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ALAN KARDEC E MACONARIA/ ESPIRITISMO E MACONARIA

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maconaria

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pag 176

Espiritismo e a franco-maçonaria (Sociedade Espírita de Paris, 25 de fevereiro de 1864)


Nota – Nesta sessão foram dirigidos agradecimentos ao Espírito Gutenberg, com o
pedido de tomar parte em nossas conversas, quando julgasse conveniente. Revista
Espírita 168 Na mesma sessão, a presença de vários dignitários estrangeiros da Ordem
Maçônica motivou a seguinte pergunta: Que concurso o Espiritismo pode encontrar na
franco-maçonaria? Várias dissertações foram obtidas sobre o assunto. I Senhor
presidente, agradeço o vosso amável convite. É a primeira vez que uma de minhas
comunicações é lida na Sociedade Espírita de Paris e, espero, não será a última. Talvez
tenhais achado em minhas reflexões, um tanto longas sobre a imprensa, alguns
pensamentos que não aprovais completamente. Mas refletindo na dificuldade que
sentimos ao nos pormos em relação com os médiuns e utilizar as suas faculdades,
havereis de passar de leve sobre certas expressões ou modo de dizer, que nem sempre
dominamos. Mais tarde a eletricidade fará a sua revolução mediúnica, e como tudo será
mudado na maneira de reproduzir o pensamento do Espírito, não mais encontrareis
essas lacunas por vezes lamentáveis, sobretudo quando as comunicações são lidas diante
de estranhos. Falastes da franco-maçonaria, e tendes razão de nela esperar encontrar
bons elementos. O que se pede a todo maçom iniciado? Crer na imortalidade da alma,
no Divino Arquiteto e em seres benfeitores, devotados, sociáveis, dignos e humildes.
Ali se pratica a igualdade na mais larga escala. Há, pois, nessas sociedades uma
afinidade com o Espiritismo de tal modo evidente que salta aos olhos. A questão do
Espiritismo foi posta na ordem do dia em várias lojas e eis o resultado: leram volumosos
relatórios muito complicados a este respeito, mas não o estudaram a fundo, o que fez
que nisto, como em muitas outras coisas, discutissem um tema que não conheciam,
julgando por ouvir dizer, mais do que pela realidade. Entretanto, muitos maçons são
espíritas e trabalham bastante na Abril de 1864 169 propagação dessa crença. Todos
escutam, e se o hábito diz “Não”, a razão diz “Sim”. Esperai, então, porque o tempo é
um aliciador sem igual; por ele as impressões se modificam e, necessariamente, no
vasto campo dos estudos, abertos nas lojas, o estudo espírita entrará como
complemento; isto já está no ar. Riram, falaram; não riem mais, meditam. Assim, tereis
um seminário espírita nessas sociedades essencialmente liberais. Por elas entrareis
plenamente neste segundo período, que deve preparar os caminhos prometidos. Os
homens inteligentes da maçonaria vos bendirão por sua vez, pois a moral dos Espíritos
dará um corpo a esta seita tão comprometida, tão temida, mas que tem feito mais bem
do que se pensa. Tudo tem um parto laborioso, uma afinidade misteriosa; e se isto existe
para o que perturba as camadas sociais, é muito mais verdadeiro para o que conduz o
progresso moral dos povos. Gutenberg (Médium: Sr. Leymarie) II Meu caro irmão em
Doutrina (o Espírito se dirige a um dos franco-maçons espíritas presentes na sessão),
venho com alegria responder ao benévolo apelo que fazeis aos Espíritos que amaram e
fundaram as instituições franco-maçônicas. Para consolidar essa instituição generosa,
duas vezes derramei o meu sangue; duas vezes as praças públicas desta cidade ficaram
tintas do sangue do pobre Jacques Molé. Caros irmãos, seria preciso dá-lo uma terceira
vez? Direi com satisfação: não. Já vos foi dito: Quanto mais sangue, mais despotismo,
mais carrascos! Uma sociedade de irmãos, de amigos, de homens cheios de boa
vontade, que só desejam uma coisa: conhecer a verdade para fazer o bem! Eu ainda não
me havia comunicado Revista Espírita 170 nesta assembleia. Enquanto falastes de
ciência espírita, de filosofia espírita, cedi o lugar aos Espíritos que são mais aptos a vos
dar conselhos sobre esses vários pontos e esperava pacientemente, sabendo que chegaria
a minha vez. Há tempo para tudo, como há um momento para cada um. Assim, creio
que soou a hora e é o momento oportuno. Posso, pois, dar-vos a minha opinião no que
respeita ao Espiritismo e à franco-maçonaria. As instituições maçônicas foram para a
sociedade um encaminhamento à felicidade. Numa época em que toda ideia liberal era
considerada um crime, os homens precisavam de uma força que, embora inteiramente
submissa às leis, não fosse menos emancipada por suas crenças, por suas instituições e
pela unidade de seu ensino. Nessa época a religião ainda era, não uma mãe consoladora,
mas uma força despótica que, pela voz de seus ministros, ordenava, feria, fazia tudo se
curvar à sua vontade; era um assunto de pavor para quem quisesse, como livre-
pensador, agir e dar aos homens sofredores alguma coragem e, no infortúnio, algum
consolo moral. Unidos pelo coração, pela fortuna e pela caridade, nossos templos foram
os únicos altares onde não se havia desconhecido o verdadeiro Deus, onde o homem
ainda podia dizer-se homem, onde a criança podia esperar encontrar, mais tarde, um
protetor, e o abandonado, amigos. Vários séculos se passaram e cada um juntou algumas
flores à coroa maçônica. Foram mártires, homens letrados, legisladores, que
aumentaram a sua glória, tornando-se seus defensores e conservadores. No século XIX
vem o Espiritismo, com seu facho luminoso, dar a mão aos comendadores, aos rosa-
cruzes, e com voz trovejante lhes grita: Vamos, meus irmãos; eu sou verdadeiramente a
voz que se faz ouvir no Oriente e à qual o Ocidente responde, dizendo: Glória, honra,
vitória aos filhos dos homens! Mais alguns dias e o Espiritismo terá transposto o muro
que separa a maior parte do recinto do templo dos segredos; e, nesse dia, a sociedade
verá florescer no seu seio a mais bela flor espírita que, deixando suas pétalas caírem,
dará uma semente regeneradora da verdadeira liberdade. O Espiritismo fez progressos,
mas no dia em que tiver dado a mão à Abril de 1864 171 franco-maçonaria, todas as
dificuldades serão vencidas, todo obstáculo retirado, a verdade transparecerá e maior
progresso moral será realizado; terá transposto os primeiros degraus do trono, onde logo
deverá reinar. A vós, saudação fraternal e amizade. Jacques de Molé – Médium: Srta.
Béguet III Fiquei satisfeitíssimo em me juntar às discussões deste Centro tão
profundamente espiritualista, e venho a ele atraído por Gutenberg, como outro dia o fora
por Jacquard. A maior parte da dissertação do grande tipógrafo tratou da questão do
ponto de vista do tear, e ele não viu nessa bela invenção senão o lado prático, material,
utilitário. Ampliemos o debate e coloquemos a questão mais no alto. Seria erro acreditar
que a imprensa veio substituir a arquitetura, pois esta permanecerá para continuar seu
papel historiógrafo, por meio de monumentos característicos, assinalados pelo espírito
de cada século, de cada geração, de cada revolução humanitária. Não, dizemos bem alto,
a imprensa nada veio derrubar; veio para completar, por sua obra especial, grande e
emancipadora. Chegou na hora certa, como todas as descobertas que eclodem
providencialmente aqui. Contemporâneo do monge que inventou a pólvora e que, por
isso, revolucionou a velha arte das batalhas, Gutenberg trouxe uma nova alavanca à
expansão das ideias. Não o esqueçamos: a imprensa não podia ter sua legítima razão de
ser senão pela emancipação das massas e o desenvolvimento intelectual dos indivíduos.
Sem essa necessidade a satisfazer, sem esse alimento, esse maná espiritual a distribuir,
por muito tempo a imprensa ainda se teria debatido no vazio e não teria sido
considerada senão um sonho de louco, ou uma utopia sem alcance. Não é assim que
foram tratados Revista Espírita 172 os primeiros inventores, melhor dizendo, os
primeiros que descobriram e constataram as propriedades do vapor? Fazei Gutenberg
nascer nas ilhas Andaman e a imprensa aborta fatalmente. A ideia, portanto, é a
alavanca primordial que deve ser considerada. Sem a ideia, sem o trabalho fecundo dos
pensadores, dos filósofos, dos ideólogos e, mesmo, dos monges sonhadores da Idade
Média a imprensa teria ficado letra morta. Gutenberg pode, pois, acender mais de uma
vela em honra aos dialéticos da escola, que fizeram germinar a ideia e burilar as
inteligências. A ideia febril, que reveste uma forma plástica no cérebro humano, é e será
sempre o maior motor das descobertas e das invenções. Criar uma necessidade nova no
meio das sociedades modernas é abrir um novo caminho à ideia perpetuamente
inovadora; é impelir o homem inteligente à busca do que satisfaça essa nova
necessidade da Humanidade. Eis por que, por toda parte onde a ideia for soberana, onde
for acolhida com respeito, enfim, onde os pensadores forem honrados, o progresso para
Deus está garantido. A franco-maçonaria, contra a qual tanto gritaram, contra a qual a
Igreja romana foi pródiga em anátemas, nem por isto, deixou de sobreviver, abrindo de
par em par as portas de seus templos ao culto emancipador da ideia. Em seu seio todas
as questões mais graves foram tratadas e, antes que o Espiritismo tivesse aparecido, os
veneráveis e os grão-mestres sabiam e professavam que a alma é imortal e que os
mundos visível e invisível se comunicam entre si. É aí, nesses santuários onde os
profanos não eram admitidos, que os Swedenborg, os Pasqualis, os Saint-Martin
obtiveram resultados fulminantes; é aí onde essa grande Sofia, essa etérea inspiradora,
veio ensinar aos primogênitos da Humanidade os dogmas emancipadores, onde 1789
hauriu seus princípios fecundos e generosos; é ai onde, muito antes dos vossos médiuns
contemporâneos, precursores da vossa mediunidade, grandes desconhecidos, tinham
evocado e feito aparecerem os sábios da Antiguidade e dos primeiros séculos desta era;
é aí... Mas eu me detenho. O quadro restrito de vossas sessões, o tempo que se escoa,
não me permitem alongar-me, como Abril de 1864 173 gostaria, sobre esse assunto
interessante. A ele voltaremos mais tarde. Tudo quanto direi é que o Espiritismo
encontrará no seio das lojas maçônicas uma falange numerosa e compacta de crentes,
não de crentes efêmeros, mas sérios, resolutos e inabaláveis em sua fé. O Espiritismo
realiza todas as aspirações generosas e beneficentes da franco-maçonaria; sanciona as
crenças que esta professa, dando provas irrecusáveis da imortalidade da alma; conduz a
Humanidade ao objetivo que ela se propõe: a união, a paz, a fraternidade universal, pela
fé em Deus e no futuro. Os espíritas sinceros de todas as nações, de todos os cultos e de
todas as camadas sociais não se olham como irmãos? Entre eles não há uma verdadeira
franco-maçonaria, com a só diferença de que, em vez de secreta, é praticada aos olhos
de todos? Homens esclarecidos, como os que possui, que põem suas luzes acima dos
preconceitos de camarilhas e de castas, não podem ver com indiferença o movimento
que esta nova Doutrina, essencialmente emancipadora, produz no mundo. Repelir um
elemento tão poderoso de progresso moral seria abjurar seus princípios e pôr-se ao nível
de homens retrógrados. Não; tenho certeza de que não se deixarão desviar, pois vejo
que, sob a nossa influência, vão chamar a si esta grave questão. O Espiritismo é uma
corrente irresistível de ideias, que deve ganhar todo o mundo: é apenas questão de
tempo. Ora, seria desconhecer o caráter da instituição maçônica crer que esta possa se
aniquilar e representar um papel negativo em meio ao movimento que impele a
Humanidade para frente; crer, sobretudo, que ela apague o facho, como se temesse a
luz. Que fique bem claro que aqui falo da alta francomaçonaria, e não dessas lojas feitas
para a ilusão, onde mais se reúnem para comer e beber, ou para rir das perplexidades
que inocentes experiências causam aos neófitos, do que para discutir questões de moral
e de filosofia. Era mesmo necessário, para que a franco-maçonaria pudesse continuar
sua vasta missão sem entraves, que houvesse, de espaço em espaço, de raio em raio, de
meridiano em meridiano, Revista Espírita 174 templos fora do templo, lugares profanos
fora dos lugares sagrados, falsos tabernáculos fora da arca. É nesses centros que,
inutilmente, os adeptos do Espiritismo têm tentado se fazerem entendidos. Em suma, a
franco-maçonaria ensinou o dogma precursor do vosso e, em segredo, professou o que
proclamais dos telhados. Como disse, voltarei a estas questões, caso o permitam os
grandes Espíritos que presidem aos vossos trabalhos. Por ora, afirmo que a Doutrina
Espírita pode perfeitamente unir-se à das grandes lojas do Oriente. Agora, glória ao
Grande Arquiteto! Vaucanson, um antigo franco-maçom – Médium: Sr. d’Ambel Aos
operários (Sociedade Espírita de Paris, 17 de janeiro de 1864 – Médium: Sra. Costel)
Venho a vós, meus amigos, a vós que sois os experimentados e os proletários do
sofrimento. Venho saudar-vos, bravos e dignos operários, em nome da caridade e do
amor. Sois os bem-amados de Jesus, do qual fui amigo. Repousai na crença espírita,
como repousei no seio do Enviado Divino. Operários, sois os eleitos na via dolorosa da
provação, onde marchais com os pés sangrentos e o coração desalentado. Irmãos,
esperai! Todo sofrimento traz consigo o seu salário; toda jornada laboriosa tem sua
noite de repouso. Crede no futuro, que será vossa recompensa e não busqueis o
esquecimento, que é ímpio. O esquecimento, meus amigos, é a embriaguez egoísta e
brutal; é a fome para vossos filhos e o pranto para vossas esposas. O esquecimento é
uma covardia. Que pensaríeis de um operário que, a pretexto de leve fadiga,
abandonasse a oficina e interrompesse covardemente a jornada iniciada? Meus amigos,
a vida é a jornada da eternidade; cumpri bravamente o seu labor; não sonheis com um
repouso impossível; não adianteis a hora do relógio do tempo; tudo vem na hora certa: a
recompensa da coragem e a bênção ao coração comovido, que se confia à Eterna
Justiça. Abril de 1864 1

Em mensagem publicada na seção de Cartas desta mesma edição, o leitor Fernando


Tomás Linhares escreveu-nos: 

Soube que Allan Kardec teria feito referências à Maçonaria em uma de


suas obras. Vocês poderiam informar em que livros posso encontrar algo
a esse respeito? 

A questão formulada pelo leitor já foi tratada nesta mesma seção, na edição 132 desta
revista, publicada no dia 8 de novembro de 2009.

Ao que nos consta, as referências aos maçons e à Maçonaria aparecem na obra de


Kardec somente na Revista Espírita, na edição de abril de 1864. Foram três
comunicações: a primeira, firmada pelo Espírito de Guttemberg; a segunda, por Jacques
de Molé; a terceira, por Vaucanson.

Em todas elas é destacada a afini-dade existente entre os princípios defendidos pela


franco-maçonaria e os ensinamentos espíritas.

Na primeira, Guttemberg afirma que todo maçom iniciado é levado a crer na


imortalidade da alma e no Divino Arquiteto e a ser benfeitor, devota-do, sociável, digno
e humilde. Ali se pratica a igualdade na mais larga escala, havendo, pois, nessas
sociedades uma afinidade evidente com o Espiritismo. Lembrando que muitos maçons
são espíritas e trabalham muito na propaganda desta crença, Guttemberg previu que no
futuro o estudo espírita entraria como complemento nos estudos abertos realizados nas
lojas maçônicas.
Na segunda mensagem, Jacques de Molé diz que as instituições maçô-nicas foram para
a sociedade um encaminhamento à felicidade. Numa época em que toda ideia liberal era
considerada crime, os homens pre-cisavam de uma força que, submissa às leis, fosse
emancipada por suas crenças, suas instituições e a unidade de seu ensino. “Nessa época
- diz Molé - a religião ainda era, não mãe consoladora, mas força despótica que, pela
voz de seus ministros, ordenava, feria, fazia tudo curvar-se à sua vontade; era um
assunto de pavor para quem quisesse, como livre pensador, agir e dar aos homens
sofredores alguma coragem e ao infeliz algum consolo moral.” Concluindo, Jacques de
Molé profetiza: “O Espiritismo fez pro-gressos, mas, no dia em que tiver dado a mão à
franco-maçonaria, todas as dificuldades estarão ven-cidas, todo obstáculo retirado, a
verdade estará esclarecida e o maior progresso moral será realizado e terá transposto os
primeiros degraus do trono, onde em breve deverá reinar”.

Na terceira mensagem, o Espírito de Vaucanson, que se designa ainda franco-maçom,


observa que Guttemberg foi contemporâneo do monge que inventou a pólvora –
invenção essa que transformou a velha arte das batalhas –, enquanto a imprensa trouxe
uma nova ala-vanca à expressão das ideias, emancipando as massas e permi-tindo o
desenvolvimento intelectual dos indivíduos. A franco-maçonaria, contra a qual tanto
gritaram, contra a qual a Igreja romana não teve anátemas em quantidade suficiente, e
que nem por isso deixou de sobreviver, abriu de par em par as portas de seus templos ao
culto emancipador da ideia. “Em seu seio - afirma Vaucanson - todas as questões mais
sérias foram levantadas e, antes que o Espiritismo tivesse aparecido, os veneráveis e os
grão-mestres sabiam e professavam que a alma é imortal e que os mundos visível e
invisível se intercomunicam.” Segundo Vaucanson, o Espiritismo encontrará no seio das
lojas maçônicas numerosa falange compacta de crentes, sérios, reso-lutos e inabaláveis
na fé, porque o Espiritismo realiza todas as aspira-ções generosas e caridosas da franco-
maçonaria; sanciona as crenças que esta professa, dando provas  irrecusáveis da
imortalidade da alma; e conduz a humanidade ao objetivo que se propõe: união, paz,
fraternidade universal, pela fé em Deus e no futuro.

Percebe-se, à vista do conteúdo das mensagens acima, por que o clima entre o
Espiritismo e a franco-maçonaria sempre foi cordial e – o mais importante –  por que
ambos foram, historicamente falando, as vítimas preferenciais das religiões dominantes,
que nunca se confor-maram com o progresso das ideias, a liberdade de crença e a
emancipação de quem jamais se dobrou à sua vontade e aos seus dogmas.

Allan Kardec maçom?

Allan Kardec Maçom?


Paulo Roberto Martins*
O Jornal do Commercio em sua edição de 27/10/2002, traz uma reportagem sobre a
modernização da legislação na “Grande Loja de Pernambuco” com uma entrevista do
grão-mestre-adjunto, juiz trabalhista Milton Gouveia. Anexo a matéria publicada, foi
colocado um quadro em que dava o nome de alguns maçons notáveis, sendo primeiro o
de Allan Kardec dentre alguns outros.
Ficamos bastante surpresos pois nunca tínhamos tido tal informação em nenhum tipo de
leitura anterior e pela convicção de que alguns elementos essenciais que constituem a
confraria maçônica não fazem parte da doutrina espírita, como por exemplo: O
espiritismo não tem estrutura hierárquica, não tem mestres, não tem templos suntuosos,
não adota cerimônia de espécie alguma, não tem rituais, não usa vestes especiais, não
tem qualquer simbologia, não utiliza ornamentações associadas a práticas exteriores,
não tem gestos de reverência, não tem sinais cabalísticos, não tem dogmas
indiscutíveis ...
Resolvemos então trilhar o bom e velho caminho das perguntas e pesquisas na solução
da dúvida em questão, obtendo por resultado dois bons indicadores do fato histórico:
1 – No livro “História da magia, do ocultismo e das sociedades secretas” tomo VII: No
século de Allan Kardec, autores – Danielle Hemmert e Alex Roudene temos o seguinte:
“Segundo alguns biógrafos, depois de alguns anos de preparatórios, Hippolyte Rivail
teria deixado por algum tempo o castelo de Yverdon para estudar medicina na faculdade
de Lyon. Vivia a França o período da restauração dos Bourbons, e então é agora em sua
própria pátria, realista e católica, que ele se sentiria desambientado. No entanto não
tarda em descobrir um derivativo para a sua decepção e o seu aborrecimento! Essa
cidade secreta de Lyon ofereceu em todos os tempos asilo às idéias liberais e as
doutrinas heterodoxas. Martinismo e Franco-Maçonaria, Carbonarismo e São-
Simonismo vicejam entre suas paredes. E Rivail, jovem médico, inicia-se no
magnetismo animal, descoberto quarenta anos mais cedo por Mesmer. O sonambulismo
apaixona-o igualmente. Decididamente Hippolyte está “apanhado” pelas ciências
ocultas: Assim continuará toda a sua vida, e Allan Kardec encontra-se já em potência no
jovem estudante de medicina.”
2 – Perguntamos ao Dr. José Castellani, reconhecida autoridade em assuntos de
Maçonaria, obtendo como resposta à nossa consulta: “Alguns biógrafos de Kardec
dizem que ele foi membro da Grande Loja da França. A Grande Loja da França, há mais
de 20 anos, diante de consulta minha, apenas respondeu que consta que foi iniciado ali,
mas que não tem documentos comprobatórios. Portanto, históricamente, a dúvida
continua. Entretanto, suas obras contêm, principalmente na parte inicial, introdutória,
muitos termos do jargão maçônico e da doutrina maçônica.”
Concluímos então, diante das evidencias, que o jovem Hippolyte Rivail realmente fez
sua iniciação na Franco-Maçonaria, entretanto, ao assumir o pseudônimo de Allan
Kardec e assumir a tarefa de codificação da doutrina espírita, fez uma opção pelos
diversos elementos básicos da nova revelação apresentados pelos espíritos superiores.
Quando vemos espíritas que fazem parte da maçonaria, lembramos do exemplo clássico
de sabedoria através do equilíbrio perfeito nas idéias e ações de Léon Denis, quando nos
deixa este legado dizendo: “O Espiritismo não dogmatiza. Não é nem uma seita, nem
uma ortodoxia, mas uma filosofia viva, aberta a todos os espíritos livres, filosofia que
evolve, que progride. Não impõe nada; propõe. O que propõe apoia em fatos de
experiência e em provas morais. Não exclui qualquer outra crença, antes a todas abraça
numa fórmula mais vasta, numa expressão mais elevada e extensa da verdade.”
O Espiritismo é uma Doutrina que se preocupa com o destino do homem, codificado
por Alan Kardec, que em 18 abril de 1857 lançou em França o Livro dos Espíritos, livro
este que foi totalmente orientado pelos Espíritos.

Esta Doutrina trouxe a toda humanidade o conhecimento espargido em todo o globo,


sobre o mundo Espiritual e o caráter da universalidade da lógica da Reencarnação.

A “Word Christian Enciclopédia” da Igreja Anglicana da Inglaterra, editada pela


Universidade de Oxford diz o seguinte: “500 pesquisadores e 121 consultores, depois
de visitarem 212 países, concluíram em 100 relatórios que, no ano de 2000, a
população da Terra alcançaria 6.260.000.000 de habitantes, e que 2/3 dessa população,
isto é, cerca de 4.000.000.000 de pessoas, seriam reencarnacionistas”.

Desta forma os conhecimentos trazidos pelos Espíritos e concatenados por Kardec,


mostraram que, o homem deveria preocupar se com a sua evolução aqui neste
planeta e que deveria mudar seu comportamento para melhor, e que aqui é que
estaria a sua grande oportunidade.

Estes conhecimentos vêm nos trazer, as certezas que o homem não deveria esperar
pelo céu dos anjos, após a morte, pois isso não existe, é uma utopia, e todos os
homens sem distinção devem polir a sua pedra bruta enquanto está aqui.

Pestalozzi, no século dezoito, num de seus livros mais brilhante, “Minhas indagações
sobre a marcha do desenvolvimento da humanidade” expõe uma concepção filosófica
interessante, que cabe neste texto, apenas para ilustrar os tipos de homens que
temos na sociedade contemporânea.

Ele teoriza os três estados como se fossem etapas da evolução do homem e a criança
os repete em seu desenvolvimento. Trata-se do estado natural, estado social e estado
moral.

O estado natural seria o nível dos instintos, dos impulsos básicos de sobrevivência,
estado esse que, compartilhamos com os animais e ao qual estamos mais presos na
infância psíquica da humanidade. Tanto o homem primitivo quanto a criança, em sua
primeira fase, vivendo mais pelo instinto. Mas o ser humano em geral guarda ainda
um vestígio instintivo.

O estado social é aquele em que entramos no momento de nossa socialização, que se


dá desde os primeiros agrupamentos humanos e também nas primeiras relações da
criança com o seu meio.

Este estado se perpetua, porque o ser humano é um ser social, precisando viver com
os seus pares. Para essa convivência, criam-se regras, produzindo costumes, fazem-se
leis.

Regras, leis e costumes são mutáveis. Há que se conter, limitar e orientar o homem.

Neste caso cria-se o conflito, porque a regra segura o impulso, mas não o transforma.
Do atrito entre a lei e o instinto entre a regra e o desejo, entre a convenção e o
impulso, podem surgir neuroses, desajustes individuais e sociais, ocasionando guerras
e revoluções.

O estado moral seria aquele que, além do estado instintivo e social, o ser tem um
status moral, que quando despertado, não há necessidade de regras que controlem os
instintos, de convenções que imponham limites e punam os infratores.

No estado moral vigora a liberdade do amor, a espontaneidade do bem. Transcende-


se o instinto e a lei, não há mais a escravidão aos desejos.

É o plano da autoconstrução onde o homem terá um conceito de religião moral,


destituída de qualquer igrejismo, institucionalismo e autoritarismo.

A religião do ser moral é a pura moralidade, ligação direta do homem com a divindade,
sem a necessidade de intermediações.

Há muita similitude entre a Maçonaria e o Espiritismo, primeiro o Espiritismo foi aceito


por muitos Maçons, pelo fato de estar na França e tanto a Maçonaria quanto o
Espiritismo são considerados hereges pela Igreja Católica, ambas sendo perseguidas
por ela, até os dias de hoje. Os preceitos éticos e morais da Maçonaria estão presentes
nos preceitos éticos e morais no Espiritismo.

Outro fato interessante é que, aqui no Brasil, houve uma época em que foi ventilada a
formação de uma Maçonaria Espírita, tamanha era a quantidade de Espíritas Maçons
no Grande Oriente do Brasil.

Muito se fala se Allan Kardec foi Maçom, embora não há ainda documentos que
comprovem tal fato, mas, lendo seus livros percebe-se que há muitos pensamentos
oriundos da Maçonaria, bem como o linguajar.

Na revista Espírita de abril de 1864, têm várias mensagens recebidas por médiuns em
reuniões feitas com diversos maçons, em uma destas mensagens está uma que foi do
grande mártir dos Templários, Jacques de Molay Aqui relato apenas um trecho.

“No século dezenove o Espiritismo vem, com seu facho luminoso, dar a mão aos
Comendadores, aos Rosacruzes e com voz trovejante lhe diz: Vamos meus irmãos; eu
sou verdadeiramente a voz que se faz ouvir no Oriente e à qual o Ocidente responde:
Glória honra e vitória, aos filhos dos homens.

Ainda alguns dias, e o Espiritismo terá transposto o muro que separa a maioria da
parede do templo dos segredos; e, nesse dia, a sociedade verá florescer no seu seio a
mais bela flor espírita que, deixando suas pétalas caírem, dará uma semente
regeneradora da verdadeira liberdade.

O Espiritismo fez progressos, mas no dia em que tiver dado a mão à Franco-Maçonaria,
todas as dificuldades estarão vencidas, todos os obstáculos retirados, a verdade estará
esclarecida e o maior progresso moral será realizado e terá transposto os primeiros
degraus do trono, onde em breve deverá reinar.”

Quando Allan Kardec morreu em março de 1869, foi sepultado no cemitério


Montmadre em Paris, depois de um ano seus restos mortais foram transferidos para
um novo cemitério, o Pére Lachaise, construído em Paris, o terreno foi uma doação
feita pelo Marquês de Montesquiou que era Maçom. O arquiteto do túmulo de Kardec
foi Brongniart, também Maçom.

Outro grande Maçom que foi considerado o “Apostolo do Espiritismo” em todo o


mundo.
Nasceu em França e foi contemporâneo de Allan Kardec, estou referindo a Leon Denis,
o grande orador, tanto no Espiritismo quanto na Maçonaria.

Suas palestras eram concorridas, foi várias vezes orador da Loja Demofilos, no Grande
Oriente de França.

Veja meus irmãos a Maçonaria e o Espiritismo têm similitudes claras que não devemos
ignorar, apesar da Maçonaria não ter ligação com qualquer religião, poderíamos dizer
que o Espiritismo também não é uma religião e como a Maçonaria é uma instituição
Religiosa.

Há outras noticias de que ele seria de um ramo da rosacruz. Como antigamente a


rosacruz era “maçônica” (considerados maçons) assim como na maioria das outras
ordens antigas (anteriores a 1900), é bem provável que Allan Kardec realmente fosse
um maçom.

A reencarnação é ensinada em diversas tradições exotéricas e nas religiões originárias


da India há mais de 3 mil anos. Budistas e Hinduístas, que juntos somam quase 3
bilhões de pessoas, especialmente na India e China, acreditam em reencarnação.
Entretanto, fora da Ásia a crença na reencarnação havia desaparecido devido à
expansão do cristianismo e do islamismo, sendo mantida apenas em tradições
exotéricas, como o rosacrucianismo, até ter se difundido graças ao trabalho de Kardec
e ao contato com as civilizações orientais.

Vamos acrescentar que a orientação que Allan Kardec foi o pseudônimo usado por
Leon Denis para a publicação de suas obras. Allan Kardec teria sido o nome de Leon
Denis em uma outra existência, daí a sua escolha pelo pseudônimo

Agora temos também a orientação de Divaldo Pereira Franco, médium e orador


espírita, em brilhante palestra, feita na Loja Maçônica Caldas Junior de Porto Alegre, a
convite da Grande Loja Maçônica do Rio Grande do Sul no dia 09 de Novembro de
2006, com a presença dos Grão-Mestres da Grande Loja do Rio Grande do Sul, Grande
Oriente do Rio Grande do Sul e da Maçonaria Unida do Rio Grande do Sul, faz uma
profunda análise sobre os ideais da Maçonaria com ênfase às suas origens remotas na
Babilônia, na Mesopotâmia, com seus rituais de iniciação realizados ao ar livre, nas
margens do mar morto.
Apresenta o famoso discurso de Voltaire na sociedade em que recebeu o grau 33 da
ordem maçônica, com seu eloqüente testemunho do amor a Deus. Define as palavras
maçom e maçonaria, apresentando vultos eminentes que se fizeram adeptos dessa
Ordem em todas as épocas da história, principalmente no período das lutas pela
independência do Brasil.

Faz um paralelo com a Doutrina Espírita, salientando os pontos em comum de ambas


as filosofias e traçando seus iluminados objetivos que anelam prezam pela dignificação
humana. Divaldo reporta-se a alguns pontos básicos da maçonaria como a crença em
Deus, a imortalidade da alma e, no seu cerne de solidariedade, o amor, a caridade, tal
qual a Doutrina Espírita, que vem abrindo campo imenso à investigação nas questões
do espírito, que sendo esta uma ciência de pesquisa, busca igualmente decifrar o
enigma do existir. “caminhando ao lado da maçonaria, porquanto apóia os seus
postulados e entende, na sua simbologia, o milagre dos acontecimentos disfarçados
de mistérios, desde os tempos da idade média, preparando o ser humano para os
grandes vôos do infinito”, como assim se referiu.

Em uma bela citação, Divaldo destacou dois grandes espíritas maçons, Camille
Flammarion e Leon Dennis, este, maçom emérito, grau 33, que afirmava ser a
maçonaria um dos belos caminhos para a dignificação da criatura humana e o seu
encontro com a plenitude Divina.

Reina até hoje no movimento espírita uma séria dúvida em saber se Allan Kardec,
codificador da Doutrina, teria ou não sido maçom, muito embora use em suas obras
termos maçons, como “arquiteto” para se referenciar a Deus, pedra angular, prumo,
etc. Não que isto tenha importância para esta ou aquela filosofia, mas permitiria
conhecer melhor a opinião de Kardec sobre a instituição maçônica. André Morel,
conceituado biógrafo de Kardec, parece inclinado a responder de forma positiva,
dizendo que não sabe em que Loja ele foi iniciado. Kardec, foi discípulo de Mesmer
que era Maçom, e Leon Dennis, seu discípulo, também era.

Deixando de lado essa polêmica, a verdade é que o Espiritismo e a Maçonaria tem


inegáveis pontos em comum, e juntos poderão acelerar o progresso da Humanidade e
o estabelecimento da justiça social, sobretudo através da perfeição moral dos espíritas
e maçons.

A Maçonaria tem por fim a melhoria moral e material do homem, por princípios, a lei
do progresso da humanidade, as idéias filosóficas de tolerância, fraternidade,
igualdade e liberdade, abstração feita da fé religiosa ou política, das nacionalidades e
das diferenças sociais.

O espiritismo moral e social iria dizer justamente a mesma coisa. Os princípios


filosóficos são absolutamente idênticos: a)Existência de Deus, b)Imortalidade da alma,
c)Solidariedade humana.

Em sessão da Sociedade Espírita de Paris do dia 25 de fevereiro de 1864, várias


dissertações foram obtidas sobre o concurso que o Espiritismo poderia encontrar na
Francomaçonaria, que depois foram publicadas na Revista Espírita de abril de 1864.
Comunicaram-se naquela oportunidade os Espíritos Guttemberg (Médium: Sr
Leymare), Jacques de Molé (Médium: Srta.Bréguet) e o francomaçom Vaucanson
(Médium: Sr.D’Ambel.).

Nestas comunicações, usando o método de perguntas e respostas, os espíritos


comentam sobre a importância da Maçonaria, a afinidade existente em Maçonaria e o
Espiritismo, o conhecimento dos Maçons sobre a Doutrina Espírita, a aceitação das
idéias Espíritas. Vejamos um trecho: (…) Os homens inteligentes da Maçonaria vos
bendirão por sua vez; pois a moral dos Espíritos dará um corpo a esta seita tão
comprometida, tão temida, mas que tem feito mais do que se pensa.

Tudo tem um parto laborioso, uma afinidade misteriosa; e se isto existe para o que
perturba as camadas sociais, é muito mais verdadeiro para o que conduz o progresso
moral dos povos. Ainda alguns dias, e o Espiritismo terá transposto o muro que separa
a maioria das paredes do templo dos segredos, nesse dia, a sociedade verá florescer
no seu seio a mais bela flor espírita que, deixando suas pétalas caírem, dará uma
semente regeneradora da verdadeira liberdade .

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