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V CARAVANA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

RELATÓRIO

Uma Amostra da Realidade dos Abrigos 


e Asilos de idosos no Brasil

Comissão de Direitos Humanos


Câmara dos Deputados
Brasília, março de 2002

 
 

Relatório da V Caravana Nacional

De Direitos Humanos

Sistema Asilar Brasileiro

Brasília, março de 2002

APRESENTAÇÃO

 
ENTRE O SILÊNCIO E A MORTE

Deputado Marcos Rolim

É difícil saber quantos são os idosos institucionalizados no Brasil. Pelos dados do governo, existem
hoje em torno de 19 mil idosos atendidos em instituições asilares. O número pode ser muito maior
se levarmos em conta que muitas das instituições do tipo não estão cadastradas e outras tantas
funcionam, efetivamente, na clandestinidade. Durante uma semana, em outubro de 2001,
estivemos visitando casas de internação de idosos em quatro estados brasileiros. Ao todo,
foram 28 instituições visitadas das quais apenas 6 nos pareceram adequadas ou em boas
condições. Pelo que pudemos perceber, há um modelo largamente hegemônico no Brasil quando
falamos em instituições para idosos: trata-se do modelo asilar. Poderíamos definir esse modelo
afirmando que os asilos são aquelas instituições onde se verifica, primeiramente, uma segregação
dos idosos diante da comunidade de entorno. Como regra, os idosos estão apartados de qualquer
convivência comunitária; não saem do asilo ou, quando o fazem, realizam apenas breves e vigiadas
incursões. Além desta apartação, tão típica das "instituições totais" (Goffmann), deveríamos
agregar outra característica fundamental, a saber: o abandono. Os idosos internados em asilos
estão abandonados duplamente. Primeiro, pela família; segundo, pela própria instituição. Esse
duplo esquecimento os condena a uma realidade sempre idêntica, não raras vezes definida por
eles mesmos como um cotidiano onde se "come e dorme". Aos idosos vitimados por esse modelo
asilar não se oferece atividades. Para todos os efeitos, eles estão internados em um espaço cuja
realidade se situa entre o silêncio e a morte. O silêncio incontornável da vida que resta e o silêncio
futuro que resultará do fim da vida.

Nos asilos, os idosos não são concebidos como cidadãos. São resquícios, lembranças avulsas,
lamentos. Pessoas tratadas como absolutamente incapazes, mesmo quando no gozo pleno de
suas faculdades mentais ou independentes fisicamente. Não podem decidir o que quer que seja,
devem responder prontamente às normas internas definidas sempre por outros, comer a comida
que outros preparam, dormir e acordar nas horas de praxe, tomar a medicação que lhes é dada e
aguardar. Aguardar, indefinidamente, por nada. Em grande parte das instituições, não possuem
sequer o direito ao nome próprio. Aqueles que interagem com eles, não sabem seus nomes. O
espaço que habitam não é o seu espaço. Dormem em quartos onde as camas quase se tocam,
junto com outros idosos que jamais viram antes. Não possuem privacidade, nem contam com
mobiliário próprio que lhes permitam guardar seus pertences e ter a eles acesso. Nesses espaços
onde se estranham, não contam, em regra, com uma estrutura física adaptada a sua condição
física ou às dificuldades que passam a experimentar para locomoção e outras atividades da vida
diária (AVD). Os asilos onde foram deixados costumam lhes construir armadilhas perigosas: às
vezes, uma escada íngreme, sem corrimões; às vezes, um banheiro úmido e escorregadio, sem
amparos. Por conta disso, caem freqüentemente e se machucam.

Muitas dessas casas de idosos são, apenas, pequenos e modestos empreendimentos privados
pelos quais seus proprietários auferem renda. Para isso, apropriam-se das aposentadorias,
pensões e outros benefícios dos internos; muitas vezes, manipulando diretamente os cartões
bancários de seus "clientes" e a generosidade da comunidade envolvidas em campanhas
beneficentes. Outras instituições manifestam o resultado de um "espírito filantrópico" que se
imaginou auto-suficiente. Nesses casos, a boa intenção costuma ser rapidamente ultrapassada
pelas carências e dificuldades oferecidas aos próprios internos por conta da ausência absoluta de
qualquer profissionalismo, seja na administração das Casas, seja no cuidado com os idosos. Tanto
numa quanto noutra situação, o que temos são depósitos de pessoas desassistidas.

Nossa Caravana permitiu conhecer um tanto dessas instituições e nosso compromisso, com o
presente relatório, além de compartilhar a experiência que tivemos, é oferecer uma contribuição
para o desenvolvimento de políticas públicas que enfrentem, no Brasil, o desafio de assegurar o
envelhecimento com dignidade a todos.

Deveríamos dedicar mais atenção ao tema, senão por outro motivo pelo fato de que ele tende a ser
um dos grandes desafios das próximas décadas. Todos os estudos demográficos em nosso país
atestam um fato inconteste: nossa população está envelhecendo proporcionalmente. De um lado,
pelo aumento da expectativa de vida; de outro, pela redução abrupta das taxas de natalidade, o que
se observa é o crescimento proporcional da população com 60 anos ou mais. Em 1900, a
expectativa de vida no Brasil não ultrapassava os 33,7 anos; em 1940 alcançou os 39 anos e, em
1950, os 43,2 anos. Em 1960 já era de 55,9 anos e entre as décadas de 60 e 80, alcançou os 63,4
anos. Atualmente, está em 68 anos e em 2025 será de 80 anos. Hoje, as pessoas com mais de 60
anos já são 14,1 milhões de brasileiros, o que significa 9,1% da população. Dentro de 20 anos, os
idosos em nosso país serão 32 milhões e representarão 15% do conjunto da população.
Ocuparemos, então, o sexto lugar no ranking mundial de populações idosas. Em 2025, calcula-se,
2/3 dos idosos do mundo estarão em países da "periferia": 284 milhões na China, 145 milhões na
Índia, 32 milhões no Brasil e na Indonésia, 18 milhões no Paquistão, 17 milhões no México e em
Bangladesh e 16 milhões na Nigéria.

No caso brasileiro, essa evolução assinala uma radical mudança no perfil demográfico e será a
responsável pela duplicação da população de idosos em 20 anos. O processo já tem registrado um
impacto considerável sobre as demandas por saúde e deverá alterar, também, as políticas sociais.
Na área da saúde, tem-se, atualmente, por exemplo, um peso muito maior nas doenças crônicas
degenerativas, o que tem implicado em custos crescentes de internação, tratamento e medicação.
Toda essa mudança, não se fez acompanhar, ainda, seja por uma legislação moderna e
garantidora dos direitos dos idosos, seja por uma rede institucional que lhes assegure proteção e
amparo. A Política Nacional do Idoso (PNI), resultante da Lei 8.842 de 04 de janeiro de 1994,
ofereceu diretrizes importantes que, não obstante, jamais constituíram algo mais do que uma
promessa. No âmbito governamental, observa-se a importância conferida aos idosos quando se
descobre o que os orçamentos públicos realizam em programas destinados a eles.

Será preciso alterar esse quadro se quisermos nos preparar para o desenvolvimento de políticas
públicas na área nas próximas décadas. Além de recursos e atenção das diferentes instâncias de
governo, será preciso assegurar algumas mudanças de ordem cultural em nosso país. Entre nós,
normalmente, a velhice é vista como o equivalente a um conjunto progressivo de perdas. Ela seria,
então, primeiramente, uma lenta e inexorável "subtração de humanidade". Um olhar mais atento
sobre o processo de envelhecimento, todavia, haverá de concluir que este olhar assinala um
estereótipo cultural. Envelhecer é, ao largo das naturais mudanças físicas e sensoriais, também um
processo de crescimento. O envelhecimento é, em primeiro lugar, uma das condições para a
conquista da sabedoria. Apenas a experiência acumulada e a reflexão madura podem nos conduzir
a esse lugar especial, tão valorizado, por exemplo, nas tradições orientais. O vigor físico e a beleza
do corpo, aliás, só podem adquirir um status equivalente à felicidade em uma sociedade que se
esvazia de significações morais e que, por decorrência, despreza a cultura. De outra parte, há que
se questionar, também, a postura daqueles que, diante das necessidades de cuidado a serem
dispensados a um idoso no âmbito de sua família, optam pela sua internação em um asilo. Essa
prática, encontrada não apenas entre as famílias mais carentes, mas também entre famílias de
classe média e alta, estrutura-se sobre a noção de que aquele idoso transformou-se em um
"estorvo". É preciso, então, "livrar-se dele". Ora, parece evidente o quanto tal posição revela a
respeito de determinada insensibilidade moderna. Nos asilos que visitamos, recolhemos dezenas
de histórias que dão conta dessa maldade que nossas tradições parecem amparar. Os idosos com
quem conversamos desejavam, acima de tudo, estar no convívio dos seus, repartir com seus filhos
e netos a vida que ainda pulsa e, quando falavam neles, era possível notar que seus olhos
brilhavam. Por que razão vamos continuar admitindo que os mais jovens privem os idosos desse
brilho?

b. RELATÓRIO:

I - SÃO PAULO

A V Caravana Nacional de Direitos Humanos iniciou seus trabalhos na cidade de São Paulo,
segunda-feira, dia 15 de outubro. Além dos Deputados Federais Padre Roque (PT/PR) e Marcos
Rolim (PT/RS) , da jornalista Janete Lemos, assessora da CDH e da assistente social Jurilza
Mendonça, representante da Comissão Especial do Idoso, do Conselho Nacional dos Direitos da
Pessoa Humana do Ministério da Justiça, somaram-se aos trabalhos o Deputado Federal Arnaldo
Faria de Sá (PL/SP) , o Dr. João Estevan da Silva, coordenador do Grupo de Atuação e Proteção
ao Idoso do Ministério Público de São Paulo e a Dra. Tomiko Born, assistente social, representando
a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Na Secretaria estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (SADS), há 525 Instituições


beneficentes/filantrópicas ou estatais para internação de idosos regularmente inscritas. Desse total,
há 194 asilos que integram a rede de instituições conveniadas. Não se conhece o total de Casas de
Repouso ou Casas Geriátricas com fins lucrativos, mas sabe-se que elas estão concentradas na
cidade de São Paulo e nos municípios de maior porte. Não há registros exatos sobre a demanda
reprimida nos asilos de São Paulo, mas, em 1999, a SADS estimava em 130 mil pessoas o número
dos que aguardavam vagas nas instituições asilares existentes.

A realidade das instituições asilares de São Paulo tem experimentado um forte impacto nos últimos
anos por conta da atuação do Ministério Público Estadual. Em apenas 7 anos, a fiscalização
sistemática do MP fez com que 48 asilos fossem fechados e mais de 200 prisões de proprietários e
funcionários de instituições irregulares fossem decretadas. Tais medidas projetaram seus efeitos
em toda a rede permitindo que a maioria das instituições realizassem investimentos para a melhoria
dos serviços prestados e adaptação de suas instalações. Como resultado, alcançou-se avanços
consideráveis em itens importantes como alimentação, higiene e eliminação de barreiras
arquitetônicas. Muito entretanto, ainda resta por fazer, conforme nossa inspeção demonstrou.

1) ASSOCIAÇÃO "O RAIAR DO SOL" - o primeiro depósito de idosos

A primeira visita da Caravana foi à Associação "O Raiar do Sol" no Cambuci , em São Paulo (Rua
Luís Gama 500). A entidade funciona muito precariamente em um antigo prédio do INSS e se
mantém graças a doações e promoções beneficentes. No dia de nossa visita havia 93 idosos
internados, cerca de 20% deles apresentando um quadro de dependência. Do total de internos, 36
–segundo nos informou o diretor – contribuem com as despesas de manutenção do asilo com suas
pensões ou aposentadorias. Como regra, os internos permanecem todo o dia sem atividades. Não
desfrutam, também, de privacidade e seu acesso aos meios de comunicação é precário.

O prédio é absolutamente inadequado para uma instituição de internação de idosos, a começar


pelo fato de possuir 4 andares com acessos exclusivos por escadas. Essa característica dificulta
em muito o deslocamento dos internos e faz com que alguns deles permaneçam confinados aos
seus quartos, sem condições de acesso ao pátio interno. Essa é, por exemplo, a situação do Sr.
João Coelho da Costa, 61 anos, corinthiano, ex-sapateiro ortopédico, portador de deficiência física,
que se arrasta para ir ao banheiro, mas que não pode descer sozinho as escadas.

Observamos uma carência de pessoal técnico especializado. O responsável pela instituição, Sr.
Djalma Batista de Oliveira, é enfermeiro e trabalha no "Raiar do Sol" como voluntário. Em que pese
o esforço e a atenção que parecem caracterizar sua postura na relação com os idosos, o fato é que
a população ali residente encontra-se em situação de abandono. A maior parte dos internos não
recebe visita de familiares nem desenvolve qualquer atividade externa. Muitos parecem, inclusive,
conformados com essa situação, como se não restasse mesmo outro destino aos velhos. Seu
Milton, por exemplo, 72 anos, que veio de Minas Gerais para São Paulo em 1935, aposentado pela
construção civil, nos disse que vive de suas recordações e que já não se importa com nada: "- A
gente luta tanto para educar e criar os filhos que quando fica velho já não tem mais nada....Fica só
a recordação, eu fui..."

Trabalham no estabelecimento 22 pessoas, sendo 12 cuidadores, 4 auxiliares de enfermagem, 4


auxiliares de serviços gerais e 1 assistente social, além do diretor. Não recolhemos qualquer relato
indicando situações de maus tratos ou de violência contra os internos na instituição.

A associação "O Raiar do Sol" não está com sua documentação legal regularizada, não dispondo,
por isso, do registro de utilidade pública. Segundo seu diretor, as despesas gerais com a instituição
alcançam a média de 22 mil reais/mês.

Pudemos perceber que pelo menos alguns dos internos que pagam pela internação não possuem
informações a respeito desse custo, nem sabem situar ao certo o que foi feito de suas pensões
e/ou aposentadorias. Seu Américo, por exemplo, 71 anos, que morou 18 anos em Portugal, que
serviu ao Exército e que trabalhou muito tempo em restaurantes e hotéis de São Paulo, afirma
dispor de uma aposentadoria de "mais ou menos 400 reais", mas não sabe o que é feito dela, nem
quanto daquele total é utilizado para pagar sua internação. Dona Charlotte, 88 anos, húngara de
nascimento e ex-professora de francês, nos deu a entender que possuía propriedades e uma renda
que lhe permitiria viver uma outra situação ao final de sua vida.

2) CLÍNICA GERIÁTRICA JOÃO TONIOLO - O asilo na sua versão rica

A Caravana tomou a decisão de visitar uma das inúmeras Clínicas em São Paulo que abriga idosos
das camadas mais privilegiadas da sociedade. Nos interessava, sobretudo, o contraste com o tipo
de instituição de cuidados precários que acabávamos de conhecer. Aleatoriamente, chegamos,
então, à Clínica Geriátrica João Toniolo no bairro da Aclimação (Rua Espírito Santo, 273).

A instituição, de natureza privada, é dirigida por médicos geriatras e contava, no dia de nossa visita,
com 23 internos. A maioria dos internos apresentava um quadro de dependência. A equipe de
funcionários perfaz 14 profissionais, incluindo psicólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista e
fisioterapeuta. A Clínica funciona em uma casa com 10 quartos, mais 4 em uma área anexa, aos
fundos.

O custo médio de uma internação aqui fica em torno de 1.500 a 2.500 reais/mês.

A Clínica oferece musicoterapia aos internos e, tanto quanto nos foi possível, constatar, dispõe dos
recursos técnicos necessários e indispensáveis aos cuidados dos idosos dependentes. Os internos
não dispõem de atividades externas.

Seja como for, o quadro geral nos pareceu guardar semelhanças surpreendentes com outras
instituições de natureza asilar, destacadamente no que se refere à ausência de sentido que parece
revestir o cotidiano dos idosos ali internados. Nos chamou a atenção, também, as limitações de
espaço em toda a unidade e, especialmente, a ausência de uma área maior para a permanência
dos internos ao ar livre.

 
3) CASA DO ANCIÃO - ociosidade, demência e abandono

A Caravana deslocou-se para a periferia de São Paulo chegando até uma instituição chamada de
"Centro de Cidadania de São Miguel Paulista (Avenida Coca, 85) onde funciona a "Casa do
Ancião". Ali, quando de nossa visita, estavam, depositados 57 idosos, muitos deles com um quadro
de dependência e, alguns, com problemas graves de saúde mental. O responsável pela instituição,
Sr. Ivo Tadeu Ribeiro, é administrador e trabalha há 6 anos na área. Segundo nos informou, possui
uma despesa mensal de 24 mil reais, suportada com as contribuições dos próprios idosos, com
verbas públicas e com doações.

Há carência de pessoal técnico e os serviços médicos são assegurados por trabalho voluntário.
Também é voluntário o trabalho de um profissional em nutrição. Na área de fisioterapia, há uma
estagiária, apenas. Os 9 funcionários que cuidam dos internos se revezam em funções de limpeza
e recebem, em média, 200 reais por mês.

O espaço físico da unidade é absolutamente inadequado. Inúmeras são as barreiras arquitetônicas


para o deslocamento dos internos. O quadro geral constatado no que se refere às condições de
higiene também é bastante precário.

Não há qualquer tipo de programa envolvendo atividades com os idosos pelo que não se estimula
sua autonomia. Aqui, passa-se o tempo todo sentado, tomando sol ou assistindo televisão. Na
palavra de uma das internas: "A vida aqui é comer e dormir".

O isolamento social vai produzindo um quadro geral de apatia e conformismo entre os internos.
Dona Dirce, por exemplo, 62 anos, passa suas tardes sentada sem ter o que fazer, mas afirma:
"Estou bem no pedaço"; dona Maria Deonízia, 71 anos, diz, apenas: "Estou mais perto do céu... a
idade vem, entende? E a gente vai baixando até que um dia abaixa e não levanta mais..."

Na instituição, encontramos casos de pessoas não idosas com um quadro de demência e


abandono.

4) "LAR DAS MÃEZINHAS" – aqui se aprende o valor do silêncio

Nossa quarta e última visita em São Paulo foi ao "Lar das Mãezinhas", na Penha ( Rua Júlio
Collaço, 179). A instituição abrigava na data de nossa inspeção 40 idosas sendo que, desse total,
25 apresentavam um quadro de dependência. A responsável pela unidade, dona Ivani Milani de
Almeida, trabalha há 12 anos na área e nos informou que a despesa mensal do asilo fica em torno
de 14 mil reais. A instituição recebe verbas públicas, arrecada cerca de 50% das internas o
correspondente a um salário mínimo por mês (20X180 reais, portanto) obtendo os valores restantes
com doações junto à comunidade.

O Lar das Mãezinhas é, do ponto de vista arquitetônico, quase uma armadilha. As condições de
acessibilidade e deslocamento são, mais do que precárias, perigosas. Em alguns pontos da
instituição, uma queda pode ser fatal. O asilo não dispõe de refeitório o que obriga as internas a
fazerem as refeições em suas camas.

Um dos alojamentos coletivos possui, exatamente, 23 camas o que faz lembrar um hospital
improvisado em um campo de batalha. Outro quarto possui 9 camas. Essa característica, além de
outras repercussões negativas, praticamente elimina qualquer chance de privacidade das internas.

Também aqui não há um corpo técnico mínimo e os recursos humanos disponíveis são muito
precários. A casa conta com a boa vontade de um assistente social e um psicólogo, ambos em
trabalho voluntário.

Logo no corredor de entrada da instituição, pode-se ler um cartaz onde se escreveu: "Feliz de ti que
já conheces o valor do silêncio" , uma frase que parece resumir bem o destino que se pretende
reservar àquelas idosas e a tantos outros que, por infelicidade, terminarão seus dias em um asilo.

Tanto quanto nos foi possível constatar, a relação das cuidadoras com as internas é, em regra,
bastante impessoal e desprovida de um investimento afetivo, o que, muito facilmente, pode
pavimentar o terreno para práticas de maus tratos. Dona Adelina, por exemplo, que não pode
caminhar – nem se deslocar pela casa porque não há cadeiras de rodas disponíveis – estava com
dois grandes hematomas nos seus antebraços. Uma das atendentes, perguntada pelo deputado
Marcos Rolim sobre a razão de uma daquelas marcas, respondeu rapidamente que aquela
"mãezinha" tinha se machucado batendo o braço no criado mudo. Quando o deputado mostrou a
outra marca no outro braço da idosa, a explicação não pôde ser mantida. Como as cuidadoras
banham dona Adelina em seu próprio leito, é bem provável que as marcas nos braços sejam o
resultado de uma manipulação diária feita às pressas ou impacientemente.

Chamou nossa atenção o fato de que as cuidadoras, ao se referirem às internas sob sua guarda
como "mãezinhas", desobrigam-se mais facilmente da tarefa de tratá-las pelos seus nomes
próprios. Ora, alguém reduzido a um epípeto é também alguém a quem se nega o direito à
individualização. Há, com efeito, uma epitetomania no trato com idosos e expressões tão comuns
do tipo "vovozinhas" ou "mãezinhas" só aparentemente insinuam carinho. Como regra, elas são
apenas o sinal de uma distância.

A ociosidade nesse asilo é, também, a regra. Por ela, todo um potencial criativo e produtivo de
muitas daquelas idosas é desprezado. Dona Josemira, por exemplo, tem apenas 59 anos mas foi
internada por conta de seqüelas de um AVC. Como não tem o que fazer, passa o dia todo
rabiscando poemas em um muito caprichado caderno que exibe orgulhosamente. Ali escreveu
coisas como: "a juventude é a vitória da coragem" Ou, "Os anos enrugam o rosto. Renunciar ao
ideal, entretanto, enruga a alma". Ou , ainda: "Jovem é aquele que se admira, que se maravilha..."

II - RIO DE JANEIRO

A Caravana, no Rio de Janeiro, trabalhou durante toda a terça-feira, dia 16 de outubro e contou
com a presença dos deputados federais Padre Roque (PT/(PR) e Marcos Rolim (PT/RS); da
jornalista e assessora da CDH Janete Lemos; da assistente social Jurilza Mendonça, representante
da Comissão Especial do Idoso, do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Humana do
Ministério da Justiça; da Dra, Elizabeth Viana Freitas, presidente da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG); de Isabel Monteiro Lopes, Presidente do Conselho Estadual do
Idoso; da deputada estadual Tânia Rodrigues (PSB), relatora da CPI do Idoso da AL/RJ; Leila
Cerqueira, assessora parlamentar da Alerj; Sara Nigri, vice-presidente da Associação Nacional de
Gerontologia. No Rio de Janeiro, o trabalho desenvolvido pela Assembléia Legislativa, através da
CPI do Idoso, presidida pelo deputado estadual Sérgio Cabral e relatada pela deputada estadual
Tânia Rodrigues, permitiu um levantamento sistemático da situação da qual teríamos, com nossa
visita, uma pequena mostra. Instalada em 7 de março de 2001, a CPI , a partir de um conjunto de
denúncias de maus tratos a idosos, providenciou na inspeção de 129 Asilos, Casas de Repouso e
congêneres, cada uma delas com termo registrado de inspeção. Seu serviço de "Disque-Idoso"
recebeu 358 denúncias de maus tratos, violência ou discriminação a idosos no RJ. O relatório final
da CPI, ao qual tivemos acesso antes mesmo de sua apresentação oficial, impressiona pela
gravidade das denúncias e amplitude do trabalho realizado. No decorrer das inspeções, 11
instituições foram interditadas; alguns dos seus responsáveis foram presos ou indiciados
por "Apropriação Indébita" (art. 168 do Decreto Lei 2.848/40, Código Penal), ou por "Abandono
de Incapaz" (art. 133) , ou por "Omissão de Socorro" (art. 135) , "Maus Tratos" (art.136),
"Constrangimento Ilegal" (art. 146), "Cárcere Privado" (art. 148), "Tortura" (Lei 9.455/97) ou
por "Propaganda Enganosa" (art.37 da Lei 8.078/90 do Código de Proteção ao Consumidor). De
todas as instituições vistoriadas, verificou-se que 75 delas não possuíam Alvará de Funcionamento,
o que caracteriza uma situação de clandestinidade e demonstra a inexistência de fiscalização. Para
que se tenha uma idéia aproximada do estado das instituições inspecionadas, 2 delas não
possuíam piso antiderrapante; 86 não possuíam escadas com corrimão; 76 não contavam com
barras de apoio nos banheiros e 77 estavam superlotadas. Para a CPI, 101 das instituições
inspecionadas estavam em situação irregular infringindo a legislação e a portaria 819/89 do
Ministério da Saúde que regulamenta o funcionamento desse tipo de instituição. Entre as
instituições visitadas, a CPI concluiu que apenas 11 ofereciam bons serviços e uma atenção digna
aos idosos.

5) ABRIGO EVANGÉLICO "RAZÃO DE VIVER" - religião e solidão

A primeira instituição visitada no Rio de Janeiro foi o Abrigo "Razão de Viver", em Realengo, Zona
Oeste do Rio (Av. Terterituba, 450, Jardim Novo Realengo). Trata-se de uma instituição asilar de
inspiração religiosa, dirigida pela senhora Lourdes Ferreira da Silva, esposa de um pastor da
comunidade (Abdias de Araújo Ferreira). Quando de nossa visita havia 31 idosos internados.

A situação aqui, como que num espelho da realidade social circundante, é de absoluta
precariedade. A instituição funciona em uma casa inadequada para a internação de idosos, com
barreiras arquitetônicas e ausência de adaptações como corrimões ou camas protegidas. Há uma
rampa que dá acesso a um pavimento superior, mas a sua inclinação está muito além dos 10 graus
preconizados pelas normas técnicas de forma que ela mesma passa a oferecer riscos. Não há
técnicos disponíveis para o trabalho com os idosos, nem cuidados médicos ou de outros
profissionais da área de saúde para com os internos dependentes. Ao todo, apenas 7 pessoas
trabalham no asilo, sem carteira assinada e ganhando, em média, 200 reais por mês. Não foi
possível recolher informações sobre o orçamento da instituição, nem sobre as suas fontes de
financiamento.

Quanto à medicação, constatamos que cada um dos internos possui um vidro com seu nome, no
interior do qual estão, misturados e fora de suas embalagens, todos os remédios que ele deve
tomar. A medicação é distribuída sem qualquer controle ou supervisão especializada e manipulada
por "práticos".

Não há dieta específica aos internos que apresentam problemas como a diabete ou hipertensão.
Os idosos encontram-se em total ociosidade, sem qualquer tipo de atividade que estimule sua
independência e em uma situação de isolamento social.

O abandono e a solidão são suportados pela maioria dos internos como partes naturais de um
desígnio divino. Dona Laura, por exemplo, têm 4 filhos que não a visitam. Logo quando da nossa
entrada na instituição, iniciou uma longa conversa como deputado Marcos Rolim a quem solicitou
um favor muito especial: enquanto caminhavam pelo asilo, dona Laura pediu ao deputado
assentimento para que ela lhe apresentasse as suas amigas como seu filho, o que fez,
alegremente, o tempo todo. Dona Augusta, 81 anos e completamente lúcida, também sabe o que é
a solidão. Ainda jovem perdeu as duas pernas quando foi atropelada e vive, por isso, em uma
cadeira de rodas. Sua história é mais triste porque perdeu seus 4 filhos em um acidente no interior
de São Paulo. As crianças se deslocavam em uma Kombi para passar suas férias na casa de uma
amiga de dona Augusta quando o veículo chocou-se com um caminhão. Morreram todos. O marido
de dona Augusta a culpou pelo trágico desfecho e , depois disso, só lhe cumprimentava dizendo: " -
Bom dia, criminosa.." Dona Augusta termina essa história com os olhos úmidos e com a expressão:
"- Se sofrimento matasse..." Dona Augusta é crente da Assembléia de Deus. Além de não ter as
duas pernas é seqüelada de AVC, o que lhe retirou também o movimento da mão direita, mas se
considera uma mulher feliz: " – Não posso andar, mas tem gente que tem as duas pernas e não
anda. É pior, não é?"

Essa instituição havia sido inspecionada pela CPI do Idoso da AL/RJ em 19 de abril de 2001. As
constatações feitas à época (Anexo II do Relatório da CPI) foram as mesmas. Segundo a CPI, o
abrigo Razão de Viver "não tem a menor condição de funcionamento" (p. 22)

6) ABRIGO SÃO JOSÉ - mais abandono

A Segunda instituição visitada pela Caravana no Rio de Janeiro foi o Abrigo São José, no Kosmos
(Rua dos Caquizeiros, 851). O diretor , Sr. Américo Sobral, era comerciante mas já atua na área há
6 anos. No dia de nossa visita havia 55 idosos no asilo. Ao todo, 13 pessoas trabalham na
instituição e as despesas do asilo costumam alcançar valores entre 8 a 10 mil reais/mês. A maioria
dos internos aqui, senão todos, pagam por suas internações com importâncias que, segundo nos
foi possível apurar, variam de 180 a 400 reais.

Essa instituição fica localizada em um terreno privilegiado (10 mil metros quadrados) com espaços
amplos de circulação externa. A área faz lembrar um pequeno sítio, ou uma casa de campo. Todo o
terreno, entretanto, é cercado por muros altos o que isola os internos do mundo exterior. Logo na
entrada, há um cartaz onde se lê: "Visitas às quintas e domingos – das 14 às 16 horas." Ora, não
há como se justificar tamanha limitação. Uma casa de internação de idosos não precisaria, aliás, de
qualquer restrição ao direito que os internos possuem de privarem com seus familiares.

Os prédios onde os idosos estão alojados é todo marcado por barreiras arquitetônicas. Os
banheiros e os demais espaços de circulação interna não possuem pisos anti-derrapantes e a
higiene deixa muito a desejar. Em alguns dos quartos, janelas e portas estavam sem os vidros e
havia infiltrações nas paredes. Os banheiros necessitam de adaptações para que se tornem
espaços seguros e confortáveis. Dona Elisa experimentou, de uma forma muito dolorosa, a
insegurança nos banheiros: alguns dias antes de nossa visita, havia sofrido uma queda, à noite, no
banheiro contíguo ao seu quarto. Por conta disso, quebrou o braço. Dona Elisa só foi atendida por
um profissional da instituição um dia após a queda. Na hora mais difícil quem a ajudou foram suas
colegas de quarto.

Todos os internos estão submetidos a mesma dieta. Isso é um problema não apenas para aqueles
que precisariam de uma dieta especial por conta de problemas de saúde, mas também para gente
como a dona Zilá, por exemplo. Aos 86 anos, dona Zilá fala bem baixinho, mas impressiona pelo
raciocínio rápido e pela forma detalhada como relata episódios de sua vida. Sofre, entretanto, com
a comida porque não a aprecia. Segundo suas palavras, tem "fastio" e, por isso, não come quase
nada. Dona Zilá nos contou que gostaria mesmo é de comer caranguejo, mas que ali já havia
perdido a esperança de voltar a sentir o gosto de seu prato preferido...

Os internos não possuem privacidade e permanecem todo o tempo ociosos. Na área externa há
uma piscina que, entretanto, permanecia cercada e, aparentemente, fora de uso. Os internos não
realizam atividades externas.

A CPI do Idoso da AL/RJ também inspecionou esse abrigo no dia 18 de maio de 2001. Constatou
as mesmas limitações e irregularidades. Segundo o informe do anexo II da CPI, apurou-se que o
dono do estabelecimento manipulava o cartão magnético bancário de alguns dos idosos internados
que recebiam benefícios do INSS. ( p.36)

7) CASA DE REPOUSO SANTA ROSA - O asilo misterioso da Tijuca

Nossa última visita no Rio quase não se realizou. O responsável pela Casa de Repouso Santa
Rosa, na Tijuca ( Rua Antônio Salema, 63) Sr. Paulo Carvalho, fez o que pode para impedir nossa
entrada em sua instituição. Primeiro, atrás de uma grade do portão de entrada, afirmou que não
permitiria a entrada da Caravana. Depois, tentou negociar a entrada de um grupo pequeno de
participantes e, por fim, a contragosto, aceitou a entrada de um grupo excluindo terminantemente a
imprensa. O Sr. Paulo argumentava temer os resultados da visita sobre a saúde dos próprios
idosos ali internados que, segundo ele, poderiam "ficar agitados". A única pessoa que ficou
"agitada" com a nossa visita, entretanto, foi o Sr. Paulo Carvalho que revelou-se um cidadão
despreparado para as funções que desempenha e dono de um comportamento agressivo e
autoritário. Talvez, de qualquer forma, houvesse outros motivos para que o administrador temesse
a nossa visita.

O responsável nos informou que o asilo mantinha 5 idosos internados. Durante a nossa inspeção,
entretanto, só foi possível encontrar 4. Tentamos ter acesso a um segundo pavimento que,
segundo o Sr. Paulo, estava em obras. Não foi possível porque o administrador não o permitiu.
Segundo afirmou, o espaço estaria interditado por laudo específico da vigilância sanitária. Também
não nos foi permitido acesso a qualquer documento da instituição e o Sr. Paulo recusou-se a
responder a maioria das perguntas feitas pelos integrantes da Caravana. Tudo aqui parecia estar
envolto pelas sombras...

Conforme pudemos constatar, não havia alimentos suficientes, seja na geladeira, seja nos armários
utilizados como dispensa. Os banheiros da Casa são inadequados, o mesmo se podendo dizer das
rampas. Os quartos estavam com o piso encerado, o que constitui uma ameaça aos internos.

Os internos não tem o que fazer na misteriosa Casa da Tijuca. Dona Henriqueta, 93 anos, o afirma
taxativamente: "Aqui é só comer e dormir".

A CPI do Idoso da AL/RS esteve nessa instituição em 04 de maio de 2001. Constatou inadequação
completa das instalações arquitetônicas, desnível de piso, buracos, etc. banheiros não adaptados,
distância não regular entre as camas, péssimas condições de higiene, desorganização, ausência de
registro de evolução dos pacientes nos prontuários, condições precárias de conservação dos
alimentos, etc. Também quando da visita dos técnicos da CPI, o dono da instituição mostrou-se
"muito irritado" (sic). (p. 119, Anexo II do Relatório da CPI do Idoso)

III - PERNAMBUCO

A Caravana trabalhou, durante os dias 17 e 18 de outubro, em Pernambuco, na cidade do Recife e


em alguns municípios da região metropolitana. Além dos deputados federais Padre Roque (PT/PR),
Marcos Rolim (PT/RS) , da jornalista e assessora da CDH Janete Lemos e da assistente social
Jurilza Mendonça , representante da Comissão Especial do Idoso, do Conselho Nacional dos
Direitos da Pessoa Humana do Ministério da Justiça, acompanharam a Caravana Paula Regina
Machado, presidente do Conselho Estadual do Idoso; Eliane Moura, da Prefeitura Municipal;
Carolina Marinho, assessora da Comissão de Defesa da Cidadania da Assembléia Legislativa;
Gilson Roberto de Melo Barbosa, Promotor de Justiça; Margarida Santos, enfermeira da Secretaria
de Saúde do Estado de Pernambuco.

Além das visitas às instituições, a Caravana realizou uma audiência pública com a participação de
cerca de 50 pessoas representando autoridades governamentais e entidades da sociedade civil
com atuação na área de atenção aos idosos, além de profissionais do setor.

A Prefeitura de Recife, através da Secretaria Municipal de Saúde, conjuntamente com a vigilância


sanitária e como Ministério Público, tem realizado um processo de fiscalização sistemática sobre os
abrigos da capital. Durante o ano 2001, até o mês de agosto, 157 inspeções já haviam sido
realizadas. Segundo o "Relatório das Inspeções das Instituições de Longa Permanência para
Idosos no Recife", datado de setembro de 2001, constatou-se que apenas 11% das Instituições
estavam com licença atualizada. Do total de unidades inspecionadas, 67% delas foram autuadas.
33% encontravam-se de acordo com a legislação. Realizada a coleta de amostras de água em 12
instituições de longa permanência de idosos, sete apresentaram presença de coliformes fecais na
água; ou seja: a água era imprópria para o consumo humano.

8) ABRIGO CRISTO REDENTOR - Aqui pode-se amarrar idosos

 
O primeiro asilo visitado pela Caravana em Pernambuco foi o Abrigo Cristo Redentor, na periferia
de Recife em Jaboatão dos Guararapes (Av. Agamenon Magalhães, s/n), criado em 1944 e
administrado com o auxílio de irmãs e membros da Igreja católica.

O responsável pela instituição, Sr. Felipe do Rosário é administrador de empresas e atua na área
há 25 anos. No dia de nossa visita, havia 150 idosos internados. O asilo possui 300 vagas.

Segundo o Sr. Felipe, cerca de 90 dos idosos ali internados são dependentes. A despesa com a
instituição fica em torno dos 25 mil reais/ mês. O Abrigo Cristo Redentor recebe verbas federais –
12.500 reais/ mês. O administrador relatou aos deputados que a instituição funciona com um déficit
mensal o que motiva uma série de campanhas junto à comunidade para doações e auxílios. Após
conversar com os idosos, os deputados souberam que a norma da Casa é a cobrança de uma taxa
mínima de 180 reais / mês de cada idoso. Ora, 150 internos recolhendo mensalmente 180 reais
assegurariam à instituição uma renda de 27 mil reais. Importância que somada às verbas do
governo federal totalizaria uma receita de 39,5 mil reais. A instituição teria lucro, então? Perguntado
diretamente sobre isso pelo deputado Marcos Rolim, o Sr. Felipe do Rosário não ofereceu uma
explicação convincente nem mostrou a contabilidade da instituição. Como a instituição recebe
verbas públicas, seria interessante a realização de uma auditoria.

O Abrigo Cristo Redentor ocupa uma grande área com espaços amplos de circulação externa e
pavilhões onde ficam os alojamentos dos idosos. A área externa, entretanto, é muito mal
aproveitada. Os alojamentos são imensos. Em um deles contamos 120 camas. Com essa estrutura
física, os idosos não possuem qualquer chance de privacidade. Toda a instituição precisaria de
reformas estruturais básicas para um mínimo de segurança e conforto para os internos. Não há
piso anti-derrapante nas áreas internas de circulação e nos banheiros; não há assentos nos vasos
sanitários, nem apoios para facilitar seu uso; a higiene dos banheiros deixa a desejar, as camas e
os colchões são de péssima qualidade, não contam com grades protetoras e são, em regra, muito
baixas.

Foi possível perceber um tratamento despersonalizado das cuidadoras aos idosos; como regra, os
internos não são tratados pelo nome próprio. Há restrição às visitas que só podem ocorrer duas
vezes por semana e pelo período de duas horas. Não se assegura a eles, também, qualquer tipo de
programação de atividades. Dona Joana, 91 anos, por exemplo, queixa-se de que não tem nada o
que fazer e de que gostaria que lhe fosse permitido, pelo menos, lavar suas próprias roupas. Dona
Joana já teve duas quedas, uma da cama e outra, no banheiro. Ela e o marido estão internados ao
custo de duas aposentadorias. Tudo o que deseja é voltar para sua casa.

Pelo número de idosos internados, fica evidente a carência de recursos humanos no asilo. Segundo
o administrador, a instituição conta com 1 psicólogo, 1 assistente social, 1 fisioterapeuta, 1
biomédico, 12 auxiliares de enfermagem e uma recreadora. Segundo depoimento de alguns idosos,
a recreadora já não trabalhava na instituição. O manejo diário dos idosos acaba sendo feito pelas
65 auxiliares de serviços gerais, supervisionadas pelo trabalho voluntário de 6 irmãs.

Vários dos idosos se queixaram de que são proibidos de se deitar durante o dia e que só podem
retornar aos alojamentos ao final da tarde. Essa, por exemplo, é uma das queixas de dona Maria do
Rosário, 71 anos, professora aposentada. Dona Maria foi descoberta pelo deputado Marcos Rolim
amarrada em uma cadeira de balanço. Segundo a interna, ela era amarrada na cadeira para que
não fizesse "traquinagens". Perguntada sobre o tipo de traquinagens que ela gostava de fazer,
respondeu que todo o problema é que ela gostava muito de fumar. Para que não fumasse, era
presa à cadeira, todos os dias.

 
 

9) LAR FRATERNAL LÍRIOS DO AMOR - nem fraternidade, nem lírios, nem amor.

A segunda instituição visitada foi o "Lar Fraternal Lírios do Amor", na cidade vizinha de Camaragibe
(Estrada da Aldeia s/n). Quando de nossa visita havia 52 pessoas internadas; quase todos, idosos.
A instituição "atende", também pessoas com problemas de saúde mental e, como pudemos
observar, um jovem autista. O asilo é uma casa velha a qual se acrescentou algumas peças aos
fundos. Nessa instituição não se oferece, rigorosamente, qualquer cuidado aos idosos. O lugar é,
tipicamente, um depósito de velhos.

A responsável pelo asilo, dona Eronita Figueiredo de Farias, é cabeleireira e atua na área há 15
anos. Do total de idosos internados no asilo, 38 pagam pela internação. Há apenas 5 pessoas
trabalhando ali e nenhum recurso técnico ou especializado disponível. Aos idosos não é oferecida
qualquer atividade. Pelas péssimas condições de alojamento, não se lhes permite, também,
qualquer privacidade. Os internos não saem da instituição e recebem raras visitas de familiares.
Estão, portanto, em situação de isolamento social.

Aqui falta tudo. Higiene, por exemplo, ou forro nos colchões, ou janelas nos quartos, ou cadeiras de
rodas. A casa toda é cheia de barreiras arquitetônicas e não dispõe das adaptações necessárias
para a segurança e conforto mínimos aos internados. Falta assistência médica, faltam
medicamentos, falta comida. O cenário não evoca apenas miséria, mas negligência e maus tratos.

Durante a visita, vimos um senhor com uma grave ferida no pé. Esse idoso dormia sentado em uma
cadeira em uma área coberta aos fundos da unidade. Sua ferida estava coberta de moscas e o pé
inteiro mostrava sinais de necrose. Ao lado dele, há um metro de distância, um pequeno cercado –
desses utilizados por bebês – era ocupado por um jovem autista que permanecia ajoelhado no
centro daquele espaço movimentando ritimadamente e com rapidez seu tronco para um lado e para
o outro. No mesmo espaço, outros idosos com sinais de demência vegetam sentados. Há sujeira
por toda a parte. Um cão feroz está amarrado a uma coleira ali perto e, na mesma área onde os
idosos estão, há um buraco de uns 6 metros quadrados por dois de profundidade cercado por um
único fio de arame farpado. Uma queda ali pode ser fatal. Em diagonal ao buraco e na parte
posterior da casa, em frente ao galpão onde está o menino autista e alguns dos homens velhos, há
um outro "cercado". O espaço, dessa vez, é maior - talvez 9 metros quadrados , demarcado por
móveis e restos de madeira. Ali dentro, numa espécie de varanda, vive Rita Maria da Conceição,
uma senhora aparentando 60 anos, há dez anos no asilo, que não fala e que apresenta sinais de
doença mental. Por não saberem lidar com ela, delimitaram seu espaço, como se estivesse presa.
Já o cão é solto à noite.

10) ASSOCIAÇÃO FILANTRÓPICA NOSSA SENHORA DE LOURDES – isolamento social e


abandono

Este asilo está localizado em Olinda (Rua José Alves de Araújo, 299) e é administrado pela
senhora Maria de Lourdes Oliveira de Almeida, uma "prática" sem qualquer formação profissional
que atua há 11 anos na área.

Quando de nossa visita, havia 63 idosos internados (30 homens e 35 mulheres) . Desse total, 40
idosos apresentavam um quadro de dependência.

O asilo é mantido pelas próprias contribuições dos internos. !5 pessoas trabalham na instituição,
sendo que há a visita de um médico uma vez por semana.

Todo o espaço físico da instituição é inadequado com inúmeras barreiras arquitetônicas ao


deslocamento dos internos. Para piorar o quadro, muitos idosos estão alojados no segundo
pavimento do prédio. O próprio prédio localiza-se muito perto de um "lixão", com esgoto próximo.

Os recurso humanos disponíveis são totalmente desqualificados e os internos permanecem em


ociosidade absoluta. A vigilância sanitária já determinou à proprietária a necessidade de realização
de inúmeras obras de adaptação, desde a colocação de barras e corrimões até portas nos
banheiros. Pelo que foi possível perceber, a higiene é precária e muitos quartos enfrentam sérios
problemas de infiltração.

Aqui a atenção dispensada aos internos resume-se à alimentação e aos leitos oferecidos.

11) NÚCLEO DE APOIO AO DOENTE DO INTERIOR - condições subumanas

Essa Instituição, também em Olinda (Av. Correia de Brito, 360) , é, na verdade, uma "casa de
passagem" que se propõe a auxiliar pessoas doentes que vêm do interior para tratamento na
capital. A grande maioria dos que estão aqui abrigados, não obstante é de idosos. Quando de
nossa visita, havia 40 idosos no asilo. Os responsáveis pela instituição são Maria da Conceição de
Santana e Miguel Andrade da Silva. O asilo vive de doações e recebe apoio de um Padre.

Apenas 4 pessoas trabalham no asilo, o que dá uma idéia da precariedade da situação. Num único
cômodo contamos 16 camas. Há camas espalhadas pelos corredores e na varanda. Por
decorrência, não se oferece aos internos qualquer chance de privacidade. Os quartos, 4 ao todo,
são pequenos e há apenas dois banheiros. As condições de habitabilidade são, verdadeiramente,
subumanas.

O pessoal que lida com os internos é totalmente desqualificado e as condições de higiene da


instituição são as piores possíveis.

Encontramos frutas estragadas e alimentos mal acondicionados.

12) CLÍNICA DE REPOUSO GERIÁTRICO DE RECIFE – I – O mesmo modelo, os mesmos


problemas

"Clínica de Repouso Geriátrico" é o nome dado a duas instituições asilares, de um mesmo


proprietário, situadas na mesma rua (Ana Xavier 104 e 117) na Casa Amarela, em Recife. Para
descrever minimamente a situação que encontramos em cada uma delas, chamaremos de Clínica I
a situada no número 104 e Clínica II a situada no número 117.

A Clínica I é administrada por Judith Alves que atua na área há 20 anos. Quando de nossa visita
havia 34 idosos internados na instituição, sendo que a grande maioria deles – cerca de 90% - era
de idosos dependentes. Os funcionários aqui, num total de 16 pessoas são todos registrados e
pagos pela Igreja.

As atividades desenvolvidas com os idosos possuem, comumente, um sentido religiosos.

Duas vezes por semana um médico visita a instituição atendendo aos internos. A Casa dispõe de
uma enfermeira, uma nutricionista e 4 auxiliares de enfermagem. Há, por certo carência de pessoal.

Seria necessário, também, realizar algumas adequações na estrutura física do prédio.

Os atendentes estavam participando de um curso de "cuidadores de idosos", o que nos pareceu


importante Percebemos um certo nervosismo entre as pessoas que trabalham na instituição diante
de nossa visita e, especialmente, a postura assumida por alguns que pareciam empenhados em
não permitir que conversássemos isoladamente com os internos.

Mesmo diante das limitações evidentes vividas pela instituição, os internos manifestaram, no
fundamental, determinada satisfação com a atenção que recebem ali.

13) CLÍNICA DE REPOUSO GERIÁTRICO DE RECIFE – II - de novo a ociosidade

A Clínica II é administrada pela Sra. Rosilda de Araújo que atua na área há 30 anos. No dia de
nossa visita havia 25 idosos internados, sendo 20 deles dependentes. Os internos contribuem com
um mínimo de 180 reais, mas alguns chegam a pagar 350 reais por mês. Segundo a informação
que recebemos, a instituição é deficitária.

O Asilo possui 10 quartos para os homens aos fundos, espaço onde há um único banheiro e 5
quartos para as mulheres na frente, com dois banheiros. Tanto quanto foi possível observar, a
higiene é precária.

12 pessoas trabalham aqui, entre elas uma enfermeira, um nutricionista, um médico e dois
auxiliares de enfermagem. O médico comparece três vezes por semana.

Os idosos vivem em ociosidade máxima. Aqui, como em tantos outros asilos visitados, tem-se a
impressão de que tudo o que se espera daqueles idosos é que aguardem silenciosamente por suas
mortes.

14) CONVIVER GERIÁTRICO - Enfim, uma instituição modelo

Nossa visita ao "Conviver Geriátrico" mostrou aos integrantes da Caravana o quanto uma
instituição de tratamento de idosos pode oferecer condições dignas aos internos. A instituição;
localizada no bairro de Boa Viagem, no Recife ( Rua José Lopes, 95) é administrada por Solange
Beltrão que é administradora de empresas.

No dia de nossa visita, havia 25 idosos internados, sendo cerca de 80% deles dependentes.

Pela proposta da instituição exige-se que todos os internos tenham plano de saúde e que suas
famílias responsabilizem-se pela contratação e remuneração dos cuidadores do usuário. Além dos
cuidadores, trabalham na instituição 17 pessoas: uma enfermeira, uma nutricionista, um
fisioterapeuta, um médico, um terapeuta ocupacional, 8 auxiliares de enfermagem e 4 auxiliares de
serviços gerais.

O espaço físico está plenamente adaptado ao perfil dos internos e possui 10 suítes e 6
apartamentos duplos, o que garante, além do conforto e da segurança, a privacidade dos idosos.
Todos os internos tem acesso aos meios de comunicação, recebem visitas com freqüência e
costumam realizar atividades externas, com acompanhamento. Há um programa de atividades
físicas, recreativas e fisioterápicas. Os recursos humanos disponíveis são qualificados.

IV - PARANÁ

A Caravana esteve no Paraná durante os dias 19 e 20 de outubro visitando instituições asilares em


Curitiba e em Londrina. Além dos Deputados Federais Padre Roque (PT/PR) e Marcos Rolim
(PT/RS), da jornalista e assessora da CDH Janete Lemos e da assistente social e representante da
Comissão Especial do Idoso, do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Humana do Ministério
da Justiça, Jurilza Mendonça, acompanharam a Caravana, na capital Rosana Beraldi Bevervanço,
promotora de Justiça do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa dos Direitos do
Idoso; Maurílio Pinto, representante da Sociedade Brasileira de Gerontologia e Geriatria; Heloise
Elaine Pereira e Rosilene de Fátima Pollis, assistentes sociais do Ministério Público; Glaucia
Kishida; Lucinéia Benckl de Macedo; Joanna Alekissandra Kantikas, representantes da Secretaria
de Vigilância Sanitária e em Londrina Maria Ãngela Santine; Genilda Pozzeti Stabile,
representantes da Secretaria Municipal do Idoso; Marcelo Viana de Castro da Vigilância Sanitária.

IV -a) Curitiba:

15) RECANTO TARUMÃ - uma experiência de cuidado

O "Recanto Tarumã - Sociedade Socorro aos Necessitados" (rua Konrad Adenauer, 295) é uma
instituição tradicional de Curitiba, fundada em 1921. No dia de nossa visita abrigava 120 idosos.
Desse total, pelo menos 32 apresentavam um quadro de dependência.

Mantido através de doações da comunidade e da contribuição de 2/3 do valor das aposentadorias


dos internos, o asilo tem uma despesa mensal da ordem de 50 mil reais. Segundo as informações
colhidas junto à direção da casa administrada pelo Sr. Mário Pelatto, 36 pessoas trabalham na
instituição, entre elas 1 assistente social, 1 psicólogo, 1 enfermeira, 1 fisioterapeuta, 1 terapeuta
ocupacional e 4 auxiliares de enfermagem.

As instalações, amplas e bem cuidadas, integram vários pavilhões numa área construída 492
metros quadrados atravessada por espaços de circulação externa ajardinados e gramados. Dentro
da unidade muitas atividades são desenvolvidas sendo que os idosos têm acesso à marcenaria,
horta, artesanato, jardinagem e jogos variados.

A instituição conta com consultório médico, farmácia, espaço para banho de paraplégicos, sala para
curativos, sala de fisioterapia, sala de jogos, etc. Embora algumas pequenas adaptações sejam
ainda necessárias, observamos a existência de piso antiderrapante nas principais vias de
circulação interna, corrimões, anteparos e outros equipamentos fundamentais para a segurança e o
conforto dos idosos.

Mais importante ainda do que as boas condições físicas da instituição foi perceber, na conversa
com os internos, a existência de um grau de satisfação incomum com os serviços prestados
resultado que costuma ser alcançado sempre que o cuidado é a regra.

16) ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO AO IDOSO VOVÓ JOANA - outro caso de isolamento


social

Esse asilo (rua Piauí, 1.224) nos oferece um novo exemplo do modelo de isolamento social dos
idosos que deve ser superado urgentemente no Brasil. No dia de nossa visita, havia 24 idosos
internados. Para "cuidar" desses seres humanos - alguns precisando de cuidados intensivos -
trabalham na instituição apenas 3 pessoas.

Os idosos não possuem qualquer programa de atividades que estimulem sua autonomia. Não
possuem privacidade alguma e, em um dos quartos, contamos 17 camas. Todas as instalações
físicas são inadequadas e a higiene é bastante precária.

Não foi possível obter informações confiáveis e detalhadas da responsável pela instituição a
respeito do orçamento da unidade e de seu financiamento. As únicas informações dão conta de que
o aluguel pago pela casa é de 1.400 reais e de que a instituição arrecada recursos junto à
comunidade com bingos, rifas, jantares beneficentes, etc. Sabe-se que a instituição é considerada
de utilidade pública.

17) VOVÔ JUQUINHA - um espaço de negligência

O asilo Vovô Juquinha (Rua Mem de Sá, 491) é uma instituição não regularizada dirigida pela
senhora Madalena Dias Ferreira . No dia de nossa visita havia 14 idosos internados sendo dois
deles dependentes.

A Instituição é absolutamente inadequada para a internação de idosos e lhes oferece, tão somente,
o leito onde dormem e as refeições.

O espaço físico é formado por 4 quartos (2,3 e 5 camas), mas sala de estar e cozinha. O banheiro
não recebeu qualquer das adaptações necessárias à segurança e conforto dos idosos. Verificamos
infiltrações de água em várias peças.

Os internos não dispõem de qualquer programa de atividades que estimulem sua independência;
há carência de recursos humanos e um estado geral de negligência na atenção aos idosos. Alguns
idosos afirmaram que se sentem bem e que são bem tratados.

18) ASSOCIAÇÃO CASA DE REPOUSO VOVÓ SABINA - outro depósito

O asilo "Vovó Sabina" (Rua Joaquim Manuel de Carvalho, 481) em Curitiba, administrado pela Sra.
Benita da Silva, é apenas outro depósito de idosos. No dia de nossa visita eram 12 os internos
sendo que, desse total, pelo menos 4 apresentavam um quadro de dependência. A instituição não
conta com funcionários. Todo o serviço é feito pela responsável e por sua filha.

Uma vez por mês, um médico oferece seus serviços à instituição em trabalho voluntário.

Os internos não desenvolvem qualquer tipo de atividade e não têm privacidade.

As instalações são inadequadas e não oferecem segurança ou conforto aos internos.

O asilo é sustentado com as contribuições dos próprios idosos que variam de 180 a 575 reais/ mês.

19) LAR AFAGO - um lugar de pouco carinho

O asilo denominado "Lar Afago" (Rua Joaquim Manoel de Carvalho, 466) de Curitiba enfrenta
inúmeras dificuldades e termina por reproduzir, exatamente, o modelo asilar que se pretende
superar.

A responsável pela instituição, dona Clarisse Maria Antunes, é atendente de enfermagem e atua na
área há dois anos.

No dia de nossa visita, havia 17 idosos internados, sendo que pelo menos 7 deles apresentavam
um quadro de dependência.

Também aqui os idosos passam seus dias sem qualquer tipo de atividade que estimule sua
independência. As limitações que encontramos repetem as mesmas situações já observadas na
maioria das instituições visitadas pela V Caravana. Observamos a falta de recursos humanos
qualificados e constatamos um quadro geral de negligência na atenção dispensada aos internos,
destacadamente quanto aos necessários cuidados de saúde. Também no Lar Afago há a visita de
um médico uma única vez ao mês.

Segundo fomos informados, 6 pessoas trabalham na instituição e outras três prestam serviços
voluntários.

As despesas do asilo são custeadas com as aposentadorias e pensões dos idosos internados.
Alguns deles chegam a pagar 400 reais/mês.

Pelo que pudemos observar, os idosos recebem na instituição o mínimo necessário para que
prolonguem sua existência. O Lar Afago, em verdade, não é propriamente um lugar de carinho.

20) CLÍNICA DE REPOUSO SANTA MARIA - necessidade de adaptações

A Clínica de Repouso Santa Maria (Rua Rockfeller, 1.287) ainda não dispunha de licença da
vigilância sanitária quando de nossa visita. Para que funcione regularmente será necessário
implementar algumas reformas na estrutura física e adaptar melhor seus espaços internos.

Os responsáveis pela instituição são Hilda Pereira Leite e Carlos Augusto Leite que atuam na área
há 13 anos.

O aluguel da casa custa 3.300 reais/mês e os internos contribuem, em média, com 300 reais.

Havia 45 idosos internados na Clínica quando a visitamos. Não nos foi possível estimar o número
de dependentes.

9 pessoas trabalham na instituição sendo duas delas fisioterapeutas e uma terapeuta ocupacional.
Um psicólogo, uma nutricionista e um médico prestam serviços eventuais em regime de
voluntariado.

A cada 15 dias, a instituição organiza atividades esportivas e de lazer com os idosos.

A Clínica conta com farmácia, refeitório, sala de estar, quartos com 2,3 e 4 camas e uma área
externa.

Aqui as visitas de familiares acontecem três vezes por semana (quartas, sábados e domingos) das
14 às 17 horas.

A medicação e alguns equipamentos como fraldas são adquiridos pelos familiares. Os remédios, de
qualquer forma, estavam bem acondicionados. A instituição possui um esterilizador e seus
prontuários estavam dentro dos padrões técnicos exigidos.

21) LAR DE UBERABA DE CIMA - sub-nutrição e desidratação

O "Lar de Uberaba de Cima" (Rua Gabriel Passos Filho, 74) em Curitiba é uma instituição
clandestina administrado pela senhora Maria Sandoval que atua na área há pouco mais de um ano.
Quando de nossa visita, havia 6 idosos internados ali, todos dependentes. Para cuidar deles, há
apenas uma pessoa.

Examinando os idosos, o Dr. Maurílio Pinto, médico geriatra, que acompanhou a Caravana em
Curitiba representando a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), constatou sub-
nutrição e desidratação dos internos.

As condições gerais da instituição, de fato, são subumanas.

Os idosos não realizam qualquer atividade e estão em regime de isolamento social. Toda a parte
física da instituição é inadequada, há casos de infiltração e a higiene é precária. Faltam recursos
humanos elementares para a devida atenção a idosos dependentes. O quadro geral é de
negligência e abandono.

1. LAR BOM SOSSEGO - Um bom exemplo de casa-lar

A última visita em Curitiba nos reservou a agradável surpresa de descobrir um modelo de "Casa-
Lar" , uma das formas alternativas ao modelo asilar, funcionando - e muito bem. O Lar Bom
Sossego, situado no Jardim Paranaense (Rua Campo Mourão, 200) é uma boa instituição.

A responsável, dona Rita de Cássia de Paula, possui curso de cuidadores de idosos e atua na área
há 9 anos.

A instituição é uma Casa onde estão internados 6 idosos convivendo em um regime que faz
lembrar um tipo de estrutura familiar. Três pessoas trabalham ali. Quando de nossa visita, foi
possível perceber que algumas crianças da família da responsável interagem positivamente com os
idosos o que possibilitou o desenvolvimento de relações afetuosas bastante sensíveis e
importantes tanto para os idosos quanto para as crianças.

O Lar Bom Sossego recusa-se a abrigar mais idosos, embora tivesse espaço físico para tanto. A
responsável afirma que se aceitasse novas internações não teria mais condições de cuidar bem de
todos, consciência que atesta uma notável diferença diante daqueles administradores que fazem
questão de superlotar suas casas como forma de aumentar sua receita.

IV -b) Londrina:

Em Londrina, após um processo de fiscalização iniciado em fevereiro de 2001 pela Prefeitura


Municipal, através da Secretaria Municipal do Idoso, foram vistoriadas 18 instituições – casas de
repouso e asilos. Como resultado, obteve-se a transferência de 94 idosos, para outras instituições
ou para suas famílias. Em março de 2001, o prefeito de Londrina assinou o Decreto 096/2001 que
fixou normas de funcionamento de asilos, casas de repouso, clínicas geriátricas e estabelecimentos
congêneres destinados ao atendimento de idosos em Londrina. O mesmo instrumento legal
determinou que novos estabelecimentos só serão autorizados após parecer técnico da Vigilância
Sanitária e da Secretaria Municipal do Idoso.

 
1. LONDRISAÚDE - no aguardo das adaptações necessárias

O asilo "Londrisaúde" (Rua Lucila Balalaí, 149) opera sem o alvará de funcionamento. A vigilância
sanitária já determinou a necessidade de várias adaptações como, por exemplo, na farmácia da
instituição.

4 pessoas trabalham no asilo, nenhuma com carteira assinada. Há um médico que presta seus
serviços no asilo três vezes por mês ou "quando necessário".

O Londrisaúde funciona em uma casa (alugada por 650 reais/mês) de 240 metros quadrados. Além
de 6 quartos, dispõe de sala de estar, sala de jantar, cozinha e banheiros. Há algumas barreira
arquitetônicas a serem eliminadas, os banheiros não contam com os amparos necessários ao uso
dos vasos sanitários e estes não possuem assento. Observamos algumas infiltrações e
necessidade de uma higiene mais cuidadosa nos quartos.

A responsável, Lídia de Souza e Silva, atua há 4 meses na área e cobra 300 reais por interno.
Quando de nossa visita, havia 12 idosos internados, sendo que dois deles apresentando um quadro
de dependência.

Constatamos um quadro de isolamento social e de ausência de um programa de atividades que


estimulem a independência dos idosos; o padrão asilar, portanto.

Os Deputados Marcos Rolim e Padre Roque conversaram demoradamente com um dos internos,
senhor Geraldo Gütschow, 77 anos. Seu Geraldo que luta tenazmente contra o câncer, não tem
metade de sua orelha direita e chama a atenção seja pelo seu porte físico, seja por sua lucidez e
determinação. Filho de alemães, aprendeu a lidar com ervas medicinais e guarda em seu quarto
uma impressionante quantidade de misturas, chás, ungüentos e receitas naturais. Falando
português com um forte sotaque germânico, seu Geraldo nos contou que está escrevendo a história
de sua vida. Foi buscar o seu trabalho embaixo do travesseiro de onde retirou uma grossa agenda
enrolada em panos. Ali constatamos um minucioso trabalho autobiográfico escrito em frente e verso
de centenas de páginas à caneta, com uma letra miúda e firme. Um trabalho que, possivelmente,
conte muito da saga dos imigrantes no Paraná. Seu Geraldo se emocionou muito quando o
Deputado Padre Roque começou a falar com ele em alemão. Levantou-se, abraçou o deputado e
chorou. Talvez tenha se emocionado, também, pelo fato de alguém tê-lo escutado.

24) CASA DE REPOUSO IRACEMA - outra casa clandestina

Esse asilo funciona irregularmente no Conjunto Antares (Rua Iracema, 67). A responsável , dona
Marlene Oliveira Monteiro , auxiliar de enfermagem, atua há 11 meses na área e se queixou muito
das dificuldades financeiras da instituição. Dona Marlene demorou muito para abrir o portão de ferro
que dá acesso ao seu asilo. Os deputados, após uma espera de 20 minutos, precisaram ameaçar
que chamariam a polícia se o portão não fosse aberto.
A Caravana constatou que estavam internados nessa instituição 8 idosos.

Trabalham na casa um auxiliar de enfermagem e dois auxiliares de serviços gerais.

Os internos não realizam qualquer tipo de atividade e encontram-se em situação de isolamento


social.

Há três quartos na casa (alugada por 430 reais). Um deles com duas camas, outro com três e outro
com seis.

A farmácia da instituição encontra-se absolutamente fora dos padrões da vigilância sanitária e não
há prontuários.

Há barreiras arquitetônicas a serem superadas e necessidade de várias adaptações físicas.

Os internos sustentam a instituição pagando valores entre 180 e 250 reais.

1. LAR OLIVEIRA PARA IDOSOS - histórico de interdição

O Lar Oliveira para idosos é uma instituição clandestina. Mais do que isso: a responsável, dona
Cida Pereira, auxiliar de enfermagem com 4 anos de atuação na área, já teve uma outra casa que
administrava interditada pela vigilância sanitária. Após a interdição, mudou-se de lugar abrindo um
novo asilo e repetindo o mesmo padrão de depósito de idosos.

Quando da nossa visita, havia 12 idosos internados, todos com algum tipo de dependência.

Cinco pessoas trabalham no asilo, todas da mesma família da responsável.

Os internos sustentam a instituição com valores de 200 reais/mês, em média. O aluguel da casa é
de 400 reais e o total das despesas é de 2 mil reais/mês.

A casa possui três quartos (com 3 e 4 camas) e as condições de higiene são precárias.

Nenhuma atividade é desenvolvida com os idosos e os recursos humanos disponíveis não são
qualificados.

1. CASA DE REPOUSO MARANATA - uma casa em boas condições

 
A Casa de Repouso Maranata (Rua júlio Cesar Ribeiro,190) , administrada por Lígia Ivone Critóvão,
é, na verdade, uma Casa Lar.

Quando de nossa visita, havia nove idosos internados, todos dependentes.

Cada um dos internos aqui contribui com valores entre 400 e 600 reais/ mês. 90% deles possuem
algum plano de saúde e a grande maioria usufrui de serviços de fisioterapia.

A instituição conta com quatro auxiliares de enfermagem, uma nutricionista, um auxiliar de serviços
gerais e uma cozinheira.

De maneira geral, pode-se afirmar que a instituição encontra-se plenamente adequada no que diz
respeito a sua estrutura física e que as condições de higiene são boas.

Cada idoso possui uma pasta onde estão todos os registros relevantes e os medicamentos estão
bem acondicionados.

1. ASILO SÃO VICENTE DE PAULA - um bom padrão

O asilo São Vicente de Paula ( Rua Maria Leonia Milito, 499) foi fundado em 1952. Nossa visita
pôde perceber um bom padrão de atendimento aos idosos nessa tradicional instituição londrinense.

O asilo recebe verbas públicas (5 mil reais da prefeitura) e recolhe dos internos 126 reais/mês. O
total de suas despesas mensais fica em torno dos 20 mil reais.

Quando de nossa visita havia 120 idosos internados, sendo que, desse total, cerca de 70
apresentavam um quadro de dependência.

Trabalham na instituição 24 pessoas. O asilo é campo de estágio para a Universidade do Norte do


Paraná (Unopar), o que lhe assegura a presença de vários formandos em múltiplas disciplinas.

Há um programa consistente de atividades com os internos envolvendo trabalhos manuais, música


e dança, jardinagem, etc.

1. CENTRO DE APOIO GERIÁTRICO - padrão médico de qualidade

O Centro de Apoio Geriátrico de Londrina (Rua Santos Dumont, 975) funciona desde 1987. Seu
atendimento pode ser considerado padrão, especialmente pelos cuidados à saúde do idoso.

Quando de nossa visita, havia 20 idosos internados. Cerca de 70% deles com um quadro de
dependência.

O centro possui 1800 metros quadrados de área e 1000 metros quadrados de área construída. O
aluguel é de 3.300 reais. Sua despesa fica em torno dos 17 mil reais/ mês. Os internos pagam um
valor básico de 920 reais e arcam com os custos de fraldas e medicamentos, entre outras
despesas.

15 pessoas trabalham aqui e os recursos humanos disponíveis são de alta qualidade.

Há um programa consistente de atividades para os internos envolvendo terapia ocupacional,


fisioterapia, atividades recreativas, etc.

O espaço físico é bom e está completamente adaptado; há cuidados com a higiene.

Alguns dos idosos recebem visitas diariamente.

c) RECOMENDAÇÕES:

I - Que seja instalado, imediatamente, o Conselho Nacional do Idoso.

II - Que o governo federal crie, imediatamente, a Coordenação Nacional da Política do Idoso.

III - Que o Programa Nacional de Cuidadores de Idosos, instituído pela portaria


interministerial 5.153/99, que prevê a formação de recursos humanos para tratamento
domiciliar e institucional de idosos seja, finalmente, executado.

IV - Que as instituições tipicamente asilares sejam, progressivamente, desativadas em favor


de uma política pública que privilegie o atendimento domiciliar, as Casas Lares , os
Hospitais-Dia e os Centros de Convivência, conforme diretrizes da Política Nacional do
Idoso.

V - Que, em caráter emergencial, o governo federal, os governos estaduais e as prefeituras,


assegurem o deslocamento para instituição de natureza hospitalar de todos os idosos
portadores de doenças infecciosas ou que necessitem de assistência médica permanente ou
de cuidados intensivos de enfermagem que estejam internados em instituições asilares de
caráter social, garantindo, desta forma, o disposto pelo parágrafo único do inciso IX do
artigo 4 da Lei 8.842/94.

VI - Que o Poder Público assegure, através da fiscalização sistemática, que as instituições


destinadas ao cuidado e tratamento de idosos atendam, além do disposto pela legislação e
normas municipais ( Plano Diretor, Código de Edificações, Normas de Prevenção de
Incêndio, entre outras) , pelo menos, as seguintes necessidades físico-espaciais, mantidas
as proporções de acordo com as diferentes modalidades de tratamento:

1) Programa para uma casa com 20 idosos Dimensão mínima (m2 )

a. Sala para direção administrativa ......................................................12,00


b. Sala atendimento multiprofissional..................................................12,00
c. Sala de convivência..........................................................................30.00
d. Sala de enfermagem.........................................................................10,00
e. Almoxarifado...................................................................................10,00
f. Refeitório.........................................................................................30,00
g. Cozinha............................................................................................16,00
h. Área de serviço/lavanderia (com tanque)........................................04,00
i. Depósito .......................................................................................04,00
j. Banheiros p/func.com armários (masc e fem.)................................06,00
k. Dormitórios (máximo para 4 pessoas e 5 m2 por .........................100,00
l. Banheiros ( pelo menos 1 vaso para cada 5 idosos e 1 chuveiro para 10)
m. Áreas externas p/atividades (no mínimo 1 m2 por idoso)................20,00

2) As instituições de cuidado e tratamento de idosos devem estar situadas em locais com facilidade
de acesso ao transporte coletivo e, preferencialmente, próximas aos serviços de saúde do
município, serviços de comércio e espaços de lazer e cultura, favorecendo a integração do idoso,
independente e mesmo o dependente, à comunidade do entorno.

3) As instituições de cuidado e tratamento de idosos devem ser compreendidas como locais de


moradia prevendo, portanto, a participação dos usuários na definição das rotinas e normas de
convivência bem como na qualificação individualizada dos ambientes, destacadamente aqueles
mais íntimos e reservados como os quartos . Deve-se estimular, que nesses espaços, os idosos
possam ter acesso a uma série de elementos que atuem sobre sua memória física e afetiva.

4) As instituições de cuidado e tratamento de idosos devem ser, preferencialmente, de um único


pavimento térreo. Todas os desníveis externos ou internos devem ser dotados de rampas e
escadas, de fácil limpeza e conservação, antiderrapantes, uniformes e contínuos.

5) Nos caminhos, nas áreas de circulação e em locais específicos onde os idosos precisam de
apoio (banheiros, rampas, escadas, etc.) as instituições devem contar com corrimões conforme
especificado pela NBR 9050/ABNT.

6) Rampas e escadas devem ser executadas segundo as mesmas normas da ABNT, observadas
as exigências de corrimão e guarda-corpo. Complementarmente, destacam-se a necessidade de:

o No primeiro e último degrau da escada dotá-los de luz de vigília permanente;


o Executar o corrimão de forma a torná-lo contrastante em relação à parede onde for
fixado para fácil e rápida identificação e utilização;
o No caso de acesso à edificação, a escada e a rampa deverão Ter, no mínimo,
1,50m de largura;
o No início e no término das escadas deve ser instalada uma cancela, para controle
de fechamento e/ou abertura.

7) Corredores devem ter a largura mínima de 1,50m e ser dotados de corrimãos de ambos os
lados. Pisos, paredes e portas devem ser bem visualizados através de variações de revestimento
ou cor. Os corredores e demais áreas de circulação devem estar livres de qualquer obstáculo
(como móveis, vasos, etc.)

8) Os espaços de circulação externa devem contar com áreas verdes, com caminhos e bancos para
descanso à sombra, solarium protegido dos ventos e locais para jardinagem e outras atividades ao
ar livre. Os locais destinados à jardinagem e hortas devem ser providos de canteiros elevados
(como se fossem mesas, com altura indicada da parte superior de 0,70m) para possibilitar seu
manuseio por pessoas sentadas.

9) A área de circulação de veículos deve ser isolada da área de circulação externa de idosos.

10) As áreas internas devem ser dotadas de boa ventilação e contar com condições ideais de
iluminação natural e artificial. Os interruptores devem ser luminosos.

11) Todas as áreas internas devem ser dotadas de campainhas para emergência (nos dormitórios,
esse equipamento deve se situar junto à cabeceira das camas) e sistemas de segurança/prevenção
de incêndio com previsão de rápido e seguro escoamento de todos os residentes.

12) As portas que separam as diferentes peças da instituição devem possuir um vão livre igual ou
maior que 0,80m. As portas devem ser preferencialmente de correr, com trilhos embutidos no piso,
ou de abrir com dobradiças verticais, dotada de comando de abertura de alavanca. Deve ser
previsto 0,60m , contíguo ao vão da porta, para facilitar o alcance da maçaneta.

13) As janelas devem ter peitoris de 0,70m para melhorar a visibilidade, corrimão suplementar com
0,90m do piso para maior segurança e comando de abertura de alavanca, quando se tratar de
novas construções.
14) Os assentos de poltronas e cadeiras, com uma altura recomendada de 0,42 a 0,46m, devem
ser revestidos por material impermeável. É indicada a altura de 0,46 a 0,51m para as camas.

15) É expressamente vedado o uso de beliches e de camas de armar bem como a instalação de
divisórias improvisadas.

16) Os banheiros devem ser dotados de campainha de alarme. Não deve se utilizar revestimentos
que produzam brilhos e reflexos para evitar desorientação ou confusão visual. Os boxes para vaso
sanitário e chuveiro devem ter a largura mínima de 0,80m, além do espaço para o cuidador auxiliar
o idoso. Deve ser previsto, no mínimo, um box para chuveiro e um para vaso sanitário que permita
o uso de uma pessoa em cadeira de rodas, conforme especificações da NBR 9050/ABNT,
excetuada a altura da borda dos vasos sanitários que deve ser de 0,43m do chão.

17) Nos chuveiros não é permitido qualquer desnível em forma de degrau para conter a água.
Indica-se o uso de grelhas contínuas, desde que respeitada a largura máxima entre os vãos de
1,5m. Deve ser evitado o uso de cortinas de plástico e portas de acrílico ou vidro para o fechamento
do box de chuveiro. As barras de apoio devem ser instaladas e ter dimensões conforme a NBR
9050/ABNT, além de se, preferencialmente, em cortes contrastantes com a parede.

VII - Que seja aprovado o projeto de Lei n ......./2002, de autoria dos Deputados Marcos Rolim
(PT/RS) e Padre Roque (PT/PR) que estabelece normas básicas para o funcionamento dos
estabelecimentos que prestam atendimento integral institucional a idosos como Asilos,
Casas de Repouso, Clínicas Geriátricas e congêneres e dá outras providências.

PROJETO DE LEI Nº 6.163 DE 2002

(Dos Srs. Marcos Rolim - PT/RS e Padre Roque - PT/PR )

Estabelece normas básicas para o funcionamento de estabelecimentos que prestam


atendimento integral institucional a idosos como Asilos, Casas de Repouso, Clínicas
Geriátricas e congêneres e dá outras providências.

Art. 1) Considera-se estabelecimentos que prestam atendimento integral institucional a idosos


aqueles que, com denominações diversas, abrigam em caráter asilar pessoas com 60 anos ou
mais, sob regime de internato ou não, mediante pagamento ou não, durante um período
indeterminado.

Parágrafo único – Para efeitos dessa lei, não se consideram os estabelecimentos do tipo
"República de Idosos", "Centros de Convivência", "Centro-Dia" e "Casas Lares" com até 8 idosos.

Art. 2) Antes de iniciada a construção, reforma ou instalação de qualquer estabelecimento


destinado ao atendimento integral institucional a idosos, a Autoridade Sanitária deverá ser
consultada emitindo parecer quanto ao local e ao projeto.

Parágrafo primeiro - O habite-se será fornecido, após vistoria feita pela Autoridade Sanitária.

Parágrafo segundo - O alvará de funcionamento só será fornecido após aprovação pela


Autoridade Sanitária do projeto de atendimento aos idosos onde deverá constar, obrigatoriamente,
a equipe técnica a ser contratada, a grade de atividades a ser oferecida aos internos e o plano de
viabilidade financeira da instituição.

Art. 3) Os responsáveis pelos estabelecimentos de atendimento integral institucional a idosos ficam
obrigados a repassar, no ato de ingresso do idoso na instituição, cópia da presente Lei aos
familiares e a fixá-la no interior da instituição, em local visível e de fácil acesso a todos os internos.

Art. 4) Os estabelecimentos de atendimento integral institucional a idosos serão cadastrados pela
Autoridade Sanitária em três modalidades distintas: Modalidade I, destinada a idosos
independentes ; Modalidade II, destinada a idosos independentes e a idosos com dependência
moderada e Modalidade III, destinada a idosos com dependência total em pelo menos uma
atividade de vida diária (AVD).

Art. 5) Os estabelecimentos de atendimento integral institucional a idosos cadastrados na


modalidade I terão capacidade máxima de 40 internos; os cadastrados na modalidade II terão
capacidade máxima de 22 internos e os cadastrados na modalidade III terão capacidade máxima
de 20 internos.

Art. 6 ) Além do já disposto pela Legislação Municipal (Plano Diretor, Normas de Edificação,
Normas de Prevenção de Incêndio, entre outras) , os estabelecimentos de atendimento integral
institucional de idosos devem observar, pelo menos, as seguintes necessidades físico-espaciais,
mantidas as proporções de acordo com as diferentes modalidade de tratamento:
 

Programa para uma casa com 20 idosos Dimensão Mínima (m2)

a. Sala para direção administrativa............................................... 12,00


b. Sala de atendimento multiprofissional..................................... 12,00
c. Sala de convivência.................................................................. 30,00
d. Sala de Enfermagem................................................................. 10,00
e. Almoxarifado............................................................................ 10,00
f. Refeitório.................................................................................. 30,00
g. Cozinha..................................................................................... 16,00
h. Área de Serviço/lavanderia (com tanque)................................. 04,00
i. Depósito Geral.......................................................................... 04,00
j. Banheiros para funcionários com armários............................... 06,00
k. Dormitórios (máximo para 4 pessoas e 5 m2 por leito)........... 100,00
l. Banheiros (pelo menos um vaso para cada 5 idosos e 1 chuveiro

c/água quente para cada 10 idosos)

m. Áreas externas p/atividades (com um mínimo de 1 m2 por idoso) 20,00

Art. 7) As instituições de cuidado e tratamento de idosos devem estar situadas em locais com
facilidade de acesso ao transporte coletivo e, preferencialmente, próximas aos serviços de saúde
do município, serviços de comércio e espaços de lazer e cultura, favorecendo a integração do idoso
independente e, mesmo, do dependente à comunidade.

Art. 8) As instituições de cuidado e tratamento de idosos devem ser compreendidas, para todos os
efeitos, como locais de moradia prevendo, portanto, a participação dos usuários na definição das
rotinas e normas de convivência, bem como na qualificação individualizada dos ambientes,
destacadamente aqueles mais íntimos e reservados como os quartos. Deverão estimular que,
nesses espaços, os idosos possam ter acesso a uma série de elementos que atuem sobre sua
memória física e afetiva.

 
 

Art. 9) As instituições de cuidado e tratamento de idosos devem ser, preferencialmente, de um


único pavimento térreo. Todos os desníveis externos ou internos devem ser dotados de rampas e
escadas, de fácil limpeza e conservação, antiderrapantes, uniformes e contínuos.

Parágrafo único - as rampas devem possuir declividade máxima de 5 %, piso antiderrapante e


proteção lateral. Se externas, deverão ser cobertas.

Art. 10) Nos caminhos, nas áreas de circulação e em locais específicos onde os idosos precisam
de apoio (banheiros, rampas, escadas, etc.) as instituições devem contar com corrimões conforme
as especificações da ABNT.

Art. 11) Rampas e escadas devem ser executadas segundo as mesmas normas da ABNT,
observadas as exigências de corrimão e guarda-corpo. Complementarmente, destaca-se a
necessidade de:

o No primeiro e último degrau da escada dotá-los de luz de vigília permanente;


o Executar o corrimão de forma a torná-lo contrastante em relação à parede onde for
fixado para fácil e rápida identificação e utilização;
o No caso de acesso à edificação, a escada e a rampa deverão ter, no mínimo,
1,50m de largura.
o No início e término das escadas deve ser instalada uma cancela, para controle de
fechamento e/ou abertura.

Art. 12) Os corredores devem ter a largura mínima de 1,50m e ser dotados de corrimãos de ambos
os lados. Pisos, paredes e portas devem ser bem visualizados através de variações de
revestimento e cor. Os corredores e demais áreas de circulação devem estar livres de qualquer
obstáculo (como móveis, vasos, etc.)

Art. 13) Os espaços de circulação externa devem contar com áreas verdes, com caminhos e
bancos para descanso à sombra , solarium protegido dos ventos e locais para jardinagem e outras
atividades ao ar livre. Os locais destinados à jardinagem e hortas devem ser providos de canteiros
elevados para possibilitar o manuseio por pessoas sentadas.

Art. 14) A área de circulação de veículos deve ser isolada da área de circulação externa dos
idosos.

Art. 15) Todas as áreas internas devem ser dotadas de campainhas para emergência e sistema de
segurança/prevenção contra incêndios, com previsão de rápido e seguro escoamento de todos os
residentes. Nos dormitórios, haverá campainha em cada cabeceira de cama.

Art. 16) As portas devem ter um vão livre igual ou maior que 0,80m sendo, preferencialmente, de
correr (com trilhos embutidos no piso) ou de abrir com dobradiças verticais, dotadas de comando de
abertura e alavanca.

Art. 17) Cadeiras, poltronas e sofás devem ser revestidos por material impermeável e a altura dos
assentos deve ser entre 0,42 e 0,46m.

Art. 18) Nos dormitórios, cada interno disporá de espaço próprio e móveis para uso particular de tal
forma que possa guardar seus pertences e ter a eles acesso privado.

 
 

Art. 19) As camas terão altura entre 0,46 e 0,51m sendo expressamente vedado o uso de beliches
e de camas de armar, bem como a instalação de divisórias improvisadas.

Art. 20) Os banheiros contarão com, pelo menos, um box para vaso sanitário e chuveiro que
permita o uso por uma pessoa em cadeira de rodas conforme especificações da ABNT, excetuada
a altura dos vasos sanitários que deve ser de 0,43m do chão.

Art. 21) Os banheiros deverão contar com piso antiderrapante , campainha de alarme, e barras de
apoio em cores contrastantes com a parede.

Art. 22) É expressamente vedada a permanência de qualquer pessoa portadora de doença que
exija assistência médica permanente ou cuidados intensivos de enfermagem em instituições
asilares de caráter social.

Art. 23) As instituições deverão proceder a separação do lixo contaminado, acondicionando-o em


sacos plásticos diferenciados por cor e sinalização não permitindo o seu transporte por áreas de
cozinha e/ou armazenagem de alimentos.

Parágrafo único – compreende-se, para os efeitos dessa lei, como lixo contaminado resíduos
como curativos, seringas e agulhas, caixas ou recipientes usados de medicamentos e restos de
alimentos.

Art. 24) Todos os idosos, ao serem admitidos na instituição, deverão ser registrados em ficha
cadastral própria, de acordo com norma própria da Autoridade Sanitária. Cada um deles terá
prontuário próprio para registro de sua evolução e controle de medicação.

Art. 25) Não serão admitidas restrições de horários ou de dias da semana às visitas aos idosos. Os
internos têm o direito de receberem familiares e amigos a qualquer momento, bastando para isso a
sua vontade.

Art. 26 ) Cada instituição de atendimento aos idosos colocará um telefone à disposição dos
internos, permanentemente, definindo com eles as normas para seu uso racional.

Art. 27) Cada instituição deve possibilitar aos internos condições de deslocamento para atividades
externas e visitações a Igrejas, museus, praças, cinemas, teatros, praças esportivas, mercados,
etc.

Art. 28) Essa lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 29) As instituições já existentes de atendimento de idosos deverão encaminhar à Autoridade


Sanitária, no prazo de 9 0 (noventa) dias a contar da publicação desse Lei, seu cronograma de
adaptação às normas aqui definidas.

Parágrafo primeiro - O cronograma de adaptação de que trata o caput  desse artigo deverá prever
uma primeira fase de reformas para o primeiro ano de vigência da Lei e uma Segunda fase de
adaptação final até o final do segundo ano de vigência.

Parágrafo segundo - As entidades que, após o prazo de dois anos de vigência da Lei, não tiverem
realizado as adaptações necessárias ao cumprimento das normas aqui definidas, serão
interditadas.

 
 

JUSTIFICATIVA

Em outubro do ano de 2001, realizamos, pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal,
a "V Caravana Nacional de Direitos Humanos" que escolheu como tema a realidade das
instituições asilares que prestam atendimento a idosos. Estivemos em 4 estados brasileiros: São
Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraná. Visitamos um total de 28 instituições e pudemos
recolher uma amostra significativa de uma realidade dramática e, ainda hoje, pouco conhecida em
nosso país.

O que vimos consta do relatório específico da Caravana que, a exemplo do que ocorreu com todas
as demais, alinhavou, também, recomendações e medidas para o enfrentamento do problema. O
presente projeto de Lei procura enfrentar um dos aspectos mais agudos da questão: a realidade
das instituições asilares que vêm se multiplicando à margem de qualquer legislação específica de
âmbito nacional.

Registre-se a relevância do tema em um país que envelhece rapidamente. Segundo todos os


levantamentos e estudos sobre o perfil demográfico brasileiro, temos que nossa população vem
envelhecendo proporcionalmente desde os anos 60. Esse processo está largamente condicionado,
de um lado, pela redução abrupta, nas últimas décadas, da natalidade no Brasil e, de outro, pelo
aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Atualmente, temos cerca de 14 milhões de pessoas
com 60 anos ou mais, o que perfaz 9,1% da população. Dentro de 20 anos, os idosos brasileiros
serão 32 milhões e representarão cerca de 18% do total da população. Essas estimativas deverão
situar o Brasil em sexto lugar no ranking das populações idosas no mundo (!)

Essa mudança de perfil demográfico no Brasil repercute largamente sobre as políticas sociais e já
altera as demandas dos serviços de saúde, por exemplo. Do total de idosos no Brasil, estima-se
que cerca de um milhão e setecentos mil deles vivem abaixo da linha de pobreza. Desse universo
de idosos em situação de miserabilidade, cerca de 450 mil passaram a receber benefícios de
prestação continuada previstos pela LOAS. Temos, portanto, seguramente, mais de um milhão de
idosos desamparados em nosso país. Uma parte significativa desses idosos encontra-se, hoje, em
instituições do tipo asilar. Nas próximas décadas, o problema tende a se agravar substancialmente.

Desde a aprovação da Política Nacional do Idoso – Lei 8.842 de 04 de janeiro de 1994 e do


Decreto1.948 de 03 de julho de 1996 – abriu-se no país uma nova fase para a elaboração de
políticas públicas de proteção e amparo ao idoso. Esse processo, que poderá ter com a aprovação
do Estatuto do Idoso um passo ainda mais significativo, não foi capaz, até agora, de regrar
efetivamente as instituições que prestam serviços na área de atenção aos idosos. Os únicos
instrumentos de que dispomos são duas portarias regulamentadoras: a primeira, de número 810 de
22 de setembro de 1989, do Ministério da Saúde e a segunda, de número 73 de maio de 2001, do
Ministério da Previdência Social. Independentemente da qualidade desses dois documentos, o fato
é que eles tem servido muito mais como uma referência técnica ou um padrão ideal do que como
um conjunto de regras operantes e delineadoras de uma política capaz de alterar o perfil atual dos
asilos e instituições congêneres.

Que perfil é esse? Pelo que pudemos observar em nossa viagem, a grande maioria das instituições
asilares no Brasil não dispõem das mínimas condições de funcionamento e, por decorrência, estão
incapacitadas de oferecer aos idosos que abrigam um padrão de vida digno. Como regra, os Asilos,
Abrigos, Casas de Repouso, Lares de Idosos ou mesmo Clínicas Geriátricas, são , na verdade,
depósitos de seres humanos que aguardam silenciosamente pela morte.

As instituições que visitamos, com honrosas exceções, estavam superlotadas. Alguns dos
alojamentos funcionavam como se fossem enfermarias de campanha em condições deploráveis de
higiene, sem o necessário apoio técnico e, rigorosamente, sem oferecer qualquer cuidado aos
internos. Em várias instituições vimos pessoas sem qualquer formação manipulando medicamentos
acondicionados fora de suas embalagens em vidros rotulados com os nomes dos idosos. Em
outros, constatamos falta de comida e alimentos em estado avançado de putrefação. Normalmente,
essas instituições são verdadeiras armadilhas para os idosos. Algumas são escuras e cheias de
obstáculos arquitetônicos; muitas funcionam em prédios com mais de um andar, possuem escadas
perigosas ou rampas íngremes. Seus pisos não contam com adaptações antiderrapantes, seus
banheiros, além de fétidos não oferecem amparos ou adaptações indispensáveis à segurança dos
internos. Como decorrência, as quedas fazem parte do cotidiano dessas instituições e vitimam
idosos a todo momento. Dificilmente tais estabelecimentos contam com serviços de profissionais
habilitados na área de saúde. Quando muito, há a prestação de serviços dessa natureza, em
caráter esporádico, como trabalho voluntário. Os internos não contam com qualquer estímulo a sua
autonomia. Permanecem todo o dia, em regra, sem qualquer tipo de atividade. Muitos deles
descrevem essa rotina afirmando que nos lugares onde foram abandonados o que se faz é "comer
e dormir". Boa parte dessas instituições recebem idosos independentes e idosos com uma situação
de dependência grave. Outras, terminam por ser, também, depósitos de doentes mentais, idosos ou
não. Não raro, há casos de maus tratos e denúncias de violências praticadas contra os idosos por
aqueles que deveriam lhes estar oferecendo cuidados. Em Recife, por exemplo, em uma das
instituições que visitamos, encontramos uma senhora, perfeitamente lúcida e saudável, que era
amarrada em uma cadeira de balanço, todos os dias. Seus "cuidadores" adotaram esse
procedimento para que ela não fumasse (!)

O quadro mais grave, não obstante, é mesmo o do abandono dos idosos nessas instituições. Se
sabemos que muitos dos estabelecimentos de atenção a idosos no Brasil funcionam, efetivamente,
como pequenas empresas lucrativas onde, inclusive, proprietários manipulam cartões bancários
dos internos se apropriando de suas aposentadorias, pensões ou benefícios de prestação
continuada, também é necessário registrar que a maioria das instituições enfrenta toda a sorte de
dificuldades financeiras e sobrevive graças à caridade pública. Há, de fato, da parte de vários dos
administradores e proprietários desses estabelecimentos, uma genuína disposição filantrópica e,
em alguns casos, uma dedicação elogiável aos internos. Estabelecimentos com essas
características devem receber, então, de parte do poder público, o apoio necessário e, através de
convênios, também os recursos financeiros indispensáveis. Para isso, entretanto, devem se adaptar
a normas elementares de funcionamento pelas quais se pretende, a um só tempo, revitalizar a rede
filantrópica de assistência e superar, paulatinamente, as características mais marcantes de um
modelo asilar que tem sido, antes de tudo, responsável pela produção de sofrimento.

As disposições que apresentamos nesse projeto de lei procuram recolher algumas das orientações
centrais das portarias técnicas já citadas – precisamente as que possuem uma natureza básica de
caráter permanente - concentrando as atenções nas instituições definidas como prestadoras de
"atendimento integral institucional" , tema cuja urgência dispensa maiores comentários.
Recolhemos, igualmente, algumas das sugestões oferecidas pela SBGG (Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia) – seção São Paulo e algumas das normas do decreto regulamentador dos
asilos promulgado pela Prefeitura Municipal de Londrina (PR), recentemente. Introduzimos algumas
disposições de conteúdo garantista que expressam nossa sensibilidade após a realização da V
Caravana e nos inspiramos, também, nos esforços realizados pela CPI do Idoso da AL/RJ.
A aprovação desse projeto de lei, para o qual solicitamos a atenção dos nobres pares, é
fundamental para que tenhamos a força legal capaz de impulsionar uma verdadeira mudança no
perfil institucional dos estabelecimentos que prestam cuidados aos idosos no Brasil. Com uma Lei
dessa natureza, estados e municípios poderão dispor de uma referência para o desenvolvimento de
políticas públicas humanistas que se somem aos esforços que devemos realizar para a garantia de
um envelhecimento com qualidade de vida para todos os brasileiros.

Deputado Marcos Rolim – PT/RS Deputado Padre Roque - PT/PR

d) ANEXOS:

d-1) - TERMINOLOGIA
 

Listamos, a seguir, algumas expressões e conceitos bastante empregados quando tratamos de


políticas públicas com relação aos idosos, definindo-as sumariamente com base nos documentos
oficiais.

1) Ação terapêutica - processo de tratamento de um agravo à saúde por intermédio de medidas


farmacológicas e não farmacológicas, tais como: mudanças no estilo de vida, abandono de hábitos
nocivos, psicoterapia, entre outros.

2) AIH (Autorização de Internação Hospitalar) - documento de autorização e fatura de serviços


hospitalares do SUS, que engloba o conjunto de procedimentos realizados em regime de
internação.

3) Assistência domiciliar - assistência realizada na residência do idoso mediante o fornecimento


de equipamento e desenvolvimento de ações terapêuticas mais complexas, implicando em
orientação e supervisão sistemática do cuidador domiciliar.

4) Autodeterminação - capacidade do indivíduo exercer sua autonomia, de decidir sobre sua vida.

5) Cuidador - pessoa, membro ou não da família, que cuida do idoso dependente ou doente, com
ou sem remuneração. Suas tarefas envolvem o acompanhamento das atividades diárias do idoso e
seu auxílio na alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina e outros serviços necessários
excluídos aqueles para os quais sejam requeridos técnicas ou procedimentos identificados com
profissões legalmente estabelecidas, particularmente na área de enfermagem.

6) Deficiência - expressão de processo patológico, como uma alteração de função de sistemas,


órgãos e membros do corpo, que podem ou não gerar incapacidade.

7) Demência - síndrome progressiva e irreversível, composta de múltiplas perdas cognitivas


adquiridas e pela presença de um estado de confusão mental aguda (de uma desorganização
súbita do pensamento). As funções cognitivas a serem afetadas pela demência incluem a memória,
a orientação, a linguagem, a práxis, a agnosia (incapacidade de reconhecer informações
sensoriais), as construções, a prosódia (boa pronúncia) e o controle executivo.

8) Geriatria - ramo da ciência médica voltado à promoção da saúde e o tratamento das doenças e
incapacidades da velhice.

9 ) Gerontologia - área do conhecimento científico voltado para o estudo do envelhecimento em


sua perspectiva mais ampla, em que são levados em conta não somente os aspectos clínicos e
biológicos, mas também as condições psicológicas, sociais, econômicas e históricas.

10) Dependência - é a condição daquele que requer o auxílio de outras pessoas para realização de
atividades da vida diária.

11) Idoso - A Organização das Nações Unidas (ONU) , desde 1962, considera idoso o indivíduo
com idade igual ou superior a 60 anos. O Brasil, no texto da Lei 8.842/94 adota esse mesma
definição. (Art. 2 do capítulo I)

12) Incapacidade - deficiência no desempenho de determinada função na extensão, amplitude e


intensidade consideradas normais.
13) Iatrogenia - qualquer agravo à saúde causado por uma intervenção médica.

d-2) - DOENÇAS MAIS COMUNS NA VELHICE E CUIDADOS BÁSICOS

Em 1999, o Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS e a Secretaria de Estado de


Assistência Social – SEAS, editaram um documento com informações básicas sobre o cuidado com
os idosos. ("Idosos, Problemas e Cuidados Básicos") Trata-se de um trabalho muito útil aos idosos,
em primeiro lugar, mas, notadamente àqueles que convivem com idosos ou que atuam
profissionalmente como cuidadores. Selecionamos, para esse registro em anexo, as observações
do documento citado, elaboradas por uma qualificada equipe de profissionais, a respeito das
doenças mais comuns na velhice. Pela linguagem simples e acessível, julgamos que a reprodução
desse capítulo pode interessar a todos.

(....) "Preliminarmente temos que lembrar que velhice não significa doença. Todos nós podemos
chegar a idades mais avançadas "vendendo saúde" se nos prepararmos para isso com hábitos de
vida saudáveis: alimentação correta, exercícios físicos, trabalho e alegria de viver. Estudos
realizados em nosso país mostram que grande número de idosos têm boa saúde e só 18%
apresentam problemas importantes.

Mas se prestarmos atenção aos idosos que têm problemas de saúde, poderemos observar que há
algumas doenças que são mais comuns entre eles. Temos certeza que todos já encontraram
idosos com hipertensão, diabetes, doenças dos ossos ou das juntas, doenças do coração,
ressecamento do intestino, depressão e, em menor número, com câncer, doenças do pulmão,
como bronquite ou enfisema, ou com doenças infecciosas, como pneumonia ou infecção urinária.

Os idosos freqüentemente apresentam várias doenças ao mesmo tempo e geralmente elas são de
longa duração, sendo que muitas não tem cura, mas têm tratamento para controlá-las e permitir
que a pessoa continue vivendo normalmente, igual aos outros.

Por outro lado, em alguns casos as doenças podem levar à imobilidade, às quedas, à confusão
mental, à incontinência (perda involuntária da urina ou fezes) ou a várias alterações causadas pela
falta, excesso ou erro na medicação ou na dieta.

Faremos algumas considerações à respeito das doenças mais freqüentes:

Hipertensão arterial
 

É sem dúvida, uma das doenças mais comuns entre os idosos. A Organização Mundial de Saúde
considerou os valores de 140/90 mmHg como sendo os níveis limítrofes, acima dos quais o
indivíduo é considerado hipertenso. No idoso, porém, os valores são de 160 mmHg ou mais para
pressão sistólica e 95 mmHg ou mais para pressão diastólica.

A hipertensão é muito importante, porque, quando não controlada, pode ser a causa de várias
doenças, principalmente o derrame, a angina (dor no coração) e o infarto.

Quase nunca a causa da hipertensão é conhecida, no entanto, existem fatores considerados de


risco que podem favorecer o seu aparecimento. Assim, são considerados os fatores constitucionais
e os ambientais.

Fatores constitucionais entre os quais alguns são da própria pessoa, não se podendo fazer nada
para evitá-los, como:

· Idade: a média da pressão arterial é maior quanto maior for a faixa etária;

· Sexo: é mais freqüente em mulheres;

· Fatores genéticos: é mais comum na raça negra e nos descendentes de hipertenso.

Fatores ambientais são dependentes da vontade da pessoa, como:

· Ingestão excessiva de sal;

· Álcool: a ingestão de três doses de bebida diariamente favorece a hipertensão;

· Gordura: principalmente a animal;

· Tabagismo;

· Fatores ligados ao trabalho: estresse, ruído, calor excessivo;

· Excesso de peso.

A hipertensão pode ser uma doença leve, moderada ou grave e é o médico que vai verificar isso
para poder tratar o paciente, sendo por vezes necessário tomar remédios e outras vezes não.

Independente da gravidade da doença algumas medidas sempre deverão ser tomadas e são tão
importantes quanto os remédios. São elas:

 
· Redução da ingestão de sal;

· Redução do peso corporal para os pacientes obesos;

· Redução da ingestão de gordura;

· Eliminação do consumo de bebidas alcoólicas;

· Prática de exercícios físicos aeróbicos (caminhada, natação, dança);

· Abandono do fumo;

· Aumento do teor de alimentos com fibras na alimentação.

O paciente hipertenso deverá ser acompanhado sempre pelo médico e é este profissional que
indicará a freqüência das consultas. Quando o paciente puder pertencer a uma "liga de
hipertensos" ou outro serviço de saúde específico para hipertensos, será atendido por uma equipe
de vários profissionais que lhe ajudarão de uma forma muito mais completa a controlar a sua
doença.

Diabetes Mellitus

O diabetes mellitus é uma doença causada pelo aumento de açúcar (glicose) no sangue. O
pâncreas produz a insulina que controla a entrada de glicose nas células do corpo para que
possam produzir energia. Todas as vezes são ingeridos açúcares (massas e doces), o pâncreas
lança no sangue determinada quantidade de insulina necessária para o aproveitamento desses
alimentos.

No diabetes, tal mecanismo não funciona convenientemente. Em conseqüência, os açúcares


ingeridos não são aproveitados e o teor de glicose aumenta no sangue causando os sintomas da
doença. Por exemplo, a glicose em excesso é eliminada pelos rins carreando grande quantidade de
água e o paciente começa a urinar muito e ter muita sede; além disso, não sendo produzida energia
pelo aproveitamento da glicose, o organismo retira essa energia das gorduras ocasionando
emagrecimento.

Para que uma pessoa fique diabética, em geral, é preciso que seja predisposta ao diabetes, sendo
que vários fatores podem favorecer o aparecimento da doença, tais como: obesidade,
sedentarismo, infecção, trauma emocional ou determinados medicamentos.

O diabetes no jovem se manifesta principalmente pelos seguintes sintomas: urina muito, sente
muita sede, come muito e perde peso. Pode sentir também fraqueza e prurido vulvar (coceira nos
genitais da mulher). Estes pacientes geralmente não produzem insulina e, por isso, precisam fazer
uso diário desta substância.

As pessoas que apresentam diabetes em idades mais avançadas (quase sempre após os 40 anos),
geralmente não precisam usar insulina porque elas produzem um pouco, só que ela não funciona
adequadamente. Estes pacientes muitas vezes têm que tomar remédios orais para ajudar no
controle da doença. A forma clínica pode ser atípica, diferente dos sintomas dos jovens.

Perda de peso, fadiga, prurido vulvar, infecção do trato urinário ou incontinência urinária, são
alguns sinais e sintomas presentes no idoso com diabetes mellitus. Vários pacientes se apresentam
ao médico já com complicações da doença, tais como: catarata, alterações nos rins, redução da
visão ou ulcerações crônicas nos pés. Isto se deve ao fato de muitos permanecerem sem sintomas
por um período prolongado de suas vidas.

As vezes o idoso com diabetes pode ter dormências nos pés, o que facilita que a pessoa se
machuque e não perceba, facilitando as infecções. As deformidades nos pés, o uso de cigarro, a
obesidade, a hipertensão arterial e o aumento de gorduras no sangue favorecem o aparecimento
de úlceras nos pés. Toda pessoa com diabetes deve observar os pés diariamente.

O paciente com diabetes também pode apresentar hipoglicemia, que é a diminuição

do açúcar no sangue. Nos pacientes que usam insulina pode ser conseqüente de dose
indevidamente elevada, administração em horário impróprio, falta ou insuficiência de uma

refeição ou exercício físico intenso fora da rotina do indivíduo. Os pacientes que tomam

remédios orais podem ter hipoglicemia quando associam bebida alcóolica em grande quantidade ou
permanecem em jejum prolongado. A hipoglecia no idoso pode se manifestar como confusão
mental ou dormências transitórias ou, às vezes, como nos jovens, com sudorese, tremores,
sensação de fraqueza e fome, palpitações e tontura. Nas hipoglecemias prolongadas e freqüentes
as funções renal e cardiovascular podem ser afetadas e aumenta a predisposição aos derrames e
quedas.

Os objetivos do tratamento do diabetes mellitus são: prevenir hiperglicemia após a pessoa ter se
alimentado (prevenir o aparecimento dos sintomas de perda da glicose como perda da glicose,
como perda excessiva de urina e desidratação), prevenir a hipoglicemia quando o paciente estiver
usando insulina ou remédio oral (confusão mental, sudorese, queda), atingir e manter o peso
corpóreo ideal, manter as gorduras do sangue (triglicerídeos e colesterol) em níveis normais e
prevenir ou retardar complicações vasculares, alterações da retina, dos nervos e dos rins.

Independente da idade de aparecimento do diabetes, além da insulina ou do remédio oral (quando


necessário) a dieta  e o exercício físico fazem parte do tratamento e são importantes quanto os
remédios.

O tratamento dietético consiste, basicamente, em reduzir e equilibrar a ingestão de açúcar (doces e


massas) para sobrecarregar o mínimo possível o mecanismo regulador deficiente da glicose
sangüínea, pois a alimentação de um diabético é uma dieta normal que contém calorias suficientes
para sua atividade e manutenção do peso e é adequada em proteínas, minerais e vitaminas. Os
alimentos devem ser distribuídos em 5 ou 6 refeições durante o dia, com horários regulares.

De modo geral, devem ser excluídos da dieta: açúcar e qualquer preparação que o contenha
sobremesas constituídas por doces, geléias, gelatinas, bombons, frutas adoçadas, refrigerantes,
bolos), mel, melado e rapadura. Usar adoçantes artificiais. Deve-se evitar bebidas alcoólicas,
carnes gordurosas, frituras, salame, toucinho, bacon, salsicha e pele de aves. Os vegetais folhosos
em geral, tomate, pimentão e jiló podem ser ingeridos à vontade e os demais devem obedecer
prescrição individual de quantidades, haja vista não ter restrição a nenhum.

Incluir alimentos protéicos de alta qualidade, como carne e leite em quantidade moderada.

O consumo de frutas deve ser estimulado, observando-se as limitações, principalmente para a


banana ( 1 unidade/dia), caqui (1 unidade/dia), uva (15 unidades/dia) e manga (1 unidade/dia).

Outro ponto fundamental no tratamento é o exercício físico, pois ele contribui para a redução do
peso corporal, melhora o controle da glicose no organismo, permite mais liberdade na dieta e
diminui a dose do remédio oral ou da insulina. Melhora também, o estado circulatório, psíquico e
físico em geral. São recomendados os exercícios aeróbicos, como a caminhada, por períodos de 20
a 30 minutos. Deve-se realizar uma avaliação cardiovascular adequada inicialmente. A quantidade
de exercícios deverá ser incrementada progressivamente.

Doenças músculo-esqueléticas

As queixas mais freqüentes entre os pacientes idosos relacionada com "reumatismos" são dores
nas cadeiras (coluna lombar ou lombalgia), dores nas costas, dores nas pequenas e grandes juntas
do corpo (articulações do ombro, quadril, joelhos e mãos) e dores musculares. Essas dores podem
ser causadas por diversas doenças que recebem o nome geral de "reumatismo".

Entre elas a mais comum é a osteoartrose, ou simplesmente artrose. A artrose é uma doença que
poderíamos dizer, típica do envelhecimento, pois ela é causada pelo envelhecimento das
cartilagens articulares, fato que determina o "desgaste das juntas" e causam dor. É nesta doença
que aparecem os bicos de papagaio nas radiografias. Outras doenças músculo-esqueléticas que
determinam dores e alterações nas pessoas idosas são: osteoporose ("ossos frágeis e
quebradiços"), artrite reumatóide ("reumatismo deformante das mãos e punhos"), gota ("alteração
devido aos níveis sangüíneos elevados do ácido úrico"), cânceres ósseos, entre outras.

É claro que sendo doenças diferentes, devem ser prevenidas e tratadas de modo diferente.
Entretanto, existem alguns pontos comuns que podem ser observados no sentido de ajudar e
orientar a pessoa idosa para uma busca correta de tratamento e/ou melhora de sua qualidade de
vida. Entre esses pontos podemos citar:

1. Toda pessoa que tem dor óssea, articular ou muscular intensa, que piora dia-a-dia, que não
melhora com analgésicos comuns, que são acompanhadas de outros sintomas, como febre e
emagrecimento, devem ser orientadas no sentido de procurar assistência médica.

2. As pessoas obesas devem ser orientadas para perder peso, pois este é um fator agravante de
dores articulares.

3. Os idosos que se recolhem a vida sedentária, devem ser estimulados a se expor ao sol e fazer
exercícios, como a caminhada, por exemplo, desde que o façam com segurança e de preferência
antes das 10h. da manhã. A dança também é um bom exercício físico, pois além da atividade física,
ajuda na socialização do idoso.

4. A dieta baseada em leite e derivados é útil na prevenção da osteoporose. Deve-se dar


preferência ao leite desnatado, queijo branco, ricota e coalhadas, para não elevar os níveis
sangüíneos de colesterol. Peixe é uma excelente fonte de vitamina D, que ajuda absorver o cálcio.

5. Evitar pegar pesos além dos limites para idade.

6. Evitar situações que possam propiciar quedas.

7. Evitar esforços repetitivos.

8. Abolir ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, fumo e café.

9. Para as pessoas da terceira idade que têm dores articulares por algum tipo de "reumatismo", do
tipo "inflamatório", nos períodos sem dor, estão muito bem indicados a hidroginástica e natação,
que são excelentes meios para ampliar os movimentos da juntas (articulações), uma vez que a
água anula a força da gravidade e auxilia nos exercícios. Também exercícios específicos para as
juntas das mãos e pendulares para os ombros ajudam o idoso a se libertarem de rigidez e
melhoram sua qualidade de vida.

Uma queixa muito comum entre os idosos é a dor lombar e a melhor maneira de preveni-la ou não
permitir que ela piore, é adotar bons hábitos posturais. Entre estes podemos destacar os seguintes:

1. Para dormir deve-se adotar posições corretas, isto é, não dormir em decúbito ventral ("de barriga
para baixo"). Se dormir sobre os ombros, o melhor é usar travesseiro alto. Se dormir em decúbito
dorsal ("barriga para cima"), pode-se usar travesseiro baixo. Deve-se escolher um colchão firme, de
consistência não tão dura como solo e nem irregular e mole. Ele deve ter a elasticidade necessária
para modelar e apoiar o corpo.

2. Procurar não ficar muito tempo sentado, e se o fizer, nunca sentar-se em bancos baixos sem
encosto, pois isso aumenta a curvatura da coluna lombar e piora ou desencadeia

dor. Evitar sentar-se em sofás e poltronas. Se tiver de permanecer sentado, não fazê-lo por muito
tempo e escolher cadeiras mais altas, com apoios dorso-lombar e para os braços.

3. Ao assistir televisão, colocar o aparelho de TV na altura dos olhos, nunca acima, para evitar
dores no pescoço.

4. Quando for apanhar um objeto do solo ou levantar algum peso, sempre flexionar o joelho e
aproximar o peso do corpo. Se a dor lombar já estiver instalada ou se instalar agudamente,
enquanto se procura ajuda médica, deve-se proceder da seguinte maneira:

· Repouso no leito é o principal item no tratamento da dor na coluna. Esse repouso deve ser feito
com as pernas encolhidas se o paciente deitar-se de lado ou com um apoio sob as pernas se
estiver em decúbito dorsal ("de barriga para cima").

· O uso de calor, como bolsa de água quente durante 20 minutos, por duas vezes ao dia, no local
da dor, também é um ótimo início de tratamento.

· Além disso, pode ser instituído também, o tratamento com medicamentos e/ou

fisioterapia. Entretanto, estes só devem ser prescritos por médicos.

· Nunca permitam que sejam feitas manipulações em pacientes idosos sem a orientação médica,
principalmente sem fazer radiografias, pois isto pode levar a conseqüências desastrosas. Muito
cuidado com massagistas não habilitados!
 

Osteoporose

A osteoporose é uma doença muito comum nos idosos, principalmente entre as mulheres depois da
menopausa. Com a osteoporose os ossos vão se tornando frágeis e quebradiços. Embora não
exista a cura para a osteoporose, ela pode ser controlada e muitas vezes prevenida. As principais
medidas na prevenção e/ou tratamento da osteoporose são:

· Exercícios: os exercícios que colocam o pé no solo, como caminhada, corrida e dança, são os
melhores. Eles devem ser feitos de 3 a 5 vezes por semana e de acordo com o

equilíbrio e capacidade de cada um, sem se expor a esforços exagerados. Também é útil que
esses exercícios sejam feitos nas primeiras horas da manhã, pois o sol, nesse horário contém mais
raios ultravioleta que fabricam vitamina D na pele, a qual é indispensável para a melhor absorção
do cálcio que favorece a fabricação do osso.

· Dieta rica em cálcio: esta é conseguida com leite e derivados, como já foi mencionado. Entretanto,
idosos, as vezes têm intolerância ao leite. Nesses casos recomenda-se o uso de cálcio
medicamentoso. O uso de farelo de casca de ovo proporciona cálcio à alimentação de modo
barato, entretanto a quantidade de casca de ovos requeridas para fornecer a quantidade de cálcio é
tão grande, que só esse método se torna impraticável

(em torno de 40 cascas de ovos para 800 mg de cálcio, que é a dose mínima diária).

· Terapia de Reposição Hormonal: é o melhor meio de se evitar e tratar a osteoporose na mulher,


onde ela é mais freqüente, na proporção de 10 para um homem. Na menopausa há, normalmente,
uma diminuição de produção do hormônio feminino, o estrogênio e com isso, inicia-se um processo
de perda óssea. Isso ocorre, em torno dos 50 anos. Se nessa fase a mulher procurar um
ginecologista e se submeter a um tratamento com

hormônios, certamente terá muito menor chance de desenvolver a doença.

Alterações dos órgãos dos sentidos

Os sentidos são partes do nosso organismo que servem para receber e sentir as mudanças no
meio ambiente em que nos encontramos. Existem nos seres humanos cinco sentidos: visão,
audição, olfato, paladar e tato.

 
 

Tato

Todos os órgãos dos sentidos podem sofrer alterações durante a velhice, menos o tato. Este
somente é prejudicado em presença de doenças e, mesmo assim, só em regiões especificas. Isto é
muito importante, pois nos permite perceber que sempre poderemos dar a mão amiga e o braço
carinhoso à pessoa querida, independente da sua idade.

Visão

A visão sofre várias alterações, o que leva a maioria dos idosos à necessidade de usar óculos para
enxergar as coisas de perto. Existem alterações importantes como, por exemplo, dificuldade de
distinguir as cores e/ou a profundidade, pois estes fatos contribuem para a queda. Algumas
doenças dos olhos são mais freqüentes em idades mais avançadas como o glaucoma e a catarata.
Estas são doenças crônicas e o paciente geralmente não sente nada por muito tempo, mas que se
não forem tratadas, podem levar à cegueira. Por essa razão todo o idoso deve ir ao oftalmologista
(médico de olhos) anualmente. Importante salientar que não há contra-indicação à cirurgia de
catarata por causa da idade. Em qualquer etapa da vida, mesmo com mais de 90 anos, a pessoa
pode se beneficiar com esta cirurgia. Somente a presença de doenças e não a idade pode contra-
indicar esse tipo de cirurgia.

Audição

A audição está diminuída em aproximadamente 30% nos idosos. Essa alteração, na

maioria das vezes, ocorre em razão do envelhecimento do sistema auditivo. Quando existe

mais de duas pessoas falando ou se a televisão estiver ligada e conversamos com um idoso,

mesmo saudável, haverá certamente dificuldade de comunicação. Outra causa relativamente fácil
de ser diagnosticada e tratada é o acúmulo de cera dentro dos ouvidos. Se há dificuldade de
audição, nem sempre adianta gritar. O idoso tem dificuldade com sons muito agudos, vozes muito
finas.

Se a pessoa tem dificuldade de audição o melhor a fazer é:


· verificar se há cera acumulada e providenciar a sua retirada por profissional competente (não use
cotonete ou qualquer outro objeto, pois ele empurra ainda mais o cerume para dentro do ouvido);

· não gritar ao tentar se comunicar com o idoso; fique diante dele, reduza as outras fontes de ruído
(televisão, rádio etc.), de modo que ele possa ler seus lábios ou entender seus gestos;

· lembrar que existem outras alterações menos comuns que também afetam a audição, como
tumores ou inflamações. Por isso é necessário levar o idoso ao otorrinolaringologista (médico que
examina os ouvidos, garganta e nariz) sempre que houver diminuição de audição.

Paladar e olfato

O paladar e o olfato também podem estar diminuídos. Isso faz com que o idoso perca, muitas
vezes, o interesse pela comida. É importante temperar bem os alimentos, não com muito sal, mas
com cebola, alho, cheiro verde e outros temperos, para evitar que o idoso fique desnutrido.

É bom lembrar que a alteração de qualquer órgão dos sentidos afeta muito a qualidade de vida do
idoso, trazendo conseqüências como isolamento e até depressão. Deve-se, portanto, estar atento
para pedir ajuda ao médico e poder corrigir, da maneira possível, o problema.

Considerações sobre alimentação no idoso

A alimentação é uma atividade básica para a sobrevivência e é influenciada por inúmeros fatores:
os aspectos sócio-culturais, a idade, o estado físico e mental, a situação econômica e o estado
geral de saúde. A forma de comer, os tipos de alimentos, a reunião em torno das refeições refletem
aspectos sociais e culturais importantes para interação e convivência comunitária.

Para o idoso essa atividade de vida diária assume papel relevante, uma vez que as doenças que os
idosos apresentam (doenças do coração, demência, artrites etc.) podem influenciar e alterar sua
habilidade e independência para alimentação. Como a população idosa está aumentando, também
cresce a freqüência de problemas relacionados à alimentação e nutrição.

Em vista disso, um dos primeiros cuidados com os alimentos está relacionado com a limpeza das
mãos e boca (incluindo a prótese dentária, se houver) antes e após as refeições.

É importante que as refeições sigam uma rotina regular, mantendo constantes os horários pré-
estabelecidos, os locais das refeições, os utensílios (pratos, talheres e copos). O horário, sempre
que possível, deve ser o mesmo da família do idoso, possibilitando-se assim a interação e o contato
das gerações. Mas, se o idoso apresentar um estado de grande confusão mental, recomenda-se
fazer refeições em ambiente tranqüilo, sem muito barulho. O cuidador deve anunciar a atividade
que fará ("Vamos começar a almoçar", "O cardápio de hoje é…", "Vou partir o frango") e estimular o
idoso a participar da atividade ("Poderia pegar o guardanapo, por favor"). Na medida do possível é
interessante que as refeições contenham os mesmos alimentos dos demais membros da família.
No entanto, em virtude da sensibilidade digestiva, cuidar, em especial, da higiene dos utensílios e
dos alimentos, evitando o uso de restos alimentares, de alimentos mal conservados, de enlatados e
embutidos. O local para as refeições deve ser bem iluminado (muitos idosos apresentam
diminuição da visão), arejado e tranqüilo. Os utensílios (pratos, talheres e copos) devem ser
resistentes e inquebráveis, colocando na frente do idoso apenas o que for realmente necessário,
evitando-se distrair sua atenção durante a alimentação. Caso ele seja muito confuso ou apresente
grande tremor nas mãos, sugere-se a utilização de toalhas antiderrapantes ou pratos com ventosas
de borracha que se fixam às mesas e, também, pratos com as laterais elevadas, evitando-se que a
comida seja derramada. Os copos e as xícaras podem ser adaptados, caso o idoso tenha
dificuldade em fechar os dedos ou pouca força muscular para levá-los à boca. A adaptação de
alças de diferentes tipos, o uso de tampas e canudos plásticos também ajudam. Quanto aos
talheres, esses podem ter seus cabos aumentados ou engrossados, dependendo da limitação de
movimentos do idoso. Para

aquele com grande tremor nas mãos indica-se aumentar o peso dos talheres contribuindo para
controlar ou modificar os tremores.

Os utensílios visam sempre aumentar a independência e a participação do idoso nas atividades de


vida diária. Mas é fundamental utilizar os adequados à idade e não infantizá-lo durante a
alimentação (por exemplo, caso ele apresente grande confusão mental ou limitação física que o
impeça de cortar a carne, esta deve ser colocada em seu prato já cortada em pequenos pedaços).

O cuidador deverá ser orientado pelo nutricionista e/ou médico, respeitando sempre possível as
preferências alimentares do idoso, e seguir com disciplina as dietas especiais nos casos de
doenças como, por exemplo, diabetes, hipertensão, obesidade etc. Essas dietas devem ser
nutritivas, equilibradas e conter os tipos de alimentos adequados, conforme o gráfico da página
seguinte.

Com a diminuição da sensibilidade do paladar e do olfato, indica-se usar na alimentação mais


temperos naturais como cebola, alho, tempero verde, ervas aromáticas, evitando pimenta e usando
moderadamente o sal.

Requer especial atenção a temperatura dos alimentos para se evitar acidentes. Em relação aos
idosos confusos procurar não misturar alimentos com consistência diferentes numa mesma refeição
(quando líquidos e sólidos são administrados juntos, o idoso tenderá a engolir os sólidos sem a
mastigação necessária). Deve-se, também, promover contraste de cor entre os alimentos e o prato,
e entre o prato e a toalha, visando facilitar a orientação e percepção visual.

A alimentação de idosos dependentes ou em estágios avançados de doenças é uma atividade que


requer tempo, tranqüilidade e habilidade. O cuidador deve utilizar palavras claras, frases curtas e
objetivas, e anunciar o que irá fazer, solicitando a colaboração do idoso, por menor que seja, e
utilizar palavras de estímulo e incentivo.

Quando a alimentação for via sonda enteral ou gástrica, deve ser feita sempre com o idoso
sentado, com calma e paciência, em consistência líquida e em pequenas porções. Após a
administração da dieta pela sonda é indispensável injetar água para mantê-la limpa, evitando o
risco de entupimento.

Para finalizar deve-se enfatizar que as adaptações sugeridas visam facilitar a alimentação e
aumentar a independência do idoso, devendo ser propostas segundo o grau de confusão mental,
incapacidades físicas e distúrbios de conduta que eventualmente poderão fazer parte do quadro
clínico do doente idoso.

 
 

Adaptações ambientais

O idoso para mover-se em sua casa com independência e segurança precisa de um ambiente
adaptado às suas necessidades. Este ambiente deve ser modificado para prevenir acidentes,
aumentar a funcionalidade dos diferentes cômodos, simplificar e tornar mais seguras as atividades
do dia-a-dia sem, contudo, perder as características próprias da residência.

Alguns objetos verdadeiramente significativos (fotografias, quadros, enfeites) devem ser mantidos
desde que não ofereçam perigo. No caso de idosos que apresentam grande confusão mental,
objetos supérfluos, cortantes, de vidro ou muito pequenos devem ser retirados do acesso fácil.

Os móveis devem estar dispostos de maneira a aumentar os espaços livres e a circulação. Sofás e
cadeiras podem ser cobertos com tecidos laváveis para facilitar a limpeza e evitar odores, no caso
de idosos com incontinência urinária. As mesas podem ter as quinas protegidas com pontas
plásticas e devem ter os tampos bem afixados aos pés. As camas, caso seja necessário, podem
ser adaptadas com grades a noite.

O piso deve ser antiderrapante, de cor única e sem mudanças de nível. Os tapetes pequenos
devem ser retirados ou afixados ao assoalho com fitas adesivas apropriadas. O brilho no assoalho
deve ser evitado, pois aumenta a desorientação de idosos confusos.

As janelas devem possibilitar boa ventilação do ambiente e ter dispositivos de proteção (telas,
grades e trincos), no caso de idosos confusos, deprimidos etc. As portas devem ser amplas para
facilitar, caso seja necessário, a passagem de cadeiras de rodas. Devem ter maçanetas retas nos
cômodos onde se quer facilitar o acesso e maçanetas redondas onde se quer dificultá-lo. As portas
de vidro devem ter uma faixa colorida na altura dos olhos para facilitar a discriminação para idosos
com diminuição da visão e confusão mental.

As escadas devem ter corrimão de cor contrastante com a parede e o piso deve ser

antiderrapante. Os degraus podem ter uma faixa de sinalização (no final de cada degrau) de cor
forte para facilitar a orientação, no caso de confusão mental ou diminuição da visão. Caso o idoso
seja agitado ou confuso, as escadas devem ser fechadas por portões para dificultar-lhe a utilização
e possíveis acidentes.

A iluminação deve ser adequada (sem sombras e reflexos) e presente em todos os cômodos, com
intuito de evitar o aumento da confusão ao entardecer. Os interruptores de luz devem ser
distribuídos por vários lugares no mesmo cômodo, visando aumentar e facilitar a utilização pelo
idoso. Durante a noite, caso este queira ir, por exemplo, ao banheiro, deve ser mantida uma luz
acesa para sua orientação.

Os banheiros são os locais onde as quedas ocorrem com maior freqüência, necessitando, portanto,
de adaptações que sejam práticas e aumentem a segurança. Nos boxes devem ser instaladas
barras laterais de apoio e deve-se colocar piso antiderrapante ou tapetes de borracha afixados ao
chão por ventosas. Barras laterais também devem ser instaladas no vaso sanitário, que poderá ter
a altura da tampa elevada, através de um dispositivo adaptado. As torneiras do chuveiro e pias
devem ter a forma reta para facilitar o manuseio pelos idosos com limitações físicas e confusão
mental. Os espelhos devem ser retirados, evitando-se aumentar a desorientação no caso de idosos
confusos. Visando-se evitar as freqüentes quedas de sabonete, pode-se prendê-lo com um cordão
às torneiras ou utilizar sabonete líquido. A temperatura da água também deve ser motivo de
preocupação do cuidador, pois idosos com alteração da sensibilidade tátil e/ou confusos podem se
queimar no banho. Os aparelhos elétricos (barbeadores, secadores) devem se guardados em locais
seguros, assim como todos os medicamentos.

A cozinha é outra dependência da casa que oferece grande perigo para os idosos. O fogão com
panelas quentes, o gás e os produtos tóxicos de limpeza podem causar inúmeros acidentes com
variadas conseqüências. Deve-se dificultar o acesso dos idosos mais confusos a essa dependência
sem a companhia do cuidador. Os objetos cortantes e produtos tóxicos devem ser acondicionados
em prateleiras altas ou em armários com chaves.

As alterações e adaptações do ambiente devem ser feitas de forma simples, com consentimento e
participação, quando possível, do idoso, objetivando facilitar sua rotina e aumentar a segurança.

Higiene, vestuário e cuidados com a pele

Com o envelhecimento podem ocorrer várias mudanças no organismo do idoso e interferir na


capacidade da pessoa cuidar-se sozinha. Dentre as atividades do dia-a-dia, a higiene pessoal e a
troca de roupas são necessidades inerentes ao ser humano. Entretanto, quando essas
necessidades estão afetadas nos idosos, isso pode torná-los dependentes de outras pessoas.

Os cuidados de higiene constituem momento de muita intimidade em qualquer idade, mas nunca é
demais lembrar que muito de nossos idosos e idosas nunca mostraram seus corpos. Eles podem
ter dificuldades de se despir diante de estranhos e mesmo de familiares. Por isso o banho e todos
os cuidados de higiene devem ser feitos num clima de máxima tranqüilidade e discrição.

Devem ser lembrados, portanto, os aspectos sócio-culturais individuais de maneira a adequar os


cuidados relacionados à higiene, vestuário e com a pele. Acrescente-se que se deve utilizar o
momento do banho para observar as condições do idoso, comunicando-se com ele e estimulando
todos os movimentos e tarefas que o idoso possa realizar sozinho.

O que observar na pele do idoso

Ao comentar sobre higiene corporal é preciso ficar claro que a pele do idoso é mais seca, com
menor elasticidade, com alterações da circulação e da hidratação, o que pode torná-la mais frágil,
gerando complicações.

Algumas doenças ou infecções podem elevar a temperatura do corpo, aumentando a

transpiração (suor). Além disso, deve-se considerar a nutrição da pessoa, pois esta pode influenciar
o estado geral da pele, pelos e unhas. No exame da pele devem ser observados:

 
· cor: pálida, rosada, roxa ou azulada (cianótica);

· textura: áspera, lisa, macia, gordurosa, seca, úmida;

· alterações: vermelhidão (rubor), brilho, áreas roxas (hematomas), equimoses (sangue por baixo
da pele), cicatrizes, úlceras de decúbito (ulceração da pele devida à prolongada permanência no
leito);

· lesões: localização, distribuição, dimensão, forma, consistência e temperatura. Além disso,


observar as unhas, pois estas podem se apresentar quebradiças e espessas; e o cabelos podem se
apresentar mais ralos e esbranquiçados. Deve-se também levar em consideração que, na higiene
corporal, algumas condições comprometem a integridade da pele do idoso como imobilização,
redução da sensibilidade, alterações nutricionais, secreções (substâncias secretadas por uma
glândula), excreções (eliminação de material desnecessário e nocivo), insuficiência da circulação e
alguns dispositivos como gessos e ataduras.

Abordaremos a seguir os cuidados com a pele, a higiene e a troca de vestuário.

Cuidados com a pele, higiene e troca de vestuário

Higiene matinal e da boca

A higiene matinal consta da lavagem das mãos e higiene da boca, incluindo as próteses dentárias
(dentaduras). A higiene oral é o primeiro procedimento a ser mencionado. Objetiva evitar acúmulo
de alimentos entre os dentes e a infecção, oferecendo ao idoso uma sensação de bem-estar.
Ensinar o idoso a escovação correta, utilizando escova dental, creme e o fio dental, água limpa e
toalha.

Cuidados com as próteses dentárias, acentuando que elas devem estar firmes na boca do idoso,
devendo serem limpas com a mesma freqüência que seriam os dentes. Outras práticas de higiene
oral deverão ser estimuladas de acordo com experiências regionais como o uso de raspa de juá
para esfregação nos dentes e o uso do palito. Além disso, as medidas de higiene corporal como
banho de chuveiro e de cama também são necessidades básicas visando o conforto e o bem-estar
do idoso, de acordo com o seu nível de dependência. A necessidade de banho diário deve ser
avaliada pelo cuidador e pelo idoso. Em regiões mais frias o banho completo pode se limitar apenas
à higiene das mãos, pés, rosto e partes íntimas.

Banho de chuveiro

O banho de chuveiro é ideal, pois oferece maior conforto e uma higiene mais completa, no entanto,
algumas medidas de segurança precisam ser tomadas para evitar acidentes. São sugeridas
algumas recomendações:

· colocação de uma cadeira ou banco no interior do boxe;

· uso de espelho inclinável ou levar o espelho até o idoso para que ele possa se observar;

· instalar um apoio fixo ao lado do vaso sanitário;

· preferir um chuveiro que possa ter a altura ajustável ou permitir ao menos que o idoso use o
chuveirinho e a esponja para que ele participe, enquanto puder, do seu próprio

cuidado;

· colocar alças de apoio nas laterais do boxe;

· ter suporte de sabonete ao alcance do idoso;

· piso não escorregadio (uso de tapete antiderrapante);

· boa iluminação;

· sempre que possível ter um espaço livre de l,5 m, para facilitar a movimentação do idoso dentro
do banheiro;

· torneira tipo alavanca ou com abertura fácil para o paciente;

· altura adequada do vaso sanitário, nem muito alta nem muito baixa;

· trilho de apoio para as toalhas;

· eliminar degraus no acesso ao banheiro.

Todos os dispositivos de apoio e segurança deverão ser adequados às condições físicas do idoso
em questão. Além disso, deve ser tomado cuidado com a porta do banheiro, devendo esta estar
sempre destrancada, pois, se o idoso tiver algum problema, o familiar poderá ter livre acesso.

Após avaliação da pele, esta deve ser higienizada com água morna e sabão neutro, lembrando
sempre que a pele do idoso é sensível e mais fácil de apresentar lesões e irritações. Para enxugar
a pele deve-se utilizar toalha suave e movimentos leves. Após o banho, recomendam-se
massagens com cremes ou óleos com movimentos firmes, propiciando melhora da circulação e da
circulação. As roupas devem ser confortáveis, de acordo com o clima. Além disso, recomenda-se o
uso de chinelos (sempre com fechamento adaptado atrás para evitar quedas) ou sapatos
confortáveis, não apertados, com solas de borracha, promovendo maior segurança ao idoso,
evitando quedas.

 
Banho no leito

O banho no leito deve ser realizado quando o idoso é dependente. Pacientes com grande
dificuldade de se mover (por exemplo, após derrame, fratura de perna etc.) podem precisar de
banho no leito. Se o idoso é muito pesado ou sofre muita dor ao mudar de posição, deve-se preferir
o banho de leito e contar, sempre que possível, com ajuda de outra pessoa para evitar acidentes e
cansaço excessivo do cuidador, além de oferecer mais cuidados, segurança e conforto ao doente.
Esse é também o momento do cuidador avaliar a integridade da pele, dos cabelos, das unhas e da
higiene oral.

O primeiro passo importante é organizar todo o material necessário tais como: bacias, comadre,
água morna, sabão suave, toalhas, escova de dente, pasta dental, lençóis, forros plásticos e
roupas, evitando assim a interrupção do banho.

A higiene dos cabelos é outro aspecto a ser mencionado. Muitos idosos têm um tabu de lavar com
pouca freqüência os cabelos. Explicar a eles a importância dessa higiene, que serve também como
um estímulo para a circulação sanguínea do couro cabeludo. Auxiliá-los a secar bem. O idoso
acamado transpira muito, necessitando higiene mais constante.

A higiene deve sempre iniciar pela seqüência cabeça-pés: primeiro os olhos, rosto, ouvidos,
pescoço. Lavar os braços, o tórax e a barriga, secando-os e cobrindo-os. Especial cuidado na
região sob as mamas nas mulheres, enxugando bem para evitar assaduras e micoses. Usar
pomada de óxido de zinco. A seguir passa-se às pernas, secando-as e cobrindo-as.

No decorrer do banho colocar um forro plástico e apoiar a bacia com água morna sobre a cama,
lavando os pés com água e sabão, realizando a higiene entre os dedos. Observar as alterações
físicas na pele e na área entre os dedos dos pés, e as condições das unhas. A secagem deve ser
rigorosa, procurando, se possível, colocar talco nos pés, porém não entre os dedos. As costas são
lavadas, secas e massageadas com óleos ou cremes hidratantes para ativar a circulação. A higiene
dos genitais e região anal deve acontecer diariamente e após as eliminações urinária e fecal,
procurando evitar umidade e assaduras.

Durante a higiene corporal no paciente acamado deve-se fazer movimentação ativa e passiva do
corpo para facilitar a circulação sanguínea e evitar a atrofia dos músculos. As regiões de
proeminências ósseas (ossos mais salientes) devem ser examinadas para observação dos pontos
de pressão com presença de vermelhidão, endurecimento, bolhas ou hematomas, ou mesmo
estágios mais avançados de úlcera de pressão (feridas). Essas regiões precisam ser protegidas do
excesso de pressão com uso de travesseiros, almofadas ou colchões especiais (de ar, água ou
espuma tipo "caixa de ovo"). Mudanças de posição precisam ser feitas com freqüência pelo menos
duas em duas horas e com rodízio de posições, evitando manter o paciente sobre a região afetada.

Se você perceber que o momento do banho é difícil para seu paciente (gemidos, dor, testa franzida
ou agressividade), peça ao médico para avaliar a necessidade de usar um medicamento
analgésico, para facilitar o cuidado e diminuir o sofrimento e as contraturas do paciente.

Tipos de roupas

 
O idoso deve escolher o seu vestuário, respeitando-se o estilo de cada um. As roupas devem ser
de fácil manuseio, evitando assim dificuldades para a colocação da mesma. Favorecer a
independência, deixando-o ajudar no que for possível.

Considerações finais

O profissional e/ou cuidador deve avaliar os problemas específicos da pele, unhas e boca do idoso
para implementar o cuidado de higiene corporal e oral. O objetivo é melhorar o conforto, manter a
integridade e limpeza da pele, da cavidade oral, do couro cabeludo, cabelos e unhas. Tais
estratégias devem ser recomendadas aos idosos independentes e aos dependentes, entretanto, a
técnica deve ser adaptada a cada situação.

Tente descobrir e respeite as dificuldades do doente, esclareça-o enquanto você realiza os gestos
mesmo os mais banais, esteja disposto a ouvi-lo.

Transtornos do sono: insônia e sonolência excessiva

As queixas relacionadas ao sono são extremamente freqüentes, tanto no idoso sadio quanto no
doente. Independente da etiologia constituem causas importantes de comprometimento da
qualidade de vida. O envelhecimento, ao contrário da doença, não provoca grandes alterações no
ciclo sono/vigília. Assim, transtornos do tipo insônia ou sonolência devem ser considerados como
alterações que devem, tanto quanto possível, serem aliviadas.

Insônia

Insônia é um termo que comporta diversas situações: pode significar demora para adormecer,
despertares noturnos e despertar precoce (acordar muito cedo), e sensação de "sono que não
descansa". Pode ser uma manifestação de uma doença orgânica, psiquiátrica, uso ou suspensão
de medicamentos e também reação a uma situação de natureza psicossocial. Pacientes com
demência tendem, com a evolução do quadro, a apresentar alteração do sono, agitação noturna.
Esta situação, contudo, está presente em outras condições tais como:
· insuficiência cardíaca (coração deficiente quanto a função de bombear sangue);

· asma ou falta de ar;

· desejo de urinar várias vezes no período noturno;

· dor devido a várias causas, inclusive a artrite;

· regurgitação de "suco gástrico", manifestando-se como tosse noturna;

· depressão;

· ansiedade.

Estas condições devem ser do conhecimento do médico assistente, posto que representam risco
para o paciente. A administração de hipnóticos (remédios para dormir) é nestes casos
desaconselhável e até mesmo perigosa. Grande parte dos quadros de insônia está relacionada ao
uso ou retirada de medicamentos ou substâncias estimulantes contidas nos alimentos. Neste caso
sobressai a cafeína. O uso de bebidas alcoólicas é também uma causa importante desta alteração.
Entre os medicamentos que podem causar transtorno do sono merecem destaque os
antidepressivos, medicamentos usados na asma e mesmo hipnóticos. O uso de diuréticos deve ser
considerado causa de insônia quando determina aumento da freqüência de micções no período
noturno.

Sonolência

A sonolência diurna pode constituir uma evidência de insônia. Pacientes que não dormem bem no
período noturno podem apresentar sonolência diurna. É também compatível com doenças, tal como
depressão, ou ser conseqüente ao uso de medicamentos, entre os quais hipnóticos e
tranqüilizantes.

Pacientes que tenham sofrido queda ou acidentes de outra natureza podem evoluir com sonolência,
fato que demanda avaliação médica imediata.

Muitos idosos apresentam um nível de apatia que pode associar-se à sonolência. Nestes casos
pode haver acometimento da glândula tiróide ou reação ao uso de medicamentos como diuréticos,
por serem estes possíveis causadores de perda de alguns minerais pela urina, notadamente o
potássio.

O que deve ser observado


 

A observação e mesmo a anotação em diário das alterações do sono apresentadas pelo idoso
doente podem constituir a chave diagnóstica que possibilita a adoção de terapêutica adequada. É
fundamental tratar a causa da insônia e não apenas induzir o sono com medicamentos.

Identificar a dificuldade do paciente relativa ao sono

Como já se mencionou, o termo insônia comporta diversas conotações, devendo estas serem
identificadas corretamente. O paciente tem dificuldade para conciliar o sono ou após adormecer
acorda e não mais adormece. Veja se existe um fator que possa estar relacionado a dificuldade de
adormecer. O paciente queixa-se de dor ou cãimbras nas pernas? Tem pesadelos noturnos e
acorda assustado? No primeiro caso o médico pode ajudar com a administração de fármacos
(medicamentos). No caso de cãimbras tente água tônica de quinino. Se o paciente sob seus
cuidados é portador de doença do coração ou do pulmão, comunique ao médico as dificuldades do
sono, posto que podem ser indicativas de piora ou desestabilização do quadro básico.

Sendo a dificuldade para dormir ocasionada por freqüentes despertares com intuito de urinar,
verifique se o paciente usa diurético (medicamentos). A dose pode ser exagerada ou horário da
administração inadequado. Este grupo de medicamentos não deve ser administrado no período
noturno.

Se o paciente apresenta insônia e tosse noturna, mas não no período diurno, suspeitar de
regurgitação do conteúdo do estômago. Neste caso existe um refluxo do "suco gástrico" que,
estando o paciente deitado, este é drenado para as vias respiratórias, sendo a tosse uma reação a
esta situação.

Despertar precoce, acordar cada vez mais cedo e não voltar a dormir pode ser um sintoma de
depressão. Discuta com o médico esta possibilidade.

Identificar as condições correlatas, uso de medicamentos ou substâncias

Grande parte dos distúrbios do sono está asssociada ao consumo de cafeína e álcool. Bebidas
como café, chá e refrigerantes do tipo "cola" contêm elevadas quantidades de cafeína e,
dependendo da sensibilidade do paciente, podem causar insônia. Nenhuma destas bebidas deve
ser consumida após as l6 horas por pacientes que sofrem de insônia. Alguns idosos não devem
consumi-las em nenhuma circunstância. Verifique se na bula de medicamentos que o paciente está
usando existe cafeína na fórmula. Alguns analgésicos e fortificantes podem conter esta substância
e assim contribuir para insônia.
Tenha em mente que o alcoolismo nos idosos pode se apresentar de forma camuflada. As doenças
que cursam com dor podem interferir no sono. Dores no sistema osteoarticular são importantes
fatores causais e requerem tratamento específico.

Outra situação relevante é a ocorrência de prurido (coceira) que é suportado durante o dia, mas
causa desconforto a noite. Neste caso a causa mais comum é a xerodermia (pele seca) que pode
ser tratada com cremes hidratantes. Alguns pacientes podem apresentar incontinência (perda de
urina) e sentirem-se incomodados pela umidade resultante. É desejável que nenhum idoso tome
líquidos após as 18 horas e que seja estimulado a urinar antes de dormir. O uso de fraldas pode
trazer conforto e melhorar o sono.

Avalie as condições ambientais

O quarto no qual o paciente dorme deve ser tanto quanto possível silencioso, com temperatura
agradável. Estas condições estão sendo atendidas? Considerando-se que os velhos têm maior
dificuldade na escuridão, existe alguma luz acesa que a noite possa servir de referência no caso de
despertar, posto que a escuridão pode gerar pânico e induzir insônia? O quarto onde o paciente
dorme conta com aparelho de televisão para uso dele ou do cuidador? Esta é uma situação que
deve ser evitada. A pessoa deve "ir para a cama" com o objetivo de dormir e não para assistir
televisão ou ler.

Existe algum fator psicossocial relacionado?

A insônia pode ser transitória, circunstancial. Pode aparecer em períodos de agravamento de


doença ou morte do cônjuge ou outro familiar. Muitos idosos são sensíveis a acontecimentos tais
como notícias de morte, acidentes e catástrofes. Pacientes com demência podem alterar seu
padrão de sono quando internados em hospital ou transferidos de domicílio ou cidade. Até mesmo
a mudança da disposição do mobiliário pode gerar insegurança e agitação noturna.

Conduta

Muitas condutas já foram apresentadas nos itens anteriores. No conjunto as ações devem levar em
consideração os itens que serão expostos a seguir.
 

Caracterize bem o tipo de alteração do sono

Esta caracterização é fundamental para correção do transtorno. Descreva o que considera insônia
ou as situações nas quais se verifica sonolência.

Mantenha um ambiente adequado para o sono

Verifique os itens relacionados ao conforto térmico e ao silêncio. Mantenha uma luz indireta acesa
com o objetivo de servir como referência ao idoso doente caso este acorde no período noturno.
Retire o aparelho de televisão do quarto. Este ambiente deve estar associado a idéia de dormir.

Estabeleça uma rotina para dormir

Procure ter um horário para encaminhar o paciente ao leito. Se, contudo, este permanecer inquieto,
com dificuldade para adormecer, não insista. Melhor retirá-lo do quarto e considerar alternativas
que possam relaxar o paciente. Uma pequena caminhada no próprio domicílio, ouvir música ou
mesmo a ingestão de uma xícara de leite quente podem auxiliar o sono.

Evite administrar líquidos no período noturno

Não administre líquidos após as 18 horas. Atenda às necessidades de hidratação no período


diurno. Chás e cafés são tolerados até as l6 horas, portanto, estas bebidas deverão ser evitadas
após este horário.

Informe ao médico assistente a medicação em uso

Muitos idosos têm vários médicos e consomem uma quantidade maior de medicamentos. Mantenha
um lista desses fármacos e informe o consumo. Medicações adquiridas sem receita médica devem
ser relatadas.

Seja prudente no uso de medicação

Muitos casos de insônia só serão aliviados com o uso de hipnóticos (medicamentos para dormir).
Esta é uma situação que envolve obrigatoriamente o médico. Procure informá-lo do resultado
terapêutico. Verifique se a medicação está causando sonolência diurna, o que pode ser indicativo
de efeito prolongado. Alguns idosos desenvolvem reações paradoxais com estas drogas, podendo
apresentar agitação e exacerbação do transtorno do sono. Sugere-se que os idosos sejam
medicados quando já no leito, pois alguns medicamentos têm ação muito rápida e podem provocar
o sono no momento em que o paciente vai ao banheiro ou mesmo permanece circulando pelo
interior do domicílio. Medicamentos tranqüilizantes ou indutores do sono podem ocasionar quedas.
Esteja atento a queixas de tontura ou desequilíbrio.

Considerações finais

Transtornos do sono no idoso doente ou mesmo sadio são causados por um grande número de
condições. A opção de tratar somente o sintoma pode não ser a mais adequada. O problema, como
já foi enfaticamente exposto, deve ser corretamente caracterizado. Muitas das ações corretivas
podem ser adotadas pelo cuidador. O uso de hipnóticos deve ser reservado para casos
selecionados e deverão ser administrados com cautela e somente por indicação do médico
assistente.

Alterações do comportamento: irritação, agitação e agressividade

No dia-a-dia com idosos é possível que aconteçam alterações no seu comportamento habitual, que
podem gerar grande impacto nas relações com os parentes e cuidadores. Problemas de
comportamento por vezes serão motivos pelos quais os familiares colocarão os idosos em uma
instituição. Estes problemas representam também um fator de risco para os próprios idosos
doentes, uma vez que podem causar acidentes tais como ferimentos resultantes de fragmentos de
vidro ou espelho que ele próprio quebrou, além de agressões e quedas. Estamos com este material
tentando esclarecer algumas dúvidas e erros comuns, bem como dar sugestões com intuito de
enfrentar estas situações difíceis.

Causas de alteração do comportamento

Preliminarmente cumpre esclarecer que a alteração do comportamento não é culpa da idade.


Assim, mudanças súbitas do comportamento não devem ser atribuídas ao envelhecimento ou a
manifestações obscuras tal como, por exemplo, "esclerose". Elas costumam estar relacionadas: a
alterações no cérebro, como é o caso das demências; ao uso de medicamentos; ou, ainda, a
causas psicossociais, tais como perda de familiares, mudanças ou situações conflituosas na
família.

Como acontece

Irritação e agressividade podem se expressar sob a forma verbal com comentários impróprios,
acusações indevidas, suspeitas de infidelidade ou roubo. O cuidador por ser a pessoa mais próxima
do paciente pode se constituir no alvo principal deste comportamento.

Atitudes violentas e agressão física não são freqüentes nos idosos doentes, porém têm muita
importância porque implicam em risco para quem cuida ou até mesmo para pessoas estranhas.
Podem até provocar um ruptura entre o cuidador e o doente. Quando acontecem, em geral
apresentam-se sob a forma de "unhadas" ou bofetadas. Uma forma menos agressiva sob o ponto
de vista físico, mas altamente desmoralizante, é o ato de "cuspir" na pessoa mais próxima, seja no
momento de administrar medicamentos ou na alimentação.

 
O que se pode fazer

As alterações de comportamento, principalmente quando súbitas ou agudas, devem ser


prontamente relatadas ao médico que cuida do idoso. Ainda que represente uma manifestação
psíquica pode significar a existência de outras doenças como infecções (pneumonia, infecção
urinária), problemas de coração (infarto ou arritmia) ou mesmo acidente vascular cerebral
("derrame"). Muitas vezes, como nos casos de demência, o comportamento se torna
permanentemente alterado, o que evidencia a necessidade do cuidador aprender a conviver com o
problema e também procurar não responder às provocações ou questionamentos do paciente,
mesmo que os mais absurdos. O limite de tolerância é o limite de segurança do paciente. Estas
alterações, apesar de seus aspectos negativos, têm que ser encaradas pelo cuidador sem
ressentimentos ou vergonha.

O que observar

A observação e o ulterior relato ao médico das condições relacionadas a agitação e agressividade


podem constituir pontos importantes para o diagnóstico e tratamento da situação.

Quando acontece?

A agitação, irritação ou agressividade está relacionada a algum período do dia ou ao uso de alguma
medicação? Muitos idosos ficam confusos ou agitados no "pôr do sol" ou então no período noturno.
As causas desta alteração não são conhecidas, mas devem ser abordadas com ações preventivas
como colocar mais luz nos ambientes e condutas que reforcem o sentimento de segurança dos
pacientes, tais como sentar-se ao lado e mesmo segurar a mão. Por vezes o horário da agitação
coincide com a administração de medicamentos. Os idosos são muito sensíveis a remédios, sendo
que os sintomas comportamentais podem indicar efeito indesejado dos mesmos. Mesmo
medicamentos tranqüilizantes podem causar agitação e irritabilidade.

O comportamento agressivo é permanentemente direcionado a uma pessoa?

O comportamento agressivo direcionado a uma pessoa em particular pode estar relacionado a


experiências prévias do paciente ou mesmo a idéias delirantes em relação ao alvo de seu
comportamento. Não raramente o marido ou a esposa são pessoas para as quais as manifestações
de irritação e agressividade são dirigidas, principalmente quando estes forem autores de repetidos
questionamentos em relação às afirmações ou condutas confusas dos pacientes.

O idoso tem prisão de ventre?

Já se mencionou que alterações súbitas do comportamento costumam estar associadas a doenças.


Mesmo um idoso com diagnóstico de demência pode no curso da doença desenvolver ou aumentar
agitação e irritabilidade devido, por exemplo, a uma pneumonia ou mesmo dificuldade para
evacuar. Uma situação que, pelo potencial de recuperação, demanda vigilância é a associação de
imobilidade, desidratação, constipação intestinal (prisão de ventre) e agitação. Idosos em pós-
operatório (após cirurgia), imobilizados por fraturas ou acidentes vasculares tendem a desenvolver
desidratação e constipação intestinal. Esta situação pode desencadear quadro dramático de
agitação, que será prontamente resolvida com a evacuação e reidratação. Um fator de confusão é
que alguns idosos nesta condição eliminam fezes pastosas em pequena quantidade, o que leva o
cuidador a acreditar que o paciente evacuou. Trata-se de falsa diarréia, manifestação na qual uma
verdadeira "rolha de fezes" (fecaloma) impede a passagem das fezes. As repetidas contrações do
intestino podem amolecê-las e assim facilitar a eliminação destas pequenas quantidades de fezes,
confundindo a pessoa que cuida.

Aconteceu mais alguma coisa?

O idoso doente pode desenvolver agitação e irritabilidade devido a situações de caráter


psicossocial, tais como mudança de domicílio, internação em hospital, alteração de rotinas e morte
ou doença de pessoa por quem tenha grande afeto. Uma vez mais lembramos a importância de
medicamentos como fator desencadeante de agitação. É importante informar o médico todos os
medicamentos em uso, mesmo aqueles que são adquiridos sem receita médica.

O paciente sofreu alguma queda ou trauma nos últimos meses?

Quedas e traumas cranianos podem apresentar complicações tardias. Nesta situação ocorre o
hematoma subdural (presença de coágulo no cérebro). Os sintomas dependem do volume de
sangue, podendo acontecer até 90 dias depois do acidente. Por isso, diante de um idoso agitado,
tente se lembrar se não houve nenhuma queda recente. O médico deve ter conhecimento de todos
os acidentes e particularmente quedas que o paciente possa ter apresentado.

Como agir

Toda ação relacionada ao velho doente, agitado ou mesmo agressivo deve se pautar no conceito
de que não é culpa do paciente. Este comportamento foge ao controle do próprio paciente,
constituindo manifestação de transtorno orgânico ou psíquico. Algumas sugestões são
apresentadas a seguir que ajudarão a lidar com o problema.

Compartilhe o problema

Sendo esta uma situação de grave repercussão na família, todos devem estar cientes da ocorrência
e preparados para conviver com as possíveis manifestações. Freqüentar grupos de apoio e auto-
ajuda (Associação de Alzheimer, Associação de Parkinson) pode facilitar o papel do cuidador, seja
pela convivência com pessoas em igual situação ou pelo aprendizado de condutas adotadas em
casos semelhantes.

Peça ajuda, procure auxílio médico, discuta todos os aspectos que julgar importantes

Agitação, irritabilidade e agressividade são situações complexas que podem ser tratadas ou
atenuadas com recurso médico. A suspensão de um determinado medicamento, hidratação e
evacuação de fezes podem reverter completamente o quadro de agitação. Existem medicamentos
que permitem controle dos sintomas, mas só devem ser usados com a orientação do médico. O
cuidador não deve aumentar a dose de medicamentos tranqüilizantes na tentativa de conter um
paciente agitado ou agressivo, salvo por orientação médica.

Identifique os riscos domésticos

Pacientes agitados, irritados têm risco aumentado de trauma e acidentes. Alguns com doença de
Alzheimer podem não identificar a imagem refletida no espelho como sendo sua e quebrar o
espelho. Instrumentos de corte e pontiagudos devem ser retirados da visão do paciente; as armas
de fogo, eliminadas; tapetes escorregadios e escadas constituem um fator de risco para quedas.

Crie estratégias para distrair o paciente

Idosos agitados, com irritação ou agressivos são pouco receptivos a argumentos racionais, mas
podem responder a ações como música, mudar de assunto, contato com animais, caminhada,
passeios de automóveis ou pequeno lanche. Identifique se uma dessas ou outra altenativa pode
ajudá-lo a tranqüilizar o paciente.

Proteja-se

O papel do cuidador de um idoso agitado ou agressivo não é gritar, reagir com fúria ou de
descontrole diante de situações dramáticas. Tampouco se recomenda passividade tendo em visita
o desgaste emocional e o risco de lesão física. Não tente conter ou amarrar o paciente, pois isso
costuma deixá-lo ainda mais nervoso, angustiado, além de ser um atentado à sua dignidade. Em
todos os casos a imobilização do idoso no leito ou cadeira tem resultados conflitantes, sendo
considerada medida extrema. Evite discussões desnecessárias, não altere o tom de voz e peça
ajuda a outras pessoas que tenham relação com o paciente. Não esgote sua capacidade
emocional, não deixe de dormir um número mínimo de horas. Aqui lembramos a necessidade de
envolvimento de outras pessoas da família ou cuidadores suplementares.

Cuide-se muito bem

Também você cuidador pode desenvolver problemas de saúde. Não hesite em procurar um médico
quando se sentir cansado, esgotado ou ficar muito triste. Tente ter seus momentos de lazer, tenha
boas relações de amizade e não se sinta só. Peça ajuda a alguém quando o cansaço for muito
acentuado. Ninguém, nem você é de ferro… Lembre-se que para que você cuide bem é importante
que você também esteja bem cuidado.

Instabilidade e quedas

Os episódios de instabilidade do andar e as quedas são muito freqüentes nos dois extremos da
vida: infância e velhice. A incidência de quedas entre os idosos é alta e muitas vezes elas não são
devidamente valorizadas, sendo consideradas como próprias da idade.

 
O que é e quais as conseqüências da queda

Queda é uma perda total e involuntária do equilíbrio do corpo. As quedas constituem causa
importante de enfermidade e mortalidade pelas suas conseqüências. Em alguns casos, determinam
um estado de incapacidade importante ou invalidez. As conseqüências podem ser:

· lesões (ferimentos, cortes, fraturas, contusões, entorses, hematomas);

· problemas psicológicos (medo de cair, insegurança, ansiedade);

· perda da auto-estima, da auto-confiança, superproteção da família;

· imobilidade;

· isolamento;

· depressão;

· internação em hospital ou asilo.

· morte;

Porque o idoso cai mais?

Apesar de ser difícil evitar todas as quedas e suas complicações, é muito importante

identificar o que está ocasionando as quedas no idoso.O esquema abaixo representa o círculo
vicioso que demonstra por si só, sem a necessidade de qualquer explicação adicional, o motivo
pelo qual as quedas são mais freqüentes em idosos.

Fatores de risco de quedas

Nos episódios de queda freqüentemente estão presentes fatores considerados de risco. Tais
fatores são os extrínsecos (ambientais), os intrínsecos (próprios da pessoa) e a possível
associação de ambos.

Conseqüências leva a novas quedas

QUEDA

Insegurança

Medo de cair

Instabilidade
Desvantagens

Depressão

Superproteção familiar

Isolamento

Perda da auto-estima

Lesões

Fatores ambientais

Entre os fatores relacionados ao ambiente deve-se considerar os seguintes:

· pisos escorregadios, móveis, tapetes, pequenos animais de estimação:

· locais mal iluminados (quarto, banheiro);

· escadas (principalmente o primeiro e o último degrau);

· fios de extensão, objetos espalhados pelo chão.

Fatores intrínsecos

Os fatores intrínsecos, ou seja, os relacionados com a saúde do idoso são:

· doenças cardiovasculares (desmaio, infarto do miocárdio, arritmia cardíaca);

· distúrbio do sistema nervoso (tonturas, vertigens, labirintopatias, seqüela de derrame, doença de


Parkinson, demência, alteração do andar e do equilíbrio, alterações sensoriais);

· desnutrição;

· alcoolismo;

· doenças dos ossos e das articulações (artrose, artrites, reumatismo), principalmente as


localizadas em toda extensão da coluna e nas extremidades inferiores;

· anormalidades e deformidades dos pés (joanetes), calosidades, dedos em garra;

· problemas da audição e da visão, como catarata, glaucoma, cegueira, diplopia (visão dupla), que
acabam diminuindo ou confundindo as pistas ambientais;

· imobilidade e fraqueza muscular;

· uso inadequado de medicamentos (sedativos, antipsicóticos, antidepressivos, antihipertensivos),


polifarmácia (uso concomitante de várias medicações);

· depressão, alterações emocionais.

Associação de fatores intrínsecos e extrínsecos

A associação de fatores ambientais e os relacionados à saúde do idoso acabam dando origem a


outros fatores, que podem ser causas importantes de episódios de queda.

É melhor prevenir do que remediar

Os idosos que relatam uma ou mais quedas deverão ser cuidadosamente avaliados mesmo que as
quedas não tenham resultado em ferimentos graves. Deverão ser feitas perguntas sobre a
seqüência dos eventos que levaram ao episódio, quais os fatores que antecederam a queda, o que
aconteceu no decorrer do episódio e o que ocorreu após ele, procurando esclarecer a causa da
queda. Assim, são fundamentais perguntas como: O que a pessoa estava fazendo ao cair? Quando
foi a queda? A que horas ocorreu? Onde? Como foi? Tropeçou? Escorregou? O que sentiu? Quais
as conseqüências? Estava tomando algum remédio? Se estava tomando alguma medicação, este
deverá ser anotado. Como foram as quedas anteriores? O ideal seria obter um relato de uma
testemunha da queda. Uma vez conhecidas as circunstâncias da queda pode-se saber se foi
ocasionada por problemas de saúde, por fatores ambientais ou por associação de ambos.

O que se deve fazer depois da queda

Certificar-se que o paciente respira bem, que não houve perda dos sentidos; perguntar se sabe o
que aconteceu, se sabe onde está; verificar se a pressão está boa (se for possível, medi-la), se não
houve fratura. É prudente não tentar levantar o idoso se houver suspeita fratura de algum osso. É
preciso ter clareza que o idoso pode ser mobilizado.

Como evitar novas quedas

As informações obtidas orientarão a elaboração de um plano de prevenção de episódios futuros, a


escolha de medidas que devem ser tomadas para evitar novas quedas e para amenizar os efeitos
das que já ocorreram. As medidas a serem adotadas são as que se seguem:

· medidas sob orientação médica;

· medidas de apoio psicológico, destacando-se aquelas que não criam no idoso e na família receio
exagerado de novas quedas;

· medidas de terapia física, orientadas e prescritas por profissionais (fisioterapeuta e terapeuta


ocupacional), visando conservação e aumento da força muscular, redução da dor, aumento da
mobilidade articular, correção das deformidades articulares e dos vícios de postura corporal, e
melhora do equilíbrio;

· treinamento do andar, reforço dos músculos e uso adequado de instrumentos de auxílio


(bengalas, andadores, muletas), que constituem medidas úteis na prevenção;

· medidas educativas visando a maior capacidade do idoso para enfrentar problemas de saúde e
para conquistar melhores condições de vida junto aos familiares, à comunidade e à sociedade. Nos
pacientes muito confusos e agitados, a contenção no leito ou na cadeira não assegura a ausência
de quedas. Esta situação piora a agitação, cansa o paciente e lhe dá a sensação de tortura e
desrespeito, além de piorar a confusão mental (ele acha que está preso num manicômio, que
querem a sua ruína, etc.). Pode favorecer a ocorrência de fraturas costais, de osteoporose e
mesmo de imobilidade, podendo acarretar ulceração de decúbito, além de piorar a aceitação de
dieta e de líquidos e comprometer a respiração do paciente. A contenção, além disso, não substitui
a supervisão adequada nem oferece conforto ao paciente.

Perda involuntária de urina e de fezes. Constipação intestinal

Os idosos podem apresentar vários problemas de saúde. Entre eles destacam-se a incontinência
urinária (perda involuntária de urina), fecal e a constipação intestinal (intestino "preso")

Incontinência urinária

A incontinência urinária é mais freqüente que a fecal, entretanto, as duas podem ocorrer ao mesmo
tempo, podendo acarretar problemas físicos, psicológicos e de mal-estar.

Tipos

A incontinência urinária constitui um problema social ou higiênico e pode ser de dois tipos:

· Aguda: que está relacionada a uma situação clínica ou cirúrgica e pode ser resolvida quando
essa situação desaparecer. Este tipo de incontinência pode aparecer também quando o idoso
apresenta infecções, quando se apresenta confuso ou no caso de restrição da mobilidade (de
caminhar);

· Persistente: classificada em quatro tipos, de acordo com vários estudiosos, cujas

caracterizações encontram-se abaixo.

1 – Incontinência por transbordamento. Neste caso o paciente costuma urinar pequenas


quantidades, não associadas à sensação de urgência de urinar. Na verdade há um esvaziamento
incompleto da bexiga e a pessoa urina por transbordamento. Tende ocorrer mais a noite,
caracterizando a noctúria.

2 – "Urge" incontinência. É a perda involuntária de urina associada à vontade de urinar. A pessoa é


obrigada a correr para o banheiro quando sente vontade e nem sempre dá

tempo de evitar a perda de urina. Pode ser observada em pacientes com doença de Parkinson,
escleroses, derrames e quando ocorrem infecções no trato urinário, e em mulheres na menopausa
por falta de hormônio (estrógeno).

3 – Incontinência de estresse. É caracterizada por perda involuntária de urina quando a pressão da


bexiga é maior que a da uretra, devido a elevação da pressão da barriga. Este tipo aparece com
mais freqüência durante atividades físicas tais como andar, fazer exercícios, curvar-se, levantar
peso, tossir, rir e espirrar.

4 – Incontinência funcional. A perda de urina está associada à dificuldade de encontrar o banheiro


ou um local adequado para urinar. Pode acontecer em pacientes com dificuldades para caminhar,
com falhas de memória (esquece que tem que urinar ou onde fica o banheiro), com distúrbios
visuais ou em uso de medicamentos que pioram a capacidade de caminhar (lentidão, insegurança,
instabilidade, desequilíbrio). Ocorre também quando há barreiras ambientais que impedem o
acesso da pessoa ao banheiro (banheiro fora de casa, mal iluminado, com degraus, porta pesada,
porta que não permite a passagem de andadores, bengalas ou cadeira de rodas).

Avaliação do tipo de incontinência urinária

Para definir o tipo de incontinência urinária deve-se realizar uma avaliação médica e de
enfermagem, cujo objetivo são:

· Caracterizar bem o problema quanto a:

– duração, freqüência e hábitos de urinar;

– sensações apresentadas durante e após urinar;

– repercussão dos episódios de incontinência na vida do idoso (vergonha, tristeza,

indiferença);

– hábitos higiênicos;

– líquidos ingeridos;

– fatores do ambiente do idoso;

– mobilidade do idoso;

– capacidade de atenção, aprendizagem e memória.

· Avaliar o tipo de incontinência e, a partir daí, traçar a conduta para idosos incontinentes,
baseando-se no controle urinário. Tal conduta exige suporte familiar e de enfermagem. Após esta
etapa, definir os resultados a serem alcançados, bem como as estratégias de intervenção.

Estratégias de intervenção

As estratégias variam de acordo com a exata definição da conduta a ser adotada, ou seja, o
tratamento será medicamentoso e/ou por meio de procedimentos para controle urinário. A
incontinência pode ter tratamento com medicamentos, devendo-se nestes casos instruir o idoso
e/ou cuidador quanto ao uso dos medicamentos, horários, dosagens, vias de administração e
efeitos colaterais, registrando mudanças na pressão arterial e estado mental. Entre os
procedimentos de treinamento para o controle urinário destacam-se:
– treinamento da bexiga e do hábito de urinar, através do qual o idoso incontinente

gradualmente estende seu intervalo de micção (urinar) para o padrão normal, objetivando modificar
a função da bexiga para manter o idoso seco;

– biofeedback, consiste em ensinar ao paciente a inibir voluntariamente as contrações da bexiga ou


contrair os músculos do assoalho pélvico de forma a manter a continência, diminuindo os episódios
de incontinência urinária;

– utilização de coletores externos (sistema de coletor externo e fraldões), que também oferecem
vantagem para o controle urinário. Em todos os casos deve-se proceder a uma avaliação do
ambiente, dando atenção especial às barreiras ambientais tais como: espaço livre para andar,
degraus, luz suficiente e a não colocação de materiais em excesso no banheiro.

Incontinência fecal

A incontinência fecal é um dos problemas de saúde que afeta a qualidade de vida dos idosos. Com
o envelhecimento o controle da defecação vai se alterando pela hipotonia muscular (fraqueza), pela
diminuição ou perda da sensibilidade da ampola retal ou, ainda, devido à perda do reflexo anal
(contração do esfíncter anal). A incontinência fecal é a alteração da necessidade de eliminação de
fezes, na qual há perda do controle do esfíncter, com conseqüente perda de fezes sem que a
pessoa perceba, levando a um distúrbio na eliminação do conteúdo intestinal. A incontinência fecal
costuma vir associada à incontinência urinária e é mais freqüente em pacientes com problemas
mais acentuados de memória.

Tipos

A incontinência fecal pode ser dividida em quatro grupos de acordo com as causas

precipitantes:

– relacionada aos problemas de cólon (parte do intestino grosso), reto e ânus como, por exemplo,
tumores, inflamações e outras;

– constipação crônica (intestino "preso"), com episódios de diarréia e, as vezes, de

incontinência fecal;

– lesões neurológicas diversas tais como demências, derrames e outras;

– ingestão de medicamentos tais como laxantes, analgésicos, opiáceos.

Avaliação da incontinência fecal

A falta de controle da defecação pode representar uma perda da independência da pessoa. Deve-
se tentar descobrir sua causa, corrigir a dieta, ingerir bastante líquido, favorecer horários regulares
de ida ao banheiro para treinar um novo horário para o intestino, não ridicularizar o paciente,
proceder a uma higiene cuidadosa e eliminar odores no quarto para limitar o constrangimento
criado pela situação. É importante também que os cuidadores fiquem atentos para:

– observação das características das fezes (quantidade, coloração, consistência e

freqüência);

– eliminação de gases, presença de distensão abdominal (a presença de barriga muito inchada


pode ser sinal de obstrução intestinal, o que pode levar o idoso à morte);

– higiene, cor da pele na região do ânus;

– evitar períodos muito longos sem defecar (quanto mais tempo ficam as fezes retidas mais difícil é
eliminá-las, criando um círculo vicioso);

– não confundir eliminação de fezes pastosas em pequenas quantidades com diarréia, o que leva o
cuidador a acreditar que o paciente evacuou. Trata-se de "diarréia espúria", manifestação na qual
uma verdadeira "rolha de fezes" (fecaloma) impede a passagem das fezes. As repetidas contrações
do intestino podem amolecê-las e assim facilitar a eliminação destas pequenas quantidades de
fezes, confundindo a pessoa que cuida.

Constipação intestinal

A constipação intestinal ("intestino preso", "prisão de ventre") é a dificuldade e passagem irregular


de pequena quantidade de material fecal na parte grossa do intestino, devido a uma redução na
freqüência das evacuações e dificuldade na eliminação de fezes endurecidas. Não é um problema
normal com as mudanças do envelhecimento, entretanto, é mais freqüente em idosos quando
comparado com os adultos.

Causas

As causas da constipação podem ser:

– primárias, referem-se ao trânsito intestinal lento, à diminuição do tônus intestinal (ligeiro grau de
contração nos músculos) e da força muscular abdominal, pouca ingestão de

líquidos e de alimentos ricos em fibras, má dentição, inatividade física e perda do reflexo da


evacuação;

– secundárias, devido ao uso inadequado de drogas, problemas do cólon, ânus e reto, doenças
diversas, inclusive as neurológicas e psiquiátricas.

O que fazer

No caso do idoso apresentar problema de constipação tente levantar dados sobre a condição do
idoso e hábitos alimentares e outros. Frente a isso estabelecer um padrão de re-treinamento de
horários para ingestão de líquidos, de alimentos e de atividades do cotidiano. A intervenção deve
ser natural com alimentos tais como administração de farelos nas alimentações, ameixas ou outras
frutas secas e também as frescas. Estimular o idoso para maior ingestão de líquidos. O uso do
banheiro deve ser individual, oferecendo apoio ao idoso quanto ao tempo e estimulação para a
evacuação. Além disso, esclarecer quanto às crenças culturais de que os movimentos intestinais
regulares devem ser diários. A orientação aos idosos deve ser de manter a regularidade intestinal,
pelo menos três vezes por semana. Caso a intervenção não seja adequada ou se o idoso
apresentar problemas relacionados às causas secundárias, é conveniente encaminhá-lo a um
serviço médico. Não tome condutas como uso de laxantes ou enemas (clister) por conta própria. É
recomendável consultar um especialista.

Considerações finais

As incontinências urinária e fecal, e a constipação intestinal são problemas de saúde muito


freqüentes entre os idosos. Cabe à equipe de profissionais e ao cuidador avaliar o tipo de
incontinência e a constipação para traçar as condutas. O objetivo da atenção é resgatar o equilíbrio
das eliminações e facilitar o dia-a-dia do idoso e de sua família, poupando-o, sempre que possível,
do constrangimento da incontinência.

Sobre a demência

O que é demência?

É uma doença em que as células do cérebro morrem mais rapidamente do que no envelhecimento
normal. Isto leva a um declínio geral da capacidade e das habilidades da pessoa. Produz perda de
memória, confusão, comportamentos estranhos e mudanças na personalidade. É uma doença
desconcertante. Não se conhece ainda as causas, não há cura, e o tratamento que pode ser
oferecido é pouco. Como os mesmos sintomas podem resultar de outras causas, possivelmente
tratáveis, é importante fazer um diagnóstico correto. A demência, por si, geralmente não é causa de
morte e a pessoa pode sofrer da doença durante vários anos antes de falecer de outra causa.

Sintomas da demência:

· tornar-se muito esquecido, principalmente com relação a acontecimentos recentes e nomes;

· estar confuso quanto a hora, dia e local, e perder-se em lugares conhecidos;

· ter dificuldade em falar e passar a repetir as mesmas coisas várias vezes;

· não conseguir compreender o que lhe é dito;

· ter dificuldade em executar tarefas domésticas e negligenciar a higiene pessoal;

· comportar-se na cozinha de maneira perigosa, deixando que os alimentos se queimem ou abrindo


o gás esquecendo de acender o fogão;

· comportar-se de maneira inadequada, por exemplo, saindo de pijama ou vagando pelas ruas a
noite;

· esconder ou perder as coisas e acusar os outros de tê-las roubado;


· ver ou ouvir algo que não existe;

· ficar facilmente zangado, chateado ou agressivo

A medida que a doença progride, os sintomas tornam-se mais óbvios e incapacitantes

Porque é necessário um diagnóstico correto?

É muito importante obter-se um diagnóstico médico, caso uma pessoa de meia idade ou idade
avançada desenvolva alguns destes sintomas. Muitas condições confundem-se com sintomas de
demência, mas podem ser reversíveis, por exemplo, a perda da memória e confusão são sintomas
da demência incurável, mas podem ter outras causas, especialmente se o aparecimento foi
repentino. São causas comuns de sintomas semelhantes aos da demências:

· quadros infeciosos, como a pneumonia e ou infecção renal. O tratamento da infecção acabará


com os sintomas;

· deficiência da glândula tireóide ou deficiência vitamínica, que são completamente tratáveis;

· deficiência química, como na doença de Parkinson, que é controlável;

· outros distúrbios cerebrais, tumores, derrames ou ferimento na cabeça podem temporária ou


permanentemente, afetar parte do cérebro, levando à confusão e a outros sintomas da demência.
Estas condições, as vezes, podem ser tratadas e curadas;

· medicamentos - os idosos geralmente não necessitam de doses tão altas de medicamentos como
as pessoas mais jovens. Mesmo os efeitos de drogas comuns, como soníferos, duram muito mais
tempo no idoso. Eles podem também estar tomando remédios que em combinação, poderiam
causar sintomas parecidos com os da demência.

· depressão profunda- é comum no idoso e geralmente tratável;

· mudanças nos relacionamentos- por exemplo, doença ou morte do parceiro ou de amigo próximo;

· mudanças nos hábitos da pessoa, ou do ambiente, como mudar de casa.

Dez sinais de alerta

1. problemas com a memória- que NÃO seja causado por abuso de álcool ou ferimento na cabeça,
e que piora com o tempo;

2. problemas de linguagem- dificuldade para dar nomes aos objetos, achar a palavra

certa para usar numa frase, e muitas vezes, dizer palavras sem nexo;

3. fechos e botões são difíceis de fechar- a pessoa tem dificuldade para se vestir;
4. falta de higiene- podem não se importar com a aparência e podem não querer tomar banho;

5. mudança brusca de humor, muitas vezes sem razão aparente. Podem estar calmo e de repente
se tornar amedrontado, furioso ou agressivo;

6. raciocínio deficiente- comportamento estranho, vestir a roupa na ordem errada ou

tirar a roupa em público;

7. podem se perder em lugares conhecidos, até no próprio bairro;

8. reconhecer a família e amigos fica progressivamente difícil;

9. as vezes tem recordações da infância, mas não se lembra de nada que aconteceu no mesmo
dia;

10. desconfiado dos outros, podendo acusá-los de roubar ou esconder suas coisas, seu dinheiro e
outros objetos pessoais.

Mudança brusca de humor na demência

O cuidador, pode sentir que as vezes a pessoa demenciada se comporta de maneira muito
agressiva. Isto pode tomar a forma de abuso verbal ou ameaças, destruição ou danificação de
propriedades, ou violência física. Tal comportamento pode assustar e gerar ansiedade sobre como
melhor lidar com isto. O demenciado é, logicamente, uma pessoa, e vai reagir às circunstâncias de
maneira particular. Mas se observar bem as situações nas quais ocorre a agressividade e os
eventos que levaram a estes incidentes agressivos, o cuidador poderá talvez identificar o que
desencadeia o comportamento e tentar evitá-lo.

Causas comuns da mudança de humor

1. comportamento defensivo: a pessoa pode se sentir humilhada porque é forçada a aceitar


assistência para executar tarefas íntimas como se lavar. Mesmo que ela não consiga

fazer só, pode parecer que sua independência e privacidade estão sendo ameaçadas;

2. falta de competência: a pessoa pode estar se sentindo pressionada porque não consegue mais
enfrentar as solicitações do diárias como fazia há pouco. Pode se sentir fracassada se não
conseguir fazer coisas simples ou responder perguntas fáceis;

3. má compreensão: pode estar confusa porque não compreende mais o que está acontecendo ou
estar aflita ao perceber um declínio em suas habilidades. Acusações de que alguém roubou algo
seu que não está encontrando pode ser apenas uma maneira dela se proteger contra a realidade
de suas habilidades deficientes;

4. medo: esta é outra razão para a agressividade. Ela pode estar com medo porque não reconhece
mais certos lugares ou pessoas. Pode estar convencida de que deveria estar em outro lugar, ou
muito ansiosa porque acredita que a pessoa veio visitá-la é um estranho que entrou a força em sua
casa. Um ruído súbito ou pessoa se aproximando por trás de repente, pode aterrorizá-la e causar
uma reação agressiva;

5. reação exagerada: a pessoa pode ficar ansiosa por causa de mudanças na rotina, da presença
de muitas pessoas, de um acontecimento especial, de barulho ou outras distrações, e poderá se
agitar porque não consegue se conter na situação;

6. defesa e manipulação da atenção: a agressividade da pessoa pode também ser uma reação
defensiva á tentativa do cuidador de conter ou controlar o "andar sem rumo" ou mesmo uma atitude
para chamar a atenção. Se isto acontecer deve-se tentar outra maneira de tratar do assunto, em
vez de se concentrar na reação que a situação causou.

Medidas Preventivas

· reduzir as exigências feitas à pessoa e assegurar que há uma rotina tranqüila sem estresse e sem
distrações que confundem;

· tentar gastar mais tempo explicando o que está acontecendo, passo a passo, em frases simples e
dando tempo para que ela reaja. Mesmo que não possa sempre entender as

palavras, a atenção plena e o tom de voz calmo do cuidador podem tranquilizar a pessoa;

· estimular a independência e permitir que a pessoa faça tudo que puder, mesmo que isto leve mais
tempo;

· evitar confrontação com a pessoa sempre que possível, distraindo sua atenção ou

sugerindo uma alternativa;

· elogiar conquistas e evitar críticas. Focalizar as habilidades remanescentes da pessoa;

· explicar aos amigos e parentes que a pessoa não os reconhece e que precisará ser

tranquilizada. Vozes agudas e movimentos bruscos, especialmente vindos por trás da pessoa,
podem perturbá-la;

· ficar alerta para os sinais de ansiedade ou agitação e reassegurar ou distrair a pessoa de maneira
mais apropriada;

· encontrar atividades adequadas para estimular o interesse e aumentar a confiança;

· assegurar que a pessoa faça exercícios suficientes, especialmente se ela tem tendência a "andar
sem rumo";

· consultar o médico se achar que a pessoa pode estar sofrendo algum desconforto, pois o
aparecimento de problemas orgânicos podem ocasionar grandes mudanças de humor.

O que o cuidador não deve fazer com a pessoa demenciada

· não confrontar, nem discutir;


· não tomar como ofensa pessoal as atitudes agressivas momentâneas da pessoa;

· não levantar o tom de voz;

· não tentar conduzir ou iniciar qualquer forma de contato físico, "encurralando" a pessoa ou se
aproximando por trás;

· não provocar, caçoar ou rir dela;

· não usar punições ou castigos para tentar corrigir mudanças de humor.

É comum a pessoa com demência sofrer mudanças súbitas de humor. Pode ser que inicie um dia
aparentemente normal e tranqüilo e de repente a pessoa se torna agressiva, grita, cospe, bate em
quem estiver mais próximo, joga o que encontra à mão e se torna extremamente abusiva. Um
adulto confuso, agressivo ou violento pode chocar toda família, mas assusta especialmente as
crianças e os adolescentes que não compreendem o que está acontecendo. É importante lembrar
que esta agressividade não é consciente, mas faz parte da doença. Resulta de danos cerebrais e
de algo que engatilhou uma resposta comportamental anormal. Este "algo" pode ser uma má
interpretação do que está acontecendo ao seu redor, ou do excesso de estímulos causados por
muitas pessoas no ambiente, muito barulho, crianças agitadas ou por outras razões. O mais
importante nesta hora é procurar manter a calma. O ideal é afastar pelo menos dois metros, e se
possível retirar-se do ambiente por algum tempo, certificando-se de que não haverá perigo para a
pessoa ficar só. Não se deve tentar ou "encurralar" esta pessoa agressiva, pois tornaria pior a
situação. A pessoa demente necessita de um ambiente de rotina, sem rádio ou televisão em
volume alto o dia inteiro, sem muitas visitas, e não se deve esperar dela mais do que ele dá conta
no momento. Não importa como era o seu passado, esta pessoa está perdendo gradativamente as
suas habilidades e isto muitas vezes lhe é extremamente frustrante.

Emergências no domicílio

Os idosos costumam ter várias doenças ao mesmo tempo. São doenças crônicas, isto é,
enfermidades que não têm cura e, assim, é preciso conviver com elas, não levando o idoso à morte
rapidamente. As doenças crônicas podem causar complicações, principalmente se não forem bem
controladas. As pessoas idosas que necessitam de cuidados são, em geral, mais frágeis, mais
debilitadas. São pessoas que apresentaram seqüelas e complicações de suas doenças crônicas.
Por isso necessitam de cuidados diários de alguém que as ajude em diversas atividades.

O que são situações de emergência

Com os idosos, de uma hora para outra, pode ocorrer uma piora súbita, repentina ou um acidente,
alterando por completo a rotina diária. São as emergências. Por esse motivo, o cuidador deve estar
atento, pois uma emergência precisa de ação imediata, firme, segura, caso contrário o idoso pode
morrer. Qualquer alteração na rotina, como sonolência excessiva, apatia, confusão mental,
agitação, agressividade etc., pode ser um sinal de que algo novo, diferente que aconteceu no
quadro clínico, precisando de avaliação imediata. Não deixar para depois.

Quais são as emergências mais comuns


As emergências mais comuns são as que se seguem e que serão expostas de maneira sucinta.

Confusão mental (delirium)

É particularmente comum em pacientes idosos. A pessoa fica desorientada, sem saber se localizar
no tempo (dia, hora, ano etc.) e no espaço (local), muita agitada, irritada e falando coisas sem
sentido. O nível de consciência varia muito, uma hora a pessoa está ativa, outra hora, sonolenta e a
atenção fica prejudicada. Para quem está cuidando, é causa de muita aflição, pois a comunicação
fica difícil. O cuidador perde o controle da situação. É um quadro que necessita de avaliação
médica imediata, pois pode ser ocasionado por pneumonia, infecção nos rins, desidratação, infarto
do coração, traumatismo de crânio, pressão baixa, derrame e muitas outras doenças graves. O
tratamento de qualquer dessas causas é a melhor forma de tirar o paciente do estado de confusão.
Com o tratamento certo, a confusão costuma desaparecer em poucos dias. É importante estar
sempre ao lado do paciente, numa atitude calma, de apoio. Não dê calmantes por conta própria.

Quedas

Quedas são freqüentes em pessoas frágeis. Podem ter como conseqüência uma fratura de fêmur,
de costela, da coluna, da bacia, do braço ou mesmo um trauma de crânio. Vários problemas de
saúde podem predispor a cair. Toda queda, portanto, merece uma avaliação para se descobrir a
causa e, assim, prevenir outra queda. Se foi um problema de saúde, chamar o médico do paciente.
Se foi um acidente ou um problema do ambiente (tropeçar, escorregar, trombar, pisar em falso),
discutir maneiras de tornar o ambiente mais seguro. Ficar de olho no estado de consciência, caso
tenha batido a cabeça. Peça ajuda a outra pessoa para levantar o idoso que caiu. Transmita
segurança. Não ridicularize e não culpe o idoso.

Falta de ar

Em um episódio de falta de ar, o idoso apresenta dificuldade para respirar, a respiração é rápida e
curta, muitas vezes ofegante e, em geral, apresenta tosse, que pode ser seca ou com catarro. A
causa pode ser uma infecção nos pulmões (pneumonia), uma crise de bronquite ou alguma doença
cardíaca (infarto ou insuficiência cardíaca aguda). Geralmente vem acompanhada de confusão
mental. Sonolência e arroxeamento de lábios e dedos são sinais de gravidade.

Atenção: pessoas idosas podem apresentar pneumonia sem ter febre. Procurar avaliação médica
urgente.

Engasgos

Ocorrem quando o alimento não desce para o estômago, caindo nas vias aéreas respiratórias. Se a
pessoa engasgar com alimento sólido de tamanho grande (um pedaço de carne, por exemplo),
pode morrer sufocada. Tente retirá-lo com o dedo ou abraçando a pessoa pelas costas e apertando
na altura da boca do estômago. Uma complicação mais freqüente é a pneumonia de repetição. Em
geral, os idosos engasgam mais com líquidos. É importante ter presente que o idoso não deve ser
alimentado na posição deitada. Sentá-lo muito bem. Comida de consistência pastosa (gelatina,
mingau mais grosso, purê de batata etc.) é melhor nesses casos. Não insistir em alimentar em caso
de engasgo.

Vômitos

Um grande perigo é a ocorrência de vômitos com a pessoa deitada de barriga para cima, pois,
assim, há grande possibilidade de ocorrer a aspiração do vômito para dentro dos pulmões, levando
a uma pneumonia sempre grave. Se os vômitos forem freqüentes, poderá acontecer desidratação.
Um idoso desidratado pode apresentar outros sinais: piora do estado geral, confusão mental,
pressão baixa, funcionamento prejudicado dos rins, além de estar mais sujeito a morrer. Na maioria
das vezes não é possível dar água pela boca, havendo necessidade de aplicar soro na veia até que
um remédio para vômito seja utilizado e, principalmente, até que se trate a causa. Procure o
médico, caso necessite.

Diarréia

Diarréia é o aumento do número de evacuações, sendo que as fezes são mais líquidas. O idoso
com diarréia freqüente fica desidratado com facilidade. Quando ocorrer diarréia, os alimentos com
fibras (verduras, legumes, frutas, feijão) e os alimentos concentrados (rapadura, doces etc.)
deverão ser suspensos. Oferecer líquidos em grande quantidade. É difícil saber quando é
necessário chamar um médico para um problema que é tão comum e temporário. Como uma regra,
procurar ajuda quando a diarréia durar mais de dois dias ou ocorrer em associação com febre e
calafrios, com vermelhidão na pele ou se tiver sangue nas fezes. Diabéticos e aqueles doentes que
estão tomando medicamentos para o coração podem apresentar complicações mais cedo.

Desmaio

É a perda de consciência mesmo que seja por segundos. É necessário investigar a causa, pois há
muitas doenças que produzem desmaio: convulsões, pressão baixa, doenças do coração, pouco
açúcar no sangue (hipoglicemia), derrame e outras. Procurar manter o indivíduo deitado, com a
cabeça baixa. Verificar se bateu a cabeça ou se fraturou algum osso. Se for possível, medir a
pressão e sentir os batimentos do pulso.

Convulsões

São os "ataques" epilépticos. Podem ser parciais, com as convulsões acontecendo apenas em uma
parte do corpo ou podem ser generalizados (em todo corpo). Ao se presenciar uma convulsão,
colocar a pessoa deitada, cercá-la de almofadas para que não se machuque, coloque um pano ou
toalha dentro da boca, para que não morda a própria língua. Ao final da crise a pessoa acorda um
pouco confusa, sem saber onde está e o que aconteceu. Pode sentir dor no corpo e também perder
o controle da urina e das fezes. Tranqüilize-o (a). Não precisa ter medo porque a convulsão não é
doença contagiosa. Deve ser procurado cuidado médico o mais rápido possível.

Sangramentos

Se o sangramento for de uma ferida ou corte, procure estancá-lo com uma forte compressão
(aperto), de preferência com alguma coisa gelada, sobre a área, elevando, além disso, o segmento
machucado. Se o sangramento não parar, pode-se garrotear (passar um laço apertado) acima do
local que está sangrando. Quando o sangramento for interno ele pode se exteriorizar através de
vômitos, pelo ânus ou, ainda, vindo dos pulmões com a tosse. O sangramento pode ser procedente
do nariz. Esses tipos de sangramento necessitam de avaliação médica imediata, mesmo se for em
pequena quantidade. É importante salientar que fezes escuras, amolecidas e com mau cheiro,
parecendo borra de café, é um tipo de sangramento intestinal, apesar de não ter sangue vivo. É
importante comunicar ao médico este tipo de sangramento, informar sobre a palidez da pele, se o
paciente sua frio, se a pressão cai muito rápida. Seguir as orientações médicas e, se for o caso,
levar o paciente imediatamente para um hospital, para que sejam tomadas medidas necessárias.
Lembrar que um sangramento, até prova em contrário, é um fato sério e urgente.

Mudança de comportamento

Muitas doenças no idoso podem levar a mudança do comportamento: agitação, delírio, irritação,
agressividade, insônia confusão mental. Da mesma forma a mudança de comportamento por apatia
e desinteresse também pode significar uma situação de emergência. Nesses episódios os idosos
podem falar sem parar, ficar andando pela casa o tempo todo, xingar, arrancar sondas, cateteres e
curativos, ferir-se, acidentar-se; podem partir, inclusive, para agressão física. Idosos com demência
("esclerose") apresentam este quadro mais freqüentemente. É preciso uma avaliação médica
urgente.

Sonda de alimentação entupida

Mesmo naqueles casos em que a dieta por sonda é dada de forma correta, pode acontecer o
entupimento da mesma. Em geral, os pacientes com sonda não conseguem engolir pela boca e,
nessa situação, poderão ficar desidratados, com grande possibilidade de apresentar queda de
pressão, problemas nos rins, entre outros. Chame a enfermeira para avaliar a situação. Se não
conseguir desentupir, haverá necessidade de trocá-la o mais rápido possível.

Hipertermia

É o aumento da temperatura corporal em dias de muito calor. A conduta será levar o idoso a um
lugar fresco, retirar as cobertas, dar líquidos se estiver consciente, colocar compressas frias em
cada lado do pescoço, debaixo dos braços, nas virilhas e nas dobras das pernas.

Considerações finais

As emergências podem acontecer a qualquer pessoa. O melhor é estar sempre muito bem
informado e sempre atento à evolução do paciente. Quando ocorrer uma emergência deve-se
tentar manter a calma. Para isto o ideal é ter um planejamento prévio, detalhando o que fazer em
cada situação, a quem procurar e pedir socorro e com quais recursos pode contar na comunidade.
Numa consulta de rotina solicitar ao médico que oriente o que fazer em caso de dor, febre e
pressão alta. Se possível pedir que prescreva medicamentos. Tenha o número dos telefones de
ajuda e socorro em lugar de fácil lembrança e acesso. Ao se dirigir ao hospital leve documentos da
pessoa (carteira de identidade ou profissional e, se tiver, do plano de saúde). É muito importante
levar também todos os remédios que o idoso estiver usando, mesmo os que podem ser comprados
sem receita.

Uso de medicamentos

Uso de remédios em idosos

Com o avançar da idade produzem-se modificações no nosso organismo que podem alterar as
respostas aos medicamentos. Esse é motivo pelo qual as dosagens dos remédios para os idosos
podem ser diferentes. A polifarmácia, ou seja, o uso de muitos remédios, implica em custo elevado
do tratamento, assim como aumenta a possibilidade de reações entre os medicamentos (interação
medicamentosa) e de reações não desejadas (efeitos colaterais). Essas são três mais freqüentes
em idosos do que nos jovens.

Uso da denominação comum (nome genérico)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) instaurou na década de 50 um programa para identificar


cada droga mediante um nome único, nome genérico – Denominação Comum Internacional (DCI).
Segundo este nome genérico, um medicamento tem a mesma composição qualitativa e
quantitativa, mesma forma farmacêutica que outro remédio com outro nome fantasia. Nessas
condições, é possível a substituição de um medicamento por outros equivalentes, denominados
similares. Exemplos: Ácido acetil salicílico = AAS, Aspirina; Diclofenaco = Voltaren, Cataflan,
Inflaren.

Cumprimento do tratamento prescrito

O cumprimento do tratamento é a maneira como o paciente segue as indicações prescritas pelo


médico: dieta, remédios, mudanças de estilo de vida. O não cumprimento da receita pode ocasionar
inúmeros problemas à saúde, uma vez que muitos pacientes abandonam o tratamento total ou
parcialmente ou cometem erros na maneira de usar sua medicação.

Conselhos gerais para uso correto de medicamentos

Segue abaixo alguns conselhos para uso de medicamentos:

· o idoso deve ser estimulado a assumir a responsabilidade pelo tratamento, tomando os


medicamentos sozinho ou sob orientação, passando os cuidados para outra pessoa somente
quando se encontre impossibilitado (por exemplo, quando apresenta falhas de memória, deficiência
visual ou outras limitações);

· caso haja mais de um cuidador responsabilizando-se pela administração de medicamentos, será


conveniente anotá-los em um papel diariamente e riscá-los conforme forem sendo ministrados;

· os medicamentos destinados a mais de uma pessoa no lar devem ser separados e mantidos
afastados para evitar erros;

· o prazo de validade dos medicamentos deve ser observado, mantendo estes distante de umidade,
calor, luz e crianças;

· o nome dos medicamentos deve ser colocado em rótulos com letras legíveis para sua melhor
visualização, orientando o idoso para utilização de uma lupa, se necessário;

· as medicações devem ser separadas para o uso diário em frascos identificados, conforme o
horário em que deverão se tomadas, caso o idoso tenha dificuldade visual, seja analfabeto ou não
consiga manipulá-las;

· o idoso deve manter consultas médicas periódicas, informando o médico sobre todos os
medicamentos e tratamentos utilizados;

· devem ser utilizados somente medicamentos recomendados por médicos;

· é necessário levar os medicamentos que estão utilizados às consultas médicas;

· as doses recomendadas devem ser seguidas rigorosamente, não se devendo aumentá-las ou


diminuí-las sem orientação médica;

· devem-se observar possíveis alterações ou efeitos que possam ser causados pelos
medicamentos e comunicar ao médico;

· não se pode deixar o idoso esquecer de tomar os medicamentos;

· programe o horário dos medicamentos com atividades do dia (café da manhã, almoço, jantar etc.);

· coloque as medicações em local visível;

· utilize um esquema com horários, por escrito ou colocando a tampinha das caixas dos
medicamentos e outros lembretes como os que se seguem:

- lave sempre as mãos com água e sabão antes de pegar nos medicamentos;

- controle a data de vencimento;

- faça o possível para que o nome do medicamento e a dose sejam os receitados;

- se for administrar um medicamento durante a noite, nunca o faça com a luz apagada e lembre de
confirmar o nome e a dose;

- evite guardar os medicamentos em geladeira a menos que seja indicado e também em lugares
úmidos, pois podem ser alterados;

- não utilize o armário do banheiro para guardar os medicamentos, pois são muito úmidos;

- não aconselhe medicamentos a terceiros, nem aceite conselhos de vizinhos, amigos ou parentes,
pois um medicamento que é bom para uma pessoa pode ser prejudicial para outro;

- portador de alergia a algum medicamento deve ter sempre uma advertência em lugar visível.

 
Uso correto de administração das distintas formas farmacêuticas

A forma farmacêutica é a maneira como o medicamento se apresenta. É importante conhecê-las e


detalhar alguns conselhos.

Uso oral

· Os medicamentos de uso oral devem ser tomados com água e não com outro tipo de bebida (leite,
suco, chás, café ou bebidas alcoólicas).

· Os medicamentos não devem ser manipulados (esvaziar as cápsulas) sem consultar o médico.

· Os medicamentos devem ser tomados em pé ou sentado, engolido sem mastigar, a não ser que
seja indicado.

· Os medicamentos de uso sublingual devem ser colocados debaixo da língua e esperar que se
dissolvam, não devendo ser ingerido com água.

Formas oftalmológicas

São colírios e pomadas para aplicação nos olhos.

· Deve-se ter cuidado para que a extremidade do frasco não toque nos olhos para não contaminar.

· As preparações oftálmicas, uma vez abertas, devem ser usadas e não é conveniente que sejam
aproveitadas novamente.

· Para aplicar um colírio deve-se inclinar a cabeça ligeiramente para trás, baixar a pálpebra inferior,
colocando as gotas na cavidade assim formada.

· Para aplicar as pomadas nos olhos deve-se inclinar a cabeça para trás, baixar a pálpebra inferior
e colocar a pomada na cavidade, nunca diretamente no olho; manter os olhos fechados por um ou
dois minutos para que possa espalhar por igual.

Formas para ouvido

São as formas farmacêuticas para serem aplicadas no ouvido.

· Como primeira medida o frasco deve ser aquecido entre as mãos, devendo-se após reclinar a
cabeça com suavidade e virar a orelha para cima e para trás para que o medicamento penetre.

· O conta-gotas deve ser colocado sobre a orelha com cuidado, procurando não encostar; a gota
deve cair de modo que deslize pelas paredes do ouvido;

· Uma vez colocadas as gotas, é aconselhável permanecer inclinado alguns minutos; não tampar o
ouvido com algodão seco, pois pode absorver as gotas.
 

Formas tópicas

Consiste na aplicação de medicamentos sobre a pele em forma de pomadas, cremes e outros. Para
conseguir um efeito local, a pele deve ser lavada antes de cada aplicação. Depois de cada
aplicação o cuidador deve lavar as mãos cuidadosamente para evitar que o medicamento chegue
aos olhos e boca.

Formas de uso retal

Consiste na introdução de preparados sólidos (supositórios), cremes ou pomadas no ânus.

· Os supositórios devem ser colocados na geladeira para endurecer.

· Retirar a embalagem do supositório e introduzir no ânus com a parte mais fina para dentro; juntar
as nádegas, fazendo força por alguns instantes.

· Evitar as evacuações por uns vinte minutos depois da aplicação, a não ser que o

supositório tenha efeito laxante; caso o supositório saia por inteiro é necessário colocar outro.

· Com respeito à aplicação de cremes e pomadas é necessário primeiramente lavar e secar a área
retal: a quantidade a ser aplicada deve ser pequena e distribuída adequadamente.

Preparados vaginais

São preparados para serem usados na vagina. Podem ser de formas sólidas (óvulos,

comprimidos) ou cremes.

· Lembre-se de tirar as embalagens que envolvem os óvulos.

· A paciente deve deitar-se e separar as pernas; o remédio deve ser colocado na vagina o mais
profundamente possível; durante uns cinco minutos depois da aplicação é importante que os
quadris continuem um pouco levantados.

· Deve-se usar um aplicador para as formas de creme e, uma vez utilizado, limpá-lo com água
quente e depois guardá-lo.

· Usar de preferência a noite.

Preparados de uso nasal

São medicamentos para serem colocados no nariz.

· Antes da aplicação do medicamento deve-se assoar levemente o nariz; quando colocar é


preferível respirar pela boca, sentar-se e inclinar a cabeça para trás; colocar o conta gotas em um
dos orifícios do nariz, sem respirar, apertar o conta-gotas e pingar o número correto de gotas
recomendado.

· Repetir o mesmo processo no outro orifício nasal.

· Manter a cabeça inclinada alguns instantes para que o produto penetre nos pulmões; respirar pela
boca e não procurar assoar o nariz nesse tempo. É possível perceber um gosto de medicamento na
boca.

Interações medicamentosas

É a maneira como um medicamento reage com um alimento, com outro medicamento, com álcool,
com fumo quando usados ao mesmo tempo.

Observações

Em caso de surgirem reações não desejadas procurar o médico ou pronto-socorro,

informando sobre o medicamento que o paciente faz uso. Deve ser ressaltado que o cuidador deve
seguir a orientação do médico quanto:

· freqüência de uso dos medicamentos;

· horário;

· antes ou depois das refeições;

· o que eles podem provocar.

Cabe ao cuidador a responsabilidade de cuidar e orientar quanto ao uso correto dos

medicamentos, uma vez que as pessoas idosas que requerem cuidados são, na sua maioria,

dependentes fragilizados. O tratamento medicamentoso pode acarretar dificuldades para o idoso e


para os cuidadores que o administra, sendo oportuno apresentar algumas recomendações, afim de
facilitar o tratamento e evitar complicações. A apresentação das diversas de formas farmacêuticas
e, para cada uma delas, ensinar as maneiras de administrá-las, além de expor um elenco de
conselhos gerais para uso correto dos medicamentos, teve a finalidade precípua de facilitar o
trabalho do cuidador, transmitindo segurança a ele e à pessoa idosa, que é o maior beneficiário
deste e dos demais ensinamentos constantes deste manual.

 
d-3) - OS DIREITOS DOS IDOSOS NA CONSTITUIÇÃO

Constituição Federal:

Título II

Dos Direitos e Garantias Fundamentais

Capítulo II

Dos Direitos Sociais

Art. 7) São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:

XXIV – aposentadoria

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por


motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

Capítulo VII

Da Administração Pública

Seção II

Dos Servidores Públicos Civis

Art. 40) O servidor será aposentado:

I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando decorrentes de acidente em


serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei, e
proporcional nos demais casos:

II - compulsoriamente aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de


serviço;

III - voluntariamente:

a. aos trinta e cinco anos de serviço, se homem e aos trinta, se mulher, com
proventos integrais;

b. aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magistério, se professor e vinte


e cinco, se professora, com proventos integrais;

c. aos trinta anos de serviço, se homem e aos vinte e cinco, se mulher, com proventos
proporcionais a esse tempo;
d. aos sessenta e cinco anos de idade, se homem e aos sessenta, se mulher, com
proventos proporcionais ao tempo de serviço.

Parágrafo primeiro – Lei complementar poderá estabelecer exceções ao disposto no inciso III, "a"
e "c", no caso de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas.

Parágrafo segundo - A lei disporá sobre a aposentadoria em cargos ou empregos temporários.

Parágrafo terceiro – O tempo de serviço público federal, estadual ou municipal será computado
integralmente para efeitos de aposentadoria e de disponibilidade.

Parágrafo quarto – Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma proporção e na


mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também
estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos
servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do
cargo ou função em que se deu a aposentadoria na forma da lei.

Parágrafo quinto – Os benefícios da pensão por morte corresponderá à totalidade dos


vencimentos ou proventos do servidor falecido, até o limite estabelecido em lei, observado o
disposto no parágrafo anterior.

Título VIII

Da Ordem Social

Capítulo II

Da Seguridade Social

Seção IV

Da Assistência Social

Art. 203) A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independente de contribuição
à seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao


idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei.

Capítulo VII

Da Família, da Criança, do Adolescente e do Idoso


Art. 229) Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm
o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 230) A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida.

Parágrafo primeiro – Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente


em seus lares.

Parágrafo segundo - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos
transportes coletivos urbanos.

 
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