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REVISÃO IASC

AV2- P2
ENVELHECIMENTO
POPULACIONAL
transição epidemiológica: refere-se às mudanças
ocorridas, no tempo, nos padrões de morbidade,
invalidez e morte que caracterizam uma população
específica.

transição demográfica: a oscilação das taxas de


crescimento e variações populacionais. ( taxa de
mortalidade e natalidade)
O BRASIL E O MUNDO ESTÃO ENVELHECENDO. EM 2050, ESTIMA-SE QUE A
POPULAÇÃO MUNDIAL TERÁ 2 BILHÕES DE PESSOAS COM 60 ANOS OU MAIS
- A MAIORIA DELAS EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO (GLOBAL AGE
WATCH,2014).

NO BRASIL, ATÉ A DÉCADA DE 1960, HOUVE UM CRESCIMENTO


POPULACIONAL HOMOGÊNEO. A PARTIR DA DÉCADA DE 1970, OBSERVOU-SE
QUE A PROPORÇÃO ENTRE CRIANÇAS E PESSOAS COM 60 ANOS OU MAIS
COMEÇOU A DIMINUIR, DANDO INÍCIO À TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA.

EM 2014, OS IDOSOS JÁ REPRESENTAVAM 13,7% DA POPULAÇÃO


BRASILEIRA – 27,8 MILHÕES DE PESSOAS COM 60 ANOS OU MAIS. (IBGE,
2014).

EM2050, CALCULA-SE QUE ESSE NÚMERO CHEGUE A 64 MILHÕES – QUASE


30% DA
POPULAÇÃO (IBGE, 2016).
CARACTERÍSTICAS NO ENVELHECIMENTO NO BRASIL

• FEMINIZAÇÃO DO ENVELHECIMENTO
• AUMENTO DA PROPORÇÃO DE IDOSOS COM MAIS DE 80 ANOS ENTRE OS
PRÓPRIOS IDOSOS

CONSIDERANDO O OBJETIVO DE AUMENTAR A EXPECTATIVA DE UMA VIDA


SAUDÁVEL E A QUALIDADE DE VIDA PARA TODAS AS PESSOAS QUE ESTÃO
ENVELHECENDO, A ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE
SAÚDE/ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OPAS/OMS) REFORÇA A
IMPORTÂNCIA DO QUE CHAMA DE ENVELHECIMENTO ATIVO.

NESSE CONTEXTO, “ATIVO” NÃO SE RESTRINGE À PARTICIPAÇÃO EM


PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA OU À
INTEGRAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO, MAS REFERE-SE TAMBÉM À
PARTICIPAÇÃO CONTÍNUA DAS PESSOAS EM
QUESTÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS, CULTURAIS, ESPIRITUAIS E CIVIS.
POLÍTICA
NACIONAL DA
PESSOA IDOSA
1 Promoção do envelhecimento ativo e saudável

2 Atenção integral e integrada


DIRETRIZES:
3 Intersetorialidade

4 Provimento de recursos

5 Participação e fortalecimento do controle social

6 Divulgação da PNSPI

7 Cooperação nacional e internacional

8 Apoio a estudos e pesquisas


1. Promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável
• Permeia todas as ações desde o pré-natal até a fase da velhice
• Abordagem baseada no reconhecimento dos direitos das pessoas idosas e
nos princípios de
independência, participação, dignidade, assistência e auto realização.
• Compreensão de Envelhecimento bem sucedido a partir de seus três
componentes:
(a) menor probabilidade de doença;
(b) alta capacidade funcional física e mental; e
(c) engajamento social ativo com a vida.
2. Atenção Integral e Integrada
• Estruturada nos moldes de uma linha de cuidados, com foco no usuário, baseado
nos seus direitos, necessidades, preferências e habilidades.

• Estabelecimento de fluxos bidirecionais funcionantes.

• Atenção básica – promoção da melhoria da qualidade e aumento da resolutividade,


envolvimento dos profissionais da atenção básica e das equipes do Saúde da
Família, incluindo a atenção domiciliar e ambulatorial.

• Atenção especializada - reestruturação e implementação das Redes Estaduais de


Atenção à Saúde da Pessoa Idosa • Avaliação funcional individual e coletiva -
pirâmide de risco funcional
3. Intersetorialidade
• Reconhecimento de parceiros e de órgãos governamentais e não-governamentais
que trabalham com a população idosa.

4. Provimento de recursos
• Suporte em todos os níveis de atenção, prioritariamente na atenção domiciliar
inclusive medicamentos
• Adequação de estrutura física dos serviços próprios do SUS
• Ações de qualificação e de capacitação de recursos humanos
•Produção de material de divulgação e informativos sobre a PNSPI
• Implementação de procedimento ambulatorial específico para a avaliação global do
idoso
• Determinação de critérios mínimos de estrutura, processo e resultados
5. Participação e fortalecimento do controle social

• Estimular a inclusão nas Conferências Municipais e Estaduais de Saúde de temas


relacionados à atenção à população idosa

• Estimular e implementar os vínculos dos serviços de saúde com os seus usuários,


privilegiando os núcleos familiares e comunitários
6. Divulgação da PNSPI

• Incluir a PNSPI na agenda de atividades da comunicação social do SUS


• Produzir material de divulgação
• Apoiar e fortalecer ações inovadoras de informação e divulgação sobre a atenção à
saúde da pessoa idosa em diferentes linguagens culturais
• Identificar, articular e apoiar experiências de educação popular, informação e
comunicação em atenção à saúde da pessoa idosa

7. Cooperação nacional e internacional

• Fomentar medidas que visem à promoção de cooperação nacional e internacional


das experiências bem sucedidas na área do envelhecimento.
8. Apoio a Estudos e Pesquisas

• Apoiar o desenvolvimento de estudos e pesquisas que avaliem a qualidade e


aprimorem a atenção de saúde à pessoa idosa. Identificar e estabelecer redes de
apoio com instituições formadoras, associativas e representativas, universidades,
faculdades e órgãos públicos nas três esferas
LEGISLAÇÃO E
CONSELHO DO
IDOSO
• IDENTIFICAR A GARANTIA DE PRIORIDADE DE ACORDO COM O
ESTATUTO DO IDOSO

A garantia de prioridade compreende:


I-Atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos
públicos e privados prestadores de serviços à população;
II – Preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas
específicas;
III – Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com
a proteção ao idoso;
IV – Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio
do idoso com as demais gerações;
V – Priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do
atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de
manutenção da própria sobrevivência;
VI – Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e
gerontologia e na prestação de serviços aos idosos;
VII – Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações
de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;
VIII – Garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social
locais.
IX – Prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda; Dentre os
idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se
suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos.
• ENTENDER O DIREITO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA DE ACORDO COM O
ESTATUTO DO IDOSO
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de
Saúde –SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a
atenção especial àsdoenças que afetam preferencialmente os idosos.
§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:
I – Cadastramento da população idosa em base territorial;
II – Atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
III – Unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e
gerontologia
social;
IV – Atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja
impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições
públicas,
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
§ 3º É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão
da idade.
§ 4º Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendimento especializado, nos
termos da lei.
§ 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será
admitido o seguinte procedimento:
I - Quando de interesse do poder público, o agente promoverá o contato necessário com o idoso em sua
residência;
II - Quando de interesse do próprio idoso, este se fará representar por procurador legalmente constituído.
§ 6º É assegurado ao idoso enfermo o atendimento domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado ou
conveniado, que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, para expedição do laudo de saúde necessário ao
exercício de seus direitos sociais e de isenção tributária.
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência especial sobre os demais
idosos, exceto em caso de emergência.
Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a
acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas
para a sua permanência em tempo integral, segundo o critério médico.

Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável pelo tratamento


conceder autorização para o acompanhamento do idoso ou, no caso de
impossibilidade, justificá-la por escrito.
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado
o direito de optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável.

Parágrafo único. Não estando o idoso em condições de proceder à opção, esta


será feita:
I – Pelo curador, quando o idoso for interditado;
II – Pelos familiares, quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser
contactado em tempo hábil;
III – Pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil
para consulta a curador ou familiar; IV – Pelo próprio médico, quando não houver
curador ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério
Público.
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o
atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a
capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e
grupos de auto-ajuda.
• IDENTIFICAR A CONDUTA DA EQUIPE DE SAÚDE NOS CASOS DE SUSPEITA OU
CONFIRMAÇÃO DE VIOLÊNCIA PRATICADA CONTRA IDOSOS, DE ACORDO COM
O ESTATUTO DO IDOSO
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão
objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos e privados à
autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer
dos seguintes órgãos:
I – Autoridade policial;
II – Ministério Público;
III – Conselho Municipal do Idoso;
IV – Conselho Estadual do Idoso;
V – Conselho Nacional do Idoso
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou
omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento
físico ou psicológico.
ATIVIDADES Atividades
BÁSICAS DA VIDA Instrumentais da
DIÁRIA Vida Diária

alimentar-se; gerenciar finanças;


lidar com transporte
ir ao banheiro;
(dirigir ou usar transporte
escolher a própria público);
roupa; fazer compras;
preparar refeições;
arrumar-se e cuidar
usar o telefone e outros
da higiene pessoal; aparelhos de
manter-se comunicação;
continente; gerenciar medicações;
realizar as tarefas
vestir-se;
domésticas.
tomar banho.
SAÚDE DO IDOSO -
O PAPEL DO
CUIDADOR
A Classificação Brasileira de Ocupações - CBO sob o código 5162, define o
cuidador como alguém que "cuida a partir dos objetivos estabelecidos por
instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar,
saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da
pessoa assistida".

E a pessoa, da família ou da comunidade, que presta cuidados à outra pessoa de


qualquer idade, que esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com
limitações físicas, com ou sem remuneração.
-Cuidador Informal: Membro familiar, esposa(o), filha(o), irmão, normalmente do
sexo feminino que é escolhido entre os familiares por ter melhor relacionamento
ou intimidade com a pessoa idosa e por apresentar maior disponibilidade de
tempo. Podemos colocar nesse grupo a amiga ou vizinha, que mesmo não tendo
laços de parentesco, cuida da pessoa idosa sem vinculo empregatício, como
voluntaria.
-Cuidador Formal: É o profissional que recebeu um treinamento específico para a
função e exerce a atividade de cuidador mediante uma remuneração, mantendo
vínculos contratuais. Ele pode ser contratado para exercer suas funções na
residência de uma família, em instituições de longa permanência para idosos
(ILPI) ou acompanhar a pessoa idosa em sua permanência em unidade de saúde.
Funções do Cuidador
Atuar cômo elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde.
Escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada.
Ajudar nos cuidados de higiene.
Estimular e ajudar na alimentação.
Ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e exercícios
físicos.
Estimular atividades de lazer e ocupacionais.
Realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto,
Administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde,
Comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa
cuidada,
Outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da qualidade de vida e
recuperação da saúde dessa pessoa.
SAÚDE DO IDOSO -
VACINAÇÃO
As pessoas idosas, especialmente aquelas institucionalizadas ou as
portadoras de doenças crônicas de base, são alvos de serias
complicações relacionadas à gripe (pneumonia primária viral pelo
Vírus da influenza, pneumonia bacteriana secundária, pneumonia
mista, exacerbação de doença pulmonar ou cardíaca e óbito).
SAÚDE DO IDOSO -
SEXUALIDADE
FATORES QUE INTERFEREM NA ATIVIDADE SEXUAL APOS OS
60 ANOS:

MONOTONIA NAS RELAÇÕES SEXUAIS


FADIGA MENTAL E FÍSICA
EXCESSO DE PESO
EXCESSO DE CONSUMO DE ÁLCOOL
DOENÇAS FÍSICAS OU MENTAIS
Apesar de a maioria dos idosos casados se manterem sexualmente ativos,
o desconhecimento, o preconceito e a discriminação podem fazer com que
o comportamento sexual na terceira idade seja visto como inadequado,
imoral ou anormal, por vezes até pelos próprios idosos, que podem
experimentar um sentimento de culpa ou de vergonha.

Os profissionais de saúde NÃO estão abertos acerca da sexualidade da


pessoa idosa. Dificilmente valorizam suas queixas e não tendem a lidar
muito bem com esse tema.
Os idosos têm necessidade de maior tempo para atingir a excitação sexual
e completar a relação sexual, assim como também é maior o período de
latência para que ocorra nova excitação.

A crença de que o avançar da idade e o declinar da atividade sexual estão


inexoravelmente ligados tem sido responsável pela pouca atenção dada a
essa questão nessa etapa da vida, aumentando a
vulnerabilidade do idoso, inclusive para as DST/HIV/Aids.
SAÚDE DO IDOSO -
PREVENÇÃO DE
QUEDAS
As quedas representam problema para as pessoas idosas
e estão associadas à morbimortalidade.
Profissional deve questionar a ocorrência e frequência de quedas,
registrando na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, pois essas
informações possibilitam a identificação do risco.
O ambiente residencial interfere no risco de quedas, devendo ser
incluídas, na avaliação de risco, juntamente com as calçadas dos locais
por onde o idoso trafegue mais frequentemente.
É possível saber quais os riscos de queda e, desse modo, é possível
prevê-la.
Exitem recomendações específicas para prevenção de quedas
empessoas idosas.
Principais fatores de risco para queda em idosos:

Alteração na marcha
Diminuição do equilíbrio
Alterações sensoriais
Fraqueza muscular
Fatores comportamentais
Riscos do ambiente
O uso de vários
medicamentos pode ser
fator de risco para quedas,
uma vez que pode
ocasionar sonolência,
tontura, hipotensão
postural
POLÍTICA
NACIONAL DE
HUMANIZAÇÃO
PRINCÍPIOS DA PNH:
1. Transversalidade
A Política Nacional de Humanização deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e
programas do SUS. A PNH busca transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de
contato e da comunicação entre as pessoas e grupos, tirando-os do isolamento e das relações de poder
hierarquizadas.
2. Indissociabilidade entre atenção e gestão
As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuários
devem buscar conhecer como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim como participar
ativamente do processo de tomada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva.
Ao mesmo tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às responsabilidades da equipe
de saúde. O usuário e sua rede sócio familiar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si
nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a sua saúde e a daqueles que lhes são
caros.
3. Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos
Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com a ampliação da autonomia e
vontade das pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades.
Os usuários não são só pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem
com o reconhecimento do papel de cada um. Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como
legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde.
1. Acolhimento
O que é?
Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde. Como valor
das práticas de saúde, o acolhimento é construído de forma coletiva, a partir da análise dos
processos de trabalho e tem como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e
vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário com sua rede sócio afetiva.
O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde, de forma a atender a todos
que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço uma postura capaz
de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas aos usuários. Ou seja, requer prestar um
atendimento com resolutividade e responsabilização, orientando, quando for o caso, o paciente e a
família em relação a outros serviços de saúde, para a continuidade da assistência, e estabelecendo
articulações com esses serviços, para garantir a eficácia desses encaminhamentos.

Como fazer?
Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades do usuário, é possível
garantir o acesso oportuno desses usuários a tecnologias adequadas às suas necessidades, ampliando
a efetividade das práticas de saúde. Isso assegura, por exemplo, que todos sejam atendidos com
prioridades a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco
2. Clínica Ampliada

O que é?
É uma ferramenta teórica e prática cuja finalidade é contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento
e do sofrimento, que considere a singularidade do sujeito e a complexidade do processo saúde/doença.
Permite o enfrentamento da fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus respectivos
danos e ineficácia. Não basta o diagnóstico para definir todo o tratamento para aquela pessoa: “cada caso é
um caso”. O diagnóstico pressupõe uma certa regularidade, uma repetição. Mas para que se realize uma
clínica adequada é preciso saber, além do que o sujeito apresenta de igual, o que ele apresenta de
diferente, de singular, inclusive, um conjunto de sinais e sintomas que somente nele se expressam de
determinado modo.

Como fazer?
Utilizando recursos que permitam enriquecimento dos diagnósticos (outras variáveis além do enfoque
orgânico, inclusive a percepção dos afetos produzidos nas relações clínicas) e a qualificação do diálogo
(tanto entre os profissionais de saúde envolvidos no tratamento quanto destes com o usuário), de modo a
possibilitar decisões compartilhadas e compromissadas com a autonomia e a saúde dos usuários do SUS.
3. Ambiência

O que é?
Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que respeitem a privacidade, propiciem mudanças no
processo de trabalho e sejam lugares de encontro entre as pessoas.

Como fazer?
A discussão compartilhada do projeto arquitetônico, das reformas e do uso dos espaços de acordo com as
necessidades de usuários e trabalhadores de cada serviço é uma orientação que pode melhorar o trabalho
em saúde.
4. Gestão Participativa e Cogestão

O que é?
Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos de análise e decisão quanto a
ampliação das tarefas da gestão - que se transforma também em espaço de realização de análise dos
contextos, da política em geral e da saúde em particular, em lugar de formulação e de pactuação de tarefas
e de aprendizado coletivo.

Como fazer?
A organização e experimentação de rodas é uma importante orientação da cogestão. Rodas para colocar as
diferenças em contato de modo a produzir movimentos de desestabilização que favoreçam mudanças nas
práticas de gestão e de atenção. A PNH destaca dois grupos de dispositivos de cogestão: • aqueles que
dizem respeito à organização de um espaço coletivo de gestão que permita o acordo entre necessidades e
interesses de usuários, trabalhadores e gestores; e • aqueles que se referem aos mecanismos que
garantem a participação ativa de usuários e familiares no cotidiano das unidades de saúde.
5. Valorização do Trabalhador

O que é?
É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores e incluí-los na tomada de decisão, apostando
na sua capacidade de analisar, definir e qualificar os processos de trabalho.

Como fazer?
O Programa de Formação em Saúde e Trabalho (aprendizagem a partir do diálogo) e a Comunidade
Ampliada de Pesquisa são possibilidades que tornam possível o diálogo, intervenção e análise do que gera
sofrimento e adoecimento, do que fortalece o grupo de trabalhadores e do que propicia os acordos de como
agir no serviço de saúde. É importante também assegurar a participação dos trabalhadores nos espaços
coletivos de gestão
6. Defesa dos Direitos dos Usuários

O que é?
Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os serviços de saúde devem incentivar o
conhecimento desses direitos e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, desde
a recepção até a alta.

Como fazer?
Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, de ser informado sobre sua saúde e também de
decidir sobre compartilhar ou não sua dor e alegria com sua rede social
DISPOSITIVOS DA PNH:

a) Acolhimento com Classificação de Risco


Acolhimento é uma diretriz da PNH, que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional
específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. A classificação de risco é um
dispositivo da PNH, uma ferramenta de organização da “fila de espera” no serviço de saúde, para que aqueles
usuários que precisam mais sejam atendidos com prioridade, e não por ordem de chegada. Ela foi criada para
melhor organizar o fluxo de pacientes que procuram as portas de entradas com necessidades de
urgências/emergências das Unidades Básicas, Prontos Atendimentos e Hospitais, garantindo um atendimento
resolutivo e humanizado aqueles em situação de sofrimento agudo ou crônico de qualquer natureza.

b) Equipes de Referência e de Apoio Matricial


São dois arranjos organizacionais que apresentam características de transversalidade, no sentido de produzir e
estimular padrões de relação que perpassem todos trabalhadores e usuários, favorecendo a troca de informações
e a ampliação do compromisso dos profissionais com a produção de saúde. A equipe de referência contribui para
tentar resolver ou minimizar a falta de definição de responsabilidades, de vínculo terapêutico e de integralidade na
atenção à saúde, oferecendo um tratamento digno, respeitoso, com qualidade, acolhimento e vínculo.
DISPOSITIVOS DA PNH:
c) Projeto Terapêutico Singular – PTS

É um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado
da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário. Geralmente é dedicado a
situações mais complexas. Foi bastante desenvolvido em espaços de atenção à saúde mental como forma de
propiciar uma atuação integrada da equipe valorizando outros aspectos, além do diagnóstico psiquiátrico e da
medicação, no tratamento dos usuários. Portanto, é uma reunião de toda a equipe em que todas as opiniões são
importantes para ajudar a entender o Sujeito com alguma demanda de cuidado em saúde e, consequentemente,
para definição de propostas de ações. O nome Projeto Terapêutico Singular, em lugar de Projeto Terapêutico
Individual, como também é conhecido, nos parece melhor porque destaca que o projeto pode ser feito para grupos
ou famílias e não só para indivíduos, além de frisar que o projeto busca a singularidade (a diferença) como
elemento central de articulação.
DISPOSITIVOS DA PNH:

d) Visita Aberta e Direito a Acompanhante


É um dispositivo que amplia o acesso dos visitantes às unidades de internação para garantir o vínculo entre a
pessoa hospitalizada, sua família, amigos, sua rede social e os serviços da rede de saúde. O acompanhante é
alguém que representa a rede social do paciente e que acompanha o tratamento, apoiando e colaborando nos
momentos necessários. A presença de uma pessoa ligada a rede social fortalece a confiança, e faz bem à saúde
do paciente, fazendo com que ele se sinta menos isolado. Possibilita que a equipe de trabalho colha informações
mais precisas sobre a vida do doente contribuindo para uma análise diagnóstica mais ampla e um tratamento mais
exitoso.

Quem tem direito a visita com acompanhante?


De acordo com a carta dos direitos dos usuários em saúde, as crianças, adolescentes, pessoas com deficiência e idosos têm
direito a acompanhamento durante todo o período de internação.
A lei 11.108 de 07 de abril de 2005 dá à mulher o direito de ter, durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, um acompanhante
de sua escolha, e recomenda que a ambiência da maternidade seja adaptada para a oferta de um atendimento acolhedor,
possibilitando que os pacientes possam receber seus acompanhantes e suas visitas com dignidade.
NÚCLEO AMPLIADO
DE SAÚDE DA
FAMÍLIA- NASF
PREVINE BRASIL

O programa Previne Brasil foi instituído pela Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de 2019. O novo modelo de financiamento
altera algumas formas de repasse das transferências para os municípios, que passam a ser distribuídas com base em quatro
critérios: capitação ponderada, pagamento por desempenho, incentivo para ações estratégicas e Incentivo financeiro com base
em critério populacional.
A proposta tem como princípio a estruturação de um modelo de financiamento focado em aumentar o acesso das pessoas aos
serviços da Atenção Primária e o vínculo entre população e equipe, com base em mecanismos que induzem à responsabilização
dos gestores e dos profissionais pelas pessoas que assistem.

De acordo com a Nota Técnica n° 3 do Departamento


de Saúde da Família, a existência do NASF-AB passam
ser facultativo para os gestores municipais. O
financiamento desse programa no entanto, deixa de
existir desde 2020, quando o Ministério deixou de
realizar o credenciamento de NASF-AB.
MATRICIAMENTO
MATRICIAMENTO

Pode ser definido como um modo de produzir saúde em que equipes complementam suas atividades, num processo de
construção compartilhada, com o fim último de tratar das dificuldades de uma pessoa por meio de uma proposta de intervenção
pedagógica e terapêutica conjunta. Nesse sentido, o sistema de saúde reestrutura-se e, por meio das estratégias de
matriciamento, surgem as “equipes de referência” e as “equipes de apoio matricial”, cada uma correspondendo a um setor
diferente de cuidados em saúde, mas criadas para complementarem-se entre si.Sendo assim, no Sistema Único de Saúde
(SUS), as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) passam a funcionar como equipes de referência interdisciplinares,
proporcionando cuidados longitudinais, enquanto que, concomitantemente, as equipes de apoio matricial, proporcionando
cuidados psicossociais, passam a funcionar como equipes de saúde mental.
Projeto Terapêutico Singular

Em união de esforços, as equipes ficam responsáveis por criar para cada pessoa em dificuldade um Projeto Terapêutico Singular
(PTS), com o objetivo de estruturar o cuidado a ela através de metas, caminhos e adequações a serem feitas em relação a sua
vida e rotina.Ainda que o centro de um PTS seja o indivíduo, sua elaboração conta com a análise e valorização dos contextos
familiares e territoriais de cada um. Torna-se muito importante nesses casos o conhecimento dos ambientes, da estrutura da
família e dos lugares frequentados pelas pessoas para a construção plena do quadro.São diversas as observações feitas, as
ações tomadas em conjunto pelas equipes e suas reuniões, sejam somente de profissionais ou contando com a presença da
pessoa e sua família, para o desempenho de um cuidado pleno e especializado em saúde.
Interconsulta

Reunião entre especialistas faz parte do leque de atividades propostas pelas práticas de matriciamento e são de extrema
importância para o desempenho de cuidados integrais em saúde. Um encontro de profissionais de distintas áreas, saberes e
visões que permite que se construa uma compreensão integral do processo de saúde e doença, ampliando e estruturando a
abordagem psicossocial e a construção de projetos terapêuticos, além de facilitar a troca de conhecimentos, sendo assim um
instrumento potente de educação permanente.São realizadas quando há a necessidade de serem discutidos casos, formas de
intervenção, entre outras necessidades. São espaços de aprendizado e compartilhamento visando o desenvolvimento dos
serviços e dos quadros de atendimento em andamento e a serem realizados.
Consulta Conjunta

A consulta conjunta acontece quando se faz necessária a resolução de dúvidas a respeito da assistência ou da própria situação
da pessoa atendida. A demanda pode partir da pessoa ou mesmo de um familiar próximo.Nesse contexto, reúnem-se
profissionais membros das equipes de saúde, seja da família ou da saúde mental, para complementar ou elucidar aspectos
desse cuidado prestado e outras questões. A consulta serve como um meio importante na criação de vínculos e confiança entre
todas as partes.
Visita Domiciliar Conjunta

O recurso da visita domiciliar faz parte do arsenal terapêutico dos serviços de saúde de base territorial. Supõe-se que centros de
atenção psicossocial e equipes de saúde da família competentes realizem, com regularidade, visitas domiciliares a usuários que,
por diversas razões – em especial, dificuldade de deambulação ou recusa –, não podem ser atendidos nas unidades de saúde.
Genograma e Ecomapa

Dada a importância do estudo sobre o território e a origem familiar da pessoa a ser tratada, genograma e ecomapa são técnicas
complementares que permitem o mapeamento da família, das relações e padrões familiares e do território no qual essas relações
ocorrem.Com esses recursos, os profissionais das equipes podem avaliar os recursos e necessidades de cada pessoa, família e
região para que o melhor modelo de atendimento possa ser aplicado. São recursos fundamentais e permitem o olhar de um
panorama repleto de características, positivas e negativas, da vida do indivíduo.

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