(1) Cerca de 2 milhões de israelitas atravessaram o Mar Vermelho numa única noite graças à intervenção divina, que abriu um caminho seco através do mar e protegeu-os dos egípcios. (2) Eles estavam organizados em cinco grandes divisões em formação militar, o que permitiu uma travessia rápida. (3) A travessia provavelmente ocorreu na extremidade norte do Golfo de Suez, onde havia uma área estreita entre o mar e uma montanha.
Descrição original:
Teologia
Título original
Como 2 milhões de israelitas atravessaram o mar Vermelho numa única noite
(1) Cerca de 2 milhões de israelitas atravessaram o Mar Vermelho numa única noite graças à intervenção divina, que abriu um caminho seco através do mar e protegeu-os dos egípcios. (2) Eles estavam organizados em cinco grandes divisões em formação militar, o que permitiu uma travessia rápida. (3) A travessia provavelmente ocorreu na extremidade norte do Golfo de Suez, onde havia uma área estreita entre o mar e uma montanha.
(1) Cerca de 2 milhões de israelitas atravessaram o Mar Vermelho numa única noite graças à intervenção divina, que abriu um caminho seco através do mar e protegeu-os dos egípcios. (2) Eles estavam organizados em cinco grandes divisões em formação militar, o que permitiu uma travessia rápida. (3) A travessia provavelmente ocorreu na extremidade norte do Golfo de Suez, onde havia uma área estreita entre o mar e uma montanha.
Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e
as águas lhes foram qual muro à sua direita e à sua esquerda (Êx 14:21, 22).
As questões em torno dessa passagem são as seguintes:
(1) Como grande número de israelitas com os seus rebanhos conseguiram se organizar para atravessar o mar de forma tão rápida? (2) Não seria o tempo necessário para essa travessia muito maior do que as poucas horas de uma noite descritas no texto? (3) Não poderiam os carros egípcios ter alcançado os israelitas em seu lento deslocamento a pé?
O número de israelitas – Números 1:46; 26:51 e Êxodo
12:37 concordam que o número de israelitas que saíram do Egito era de aproximadamente 600 mil homens. Se acrescentarmos mulheres e crianças, esse número pode subir para cerca de 2 milhões de pessoas. É verdade que o termo hebraico ‘elef (“mil”, em Nm 1:21, 23, 25, 27, etc.) pode significar clã ou família em alguns contextos (Jz 6:15; 1Sm 10:19), mas esse não parece ser o caso em Números 1 e 26. Em primeiro lugar, ‘elef, “mil”, não é a única designação usada; os números adicionais de “centenas” e “meias centenas” são empregados com ‘elef (por exemplo, a tribo de Gade perfazia 45.650 homens, Nm 1:25). Em segundo lugar, em cada caso, os números de todas as tribos são totalizados e somam mais de 600 mil. Por último, solicita-se uma oferta de meio siclo de todos os indivíduos do sexo masculino e o total perfaz exatamente metade do número encontrado em Números 1.1
Considerações
Há outras hipóteses que demandam mais atenção. Para
começar, muitos podem supor que os israelitas eram um grupo desorganizado de homens, mulheres e crianças que emigravam do Egito de forma irregular com seus rebanhos de ovelha e gado. Ao perceberem a ameaça do exército egípcio, a desorganização teria ficado ainda mais intensa. Já para outras pessoas, a passagem pelo mar era muito estreita e teria exigido uma marcha em fila única que teria demorado vários dias. Essas suposições, porém, não recebem o apoio do relato bíblico.
A travessia foi um milagre – Em primeiro lugar, convém
lembrar que todo o Antigo Testamento reconhece essa travessia como um milagre que só se tornou possível graças à intervenção divina. À medida que o exército egípcio se aproximava, os israelitas “temeram muito” e “clamaram ao Senhor” (Êx 14:10). O Senhor renovou a confiança de Moisés; e a coluna de fogo, ou o “Anjo do Senhor”, passou para detrás deles, interpondo-se entre Israel e os egípcios durante toda a noite enquanto o mar era dividido e preparado para que os israelitas o atravessassem. Mesmo que os egípcios estivessem equipados para uma ação rápida, a nuvem impediu tal ação contra Israel. A intervenção divina deu aos israelitas o tempo necessário para começarem a travessia. Quando o último dos filhos de Israel entrou no meio do mar em seco, a nuvem posicionada atrás de Israel os seguiu para o mar, para que os egípcios também entrassem. Foi pela manhã que, “o Senhor, na coluna de fogo e de nuvem, viu o acampamento dos egípcios e alvorotou o acampamento dos egípcios” (Êx 14:24).
O local da travessia – É improvável que Israel tenha
passado através do golfo de Ácaba para a Arábia Saudita. Estudos recentes revelam que os israelitas devem ter atravessado pela região do Sinai.2 “Os hebreus”, escreve Ellen White, “estavam acampados ao lado do mar, cujas águas apresentavam uma barreira aparentemente intransponível diante deles, enquanto, ao sul, uma áspera montanha lhes obstruía o caminho” (PP, p. 283, 284). Alguns interpretaram o hebraico yam sufe como mar dos Juncos, em vez de mar Vermelho. Com base em argumentos lexicográficos e pesquisa geográfica recente, os arqueólogos situaram o lugar da travessia num conjunto de lagos conhecido como Lagos Amargos, no istmo de Suez. Os níveis da água nesses lagos e no mar Vermelho eram muito maiores nos tempos antigos do que hoje. No entanto, não existem montanhas em parte alguma dessa área. A única localização possível, que se coaduna tanto com a descrição bíblica quanto com a declaração de Ellen G. White, coloca a travessia na extremidade norte do golfo de Suez, onde a montanha Jebel ‘Ataqa desce para o golfo.
A maneira da travessia – Êxodo 13:18 afirma que Deus fez
os israelitas “rodear pelo caminho do deserto perto do mar Vermelho; e, arregimentados, subiram os filhos de Israel do Egito”. A palavra “arregimentados” mostra que esse êxodo foi uma marcha organizada em formação militar. O verbo hebraico para “arregimentar” deriva do número cinco e poderia ser traduzido como “e os filhos de Israel subiram de cinco em cinco” isto é, o povo foi dividido em cinco grandes divisões. A Bíblia não menciona o tamanho dessas divisões nem a forma como foram organizadas, mas é importante lembrar que Moisés, que fora príncipe do Egito e candidato a rei, havia sido treinado e sabia como organizar um grande grupo em formação militar. É interessante que Josué 1:14 e 4:12 empregam o mesmo termo para descrever a organização pouco antes de Israel atravessar o rio Jordão rumo à terra prometida. Essa organização significava que Israel não saiu do Egito nem atravessou o mar em fila única ou de forma desorganizada.
A Bíblia também não menciona qual a largura da área de
terra seca. Dois milhões de israelitas divididos em cinco divisões podem ter se posicionado em grupos de 600 pessoas lado a lado, o que daria menos de 800 metros de largura. Sendo assim, cada uma das cinco divisões com aproximadamente 400 mil pessoas (com 600 pessoas lado a lado e 670 uma atrás da outra) poderia ter ocupado menos de 6,5 Km de comprimento, mais 1,6 km de acréscimo para os rebanhos de ovelha e gado. Se a abertura no mar fosse de 1,6 km de largura, a marcha teria sido muito mais rápida. Ainda assim, se levarmos em conta que o ritmo da caminhada seria no máximo trinta minutos para cada 1,6 km e que a largura do mar naquele local era de aproximadamente 16 km, a travessia poderia ter sido feita dentro de 5 ou 6 horas ou numa única noite.
Michael G. Hasel
1 Para uma discussão mais detalhada, ver John J. Davis,
Biblical Numerology (Grand Rapids, MI: Baker, 1968), p. 58-91; ver também PP 281. 2 James K. Hoffmeier, Israel in Egypt: The Evidence for the Authenticity of the Exodus Tradition (Nova York: Oxford University Press, 1997), p. 208, 209.