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Quando eu era criança estudei em dois colégios católicos e lembro-me bem das
aulas de religião onde a professora nos empurrava a Bíblia goela abaixo, para o
nosso bem. Os Jesuítas têm uma máxima que diz, entreguem a nós os cuidados
de vossos filhos, até os sete anos, e nos vos devolveremos homens.
Vamos dar uma olhada na moral da Bíblia, pra ver se ela é uma leitura
recomendável.
Reis, II
23 Então subiu dali (Eliseu) à Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns
meninos saíram da cidade, e zombavam dele, dizendo: Sobe, calvo; sobe,
calvo!
Se você é cristão, você acredita na Bíblia como sendo a palavra de deus escrita.
Não importa se escrita pelo próprio deus, como crêem os fundamentalistas, ou
se pela mão do Homem, ditada pelo Espírito Santo, que em suma é o próprio
deus, segundo prega a santíssima trindade. Já se você acha que algo que se
encontra na Bíblia não é a palavra de deus, mas sim textos inseridos pelos
Homens, você então tem a sua fé “abalada” como eu tinha, no fim da década
de oitenta.
Por conta disso, muitos cristãos tentam achar justificativas para tal passagem.
Pois, para um bom cristão, o fato de tal passagem encontrar-se na Bíblia, a faz
ser, obrigatoriamente, verdadeira. Trata-se da palavra de deus, pois, como já
disse, para uma enorme quantidade de gente, a Bíblia foi escrita ou, no mínimo,
ditada por deus, aos Homens. Para estes deus é perfeito, correto e representa
a verdade, a bondade e a justiça. Ele sempre está certo!!!
Então, disse o Senhor: (Não, Abraão não era esquizofrênico. O que acontece é que
naquela época deus falava com as pessoas. Depois do advento da História e da verificação
científica, Ele resolveu se calar)
“Não se ire o Senhor (vejam o medo com que Abraão fala ao “Pai da bondade”), se lhe
falo somente mais uma vez: Se, porventura, houver ali 10?”
Respondeu o Senhor:
Não a destruirei por amor aos 10. v.32. (Realmente Ele é todo piedoso...)
Foi, sem dúvida, pela intercessão de Abraão, que mostrou-se mais razoável que
deus, que a família de Ló fora poupada da destruição. Mas ainda assim, pra não
perder uma oportunidade de fazer sofrer a alguém, deus avisou:
2 Assim diz o Senhor dos exércitos: Castigarei a Amaleque por aquilo que
fez a Israel quando se lhe opôs no caminho, ao subir ele do Egito.
3 Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o
que tiver; não o poupes, porém matarás homens e mulheres, meninos e
crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos.
Em Sodoma e Gomorra deus não fez diferente. Mandou destruir tudo, inclusive
a propriedade e os bens do próprio Ló que, aos Seus próprios olhos, era justo.
Será que Ló era mesmo justo? Veremos a diante.
2
Aqui é importante lembrar que deus, segundo muitos teístas, sabe de tudo o que vai acontecer, antes que
aconteça. Sendo assim ele sabia que a mulher de Ló iria desobedecê-lo...
3
Praticar sexo anal come eles, estando eles, os anjos, no papel do parceiro passivo.
Ló se recusa a deixar dois anjos a mercê de um bando de pervertidos, e ao
invés disso, ele oferece as duas "filhas virgens". Ele diz para o grupo de
estupradores: "fareis delas como bom for aos vossos olhos."
Eu tenho certeza que muitos cristãos vão encontrar uma maneira para justificar,
tanto o fato de Ló ter entregue suas duas filhas virgens para que fossem
estupradas por uma multidão colérica, (Imaginem a cena, o terror nos olhos
das meninas, a dor, o martírio...), quanto pra justificar o assassinato de crianças
de peito, na tribo de Amaleque, a destruição de toda uma cidade ou a
transformação de uma mulher em sal, pelo simples fato de ela ter olhado pra
trás, com pena e saudade da sua cidade natal e de tudo que havia deixado pra
trás. Isso é o que eu chamo de crença na crença. Vou dar um exemplo do que
consiste a crença na crença.
A maioria das pessoas acha que a democracia é a forma mais justa de filosofia
política. Porém no momento em que essa democracia apresenta uma falha,
essas pessoas apressam-se em escondê-la, por acharem que, apesar de
apresentar falhas, os benefícios de um sistema democrático para o mundo,
superam os poucos defeitos desse sistema. Isso é ter crença na crença. O
mesmo se vê em discussões sobre futebol. O time vai mal, só faz perder, mas o
torcedor apaixonado, mostra convicção ao afirmar que seu time é o melhor
que há. O correto, em quaisquer dos casos, seria apontar as falhas, para que
elas fossem discutidas e corrigidas.
A ciência, por exemplo, age dessa sorte. Se alguém encontra uma discrepância
num livro científico, essa discrepância é investigada e debatida. Se não se
encontra uma justificativa irrefutável para ela ou se o consenso chega à
conclusão que aquilo é, de fato, uma discrepância, o texto é prontamente
corrigido nas edições seguintes. No caso da Bíblia, quando vemos discrepâncias
(centenas delas), somos nós, e não a Bíblia, que devemos ser concertados.
Eu fico pensando naquela menina austríaca que foi seqüestrada pelo próprio
pai, enclausurada por vinte e quatro anos, longe da mãe, do resto da família,
dos amigos, da escola, da sociedade e foi estuprada sistematicamente, quase
que diariamente, pelo próprio pai, chegando a ter tido quatro filhos dessa
relação forçada e incestuosa. Onde estava deus esse tempo todo? Porque Ele
não ajudou a menina? Ou será que ela estava sendo castigada? O que ela fez
pra merecer tamanha punição? E, se ela estava sendo castigada, o que eu
prefiro não acreditar, o que dizer dos filhos inocentes que ela teve e que
também foram obrigados a viver isolados do mundo? Que culpa tiveram essas
crianças para já nascerem marcadas desse jeito, filhas da violência e da
insanidade de um monstro? O pai-avô. Será que essa menina não pediu ajuda a
deus? Mesmo que não houvesse pedido. Será que deus, tão bondoso, não
poderia tê-la ajudado?
Não venha me dizer que nós não sabemos interpretar o que está na Bíblia. Se
deus fez a Bíblia para que a humanidade a usasse como um código de conduta,
porque Ele, com tamanha sapiência, não deu uma mensagem simples, clara e
fácil de ser entendida? A finalidade da Bíblia não é ensinar? Se você ler hoje a
Declaração dos Direitos Humanos você verá que ela está muito, mas muito,
mas muito mesmo, à frente da Bíblia em matéria de justiça, boa conduta e
clareza. A Bíblia, por exemplo, defende e incentiva a escravidão, ditando a te
regras pra a prática.
Os escravos devem estar submissos em tudo aos senhores. Que lhes sejam
agradáveis, não os contradigam, não roubem''. - Tito 2:9-10
- Êxodo 21:2-6
''Servos, sedes submissos, com todo o temor aos senhores, não só aos bons e
humanitários, mas também aos maus''. - I Pedro 2:18
Preste atenção ao que eu digo. Não há nada que justifique a escravidão! Você
pode até dizer que deus falava pra um povo bárbaro, cuja os costumes eram
selvagens e que esse povo não estava preparado para o código de ética que
vivemos hoje. Você pode dizer que a Bíblia foi escrita numa outra época. Se for
assim, se a Bíblia foi escrita para aquela época, sugiro então que a
abandonemos agora e, sobretudo, que não a deixemos acessível às crianças. Se
a Bíblia não foi escrita pra ser eterna, se seus ensinamentos encontram-se hoje
anacrônicos, sugiro então que a deixemos de lado.
Porque deus não colocou na Bíblia nada sobre as orbitas dos planetas? Até que
Galileu postulasse sua teoria, todos acreditavam que a Terra era plana (muitos
inclusive acreditam até hoje). Por que deus não falou nisso na Bíblia? Porque
deus não falou da eletricidade? Da energia elétrica? Porque deus não falou que
as bactérias e vírus transmitem doenças? Centenas de milhões de óbitos e
sofrimento teriam sido evitados (nesses quase 4000 anos de pós-Bíblia), se as
pessoas tivessem tido cuidados simples de higiene. Se o tivesse feito os
mulçumanos hoje comeriam carne de porco, como todo mundo. Porque deus
não falou de genes explicando a transmissão dos caracteres genéticos? Se Ele
tivesse falado disso tudo, numa época onde ninguém conhecia essas coisas,
hoje em dia, após havermos descoberto essas coisas, ninguém mais contestaria
a Sua inteligência e todos chegariam à conclusão que só mesmo um deus seria
capaz de fazer essas antecipações. Porque não falou de democracia? De
diplomacia? Teria evitado muita morte e guerras.
Sabe por que Ele não colocou nada disso na Bíblia? Porque deus não existe e
foram Homens ignorantes que, a mais de 3000 anos, escreveram essas lendas.
Lendas fantásticas nas quais eles acreditavam. Deus é uma criação do Homem
e não o criador deste. Na Bíblia há coisas que a muito tempo vemos que são
pura ficção. O fato de Noé ter colocado um casal de todos os animais do
planeta dentro de uma arca construída à mão, por exemplo, e ter podido
mantê-los por quarenta dias. Eu tenho certeza, que vocês nunca pararam
realmente pra pensar na logística necessária para a realização de um projeto
desse porte.
Eu já ouvi até alguns crentes dizerem: “Espera aí, isso tudo aí, a que você se
refere está no “Velho Testamento”. Nós damos mais atenção ao Novo
Testamento, que é a palavra de Jesus.” Eu então me pergunto. Existem então
dois deuses, o velho e quadrado que ditou o Velho Testamento e o novo, justo
e “moderninho” que ditou o Novo Testamento? Eu que pensava que eles eram
um só... Ou será que deus evoluiu com o tempo? Se sim, então Ele não era
perfeito, pois o que é perfeito não tem mais pra onde evoluir. Ou terá sido o
Homem que evoluiu com o tempo e por isso o discurso de deus, seu “amigo
imaginário”, foi progressivamente mudando de tom? Bom, no próximo texto eu
vou mostrar o quão bonzinho é o Novo Testamento.