde se articulam todas as formas/possibilidades
de comunicação, no entanto, para diversos pesquisadores, o conceito de comu-
nicação integrada de marketing vai um pouco mais além,
Comunicação Integrada
IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
deve ser muito mais amplo:
Para que a comunicação integrada exista, é preciso um árduo trabalho
de análise, planejamento e aplicações de técnicas de avaliação. O geren-
ciamento dessas atividades possibilita as intervenções de todos os seto-
res, combinando orientação, informação, fluxo de processos, colabora-
ção e relacionamento das áreas envolvidas. Inclui em seu planejamento
um programa de incentivo aos colaboradores no local de trabalho, para
que seja possível a viabilização da missão e da visão organizacionais.
Comunicação Integrada
IV
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
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confusão entre as diferenças de publicidade
e propaganda, onde atua um jornalista e
as relações públicas entre outras. Com a
Comunicação Empresarial não é diferente.
Muitas expressões são utilizadas
como alternativas ao termo Comunicação
Empresarial, por isso precisamos compreen-
der quais são cada uma delas para fazermos ©shutterstock
o uso adequado do termo.
Bueno (2009) explica que, principalmente nos cursos de Relações Públicas,
tem se denominado Comunicação Empresarial para se definir as atividades de
comunicação que envolve apenas as empresas públicas e privadas, deixando de
fora nesse aspecto as entidades em geral, ONGs e autarquias. Para essas foi deno-
minado o termo Comunicação Organizacional.
Se fosse para dar fim a essa separação, o termo Comunicação Organizacional,
contemplaria as duas atividades de comunicação, pois tanto empresas públicas ou
privadas, quanto as ONGs e outras instituição, são consideradas Organizações.
No entanto, por maior uso e maior aceitação no ambiente profissional, con-
vencionou-se o uso da expressão Comunicação Empresarial para englobar os
dois tipos de comunicação.
Vale lembrar que no mercado também se utiliza as expressões “Comunicação
Corporativa” e “Comunicação Institucional”, para designar essa área, mas nesse caso, “é
preciso mesmo tomar cuidado porque, em particular para a Comunicação Institucional,
há possibilidade iminente de uma leitura equivocada” (BUENO, 2009, p. 2).
mercado, mas não somente ligadas à conquista de lucros, pois hoje as empresas
são avaliadas pelos seus públicos por outras funções importantes que remetem
à responsabilidade socioambiental.
Sendo assim, a definição de Comunicação Empresarial está muito mais ligada
à Comunicação Integrada, que abrange todas as vertentes da comunicação, do
que sua comparação a apenas um ou outro tipo de comunicação praticada pelas
organizações.
Buscando contornar esse dilema, Bueno (2009) traz um conceito para
Comunicação Empresarial (ou Comunicação Organizacional) que é mais
abrangente e que procura dar conta de todo o processo de relacionamento da
organização com seus públicos de interesse: “Conjunto integrado de ações,
estratégias, planos, políticas e produtos planejados e desenvolvidos por uma
organização para estabelecer a relação permanente e sistemática com todos os
seus públicos de interesse” (BUENO, 2009, p. 4).
A Comunicação Empresarial que hoje toma força e se apresenta como uma
opção estruturada da gestão da comunicação nas organizações tem seu conceito
e práticas definidos a pouco mais de 30 anos no Brasil. Nos anos 1970, as empre-
sas já buscavam formas eficazes de se comunicar com seus diversos públicos e a
Publicidade era uma dessas formas.
Bueno (2009), conta que nesta época já havia trabalhos competentes de
relacionamento com a mídia, mas seria prematuro imaginar que tivéssemos
verdadeiramente uma Comunicação Empresarial no sentido mais amplo dos
dias atuais. A própria expressão “Comunicação Empresarial” era desconhecida.
A entidade mais importante do setor no Brasil é a Aberje, hoje denominada
Comunicação Empresarial
IV
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ritarismo, pelo desestímulo à participação e ao diálogo convivia com
uma publicidade descontraída, que simulava uma empresa democrá-
tica e aberta (BUENO, 2009, p. 5).
Comunicação Empresarial
O COMUNICADOR EMPRESARIAL DO FUTURO SERÁ DIFERENTE
tores comunicadores.
http://www.aberje.com.br
A COMUNICAÇÃO E O GESTOR
A Comunicação e o Gestor
IV
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■■ Organizações: em suas atividades (ordenar, priorizar, delegar) e com seus
objetos.
■■ Honestidade, sinceridade, coragem, pontualidade, polidez, prudência,
respeito, concentração, equilíbrio, elegância, imprescindíveis aos profis-
sionais de qualquer área.
■■ Criatividade, curiosidade e senso crítico, em relação aos eventos e aos
desafios do cotidiano.
■■ Entusiasmo, ter motivação própria, fator primordial para conferir brilho
a tudo que se faz.
COMUNICAÇÃO E LIDERANÇA
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A Comunicação e o Gestor
IV
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as necessidades de todos os interessados.
■■ Divisão do poder.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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a eletrônica, a telefonia, os satélites, os computadores e a internet. Por isso, pre-
cisamos nos preparar para acompanhar essas rápidas mudanças.
Outro aprendizado importante foi sobre os tipos de Comunicação pratica-
dos nas organizações (Comunicação Institucional, Comunicação Mercadológica,
Comunicação Interna e Comunicação Administrativa). Cada uma delas tem
papel fundamental para que a empresa possa se comunicar melhor com todos
seus públicos de interesse. Para isso, é preciso gerir este processo de forma inte-
grada, o que fez surgir a necessidade nas organizações de praticar a Comunicação
Integrada. Essa forma de gestão da comunicação visa à sinergia entre as diversas
formas e ferramentas de comunicação, aproveitando as técnicas, profissionais e
formas de comunicação para atingir os objetivos organizacionais.
Neste aspecto surge a Comunicação Empresarial, tema central desta nossa
unidade. Aprendemos que antes das organizações praticarem a Comunicação
Empresarial, é preciso que elas pratiquem uma administração estratégica, com
foco no planejamento e que tenha uma cultura de comunicação. A Comunicação
Empresarial deve ser encarada pelas organizações, como uma ferramenta estraté-
gica, caminhando junto com os planos empresariais em sincronia com a missão,
visão e valores da organização.
Por último, vimos que cabe ao gestor, como líder da organização, estar
aberto ao diálogo, a ouvir e a incentivar uma cultura organizacional baseada na
comunicação. Ressaltamos a máxima de muitos especialistas em comunicação
que defendem que um bom administrador deve ser, também, um bom comu-
nicador. Apontamos também algumas qualidades que o administrador deve ter
para melhorar sua capacidade de comunicação, como: honestidade, sinceridade,
Considerações Finais
1. A comunicação passou por algumas eras ou revoluções que impulsionaram a
civilização humana e garantiram o desenvolvimento do mundo moderno. Cite
cada uma destas revoluções e comente com detalhes o momento atual da co-
municação.
2. Fale sobre o processo comunicacional e seus elementos. Exemplifique todo o
processo por meio de um ato comunicacional, pode ser entre duas pessoas (di-
álogo) ou entre uma empresa (marca) e seu público-alvo, ou outro exemplo de
seu cotidiano.
3. Dentro dos conceitos abordados, como você identifica os diversos tipos de co-
municação (Comunicação Institucional, Comunicação Administrativa, Comuni-
cação Interna e Comunicação Mercadológica)?
4. A definição de Comunicação Empresarial está muito mais ligada à Comunicação
Integrada, que abrange todas as vertentes da comunicação, do que sua compa-
ração a apenas um ou outro tipo de comunicação praticada pelas organizações.
Buscando contornar esse dilema, Bueno (2009) traz um conceito para Comunica-
ção Empresarial (ou Comunicação Organizacional). Com base nestas definições,
como você conceitua Comunicação Empresarial?
126 - 127
MATERIAL COMPLEMENTAR
Mera Coincidência
Título Original: Wag the dog
Direção: Barry Levinson
Gênero: Comédia
Sinopse: O filme é estrelado por Dustin Hoffman e Robert DeNiro, e foca
em um consultor político/Relações Públicas de Washington, que criou uma
guerra falsa, cheia de filmes, músicas-tema e outros aspectos que têm como
objetivo distrair o público. O filme deixa claro o poder do profissional de RP.
Material Complementar
Professor Esp. Jorge Luiz Garcia Van Dal
V
IMPLEMENTANDO
UNIDADE
O PROCESSO DE
COMUNICAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender a comunicação como fator imprescindível para a
negociação.
■■ Compreender como os modelos de comunicação podem ser
aplicados e colaborar com a comunicação empresarial.
■■ Enxergar a Comunicação Empresarial como ferramenta estratégica
para as organizações.
■■ Implantar e desenvolver um Plano Integrado de Comunicação
Empresarial.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Comunicação como base da negociação
■■ Modelos de Comunicação para a Empresa
■■ Comunicação interna
■■ Comunicação externa
■■ Assessorias e porta-voz
■■ Os meios de divulgação
■■ Informação e publicidade
■■ Comunicação Empresarial Estratégica
■■ Plano integrado de Comunicação Empresarial
130 - 131
INTRODUÇÃO
Introdução
V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
acontecer internamente (por departamentos) ou em ambientes externos em
negociação com clientes ou fornecedores, instituições governamentais, sindica-
tos ou com outras empresas.
Pimenta (2010) afirma que é por meio das negociações que se compra e
vende, se constroem parcerias, fusões e, principalmente, que se cria sinergia.
“Uma negociação bem-feita possibilita que as partes envolvidas potencializem
seus recursos e tirem o maior proveito deles” (PIMENTA, 2010, p. 169).
Muitos dos problemas de uma organização podem estar ligados direta ou
indiretamente à comunicação. Por isso, uma comunicação eficiente é a base
de toda negociação. Para negociarmos bem, precisamos em primeiro lugar
nos comunicar bem.
Portanto, se melhorarmos nossa comunicação, automaticamente desenvolve-
remos nossa capacidade de negociação.
Na maioria das vezes os bons negociado-
res são bons comunicadores, aqueles que
se expressam melhor, que se relacionam
melhor. Muitos fazem isso de forma ins-
tintiva. Mas existem técnicas e processos
de comunicação que podem colaborar
e muito para desenvolver nossas habili-
dades de comunicação e persuasão para
uma negociação eficiente.
Para Diniz (2004), o passo ini-
cial para a formação de um negociador
©shutterstock
Para isso, Diniz (2004) nos apresenta os três primeiros passos básicos para
a boa comunicação:
1. Observar como o receptor compreende a mensagem.
2. Estabelecer sintonia (o “rapport”).
3. Analisar a negociação sob diferentes pontos de vista.
O primeiro passo que eu recomendo para a redução nos ruídos é a
identificação da maneira como o receptor mais compreende a men-
sagem: por meio da visão, da audição ou da percepção de gestos e
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sensações (sinestesia). Pessoas visuais entendem melhor aquilo que
veem. As mais auditivas focam mais nos sons e nas palavras. As si-
nestésicas são aquelas que estão mais conectadas aos sentimentos e
às sensações.
COMUNICAÇÃO E NEGOCIAÇÃO
Negociação é o processo de buscar a aceitação de ideias, propósitos ou in-
teresses, visando ao melhor resultado possível, de tal modo que as partes
envolvidas terminem a negociação conscientes de que foram ouvidas, tive-
ram oportunidades de apresentar toda sua argumentação e que o produto
final seja maior que a soma das contribuições individuais. Se o leitor atento
substituir a palavra negociação por comunicação verá que os dois conceitos
praticamente se superpõem.
Nos processos de negociação (ou comunicação), ressaltam dois tipos de
habilidades: habilidades técnicas e habilidades interpessoais. A primeira
relaciona-se com o conhecimento de técnicas, processos, “macetes” para
negociação (ex. Etapas para condução da negociação); a outra relaciona-se
com o conhecimento interpessoal dos negociadores (qual o estilo de cada
um, quais suas forças, fraquezas, necessidades, motivações etc). Inegavel-
mente, a habilidade técnica tem merecido mais atenção que a habilidade
interpessoal. Uma terceira habilidade – conhecimento do negócio – é extre-
mamente específica de cada negociação; trata-se do conhecimento mínimo
do assunto objeto da negociação, fundamental até para saber se a negocia-
ção foi boa ou não.
O texto completo pode ser encontrado na referência abaixo.
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©shutterstock
COMUNICAÇÃO INTERNA
Para ficar bem fácil de entender este tipo de comunicação, é aquela que visa
transmitir ao público interno ou colaboradores internos da organização, com
frequência e clareza as ações, visões, missões e demais assuntos da organização.
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Mas é preciso tomar cuidado, pois quando quer se tornar um comercial eficaz,
com a utilização de várias técnicas, existe o perigo de acabar caindo na propa-
ganda enganosa violando, assim, os direitos do consumidor.
Nas empresas acontecem eventos, fatos, promoções, entre outros, que são
a rede de informações naturais da organização. Para haver propagação des-
sas informações profissionais em comunicação, selecionam e classificam esses
acontecimentos.
Mesmo com tecnologias que facilitam a propagação das informações, algumas
empresas têm receios de divulgar certos acontecimentos aos seus colaboradores,
porém é extremamente importante que todos na organização saibam o que está
acontecendo ao seu redor, melhorando assim processos e unificando os objeti-
vos da organização com a dos colaboradores.
Bahia (1995) relata que está havendo uma mudança no comportamento
empresarial, ou seja, a informação está sendo difundida de forma ampla e melhor.
Porém é fato que as empresas se reservam ao direito de divulgar o que é rele-
vante e de necessidade para a organização.
Vamos pensar em uma situação: a empresa deve divulgar uma informação inter-
namente e outra para o consumidor externo? É claro que pensar dessa forma
é um erro e pode prejudicar a imagem da empresa perante os dois públicos
(interno e externo).
Deve estar bem claro na mente dos empresários que a comunicação interna
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serve para mostrar aos colaboradores a realidade da organização, e pode servir
de estímulo para o debate sobre o ambiente da organização e possíveis mudanças.
COMUNICAÇÃO EXTERNA
ASSESSORIAS E PORTA-VOZ
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tucional, de comercialização de produtos e serviços, num cenário bastante amplo
de participação social da empresa.
Para Bahia (1995), muitas vezes, como elemento complementar, o organograma
de comunicação empresarial insere um porta-voz. Apesar de desaconselhável
em um cenário de atuação prática da assessoria de imprensa ou da assessoria de
comunicação, o porta-voz existe, amplia o seu campo e até seduz instituições
privadas e públicas.
No caso da comunicação empresarial, o porta-voz costuma atuar como intér-
prete da organização, e não simplesmente como alguém com poder decisório.
Normalmente o porta-voz, é o presidente ou o executivo mais qualificado que
assume esse papel, situando-se entre a assessoria e os veículos.
A divulgação sistemática e regular dos acontecimentos do mundo em-
presarial pelos meios de comunicação de massa estimula certas lide-
ranças empresariais a disputar espaço e tempo no jornal, na revista, na
televisão e no rádio. O porta-voz se habilita a falar não só para valorizar
a empresa no contexto socioeconômico, mas também para opinar ou
para exercer pressões (BAHIA, 1995, p. 71).
OS MEIOS DE DIVULGAÇÃO
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empregados, e de ambos. Seu financiamento fica com a empresa ou
é compartilhado entre empregadores e empregados. A sua direção e
orientação também deve ser compartilhada. E pode ser mural, manus-
crito, datilografado, mimeografado, xerografado ou impresso (BAHIA,
1995, p. 78).
Pela ordem de eficácia, a televisão lidera, seguida pelo rádio e pela imprensa.
A comunicação empresarial terá maior êxito nas suas relações com os meios,
a partir do conhecimento e da identificação das suas características.
INFORMAÇÃO E PUBLICIDADE
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ção paga, de natureza promocional, e com o objetivo de persuadir, que se obtém
geralmente pela repetição da mensagem.
A informação que se origina da empresa constitui um acontecimento digno
de ser conhecido pelo público. Trata-se de mensagem que pode adotar a forma
de simples notícia, entrevista, declaração, nota etc.
A publicidade é também uma informação, mas em sentido amplo. Suas
características são outras, tanto na forma quanto no conteúdo: o efeito
pretendido pela informação publicitária junto à opinião pública é o de
ressaltar apenas o lado positivo de um produto, serviço ou imagem,
mediante técnicas que executem a neutralidade (BAHIA, 1995, p. 83).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Nesta etapa vamos abordar a comunicação como ela deve ser encarada, uma
importante ferramenta estratégica para as organizações. Para isso, precisamos
reforçar que a Comunicação Empresarial não pode e não deve estar à margem
dos planejamentos organizacionais, e principalmente evitarmos o erro fatal de
acioná-la somente em momentos de crise.
Para que a Comunicação Empresarial seja assumida como estratégica, é neces-
sário que as organizações favoreçam esse papel e desenvolvam uma gestão com
uma cultura de comunicação, disponibilizando os recursos necessários para a ati-
vidade (humanos, tecnológicos e financeiros).
Logo, se esses pressupostos não estiverem devidamente satisfeitos, será
prematuro concluir pelo caráter estratégico da Comunicação Empre-
sarial. Mais ainda: a comunicação não será estratégica em função uni-
camente do trabalho mais ou menos competente dos profissionais de
comunicação. Há exigências outra que infelizmente fogem do controle
(BUENO, 2009, p. 54).
Com base nesses argumentos sobre a necessidade das organizações focarem sua
gestão em uma administração estratégica, vamos ver como definir uma estraté-
gia organizacional eficiente.
Argenti (2006) apresenta os passos para a estratégia organizacional em para-
lelo com a Comunicação Estratégica:
A primeira parte de uma estratégia de comunicação empresarial efi-
ciente está relacionada à própria organização. Os três subconjuntos de
uma estratégia organizacional incluem: (1) determinar os objetivos da
comunicação; (2) decidir que recursos estão disponíveis para alcançar
tais objetivos e (3) diagnosticar a reputação da organização (ARGEN-
TI, 2006, p. 29).
DETERMINANDO OBJETIVOS
Uma organização tem vários motivos diferentes para decidir se comunicar, como
por exemplo, anunciar aos funcionários uma mudança no seu pacote de benefí-
cios, eliminando os benefícios de saúde dos aposentados em razão dos crescentes
custos dos planos de saúde.
Nesse caso, seu objetivo é mais do que anunciar a mudança; envolve
também convencer os funcionários de que a empresa tem um bom mo-
tivo para tirar algo deles. Assim, o objetivo é conseguir que os funcio-
nários aceitem uma mudança com um mínimo de protesto (ARGEN-
TI, 2006, p. 29).
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ção espera de cada público-alvo como resultado da comunicação? A
especialista em comunicação Mary Munter escreve em seu Guide to
Managerial Communication que a comunicação gerencial só é bem-
-sucedida se a resposta desejada for obtida do seu público. Para conse-
guir a resposta, é preciso pensar estrategicamente sobre a comunicação,
incluindo a definição de objetivos claros (ARGENTI, 2006, p. 30).
Nesse caso, Argenti (2006) argumenta que infelizmente a maioria das empresas
erra buscando soluções baratas e de curto prazo para os problemas de comu-
nicação. Isso ocorre quando a organização não se coloca na perspectiva do
público-alvo. Muitas vezes gestores analisam suas próprias necessidades em vez
das do público e por isso acabam tendo dificuldade em atingir seu objetivo de
comunicação.
Recursos humanos: Os recursos humanos são um fator crítico que pode
determinar o sucesso ou o fracasso da empresa em alcançar seus objetivos. O
que geralmente ocorre quando a organização decide implantar um processo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No exemplo acima ficou claro que a distribuição de tempo deve ser determi-
nada pelo que realmente será necessário para alcançar o objetivo da empresa.
Soluções em curto prazo quase nunca são as melhores.
Em alguns casos, isso pode significar alocar mais recursos do que a
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organização gostaria para alcançar o resultado desejado; mas, qua-
se sempre, a empresa terá sucesso se alocar os recursos logo de início
(ARGENTI, 2006, p. 32).
COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA?
PERA AÍ, AINDA FALTA MUITO PRA CHEGAR LÁ!
O discurso da comunicação estratégica, e também o da comunicação in-
tegrada, frequentam o universo da comunicação empresarial há um longo
tempo e, pelo que se percebe, a teoria e a prática, neste caso, estão comple-
tamente desalinhadas. Como assim?
O texto completo pode ser encontrado na referência abaixo:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Pera aí, ainda falta muito pra chegar lá!
Disponível em: <http://www.blogdowilson.com.br/ler_mens.asp?m=305>.
Acesso em: 01 fev 2013.
ser cumprido não está bem definido, projetado, onde e para que se
aplica? (PIMENTA, 2010, p. 141).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
comunicação.
Para Pimenta (2010), um produto de qualidade, com uma propaganda bem-
feita e ética, associado a questões de cidadania e direitos do consumidor, é uma
obrigação para as organizações que se dispõem a entrar no mercado. Apenas isso
não é diferencial para construir uma boa imagem institucional.
O ponto de partida depende de uma base ética, ou seja, a empresa con-
duzir-se com honestidade, seriedade e competência. Dessa forma será
possível promover a confiança de seus funcionários, do consumidor e
da sociedade em seus produtos, serviços e atendimento [...] Em segun-
do lugar, investir na promoção cultural, esportiva e científica também
colabora para que se associe a imagem da empresa à de uma instituição
útil e vital para a sociedade. Mas é bom lembrar que esses dois fatores
só serão considerados quando forem efetivamente comunicados aos
públicos externos e internos (PIMENTA, 2010, p. 127).
No âmbito geral, se recomenda uma pesquisa constante das necessidades dos con-
sumidores no que diz respeito aos produtos e serviços oferecidos pela empresa,
tornando possível estar sempre à frente e atualizada quanto a essas necessidades.
A busca pela satisfação das novas solicitações tem levado as empresas
a investirem na adequação de seus produtos às características físicas,
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psicológicas, e culturais de seus clientes. As pesquisas de marketing,
para detectar as demandas e criação dos departamentos de pesquisa e
desenvolvimento, para equacioná-los e concretizá-los, são estratégias
direcionadas à satisfação do cliente (PIMENTA, 2010, p. 130).
Toda organização tem seus interesses, que estão relacionados com seu campo
de atividade, e a maioria delas procura defender seus interesses diante das ins-
tituições que representam esses interesses, por exemplo, governos, associações,
poder legislativo e judiciário.
A palavra lobby no Brasil é vista de forma negativa, mas quando empresas
se juntam de forma ética para defender seus interesses, estão fazendo um lobby
legítimo e legal. Um exemplo recente foi o lobby feito pela CNI (Confederação
Nacional da Indústria) que pressionou e depois apoiou o Governo Federal na
redução das tarifas de energia no Brasil. Um lobby justo e legal.
Em um primeiro momento, a atuação na esfera governamental exige a
criação de representantes e contatos com poderes Judiciário, Legislati-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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estratégica para as organizações atingirem seus objetivos, mas não apenas como
algo a ser utilizado em momentos de crise, e sim como fator de organizacão nas
empresas que têm o foco em uma administração estratégica, com base no pla-
nejamento, e que tenham uma cultura de comunicação.
Traçamos um paralelo entre a boa comunicação e a negociação eficiente.
Aprendemos que se melhorarmos nossa comunicação, automaticamente desen-
volveremos nossa capacidade de negociação. Na maioria das vezes os bons
negociadores são bons comunicadores, aqueles que se expressam melhor, que se
relacionam melhor, e apesar de muitos fazerem isso de forma instintiva, se trata
de uma técnica que pode colaborar e muito para desenvolver nossas habilida-
des de comunicação e persuasão para uma negociação eficiente.
Vimos que existem modelos de comunicação que as organizações podem seguir
e adequar as suas necessidades para implantar um sistema próprio de comunicação
para a empresa, sendo fundamental o entendimento e o uso correto dos mode-
los e tipos de comunicação, como também valorizar o uso adequado dos canais
de comunicação disponíveis. Só assim os objetivos estratégicos e de comunicação
podem ter um melhor alcance. Pouco resolve fazer comunicação em um canal
errado, para o público inadequado e com uma linguagem pouco compreensível.
Com os nossos estudos, sobretudo, ficou claro que a Comunicação Empresarial
não pode e não deve estar à margem dos planejamentos organizacionais. Assim
como não deve ser acionada apenas em momentos de crise. Ela (Comunicação
Empresarial) colabora para criar uma imagem positiva e adequada da organi-
zação, desde que a mesma, pratique e tenha como conduta aquilo que divulga
aos seus públicos de interesse por meio da comunicação.
Considerações Finais
1. Diniz (2004) nos apresenta os três primeiros passos básicos para a boa comuni-
cação: 1. Observar como o receptor compreende a mensagem; 2. Estabelecer
sintonia (o “rapport”); 3. Analisar a negociação sob diferentes pontos de vista.
Explique como cada um deles acontece.
2. A Comunicação interna é aquela que visa transmitir ao público interno ou cola-
boradores internos da organização, com frequência e clareza, as ações, visões,
missões e demais assuntos da organização. Cite e comente exemplos de ações
de comunicação interna que pode ser praticadas nas organizações.
3. De acordo com Pimenta (2010), o plano integrado de Comunicação Empresa-
rial deve estar relacionado com: construção da imagem institucional; adequação
dos trabalhadores à competição do mercado; exigências dos consumidores mais
conscientes dos seus direitos; defesa dos interesses da empresa; encaminha-
mento de questões sindicais e ambientais. Explique cada um dos itens acima.
160 - 161
Fonte: MELO, Pollyanna. Estudo revela que problemas de comunicação interna interferem
na produtividade. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/administracao-
-e-negocios/estudo-revela-que-problemas-de-comunicacao-interna-interferem-na-produtivida-
de/19002/>. Acesso em: 01 fev. 2013.
MATERIAL COMPLEMENTAR
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MARTINELLI, Dante P.; ALMEIDA, Ana Paula. Negociação: como transformar con-
fronto em cooperação. São Paulo: Atas, 1997.
MARTINELLI, Dante P.; GHISI, Flávia Angeli. Negociação: aplicações práticas de uma
abordagem sistêmica. São Paulo: Saraiva, 2006.
MINTZBERG, Henry et al. O processo da estratégia: conceitos, contextos e casos
selecionados. São Paulo: Bookman, 2003.
NASSAR, Paulo. Tudo é comunicação. São Paulo: Lazuli, 2006.
PIMENTA, Maria Alzira. Comunicação Empresarial: conceitos e técnicas para admi-
nistradores. Campinas, SP: Editora Alínea, 2010.
STARK, Peter B.. Aprenda a negociar: o manual de táticas ganha-ganha. São Paulo:
Littera Mundi, 1999.
WANDERLEY, José Augusto. Negociação total: encontrando soluções, vencendo re-
sistências, obtendo resultados. São Paulo: Editora Gente, 1998.