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CAMPUS BELÉM
DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E INOVAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIA SOCIAL EM SANEAMENTO, SAÚDE E AMBIENTE
NA AMAZÔNIA
BELÉM
2021
CAROLINE DAYANE SALDANHA DE SIQUEIRA
BELÉM
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
__________________________________________________________
Orientador(a): Profª. Drª. Natália Conceição Silva Barros Cavalcanti
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Belém
_________________________________________________________
Membro: Profª. MSc. Tatiana Pará Monteiro de Freitas
Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – Campus Castanhal
_________________________________________________________
Membro: Profª. Drª. Thais Gleice Martins Braga
Instituição: Universidade Federal Rural da Amazõnia– Campus Capanema
RESUMO
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………..11
1.1 Contextualização e Problematização……………………………………………….11
1.2 Objetivos………………………………………………………………………....…...12
1.2.1 Objetivo Geral………………………………………………………………….…….12
1.2.2 Objetivos Específicos………………………………………………………….……..12
1.3 Justificativa…………………………………………………………………………...12
1.4 Estrutura……………………………………………………………………….….….12
2. REVISÃO DA LITERATURA………………………………………………………..13
2.1 A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS)........................................................13
2.2 A Gestão dos Resíduos Sólidos no Município de Belém-PA…………………….........16
2.3 Tecnologia Social: Caminho para a sustentabilidade………….……………….……18
3. O Estudo do Açaí na Região Amazônica……………………………………………..19
3.1 Período de Produção do Açaí……………………………………………………….....24
3.2 Aspectos Econômicos………………………………………………………………....24
3.3 Preços Nacionais……………………………………………………………………....26
3.4 Coleta e transporte do caroço do açaí e suas consequências do descarte incorreto na cidade
Belém-PA.…………………………………………………………………………….…...26
3.5 Os comerciantes (batedores) de açaí ……………………………………………...…..29
4. METODOLOGIA……………………………………………………………….…….31
4.1 Tipo de Estudo…………………………………………………………………….…..31
4.2 Coleta e Tratamento de Dados………………………………………………….……..34
4.3 Aspectos Éticos……………………………………………………………………….35
5. RESULTADOS………………………………………………………………………..35
5.1 Apresentação dos Resultados………………………………………………………...35
5.2 Análise e Discussão dos Resultados……………………………………………...…..36
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………..…….38
REFERÊNCIAS…………………………………………………………………..……..39
ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO….....…44
ANEXO 2 - MANUAL DO ALUNO………………………………………………..…..46
11
1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização e Problematização
A Lei Federal nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), referenda os princípios, objetivos e instrumentos que definem aspectos de gestão e
gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil. Em seu art. 3°, inc. XI define gestão como um
“conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para o resíduos sólidos, de forma a
considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, como controle social
e sob a premissa do desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2010).
A gestão dos resíduos sólidos sob a premissa do desenvolvimento sustentável é um
grande desafio, muitos municípios como a cidade de Belém/PA enfrentam essa problemática
dos resíduos sólidos ainda de maneira incipiente e a situação na referida cidade agrava-se com
o fechamento do aterro sanitário do Município de Marituba previsto para agosto de 2023. O
Ministério Público do Estado do Pará tem feito recomendações para os gestores municipais na
busca por uma solução definitiva dentro do âmbito legal (MPPA, 2020a).
Gouveia (2012, p.1506), ao se referir sobre a disposição dos resíduos sólidos afirma que
“sua disposição no solo, em lixões ou aterros, por exemplo, constitui uma importante fonte de
exposição humana a várias substâncias tóxicas”. É inconteste que o descarte inapropriado dos
resíduos sólidos configura uma situação problemática, o destino final desses resíduos também
é uma questão social, em face de os “lixões” tornarem-se ao longo dos anos uma fonte de renda
para as pessoas que trabalham e moram nas adjacências.
Por conta disso, sabendo-se que o descarte irregular dos resíduos sólidos como o do
caroço do açaí acarreta danos ao meio ambiente buscou-se investigar e responder às seguintes
perguntas: Quais as consequências do descarte incorreto dos caroços de açaí na cidade Belém-
PA? Qual alternativa de aproveitamento destes resíduos orgânicos pode atenuar os impactos
ambientais gerados?
Mediante a este problema ambiental, percebeu-se uma possibilidade do uso da
tecnologia social para fazer o reaproveitamento dos resíduos do caroço do açaí para a criação
de biojóias, sendo economicamente viável e reduzindo o volume dos resíduos gerados. Para a
Fundação Banco do Brasil, as Tecnologias Sociais podem coadunar saber popular, organização
social e conhecimento técnico-científico. Fundamentalmente que sejam efetivas e reaplicáveis,
proporcionando desenvolvimento social em escala (FBB, 2004).
12
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Apresentar a tecnologia social como uma das soluções para o destino de resíduos sólidos
provenientes do processamento do açaí no município de Belém/PA.
1.3 Justificativa
Na cidade de Belém/ PA, a cadeia produtiva do açaí origina toneladas de resíduos
orgânicos que no caso é o caroço do açaí, por não ter uma coleta adequada esses resíduos são
jogados em locais que viram lixões a céu aberto prejudicando a saúde pública de quem mora na
localidade. Diante da destinação inadequada do caroço do açaí e os impactos ambientais
causados, a relevância dessa pesquisa realizada está ligada, respectivamente, à saúde, a
sustentabilidade, e ao uso da tecnologia social como solução possível no reaproveitamento para
o caroço do açaí contribuindo para o desenvolvimento econômico, ambiental e social. Ademais,
a política Nacional de Resíduos Sólidos determina que o destino final desse tipo de resíduo
deve ser em local ambientalmente adequado e de modo a evitar danos ou riscos à saúde e
minimizar impactos ambientais, devendo inclusive ser tomado medidas de reutilização,
reciclagem, compostagem, recuperação, aproveitamento energético ou outras destinações
(BRASIL, 2010).
1.4 Estrutura
O trabalho está dividido em mais quatro seções além desta. Na sequência desta, está a
seção 2, Revisão da Literatura na qual são destacadas 2.1 A Política Nacional dos Resíduos
Sólidos (PNRS), 2.2 A Gestão dos Resíduos Sólidos no Município de Belém-PA.
Na seção 3- O Estudo do Açaí na Região Amazônica na qual são destacadas 3.1-
Período de Produção do Açaí, 3.2- Aspectos Econômicos 3.3- Preços Nacionais 3.4- Coleta e
transporte do caroço do açaí e suas consequências do descarte incorreto na cidade Belém-PA.
3.5- Os comerciantes (batedores) de açaí.
13
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS)
Em 2010, a Lei n° 12.305 foi sancionada e a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi
instituída, regulamentada pelo Decreto n° 7.404/10. A PNRS dispõe sobre a gestão integrada
de resíduos sólidos nos municípios brasileiros, insta observar que a supracitada Lei foi resultado
das discussões de caráter políticos, econômicos e sociais consequentes dos impactos causados
ao meio ambiente. Em seu art. 3° XVI distingue resíduo que é o material que pode ser
aproveitado, de rejeito que é o material que não pode ser aproveitado. Definindo resíduos
sólidos como:
Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado
a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.
Decerto, a gestão desses resíduos deve ser trabalhada para que sua destinação e
disposição final sejam ambientalmente corretas, socialmente justas e economicamente viáveis.
A PNRS classifica a periculosidade dos resíduos segundo a origem, esses resíduos sólidos têm
origem diferenciadas e diferentes características, a gestão dos diversos resíduos tem
responsabilidades estipuladas em legislações específicas e requer um sistema diferenciado de
coleta, tratamento e disposição final. Além da gestão adequada dos resíduos gerados por suas
atividades, o poder público também deve regular o fluxo de resíduos dos municípios (JACOBI
e BESEN, 2006).
A Figura 1 é uma proposta abrangente de gestão de resíduos sólidos, apresentando os
procedimentos a serem realizados antes que os resíduos cheguem ao seu destino final.
14
II - até 2 de agosto de 2022, para Municípios com população superior a 100.000 (cem
mil) habitantes no Censo 2010, bem como para Municípios cuja mancha urbana da
sede municipal esteja situada a menos de 20 (vinte) quilômetros da fronteira com
países limítrofes;
III - até 2 de agosto de 2023, para Municípios com população entre 50.000 (cinquenta
15
Além disso, a supracitada Lei referenda cobrança dos serviços de coleta de lixo, sob
pena de renúncia de receita:
Art. 35. As taxas ou as tarifas decorrentes da prestação de serviço de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos considerarão a
destinação adequada dos resíduos coletados e o nível de renda da
população da área atendida, de forma isolada ou combinada, e
poderão, ainda, considerar:
§ 2º A não proposição de instrumento de cobrança pelo titular do
serviço nos termos deste artigo, no prazo de 12 (doze) meses de
vigência desta Lei, configura renúncia de receita e exigirá a
comprovação de atendimento, pelo titular do serviço, do disposto no
art. 14 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000,
observadas as penalidades constantes da referida legislação no caso
de eventual descumprimento.
Em que pese, a Lei estipular prazos, cobranças ou até mesmo punições aos gestores
municipais, se faz necessário contar com equipes técnicas, além de recursos financeiros para
essa problemática ambiental que vem se impondo cada vez mais nos instrumentos normativos,
sejam eles nacionais ou internacionais dando margem ao surgimento de tratados e convenções.
Insta observar que na Carta Magna da República Federativa do Brasil, insculpido em
seu art. 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. É,
portanto, o primeiro momento em que o constituinte busca resguardar constitucionalmente o
direito ao meio ambiente, meio ambiente este que tem por objetivo o desenvolvimento do
indivíduo. Da análise da previsão normativa do art. 225 da nossa Carta Política, verifica-se
desde logo, portanto, que em se afirmar que “todos” possuem direito a um meio ambiente
ecologicamente equilibrado, tratando-se, portanto, de bem de uso comum do povo e essencial
16
a este.
Nesta senda, o Brasil através da Política Nacional dos resíduos sólidos resta inconteste
a busca incessante de conceder maior proteção e tutela jurídica ao meio ambiente. Nesse
diapasão, o avanço de políticas públicas, bem como a participação da sociedade são
fundamentais para solucionar os entraves para a prática da Lei.
Nesse sentido, o Ministério Público em sua função de custus legis (fiscal da lei) ajuizou
um processo que tramita na 1ª Vara Cível e Empresarial de Marituba para Cumprimento de
Título Executivo Judicial em face dos municípios supracitados, “objetivando as soluções
definitivas para deposição dos resíduos sólidos de cada município” (MPPA, 2020b).
No município de Belém, o órgão gestor e operacional dos serviços ligados a manejo de
resíduos sólidos urbanos e limpeza urbana é a Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN),
embora a coleta tenha como prioridade os resíduos da construção civil, outros tipos são
eventualmente coletados juntos: pneus, caroço do açaí, etc. A ausência de uma coleta seletiva
ratifica que o poder público municipal precisa de planejamento em todas as áreas, tendo como
base o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos- PMGIRS. A Lei Ordinária
Municipal de Belém n.º 9656 /20 em seu Art.110 referenda a importância desse instrumento:
A palmeira do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma planta típica do estuário amazônico
e pertence à família das palmeiras, pode ser observada em solo sólido e solo de várzea, que é a
típica área alagada da região e duas variedades de frutas são encontradas: preta (ou roxa) e
verde. A primeira categoria domina e é consumida em grandes quantidades pelos moradores,
principalmente na Grande Belém. Sua polpa é preta e brilhante, bem conhecida dos
consumidores. Por outro lado, o verde tem uma polpa transparente, que produz açaí branco,
sendo que este é consumido em menor escala (ROGEZ, 2000).
O epicarpo do fruto é uma camada fina, o mesocarpo tem uma espessura de apenas um
a dois milímetros, e o núcleo representa cerca de 85-95% de seu volume (Figura 5). O suco de
açaí, ou simplesmente açaí, é preparado por maceração dos frutos em água morna, triturando-
22
os para esmagar a polpa amolecida (Figura 6) com posterior adição de água e filtração do suco
(ROGEZ, 2000).
Fonte: Canto,S.A.E.2001.
Em que pese, a existência da máquina elétrica do açaí onde o fruto geralmente é deixado
24
imerso em água para o seu amolecimento, tendo um melhor aproveitamento na hora de “batida”.
Em alguns municípios há o uso de técnicas manuais.
O açaizeiro inicia seu ciclo de produção de frutos a partir dos 3 ou 4 anos de idade
(OLIVEIRA et al, 2007). A produção anual de cachos frutíferos por Touceira depende da
fertilidade, umidade do solo e luminosidade.
Nas áreas de várzea do estuário amazônico há duas épocas diferentes quanto a produção
de frutos, sendo eles: a safra de inverno (período chuvoso) em que os frutos apresentam-se em
diferentes estágios de maturação, sendo considerado um açaí de qualidade inferior; e a safra de
verão (poucas chuvas) em que a produção do açaí chega a ser até três vezes maior que o da
safra anterior. Nesta safra os cachos e frutos apresentam tamanhos semelhantes. Os frutos
possuem coloração vermelho-arroxeada e este açaí é considerado de qualidade superior e o ideal
para a colheita (LUCZYNSKI, 2008).
Então, pode-se dividir os períodos de produção da seguinte forma: alta safra –
entressafra- baixa safra, contendo uma significativa queda no valor ($) do produto ao decorrer
da alta safra. A entressafra ocorre geralmente no período de maior chuva em nossa região,
dificultando a colheita, logo, decrescendo a sua produção. A baixa safra acontece quando as
chuvas reduz sua intensidade, possibilitando a colheita do fruto, contudo a qualidade não é
muito boa, portanto para o açaí ter uma produção excelente o fruto tem que estar seco, os
produtores costumam dizer "safra" quando se referem ao período de alto rendimento de suas
plantações ou municípios (LUCZYNSKI, 2008).
O açaí é hoje a mais conhecida das frutas típicas da região Norte, pelo sabor e valor
nutricional, tem um alto consumo na região metropolitana de Belém, é uma fruta de valor
econômico e cultural, uma importante fonte de renda e emprego, levando à conquista de novos
mercados, sendo de fundamental importância para a economia da região Norte do país
(COUTINHO, 2017). No Estado do Pará a demanda local é abastecida por processadores
informais denominados de batedores, a produção do açaí é uma atividade que gera renda e
empregos diretos e indiretos através da comercialização, extração, transporte dos frutos e
produtos derivados a base de sua economia nos municípios do Pará (NOGUEIRA e HOMMA,
1998):
25
Após a extração da polpa, as sementes são descartadas e armazenadas em sacos nas ruas
das cidades. Segundo Fonseca (1999), os limites máximos aceitáveis de peso e de volume dos
resíduos sólidos a serem coletados regularmente são estabelecidos por normas municipais que
devem refletir as peculiaridades locais, orientando e educando a população, cuja colaboração é
fundamental para a boa execução das atividades. Um incorreto acondicionamento acaba
retardando o serviço, logo, custando mais caro, recipientes inadequados ou improvisados
(muito pesado, pouco resistente ou fechado incorretamente), com materiais sem a devida
proteção, elevam o risco de acidentes de trabalho (CARNEIRO, 2007).
Martins et al. (2009, p.1) afirmam que “a agroindústria do açaí gera uma grande
quantidade de resíduos, constituída de caroços e fibras, o que é um grave problema ambiental
e de saúde pública”. Não restam dúvidas da preocupação do destino final desses resíduos, pois
uma gestão ineficiente dos resíduos sólidos tem levado à degradação do meio ambiente.
A Prefeitura Municipal de Belém (PMB) não possui uma coleta específica para resíduos
sólidos como o do caroço do açaí, a coleta é feita pela Secretaria de Saneamento (SESAN)
apenas por uma caçamba, disponibilizada para a retirada desse resíduo das vias públicas. Os
caroços são tratados como lixo urbano, visto que é despejado em via pública, próximo dos locais
de venda, utilizado como aterro em construções ou simplesmente despejado em lixões.
Menezes et al (2017) alude sobre o assunto:
Como grande parte dos caroços de açaí são descartados de forma inadequada, grande
parcelas acaba sendo coletada pelo serviço de coleta convencional de resíduos,
ocasionando falha da política pública, visto que além de aumentar o custo operacional
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da coleta municipal de resíduos, sofre sua destinação final no Aterro Sanitário, local
que inviabiliza tanto seu reuso, quanto sua biodegradação. Outra parcela dos caroços
é destinada em logradouros, canais de drenagem urbana e igarapés, o que também
aumenta o custo da limpeza pública.
Figura 10: Descarte irregular do caroço de açaí em canal no bairro da Marambaia, no município de Belém
Elas que eram as responsáveis por debulhar e preparar o açaí para as refeições, uma
tradição, um ofício que a mulher aprendeu no convívio com a floresta. Esse
aprendizado tem suas raízes nas populações interioranas e ribeirinhas, que retiram da
natureza o sustento familiar. Essa população, que tem contato direto com seu meio
ambiente, desenvolveu práticas para o melhor aproveitamento dos recursos naturais.
Figura 11: A habilidade de subir no pé de açaizeiro utilizando apenas uma peconha feita com um pedaço da saca
de açaí.
De acordo com números divulgados pela ADEPARÁ, em 2017: São 10 mil batedores
artesanais de açaí no Estado, a maioria localizada na Grande Belém, gerando cerca de 30 mil
empregos diretos, a estimativa é de que existam mais de 8 mil pontos de vendas de açaí em toda
Belém.
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4. METODOLOGIA
4.1 Tipo de Estudo
A pesquisa em questão foi de cunho qualitativo, do tipo experimental, quando se
determina um objeto de estudo, seleciona-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo,
define-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto
(GIL, 2008). Nesse sentido, foi realizada uma pesquisa de campo na Praça da República do
município de Belém/ PA (Figura 13), entre os comerciantes que trabalham com as biojóias,
com aplicação de questionários estruturados respeitando os preceitos éticos (ANEXO 01).
A motivação para escolha da área de estudo, é dada pela relação da autora com o local.
Tendo em vista que a praça da República, local de entretenimento e lazer fez parte de sua
infância. Não obstante, além desta, foram consideradas as características do local, pois na praça
há a comercialização de biojóias e através de registros fotográficos, evidenciou-se que a
semente do caroço do açaí é usada em muitas peças. Porém, os artesãos relataram que há
dificuldade no beneficiamento do caroço do açaí para a criação e conservação das biojóias, pois
as peças demonstram ao longo do tempo, uma deterioração que facilmente é observada a olho
nu, o processo de beneficiamento é essencial para a durabilidade das peças comercializadas
32
biojóias. De posse dos dados obtidos na supracitada pesquisa foi realizada a confecção de forma
manual/artesanal de uma caixa esterilizadora de sementes, sendo uma tecnologia social de
baixo custo.
5. RESULTADOS
5.1 Apresentação dos Resultados
Os resultados obtidos mostraram que a biojóia fabricada a partir do caroço de açaí possui
potencial mercadológico (Figuras, 17 e 18). Nesse sentido, os comerciantes do local corroboram
e afirmam, inclusive, que a venda de biojóias é a única fonte de renda que eles possuem. Durante
a entrevista semiestrutura, os artesãos relataram que há dificuldade no beneficiamento do
caroço do açaí para a criação e conservação das biojóias, pois as peças demonstram ao longo
do tempo, uma deterioração que facilmente é observada a olho nu, como consequência muitos
comerciantes desistiram das vendas por conta dos prejuízos, relato este feito pela artesã M.N
proprietária da marca “biojóias da Amazônia”.
Dessa forma buscou-se uma solução para esse processo, uma tecnologia social de baixo
custo, para tanto foi confeccionada uma caixa de forma manual/artesanal para esterilizar as
sementes, permitindo que os artesãos utilizem o caroço já beneficiado e com peças de qualidade
e durabilidade possibilitando que o lucro com a venda seja maior, além de gerar autonomia para
esse artesão.
36
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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BELÉM. Lei Municipal Ordinária N.º 9656, de 30 de dezembro de 2020. Institui a Política
Municipal de Saneamento Básico do Município de Belém, o Plano Municipal de Saneamento
Básico (PMSB), e o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS), em atenção ao
disposto no Art. 9º da Lei Federal nº 11.445/2007, com as atualizações trazidas pela Lei nº
14.026/2020, o Novo Marco do Saneamento Básico, e dá outras providências. Disponível em
http://www.belem.pa.gov.br/semaj/app/Sistema/view_lei.php?lei=9656 & ano= 2020 & tipo=1
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PESSOA, J. D. C.; ALMEIDA, G. H. de. Tecnologias para inovação nas cadeias euterpe.
Teixeira editores. Brasília, DF: Embrapa, 2012.
43
CEP: 66017060
E-mail: siqcaroline@gmail.com
O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “GESTÃO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA E O USO DA TECNOLOGIA
SOCIAL PARA O APROVEITAMENTO COMERCIAL DO CAROÇO DO AÇAÍ”. Neste
estudo pretendemos:
• Uso da tecnologia social como uma das soluções para o destino de resíduos sólidos
provenientes do processamento do açaí no município de Belém/PA;
• Analisar a percepção dos artesãos sobre o descarte do caroço do açaí e seu uso para biojóia.
Para participar deste estudo você não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem
financeira. Você será esclarecido (a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará
livre para participar ou recusar-se a participar.
O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da
pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua
participação não será liberado sem a sua permissão.
O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será
arquivada pelo pesquisador responsável no IFPA/Campus Belém e a outra será fornecida a
você. Caso haja danos decorrentes dos riscos previstos, o pesquisador assumirá a
responsabilidade pelos mesmos. Eu, ____________________________________________,
portador do documento de Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos
do estudo “GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA E O USO
DA TECNOLOGIA SOCIAL PARA O APROVEITAMENTO COMERCIAL DO CAROÇO
45
DO AÇAÍ”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer
momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim
o desejar. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de
consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas
dúvidas. Belém, _________ de __________________________ de 2021.
Data_/_/_
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar a
Coordenação em Tecnologia Social em Saneamento, Saúde e Ambiente na Amazônia do
IFPA/Campus Belém. Campus Belém Av. Alm. Barroso, 1155 - Marco, Belém - PA, 66093-
020 E-mail: natalia.cavalcanti@ifpa.edu.br
Materiais:
1. Uma caixa de feira (madeira) ou Caixa de papelão (sugestão de medidas para caixa
altura 20cm x largura 51cm x profundidade 33cm).
2. Duas Cartolinas e cola branca
3. Lâmpada UV germicida 15W
4. Plugue e interruptor liga e desliga
5. Fita isolante
6. Grampeador e grampo
7. Bandeja Plástica
Etapa 01:
- Forrar a caixa;
- Revestir o caixote com papelão, após utilizar a cartolina para revestir o interior do
caixote.
Etapa 02:
- Posicionar a lâmpada para o devido encaixe dentro do caixote, passando a fiação no
seu interior;
- Conectando ao interruptor.
Etapa 03:
- Manipulação do caroço de açaí;
- Após a lavagem dos caroços, e deixar 12 horas em exposição ao sol para secar.
Etapa 04:
50
- Espalhar os caroços de açaí em uma bandeja plástica e levar a radiação da luz UV por
cerca de 15 minutos para que sejam esterilizados.
- Após o processo de esterilização armazenar os caroços em local arejado e pronto para
seguir as outras etapas para confecção das biojóias.