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Dados inéditos levantados pela Repórter Brasil mostram que são esses os
riscos oferecidos pela água que saiu da torneira de 763 cidades entre 2018
e 2020. Substâncias químicas e radioativas foram encontradas acima do
limite em 1 de cada 4 municípios que fizeram os testes. Entre eles está São
Paulo (13 testes acima do limite), Florianópolis (26) e Guarulhos (11).
O risco é maior para quem bebeu diversas vezes ao longo de anos. É o caso
de quem mora em São Paulo, Florianópolis, Guarulhos e outras 79 cidades
onde a mesma substância foi encontrada acima do limite nos três anos
analisados (2018, 2019 e 2020).
a água
Avisos assim deveriam ter ocorrido nos 763 municípios que identificaram
testes acima do limite.
Estação da Sabesp, empresa nega que resultados acima do limite sejam um problema para a água da capital
Eles estão acima do limite em 493 cidades, 21% das que testaram.
“Evidente que é importante tratar a água para remover microrganismos,
mas não é aceitável eliminar riscos biológicos e gerar riscos químicos”,
afirma Heller, da Fiocruz. Além dos órgãos públicos que deveriam fazer o
monitoramento, cabe também à indústria e ao agronegócio controlar o
despejo de substâncias tóxicas no ambiente. “Mas quem está no centro
[empresas e órgãos de abastecimento] é quem deveria garantir a
qualidade”.
Alguém fiscaliza?
Há problemas até nas cidades que mais testam, como São Paulo. A Sabesp
alega que os resultados acima do limite são casos pontuais e que eles não
indicam problemas no padrão da água. A empresa informa que faz sua
avaliação por uma média móvel, mas não divulga esses dados.
Questionada, a Sabesp se negou a enviar os resultados ou os critérios de
cálculo da média. Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde admite que
também não teve acesso a esses dados (leia respostas na íntegra).
Em alguns casos, fica evidente que a fiscalização não existe. Em Unaí (MG)
o mais grave alerta deveria ter soado. Além de ser a cidade que mais teve
testes acima do limite (72), havia uma substância radioativa fora do
padrão nos três anos: o rádio-228, classificado como cancerígeno e usado
em radiografias e outros instrumentos de radiação.
Represa Guarapiranga teve substâncias tóxicas acima do limite geradas pelo processo de tratamento da água nos
Radioatividade e agrotóxicos
As substâncias radioativas aparecem acima do limite em 22 municípios
brasileiros, a maioria em Minas Gerais. Elas podem estar na água devido a
resíduos da indústria, mas também de forma natural, devido à presença
do urânio e outros minérios. Deveria haver uma preocupação dobrada
nesses casos, pois elas intoxicam por ingestão e inalação, afirma Viviane
Amaral, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No
entanto, elas são as menos testadas, apenas 2% do total de testes feitos
entre 2018 e 2020.
Esta reportagem faz parte do projeto Por Trás do Alimento, uma parceria da
Agência Pública e Repórter Brasil para investigar o uso de Agrotóxicos no
Brasil. A cobertura completa está no site do projeto.