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UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA

ELAINE CRISTINA NELY SALVADOR


MARIA ESTELA MADRINI PEREIRA
VANESSA VICENTE LINO
VIVIANI CRISTINA BARION

EFEITOS TÓXICOS DECORRENTES DO USO DE COSMÉTICOS


FARMACOLOGIA

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO/SP


2022
UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA

ELAINE CRISTINA NELY SALVADOR


MARIA ESTELA MADRINI PEREIRA
VANESSA VICENTE LINO
VIVIANI CRISTINA BARION

EFEITOS TÓXICOS DECORRENTES DO USO DE COSMÉTICOS


FARMACOLOGIA

Trabalho apresentado no Curso


Superior de Estética e Cosmética da
Universidade Paulista – UNIP, para a
disciplina de Farmacologia.

Professora Ma. Flávia Clara


Bezerra Trevisan.

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO/SP


2022

Sumário

1. INTRODUÇÃO..................................................................................4

2. DESENVOLVIMENTO......................................................................5

2.1 Cosmético......................................................................................5

2.2. Efeitos tóxicos decorrentes do uso de cosméticos.........................7

2.3. Consequências................................................................................7

3. CONCLUSÃO...................................................................................7
1. INTRODUÇÃO
Para que se ocorra o alisamento do cabelo, é necessário romper a
barreira de dissulfeto de queratina responsável pela curvatura do fio (DIAS et
al, 2007). Como sabemos, os aminoácidos são componentes naturais dos
cabelos, e são responsáveis por manter a estrutura e brilho dos fios, são
perdidos com o tempo, necessitando de reposição (HALAL, 2016).
Os alisantes químicos, são agentes que causam a ruptura das ligações
dissulfídicas de queratina dos cabelos, resultando assim na reestruturação do
fio, permitindo que o mesmo seja alisado (SCHUELLER & ROMANOWSKI,
1999 e VARELA, 2007).
No processo de alisamento ou relaxamento acontece a quebra
temporária ou permanente das ligações químicas que mantem a estrutura da
molécula de queratina, onde sua forma original é rígida. Podemos classificar
essas ligações químicas em fortes (ligações dissulfeto) e fracas (ligações de
hidrogênio, iônicas e forças de Van der Waals). As ligações fracas acontecem
uma atração de cargas positivas e cargas negativas onde são rompidas pelo
fato de molhar os cabelos. Já as ligações fortes são necessárias o uso de
técnicas mais agressivas onde são utilizados produtos químicos para o
alisamento (HALAL, 2012).
O ácido glioxílico e a carbocisteína, estão hoje em dia sendo utilizados
como uma substituição do formol em alisamentos capilares, entretanto o uso
desses produtos em alisamentos capilares que levam o nome de
“realinhamento capilar, defrisante capilar, botox capilar, reestruturação,
blindagem capilar, escova progressiva, etc., cujo uso esteja associado ao calor
(chapinha) estão irregulares no mercado pois oferece riscos, ao aquecerem
podem manifestar o mesmo resultado que o formol, podendo causar danos ao
couro cabeludo e aos cabelos, alergia, no cliente e o profissional podem sentir
os olhos arder (ANVISA, 2020).
Este trabalho foi desenvolvido para relatar possíveis efeitos tóxicos
decorrentes do uso de produtos cosméticos de alisamento, o produto Btox
Platinum Blond.
2. DESENVOLVIMENTO
A pele é uma camada de tecido resistente e espessa que envolve todo o
corpo, funciona como uma barreira protetora contra bactérias, fungos e vírus. É
o maior órgão do corpo humano, as camadas da pele são epiderme, derme e
hipoderme. O couro cabeludo é a pele que reveste e protege o crânio, há cerca
de 80.000 a 150.000 folículos capilares no couro cabeludo. O folículo piloso é a
estrutura que gerará o pêlo/cabelo, para a formação do folículo piloso temos o
bulbo piloso, a papila dérmica, os vasos capilares, as glândulas sebáceas e o
musculo eretor do pelo. A haste capilar originada através do folículo piloso tem
a seguinte estrutura: medula, a parte mais interna do fio; o córtex, confere
resistência, flexibilidade, elasticidade e cor ao cabelo, corresponde a 90% do
peso total do cabelo, composto por células queratinizadas; e a cutícula,
reveste o córtex com camadas de células sobrepostas, ela é muito rígida e
também queratinizada, com a função de proteger córtex e medula, é uma
barreira protetora perante ação de químicas, como alisantes, colorações. Um
produto com pH alto unido ao calor tem o poder de dilatar a cutícula, permitindo
a ação desses químicos no córtex (HALAL, 2016).
Para obter um resultado cada vez mais vívido, alguns cabeleireiros
começaram a usar métodos não convencionais, arriscando sua saúde em prol
de benefícios financeiros. Assim, surgiu a “escova de formol”, na qual uma
substância química irritante é utilizada indiscriminadamente e em dosagens
cada vez mais fortes, incorporada em queratinas e cremes e aplicada nos
cabelos durante a escovação, seguida de chapinha (CARDOSO & PIRES,
2011).
O formaldeído ou aldeído fórmico, conhecido como formaldeído,
formalina, metanal ou metilaldeído, é um composto líquido claro com muitas
utilizações, comumente utilizado como conservante, desinfetante e antisséptico
(CARDOSO & PIRES, 2011). Quando aplicado no fio o formaldeído liga-se às
proteínas da cutícula e aos aminoácidos hidrolisados da solução de queratina.
Constrói uma película fortalecedora no fio tornando-o impermeável, mantendo
a dureza e a suavidade. Os fios são mais propensos a quebrar como resultado
de traumas normais do dia a dia, como pentear ou puxar o cabelo. O maior
problema é que o formaldeído é volátil, então, quando aquecido, tanto a pessoa
que o aplica quanto a pessoa que recebe o tratamento respiram em maior
quantidade. Para obter um efeito suavizante, o formol deve ser utilizado na
concentração de 20-30 %, o que é totalmente proibido (MELO, 2010).
De acordo com a RDC 15/2013, apenas o formaldeído é permitido em
cosméticos com função conservante. (Limite de uso máximo permitido de 0,2
%) e é um tônico para unhas. (Limite de uso até 5 %). O uso de formaldeído
com funções diferentes das mencionadas e em limites superiores aos
permitidos pode prejudicar a saúde e não pode ser utilizado em produtos
cosméticos (IBIRAPITÁ, 2013).
O ácido glioxílico desempenha um papel importante na biologia e
aparece no metabolismo dos seres vivos. Também é um composto de
modelagem ao considerar ligações de hidrogênio intramoleculares e isômeros
rotativos (LUNDELL, et al, 2013).
Segundo PINHEIRO, 2014, o ácido glioxílico é um ácido orgânico e vem
sendo utilizado a anos como substituto do formaldeído em produtos cosméticos
para cabeleireiros. Sua função como "defrizante" está diretamente relacionada
com a concentração do ácido e a faixa final do pH do produto. Entretanto seu
uso/aplicação para conseguir um efeito liso necessita de uso obrigatório de
calor, conseguido através da prancha térmica, usualmente sendo operada a
uma temperatura de 180° a 230° C.
Baseado em informações da ANVISA, 2014, o ácido glioxílico libera
formaldeído quando colocado em altas temperaturas, o que representa um
risco para a saúde do profissional e do cliente em salões de beleza.

2.1 Cosmético
Escolher o produto alisante mais indicado ao cliente, depende de vários
fatores, como por exemplo o tipo de cabelo, pois pode apresentar diferentes
tipos de reações. Deve-se verificar o tipo de cabelo, resistência do fio,
porosidade, densidade, e histórico de tratamento químico. Deve ser realizado
por profissionais capacitados, sendo assim realizado um teste de mecha do
cabelo, seguindo as especificações do fabricante (DIAS et al, 2007).
O cosmético escolhido foi o Btox Platinum Blond, produzido pela
indústria de produtos capilares Lusty Professional.
Figura 1-Cosmético Btox Platinum Blond

Fonte: https://www.lusty.com.br/

ORGANIC B.TOX PLATINUM BLOND foi desenvolvido com tecnologia


VEGANA, com um Blend de óleos e extratos, para cabelos loiros e com
mechas. Hidrata profundamente, reduz o volume e matiza os fios, eliminando
os tons amarelados indesejados, além de platinar os cabelos e proporcionar
um loiro perfeito, trazendo maciez, sedosidade e brilho intenso.  Livre de
parabenos (https://www.lusty.com.br/).
Modo de usar: Com os cabelos limpos e úmidos, aplique o produto
sobre os fios, mecha a mecha, começando da raiz até as pontas (mantendo 1
cm da raiz). Distribua uniformemente usando um pente e deixe agir por 45
minutos. Enxague totalmente e finalize com escova e prancha
(https://www.lusty.com.br/).
Teste de mechas: Selecione uma mecha na parte superior da cabeça,
composta por fios mais sensíveis e outra na nuca, composta por fios mais
resistentes e proceda ao passo a passo até o final. Se os fios ficarem com
aspecto quebradiço ou apresentarem qualquer ação negativa, significa que os
cabelos não estão em condições para receber o produto. Neste caso,
aconselhamos tratar os cabelos até que em novo teste de mecha os fios se
mostrem resistentes (https://www.lusty.com.br/).
Precauções: Manter fora do alcance de crianças. Conservar ao abrigo
da luz, calor excessivo, em lugar seco e arejado. Não aplicar sobre a pele
lesionada ou irritada. Para o uso em grávidas ou lactantes, consultar um
médico. Em caso de contato com os olhos, enxague abundantemente com
água. Se houver sensibilidade ou alergia a algum componente da fórmula,
suspenda o uso imediatamente e procure orientação médica. Uso profissional.
Uso externo (https://www.lusty.com.br/).
INGREDIENTES(PT-BR): ÁGUA, GLICEROL, ÁLCOOL ESTEARÍLICO,
PETROLATO LÍQUIDO, ÁLCOOL CETÍLICO, PROPILENOGLICOL, CLORETO
DE CETRIMÔNIO, PERFUME, ÁCIDO GLICÓLICO, MICA, EXTRATO DE
BAMBU, EXTRATO DA SEMENTE DE MACADÂMIA, EXTRATO DE
ABACATE, ESTEARAMIDOPROPIL DIMETILAMINA, METOSSULFATO DE
BEHENTRIMÔNIO, DIÓXIDO DE TITÂNIO, FENOXIETANOL, ÁCIDO LÁTICO,
ÓLEO DE COCO, ÁCIDO VIOLETA 43, BUTIL-HIDROXITOLUENO, ÁCIDO
OXÁLICO, ÓLEO DE ARGAN, CITRONELOL, ALFA-ISOMETILIONONA
(https://www.lusty.com.br/).

2.2. Efeitos tóxicos decorrentes do uso de cosméticos


O ácido glioxílico aquecido, libera formol, portanto podemos considerar
as mesmas toxicidades. Em contato com a pele, é toxico e pode causar
irritação, dor, vermelhidão e queimaduras. Se entrar em contato com os olhos,
pode causar vermelhidão, irritação, dor, visão embaçada, lacrimação. Quando
inalado pode causar câncer no aparelho respiratório, irritação no nariz, tosse,
dor de garganta, irritação e sensibilização do trato respiratório. Pode causar
também ferimentos graves nas vias respiratórias, causando edema pulmonar e
pneumonia, se tornando fatal em grandes concentrações. Quando o indivíduo é
exposto a prolongada ou frequente exposição do produto, pode causar
hipersensibilidade, gerando as dermatites, reação alérgica, debilitação da visão
este aumento do fígado. Dependendo de sua concentração o produto pode
também a queda capilar total (ANVISA, 2001)
Se tratando de produtos cosméticos, qualquer um pode causar efeito
tóxico, desde hipersensibilidade leve a um efeito mais nocivo como um
processo anafilático. Falando em cosméticos capilares, como o citado acima,
que é muito utilizado para alisar ou reduzir volume e frizz, o botox capilar, pode
apresentar vários efeitos tóxicos, risco de queda e alteração na cor, dermatite,
eczema alérgico e eczema psoriasiforme. As reações no couro cabeludo são
geralmente subestimadas, pois a dermatite de contato irritativa é considerada
normal após o uso desse produto. No fio do cabelo, o ácido glioxílico, provoca
alterações na força, na coloração e diminui a resistência a quebra; mesmo com
tantos danos ao fio o trabalho para pentear diminui com o uso desse tipo de
alisante (DIAS, et al, 2015). Os alisantes são registrados como produtos grau 2
na ANVISA.

2.3. Consequências
Os fabricantes de produtos cosméticos, devem ter conhecimentos sobre
os mecanismos de ação dos agentes agressivos causam danos no cabelo,
permitindo assim formular cosméticos mais adequados a cada tipo de cabelo.
Onde descolorações, alisamentos, relaxamento provoca alterações na
estrutura capilar deixando os fios mais fracos, quebradiços, difíceis de pentear,
podendo também provocar alterações de cor.
Durante a aplicação do produto, respeitando um centímetro da raiz do
cabelo, Viviani sentiu um leve incomodo, cosseira no couro cabeludo, que
durou cerca de 30 minutos. Após o enxague e remover o produto, a irritação
sessou. Dois dias após o procedimento no cabelo, surgiram pequenas lesões,
como se fossem bolhas, com presença de cosseira novamente, ao coçar, saiu
liquido das pequenas bolhas. Os incômodos desapareceram após 7 dias.
3. CONCLUSÃO
Os profissionais de salões de beleza devem ter o conhecimento
necessário e sobre os riscos dos tratamentos que envolve química, observando
alterações na haste capilar e no couro cabeludo referente aos alisamentos
capilares. Os tipos de alisamento modificam as ligações químicas do fio, muitas
vezes irreversíveis, promovendo a perda de proteína dos fios. No alisamento
químico, os fios perdem as propriedades naturais, onde serão necessários
tratamentos específicos para manutenção dos cabelos químicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Cosmético:
Escova progressiva, alisante e formol. 2001.

AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. Orientações


sobre alisantes, 2020. Disponível em <
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/perguntasfrequentes/
cosmeticos/alisantes> Acesso em: 25 de outubro de 2022.

CARDOSO, Juliana; PIRES, Marilen.Formol em Produtos para Alisamento de


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DIAS, et al. Avaliação in vitro do efeito de diferentes processos de alisamento


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HALAL, John . Tricologia e a Química Cosmética Capilar. Tradução da 5ª


Edição Norte-Americana - Edição Revista. 2016. p.368.

LUNDELL, Jan.; OLBERT-MAJKUT, Adriana. Isolated glyoxylic acid–water 1:1


complexes in low temperature argon matrices.Spectrochimica Acta Part A:
Molecular and Biomolecular Spectroscopy. p. 1-9, 2013.

MELLO, Mariana dos Santos. A evolução dos tratamentos capilares para


ondulações e alisamentos permanentes. 2010. 38 f. Trabalho de conclusão de
curso da disciplina de Estágio Curricular (Graduação em Farmácia) -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2010.

NAKANO, K. A. Comparação de danos induzidos em cabelos de três etnias por


diferentes tratamentos. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.

PINHEIRO, Adriano. Ácido Glioxílico em produtos para alisamento de


cabelos.Cosmetics e Toiletries. São Paulo, v. 26, p.30, jan/fev. 2014.

SCHUELLER, R.; ROMANOWSKI, P. A ciência dos produtos reagentes para os


cabelos. Cosmetics & Toiletries (Ed Port.) v.11, n.3, p.46 – 53, 1999.
VARELA, A. E. M. Um estudo sobre os princípios ativos dos produtos para
alisamento e relaxamento de cabelos oferecidos atualmente no mercado
brasileiro. 2007. 22 f. Trabalhode Conclusão de Curso –Curso de Tecnologia
em Cosmetologia e Estética, UNIVALI, SantaCatarina

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