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transformar

MÁRCIA FUNKE DIETER


Histórias curtas
(fábulas, contos...)
que foram contadas no projeto:

café com histórias!


Adaptação livre

Márcia Funke Dieter


Quem é a Márcia Funke Dieter?


Márcia Funke Dieter é professora, escritora, contadora de histórias e produtora editorial.


Criadora do Curso CET CONTAR - ENCANTAR - TRANSFORMAR.
Márcia é formada em Letras/ Literatura, especialista em Cultura e Literatura e Pós-graduada
em Artes Visuais.
Atualmente, faz parte do quadro de professores da rede de ensino de Ivoti com projetos
Artístico e Literário. Foi professora em Curso de Extensão e em cursos de pós-graduação. Também
atuou como diretora de escolas e diretora cultural.
É contadora de histórias. Conta as histórias de forma única, transportando os ouvintes, de
qualquer idade, ao mundo mágico da imaginação, despertando a curiosidade, o interesse ,
envolvendo-os, incentivando-os à leitura.
Márcia destacou-se como PROFESSORA CONTADORA DE HISTÓRIAS pelas escolas que atuou,
sempre envolvendo as histórias de forma encantadora, potencializando suas aulas e obtendo
resultados significativos com seus alunos.
Em 2008 escolheu ir além, mais uma vez, e estreou como escritora e, desde então, já participou
como autora presente em centenas de feiras do livro pelo RS e outros estados do país. Foi patrona
e autora homenageada em inúmeras feiras do livro escolares e feiras do livro municipais.
Conta com muitos livros publicados e para todos os públicos. Recebeu prêmios literário, sendo
dois prêmios internacionais, ambos do Instituto Piaget na cidade de Almada/Portugal tendo seus
poemas publicados.
Faz parte do Projeto Autor Presente do IEL, é membro da Rede Internacional Cuentacuentos e da
Associação Gaúcha de Escritores (AGES). É diretora proprietária do Ateliê de Histórias, uma
editora focada na publicação de obras de qualidade, onde atua como produtora editorial.
Projeto
café com histórias

Um projeto criado em meio à pandemia com o intuito de acarinhar aqueles que a seguem
no instagram.
Márcia contava histórias, diariamente, às 7:30.
Ela acredita que história e café, é uma dupla incrível para começar bem o dia, com
mais encantamento.
Você poderá ouvir as histórias no seu instagram @dietermarciafunke
Já aproveita para segui-la por lá, posta conteúdos de muito valor sempre com o intuito
de ajudar o professor a contar histórias.

1. O Conto e a Verdade (Conto popular)

Certa vez num vilarejo, apareceu uma senhora bem velhinha. Ela vestia uma roupa muito simples, rasgada e, nos
pés, uma rasteirinha bem velhinha. Ela chegou naquele vilarejo e não conhecia ninguém e estava muito cansada,
com muita cede.
A senhora resolveu bater na porta de uma casa para pedir um lugar para descansar. Ela foi até a primeira casa,
bateu na porta. A família abriu a porta e ela pediu um copo de água e um lugar para descansar. E a família
respondeu:
-Não! Aqui não, de jeito nenhum.
E fecharam a porta na cara da senhora. Então, ela foi até a segunda casa, bateu na porta. Abriram, olharam para
aquela senhora de cima abaixo, viram ela daquele jeito e nem deixaram ela falar e fecharam a porta na cara dela
também. E aí ela foi na terceira casa, bateu na porta e as pessoas que estavam no interior na casa foram espiar
quem era, olharam pela fresta da porta e quando viram aquela senhora, daquele jeito nem abriram a porta. E,
assim, ela foi passando de casa em casa batendo de porta em porta. e em todas elas ninguém deixava a senhora
entrar. Ela estava muito cansada e como não tinha mais porta para bater ela foi descansar num banco da praça,
logo a frente. Ela sentou-se e ficou ali quietinha, continuava com cede pois não conseguiu água.
De repente ela viu um rapaz, um rapaz ali do vilarejo que apareceu, ele era baixinho, elétrico, e estava usando
uma capa toda colorida, muito diferente. Ele se aproximou da primeira casa que ela havia estado antes e que não
a deixaram entrar, ele bateu e quando viram o rapaz convidaram-no para entrar e ele entrou feliz da vida. Depois
de um tempo ele saiu e foi até a segunda casa, bateu na porta, as pessoas abriram e quando viram que era o rapaz
se animaram e convidaram -o para entrar e ele entrou. Depois de um tempo ele saiu e, assim aconteceu na
terceira casa também, na quarta, na quinta, na sexta, na sétima, na oitava... em todas as casas eles abriam a porta,
eles entravam felizes, ele ficava por um tempo e saia. E, quando não tinha mais nenhuma casa o rapaz começou a
andar e aquela senhora ficou muito curiosa e pensou: o que ele tinha, quem ele era que todos deixam ele entrar e
ela ninguém permitiu que entrasse. Quando o rapaz estava se aproximando, a senhora chamou por ele:
_ Oh, moço, vem cá.
E o rapaz chegou pertinho, viu aquela senhora e ela continuou falando:
_ Escuta, quem é você que todos lhe deixam entrar nas suas casas com alegria?
E o rapaz respondeu:
_ Eu? Eu sou o conto e todos me querem por perto e quem é a senhora?
_ Eu sou a Verdade e ninguém me quer por perto.
O Conto vendo que aquela senhora estava tão triste, teve uma ideia. Olhou para aquela senhora e perguntou:
_ Você quer vir junto comigo? Venha, entre aqui debaixo da minha capa e nós vamos juntos alegrar as pessoas.
A senhora não pensou duas vezes e aceitou, correu para debaixo da capa do Conto. E daquele dia em diante, co
Conto e a Verdade passaram a andar juntos e é por isso que até hoje, quando se conta um bom CONTO ele vem
com uma VERDADE.

2. O último vagão (Conto popular)


Era uma vez uma família, uma família cujo o filho, um menino beirando a adolescência com um pé na criancice e
outro na adolescência, passava todas as férias na casa da avó e ele gostava muito. Então, todo o ano os pais
levavam o o garoto até a casa da vó e, no dia seguinte, eles retornavam para casa de trem. Todo ano era a mesma
coisa. Até que chegou esse ano e o menino foi lá, diante dos pais, e disse:
_ Pai, mãe, esse ano vocês não precisam me levar até a casa da vó. Não precisam ir comigo, eu já estou crescido e
posso ir sozinho.
Os pais escutaram aquilo e no primeiro momento ficaram assustados, mas durante a noite os dois conversaram
sobre o pedido do filho. E, no dia seguinte, deram a resposta ao filho dizendo que ele poderia ir sozinho. O
menino ficou bem contente. Chegou o dia da viagem, os três foram lá para a estação do trem e antes do menino
entrar no trem, muitos abraços, beijos da mãe e do pai. Muitas e muitas recomendações do que do que ele
poderia fazer e do que ele não poderia, de todos os cuidados e ele dizia:
_ Pai, mãe, eu sei, eu sei. Vocês já me disseram isso um milhão de vezes, eu sei, eu sei.
E, chegou a hora da partida. O menino já estava entrando quando o pai colocou algo no bolso do seu casaco e
disse:
_ Filho, isso é para você, se você sentir-se inseguro, sozinho ou com medo.
O menino entrou, sentou no banco, deu os últimos acenos pela janela e o trem partiu. E, lá estava ele viajando
sozinho, sem os pais pela primeira vez. Era tudo o que ele queria, estava bem contente. Porém, lá pelas tantas ele
começou a observar as pessoas que estavam em sua volta, muita gente estranha que também olhava para ele.
Pessoas que saiam, pessoas que entravam, muitas pessoas, todas estanhas e ele começou a sentir algo no peito,
olhava pela janela e apreciava a paisagem, mas nada daquela dor passar. Lembrou do pai e da mãe e percebeu
que ele estava completamente sozinho, somente ele e sentiu saudade, baixou a cabeça e já estava com os olhos
cheios de lágrimas quando lembrou que o pai havia colocado algo em seu bolso. Levou a mão ao bolso e
encontrou um bilhete, abriu-o e lá estava escrito:
" Filho! O pai está no último vagão."
3. A casa lotada (Conto popular de tradição Sufi, compartilhado por Nasrudim Coja)

Havia um homem que estava com um problema e resolveu procurar um sábio que vivia ali na comunidade para pedir ajuda. Ele foi até a casa
do sábio, bateu na porta, o sábio atendeu, recebeu-o e o homem começou a contar o que estava acontecendo. Ele disse que morava numa casa
pequena com a sua esposa, seus três filhos e sua sogra e estava tendo problemas, pois era muito apertado e não tinham espaço para nada, por
isso estavam sempre em pé de guerra, assim, resolveu perguntar ao sábio o que ele poderia fazer. O sábio olhou para o home e perguntou:
_ Você tem galinhas?
O home m estranhou aquela pergunta, mas respondeu:
_ Sim, eu tenho 10 galinhas.
Então o sábio pediu para o homem colocar as dez galinhas dentro de sua casa. O homem achou muito estranho,:
_ Como vou colocar as galinhas dentro da minha casa, se com as pessoas que estão lá já fica apertado.
O sábio pediu para ele fazer exatamente isso e o homem retornou à sua casa e colocou as dez galinhas lá dentro. No dia seguinte, bem
cedinho, ele voltou à casa do sábio e é claro que as notícias não foram boas, pois a família estava brigando muito mais, ficou ainda pior do que
estava,pois estava mais apertado lá dentro e pediu uma solução ao sábio. Este por sua vez, olhou lá fora e viu um burro parado em frente de
sua casa e perguntou:
_ Aquele burro é seu?
_ Sim - disse o homem e o sábio pediu para que ele colocasse o burro dentro da sua casa também. O homem ficou muito assustado:
_ Como assim, o burro também? Isso não vai dar certo, não tem espaço pra nada - E o sábio insistiu para ele colocar o burro, assim como
estava pedindo. O homem voltou e fez o que o sábio pediu, colocou o burro dentro da casa. No dia seguinte, lá estava o homem batendo na
porta da casa do sábio, reclamando que estava cada vez pior e que ele tinha de resolver aquilo já. O sábio perguntou ao homem:
_ Você tem mais algum animal?
_Sim, um bode - respondeu o homem.
_ Então, coloque o bode dentro da sua casa.
O homem ficou indignado com o sábio, isso não fazia sentido nenhum, era loucura, é claro que ia piorar a situação, sua casa estava LOTADA.
Mas mesmo assim, o sábio convenceu o homem, ele retornou e colocou o bode dentro de sua casa. No dia seguinte lá estava o homem,
apavorado, dizendo que isso não poderia continuar, que havia armado uma grande confusão em sua casa, estava uma loucura dentro daquela
casa com a família brigando e aqueles bichos todos correndo soltos por lá., estava insuportável. Então, o sábio pediu para o homem voltar
para casa e retirar todos aqueles animais de dentro de sua casa. O homem nem esperou o sábio terminar, saiu correndo e ao chegar tratou de
retirar todos os bichos de dentro de casa: as 10 galinhas, o burro e o bode. No dia seguinte estava na casa do sábio outra vez e ao vê-lo foi logo
dizendo:
_ Pois não é que deu certo, depois que eu tirei aqueles bichos de dentro da minha casa, nossa, o senhor tinha de ver a satisfação da minha
família. Minha esposa, meus filhos e minha sogra todos muito bem, eu não escuto mais nenhuma reclamação. Aquela casa que antes era
apertada, agora parecia que tinha muito mais espaço.

4.O Vaga-lume e a Serpente (Fábula usada por Esopo, La Fontaine)


MÁRCIA FUNKE DIETER


Era uma vez um vaga-lume, um vaga-lume que piscava sem parar, o tempo todo. Ele voava de uma lado a outro, picando, piscando,
piscando...era lindo ver o seu brilho. Certa vez apareceu por ali uma serpente que viu aquele vaga-lume e começou a persegui-lo, para onde o
vaga-lume ia lá estava a serpente. O gaga-lume tinha medo de pousar em qualquer lugar, com medo de encontrar a serpente. E ele continuou
a voar e piscar, voou um dia, dois, três sem parar, só que lá pelas tantas ele estava exausto e resolveu parar de voar e pousou e antes da
serpente atacar-lhe disse o vaga-lume:
_ Espera aí, dona serpente, eu preciso lhe fazer algumas perguntas.
A serpente achou justo e resolveu ouvir as perguntas do vaga-lume e quem sabe respondê-las. O vaga-lume começou:
_ Eu faço parte da sua cadeia alimentar, dona serpente?
_Não - respondeu ela.
_ E, você gosta de comer vaga-lumes?
_ Não - respondeu ela
_Eu lhe fiz algum mal, dona serpente?
A serpente pensou um pouco e respondeu:
_ Não!
_ Então, porque você quer me comer?- perguntou o vaga-lume e a serpente respondeu:
_ Porque eu detesto o seu brilho - e engoliu o vaga-lume.

5. Servindo o manto (Conto popular e tradicional de Nasrudin Coja)


Nasrudin morava numa comunidade e certa vez todos que moravam nessa comunidade foram convidados para um grande banquete que
aconteceria numa comunidade vizinha. Nasrudin ficou muito feliz com o convite e quando chegou o grande dia ele correu até o local onde
seria servido esse banquete e nem se deu conta do que estava vestindo, um manto todo esfarrapado. Assim que chegou, o mestre de
cerimônias olhou para ele de cima abaixo e levou-o até um lugar muito ruim, tão ruim que ele percebeu que ia demorar muito para ele
comer, pois ele estava muito distante da mesa em que seria servido o banquete e ainda mais longe da mesa em que estavam os convidados
mais importantes. Nasrudin estava com tanta fome. De repente ele teve uma ideia, ele saiu dali rapidinho e correu de volta para casa e lá ele
escolheu um manto magnífico e vestiu e colocou um belo turbante na cabeça e retornou ao local em que seria servido o banquete. Quando
chegou, dessa vez, foi recebido pelo mestre de cerimônias com um grande sorriso e quando ele entrou os tambores tocaram anunciando a sua
chegada. Dali foi conduzido até a mesa principal onde estavam sentados os convidados mais importantes e sentou-se bem ao lado do
anfitrião da festa. Quando, enfim, serviram o banquete, assim que Nasrudin recebeu sua comida, pegou-a com a mão e começou a esfregar em
seu manto e em seu turbante. O anfitrião ao ver aquilo ficou muito curioso com costumes tão diferentes e perguntou a Nasrudin:
_ Por que você está esfregando a comida em seu manto? Esse é um costume que nunca vi.
Nasrudin, ainda com a comida entre as mãos, olhou para o anfitrião e antes de esfregar tudo no manto mais uma vez, respondeu:
_ É que esse manto e esse turbante trouxeram-me até a comida. Então, você não acha justo que eles também recebam a sua parte?

6. Fazer o bem (Conto popular contado pelo Barão de Munchausen)


O Barão de Munchausen partiu da Alemanha para a Rússia, numa manhã de inverno, numa manhã muito fria. As estradas estavam cobertas
de neve, mas mesmo assim ele foi com a esperança que logo o gelo derretesse e ele conseguiria enxergar a estrada. Ele não estava vestindo
muita roupa, por isso sentia muito frio. Ele foi a cavalo, seu companheiro fiel que o acompanhava em todas as jornadas, ele não conseguia
imaginar-se longe daquele cavalo, gostava muito dele, seu amigo. E o Barão cavalgou, cavalgou por muito tempo e nada daquela neve
derreter. Lá pelas tantas ele chegou num vilarejo todo coberto de neve e, no meio daquele vilarejo tinha uma praça, pelo menos era o que
parecia ser, já que a neve cobria tudo. E deitado na neve, o Barão viu um velho, um velho que vestia uns trajes que mal e mal cobriam o corpo
e por isso ele tremia muito de frio. O barão ficou com muita pena dele, olhou pra si e percebeu que também vestia pouca roupa, mas era
muito mais do que o velho tinha. Tirou o seu manto e cobriu o velho que encolheu-se todo ao sentir o calor que vinha do manto. Depois
disso, o Barão de Munchausen montou em seu cavalo e seguiu, sem antes ouvir uma voz que vinha do céu "Você será recompensado na hora
certa." O Barão estava cansado e resolveu parar, tinha de descansar um pouco para conseguir terminar aquela viagem. Parou num lugar onde
tinha uma ponta de um tronco para fora da neve, lugar perfeito para amarrar seu cavalo. Amarrou as rédeas do cavalo, depois pegou sua
pistola, deitou colocando-a debaixo do braço e dormiu feito uma pedra, tão cansado estava. Só acordou na manhã seguinte quando a luz do
dia estava batendo-lhe os olhos. Ao abrir os olhos, não reconheceu o lugar, a neve havia derretido e viu que estava no pátio de uma igreja.
Não demorou muito percebeu que seu cavalo não estava mais ali, olhou para todos os lados e nada dele. O Barão ficou desesperado, com
certeza alguém roubou-o durante a noite. De repente ouviu seu cavalo relinchar, mas não conseguia encontrá-lo, ouviu mais uma vez, andou
de um lado para o outro e nada dele, parecia que estava invisível. Ouviu mais uma vez, porém como foi mais forte notou que o relincho vinha
de cima e olhou para o alto e não é que o seu cavalo estava pendurado na cruz da igreja? Mas como ele foi parar lá? Logo se deu conta do que
havia acontecido, durante a noite a neve foi derretendo e ele foi baixando, baixando até chegar no chão, mas com seu cavalo não aconteceu o
mesmo pois ele estava amarrado, não na ponta de um tronco e sim na torre da igreja, aquilo não era um tronco e, sim, uma cruz. O Barão
ficou muito feliz em ver seu cavalo ali são e a salvo, com certeza fora recompensado. Imediatamente, pegou sua pistola, mirou e com um tiro
cortou as rédeas pelo meio e o cavalo caiu sem machucar-se nada, nada. O Barão deu-lhe água e deu-lhe de comer. Depois montou no seu fiel
amigo e seguiu viagem.

7. A casa dos 1000 espelhos (Conto popular japonês)


Havia um vilarejo, nesse vilarejo tinha uma casa, na verdade tinham muitas casas, mas essa era muito conhecida em toda a região, todos
chamavam a casa de "A casa dos mil espelhos" porque dentro dela tinha mil espelhos. Certa vez, apareceu um cãozinho, muito feliz e queria
visitar a casa que ficava no lugar mais alto do vilarejo, bem lá no alto e para chegar lá tinha uma escada bem comprida. O cãozinho subiu,
degrau por degrau na maior alegria, cada vez que pulava mais um sacudia-se todo de felicidade. E, assim foi subindo, todo contente até
chegar na casa. Ao ver a casa ficou ainda mais animado, entrou e não é que ele encontrou em seu interior mil cachorrinhos muito felizes,
sorrindo pra ele? Ah, o cãozinho adorou ver os outros cães tão animados quanto ele, mexeu as orelhinhas e os mil cãezinhos mexeram
também. Aí ele começou a abanar o rabo e os mil cãezinhos abanaram também, começou a saltitar os os mil cãezinhos também, rolou e os mil
cãezinhos rolaram também, o cãozinho estava tão alegre vendo aquilo. Antes de ir embora ainda deu uma lambida nos mil cãezinhos e cada
um deles devolveu um lambida também. Ao descer as escadas pensou: "Nossa, quantos amigos eu fiz hoje, sou o cãozinho mais feliz do

MÁRCIA FUNKE DIETER


mundo, vou voltar aqui todos os dias." e se foi. Mais tarde, apareceu por ali um outro cãozinho, diferente do primeiro esse não estava nada
animado, pelo contrário, estava com cara de bravo. Olhou para aquelas escadas e quase desistiu de conhecer a casa que tanto ouviu falar,
mas, mesmo desanimado subiu. Lá no meio da escadaria parou bem chateado e pensou: "Pra que tantos degraus" e voltou a subir. Assim que
chegou parecia mais bravo que lá no início, entrou na casa e não é que ele encontrou mil cãezinhos olhando muito bravos pra ele? Ele ficou
assustado quando viu todos aqueles cãezinhos com aquelas caras tão feias. Assustado começou a rosnar e os mil cãezinhos começaram a
rosnar também, o cãozinho ficou ainda mais bravo e começou a latir e os mil cãezinhos começaram a latir também, ele ficou apavorado,
começou a tremer e saiu dali correndo. Enquanto descia as escadas pensou: " Nunca mais vou voltar nesse casa com esses cães tão malvados.".
E, assim aconteceu esse cão nunca mais voltou, mas o outro voltava todo dia e ficava cada vez mais feliz.

8. Como consertar o mundo (Conto popular)


Certa vez um cientista estava trancado em seu escritório, pensando, lendo tentando achar uma forma de consertar o mundo, do jeito que ele
estava não dava para seguir. Mas, não conseguia achar uma solução. Ele estava lá pensando quando, de repente, entra correndo em seu
escritório seu filho de sete anos, com uma capa amarrada no pescoço, a mil com toda a energia e pediu para o pai brincar com ele. Mas, o pai
não poderia brincar naquele momento, estava no auge de seus pensamentos e pediu para o filho brincar por ali, sem fazer barulho. Claro que
não deu certo, enquanto o cientista pensava o menino corria de uma lado para o outro, mexendo ali, mexendo lá. Aí o pai lembrou de ter visto
uma figura muito bonita do mundo em uma revista, assim, abriu a revista, retirou a página com a figura e começo a cortá-la em pequenos
pedaços, enquanto isso o menino estava de pé olhando para o pai. Ele fez um quebra cabeça, colocou sobre uma mesa e pediu para o filho
montar:
_ Filho, o mundo, agora, está em pedacinho, conserte o mundo, vamos lá?
O menino adorou a ideia e em pouco tempo já estava cutucando o pai, dizendo que estava pronto. O cientista não pode acreditar, ele havia
montado muito rápido, ele nunca tinha visto aquela figura não a conhecia, não poderia ser verdade.E, ao olhar para a mesa, surpreendeu-se, o
mundo estava inteirinho e perguntou:
_Como você conseguiu consertar o mundo tão rápido filho, você não conhecia essa figura.
Então o menino respondeu:
_ Pai, quando você estava recortando o mundo, eu vi que atrás tinha a figura de um homem. Eu não conheço o mundo, mas o homem eu
conheço, por isso virei as peças e consertei o home, e, ao virar a figura não é que o mundo estava inteirinho outra vez, consertei o homem e
pronto, lá estava o mundo, lindo outra vez.

9. O galo e a raposa (Fábula de La Fontaine)


Certa vez, o galo estava no alto de uma árvore cantando, que delícia começar o dia ouvindo o cantar do galo e lá estava ele cantando sem
parar. Lá embaixo, vinha se aproximando uma raposa, ela vinha devagarinho, foi chegando, viu o galo e pensou: "Que delícia de refeição, já
imagino aquele galo, aqui, na minha barriga." Pensou em como pegar o galo, pois estava lá no alto e ele não conseguiria subir. A raposa, muito
esperta teve uma ideia, chegou bem pertinho da árvore, olhou pra cima e disse:
_ O seu galo, olha aqui, olha aqui seu galo.
Ouvindo isso o galo olhou para baixo e ao ver a raposa já ficou assustado e a raposa continuou falando:
_ O seu galo, escuta isso, tenho uma notícia maravilhosa para compartilhar contigo. Você sabia que acabaram de assinar um documento
dizendo que, a partir de agora os animais vão viver em paz? Sim, todos, todos, os animais pequeninos, os grandalhões, os que vivem sobre a
terra, os que vivem na água viverão em paz. Não precisamos mais nos preocupar em um comer o outro, acabaram-se as brigas e o poder no
mais forte e no maior. Que maravilhoso, não é, amigo galo, todos os animais do planeta vão viver em harmonia..
O galo achou tudo aquila conversa muito estranha, mas continuou o papo com a raposa:
_ Verdade, dona raposa, eu não soube disso não, mas que notícia legal
_ Sim - disse a raposa, a melhor notícia dos últimos tempos. Então desce dessa árvore já e vem aqui que eu quero lhe dar uma braço, temos de
festejar esse acontecimento histórico, vem cá, amigo galo.
O galo, que de bobo não tinha nada foi logo dizendo:
_ Oh, dona raposa, claro que eu vou descer e lhe dar um forte abraço, fiquei tão feliz com essa notícia, só um instante que já chego aí. Mas,
espera aí, espera aí, dona raposa, estou vendo aqui de cima que logo ali adiante vem vindo três cães, três cães bem grandões. Ah! Vamos
esperar por eles para comemorarmos juntos, nos abraçarmos, nossa, vai ser muito legal.
Assim que a raposa ouviu o que o galo dizia, imediatamente disse a ele:
_Ihhhh, não é que eu me lembrei agora que eu tenho que fazer uma coisa lá...- e nem terminou de falar, já havia sumido dali rapidinho.

10. A menina e o leite (Fábula de Esopo)


Era uma vez uma menina, uma menina que morava lá no interior. Adorava ajudar o pai, a mãe na roça, nas atividades da casa, além de suas
coisas da escola, é claro. A menina tinha uma vaca que era só dela, a sua vaquinha do coração que lhe dava um leitinho bem gostoso. Um dia, a
menina tirou tanto leite daquela vaca que encheu um balde bem grande com um leite bem fresquinho. A menina pensou em vender todo
aquele leite e a mãe autorizou. A menina, muito contente, colocou uma roupa bem bonita, pegou o balde co leite, equilibrou-o na cabeça e lá
se foi, rumo à cidade. E, enquanto ela andava ela ficava planejando tudo o que ela faria com o dinheiro que ganharia com a venda daquele
leite tão gostoso. E ela sonhava: "Depois de vender esse leite eu vou comprar uma dúzia de ovos, vou colocar os ovos para chocar e, assim que
nascerem os pintinhos, vou cuidar deles, tratá-los e quando tornarem-se galos e galinhas vou vender os galos, comprar mais galinhas e com
mais galinhas terei mais ovos e mais pintinhos e vou vender os galos e com mais esse dinheiro vou comprar uma cabrita e porcas. Sim, as
porcas vão ter leitõezinhos, se cada porca me der três leitõezinhos eu vou vender dois e ficar...
A menina vinha sonhando quando de repente, tropeçou em uma pedra, caiu e lá se foi todo o leite do balde e com ele os ovos, os pintinhos, os
galos, as galinhas, a cabrita, os porcos, os leitõezinhos..

MÁRCIA FUNKE DIETER


11. O leão e o rato (Fábula de Esopo)

Lá estavam, na floresta, os bichinhos. Uns voam, outros rastejavam, alguns subiam em árvores, outros estavam nadando no rio... e quando
ouviram o rugido do leão, saíram correndo para todos os lados para se esconderem do Rei da floresta. O único que não foi se esconder era um
rato, estava tão distraído que não ouviu nada. O leão apareceu, viu aquele rato e com uma patada encurralou aquele pequeno para devorá-lo.
O ratinho assustado começou a implorar:
_ Por favor seu leão tenha piedade de mim, não me coma, por favor, sou tão pequenininho. Por favor deixe-me viver.
O leão ao ouvir as lamentações do ratinho pensou: " É verdade, é tão pequenininho que não vai fazer diferença nenhuma na minha refeição."
E decidiu libertar o ratinho. O ratinho ficou tão agradecido e feliz que foi logo prometendo:
_ Muito obrigado, seu leão e quando o senhor precisar eu estarei aqui para lhe ajudar, eu prometo.
O leão deu aquela gargalhada e pensou enquanto seguia seu caminho a procura de outra presa: "Me ajudar, até parece, um miudinho
daqueles, até parece." E, os dias foram passando, até que certa vez o leão estava lá caminhando pela floresta quando pisou em algo estranho e
caiu sobre ele uma armadilha. Por mais que ele tentasse sair dali, não conseguia, estava completamente preso naquela armadilha feita de
cordas. Coitado do leão só restava aguardar para ver o qual seria o seu terrível fim Mas, vejam só, quem passou por ali, o ratinho, aquele que
foi poupado pelo leão e, ao vê-lo naquelas condições sentiu tanta pena dele e resolveu cumprir a sua promessa. O ratinho, com muita
agilidade, começou a roer aquelas cordas até conseguir libertar o grande leão. Quem estava agradecido agora, era o leão e pensou: "Tão
pequenininho conseguiu salvá-lo." e os dois saíram dali rapidinho, antes que o dono da armadilha aparecer.

12. A assembleia dos Ratos (Fábula de Esopo, recontada por Monteiro Lobato)

Certa vez, havia uma casa e nessa casa viviam alguns ratos, lá numa toca escondidinha, num cantinho da casa. E esses ratos estavam cansados
de um gato que vivia lá também, pois ele vivia aterrorizando os coitados dos ratos. Ele passava em frente da toca e ficava ali miando,
arranhando e os ratos morriam de medo de sair e assim eles ficavam presos, não podiam sair, não podiam procurar por comida e estavam
com muita fome. Alguma coisa eles tinham de fazer, isso não poderia ficar assim de jeito nenhum. Certa vez, quando o gato estava passeando
lá em cima do telhado, os ratos resolveram fazer uma assembleia para resolver aquela situação. Assim que se reuniram no interior da toca
começaram a falar:
_ Isso não pode mais continuar, onde já se viu nós vamos morrer desse jeito, com esse gato rondando a nossa toca o tempo todo. - E todos
diziam juntos:
_ É verdade, temos de fazer alguma coisa
Um dos ratos levantou-se e compartilhou uma ideia:
_ E se colocássemos um guiso pendurado em seu pescoço, aí sempre que ele se aproximasse o guiso ia denunciá-lo e teríamos tempo de fugir.
Todos acharam a ideia fantástica, gostaram muito e como não tinha nenhuma outra ideia, logo foi aprovado por todos, ou melhor, quase
todos, pois um rato não votou, ele levantou e pediu a palavra:
_ Muito boa essa ideia, boa mesmo, mas agora eu quero saber quem vai amarrar o guiso no pescoço do gato?
Silêncio total, aquele que deu a ideia desculpou-se, não conseguiria colocar pois era muito velho. O outro desculpou-se também , pois não
enxergava direito, o outro disse que não era tolo e não faria e, assim, um por um foi trazendo o que o impedia de amarrar o guiso e, percebeu-
se que nenhum deles tinha coragem para isso e a tal da assembleia chegou ao fim.

13.Os dois amigos e o urso (Conto popular)


Certa vez dois amigos estavam de férias e resolveram passear. Queriam ir para um lugar, fazer algo diferente que eles nunca tinham feito
antes. E, decidiram que eles iriam explorar uma floresta, apreciar a flora e a fauna daquela floresta. Arrumaram as suas malas e foram.
Quando os dois estavam bem no meio da floresta andando, apreciando ouviram um barulho, olharam para o lado e viram um urso, um
grande urso que estava indo na direção dos dois. Os amigos tremiam de cima abaixo, estavam apavorados. A primeira coisa que um deles fez
foi sair correndo e como tinha facilidade em subir em árvores, subiu na primeira que encontrou até o mais alto que pode deixando o outro
para trás. Esse não sabendo subir em árvores, estava sentindo que era o seu fim, aquele urso certamente ia acaber com ele. Pensando nisso,
lembrou que sempre ouviu dizer que ursos não atacam cadáveres e tratou de cair feito morto no chão, sim ficou bem quieto fingindo-se de
morto, torcendo para que aquele urso fosse embora. O urso foi chegando, chegando, chegando cada vez mais pertinho, aproximou-se do
rapaz, cheirou-o ali, cheirou-o lá. Chegou bem perto da cabeça, deu uma cheiradinha ali e, depois foi embora. Aquele que estava a árvore ao
ver o urso sumir no meio da floresta, desceu e foi correndo ao encontro do amigo e disse:
-Nossa, eu achei que o urso is te devorar, chegou tão perto do teu ouvido, parece até que ele te disse alguma coisa.
O rapaz ainda tremendo, levantou-se do chão e respondeu:
- Ele disse, sim.
- O quê? Ele falou contigo? E que ele disse? - perguntou o outro, surpreso com aquela revelação.
- Ele disse que eu era para me afastar de amigos como você!

14. A cigarra e a formiga boa (Fábula recontada por Monteiro Lobato)


Havia uma cigarra, uma cigarra que adorava chiar ao lado de um formigueiro. Sabem como é uma cigarra, né? Vive cantarolando aqui, acolá,
mas essa cantava ao lado do formigueiro porque ela adorava ficar olhando as formiguinhas passando por ali, carregando folhinhas, galhos
pequeninos, enchendo as tulhas com tudo aquilo. Era uma delícia cantar e observar as formiguinhas. Porém, os dias foram mudando,
chegaram aqueles dias nublados, com vento e muito frio, muito frio. De repente a cigarra se viu sozinha, cadê as formigas? Estavam todas
escondidinhas em suas tocas, lá era bem quentinho e tinham o que comer,lá fora estava tudo coberto com a geada. A cigarra estava
congelando, resolveu pedir ajuda a uma formiga. Foi até sua casinha, bateu na porta e uma formiga enrolado no seu chalinho feito de paina,
abriu. Ela olhou para a cigarra e disse:
- Mas o que você está fazendo aqui, nesse frio, vai se embora para sua casa.
Foi aí que a cigarra pediu ajuda.
- Eu não tenho casinha nenhuma, não tenho para onde ir. Deixe-me entrar, formiguinha, estou congelando aqui fora, vou morrer de frio.
A formiga estranhou e perguntou:
- Mas o que você fazia nos dias ensolarados que não estava construindo a sua casinha?
A cigarra, sem jeito respondeu:
-Eu cantava.

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- O quê? Você era aquela cigarra que cantava enquanto nós, formigas, levávamos folhas e galhos para as tulhas?
- Sim!
A formiga olhou bem para a cigarra e disse :
- Que prazer conhecer aquela que alegrava os nossos dias, seu canto deixava o dia mais bonito, era maravilhoso ouvir o seu canto enquanto
carregávamos tudo aquilo. Entre, entre.
A formiga deu-lhe um chale, fez um chá quentinho e a cigarra ficou ali e quando os dias ensolarados reinavam outra vez, a cigarra voltou lá
para fora e continuou a fazer aquilo que fazia de melhor, cantar, deixando a vida de todos por ali, muito melhor!

15. Toda sua força (Conto popular)


Certa vez, um menino estava lá no seu quarto tentando mudar as coisas de lugar. Colocou a caixa de brinquedos para um lado, mudou os
carrinhos de estante e aí chegou no armário. Decidiu colocá-lo na outra parede e começou a empurrar o armário. Empurrou, empurrou,
empurrou, mas o armário nem se mexia. Mudou de posição, empurrou de frente, depois virou-se e empurrou de costas e nada daquele
armário sair do lugar. E ficou ali tentando mover o armário, até que sua mãe passou pelo quarto e viu aquilo, parou-se na porta e ficou
olhando para ele enquanto ele empurrava. De repente ela disse ao filho:
- Filho, você precisa colocar toda a sua força.
E o menino empurrava ao mesmo tempo que dizia:
- Mãe, eu estou colocando toda a minha força.
E a mãe repetia:
- Não filho, você não está colocando toda a sua força, precisa colocar toda a força que você tem.
- Mas, mãe, eu já coloquei toda minha força - reclamou o menino. E, a mãe disse com carinho:
- Não filho, você não está usando toda a sua força, você ainda não pediu a minha ajuda.

16. O lobo e o cão (Fábula de Monteiro Lobato)


Era uma vez um lobo, um lobo magro, magro, couro e osso e ele viu se aproximando um cão, um cão bem gordinho e com o pelo tão liso.
Certamente se alimentava bem e o lobo ficou com água na boca, pensou em devorá-lo. Mas quanto mais ele se aproximava, mais ele ia
desistindo dessa ideia, o cachorro era maior do que ele era bem forte, melhor não atacá-lo, seria muita burrice. Assim que o cachorro estava
bem perto, temendo um ataque começou a falar-lhe:
- Nossa, como você é bonito, tão forte e que pelo mais brilhante.
O cão ouviu aquilo, olhou para o lobo e respondeu:
- Ora, ora, você pode ficar assim como eu, se quiser. E, eu posso lhe ajudar, posso lhe apresentar ao meu dono e ele com certeza vai cuidar de
você. Meu dono vai lhe dar ossos de galinha, pedaços de carne, uma ração bem gostosa.
O lobo ficou muito animado ao ouvir aquilo, achou uma oportunidade única de matar sua fome, e assim tão fácil e aceitou. Mas, o cão disse-
lhe ainda que em troca da comida teria de cuidar da casa do dono, afastar os ladrões, abanar o rabinho deixando o dono feliz, terá de lamber-
lhe a mão. E o lobo ouviu tudo e topou fazer tudo o que ele estava lhe dizendo. E, assim, o lobo acompanhou o cão, foram andando lado a lado.
De repente começou a reparar no cão e perguntou-lhe:
-O que é isso preso no seu pescoço?
-É uma coleira - disse o cão.
- E pra que serve isso? - tornou a perguntar o lobo.
- É que meu dono me prende na corrente e quando quer que eu ande por aí ele me solta um pouco.
- Mas você não pode andar por aí quando quiser, livre? - perguntou já bem preocupado o lobo.
- Livre, não. Só quando meu dono me solta, mas ele é quem decide.
O lobo parou de andar, olhou para o cão e disse:
-Pois, meu amigo, eu tenho que voltar agora, prefiro sentir fome, ficar magro desse jeito...mas livre do que gordinho, forte de pelo liso mas
com essa coleira no pescoço.
E lá se foi o lobo correr livremente, deixando o cão para trás.

17. O menino e o lobo (Fábula de Esopo)


Era uma vez um menino que morava lá no interior. Todos os dias ele levava as ovelhas da família para pastar. Ele reunia todas as ovelhas,
conduzia-as até um pequeno morro e ali elas pastavam. Enquanto isso,o menino ficava ali fazendo uma coisa, outra coisa, se entretendo para
que o tempo passasse porque as ovelhas demoravam muito para comer. Depois ele voltava para casa levando as ovelhas e, assim, ele fazia
todos os dias. Até que certa vez o garoto resolveu fazer algo (ideia de quem fica sem ter o que fazer) e lá em cima do morro começou a gritar
desesperadamente:
_ Socorro, socorro! O lobo está atacando as ovelhas, socorro!
Logo ali embaixo estava o vilarejo e as pessoas estavam por ali, trabalhando , fazendo uma e outra coisa quando ouviram os gritos do menino.
Logo lembraram do menino que subia o morro com as ovelhas e saíram correndo morro acima para ajudar o menino. Quando chegaram lá, o
menino deu aquela gargalhada porque ele havia convencido com aqueles gritos. As pessoas que ali estavam ficaram muito chateadas e

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desceram. No dia seguinte, o menino estava com as ovelhas quando resolveu fazer o mesmo e começou a gritar outra vez:
_ Socorro, socorro! O lobo está atacando as ovelhas, socorro!
As pessoas ouviram aqueles gritos e pensaram que dessa vez só podia ser verdade e largaram o que estavam fazendo, subiram o morro o mais
rápido que puderam para ajudar o garotinho. Chegando lá, o que aconteceu? O menino desatou a rir novamente, muito, muito, chegou rolar
no chão de tanto rir. As pessoas não gostaram nada, nada, chamaram a atenção deles e desceram muito chateadas. E, depois disso, passaram
alguns dias e o menino ainda ria do acontecido. Porém, certa vez não é que apareceu o lobo? Sim, o lobo de verdade e começou a atacar as
ovelhas do menino e ele ao ver o lobo começou a gritar desesperado:
_Socorro, socorro! O lobo está atacando as ovelhas, socorro!
Mas, mesmo ele gritando, ninguém subiu. Mas ele gritou ainda mais alto:
_Socorro, socorro! O lobo está atacando as ovelhas, socorro por favor, alguém me ajude.
E o menino gritou, gritou, gritou e nada de alguém aparecer. E o lobo ficou lá, atacando as ovelhas enquanto o menino gritava, porém, lá
embaixo ninguém mais ia cair na mentira do menino.

18. A garrafa d'água (Conto popular)


Era uma vez um viajante que estava viajando em um deserto, estava andando há dias naquele deserto. Na verdade, esse viajante estava quase
morrendo, ele não bebia água fazia muito tempo. A garrafa de água estava vazia e ele estava com muita sede. Ele andou por mais um bom
tempo até que ele encontrou uma cabana abandonada bem ali no meio do deserto. A cabana estava quase destruída, mas ele sentiu um pingo
de esperança, talvez encontrasse um pouquinho de água. Ele chegou e procurou, procurou, mas nada encontrou, nada, nadinha e ficou muito
triste, era o seu fim. Resolveu procurar por uma sobra e ali sentou-se, queria proteger-se do sol forte e do calor e ficou ali esperando,
esperando talvez a morte chegar. De repente, olhando para a frente, ele viu uma bomba d"água, com certeza teria um poço ali. Juntou toda a
força que ainda tinha e arrastou-se até aquela bomba. Chegando lá, começou a mexer na alavanca que estava enferrujada, mexeu, mexeu
deslocando-a para cima e para baixo com a esperança de que saísse água, mas nada, nada saiu. Tentou mais uma vez e nada. E, assim, desistiu,
não tinha mais nada o que fazer, só aguardar a sua morte. Porém, ao olhar para o lado, viu ao lado da bomba alguma coisa escondida e
quando foi ver o que era ficou surpreso, era uma garrafa d"água, cheinha de água. Estava pronto para beber aquela água quando percebeu
que no rótulo tinha algo escrito: "Jogue toda a água dessa garrafa sobre a bomba d"água e ela vai funcionar, esse é o segredo. Mas, depois de
beber toda a água fresca, encha essa garrafa novamente e coloque-a onde pegou, para ajudar outro viajante que, talvez, chegue quase morto
de sede." Agora, aquele homem estava com um grande dilema: beber a água da garrafa e amenizar a sua sede ou jogar tudo sobre a bomba? E
se ele jogar toda a água na bomba e ela não funcionar? Certamente será seu fim, vai morrer de sede. E se e ele bebesse aquela água da garrafa,
poderia aguentar um pouco mais até encontrar ajuda? E, agora, o que fazer? Jogar a água na bomba ou bebê-la? E se aquilo que estava escrito
realmente fosse verdade? Tinha de fazer uma escolha e escolheu, sem exitar, jogou toda a água sobre a bomba. E, quando a água acabou,
imediatamente começo a mexer na bomba, pra cima e pra baixo, pra cima e pra baixo e nada, nada de água. Tentou outra vez e nada, tentou
outra vez, mais um tanto e surgiu um pingo de água, sem demora um fio de água e de repente o milagre, a água começou a jorrar
abundantemente. Que alegria! E ele bebeu, bebeu muita água, saciou sua sede, encheu a sua garrafa d"água e depois encheu a outra, assim
como descrito no rótulo, porém, antes de colocá-la no lugar em que encontrou, pegou uma pedra pontuda e acrescentou o seguinte naquele
rótulo "Pode acreditar, jogue sem se preocupar, vai funcionar! É preciso, primeiro, dar toda a água para que, depois, você receba em
abundância".

19. A lebre e a tartaruga (Fábula de Esopo)


Era uma vez, uma lebre e uma tartaruga. Elas viviam discutido, uma dizia:
_ Eu sou a mais rápida - a outra respondia:
_ Que nada eu sou a mais rápida.
A lebre vivia zombando da tartaruga que ela não era rápida coisa nenhuma, bem o contrário, era tão devagar que mais parecia parada do que
em movimento. Mas a tartaruga não desistia e dizia que ela era rápida, sim. A bicharada lá da floresta não aguentava mais aquela discussão e,
um dia, decidiram fazer uma corrida para ver quem era, afinal, a mais rápida. A lebre e a tartaruga ficaram animadas, a lebre sempre muito
convencida da sua agilidade, achava graça do entusiasmo e todo o preparo da tartaruga. Quando chegou o dia da corrida, todos os bichos da
floresta se reuniram e lá estavam elas, a lebre e a tartaruga, do outro lado da marcação que dizia SAÍDA. E foi o leão, o rei da floresta, que deu
a largada. Ele contou até 3 e lá se foram as competidoras. E correram, correram, correram... e quando a lebre olhou pra trás onde estava a
tartaruga? Lá longe. Sabendo que a tartaruga era mesmo lenta e para zombar um pouquinho, resolveu tirar um cochilo na sobra de uma
árvore e ficou por ali, mas acabou dormindo. E, enquanto a lebre dormia, a tartaruGa corria, corria, corria, passou pela lebre, achou graça da
outra e continuou correndo, correndo...de repente a lebre acordou, olhou lá pra trás de onde saíram e ufa, nem via a tartaruga e, ao virar para
continuar acorrida, levou um baita susto ao vê-la quase na linha de chegada, essa não, a lebre dormiu e acabou ficando para trás e correu,
correu e correu, mas não adiantou, pois toda bicharada gritava: VIVA A TARTARUGA, ELA FOI A VENCEDORA!

20. A corrida dos sapinhos (Fábula de Monteiro Lobato)


Certa vez, alguns sapos decidiram fazer uma maratona, percorrer um longo caminho e ver quem seria o vencedor. Não era um caminho fácil,
não, era bem difícil com morros, descidas, muitos obstáculos. Muitos sapos resolveram participar, vieram de todo lugar. Quando os bichos e
as pessoas souberam dessa maratona ficaram animadíssimas e já foram se posicionando ao longo da estrada para ver os sapos. Quando
chegou a hora da largada, a estrada estava lotada e os sapinhos estavam prontos para começar. Dada a largada, lá se foram, começaram a
pular, pular. Passado um tempo as pessoas começaram a gritar:
_ Eles não vão conseguir! Eles não vão conseguir.
Sem demora um sapo desistiu, em seguida outro e assim um atrás do outro e as pessoas e os outros bichos gritavam:
_ Eles não vão conseguir.
E, assim, um por um foi desistindo até que sobrou apenas um, um único sapinho que pulou, pulou até o final, passando pela linha de chegada,
tornando-se o campeão daquela maratona. As pessoas e os bichos ficaram surpresos e foram lá perguntar ao sapo o que ele fez para seguir
firme e vencer. E foi aí que descobriram que o sapinho era surdo!

21. O pote rachado (Conto popular hindu)

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Havia um homem que ganhava a vida vendendo água. Lá no vilarejo em que morava a água era escassa e tinham de caminhar por horas até
chegar num poço com água fresca. E, esse homem fazia esse percurso todos os dias, pegava dois potes grandes, pendurava um em cada lado de
uma vara que ele segurava sobre o ombro ia até o poço, enchia os potes com água, voltava e vendia no vilarejo. Ele fazia isso há muito tempo.
Um dos potes que ele levava estava rachado e quando ele chegava no vilarejo, estava sempre pela metade, pois a água escorria do pote pelo
caminho. Os outros potes não entendiam porque o homem sempre levava aquele pote rachado, ele acabava recebendo menos dinheiro, era
menos água. Todo dia era a mesma coisa. Aquele pote rachado estava envergonhado, os outros potes estavam sempre reclamando que o
homem era um bobo de não escolher outro pote, um que estivesse inteiro, pois perdia a água pelo caminho. E o pote rachado não entendia
porque aquele homem insistia em levá-lo. Até que certa vez resolveu perguntar:
- Olha só, meu senhor, eu estou rachado, você vem de longe até aqui pega água e volta para casa, mas por causa da minha rachadura tem
menos água e você ganha menos dinheiro por conta da minha falha. Por que o senhor insiste em me escolher para buscar água?
O home escutou o pote e depois disse-lhe:
- Agora quando voltarmos, quero que preste muita atenção nesse caminho, olhe tudo.
O homem pegou a água, pendurou os potes na vara e foi embora. O pote fez o que o homem pediu, ficou atento ao caminho, olhou tudo em
volta. Percebeu que do seu lado da estrada estava repleto de fores, flores muito coloridas, lindas. Quando chegaram o homem perguntou ao
pote o que ele viu e o pote respondeu:
_ Eu vi flores, muitas flores e adorei cada uma delas, mas isso não muda o que sinto, continuo envergonhado pelo fato de lhe dar prejuízo, veja
só, só consegui segurar a metade da água, o resto se foi.
O homem deu um sorriso e disse:
- Essas flores são mesmo lindas e graças a você que elas estão ali. Quando eu vi que você estava rachado, joguei algumas sementes de flores ao
longo do caminho e, sempre que retornei com a água, aquele tanto que foi escorrendo pela sua rachadura regou aquelas sementes e assim
foram crescendo e transformaram-se nessas lindas flores formando esse imenso jardim desse lado da estrada. Então, não se envergonhe,pois,
você, do jeitinho que é faz uma diferença muito grande e deixou a vida de muita gente mais feliz porque todos aqueles que passam por esse
caminho alegram-se ao ver as flores.

22. O velho sábio (Conto popular)


Num certo vilarejo morava um senhor com bastante idade e todos o conheciam, chamavam-no de "o grande sábio", pois ele sempre tinha a
resposta para as perguntas daquele povo e ajudava todos a compreenderem um pouco mais sobre as coisas da vida. Certa vez, esse senhor
estava lá ouvindo um grupo de pessoas que vinha falar sobre seus problemas, percebeu que sempre retornavam falando sobre as mesmas
coisas, os mesmos problemas, lamentando, dia após dia, dia após dia, sempre a mesma coisa. Até que um desses dias, aquele senhor olhou
para aquelas pessoas e contou-lhes uma piada e todos riram muito. Em seguida contou-lhes a mesma piada e alguns riram, depois mais
contou-lhes a mesma piada e um ou outro riu e contou-lhes a mesma piada uma vez mais e ninguém riu. O sábio senhor disse a todos:
_ Vejam só, eu contei uma piada e vocês riram muito, depois eu continuei contando a mesma piada até que ninguém mais riu, ninguém mais
achou graça da piada. Então, eu lhes pergunto, por que, vocês insistem, dia após dia, lamentarem pelos mesmos problemas, dia após dia
chorando pelos mesmos problemas. Pois é, será que já não está mais do que na hora de fazer alguma coisa para mudar?

23. O cão e a carne (Fábula de Esopo)


Era uma vez um cachorro que estava passando perto de um açougue e encontrou, jogado no chão, um pedaço de carne. Um grande pedaço de
carne, ele ficou muito animado, era seu dia de sorte, não era todo dia que isso acontecia., ou melhor, isso nunca tinha acontecido antes. Ele
abocanhou aquele pedaço de carne e foi a procura de um lugar seguro para comê-lo, pois assim como ele, outros cães estavam a procura de
algo para comer e se o vissem com aquele pedaço de carne, viriam pra cima dele tentando tirar-lhe o alimento. E ele logo pensou num lugar
para comer aquele pedaço de carne bem sossegado, do outro lado do rio. Lá, certamente ele ia conseguir comer. E lá foi ele, segurou firme o
pedaço de carne com seus dentes afiados e começou a atravessar o rio que era rasinho. Ele foi andando, andando, quando viu uma imagem
refletida na água, era ele e um pedaço de carne, um grande pedaço de carne, muito maior que a dele. Ele não ia perder a oportunidade de
comer um pedaço de carne ainda maior, assim jogou a carne que segurava entre os dentes para pegar a outra, mas, assim que jogou, não havia
mais carne nenhuma,claro, aquele era apenas o reflexo da carne que segurava. Bom, agora, ele não tinha mais carne nenhuma, pois o único
pedaço de carne real desceu correnteza abaixo.

24. Uma hora do seu tempo (Conto popular)


Certa vez um pai, chegou em casa do trabalho bem tarde e chegou estressado, ainda tinha muito trabalho e viraria a noite trabalhando. Raras
era as noites que ele não voltava para casa desse jeito. Assim que entrou em casa, o filho veio correndo ao seu encontro, deu-lhe um abraço, o

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pai passou-lhe a mão na cabeça e foi direto para o escritório. Não demorou muito o menino foi até o escritório e pediu para brincar com o pai,
mas o pai fez uma cara feia dizendo que não tinha tempo para isso, tinha muito trabalho para terminar e que cada hora era muito
importante, talvez mais tarde. O menino saiu e depois de uma tempo fez nova tentativa, mas o pai não poderia brincar. O menino ficou triste e
já estava saindo quando virou-se e perguntou ao pai:
- Pai, quanto o senhor ganha por uma hora de trabalho?
O pai ao ouvir aquilo ficou muito bravo, o que um menino daquela queria saber de uma coisa dessas.. Mas o menino insistiu e o pai
respondeu:
- Ganhou R$80,00 por uma hora de trabalho.
O menino fez outra pergunta:
- O senhor teria R$50,00 para me dar?
O pai ficou furioso com o menino, então era para isso que havia lhe perguntado. Mandou o menino para o quarto,não deixou-o nem comer
alguma coisa primeiro, ele estava de castigo. O menino obedeceu e foi para o quarto. Passou um tempo, o pai já mais calma, começou a pensar
no filho e no dinheiro que havia pedido, ficou envergonhado, talvez o menino quisesse comprar um brinquedo e resolveu ir conversar com
ele. Chegando em seu quarto, viu que o menino estava deitado chorando e o pai disse ao menino que ele daria o dinheiro para ele, retirou
R$50,00 da carteira e entregou ao filho. Esse, por sua vez, retirou debaixo do travesseiro um montinho de dinheiro e o pai ao ver aquilo, já
estava ficando bravo outra vez quando o menino lhe estendeu o dinheiro e disse:
_ Pai, aqui tem R$80,00, agora você pode ficar uma hora comigo? Amanhã, você pode voltar uma hora mais cedo pra gente brincar?
Naquele instante o pai desabou e quem começou a chorar foi ele. O pai se deu conta do que estava fazendo, ao que estava dando mais valor.
Abraçou o filho e pediu-lhe perdão.

25. O velho, o menino e o burro (Fábula de La Fontaine)


Certa vez, um senhor resolveu vender o seu burro. Ele tinha apenas um burro e resolveu vender o burro na cidade. Convidou seu neto para,
no dia seguinte, ir com ele. Assim que amanheceu, prepararam-se, pegaram o burro e lá se foram: o senhor de uma lado, o menino do outro e
o burro entre eles. Andaram, andaram até que passaram por alguns homens que viram os dois e disseram:
- Mas são muito bobos esses dois, um burro forte desses e eles viajando a pé.
Depois de passarem pelos homens, os dois resolveram montar no burro e seguiram a viagem. Andaram, andaram por mais um tempo quando
passaram por umas senhoras que ao verem os dois montados no burro disseram:
- Que coisa mais feia! Um homem tão grande e mais um menino em cima desse coitadinho, um burro tão fraquinho. Vejam as penas dele,
tremem de tanta força que precisa fazer para carregar esses dois. Os dois foram indo e quando afastaram-se um pouco, o senhor desceu do
lombo do burro e ficou somente o neto e seguiram. Andaram assim por mais um tempo até que encontraram alguns jovens que, ao vê-los,
disseram:
- Que feio, um menino forte montado no burro enquanto o coitado de velho vai a pé.
Andaram um pouco e mais adiante trocaram, o menino desceu e passou a conduzir o burro e o velho sentou-se sobre o lombo do burro e
seguiram até encontrarem mais um grupo de pessoas que, quando avistaram os os três disseram:
-Que feio, um baita homem desses sentado no burro enquanto o coitadinho do garoto precisa puxá-los e, esse burro, está magro, mal
consegue andar, coitado! Que judiaria.
Foram andando mais um pouco e logo ali na frente o velho desceu do burro, ele e o neto olharam-se e resolveram levar o burro nas costas e
assim, com dificuldade, seguiram até chegar na cidade.
Assim que as pessoas viram aquela cena, começaram a rir, apontando para aqueles dois e diziam:
_ Dois burros carregando o terceiro nas costas.
O velho ficou tão bravo, colocaram o burro no chão e ele disse para todos que estavam em volta:
-É isso que dá quando quer se agradar a todos, acaba fazendo mal a si mesmo, agindo como um burro e não agradando ninguém.

26. Os ladrões e a ovelha (Conto popular)


Certa vez vinha por uma estradinha, um homem carregando uma ovelha nas costas. Ali perto estavam escondidos três ladões, morrendo de
fome, já não conseguiam roubar nada, nenhuma galinha, a crise estava tomando conta. E, quando viram aquele homem vindo com uma
ovelha, pensaram: "Aquela ovelha ia dar um bom churrasco! Mas, ficaram com vergonha de roubar aquele homem sozinho, três marmanjos
contra um, não era justo e não ia ser nada bom para a reputação deles. De repente, um dos ladrões teve uma ideia, compartilhou com seus
comparsas e todos gostaram, colocando-a em ação. Um deles saiu e foi andar pela estrada, fingindo estar indo para algum lugar, quando
passou pelo homem, parou e disse:
-Nossa, que cachorro bonito.
O homem olhou, estranhou o comentário do outro e disse:
- Ué, isso não é um cachorro, é uma ovelha. Comprei lá na feira da cidade.

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E o sujeito insistiu:
- Meu amigo, isso não é uma ovelha, de jeito nenhum, é um cachorro. E foi embora, deixando o dono do bicho rindo e dizendo:
- Mas esse está maluco, dá onde isso é um cachorro, é uma ovelha. E seguiu pela estrada.
Sem demora o outro ladrão foi andar pela estrada e quando passou pelo homem, parou e disse:
- Ué, porque você está levando esse cachorro no colo? O que aconteceu com ele?
O homem arregalou os olhos e disse:
- Cachorro, cachorro dá onde, isso é uma ovelha, comprei na feira da cidade.
- Então-disse o ladrão- lhe passaram a perna lá nesse feira, te venderam um cachorro, isso não é uma ovelha.
- Claro que é uma ovelha!
- Não é não! E se foi.
Mas, o homem começou a olhar para a sua "ovelha" bem de pertinho e disse para si mesmo: "Isso não é cachorro, é ovelha!"
E, lá vinha o terceiro ladrão, que passou pelo homem, parou e disse:
- Mas que cachorro, hein! Desse tamanho e você carregando o bicho, porquê?
O homem, já bem bravo respondeu:
- Isso não é um cachorro, é uma ovelha, olha bem, é uma ovelha.
- Ovelha? Não é não, só se o senhor está é vendo coisas, porque isso não é uma ovelha, mas não é mesmo, é um cachorro. -disse o ladrão.
- É uma ovelha! dizia o homem e o outro:
- É um cachorro! E ficaram ali discutindo por um bom tempo até que o dono daquele animal enfureceu-se., largou a ovelha no chão e disse:
- Mas eu que não quero esse cachorro, onde já se viu me venderam um cachorro dizendo que era uma ovelha e eu acreditei e paguei o olho da
cara por esse cachorro pulguento. E, lá, se foi o homem deixando a ovelha para trás. O ladrão chamou os outros dois e, bom, já devem
imaginar que fizeram aquele churrasco.

27. O pescador (Conto Popular trazido por Nasrudin Coja)


Certa vez, Nasrudin, um senhor e pescador que morava num vilarejo, terminou a sua pesca mais cedo, pescara o suficiente para aquele dia.
Como estava cedo, aproveitou para deitar em sua rede numa sombra gostosa de uma bela árvore. Estava lá deitado na rede, curtindo um
descanso quando chegou um rapaz. Um rapaz estudado, que terminou seus estudos a pouco tempo. Ele ao ver que Nasrudin estava deitado e
ainda era muito cedo perguntou:
-Por que o senhor está deitado na rede? Poderia estar pescando, ainda é cedo, traria muito mais peixes.
Nasrudin olhou o rapazinho em sua frente e disse a ele que estava descansando, havia pescado o suficiente para aquele dia e para o dia
seguinte. O rapaz ouvindo Nasrudin, continuou:
_ Mas, se o senhor pescasse mais poderia comprar um barco maior.
E Nasrudim pensou um pouco e perguntou:
_Tá, mas e depois?
- Depois o senhor pode ir para a pescaria com esse barco maior e vai conseguir colocar mais peixes, vendê-los e conseguir mais dinheiro.
- E depois? Perguntou Nasrudin
- O senhor pode comprar um outro barco, ainda maior e sair para pescar.
-E depois? Perguntou Nasrudin
- O senhor vai pescar mais e mais, vai ganhar mais dinheiro e poderá comprar mais um ou dois barcos.
-E depois?
- Depois o senhor poderá contratar pescadores para pescar com seus barcos e terá muitos peixes para vender e ganhará muito mais dinheiro.
- E depois? Insistiu Nasrudin.
- O senhor poderá abrir uma empresa de pesca com muitos barcos e muitos funcionário e venderá muitos peixes e ganhará muitodinheiro.
-E depois?
-Depois, bom, aí o senhor poderá deitar numa rede, numa sobra gostosa e descansar.
- Tá, mas isso, eu posso fazer agora. Deitou-se e continuou deitado na rede curtindo a vida. E o rapaz foi embora.

28. De gota em gota (Fábula Popular)


Era uma vez uma floresta,uma linda floresta. Certo dia, aconteceu um incêndio nessa floresta, não se sabe como começou, mas tomou conta
de tudo. Tinha fogo por todos os lados,os animais desesperados tentavam sair dali, corriam desesperados de uma lado para outro, tentando
sair dali. Era bicho correndo desnorteados, se atropelavam. De repente uma macaca, pendurada em uma árvore viu um passarinho. Um
passarinho que voava e jogava alguma coisa em meio à floresta. A macaca o observou e viu que ele ia até um lago próximo, enchia o bico de
água, voltava e jogava os pingos de água nas chamas. A macaca então disse:
- Ei, passarinho, o que você está fazendo? Você sabe que não vai apagar esse incêndio com esse pingo de água.
E o passarinho respondeu:
_ Eu sei, eu sei que não. Mas, eu estou fazendo a minha parte.

29. A árvore confusa (Conto da Índia)


Era uma vez um jardim, um jardim florido com flores de todas as cores e tão cheirosas. E tinham árvores, árvores de todos os tamanhos. Tinha
a macieira, a laranjeira, a bergamoteira, a jabuticabeira. Tinham os Ipês com várias cores em suas flores e as roseiras, muitas e lindas. Aquele
jardim era lindo e todos ali viviam muito alegres menos uma árvore, uma única árvore que não estava feliz. Ela vivia muito triste, pois ela não
sabia quem ela era, qual a sua função. A macieira dava maças, a jabuticabeira jabuticabas, a laranjeira laranjas, a rosa roseiras e ela dava o
quê? A macieira vendo-a tão triste dizia:
_ Faça um esforço, tenho certeza que vai conseguir dar uma maçã, é tão fácil. A roseira ao ouvir aquilo dizia:
- Maçã? Que nada, faça um esforço e logo surgirá uma rosa, uma linda rosa como as minhas.
E a árvore tentava, sim ela tentava, se esforçava, vai que daqui a pouco surgisse mesmo maçãs, rosas ou quem sabe uma outra fruta ou flor.
Mas nada acontecia, ela continuava do mesmo jeito. Até que certa vez pousou em seus galhos uma coruja, a ave mais sábia de todas as aves. E
ficou ali ouvindo e sentindo a tristeza daquela árvore e lá pelas tantas a coruja falou:
_ Olá só, dona árvore. Não tente ser o que as outras são. Não copie os outros, não tente fazer o que os outros pedem. Precisa ser você mesma e
para descobrir quem é você precisa ouvir o que está dentro de si. Fique em silêncio e ouça a voz interior e essa voz vai lhe dizer o que você é, o
que você faz, quem você é. Depois de dizer isso, aquela coruja sumiu e a árvore ficou ali, pensando no que a coruja havia dito, tentando
entender suas palavras: Voz interior? Voz que está aqui dentro? Ser quem eu sou? O que era tudo isso? A árvore resolveu fechar os olhos e
ficou em silêncio por um bom tempo e, de repente, começou a escutar algo diferente e percebeu que vinha de dentro dela, e nesse momento
ela soube quem ela era e qual a sua função. Ela era um carvalho, que nasceu para ser grande, majestoso para abrigar os passarinhos, para
proteger e dar sombra aos viajantes,para embelezar o mundo e quando enfim ela descobriu isso ficou tão feliz. E ela cresceu, cresceu e
tornou-se um carvalho grande, lindo e fez tudo aquilo que nasceu para fazer e, depois disso, o jardim ficou completamente feliz.

MÁRCIA FUNKE DIETER


30. O segredo da sabedoria (Conto popular)

Certa vez um jovem resolveu perguntar para um velho sábio o que ele precisaria saber, como teria de viver para adquirir sabedoria. O velho
sábio não lhe respondeu, mas propôs um desafio. Pediu para que o jovem enchesse uma colher com óleo, segurasse-a com a mão e andasse
por todo o local em que estavam sem derramar uma gota e o jovem prontamente fez o que o sábio pediu. Encheu a colher com óleo, segurou
firme com a mão e começou a andar com passos curtos, firmes e com o olhar fixo na colher. E ele andou por todo o local e quando chegou no
final estava com todo o óleo na colher, não havia derramado nenhuma gotinha. O sábio perguntou:
- Enquanto você andava, você contemplou as coisas que estavam a sua volta? Viu as árvores, as flores, sentiu o aroma das flores? Você ouviu o
canto dos pássaros? E o jovem respondeu que não, só estava preocupado com a colher, em não derramar nada do óleo e terminar o desafio.
Então o sábio lhe disse:
- Para você adquirir a sabedoria não pode ficar somente concentrado nas suas obrigações, precisa curtir as coisas que estão a sua volta e
sentir a alegria.
Então, pediu ao jovem que repetisse o desafio. E o jovem repetiu, segurou firme a colher com o óleo e andou pelo espaço outra vez. Porém,
dessa vez, contemplou tudo o que estava em sua volta, as árvores, as flores e, realmente, o cheiro das flores era muito bom. Também ouviu o
canto dos pássaros, sentiu o vento tocando-lhe o rosto. E, quando terminou o desafio e chegou diante do sábio estava muito contente, pois,
tinha contemplado tudo, mas ao olhar para a colher constatou que não tinha mais nenhuma gota de azeite, havia derramado tudo. O sábio
disse-lhe:
_Olá só, não tem como você adquirir sabedoria se esquece de suas obrigações e viva apenas para as alegrias e contemplando o que tem em
volta, esquecendo-se dos compromissos e obrigações. Para que você realmente consiga a sabedoria que tanto deseja, precisa fazer as suas
obrigações sem perder as alegria do viver.

31. A vaidade humana (Conto popular)


Nasrudin era um senhor, muito esperto. Um dia ele resolveu vender um turbante para o rei. Escolheu um turbante muito bonito colocou-o
sobre a cabeça e foi até o castelo. Chegando lá, disse que tinha algo muito importante para tratar com o rei. Deixaram-no entrar e quando
estava diante dele, o rei já arregalou os olhos quando viu aquele turbante e foi logo perguntando:
_Onde você comprou esse turbante tão bonito? E quanto você agou por ele?
E Nasrudin respondeu:
_ Ora, esse turbante é magnífico, maravilhoso, não tem nenhum, nenhum outro igual a esse e eu paguei 800 moedas de ouro.
O conselheiro do rei que estava logo ali ao lado, percebeu que aquilo não era verdade e foi conversar co o rei. Então cochichou em seu ouvido:
_ Isso não é verdade, não acredite nessa conversa, onde já se viu, só um maluco, um doido para pagar 800 moedas de ouro para um turbante,
um pedaço de pano, isso não vale moedas de ouro. Não acredite nisso, meu rei.
O rei ouvindo as palavras do conselheiro, achou aquilo estranho mesmo e fez uma outra pergunta a Nasrudin.
_ Por que você pagou 800 moedas de ouro por um turbante, um pedaço de pano?
E Nasrudin respondeu:
_ Eu só comprei esse turbante fantástico, que não há em lugar algum outro igual porque só um grande rei compraria de mim.
Quando o rei escutou aquilo, sentiu-se elogiado, amado, admirado e resolveu comprar o turbante e não pagou 800 moedas de ouro, não, ele
pagou 1000 moedas de ouro a Nasrudin. Nasrudin entregou o turbante ao rei, pegou as moedas de ouro e dirigiu-se para a saída, mas, não sem
antes ir falar com o conselheiro do rei. Chegou bem perto dele e disse:
_ Você pode até saber quanto custa um turbante, mas eu entendo muito bem da vaidade humana, ainda mais dos grandes!

32. As três arvores (Conto Popular)


Era uma vez, três pequenas árvores que estavam em cima de uma montanha. Estavam ali sonhando com o futuro, com o que seriam quando
crescessem, quando se tornassem grandes árvores. A primeira árvore sonhava em ser um baú para guardar tesouros, a segunda sonhava em
ser um navio, uma grande navio para levar reis e rainhas e a terceira sonhava em crescer, sim, crescer, crescer muito para quando as pessoas
olhassem para ela, até a sua ponta, tivesse de levantar as suas cabeças para o alto e, assim, pensassem em Deus, ao visualizarem o céu. O
tempo passou e elas cresceram, realmente ficaram muito altas. Até que, certa vez, apareceu um lenhador e começou a cortar as árvores e elas
ficaram muito animadas, pois queriam muito se transformar naquilo que elas sonharam. Assim que ele terminou de cortar todas elas, desceu
a montanha levando-as para outro lugar e lá ele começou a transformá-las. A primeira ele transformou num cocho, a segunda em um
barquinho de pesca e a terceira ele apenas cortou em toras e jogou em um canto do seu galpão. E, o tempo passou, até que certa vez numa
noite estrelada, numa linda noite estrelada uma mãezinha colocou o seu bebezinho, recém nascido, dentro daquele cocho e a árvore sobe
naquele instante que, dentro dela, estava o maior tesouro de todos. Anos mais tarde, um homem entrou naquele barquinho de pesca e foi
para o mar e lá, naquela imensidão, começou uma tempestade que quase afundou o barquinho se não fosse o homem levantar, olhar para o
alto e pedir PAZ e, milagrosamente, tudo silenciou, a tempestade parou e o mar ficou calmo outra vez e, naquele momento, aquela segunda
árvore soube que aquele homem era o Rei, um grande Rei, o maior de todos. E a terceira árvore, o que aconteceu com ela? Pegaram as toras e
montaram uma cruz e, numa certa sexta-feira, pregaram sobre ela, um homem. Aquela árvore vendo aquilo sentiu-se muito mal, esse não era
seu sonho, era tudo muito cruel o que estavam fazendo. Mas, passado alguns dias, num domingo, ela sentiu que o Homem não estava mais ali

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e, soube que aquele homem era o SALVADOR e, naquele instante, ela sentiu uma felicidade invadi-la, pois, agora, toda vez que olhassem para
ela, as pessoas pensariam em Deus e, em seu filho, Jesus. Ah, essas árvores tinham sonhos, mas nunca imaginaram que seriam tão grandiosos.

33. O cavalo e o burro (Conto popular)


Certa vez estavam andando por uma estrada um grupo de homens que haviam comprado mercadorias na cidade. Carregando as mercadorias
tinha um burro e um cavalo. O burro andava com muita dificuldade e gemia bastante, coitado. La pelas tantas andando lado a lado, o burro
disse ao cavalo:
_ O amigo cavalo, bem que você poderia levar um pouco da minha carga. Você leva menos do que eu, está levando 4 quilos apenas e eu levo 8,
se eu lhe desse 2, cada um levaria 6 e seria mais justo.
O cavalo nem olhou para o burro, só respondeu:
_Mas, olha bem pra mim, se eu vou levar mais carga no lombo só porque você está gemendo por levar todas essas, eu não, eu é que não sou
bobo, eu é que não sou burro, vou levar só o que me deram e chega.
E o burro ainda tentou convencer o cavalo de levar um tantinho mais e, nem viu que logo ali na frente tinha uma grande pedra no caminho e,
acabou tropeçando, levou um baita tombo e machucando a pata.
_ Só o que falta, o burro, agora, não vai conseguir levar essa carga.
Assim, tiraram toda a carga do burro e colocaram no lombo do cavalo. E quem andava com muita dificuldade, agora, era o cavalo.

34. A formiga e a pomba (Fábula de Esopo)


Certa vez uma formiguinha que estava com muita, muita cede foi até a beira de um riacho tentar beber água, mas ela escorregou e caiu dentro
do riacho e estava sendo levada correnteza abaixo, estava quase morrendo afogada não fosse por uma pomba que, assim que a viu, pegou um
galho com seu bico e jogou no riacho para a formiga e, essa, subiu no galho e quando chegou na margem do rio, enfim, conseguiu se salvar e
ela estava muito feliz. E, assim ela foi subindo, subindo pela superfície e, de repente, avistou um caçador que foi para debaixo da sobra da
árvore onde repousava a pomba e começou a armar uma armadilha para capturar a pomba. Imediatamente, a formiguinha andou em direção
ao homem, entrou em sua bota e picou o pé do homem. O caçador ao sentir aquela picada começou a sacudir, sacudir, sacudir o pé, estava
ardendo muito e fez aquele barulho acordando a pomba e ela ao ver o caçador, voou, voou para bem longe. E a formiguinha, essa também
estava bem longe dali, só ficou o caçador ainda sacudindo o pé.

35. Nasrudin e o ladrão (Conto popular)


Nasrudin estava em sua casa, dormindo. Já era bem tarde, de madrugada quando ouviu um barulho dentro de casa. Assustado, levantou-se
bem devagar e foi espiar o que era e viu um ladrão em sua casa, com um saco, roubando as suas coisas. Nasrudin resolveu ficar ali, bem
quietinho, apenas observando e quando o ladrão decidiu que já era o suficiente, saiu porta afora. E, naquele momento, Nasrudin pegou
qualquer coisa pela mão e saiu também, começou a seguir o ladrão. Foi andando bem quietinho atrás dele e foi indo, foi indo...andaram um
bocado de tempo até que o ladrão chegou em sua própria casa. Abriu a porta, entrou, acendeu a luz e ao virar-se assustou-se ao ver um
homem ali dentro de sua casa e perguntou:
_O que você faz aqui?
E Nasrudin respondeu:
_ Ora, você estava lá na minha casa pegando as minhas coisas, eu achei que íamos nos mudar, assim peguei algumas coisas e vim pra cá
também.

36. A águia e a coruja (Fábula de La Fontaine)


Uma coruja estava cuidando de seus filhotes, em seu ninho, quando apareceu por ali uma águia, uma bela águia. A coruja ao vê-la foi logo
dizendo:

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_ Oh, rainha das aves, grande caçadora, por favor não coma os meu filhotinhos, os meus pimpolhos.
A águia ouvindo o pedido da coruja e com muito respeito respondeu:
_ Claro que não, dona coruja, mas diga-me como são os seus filhotes para que eu possa reconhecê-los na hora da caça.
E a coruja respondeu com todo o amor:
_ Ah, eles são lindos, rechonchudos.
Dito isso, a águia foi-se embora dali e a coruja ficou por ali até que teve de sair do ninho à procura de alimentos para os seus filhotes,
deixando-os sozinhos. Elá se foi a coruja, voou à procura de comida. Não demorou muito a águia estava voando por ali outra vez e se deparou
com um ninho cheio de filhotinhos e bem sozinhos. Chegou pertinho, olhou para eles e pensou "Uma refeição completa." Mas antes de
devorá-los olhou para cada um, vai que eram os filhotes da dona coruja, ela havia prometido não comê-los. Olhou bem e logo viu que não
poderiam ser os filhotes da coruja, eram bem diferentes do que ela dissera e, assim, alimentou-se com a caça do dia e voou. Quando a coruja
retornou, encontrou o ninho vazio e desesperada começou a gritar:
_Cadê os meus filhotes.
Imediatamente, ao ouvir os gritos da coruja, apareceu a águia. A coruja ao vê-la disse:
_ Foi você, eu não acredito, eu lhe pedi para que não devorasse os meus filhotes, os meus pimpolhos e você prometeu que não os comeria.
A águia um tanto confusa respondeu:
_ O quê? Aqueles eram os seus filhotes? Mas, você me disse que eles eram lindos e rechonchudos e aqueles que devorei não eram nada disso.

37. O burro e o lobo (Fábula de Esopo)


Certa vez, um burro estava pastando quando percebeu que havia, ali perto, um lobo escondido., só espiando. O burro sabia exatamente o que
ele queria e o que ia acontecer logo mais , então, pensou um pouco e teve uma ideia. O burro começou a mancar , gemer e gritar:
_ Ai que dor, ai que dor!
O lobo saiu de seu esconderijo e estava prestes a atacar quando o burro lhe disse:
_ Ai, me ajuda seu lobo, me ajuda, eu pisei num espinho e está doendo muito, me ajuda por favor. Imagina, seu lobo, você vai me comer e esse
espinho vai arranhar toda a sua garganta.
O lobo ouviu aquilo e pensou "é verdade, eu é que não quero um espinho arranhando a minha garganta". e resolveu ajudá-lo. Pediu para o
burro levantar a pata para que ele procurasse e retirasse o tal do espinho. para devorá-lo sem temer acabar com a sua garganta. O burro
levantou a pata e o lobo aproximou o focinho para procurar o espinho e lá estava ele procurando, procurando quando o burro deu o maior
coice da sua vida, jogando o lobo para longe e enquanto o lobo tentava se recompor e levantar o burro já estava bem distante dali.

38. A pomba e a formiga (Fábula de Esopo)


Certa vez uma formiguinha que estava com muita, muita cede foi até a beira de um riacho tentar beber água, mas ela escorregou e caiu dentro
do riacho e estava sendo levada correnteza abaixo, estava quase morrendo afogada não fosse por uma pomba que, assim que a viu, pegou um
galho com seu bico e jogou no riacho para a formiga e, essa, subiu no galho e quando chegou na margem do rio, enfim, conseguiu se salvar e
ela estava muito feliz. E, assim ela foi subindo, subindo pela superfície e, de repente, avistou um caçador que foi para debaixo da sobra da
árvore onde repousava a pomba e começou a armar uma armadilha para capturar a pomba. Imediatamente, a formiguinha andou em direção
ao homem, entrou em sua bota e picou o pé do homem. O caçador ao sentir aquela picada começou a sacudir, sacudir, sacudir o pé, estava
ardendo muito e fez aquele barulho acordando a pomba e ela ao ver o caçador, voou, voou para bem longe. E a formiguinha, essa também
estava bem longe dali, só ficou o caçador ainda sacudindo o pé.

39. O corvo e a raposa (Fábula de Esopo)


Um dia, um corvo encontrou um pedaço de queijo, segurou firme com o seu bico e voou, voou o mais alto que pode e pousou numa árvore e
começou a bicar o queijo. Logo ali embaixo, estava passando uma raposa que imediatamente sentiu o cheiro do queijo, olhou para cima e viu
o corvo com aquilo que ela começou a desejar muito, o queijo. Como ela queria devorar aquele queijo, mas não tinha como ir até lá e pegar o
queijo do corvo e por mais que ele tentasse o corvo tinha asas, era só segurar o queijo pelo bico e sair dali voando para outro lugar. Então, a
raposa começou a pensar um pouco, tinha que ter um jeito dela conseguir devorar aquele queijo. Pensou, pensou e ela teve uma ideia, sim ,
ela teve uma ideia. Olhou lá para cima e começou a falar com o corvo:
_ O seu corvo, olha só, eu duvido que exista por aí uma ave mais maravilhosa que você, tão esplendida, belíssima, eu duvido que tenha outra
ave igual, eu duvido, mesmo ouvindo o que eu ouvi. É, dizem por aí que o rouxinol ganha de você só por causa do seu canto magnífico. Mas eu,
seu corvo, eu acho que você só não canta ainda mais magnífico que o rouxinol porque não quer. É ou não é?
Nesse momento, o corvo ouvindo todas aquelas bajulações ficou muito convencido e todo vaidoso tirou abriu o bico para começar a cantar e
o queijo despencou lá de cima, bem na boca da raposa que saiu dali em disparada. E o corvo ficou sem queijo e o coitado tenta cantar até hoje.

40. O jovem e a estrela-do-mar (Conto popular)


MÁRCIA FUNKE DIETER


Certa vez, numa pequena aldeia de pescadores, um home estava caminhando pela beira da praia e, de repente, ele avistou lá longe um jovem
ajuntando alguma coisa na areia e jogando no mar. Ele foi se aproximando, se aproximando e viu que o jovem jogava estrelas-do-mar jogadas
na areia de volta para o mar, ele olhou para a areia e constatou que estava repleta de estrelas-do-mar que vinham com as ondas, mas a maré
estava baixa e elas ficavam ali. E o jovem pegava uma estrela e jogava para o mar, pegava outra e jogava e assim seguiu por horas até que o
homem lhe perguntou:
_ O que você está fazendo?
E o jovem respondeu:
_ Estou jogando as estrelas-do-mar de volta para o mar, senão elas vão morrer.
Então o homem olhou para toda aquela extensão de areia, repleta de estrelas-do-mar e disse:
_Nossa, mas têm milhares de estrelas-do-mar na areia, você percebe que o que está fazendo não vai fazer nenhuma diferença.
E, naquele instante, o jovem pegou uma estrela que estava na areia, olhou para ela, jogou-a no mar, depois virou-se para o homem e disse:
_ Para aquela eu fiz a diferença.

41. Viver o presente (Conto budista)


Certa vez, um home mais jovem e um ancião estavam conversando e o homem mais jovem perguntou ao ancião:
_ Qual é o segredo para que nos tornemos sábios?
E o ancião respondeu:
_ O segredo é viver o momento. Assim, quando eu como, eu simplesmente como. Quando eu durmo, eu simplesmente durmo, descanso. E
quando eu escuto alguém falando eu vivo exclusivamente aquele momento.
_Ah, mas isso é muito fácil. Até eu, que não sou sábio consigo fazer isso. Disse o jovem
O ancião olhou bem para o jovem e disse:
_ Acho que não, porque você quando come pensa nos problemas, no trabalho. Você quando dorme já começa a pensar em tudo o que tem
para fazer no outro dia. E, quando você está escutando alguém, como agora, nesse momento, já está pensando na pergunta que fará ou na
resposta que dará bem antes que eu termine de falar. E esse é o grande segredo, é viver consciente o momento, viver o presente,
viver cada minuto desse milagre que é a vida, aqui, agora e presente.

42. Marcas (Conto popular)


Certa vez um pai entregou ao seu filho um saco cheio de pregos, um martelo e uma tábua. O jovem era bem revoltado, vivia discutindo,
brigando com os irmão, com a mãe, com o pai, com quem aparecesse e era assim sempre, ninguém mais aguentava. Aí o pai pediu ao filhos
que, toda vez que sentisse raiva, sentisse vontade de brigar ou dizer algo ruim para alguém, que pegasse um prego e pregasse naquela tábua e
assim o garoto fez. Sempre que sentia raiva, vontade de brigar ele ia lá e martelava um prego na tábua. Depois de um tempo ele percebeu que
a tábua estava cheia de pregos, quase não tinha mais espaço e ele não estava mais aguentando aquilo e assim pensou que, se ele se
controlasse não precisaria estar pregando os pregos a todo instante. E foi o que aconteceu. Ao se dar conta que tinha controlado o seu
temperamento foi correndo contar ao pai e, esse ficou feliz e depois de ouvi-lo pediu que a partir de agora fizesse o contrário, toda vez que
conseguisse se controlar que ele fosse até a tábua e retirasse um prego de lá. O garoto fez o que o pai pediu e ficou bem contente quando viu a
tábua vazia, sem pregos, sinal que estava bem controlado. Chamou o pai para ver e o pai ficou contente e disse ao filho:
_ Muito bem, você conseguiu. Parabéns. Mas, agora, olhe bem para a tábua, está vendo que ela está cheia de marcas por causa dos pregos?
Você retirou os pregos, mas as marcas permanecem lá e, assim, é na vida, meu filho. Toda vez que você se dirige a alguém, com palavras
maldosas, brigando, ofendendo, isso machuca e por mais que peça desculpas depois, as marcas ficam. Então, meu filho, cuidado com suas
palavras, a melhor coisa é respirar fundo e se controlar antes de ferir.

43. A onça doente (Fábula de Monteiro Lobato)


Um dia, a onça caiu do alto de uma árvore e machucou-se bastante. Acabou tendo de ficar por dias e dias dentro de sua toca, não podia sair
porque não conseguia andar. E aí vocês já podem imaginar a fome que essa onça estava sentido, uma vez que não podia caçar para se
alimentar. Mas, a onça bolou um plano e chamou a sua comadre, a Iara, para lhe ajudar. Pediu para a comadre sair e anunciar por toda a
floresta que ela, a grande onça, estava morrendo e queria que os animais viessem visitá-la pela última vez, era o seu último pedido antes de
partir. E a Iara foi anunciar o que a onça havia lhe dito e, sem demora, os animais começaram a chegar. Vinha de todos os cantos da floresta,
vinham um a um, veio o veado, depois a capivara, depois veio a cotia, o porco do mato, veio a lebre e lá pelas tantas veio o jabuti. Mas antes de
entrar na toca da onça, o jabuti parou um pouco, olhou para o chão e percebeu que só tinham pegadas de ida para a toca e nenhuma de volta,
ou seja, os animais que entravam não estavam saindo. O jabuti pensou melhor e resolveu rezar para dona onça, com certeza ia ajudar muito
mais e saiu dali rapidinho. Contam que foi o único animal que conseguiu sobreviver.

44. A lenda da Mandioca (Lenda indígena)


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Há muito tempo atrás, numa tribo, a filha do grande cacique misteriosamente engravidou. O cacique não aceitava aquela gravidez de jeito
nenhum até que numa noite, em um sonho, ele ouviu uma voz que lhe dissera para aceitar a gravidez da filha. Depois daquela mensagem, ele
mudou e passou a aguardar ansiosamente pelo nascimento da criança. Não demorou muito e a menina veio ao mundo, sim, era uma menina
linda, deram-lhe o nome de Mani. O cacique estava apaixonado pela neta e sentia-se muito feliz ao vê-la crescendo devagarinho, era uma
serelepe, corria, brincava sem parar, subia em árvores altas, nadava nos rios, rolava pelo chão, não cansava nunca aquela pequena de sorriso
largo e bonito. Porém, numa manhã, toda a tribo havia acordado menos a pequena Mani, pois misteriosamente a meniana morreu, ninguém
sabia dizer como, porque, simplesmente partiu. A mãe ficou arrasada e resolveu enterrar a menina ali dentro da sua oca, não conseguia
pensar em viver longe dela. Cavaram um buraco, colocaram-na dentro e ali foi enterrada. Todas as noites, antes de dormir, a mãe ajoelhava-se
ao lado da cova e chorava. E, certa vez, percebeu que ali, na cova, surgiu uma planta, que brotou por conta das lágrias da mãe que regavam a
terra. E aquela planta foi crescendo, crescendo, nunca viram uma planta igual. A mãe pensando que talvez fosse a filha ainda viva, cavou para
tira-la de lá e no lugar em que havia enterrado a menina tinha apenas a raiz daquela planta, uma raiz cuja cor, por fora, era a mesma que da
pequena Mani, linda e por dentro era bem branquinha.. Com essa planta a tribo fez farinha e com a farinha alimentos e assim saciavam a
fome de todos que há muito vinham sentindo. Aquela planta veio para matar a fome do povo e ficaram muito felizes, sobreviveram graças
aquela planta e deram-lhe o nome de Manioca, mani em homenagem à menina e oca pois surgiu dentro da oca. E, essa planta é conhecida até
hoje, apreciada por muitos, hoje a chamamos de mandioca.

45. Os especialistas ( Conto popular trazido por Nasrudin)


Nasrudin decidiu construir uma casa e foi isso que ele fez, construiu uma casa com suas próprias mãos. E lá estava ele com tijolos, madeira,
pregos, cimento construindo sua casa quando começaram a aparecer os amigos para ver o que Nasrudin estava fazendo e também foram
dando seus pitacos:
_ Olha Nasrudin, você poderia fazer a sala maior.
_ A janela fica melhor virada para o norte.
_ O teto você deveria fazer mais baixo.
_ A porta fica melhor lá do outro lado.
_ O telhado é melhor puxar mais para frente.
E, assim, Nasrudin ia ouvindo as sugestões e construindo a sua casa. E, quando ela ficou pronta não parecia uma casa nova, estava toda
assimétrica, parecia um amontoados de puxadinhos sem nenhuma harmonia, bem esquisita. Os amigos quando viram a casa pronta ficaram
assustados e disseram:
_ Mas o que você fez amigo Nasrudin?
Nasrudin olhou bem para todos eles e disse:
_Eu só segui todos os seus conselhos!

46. O jardim do vizinho (Conto popular trazido por Nasrudin)


Certa vez, Nasrudin estava contemplando tudo ao redor de sua casa, quando bateu os olhos na laranjeira do vizinho que estava carregada de
laranjas. Nasrudin ficou com muita vontade de comer uma daquelas laranjas, com certeza deveriam estar muito suculentas e resolveu que ia
comer uma daquelas laranjas. Entrou na sua casa e pegou uma escada, apoiou no muro que dividia os dois terenos, subiu a escada e quando
chegou no alto do muro, equilibrou-se lá em cima, colocou a escada para o outro lado apoiando-a no muro outra vez e começou a descer.
Enquanto ia descendo imaginava aquelas laranjas suculentas e e isso deixa-o com mais vontade de comê-las. De repente, ele ouviu uma voz.
Que voz era essa? Era a voz do vizinho que perguntou:
_ O que você está fazendo aí, Nasrudin?
Nasrudin olhou para o vizinho e calmamente respondeu:
_ Ora, eu estou vendendo escadas.
_ Vendendo escada? Tô sabendo e isso aqui é lugar de vender escada, Nasrudim?
Nasrudim olhou sério para o vizinho e disse:
_ Mas até parece que tem um lugar para vender escadas.

47. O caso do espelho (Conto Popular recontado por Ricardo Azevedo. Adaptação livre)

Um dia, um homem que não sabia de quase nada e que morava lá nos cafundós da mata resolveu ir para a cidade comprar algumas coisas que
faltavam. Elá se foi, quando estava passando em frente a uma loja viu algo que o fez parar. Ele olhou bem, esfregou os olhos para ver se estava
enxergando direito e disse surpreso:
_ O retrato do meu pai.
Ele ficou muito emocionada, entrou na loja e foi falar com o dono:
_ O que o retrato do meu pai está fazendo aqui?
O dono da loja explicou que aquilo não era um retrato, que era um espelho.
_ Pode ser, mas que é o retrato do meu pai, isso é. Olha só, a testa, o nariz, a boca, esse sorriso, não tem como confundir, é o meu pai.
O dono da loja explicou novamente que aquilo era um espelho com moldura de madeira, mas o outro nem prestava atenção tamanha era a
sua emoção ao ver o retrato do pai que há muito não via e quis saber quanto custava. o retrato.
O dono da loja fez um preço bem baratinho e o outro comprou. Com o embrulho debaixo do braço voltou para casa muito feliz, realizado. Ao
chegar em casa foi até o quarto e guardou o embrulho com muito cuidado na gaveta da cômoda, depois foi fazer as tarefas que ainda tinha
que terminar. A esposa ficou curiosa com aquilo que ele colocou na gaveta e, no dia seguinte, quando o marido saiu cedo ela foi até a cômoda,
abriu a gaveta , abriu o embrulho e ao ver o que era, deu um pulo para trás e indignada começou a gritar:
_ O quê? Meu marido está me traindo? E ainda por cima trouxe o retrato dela pra casa. Olha só como ela é, esse cabelo e esses olhos, nossa ela
é muito mais bonita do que eu.
Ela fechou a gaveta e saiu dali chorando, muito brava. Passou um tempo e o marido voltou para casa e encontrou-a aos prantos, a casa de
pernas para o ar, nem o almoço ela preparara, só chorava feito louca e ele perguntou:
_O que aconteceu, mulher?

MÁRCIA FUNKE DIETER


E ela começou a gritar:
_ Você está me traindo, seu, seu...
_ Eu? Eu não, mulher, nunca.
_ Está me traindo sim, com aquela jararaca, eu vi, seu mentiroso. Você tem coragem de dizer que não, eu vi o retrato dela lá na gaveta da
cômoda.
_ Retrato de outra mulher? Que retrato de outra mulher que nada, aquilo é o retrato do meu falecido pai.
Se antes ela estava brava, depois de ouvir o marido ficou furiosa:
_ O quê? Você acha que eu não sei a diferença de um velho rabugento e uma mulher, uma jararaca dessas? Você me trai e ainda me chama de
boba como se eu não soubesse que aquele retrato é de outra mulher.
Nesse momento, apareceu a sogra que morava ali perto, ouviu os gritos da filha e veio correndo ver o que estava acontecendo. Assim que
chegou a filha foi dizendo:
_ Mãe, esse mentiroso, sem vergonha está me traindo.
_ Eu não, ela está ficando louca. Disse o homem, já sem paciência.
_ Sim, mãe, ontem ele trouxe o retrato dela e escondeu lá na gaveta da cômoda, mãe. Está lá, mãe, aquela jararaca é muito mais bonita do que
eu.
A senhora ouviu tudo aquilo e ela mesma foi até o quarto para ver o tal do retrato. Abriu a gaveta e ao ver o tal retrato, deu aquela gargalhada
e disse rindo toda:
_ Meus Deus! E minha filha com medo, essa aqui é a mulher mais feia que eu já vi, mais enrugada, mais torta, mais desleixada que eu já vi em
toda minha vida.
Então, ela saiu dando rizada, chegou lá fora, olhou para a filha se rindo toda e disse:
_ Filha, nem te preocupa, aquela que eu vi lá, já deve estar com os pés na cova.

48. O agricultor e os filhos (Fábula de Esopo)


Havia um agricultor que gostava muito do que fazia, cuidar da terra, plantar, cuidar das plantas e colher. Desde muito pequeno ele aprendeu
a fazer isso e fazia com muito gosto, ajudava o pai em tudo. Ele cresceu herdou as terras de seu pai, também comprou mais terras e fez a sua
própria família, teve seus filhos e continuou fazendo o que amava plantando, cuidando e colhendo. Seus filhos não tinham o mesmo gosto
por aquilo como ele, não gostavam de trabalhar na terra e por mais que ele tentasse não conseguiu fazer com que seus filhos o ajudasse a
cuidar da terra, a plantar e colher, nada disso. O tempo passou e o agricultor adoecera e sabia que a morte estava próxima e,lá, no seu leito do
hospital pediu para que seus filhos viesse conversar com ele. O agricultor queria muito que seus filhos descobrissem o valor daquelas terras
e cuidassem delas. E disse aos filhos que quando encontrassem o que ele havia escondido naquelas terras teriam tudo o que precisassem.
Dias depois o agricultor faleceu e os filhos foram correndo para a vinha e começaram a cavar. Cavaram por todos os lados, fizeram dezenas,
centenas de buracos tentando encontrar o tesouro que acharam que o pai havia escondido, enterrado naquela vinha, mas não encontraram
nada, nadinha. Mas, a terra ficou muito bem lavrada depois daquilo e colheram muita uva dias mais tarde, por conta disso e foi assim que os
filhos descobriram que o tesouro na verdade é o trabalho.

49. A lenda da erva-mate (Lenda contada por índios e por gaúchos)


Certa vez, um cacique de uma tribo guarani já estava muito velho e fraco. Ele, então, escolheu outro índio bravo e forte para continuar no seu
lugar e ficar frente à tribo, ele já não tinha mais condições para isso. Afilha do cacique, a Yari, era apaixonada por esse índio. A tribo teve de
partir, ir para outro lugar porque ali já não havia muito para alimentá-los, assim, procuraram por um lugar com abundância . O velho índio
não conseguia acompanhar a tribo, e por isso resolveu ficar. Sua filha não seguiu a tribo, não foi junto com seu amado, ficou ali com o pai, não
ia deixá-lo sozinho de jeito nenhum. Yari fazia tudo sozinha, limpava, cozinhava, caçava, cortava a lenha, cuidava do pai, esse por sua vez,
ficava muito triste por não conseguir ajudar muito, por conta da sua fraqueza. Certo dia, apareceu por ali um viajante com a pele e o olho
mais claro, nunca tinham visto alguém assim. O viajante pediu pouso, pois não tinha onde ficar e prontamente deixam que ele ficasse.
Prepararam uma comida gostosa, depois o velho índio contou muitas histórias sobre a tribo, Yari contou e depois foram dormir. O visitante
ficou na oca do velho e da filha, enquanto esses procuraram por outra oca já que não havia mais nenhum índio nas outras ocas. No dia
seguinte quando acordaram viram o viajante de pé, trabalhando, fez várias coisas como pegar lenha, procurar por alimentos, trouxe uma
caça. Logo perguntaram porque ele estava fazendo tudo aquilo e o homem disse-lhes que estava agradecendo porque eles o ajudaram e nem o
conheciam e revelou que fora enviado por Tupã e eles poderiam fazer u pedido que, com certeza, seria realizado. Yari, quando estava a sós
com o sujeito, fez o pedido, disse que queria algo para ajudar seu pai, algo que o deixasse forte novamente. O viajante apresentou a eles uma
planta, retirou as folhas, preparou-as com um líquido e deu para o velho índio beber e, ao beber o líquido sentiu um ânimo novamente,
parecia que suas forças estavam voltando e ele ficou muito feliz. E, aí começou a preparar e beber aquele líquido todos os dias e cada vez fica
mais animado e mais forte. A planta eles chamavam de Caá. O viajante pediu que Yari mostrasse a todos os índios aquela planta, como se
preparava, pediu para que ela cultivasse a planta e a partir daquele dia Yari passou a ser chamada de Caá-Yari e passou a ser a protetora da
planta. Yari passou a mostrar a todos aquela planta que quando preparada e ingerida dava a sensação de alegria e força. Nós conhecemos
essa planta, é a chamamos de erva mate. Yari casou e o pai passou a ter um amigo com ele quando Yari saia com a tribo, ele ficava com o seu
chimarrão.

50. Os navegadores (Fábula de Esopo)


Certa vez, um grupo de homens embarcou numa longa viagem. Quando eles estavam em alto mar, foram pegos de surpresa por uma violenta
tempestade, muito violenta, por pouco o barco não afundou com todos eles. Enquanto acontecia a tempestade alguns homens gritavam,
rogavam aos céus, prometiam aos deuses de seus antepassados que dariam o que eles quisessem para mantê-los vivos. Rezavam, gemiam,
gritavam pedindo que os deuses os ajudassem. A tempestade passou e quando a calmaria voltou a reinar começaram a pular, dançar, comer,
felizes porque estavam salvos, estavam vivos. Porém, o comandante não deixou-se levar e disse:
_ Brindemos amigos, sabendo que não estamos livres de uma nova tempestade. Não nos deixemos cegar pelo sucesso, o destino é mutável.

51. O rato, o gato e o galo (Fábula de Monteiro Lobato)


MÁRCIA FUNKE DIETER


Era uma vez um ratinho que saiu de sua toca pela primeira vez . Ele queria conhecer tudo, conhecer todas as coisas. O sol, nossa ele era tão
quentinho, o verde das árvores era muito lindo, o azul do céu era incrível, ele estava admirado, admirado também com a força do rio. O
ratinho estava tão feliz vendo tudo aquilo pela primeira vez e ia andando, farejando, farejando aqui, farejando ali, sentiu o cheiro da terra, o
cheiro do milho, até que ele chegou num terreiro e lá ele viu um bichinho. O tal do bichinho parecia tão fofinho para o pequeno rato, tinha
pelos, um bigodinho comprido, tinha um ar tão bondoso, coisa mais fofa, e o ratinho sentiu uma vontade de pegar, mas bem naquele instante
apareceu um bichano esquisito. Ele tinha pernas compridas, e um bico pontudo e começou a gritar com o ratinho:
_ Cocorocó, cocorocó!
O ratinho ficou apavorado, nunca tinha visto algo assim e saiu dali correndo, correu sem nem olhar para trás até chegar em sua toca e contou
tudo para a sua mãe:
_ Mãe, hoje eu descobri tantas coisas lá fora, mas o que eu mais gostei foi de um bichinho que eu encontrei, ele era tão fofinho, peludinho,
com bigode, dava vontade de apertar, de fazer um carinho. Pena que ele estava dormindo, senão eu teria feito carinho e brincado com ele, mas
bem naquele instante apareceu um bichano muito muito terrível, mamãe, com um bico pontudo, umas pernas estranhas compridas e
amarelas e começou a gritar comigo. Saí correndo, porque ele era muito, muito terrível, com certeza um desses inimigos da família, né, mãe?
A mãe olhou para o filho, sorriu e disse:
_ Olha filho, aquele bichinho fofinho, com pelos, com bigodinho e que parecia tão fofo, pois aquele é o terrível gato, esse, sim, é o inimigo da
família, vive nos perseguindo e quando nos captura não tem pena, nos devora, já o outro com penas e um bico é o galo e o galo nunca fez
nadinha para nós. É, meu filho, as aparências enganam!

52. O papagaio do rei ( Parábola popular)


Era uma vez, um rei muito rico que tinha o costume de visitar os outros reis dos reinos vizinhos e também tinha o costume de presentear
esses reis. E, assim como ia, com as mãos cheias de presentes, ele voltava também com as mãos cheias de presentes. Mas, uma certa vez ele
recebeu de presente dois papagaios, dois lindos papagaios e disseram a ele que eram papagaios vindos de reinos mágicos e não deveriam
ficar em gaiolas, teriam de viver livre para que pudessem crescer e foi o que o rei fez, mandou fazer uma floresta só para colocar os dois
papagaios e eles ficaram ainda mais lindos lá. Um dos papagaios voava por todos os lados daquela floresta, mas o outro não, esse pousara em
um galhos e não saia de lá por nada. Um passava os dias voando e o outro nada, até que o rei chamou seus conselheiros e pediu que fizessem
alguma coisa e foram até lá, tentaram tudo o que podiam para tirar o papagaio daquele galho, mas nada. Então, o rei ordenou que os
melhores treinadores de papagaio viesse resolver o problema. E eles vierem e ficaram dias tentando fazer o papagaio voar e nada, não
conseguiram nada. Assim, os conselheiros aconselharam o rei de anunciar que ele daria 1000 moedas de ouro para quem fizesse o papagaio
voar. E, assim foi feito. Não passou muito tempo apareceu um agricultor, um agricultor muito simples e o rei ficou curioso com aquele sujeito,
o que ele tinha que faria o papagaio voar, duvidou que ele conseguiria algo, nem os mais estudados conseguiram, o que ele faria? Mas,
permitiu que ele tentasse, mesmo sabendo que seria em vão. Pouco tempo depois, lá estava o rei caminhando pela sua floresta quando de
repente avistou os dois papagaios voando, ele ficou tão feliz, era lindo demais ver aqueles dois pássaros voando. O rei foi até o agricultor
querendo saber qual era o grande segredo que ele escondia para conseguir fazer o pássaro voar em tão pouco tempo, qual era a magia. O
agricultor olhou para o rei e com muita simplicidade e respeito disse:
_ Eu cortei o galho.

53. O cavalo e o fazendeiro (Parábola Popular)


Havia um fazendeiro que tinha uma pequena fazendo e alguns poucos cavalos que ajudavam na lida do campo. Certo dia, um desses cavalos
caiu num poço, num poço antigo, muito fundo e seco. O fazendeiro ficou desesperado quando viu o cavalo lá no fundo do poço, tentou tirar o
cavalo de lá mas não conseguiu. Chamou os vizinhos e tentaram, mas era impossível, quanto mais tentavam mais machucavam o cavalo.
Assim, depois de algumas horas e de ouvir o pobre cavalo gritando tomou uma decisão muito difícil, teria de sacrificar o animal, não tinha
outro jeito. Assim, começaram a jogar para dentro do poço terra, a fim de enterrá-lo, foram jogando uma pá cheia de terra atrás da outra e a
terra caia no lombo do cavalo, ele sacudia e ela caia no fundo do poço e era sempre assim após cada pá de terra que jogavam. E, lá pelas tantas
os homens viram que o cavalo fazia aquilo e pisava sobre a terra, foi então que perceberam que o cavalo estava subindo, a terra ficava no
fundo do poço e ele pisava sobre ela e subia. Surpresos e animados passaram a jogar mais e mais terra, mais rapidamente e o cavalo foi
subindo, pisando sobre a terra , subindo, subindo até que conseguiu sair do poço. O fazendeiro ficou tão feliz ,o cavalo mais ainda e viveu por
muitos e muitos anos.

54. O homem que quebrava pedras (Conto popular)


Um homem trabalhava numa pedreira, esse era o seu trabalho, quebrar pedras. E, assim, todos os dias, ele ficava lá debaixo daquele sol
quente, batendo o seu martelo naquela rocha enorme, quebrando-a em pedaços menores . Certa vez, ele viu passar por ali um homem
montado em um cavalo, ele fiscalizava o trabalho daqueles que quebram pedras e então ele pensou N̈ossa, como esse homem é poderoso e é
feliz, eu é que gostaria de estar no lugar dele." E, no dia seguinte, não é que ele acordou e era aquele homem? Sim, e montado no seu cavalo ,
sentia-se muito bem, era o que ele queria, Porém, com o passar do tempo ele constatou que tinha de trabalhar muito, ir para outras cidades
fiscalizar muitos e muitos homens que quebravam pedras e raramente voltava para casa, vivia viajando dia após dia fizesse sol ou fizesse
chuva e ele começou a se cansar daquilo, não estava mais aguentando, aquele sol nas suas costas era horrível. E, ao lembrar do sol pensou: " O
sol é poderoso, ele sim deve ser muito feliz." e desejou ser o sol. E, não é que no dia seguinte ele acordou e era o sol e ficou muito satisfeito,
estava lá forte, poderoso, invencível e queimou as costas de muitos, alimentou a natureza com seus raios, mas queimou com a força do seu
calor. Mas, de repente, apareceu uma nuvem gigante e cobriu o sol, ele tentou sair dali mas não conseguiu. Aquela nuvem era muito poderosa
e devia ser muito feliz pensava o homem e ele desejou ser a nuvem. E no dia seguinte, ele era nuvem e estava muito bem, era uma nuvem
poderosa e essa nuvem choveu e inundou ruas, avenidas, dificultou a vida de muitas pessoas, mas fez a terra ter ainda mais vida. O homem
achou que era muito bom ser nuvem até que começou a sentir algo muito estranho, estava sendo jogado de um lado para o outro, não
conseguia parar quieto, era o vento. Um vento muito forte, tão forte que jogava-o de um lado para o outro com tanta facilidade, ele que era
uma nuvem imensa e é claro que achou o vento muito poderoso e ele sim era feliz. Assim, desejou ser o vento e no dia seguinte era vento,
vento forte que soprava sem parar numa velocidade incrível. E ele soprou, soprou muito, derrubou árvores, casas, era poderoso e sentia-se
muito bem sendo vento, podia derrubar o que quisesse com um sopro, Até que ele chegou numa grande rocha e soprou, soprou e aquela
rocha não se movia e ele pensou: "Nossa, essa rocha é muito forte, ela sim é poderosa e ela deve ser muito feliz " e ele desejou ser rocha e no dia

MÁRCIA FUNKE DIETER


seguinte ele era rocha. Uma rocha firme, dura, poderosa. De repente ele começou a sentir umas cutucadas , de um lado, de outro e aquilo doía,
o que era aquilo? Foi quando ele viu um homem, um homem quebrando pedras, olhou para o homem, lembrou de si e pensou: " Ele é
poderoso, ele é feliz" e desejou lá no fundo ser aquele homem outra vez e no dia seguinte lá estava ele, na sua simplicidade, quebrando pedras
e sentiu-se feliz.

55. O reformador do Mundo (Conto de Monteiro Lobato)


Era uma vez um homem chamado Américo, Américo Pisca-Pisca. Ele tinha o hábito de colocar defeito em todas as coisas. O mundo para ele
estava todo errado e a natureza só fazia asneira.
- Asneira, Américo? - Todos perguntavam indignados.
- Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustentando frutas minúsculas, e lá adiante vejo uma
colossal abóbora, presa ao caule de uma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser
reorganizadas por mim, eu
Assim, Américo provou que tudo estava errado e só ele era capaz de organizar com inteligência o mundo. Mas o melhor era não pensar nisto
e tirar uma soneca à sombra de uma árvore. E Pisca-Pisca, piscando que não acabava mais, estirou-se de rosto para cima à sombra da
jabuticabeira.
Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com um mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos. Uma belezura! De repente, no melhor da
festa, plaft! uma jabuticaba cai do galho e lhe acerta em cheio o nariz. Américo desperta de um pulo. Pisca-Pisca ficou surpreso e reflete sobre
o caso e reconhece, afinal, que o mundo não era tão mal feito assim. E segue para a casa pensando:
- Que coisa! Pois não é que se o mundo fosse arrumado por mim, a primeira vítima teria sido eu? Eu, Américo Pisca-Pisca, morto pela
abóbora por mim posta no lugar da jabuticaba? Hum! Fique tudo como está que está tudo muito bem. E Pisca-Pisca continuou a piscar pela
vida à fora mas já sem a cisma de corrigir a natureza.

56. A raposa e a cegonha (Fábula de Esopo)


Certo dia a raposa convidou a cegonha para jantar. Querendo pregar uma peça na outra, serviu sopa num prato bem raso. A raposa tomou
toda a sua sopa sem o menor problema, mas a coitada da cegonha, com seu bico comprido, não conseguiu tomar uma gota da sopa. O
resultado foi que a cegonha voltou para casa morrendo de fome. A raposa fingindo preocupação, perguntou se a sopa não estava do gosto da
cegonha já que ficara tudo no prato, mas a cegonha não disse nada. Quando foi embora, agradeceu muito a gentileza da raposa e disse que
fazia questão de retribuir o jantar no dia seguinte. Assim que chegou, a raposa estava lambendo os beiços de fome, curiosa para ver as
delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra bem alta e estreitinha. A cegonha podia beber sem o menor problema, já a
raposa só teve uma saída: lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo lado de fora da jarra. Na volta para casa, ainda faminta, pois não
conseguira comer nada, pensava: “Não posso reclamar da cegonha. Ela me tratou mal, mas fui grosseira com ela primeiro.”

57. Um mestre diferente (Conto popular trazido por Nasrudin)


Nasrudin estava sendo esperado com muita alegria em uma cidade. Praticamente toda a população estava reunida na praça bem no centro
da cidadezinha para ouvi-lo. Nasrudin olhou para aquelas pessoas e perguntou:
— Você sabem sobre o que vou falar hoje?
Todos responderam ao mesmo tempo:
— Não!
— Bom, se vocês não sabem o que vim falar eu me retiro — e foi embora.
Todos ficaram boquiabertos, mas tempos depois a população conseguiu que Nasrudin voltasse à cidade para falar. Mas, dessa vez,
combinaram que se ele perguntasse novamente se sabiam o que ele ia falar eles dirão que sim.
Quando Nasrudin perguntou eles disseram:
— Sim!
Nasrudin disse então:
— Bom, se vocês já sabem eu não preciso falar nada! — e se retirou outra vez.
Insistiram e conseguiram que ele voltasse lá mais uma vez para falar. Dessa vez combinaram que metade diria que sim e metade que não e,
assim, fizeram.
Nasrudin então disse:
— Muito bem. Muito bem. Então a metade que sabe conta para a metade que não sabe — e se retirou.

58. Por que é que os cães se cheiram uns aos outros? (Conto popular africano)

No tempo em que os animais falavam e quando os cães ainda não viviam em nossas casas, eles viviam em dois países bem diferentes. Cada
país tinha um cão que era o chefe e viviam competindo para ver qual era o mais poderoso e maravilhoso. Certa vez, um desses chefes
apaixonou-se pela irmão do chefe do outro país e quis casar com ela. Mas, o outro não ao saber disso não quis, de jeito nenhum. O cão que
queria casar ficou muito bravo, gostava muito da irmã do outro chefe. Por isso resolveu mandar um outro cão, um de seus súditos, à terra do
rival com um recado: "Se eu não casar com a sua irmã eu vou aí com o meu exército e destruo todo o seu país." Quando o cão se preparava
para partir, viram que ele estava todo sujo. Não tinha lavado a cara e a cauda estava muito suja. O costume, naqueles países, era a pessoa ir
bem apresentada pedir a noiva em casamento. Assim, deram-lhe um bom banho, colocaram perfume na cauda para que ele ficasse cheiroso.
Quando o cão ficou pronto, de banho tomado e com um cheiro muito bom partiu para o país do rival de seu chefe. O cão sentia-se muito
vaidoso por ir tão limpo e com a cauda perfumada, estava se achando um galã. Por conta disso, esqueceu-se do que ia fazer e começou a
procurar uma esposa para ele próprio. O cão desapareceu sem cumprir a sua tarefa até hoje. Depois desse dia, os cães passaram a cheirar a
cauda uns dos outros para ver se encontram o cão que sumiu.

MÁRCIA FUNKE DIETER


59. O macaco e o coelho (Conto Popular)

O macaco e o coelho fizeram um acordo: o macaco mataria as borboletas e o coelho mataria as cobras.
Quando o coelho estava dormindo, veio o macaco e puxou suas orelhas, pensando que fossem borboletas. O coelho ficou muito bravo com a
brincadeira e jurou vingar-se. Certo dia quando o macaco estava descansando numa pedra, apareceu o coelho devagarzinho, bem quietinho
e deu uma paulada no rabo do macaco. O macaco assustou-se e começou a gritar de dor e saltando de galho em galho subiu até o mais alto
de uma árvore. O coelho vendo o macaco assim, ficou com medo e fugiu dali rapidinho.

60. A raposa e as uvas (Fábula de La Fontaine)


Certa vez, uma raposa espertalhona que perambulava à toa e faminta passou por uma estradinha e viu uma parreira de umas logo adiante.
Foi até lá e viu no alto da parreira um cacho de umas bem maduras, deviam estar suculentas e doces, muito doces.
_ Ah, se as pudesse pegar! - Disse a raposa para si mesma - Mas está tão lá no alto, não consigo alcançar.
Assim, empinou o nariz e toda cheia de si disse em voz alta:
_Estão verdes essas uvas e umas verdes não servem para nada.
Dito isso, virou-se e foi embora ainda faminta.

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