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DO ENVELHECIMENTO
AULA 4
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A situação dos asilos começou a melhorar com a iniciativa de várias
organizações sem fins lucrativos, que construíram lares de idosos para idosos
pobres (Calve, 2016). Dessa maneira, inúmeras sociedades beneficentes
surgiram durante o século XIX, não somente nos EUA, mas também na Europa.
Essas instituições recebiam pagamentos de adultos ainda jovens para
manutenção das “casas para idosos”, onde eles eram recebidos na velhice para
receber moradia, alimentação e cuidados com a saúde (Gremeaux, 2012).
Com a Revolução Industrial Americana e Europeia, a população
trabalhadora assalariada aumentou e os idosos não tinham mais com quem ficar
em casa; além disso, manter idosos em um lar se tornou inviável, pelo custo com
alimentação e cuidados necessários (Seager, 1910, citado por Calve, 2016).
Assim, houve o aumento pela procura de asilos para idosos, e se fizeram
necessárias a legalização e a regulamentação das instituições voltadas ao
atendimento de idosos. Somente em 1954, com a Lei Hill-Burton, os asilos foram
normalizados, e na década de 1970 eles começaram a ser fiscalizados para
manter a qualidade de atendimento das instituições (Morris et al., 1999).
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Posteriormente, outras instituições foram abertas no Sudeste e outras regiões
brasileiras, denominadas gerontológicas.
As instituições, que eram dirigidas por associações religiosas,
filantrópicas como a Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), presente no Brasil
até a atualidade. A SSVP mantém em torno de 700 ILPIs em todo o país (Born;
Boechat, 2006).
O Brasil possui mais de 1.700 ILPIs. A Tabela 1 indica instituições de
assistência à pessoa idosa de acordo com o caráter de cada uma.
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de fisioterapia, de terapia ocupacional, de enfermagem, de odontologia,
educação física e outras atividades específicas para esse público e não somente
moradia, alimentação e vestimenta (Christophe; Camarano, 2010).
Em 22 de setembro de 1989, foram registradas 12 normas técnicas na
Portaria n. 810, com o intuito de regulamentar as casas de repouso, clínicas
geriátricas e demais instituições destinadas ao atendimento de idosos. A portaria
do Ministério da Saúde dá as diretrizes em relação a:
• Organização.
• Área física e instalações.
• Recursos humanos.
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leitos por quarto, o que não é compatível com a normatização da Anvisa, de que
as instituições devem ter no máximo quatro leitos por quarto.
Há estimativas que atualmente existam no Brasil cerca de 3.548 ILPIs,
sendo aproximadamente 65,2% de caráter filantrópico, 6,6% são públicas e as
demais privadas (Brasil, 2005, citado por Calve, 2016).
Essa caracterização se dá em virtude das pessoas que procuram esse
serviço serem, em sua maioria, de baixa renda e ao vínculo das instituições com
a isenção fiscal e serem de caráter assistencialista. Mas, ainda assim, é
necessária que as ILPIs brasileiras sigam as diretrizes legais.
Dados do IPEA (2011) indicam que até 2020 a população idosa do país
será superior a 30 milhões, principalmente os idosos com idade igual ou superior
a 80 anos. Entretanto, dessa população, apenas 1% reside em ILPI (Camarano;
Mello, 2010).
Alguns autores como Camarano e Mello (2010) afirmam que a pequena
procura por ILPI para residência de idosos é decorrente do baixo número de
instituições no país e do preconceito existente em relação a essa modalidade de
atendimento à população idosa.
Atualmente, os principais motivos que levam os idosos a residir em uma
ILPI são dependência de cuidados médicos integralmente, baixa renda familiar,
viuvez (Camarano; Kanso, 2010) e dificuldade no convívio familiar.
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3.2 Os aspectos socioafetivos
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extrínsecos (problemas familiares, ambientais, hospitalização prolongada e
institucionalização) (Liu-Ambrose et al., 2004; Lollar; Crews, 2003).
As causas da imobilidade podem ser parciais ou completas, dependendo
das doenças que acometem o idoso, prescrição de fármacos e fatores
socioambientais, como isolamento social, contenção física, calçados
inadequados, dispositivos de auxílio e falta de adaptação ambiental (Liu-
Ambrose et al., 2004).
Bessa e Silva (2008) consideram que há maior dificuldade de equilíbrio e
realização do andar em ambientes institucionalizados, devido à interação entre
as alterações no organismo e as características do ambiente segregado,
desprovido de estímulo. Além disso, idosos institucionalizados são mais
suscetíveis às agressões ambientais e aos efeitos secundários das medicações.
Para Taveira (2010) é comum indivíduos institucionalizados,
principalmente os com mais 75 anos de idade, desenvolver a síndrome de
fragilidade geriátrica, que provoca perda de peso, massa magra, diminuição de
força e aumento da fadiga, levando ao aumento da morbidade e mortalidade
dessa população.
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As ILPIs devem oferecer, além de um ambiente adequado ao idoso,
assistência médica e odontológica, cuidados de enfermagem, fisioterapia,
terapia ocupacional e tratamento com psicólogo.
O tratamento psicológico é fundamental para que os idosos
institucionalizados possam ter atendimento para promoção da saúde mental,
principalmente os que já foram acometidos por demências ou depressão.
Atendimento fisioterapêutico também é necessário, pois muitos idosos
institucionalizados necessitam de cuidados em relação a doenças articulares e
neuromusculares.
Os atendimentos ocorrem uma ou duas vezes por semana, dentro das
instituições, por profissionais contratados pela instituição ou oferecidos pelo
município onde a instituição está sediada.
Quando não há possibilidade de o atendimento ser realizado dentro da
instituição, o idoso deve ser levado e assistido em outros órgãos da área da
saúde.
A Avalição Geriátrica Ampla (AGA) deve ser realizada e registrada nos
prontuários, constando:
• Histórico de Enfermagem.
• Exame físico.
• Prescrição da Assistência de Enfermagem.
• Evolução da Assistência de Enfermagem.
• Anotações de Enfermagem.
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• Escala de Braden. (Enfermeiro) – avaliar risco de escaras de decúbito em
idosos acamados.
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intervenção para os idosos institucionalizados, de modo que possam garantir
adesão e bons resultados.
• jogos e brincadeiras;
• festas e eventos comemorativos;
• passeios e viagens;
• esportes;
• arte.
As dimensões culturais fazem com que o indivíduo seja visto como um ser
social e integrativo. Assim, a prática do lazer traz contribuições para o processo
de desenvolvimento psicossocial a todas as idades, incluindo os idosos.
Moura e Souza (2013) afirmam que a quantidade de tempo livre varia e
que, na aposentadoria, esse tempo é aumentando; porém, não é valorizado
pelos aposentados, acostumados no ritmo da produção.
Os idosos residentes em ILPIs, assim como demais da sociedade,
também devem usufruir de atividades de lazer e recreação. Entretanto, em sua
maioria, as instituições não possuem espaço físico apropriado para a prática da
recreação e do lazer.
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Como citado, para que os idosos institucionalizados tenham uma boa
qualidade de vida nas ILPIs, é necessário que haja uma equipe multidisciplinar,
que desenvolva atividades diferenciadas, incluindo lazer e recreação.
A recreação e o lazer em ILPIs trazem inúmeras contribuições para a
inserção do idoso no ambiente social, combate a solidão e depressão, além de
proporcionar ganhos aos aspectos físicos.
Com o aumento da longevidade e a vida dinâmica das famílias brasileiras,
muitos idosos são recebidos em ILPIs.
Mesmo com ambiente adequado, muitos idosos institucionalizados
apresentam maior debilidade e independência, depressão e declínio cognitivo
(Santos et al., 2011; Winter et al., 1990).
Em ILPI, a rotina oferece pouco ao tempo disponível para lazer do
residente da ILPI, que o ocupa predominantemente com ler, ouvir rádio e assistir
à TV. Isso ocorre porque as instituições não possuem espaço físico específico e
adequado para lazer (Faleiros; Justo, 2007, citados por Moura; Souza, 2013).
Em estudo realizado por Moura e Souza (2013) infere que práticas
religiosas, relações interpessoais, ginástica, assistir à TV e práticas
manuais/artesanais envolvem as práticas de lazer mais citadas por 47 idosos
institucionalizados entrevistados.
Mesmo com atividades simples como as citadas acima, o lazer é uma
ocupação obrigatória, de livre escolha e proporcionam melhora do
desenvolvimento cognitivo, psicossocial e afetivo (Dumazedier, 1997).
As atividades oferecidas aos idosos institucionalizados podem ser:
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NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
LIU-AMBROSE, T., et al. Resistance and agility training reduce fall risk in women
aged 75 to 85 with low bone mass: a 6- month Randomized, control trial. J Am
Geriatr Soc., v. 52, n. 5, p. 657-65, 2004.
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LOLLAR, D. J., CREWS, J. E. Redefining the role of public health in disability.
Annual Review of Public Health., v. 24, p. 195-208, 2003.
MORRIS, J. N., et al. Nursing rehabilitation and exercise strategies in the nursing
horne. J Gerontol., v. 54A, n. 10, p. 494-500, 1999.
WINTER, D. A., et al. Biomechanical walking pattern changes in the fit and
healthy elderly. Physical Therapy. v. 70, n. 6, p. 340-7, 1990.
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