Você está na página 1de 50

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ

CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E INOVAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIA SOCIAL EM SANEAMENTO, SAÚDE E AMBIENTE
NA AMAZÔNIA

CAROLINE DAYANE SALDANHA DE SIQUEIRA

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA E O USO DA


TECNOLOGIA SOCIAL PARA O APROVEITAMENTO COMERCIAL DO
CAROÇO DO AÇAÍ.

BELÉM
2021
CAROLINE DAYANE SALDANHA DE SIQUEIRA

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA E O USO DA


TECNOLOGIA SOCIAL PARA O APROVEITAMENTO COMERCIAL DO
CAROÇO DO AÇAÍ.

Monografia apresentada ao Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) –
Campus Belém, como requisito para obtenção do grau
de Especialista em Tecnologia Social em Saneamento,
Saúde e Ambiente na Amazônia.
Orientador(a): Prof.ª Drª. Natália Conceição Silva
Barros Cavalcanti.

BELÉM
2021
FICHA CATALOGRÁFICA

SIQUEIRA, CAROLINE DAYANE SALDANHA DE

Gestão dos resíduos sólidos no município de Belém-Pa e o uso da Tecnologia


Social para o aproveitamento comercial do caroço do açaí. 2021.

Trabalho de Conclusão de Curso( pós-graduação) - Instituto Federal de Educação,


Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) - Curso Tecnologia Social em Saneamento,
Saúde e Ambiente na Amazônia, Campus Belém, 2021.

Orientadora: Prª. Drª. Natália Conceição Silva Barros Cavalcanti

1. Açaí. 2.Tecnologia Social. 3. Município de Belém/PA. 4.Sustentabilidade. 5.


Biojóia.
CAROLINE DAYANE SALDANHA DE SIQUEIRA

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA E O USO DA


TECNOLOGIA SOCIAL PARA O APROVEITAMENTO COMERCIAL DO
CAROÇO DO AÇAÍ.

Monografia apresentada ao Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) –
Campus Belém, como requisito para obtenção do
grau de Especialista em Tecnologia Social em
Saneamento, Saúde e Ambiente na Amazônia.

Data da defesa: 20/10/21


Conceito:

__________________________________________________________
Orientador(a): Profª. Drª. Natália Conceição Silva Barros Cavalcanti
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Belém

_________________________________________________________
Membro: Profª. MSc. Tatiana Pará Monteiro de Freitas
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Castanhal

_________________________________________________________
Membro: Profª. Drª. Thais Gleice Martins Braga
Instituição: Universidade Federal Rural da Amazõnia– Campus Capanema
RESUMO

O açaí é um fruto nativo da região Amazônica com um grande potencial de comercialização


sendo uma fonte de renda e emprego. Na cidade de Belém/ PA, a cadeia produtiva do açaí
origina toneladas de resíduos orgânicos que no caso é o caroço do açaí, por não ter uma coleta
adequada esses resíduos são jogados em locais que viram lixões a céu aberto, contribuindo para
o aumento de infestação de roedores e insetos, prejudicando a saúde pública de quem mora nas
localidades. Neste contexto, o objetivo deste estudo teve por finalidade colaborar com as
pesquisas científicas que buscam minimizar os danos ambientais, propondo uma tecnologia
social para o reaproveitamento do caroço do açaí na fabricação e preservação de biojóias. A
metodologia foi de cunho qualitativo, do tipo experimental tendo sido realizada entrevista
semiestruturada entre os comerciantes que trabalham com as biojóias na Praça da República,
em Belém do Pará. Nesta etapa de interação social, verificou-se que a maior dificuldade na
criação de biojóias está no beneficiamento do caroço do açaí, através de pesquisas dentro da
Literatura científica buscou-se uma solução para esse problema do beneficiamento, resultando
na reaplicação de uma tecnologia social sendo criada de forma manual/artesanal uma caixa que
possui uma lâmpada ultravioleta – UV germicida para a esterilização dos caroços do açaí, a
lâmpada possui um efeito esterilizante visando eliminar microrganismos como bactérias e
fungos presentes nesse resíduo orgânico, dessa forma obtém-se como resultado peças
como colares, pulseiras e cordões com uma maior durabilidade evitando que as biojóias sejam
reduzidas em pó.
Palavras-chave: Açaí, Tecnologia Social, Município de Belém/PA, Biojóia.
ABSTRACT
Açaí is a native fruit of the Amazon region with great marketing potential and is a source of
income and employment. In the city of Belém/PA, the açaí production chain originates tons of
organic waste, which in this case is the açaí kernel, for not having an adequate collection, these
residues are dumped in places that turn into open dumps, contributing to the increase of
infestation of rodents and insects, harming the public health of those who live in the localities.
In this context, the aim of this study was to collaborate with scientific research that seeks to
minimize environmental damage, proposing a social technology for the reuse of açaí kernels in
the manufacture and preservation of biojewels. The methodology was qualitative, of the
experimental type, with semi-structured interviews being carried out among traders who work
with biojewels in Praça da República, in Belém do Pará. In this stage of social interaction, it
was found that the greatest difficulty in creating biojewels is in the processing of the açaí kernel,
through research within the scientific literature, a solution to this processing problem was
sought, resulting in the reapplication of a social technology being created manually/handcrafted
in a box that has an ultraviolet lamp - UV germicidal for the sterilization of açaí seeds, the lamp
has a sterilizing effect, aiming to eliminate microorganisms such as bacteria and fungi present
in this organic waste, thus obtaining pieces such as necklaces, bracelets and strings with greater
durability, preventing bio-jewels from being reduced in powder.
Keywords: Açaí, Social Technology, Municipality of Belém/PA, Biojóia.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Pirâmide ilustrativa da hierarquia de prioridades na gestão de resíduos urbanos….14
Figura 2: Açaizeiros nos quintais de várzea…………………………………………………..20
Figura 3: Açaizeiros nos quintais de terra firme……………………………………………...20
Figura 4: Cacho de açaí……………………………………………………………………….21
Figura 5: Corte transversal do fruto açaí……………………………………………………...21
Figura 6: Polpa do açaí………………………………………………………………………..22
Figura 7: Açaí Preto(roxo) e açaí verde………………………………………………………23
Figura 8: Máquina elétrica de açaí, em perspectiva, com corte parcial na carcaça…………..23
Figura 9: Acondicionamento do caroço de açaí em sacas de aniagem……………………....27
Figura 10: Descarte irregular do caroço de açaí em canal no bairro da Marambaia, no município
de Belém…………………………………………………………………………..28
Figura 11: A habilidade de subir no pé de açaizeiro utilizando apenas uma peconha feita com
um pedaço da saca de açaí……………………………………………………………………30
Figura 12: Mulheres preparando o açaí para a comercialização……………………………...30
Figura 13: Feira de Artesanato na Praça da República…………………………………...…..31
Figura 14: Produção da caixa esterilizadora…………………...……………………………..33
Figura 15: Caixa esterilizadora artesanal de sementes………..……………………………...33
Figura 16: Entrega do manual do aluno……………………….……………………………...34
Figura 17: Peças de biojóias para venda na Praça da República……………………………..36
Figura 18: Colar feito com caroço de açaí……………………………………………………37

Figura 19: A variedade artesanal do caroço do açaí………………………………………….37


LISTA DE SIGLAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)................................................................13
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (ABRELPE)..............................................................................................................28
Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (ADEPARÁ).........................................25
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).................................................................25
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).................26
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)...................................................22
Fundação Banco do Brasil ( FBB)............................................................................................11
Instituto de Tecnologia Social (ITS).........................................................................................18
Ministério do Meio Ambiente (MMA).....................................................................................17
Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).........................................................................11
Norma Técnica Brasileira (NBR).............................................................................................13
Prefeitura Municipal de Belém (PMB).....................................................................................26
Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PMGIRS).......................................17
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)........................................................................11
Resíduo Sólido Urbano (RSU)..................................................................................................17
Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN)........................................................................16
Sistema de Informação Agropecuário e de Abastecimento (SIAGRO)....................................26
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).............................................................34
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………..11
1.1 Contextualização e Problematização……………………………………………….11
1.2 Objetivos………………………………………………………………………....…...12
1.2.1 Objetivo Geral………………………………………………………………….…….12
1.2.2 Objetivos Específicos………………………………………………………….……..12
1.3 Justificativa…………………………………………………………………………...12
1.4 Estrutura……………………………………………………………………….….….12
2. REVISÃO DA LITERATURA………………………………………………………..13
2.1 A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS)........................................................13
2.2 A Gestão dos Resíduos Sólidos no Município de Belém-PA…………………….........16
2.3 Tecnologia Social: Caminho para a sustentabilidade………….……………….……18
3. O Estudo do Açaí na Região Amazônica……………………………………………..19
3.1 Período de Produção do Açaí……………………………………………………….....24
3.2 Aspectos Econômicos………………………………………………………………....24
3.3 Preços Nacionais……………………………………………………………………....26
3.4 Coleta e transporte do caroço do açaí e suas consequências do descarte incorreto na cidade
Belém-PA.…………………………………………………………………………….…...26
3.5 Os comerciantes (batedores) de açaí ……………………………………………...…..29
4. METODOLOGIA……………………………………………………………….…….31
4.1 Tipo de Estudo…………………………………………………………………….…..31
4.2 Coleta e Tratamento de Dados………………………………………………….……..34
4.3 Aspectos Éticos……………………………………………………………………….35
5. RESULTADOS………………………………………………………………………..35
5.1 Apresentação dos Resultados………………………………………………………...35
5.2 Análise e Discussão dos Resultados……………………………………………...…..36
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………..…….38
REFERÊNCIAS…………………………………………………………………..……..39
ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO….....…44
ANEXO 2 - MANUAL DO ALUNO………………………………………………..…..46
11

1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização e Problematização
A Lei Federal nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), referenda os princípios, objetivos e instrumentos que definem aspectos de gestão e
gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil. Em seu art. 3°, inc. XI define gestão como um
“conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para o resíduos sólidos, de forma a
considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, como controle social
e sob a premissa do desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2010).
A gestão dos resíduos sólidos sob a premissa do desenvolvimento sustentável é um
grande desafio, muitos municípios como a cidade de Belém/PA enfrentam essa problemática
dos resíduos sólidos ainda de maneira incipiente e a situação na referida cidade agrava-se com
o fechamento do aterro sanitário do Município de Marituba previsto para agosto de 2023. O
Ministério Público do Estado do Pará tem feito recomendações para os gestores municipais na
busca por uma solução definitiva dentro do âmbito legal (MPPA, 2020a).
Gouveia (2012, p.1506), ao se referir sobre a disposição dos resíduos sólidos afirma que
“sua disposição no solo, em lixões ou aterros, por exemplo, constitui uma importante fonte de
exposição humana a várias substâncias tóxicas”. É inconteste que o descarte inapropriado dos
resíduos sólidos configura uma situação problemática, o destino final desses resíduos também
é uma questão social, em face de os “lixões” tornarem-se ao longo dos anos uma fonte de renda
para as pessoas que trabalham e moram nas adjacências.
Por conta disso, sabendo-se que o descarte irregular dos resíduos sólidos como o do
caroço do açaí acarreta danos ao meio ambiente buscou-se investigar e responder às seguintes
perguntas: Quais as consequências do descarte incorreto dos caroços de açaí na cidade Belém-
PA? Qual alternativa de aproveitamento destes resíduos orgânicos pode atenuar os impactos
ambientais gerados?
Mediante a este problema ambiental, percebeu-se uma possibilidade do uso da
tecnologia social para fazer o reaproveitamento dos resíduos do caroço do açaí para a criação
de biojóias, sendo economicamente viável e reduzindo o volume dos resíduos gerados. Para a
Fundação Banco do Brasil, as Tecnologias Sociais podem coadunar saber popular, organização
social e conhecimento técnico-científico. Fundamentalmente que sejam efetivas e reaplicáveis,
proporcionando desenvolvimento social em escala (FBB, 2004).
12

1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Apresentar a tecnologia social como uma das soluções para o destino de resíduos sólidos
provenientes do processamento do açaí no município de Belém/PA.

1.2.2 Objetivos Específicos


Analisar a Legislação vigente que dispõe sobre os resíduos sólidos;
Avaliar as consequências do descarte incorreto dos caroços de açaí na cidade Belém-
PA;
Aplicar a tecnologia social (esterilizador artesanal) para o beneficiamento do caroço do
açaí na confecção e preservação das biojóias.

1.3 Justificativa
Na cidade de Belém/ PA, a cadeia produtiva do açaí origina toneladas de resíduos
orgânicos que no caso é o caroço do açaí, por não ter uma coleta adequada esses resíduos são
jogados em locais que viram lixões a céu aberto prejudicando a saúde pública de quem mora na
localidade. Diante da destinação inadequada do caroço do açaí e os impactos ambientais
causados, a relevância dessa pesquisa realizada está ligada, respectivamente, à saúde, a
sustentabilidade, e ao uso da tecnologia social como solução possível no reaproveitamento para
o caroço do açaí contribuindo para o desenvolvimento econômico, ambiental e social. Ademais,
a política Nacional de Resíduos Sólidos determina que o destino final desse tipo de resíduo
deve ser em local ambientalmente adequado e de modo a evitar danos ou riscos à saúde e
minimizar impactos ambientais, devendo inclusive ser tomado medidas de reutilização,
reciclagem, compostagem, recuperação, aproveitamento energético ou outras destinações
(BRASIL, 2010).

1.4 Estrutura
O trabalho está dividido em mais quatro seções além desta. Na sequência desta, está a
seção 2, Revisão da Literatura na qual são destacadas 2.1 A Política Nacional dos Resíduos
Sólidos (PNRS), 2.2 A Gestão dos Resíduos Sólidos no Município de Belém-PA.
Na seção 3- O Estudo do Açaí na Região Amazônica na qual são destacadas 3.1-
Período de Produção do Açaí, 3.2- Aspectos Econômicos 3.3- Preços Nacionais 3.4- Coleta e
transporte do caroço do açaí e suas consequências do descarte incorreto na cidade Belém-PA.
3.5- Os comerciantes (batedores) de açaí.
13

Na seção 4 apresenta-se a metodologia empregada. Na seção 5 , estão os resultados


obtidos e sua discussão e, finalmente, na seção 6 as considerações finais.

2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS)
Em 2010, a Lei n° 12.305 foi sancionada e a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi
instituída, regulamentada pelo Decreto n° 7.404/10. A PNRS dispõe sobre a gestão integrada
de resíduos sólidos nos municípios brasileiros, insta observar que a supracitada Lei foi resultado
das discussões de caráter políticos, econômicos e sociais consequentes dos impactos causados
ao meio ambiente. Em seu art. 3° XVI distingue resíduo que é o material que pode ser
aproveitado, de rejeito que é o material que não pode ser aproveitado. Definindo resíduos
sólidos como:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado
a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT-NBR 10.004, 2004), os


resíduos sólidos são assim definidos:
resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Decerto, a gestão desses resíduos deve ser trabalhada para que sua destinação e
disposição final sejam ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis.
A PNRS classifica a periculosidade dos resíduos segundo a origem, esses resíduos sólidos têm
origem diferenciadas e diferentes características, a gestão dos diversos resíduos tem
responsabilidades estipuladas em legislações específicas e requer um sistema diferenciado de
coleta, tratamento e disposição final. Além da gestão adequada dos resíduos gerados por suas
atividades, o poder público também deve regular o fluxo de resíduos dos municípios (JACOBI
e BESEN, 2006).
A Figura 1 é uma proposta abrangente de gestão de resíduos sólidos, apresentando os
procedimentos a serem realizados antes que os resíduos cheguem ao seu destino final.
14

Figura 1: Pirâmide ilustrativa da hierarquia de prioridades na gestão de resíduos urbanos.

Fonte: Neto, S.N., Souza, T. et al. 2014, p. 3811.

O aumento contínuo do consumo urbano fornece uma grande quantidade de resíduos


sólidos urbanos e tendo como improvável não gerar resíduos, a opção mais viável é reduzir.
Caso a opção anterior não seja viável, é necessário aproveitar e depois reciclá-lo. As boas
práticas dos 5R (Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar) são imprescindíveis, uma
vez que os danos ambientais em muitos aspectos são de caráter irreversível e não passíveis de
compensações.
A Lei nº 14.026/20, novo Marco Legal do Saneamento Básico, altera prazos
determinados na PNRS nos seguintes aspectos:
Art. 54. A disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos deverá ser
implantada até 31 de dezembro de 2020, exceto para os Municípios que até essa data
tenham elaborado plano intermunicipal de resíduos sólidos ou plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos e que disponham de mecanismos de cobrança que
garantam sua sustentabilidade econômico-financeira, nos termos do art. 29 da Lei nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007, para os quais ficam definidos os seguintes prazos:

I - até 2 de agosto de 2021, para capitais de Estados e Municípios integrantes de


Região Metropolitana (RM) ou de Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) de
capitais;

II - até 2 de agosto de 2022, para Municípios com população superior a 100.000 (cem
mil) habitantes no Censo 2010, bem como para Municípios cuja mancha urbana da
sede municipal esteja situada a menos de 20 (vinte) quilômetros da fronteira com
países limítrofes;

III - até 2 de agosto de 2023, para Municípios com população entre 50.000 (cinquenta
15

mil) e 100.000 (cem mil) habitantes no Censo 2010; e

IV - até 2 de agosto de 2024, para Municípios com população inferior a 50.000


(cinquenta mil) habitantes no Censo 2010.A lei também estabelece um prazo para o
fim dos lixões no país. Para municípios que não elaboraram planos de resíduos
sólidos, esse prazo é 31 de dezembro de 2020. Para os municípios com planos
elaborados, o prazo é 2 de agosto de 2021 para capitais e regiões metropolitanas; 2 de
agosto de 2022, para cidades com mais de 100 mil habitantes. Já em cidades entre 50
e 100 mil habitantes, os lixões devem ser eliminados até 2 de agosto de 2023; e em
cidades com menos de 50 mil habitantes, o prazo é 2 de agosto de 2024.

Nos casos em que a disposição de rejeitos em aterros sanitários for economicamente


inviável, poderão ser adotadas outras soluções, observadas normas técnicas e
operacionais para evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e minimizar os
impactos ambientais.
A nova lei determina que os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos
deverão ser revisados, no máximo, a cada dez anos (BRASIL,2020).

Além disso, a supracitada Lei referenda cobrança dos serviços de coleta de lixo, sob
pena de renúncia de receita:
Art. 35. As taxas ou as tarifas decorrentes da prestação de serviço de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos considerarão a
destinação adequada dos resíduos coletados e o nível de renda da
população da área atendida, de forma isolada ou combinada, e
poderão, ainda, considerar:
§ 2º A não proposição de instrumento de cobrança pelo titular do
serviço nos termos deste artigo, no prazo de 12 (doze) meses de
vigência desta Lei, configura renúncia de receita e exigirá a
comprovação de atendimento, pelo titular do serviço, do disposto no
art. 14 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000,
observadas as penalidades constantes da referida legislação no caso
de eventual descumprimento.

Em que pese, a Lei estipular prazos, cobranças ou até mesmo punições aos gestores
municipais, se faz necessário contar com equipes técnicas, além de recursos financeiros para
essa problemática ambiental que vem se impondo cada vez mais nos instrumentos normativos,
sejam eles nacionais ou internacionais dando margem ao surgimento de tratados e convenções.
Insta observar que na Carta Magna da República Federativa do Brasil, insculpido em
seu art. 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. É,
portanto, o primeiro momento em que o constituinte busca resguardar constitucionalmente o
direito ao meio ambiente, meio ambiente este que tem por objetivo o desenvolvimento do
indivíduo. Da análise da previsão normativa do art. 225 da nossa Carta Política, verifica-se
desde logo, portanto, que em se afirmar que “todos” possuem direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, tratando-se, portanto, de bem de uso comum do povo e essencial
16

a este.
Nesta senda, o Brasil através da Política Nacional dos resíduos sólidos resta inconteste
a busca incessante de conceder maior proteção e tutela jurídica ao meio ambiente. Nesse
diapasão, o avanço de políticas públicas, bem como a participação da sociedade são
fundamentais para solucionar os entraves para a prática da Lei.

2.2 A Gestão dos Resíduos Sólidos no Município de Belém-PA


A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) “estabelece a integração de municípios
na gestão dos resíduos e responsabiliza toda a sociedade pela geração de lixo” Lucke (2012, p.
128), à vista disso, os municípios de Belém, Ananindeua e Marituba enfrentam desafios
concernente ao saneamento básico, entre eles a falta de um plano de ação mediante o
fechamento do aterro sanitário de Marituba. Os municípios em comento precisam encontrar
uma solução viável e ambientalmente adequada para a destinação final dos resíduos, a despeito
de não terem cumprido prazos e nem apresentarem uma solução viável para a questão dos
resíduos sólidos.
O Ministério Público do Pará assim se pronuncia sobre o caso:
Deve-se ressaltar que a obrigação de execução de política pública é dos
entes municipais, cabendo ao Ministério Público o seu acompanhamento e
apresentação conjunta, caso os Municípios efetivamente formulassem as metas e
estabelecessem o cronograma, o que jamais aconteceu apesar de todos os esforços da
Promotoria de Justiça de Marituba, a qual realizou intensa atividade de cobrança sem
que efetivamente os Municípios apresentassem qualquer resposta concreta (MPPA,
2020).

Nesse sentido, o Ministério Público em sua função de custus legis (fiscal da lei) ajuizou
um processo que tramita na 1ª Vara Cível e Empresarial de Marituba para Cumprimento de
Título Executivo Judicial em face dos municípios supracitados, “objetivando as soluções
definitivas para deposição dos resíduos sólidos de cada município” (MPPA, 2020b).
No município de Belém, o órgão gestor e operacional dos serviços ligados a manejo de
resíduos sólidos urbanos e limpeza urbana é a Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN),
embora a coleta tenha como prioridade os resíduos da construção civil, outros tipos são
eventualmente coletados juntos: pneus, caroço do açaí, etc. A ausência de uma coleta seletiva
ratifica que o poder público municipal precisa de planejamento em todas as áreas, tendo como
base o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos- PMGIRS. A Lei Ordinária
Municipal de Belém n.º 9656 /20 em seu Art.110 referenda a importância desse instrumento:

O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PGIRS, como instrumento da


Política Municipal de Saneamento, tem como diretriz, respeitadas as competências da
17

União e do Estado, melhorar a qualidade da sanidade pública, manter o meio ambiente


equilibrado em busca do desenvolvimento sustentável, além de fornecer elementos ao
poder público e a coletividade para defesa, conservação e recuperação da qualidade e
salubridade ambiental, cabendo a todos o direito de exigir a adoção de medidas neste
sentido (BELÉM (PA), 2020).

O PMGIRS consiste em um diagnóstico sobre a situação atual do conjunto de resíduos


gerados no Município e define diretrizes, estratégias e metas para serem desenvolvidas as ações.
Em que pese a imposição do dever de observância à norma sobre a questão dos resíduos
sólidos, observa-se que a legislação não é efetiva em sua integralidade, pois no Município de
Belém, os resíduos sólidos não tem destinação final adequada, parte deles são jogados em
córregos ou de forma indevida no aterro de Marituba. “Atualmente, a destinação final dos
resíduos urbanos de forma econômica e segura é um dos desafios da administração pública”
(GREGÓRIO et al., 2013 p. 842).
Desse modo, é inquestionável a necessidade de adoção de políticas públicas
condicionando a atuação dos gestores municipais viabilizando a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos para reaproveitamento, de forma produtiva, econômica e social. Nesse sentido,
é necessário discutir e buscar soluções objetivas para questões de sustentabilidade.
Assim, nas palavras de Gouveia (2012, p.1509):
O complexo desafio para as grandes cidades na gestão de resíduos sólidos neste início
de século pode ser enfrentado pela formulação de políticas públicas que objetivem
eliminar os riscos à saúde e ao ambiente, que colaborem na mitigação das mudanças
à ação humana e, ao mesmo tempo, garantam a inclusão social efetiva de parcelas
significativas da população.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), define a gestão integrada de resíduos sólidos


como a concepção, implementação e gestão de sistemas de resíduos sólidos urbanos (RSU),
tendo em conta a ampla participação de todos os setores da sociedade e uma perspectiva de
desenvolvimento sustentável (MMA, 2007). Cabe aos gestores municipais lidar com o desafio
de incorporar um modelo social abrangente, ou seja, o modelo de gestão de resíduos sólidos
existente na perspectiva da inclusão social (JÚNIOR e CORRÊA, 2018), reconhecendo que
com base na educação ambiental, é possível fazer o descarte consciente dos resíduos gerados
pela população, e proporcionar condições econômicas e técnicas operacionais para o
desenvolvimento das associações de coleta seletiva. Neste escopo, é dizer que a ampla
participação da sociedade é essencial para o sucesso dessa gestão.

2.3 Tecnologia Social: Caminho para a sustentabilidade.


O conceito amplamente divulgado de Tecnologia Social (TS) é apresentado pelo
18

Instituto de Tecnologia Social como um “Conjunto de técnicas, metodologias transformadoras,


desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que
representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida” (ITS, 2004, p. 26).
Partindo desse pressuposto as Tecnologias Sociais tem como objetivo identificar e solucionar
de forma abrangente os principais desafios que a sociedade enfrenta: os problemas sociais e
ambientais, desenvolvimento e inclusão social.
Para Dagnino, a tecnologia deve “ser entendida como um processo que busca promover
uma adequação do conhecimento científico e tecnológico ...não apenas aos requisitos e
finalidades de caráter técnico econômico, como até agora tem sido o usual, mas ao conjunto de
aspectos de natureza socioeconômica e ambiental” (Dagnino, 2007, p. 187-188).
Assim, a TS descreve a experiência técnica de interação com a comunidade, tendo como
base a criatividade e disponibilidade de recursos locais, ela é uma ferramenta importante
desenvolvida no diálogo entre saber popular e saber científico.
Silvio Caccia Bava (2004, p.116) preleciona sobre o assunto:
Mais do que a capacidade de implementar soluções para determinados problemas,
podem ser vistas como métodos e técnicas que permitam impulsionar processos de
empoderamento das representações coletivas da cidadania para habilitá-las a disputar,
nos espaços públicos, as alternativas de desenvolvimento que se originam das
experiências inovadoras e que se orientam pela defesa dos interesses das maiorias e
pela distribuição de renda.

A Tecnologia Social (TS) estabelece 04 (quatro) dimensões: 1. conhecimento; 2.


participação, cidadania e democracia; 3. Educação; 4. relevância social (ITS, 2004). A
Tecnologia social compreende produtos, técnicas e/ou metodologias reaplicáveis,
desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de
transformação social.
Assim, a tecnologia social é proposta nesta pesquisa para o aproveitamento comercial
do caroço do açaí para a produção de biojóias, “o aproveitamento de sementes amazônicas para
produção de artesanatos e biojóias consiste em uma forma sustentável de uso da biodiversidade
para geração de renda e afirmação da cultura regional” (GUTIERREZ e OLIVEIRA, 2018, p.
35). Para se produzir uma peça, o produtor de biojóias deve inicialmente designar o caminho
de produção, decidir a técnica a ser utilizada e o tipo de acabamento. Uma peça artesanal não é
apenas a concepção do desenho, mas também o modo como a peça é executada. E pode possuir
uma ou mais técnicas de confecção e acabamento.

De acordo com Félix (2007, p. 49):


19

Após o beneficiamento, as sementes perfuradas são repassadas aos artesãos,


mais uma vez sem verificar teores de umidade, padrões fisiológicos,
uniformidades de tamanhos, estado geral das sementes quanto aos aspectos
fitossanitários. A qualidade em geral das mesmas é comprometida, pois existe
ainda o período de deterioração natural das sementes. A espera dos donos de
oficinas de beneficiamento por preços melhores para a comercialização,
principalmente nas entressafras, agrava ainda mais o estado de deterioração
das sementes. As sementes mais procuradas e mais populares para a confecção
de artesanato são as mais afetadas, como é o caso de sementes de jarina,
tucumã, açaí e de babaçu. Todos os fatores citados acima comprometem o
período de longevidade dos insumos e do artesanato confeccionado no final
da cadeia produtiva, que são deteriorados por fungos.

As biojóias produzidas com sementes têm despertado grande interesse de exportadores


nacionais e internacionais. No entanto, o grande problema desse mercado é o tratamento dado
aos materiais orgânicos utilizados na montagem das peças. A falta de tecnologia para a coleta
e o beneficiamento dos frutos e secagem das sementes fazem com que a vida útil das peças seja
bastante reduzida, comprometendo assim a qualidade do produto final.

3. O Estudo do Açaí na Região Amazônica


O açaí (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmeira de origem Amazônica. No Brasil é
encontrada nos Estados do Pará, Amapá, Maranhão, Amazonas, Tocantins, Acre, Rondônia
além da Guiana Francesa e da Venezuela (NOGUEIRA et al, 2005). É uma espécie que
apresenta benefícios à saúde humana devido a presença de fibras, vitaminas, minerais e baixas
calorias (ROGEZ, 2000; FARIAS NETO et al, 2008), os frutos podem ser utilizados para sucos,
cremes, geleias, antidiarreico, produção de álcool, sorvete etc.; o palmito para saladas, recheios
e ração animal (NOGUEIRA et al, 1995; OLIVEIRA et al, 2007).
O principal local de crescimento do açaí acontece em zonas de várzea, o açaizeiro
(Euterpe oleracea Mart.), chamado de açai-de-touceira, é uma palmeira multicaule nativa da
Amazônia oriental. O açaí tem formato redondo e pesa cerca de dois gramas, apenas 17% da
fruta é comestível (polpa e casca), e são necessários cerca de 2 kg de fruta para produzir um
litro de suco. O resto representa o núcleo e contém sementes oleaginosas. A cor da fruta madura
é roxa a quase preta ((NOGUEIRA et al, 2005).
O açaizeiro fornece dois produtos alimentares fundamentais: o palmito e os frutos, nas
figuras 2, 3 e 4 a imagem abaixo mostra a palmeira do açaí em terreno de várzea, terra firme e
a forma do cacho do fruto do açaí.

Figura 2: Açaizeiros nos quintais de várzea.


20

Fonte: Adrielson Furtado, 2009.

Figura 3: Açaizeiros nos quintais de terra firme.

Fonte: Furtado, 2009.


Figura 4: Cacho de açaí.
21

Fonte: Furtado, 2009.

A palmeira do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma planta típica do estuário amazônico
e pertence à família das palmeiras, pode ser observada em solo sólido e solo de várzea, que é a
típica área alagada da região e duas variedades de frutas são encontradas: preta (ou roxa) e
verde. A primeira categoria domina e é consumida em grandes quantidades pelos moradores,
principalmente na Grande Belém. Sua polpa é preta e brilhante, bem conhecida dos
consumidores. Por outro lado, o verde tem uma polpa transparente, que produz açaí branco,
sendo que este é consumido em menor escala (ROGEZ, 2000).

Figura 5: Corte transversal do fruto açaí.

Fonte: Pessoa, 2007.

O epicarpo do fruto é uma camada fina, o mesocarpo tem uma espessura de apenas um
a dois milímetros, e o núcleo representa cerca de 85-95% de seu volume (Figura 5). O suco de
açaí, ou simplesmente açaí, é preparado por maceração dos frutos em água morna, triturando-
22

os para esmagar a polpa amolecida (Figura 6) com posterior adição de água e filtração do suco
(ROGEZ, 2000).

Figura 6: Polpa do açaí.

Fonte: Autora, 2021.

A polpa de açaí (Figura 6) possui uma classificação que é dependente da quantidade de


água utilizada no processo de extração e que corresponde à sua qualidade, baseada nos critérios
do Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, os tipos de polpas encontradas no mercado são a grossa ou premium, média ou
regular, e fina e popular (EMBRAPA, 2020). Na figura 7, há 2 tipos de açaí:

Figura 7: Açaí Preto(roxo) e açaí verde.


23

Fonte: Furtado, 2009.

Tratando de modo geral, o principal ingrediente da constituição da polpa é o “estado


maduro” da fruta, pois depende do estado da fruta que pode-se determinar o tempo em que
devem permanecer em estoque, porque quanto mais maduro, mais vulnerável à degradação
ficam, mas é nesse tipo de amadurecimento que a fruta pode atingir o melhor sabor, para a
obtenção da bebida é necessário que passe pelo processo de despolpamento da fruta, que é feita
por uma máquina típica de quem vende a fruta.

Figura 8: Máquina elétrica de açaí, em perspectiva, com corte parcial na carcaça.

Fonte: Canto,S.A.E.2001.

Em que pese, a existência da máquina elétrica do açaí onde o fruto geralmente é deixado
24

imerso em água para o seu amolecimento, tendo um melhor aproveitamento na hora de “batida”.
Em alguns municípios há o uso de técnicas manuais.

3.1 Período de Produção do Açaí

O açaizeiro inicia seu ciclo de produção de frutos a partir dos 3 ou 4 anos de idade
(OLIVEIRA et al, 2007). A produção anual de cachos frutíferos por Touceira depende da
fertilidade, umidade do solo e luminosidade.
Nas áreas de várzea do estuário amazônico há duas épocas diferentes quanto a produção
de frutos, sendo eles: a safra de inverno (período chuvoso) em que os frutos apresentam-se em
diferentes estágios de maturação, sendo considerado um açaí de qualidade inferior; e a safra de
verão (poucas chuvas) em que a produção do açaí chega a ser até três vezes maior que o da
safra anterior. Nesta safra os cachos e frutos apresentam tamanhos semelhantes. Os frutos
possuem coloração vermelho-arroxeada e este açaí é considerado de qualidade superior e o ideal
para a colheita (LUCZYNSKI, 2008).
Então, pode-se dividir os períodos de produção da seguinte forma: alta safra –
entressafra- baixa safra, contendo uma significativa queda no valor ($) do produto ao decorrer
da alta safra. A entressafra ocorre geralmente no período de maior chuva em nossa região,
dificultando a colheita, logo, decrescendo a sua produção. A baixa safra acontece quando as
chuvas reduz sua intensidade, possibilitando a colheita do fruto, contudo a qualidade não é
muito boa, portanto para o açaí ter uma produção excelente o fruto tem que estar seco, os
produtores costumam dizer "safra" quando se referem ao período de alto rendimento de suas
plantações ou municípios (LUCZYNSKI, 2008).

3.2 Aspectos Econômicos

O açaí é hoje a mais conhecida das frutas típicas da região Norte, pelo sabor e valor
nutricional, tem um alto consumo na região metropolitana de Belém, é uma fruta de valor
econômico e cultural, uma importante fonte de renda e emprego, levando à conquista de novos
mercados, sendo de fundamental importância para a economia da região Norte do país
(COUTINHO, 2017). No Estado do Pará a demanda local é abastecida por processadores
informais denominados de batedores, a produção do açaí é uma atividade que gera renda e
empregos diretos e indiretos através da comercialização, extração, transporte dos frutos e
produtos derivados a base de sua economia nos municípios do Pará (NOGUEIRA e HOMMA,
1998):
25

Os produtos derivados do extrativismo dos açaizeiros ocupam lugar de destaque na


economia do Estado do Pará. [...] Em termos econômicos, o palmito destaca-se por
ser um produto tipicamente de exportação, tanto para outras regiões do país quanto
para o exterior, contribuindo significativamente para a receita estadual. Pelo lado
social, os frutos provenientes dos açaizeiros são de fundamental importância para a
subsistência de algumas populações ribeirinhas, pelo alimento que proporcionam e
pela comercialização do excedente familiar (NOGUEIRA e HOMMA, 1998, p.7).

O mercado regional tem como característica principal o fruto in natura, já os outros


mercados voltam-se mais para produtos derivados da fruta. O fluxo de comercialização do
mercado regional divide-se em três níveis: o primeiro refere-se às relações comerciais entre os
produtores e compradores locais; o segundo caracteriza-se pelas compras em grande estoque de
açaís pelos atacadistas a fim de vendê-los para os compradores locais; o terceiro nível destina-
se a comercialização da bebida do açaí e derivados no varejo (PESSOA e ALMEIDA, 2012).
O mercado nacional opera o “vinho” do açaí congelado (através das agroindústrias)
somente entre o território nacional, principalmente Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Já o mercado internacional visa questões de segurança do alimento, quanto a higiene sanitária
das agroindústrias, a exigência da pasteurização e as análises complementares de acordo com
os clientes e país de destino (PESSOA e ALMEIDA, 2012).
De acordo com a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), o açaí
movimenta cerca de 2 bilhões anualmente e envolve mais de 300 mil pessoas em sua cadeia de
produção, incluindo produtores, transportadores, batedores, estivadores e exportadores
(ADEPARÁ, 2017). Ademais, a Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB afirma que
“O estado do Pará é o maior produtor mundial de açaí, tendo dobrado sua produção nos últimos
10 (dez), anos e o maior exportador brasileiro, seguido do Amazonas” (CONAB, 2019, p.1), o
açaí comprovadamente têm participação crescente na economia estadual, alimenta toda uma
cadeia produtiva e gera renda para inúmeras famílias.

A produção de açaí passou de um consumo de subsistência para grandes escalas


produtivas. O destino do fruto vai, em sua maioria, para a comercialização. Além disso, o açaí
vem ganhando espaço internacional e por conta disso está aumentando a demanda por frutos no
Estado do Pará que de 92.021 toneladas em 1997 passou para 122.322 toneladas, em 2002 tendo
um aumento de aproximadamente 33%. Já em 2003, a produção foi de 160.000 toneladas
(HOMMA, 2006). Ademais, (PESSOA e ALMEIDA, 2012) afirmam que 76,4% da produção
de açaí no Pará foi destinada ao mercado, e que os demais 23,6% foram reservados para
consumo do próprio produtor/extrativista.
26

3.3 Preços Nacionais

De acordo com o Sistema de Informação Agropecuário e de Abastecimento – SIAGRO,


no período de 2015 a 2019 a média nacional do preço do quilograma do açaí teve aumento de
30%. Nos anos de 2016 e 2019, as altas foram mais significativas. Contudo, no período de 2015
– 2017 a alta foi de 16%, e de 2017 – 2019, 11%, O motivo dessa variação dos preços recebidos
pelos produtores de açaí é o período de safra. No Pará, o maior produtor nacional de açaí,
dezembro de 2019 foi de encerramento da safra, com alta relativa nos preços do fruto no
estado(CONAB, 2019).
Na região metropolitana de Belém, o preço do litro do açaí ficou mais caro no ano de
2018 (CONAB, 2019). O açaí do tipo médio que começou a ser vendido neste ano custava em
média R$13,41. Em novembro foi vendido a 14,71 reais e o preço médio no final de dezembro
era de 16,80 reais. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (DIEESE), os preços acumulados aumentaram 21,97%, enquanto a inflação
aumentou 0,90% (Dieese, 2019). Sendo uma fruta de produção sazonal, o açaí, desaparece do
mercado na entressafra e possui uma elevada taxa de perecibilidade, intervém diretamente nos
preços de mercado e produz grandes oscilações sazonais.

3.4 Coleta e transporte do caroço do açaí e suas consequências do descarte incorreto na


cidade Belém-PA.
O caroço do açaí é tratado como lixo público, uma vez que, depois que o açaí passa
pelo processo de despolpamento, o mesmo é colocado em sacas que ficam expostas em vias
públicas, a Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN) realiza a coleta dos caroços do fruto,
correspondente a 106 toneladas de resíduos por dia, (Corrêa, 2017). Porém, sem coleta seletiva
feita pela Prefeitura Municipal de Belém (PMB), as sacas acabam sendo usadas para colocar
outros tipos de resíduos sólidos ou até mesmo o lixo doméstico.
27

Figura 9: Acondicionamento do caroço de açaí em sacas de aniagem.

Fonte: Prefeitura de Belém, 2019.

Após a extração da polpa, as sementes são descartadas e armazenadas em sacos nas ruas
das cidades. Segundo Fonseca (1999), os limites máximos aceitáveis de peso e de volume dos
resíduos sólidos a serem coletados regularmente são estabelecidos por normas municipais que
devem refletir as peculiaridades locais, orientando e educando a população, cuja colaboração é
fundamental para a boa execução das atividades. Um incorreto acondicionamento acaba
retardando o serviço, logo, custando mais caro, recipientes inadequados ou improvisados
(muito pesado, pouco resistente ou fechado incorretamente), com materiais sem a devida
proteção, elevam o risco de acidentes de trabalho (CARNEIRO, 2007).
Martins et al. (2009, p.1) afirmam que “a agroindústria do açaí gera uma grande
quantidade de resíduos, constituída de caroços e fibras, o que é um grave problema ambiental
e de saúde pública”. Não restam dúvidas da preocupação do destino final desses resíduos, pois
uma gestão ineficiente dos resíduos sólidos tem levado à degradação do meio ambiente.
A Prefeitura Municipal de Belém (PMB) não possui uma coleta específica para resíduos
sólidos como o do caroço do açaí, a coleta é feita pela Secretaria de Saneamento (SESAN)
apenas por uma caçamba, disponibilizada para a retirada desse resíduo das vias públicas. Os
caroços são tratados como lixo urbano, visto que é despejado em via pública, próximo dos locais
de venda, utilizado como aterro em construções ou simplesmente despejado em lixões.
Menezes et al (2017) alude sobre o assunto:
Como grande parte dos caroços de açaí são descartados de forma inadequada, grande
parcelas acaba sendo coletada pelo serviço de coleta convencional de resíduos,
ocasionando falha da política pública, visto que além de aumentar o custo operacional
28

da coleta municipal de resíduos, sofre sua destinação final no Aterro Sanitário, local
que inviabiliza tanto seu reuso, quanto sua biodegradação. Outra parcela dos caroços
é destinada em logradouros, canais de drenagem urbana e igarapés, o que também
aumenta o custo da limpeza pública.

Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos 2018/2019, produzido pela Associação


Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), em 2018, foram gerados no Brasil 79
milhões de toneladas de resíduos. Dos resíduos coletados 59,5% receberam destinação
adequada nos aterros sanitários, cerca de 40% dos resíduos sólidos urbanos produzidos pela
população brasileira deixaram de ser coletados e, por consequência, tiveram um destino
impróprio, ou seja, milhões de toneladas de lixo foram descartados de forma incorreta em lixões
ou córregos urbanos, locais desprovidos do conjunto de sistemas necessários para a proteção
do meio ambiente e da saúde pública (ABRELPE, 2019). Apresenta-se o problema em Belém
(PA), conforme pode ser visto na Figura 10.

Figura 10: Descarte irregular do caroço de açaí em canal no bairro da Marambaia, no município de Belém

Fonte: Polícia Civil do Pará (2018).

O diagnóstico do sistema de manejo de resíduos sólidos feito por equipe técnica da


Prefeitura de Belém assim analisa o assunto:
• Estima-se que haja aproximadamente 940 pontos de venda de açaí na Região
Metropolitana de Belém;
• O principal resíduo é o caroço do açaí que comumente é descartado pelos
geradores, comerciantes e fabricantes à coleta convencional e/ou indevidamente em
vias, terrenos baldios e ao longo dos canais;
• Os resíduos do caroço do açaí são acondicionados em sacos de ráfia pelos
geradores que são os mesmos utilizados no recebimento dos frutos,
• O município não apresenta coleta, contudo, muito desse material é coletado
nos serviços regulares de coleta de inertes e entulhos uma vez que são comumente
dispostos indevidamente (PREFEITURA DE BELÉM, 2020).
29

A destinação inapropriada dos resíduos sólidos configura uma problemática ambiental,


econômica e social, nesse sentido Monteiro et al (2017, p.2), afirma que “é notável a
comercialização de açaí em Belém, o que resulta em uma grande quantidade de caroços, que,
muitas vezes, são destinados ao lixão municipal. Isso é um grande problema, não só ambiental,
mas também a perda de grande potencialidade que o caroço de açaí possui.” As
consequências do descarte incorreto do caroço do açaí na cidade Belém-PA, vai além da questão
estética, resulta na poluição do solo, poluição visual, e poluição dos córregos, bem como na
proliferação de vetores causadores de doenças, esses resíduos orgânicos jogados pela cidade
resulta também na diminuição de espaços do passeio público, prejudicando a mobilidade
urbana.

3.5 Os comerciantes (batedores) de açaí


A referência de “batedor de açaí” resulta do manuseio de uma máquina elétrica típica
de quem vende o fruto usado para a extração da polpa do açaí, este batedor representa os locais
de comercialização de venda do açaí. Esses comerciantes, em sua grande maioria, residem pelas
periferias dos municípios nortistas. A cadeia produtiva do ciclo do açaí inclui também os
produtores, apanhadores, carregadores, transportadores, comerciantes em atacado e varejo do
fruto em se tratando apenas da produção do suco do açaí. (Bartolomeu et al., 2013).
Na grande maioria, o batedor de açaí tem na comercialização do fruto a sua única fonte
de renda, o comércio muitas vezes é um negócio familiar que conta com o trabalho de uma ou
duas pessoas, as mulheres também trabalham com a comercialização do fruto. De acordo com
Fontes e Ribeiro (2012, p. 87):

Elas que eram as responsáveis por debulhar e preparar o açaí para as refeições, uma
tradição, um ofício que a mulher aprendeu no convívio com a floresta. Esse
aprendizado tem suas raízes nas populações interioranas e ribeirinhas, que retiram da
natureza o sustento familiar. Essa população, que tem contato direto com seu meio
ambiente, desenvolveu práticas para o melhor aproveitamento dos recursos naturais.

As mulheres demonstram habilidade e participam ativamente dentro da cadeia produtiva


do ciclo do açaí, elas também sobem no açaizeiro utilizando apenas uma peconha (artefato feito
com um pedaço do tecido da saca de açaí). Denota-se que a mulher também faz o manejo,
colheita e comercializa o fruto. A herança que a mulher aprendeu na floresta como citado por
Fontes e Ribeiro atravessam os anos e contribui economicamente no sustento familiar.
30

Figura 11: A habilidade de subir no pé de açaizeiro utilizando apenas uma peconha feita com um pedaço da saca
de açaí.

Fonte:Oliveira/ AG Pará, 2015.

Figura 12: Mulheres preparando o açaí para a comercialização.

Fonte: Oliveira/ AG Pará , 2015.

De acordo com números divulgados pela ADEPARÁ, em 2017: São 10 mil batedores
artesanais de açaí no Estado, a maioria localizada na Grande Belém, gerando cerca de 30 mil
empregos diretos, a estimativa é de que existam mais de 8 mil pontos de vendas de açaí em toda
Belém.
31

4. METODOLOGIA
4.1 Tipo de Estudo
A pesquisa em questão foi de cunho qualitativo, do tipo experimental, quando se
determina um objeto de estudo, seleciona-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo,
define-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto
(GIL, 2008). Nesse sentido, foi realizada uma pesquisa de campo na Praça da República do
município de Belém/ PA (Figura 13), entre os comerciantes que trabalham com as biojóias,
com aplicação de questionários estruturados respeitando os preceitos éticos (ANEXO 01).

Figura 13: Feira de Artesanato na Praça da República.

Fonte: Autora, 2021

A motivação para escolha da área de estudo, é dada pela relação da autora com o local.
Tendo em vista que a praça da República, local de entretenimento e lazer fez parte de sua
infância. Não obstante, além desta, foram consideradas as características do local, pois na praça
há a comercialização de biojóias e através de registros fotográficos, evidenciou-se que a
semente do caroço do açaí é usada em muitas peças. Porém, os artesãos relataram que há
dificuldade no beneficiamento do caroço do açaí para a criação e conservação das biojóias, pois
as peças demonstram ao longo do tempo, uma deterioração que facilmente é observada a olho
nu, o processo de beneficiamento é essencial para a durabilidade das peças comercializadas
32

pois evita a proliferação de fungos.


Assim, Félix (2007, p.37) afirma:

Colares, anéis, pulseiras e outros objetos estão sujeitas à


degradação por fungos, bactérias e por insetos, que
deterioram sementes e fibras naturais, consequentemente,
transformando-as em pó. É comum o emprego pelos
artesãos de materiais tóxicos para matar esses organismos,
como óleo diesel, querosene, brometo de metila, fungicidas
e cupinicidas, que podem causar vários danos, dependendo
da exposição do indivíduo ao produto. A prática indevida
também pode comprometer a credibilidade dos artesãos
brasileiros, que exportam artesanato para vários países e
saem perdendo em lucro, pois quando algumas peças
estragam, arcam com a reposição.

Dessa forma, através da metodologia aplicada e da Literatura científica, essa pesquisa


procurou apresentar uma tecnologia social de baixo custo para a criação e conservação de
biojóias. Para tanto, foi usada uma reaplicação da tecnologia social da UNISOL (Centro de
cooperativas e empreendimentos solidários) que fica localizado no estado da Bahia. sendo
confeccionado um esterilizador de sementes criado de forma manual/artesanal, seguindo as
seguintes etapas que estão descritas no manual do aluno (ANEXO 02).
Etapa 1 – organização dos materiais: 1 caixa de feira (madeira) - 2 cartolinas e cola
branca para revestir a caixa - 1(uma) Lâmpada UV germicida 15W - fita isolante - grampeador
e grampos - plugue e interruptor liga e desliga - bandeja plástica;
Etapa 2 - após selecionado os materiais, começou a confecção do esterilizador:
inicialmente, na caixa de madeira foi feito o encaixe da lâmpada; em seguida foi colocada a
Lâmpada UV germicida, o plugue e interruptor liga e desliga; para fazer tampa para proteção
contra radiação da lâmpada UV a caixa foi revestida com 2(duas) cartolinas para a finalização
do esterilizador.
Etapa 3 - Foi realizada a coleta de 1 (um) quilo de caroços de açaí sem polpa em um
ponto de venda no bairro da Pedreira no município de Belém/PA, depois de selecionado os
caroços de açaí foram lavados em água corrente. Em seguida, foram colocados na bandeja de
plástico com exposição ao sol por um período de 12 (doze) horas; Limpeza: Após secos, os
caroços foram friccionados e limpos manualmente, por fim foram colocados no esterilizador
artesanal.
Etapa 4: Finalizado o esterilizador de sementes, os caroços de açaí foram deixados sob
Lâmpada UV germicida 15W durante 15 minutos para a descontaminação (BRASIL, 2006;
SANGIONI et al. 2013). Seguem figuras 14 e 15 do experimento sendo produzido e finalizado.
33

Figura 14: Produção da caixa esterilizadora.

Fonte: Autora, 2021.

Figura 15: Caixa esterilizadora artesanal de sementes.

Fonte: Autora, 2021.

Para que os artesãos fizessem parte do processo de elaboração dessa tecnologia


social,estes seriam capacitados em uma oficina participativa. Entretanto, a partir dos eventos
pandêmicos, as etapas de interação social precisaram ser suspensas, mas de forma
individualizada foi entregue o manual do aluno que contém o passo a passo da confecção da
caixa esterilizadora.
34

Figura 16: Entrega do manual do aluno.

Fonte: Autora, 2021.


Decerto, a apresentação técnica dessa tecnologia social para os artesãos obteve êxito na
questão da interação participativa. Ademais, o uso dessa tecnologia agrega valor econômico à
semente do açaí, como também reduz, reutiliza, recicla, contribuindo para a sustentabilidade
ambiental dentro do município de Belém (PA).

4.2 Coleta e Tratamento de Dados


Quanto ao objetivo específico Analisar a Legislação vigente que dispõe sobre os
resíduos sólidos. foi realizado estudo da Lei nº 12.605 sancionada em 02 de agosto de 2010
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos com base nos seguintes critérios
respectivamente: (1) no que consiste a gestão integrada de resíduos; (2) quem é responsável por
implantar a gestão integrada de resíduos;
Quanto ao objetivo específico avaliar as consequências do descarte incorreto dos
caroços de açaí na cidade Belém(PA), foram consultados a literatura científica especializada
composto pela base de dados de livre acesso Scientific Electronic Library (SciELO, artigos
científicos, dissertações), analisados por meio de leitura crítica.
Para alcançar o objetivo específico Apresentar uma proposta de tecnologia social para
o beneficiamento do caroço do açaí. Foi através de pesquisa de campo realizada na Praça da
República por meio da observação, do registro fotográfico e questionários com artesãos de
35

biojóias. De posse dos dados obtidos na supracitada pesquisa foi realizada a confecção de forma
manual/artesanal de uma caixa esterilizadora de sementes, sendo uma tecnologia social de
baixo custo.

4.3 Aspectos Éticos


Conforme exigência legal, esta pesquisa foi desenvolvida em conformidade com as
normas vigentes expressas na Resolução 196 de outubro de 1996 e resoluções complementares
do Conselho Nacional de Saúde. O termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)-
ANEXO 01- foi entregue aos participantes, foram identificados cinco participantes, os quais
são artesãos e vendem as biojóias na praça dia de domingo, os mesmos ficaram de posse de
uma cópia permanecendo outra com a pesquisadora.

5. RESULTADOS
5.1 Apresentação dos Resultados
Os resultados obtidos mostraram que a biojóia fabricada a partir do caroço de açaí possui
potencial mercadológico (Figuras, 17 e 18). Nesse sentido, os comerciantes do local corroboram
e afirmam, inclusive, que a venda de biojóias é a única fonte de renda que eles possuem. Durante
a entrevista semiestrutura, os artesãos relataram que há dificuldade no beneficiamento do
caroço do açaí para a criação e conservação das biojóias, pois as peças demonstram ao longo
do tempo, uma deterioração que facilmente é observada a olho nu, como consequência muitos
comerciantes desistiram das vendas por conta dos prejuízos, relato este feito pela artesã M.N
proprietária da marca “biojóias da Amazônia”.
Dessa forma buscou-se uma solução para esse processo, uma tecnologia social de baixo
custo, para tanto foi confeccionada uma caixa de forma manual/artesanal para esterilizar as
sementes, permitindo que os artesãos utilizem o caroço já beneficiado e com peças de qualidade
e durabilidade possibilitando que o lucro com a venda seja maior, além de gerar autonomia para
esse artesão.
36

Figura 17: peças de biojóias para venda na Praça da República.

Fonte: Autora, 2021.

5.2 Análise e Discussão dos Resultados


Para a análise do uso da tecnologia social com o aproveitamento comercial do caroço do
açaí para a criação de biojóias, foi realizada através de questionários em uma pesquisa de campo
na Praça da República, onde foi detectado a dificuldade por parte dos artesãos na questão do
beneficiamento do caroço do açaí. Com os dados obtidos na pesquisa e através de Leitura
Científica, foi criada uma caixa esterilizadora de sementes de modo artesanal com uma
lâmpada UV germicida. Estudos evidenciam que esta lâmpada é letal para bactérias, esporos,
vírus, fungos e algas (UEKI et al., 2008), mostrando-se uma forma eficiente e ambientalmente
segura na desinfecção de sólidos e líquidos (ROCHA et al., 2011).
Nesse sentido, oportunizar essa proposta da caixa esterilizadora de sementes com
tecnologia social de baixo custo, permite a criação e conservação das biojóias de alta qualidade,
eliminando fungos e bactérias que reduzem as biojóias em pó. Decerto, não só agrega valor
econômico à semente do açaí, como também reduz, reutiliza, recicla, contribuindo para a
sustentabilidade ambiental dentro do município de Belém (PA).
37

Figura 18: Colar feito com caroço de açaí.

Fonte: Autora, 2021.

O colar da figura 18 é vendido por R$ 35,00 na praça da República.

Figura 19 A variedade artesanal do caroço do açaí.

Fonte: Autora, 2021.


38

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os desafios enfrentados pelo município de Belém-PA em virtude da


grande quantidade produzida de resíduos sólidos no que tange ao caroço de açaí, seria
necessário um gerenciamento eficiente dos gestores municipais e a responsabilidade
compartilhada pela sociedade, conforme prevista após a análise da Lei nº 12.605/10 que dispõe
sobre os resíduos sólidos.
A PNRS aduz que a prioridade são a coleta seletiva e o reaproveitamento dos resíduos,
pois a não coleta faz com que a destinação seja os terrenos baldios, lixões clandestinos e
córregos, poluindo o meio ambientes, proliferando vetores causadores de doenças conforme foi
apresentado nesta pesquisa como consequências do descarte incorreto dos caroços de açaí na
cidade Belém-PA.
O objetivo deste estudo teve por finalidade colaborar com as pesquisas científicas que
buscam minimizar os danos ambientais, propondo uma tecnologia social para o
reaproveitamento do caroço do açaí na fabricação e preservação de biojóias. A metodologia foi
de cunho qualitativo, do tipo experimental tendo sido realizada entrevista semiestruturada entre
os comerciantes que trabalham com as biojóias na Praça da República, em Belém do Pará.
Nesta etapa de interação social, verificou-se que a maior dificuldade na criação de
biojóias está no beneficiamento do caroço do açaí. Dessa forma, visando eliminar
microrganismos como bactérias e fungos presentes nesse resíduo orgânico foi reaplicada uma
tecnologia social da UNISOL. Sendo confeccionada uma caixa esterilizadora de sementes com
uma lâmpada UV- germicida para o beneficiamento do caroço do açaí na confecção e
preservação das biojóias.
Devido aos eventos pandêmico, não foi possível a realização de uma oficina
participativa para a confecção do esterilizador de sementes, pois foi impossibilitada devido a
pandemia do coronavírus (COVID-19). Entretanto, para que a comunidade fizesse parte do
processo de elaboração deste, foi entregue o manual do aluno que contém o passo a passo da
confecção da caixa esterilizadora de sementes.
Dessa forma é importante a continuidade deste estudo que já fora inicializado em relação
ao potencial econômico do caroço do açaí e o uso da tecnologia social, valorizando esse recurso
natural pode-se ajudar a comunidade que ganha autonomia e contribui para a sustentabilidade
dentro da cidade de Belém-PA.
39

REFERÊNCIAS

ABNT NBR 10004: Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro-RJ, 2004.


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.

ABRELPE, 2019. Os descaminhos do lixo, Associação Brasileira das Empresas de Limpeza


Pública e Resíduos Especiais.
Disponível em https://abrelpe.org.br/brasil-produz-mais-lixo-mas-nao-avanca-em-coleta
seletiva Acesso em: 18 Set. de 2020.

ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.


(2020). ABRELPE NO COMBATE A COVID -19. Disponível em:
https://www.cnm.org.br/cms/images/stories/comunicacao_novo/links/RecomendacoesABRE
LPE_COVID19_23mar.pdf Acesso em: jan de 2021.

ADEPARÁ, 2017. Açaí: riqueza do Pará com mercado garantido dentro e fora do Brasil.
Disponível em: http://www.adepara.pa.gov.br/artigos/a%C3%A7a%C3%AD-riqueza-do-
par%C3%A1-com-mercado-garantido-dentro-e-fora-do-brasil Acesso em: dez de 2020.

BARTOLOMEU, A.; Barral, B. P.; Américo, M. Do C. Botelho, J. B. Módulo para


comercialização do açaí em espaços urbanizados. 2º SNCS- Seminário Nacional de
Construções Sustentáveis. Passo Fundo RS. 2013.

BAVA, Silvio C. Tecnologia social e desenvolvimento local. In: FUNDAÇÃO BANCO DO


BRASIL (org.) Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: FBB,
2004. p.103-16

BELÉM. Lei Municipal Ordinária N.º 9656, de 30 de dezembro de 2020. Institui a Política
Municipal de Saneamento Básico do Município de Belém, o Plano Municipal de Saneamento
Básico (PMSB), e o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS), em atenção ao
disposto no Art. 9º da Lei Federal nº 11.445/2007, com as atualizações trazidas pela Lei nº
14.026/2020, o Novo Marco do Saneamento Básico, e dá outras providências. Disponível em
http://www.belem.pa.gov.br/semaj/app/Sistema/view_lei.php?lei=9656 & ano= 2020 & tipo=1
Acesso em jan. de 2021.

BELÉM. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Saneamento - SESAN. Plano de


Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGIRS. Belém, 2011.

BRASIL. Biossegurança em laboratórios biomédicos e de microbiologia. Ministério da Saúde.


Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. 3ª ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 290p.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Diário Oficial [da] República


Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 2010.
40

BRASIL. LEI Nº 14.026, DE 15 DE JULHO DE 2020. Atualiza o marco legal do saneamento


básico. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2020/lei/l14026.htm Acesso em: 20 de dez. 2020

BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos: Lei nº 12.305 de 02 de agosto de 2010

CANTO, S. A. E. 2001. Processo Extrativista do Açaí: Contribuição da Ergonomia com Base


na Análise Postural Durante a Coleta dos Frutos. Dissertação. Programa de Pós Graduação em
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina. 114.

CARNEIRO, Paulo F. Norat. Apostila Resíduos Sólidos e Limpeza Pública Belém – 2007.

CONAB, 2019. Proposta de preços Mínimos. Disponível em:


http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_08_19_09_15_16_proposta_preco_
minimo__sociobiodiversidade.pdf . Acesso em: 10 de nov. de 2020.

CORRÊA, R. 2017. II Fórum Econômico do Açaí debate aproveitamento e comercialização


do fruto. secretaria municipal de Economia. Disponível em:
http://www.belem.pa.gov.br/secon/site/author/imprensasecon Acesso em: nov. de 2020.

COUTINHO, R. V. 2017. A exploração do açaí como alternativa para o desenvolvimento


econômico da Amazônia Legal: estudo de caso do estado do Pará (1990- 2010).
http://repositorio.ufrr.br:8080/jspui/browse?type=author&value=Coutinho%2C+Rebeca+Ven
ancio Acesso em: dez.. de 2020.

DAGNINO, R (2007) Um Debate sobre a Tecnociência: Neutralidade da Ciência e


Determinismo Tecnológico. Unicamp. São Paulo, Brasil. 206 pp.

.DIEESE, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, 2019.


Alimentos in natura aumentam em fevereiro. Disponível em:
https://www.dieese.org.br/analiseicv/2019/201902analiseicv.html Acesso em: dez. de 2020

EMBRAPA, 2020. Padrões de identidade e qualidade mínima para a polpa de açaí .Disponível
em:
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/PIQ_ACAI_000gbz55aph02wx5ok01dx9
lc1b3wlho.pdf Acesso em dez. de 2020.

FARIAS NETO, J.T. RESENDE, M.D.V.; OLIVEIRA, M.S.P.; NOGUEIRA, O.L.; FALCÃO,
P.N.B.; SANTOS, N.S.A. Estimativa de parâmetros genéticos e ganhos de seleção em
progênies de polinização aberta de açaizeiro. Rev. Brasil. Frutic Jaboticabal, v.30, n.4, 1051-
1056,2008. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/29035/1/a35v30n4.pdf Acesso em 10 de
nov. de 2020.

FBB, Fundação Banco do Brasil. Tecnologia Social: uma estratégia para o desenvolvimento.
Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil, 2004.

FELIX, Ana. Identificação e desenvolvimento de técnica alternativa de controle de fungos em


sementes utilizadas no artesanato, 2007. Tese (Mestrado em Fitopatologia) - Universidade de
Brasília, Instituto de Ciências Biológicas. Brasilia, p.49.2007.
41

FONSECA, Iniciação ao Estudo dos Resíduos Sólidos e da Limpeza Urbana: A União.


1999.122p.

FONTES, E..; RIBEIRO, F. Os trabalhadores do açaí na Amazônia: cotidiano, natureza,


memória e cultura. Revista História Oralrevista.historiaoral.org.br, 2012.

FURTADO, Adrielson, 2009. Açaí (Euterpe oleracea Mart.): Sobrevivência alimentar e


econômica dos ribeirinhos de Ananindeua, Disponível em:
https://8frenovaveis.wordpress.com/o-ciclo-da-biomassa. Acesso em: 22 de ago. de 2020.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008

GOUVEIA, N. Resíduos sólidos urbanos: impactos socioambientais e perspectiva de manejo


sustentável com inclusão social. Ciência & Saúde Coletiva, 17 (6), 2012. p.1503- 1510.
Disponível em:< https://doi.org/10.1590/S1413-81232012000600014.> Acesso em: 02 de nov.
2020.

GREGÓRIO, B. de S.; SANTOS, P. S.; AZEVEDO, G. M. de; SOUZA, J. L. de; Avaliação de


áreas para instalação de aterro sanitário no município de Barreiras, Bahia. Anais XVI Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de
2013, INPE

GUTIERREZ, D. M. D.; OLIVEIRA, F. R. M; Tecnologias para inclusão social: experiências


contemporâneas do INPA em extensão com foco nas tecnologias sociais. -- Manaus : Editora
INPA, 2018. 39 p. : il. color.

HOMMA, A. K. O. et al. Açaí: novos desafios e tendências. Amazônia: Ci. & Desenv., Belém,
v. 1, n. 2, jan./jun. 2006.

ITS. Tecnologia Social no Brasil: caderno de debates. Instituto de Tecnologia Social, 2004.
JACOBI, P. R.; BESEN, G. R. Gestão de resíduos sólidos na Região Metropolitana de São
Paulo - avanços e desafios. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v.20, n.2, 2006.

JÚNIOR & CORRÊA. (2018). Gestão Integrada dos resíduos sólidos na região metropolitana
de Belém-PA na perspectiva da inclusão social. Disponível em
http://www.ibeas.org.br/conresol/conresol2018/VIII-013.pdf

LUCKE, S. A. O resíduo sólido urbano como fonte renovável para geração de energia elétrica:
aspectos econômicos e sócio-ambientais., Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, pg. 128, 2012.

LUCZYNSKI , Miroslawa. Estudo da viabilidade econômica para a utilização da semente


da Euterpe Oleracea mart. (açaí) como recurso energético– 2008.f.177, enc Dissertação
(Mestrado – Engenharia Civil) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Tecnologia da
UFPA, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Belém, 2008.

MARTINS, M. A.; MATTOSO, L. H. C.; PESSOA, J. D. C. Comportamento térmico e


caracterização morfológica das fibras de mesocarpo e caroço do açaí (Euterpe oleracea
Mart.). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 31, n. 4, p. 1150-1157, 2009.
https://doi.org/10.1590/S0100-29452009000400032
42

MENEZES, G. K.A et al, Gestão dos resíduos de caroços do açaí como instrumento de
desenvolvimento local: o caso do Município de Ananindeua- PA, UNAMA, (2017),

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. (2007): Gestão adequada dos resíduos gerados. Site
oficial do Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: < http://a3p.mma.gov.br/gestao-
adequada-dos-residuos-gerados/

MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARÁ (MPPA). Disponível em: <


https://www2.mppa.mp.br/noticias/prefeitura-de-belem-nao-acata-recomendacao-do-mppa-
sobre-aterro-sanitario.htm Acesso em 07 de nov.2020.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ (MPPA,2020a).O MPPA recomenda que


Prefeituras informem população sobre situação do Aterro de Marituba. Disponível em:
https://www2.mppa.mp.br/noticias/mppa-recomenda-que-prefeituras-informem-populacao-
sobre-situacao-do-aterro-de-marituba.htm Acesso em 07 de nov.2020.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ (MPPA,2020b). DECISÃO


INTERLOCUTÓRIA – MANDADO. Disponível em:
https://www2.mppa.mp.br/data/files/20/A2/96/0E/B0BD4710D8643747180808FF/Decisao%
20clausula%204.5.pdf

MONTEIRO et al 2017 Resíduos produzidos pelos processadores de açaí na região


metropolitana de Belém e avaliação do seu potencial energético

NETO, S.N., Souza, T. et al. Avaliação da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos
no Brasil. 2014, p. 3811. Revista Monografias Ambientais - REMOA v.13, n.5, dez. 2014,
p.3809-3820. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/287708370 Acesso 01
de dez. 2020. Acesso em 07 de nov.2020

NOGUEIRA, L. O. et al. A cultura do açaí. Coleção Plantar. Brasília. EMBRAPA-SP, 1995,


50p..

NOGUEIRA, O.L.; HOMMA, A.K.O. Análise econômica de sistemas de manejo de açaizais


nativos no estuário amazônico. Belém: Embrapa CPATU, 1998. 38p. (Embrapa-CPATU.
Documentos, 128).

NOGUEIRA, O. L; FIGUEIRÊDO, F. J. C.; MULLER, A. A. Açaí. Belém: Embrapa Amazônia


Oriental, 2005.137 p. (Embrapa Amazônia Oriental. Sistemas de Produção). Disponível em:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/408196 Acesso em nov.2020

OLIVEIRA, M. do S. P. de; NETO, J. T. de F.; PENA, R. da S. Açaí: técnicas de cultivo e


processamento. Fortaleza: Instituto Frutal, 2007. Disponível em:
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Cursoacai_Frutal_2007_000gbz4ubex02w
x5ok01dx9lc36pq0js.pdf Acesso em dez..2020

PARÁ. Governo do Estado. Programa Estadual de Qualidade do Açaí. Belém, 2007. 18 p.

PESSOA, j. d. c.; silva, p. v. da s. Açaí (Euterpe oleracea) fruit water uptake during storage and
pre-processing. Fruits, Paris, v. 62, n. 5, 2007.

PESSOA, J. D. C.; ALMEIDA, G. H. de. Tecnologias para inovação nas cadeias euterpe.
Teixeira editores. Brasília, DF: Embrapa, 2012.
43

ROCHA, B. C. C. M.; REIS, R. P. A.; ARAÚJO, J. V. G. Avaliação de sistema de tratamento


de água de chuva coletadas em telhado de cimento amianto, utilizando filtração e desinfecção
por UV e cloro. Revista Eletrônica de Engenharia Civil, v. 1, n. 3, p. 12-18, 2011.

ROGEZ, H. Açaí: preparo, composição e melhoramento da conservação. Belém-PA:


EDUFPA, 2000. 312p

SANGIONI, L. A.; PEREIRA, D. I. B.; VOGEL, F. S. F.; BOTTON, S. A. Princípios de


biossegurança aplicados aos laboratórios de ensino universitário de microbiologia e
parasitologia. Ciência Rural, v. 43, n. 1, 2013.

UEKI, S. Y. M.; CHIMARA, E.; YAMAUCHI, J. U.; et al. Monitoramento em cabine de


segurança biológica: manipulação de cepas e descontaminação em um laboratório de
micobactérias. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 44, n. 4, p. 263-269,
2008.

ANEXO 01- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

MEC – SETEC – SESU


44

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E


TECNOLOGIA DO PARÁ.

NOME DO SERVIÇO DO PESQUISADOR

Pesquisadores Responsáveis: Caroline Dayane Saldanha de Siqueira

Endereço: Avenida Presidente Vargas, 814.

CEP: 66017060

Fone: (91) 984731284

E-mail: siqcaroline@gmail.com

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “GESTÃO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA E O USO DA TECNOLOGIA
SOCIAL PARA O APROVEITAMENTO COMERCIAL DO CAROÇO DO AÇAÍ”. Neste
estudo pretendemos:

• Identificar os principais pontos de venda de biojóias que trabalham o caroço de açaí;

• O potencial econômico com a venda de biojóias do caroço do açaí;

• Uso da tecnologia social como uma das soluções para o destino de resíduos sólidos
provenientes do processamento do açaí no município de Belém/PA;

• Analisar a percepção dos artesãos sobre o descarte do caroço do açaí e seu uso para biojóia.

Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem
financeira. Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará
livre para participar ou recusar-se a participar.

Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento.

A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou


modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador.

O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da
pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua
participação não será liberado sem a sua permissão.

O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será
arquivada pelo pesquisador responsável no IFPA/Campus Belém e a outra será fornecida a
você. Caso haja danos decorrentes dos riscos previstos, o pesquisador assumirá a
responsabilidade pelos mesmos. Eu, ____________________________________________,
portador do documento de Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos
do estudo “GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA E O USO
DA TECNOLOGIA SOCIAL PARA O APROVEITAMENTO COMERCIAL DO CAROÇO
45

DO AÇAÍ”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer
momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim
o desejar. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de
consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas
dúvidas. Belém, _________ de __________________________ de 2021.

Nome Assinatura participante:

Data_/_/_

Nome Assinatura pesquisador:

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar a
Coordenação em Tecnologia Social em Saneamento, Saúde e Ambiente na Amazônia do
IFPA/Campus Belém. Campus Belém Av. Alm. Barroso, 1155 - Marco, Belém - PA, 66093-
020 E-mail: natalia.cavalcanti@ifpa.edu.br

ANEXO 02- MANUAL DO ALUNO


46
47

Materiais:

1. Uma caixa de feira (madeira) ou Caixa de papelão (sugestão de medidas para caixa
altura 20cm x largura 51cm x profundidade 33cm).
2. Duas Cartolinas e cola branca
3. Lâmpada UV germicida 15W
4. Plugue e interruptor liga e desliga
5. Fita isolante
6. Grampeador e grampo
7. Bandeja Plástica

Etapa 01:
- Forrar a caixa;

- Revestir o caixote com papelão, após utilizar a cartolina para revestir o interior do
caixote.

Figura 01: Alguns dos materiais utilizados.

Fonte: Autora, 2021.

Figura 02: Forrar o caixote com papelão e cartolina.


48

Fonte: Autora, 2021.

Etapa 02:
- Posicionar a lâmpada para o devido encaixe dentro do caixote, passando a fiação no
seu interior;

- Conectando ao interruptor.

Figura 03: Posicionamento da lâmpada no caixote.

Fonte: Autora, 2021.

Figura 04: Fiação conectada ao interruptor.


49

Fonte: Autora, 2021.

Etapa 03:
- Manipulação do caroço de açaí;
- Após a lavagem dos caroços, e deixar 12 horas em exposição ao sol para secar.

Figura 05: Lavagem do caroço do açaí.

Fonte: Autora, 2021.

Etapa 04:
50

- Espalhar os caroços de açaí em uma bandeja plástica e levar a radiação da luz UV por
cerca de 15 minutos para que sejam esterilizados.
- Após o processo de esterilização armazenar os caroços em local arejado e pronto para
seguir as outras etapas para confecção das biojóias.

Figura 06: Esterilização dos caroços de açaí.

Fonte: Autora, 2021.

Você também pode gostar