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Contemporânea e
Sustentabilidade
Leila Pessoa
Violeta Sutili
1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vários autores.
ISBN 978-65-00-20369-1
Projeto viabilizado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc 14.017 no município de Criciúma-SC 1. Arte contemporânea 2. Moda - Aspectos
ambientais 3. Sustentabilidade I. Sutili, Violeta.
Organizadoras: Leila Pessoa, Violeta Sutili II. Pessoa, Leila.
Diagramação/Design: João F. Maués Araujo
21-61621 CDD-709
Circuito de Arte Contemporânea e Sustentabilidade Índices para catálogo sistemático:
ISBN: 978-65-00-20369-1 (Origem: CBL) 1. Arte contemporânea 709
Violeta Adelita Ribeiro Sutili Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Violeta Sutili, Leila Pessoa Bechtold
Artes
Digital
ISBN atribuído em 2021 | Publicado em 2021
LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS
Histórias sem conteúdo potencialmente
prejudiciais para qualquer faixa etária
ÍNDICE 08 O ARTISTA A
FALAR SOBRE
SUSTENTABILIDADE
17 Biomemórias
Francisco Aurélio de Souza Pereira
28
Crepagem do Pé
Violeta Sutili
12 Diagramando o Tempo
Pandêmico
18 (Ser) Cenário
Laura Goulart
30
E O SAL?
19 Arapuca
Leila Pessoa Bechtold
32
CONTEÚDO DIDÁTICO
13 Bicha do Mato
Audrian Cassanelli
20 Ato Performático,
14 Pequeno Inventário de
Ervas Medicinais
Performances e
Desdobramentos
Maurício Bittencourt
33
SOBRE OS AUTORES E
AUTORAS
Coletivo Inço
15 Tucano-Toco/Quiri-
Quiri
Renata Gordo
16 Grampo
Daniele Zacarão
8 9
Embora a chamada para contribuição de trabalhos em seus métodos
de trabalho aconteçam livremente, neste livro, procuramos explorar
o uso da arte contemporânea no contexto da sustentabilidade, seja
em termos de meio ambiente, trabalho, seguridade social, gênero,
etc. Os trabalhos aqui apresentados em capítulos demonstram
reflexões ou práticas artísticas desenvolvidas de acordo com os
debates propostos ao longo do evento em que se promoveu a
discussão contemporânea sobre sustentabilidade.
- Violeta Sutili
10 11
Diagramando o Tempo Bicha do Mato
Pandêmico
O tempo é gênero gerido O quanto de sentir faz de saudade, TEMPO de
Gênero textual, sentido, sentir? amor, TEMPO de empatia...
intertextual, O quanto de tempo, temos TEMPO de poeira, É TEMPO
Biológico, Social, estado imersos nas estantes de ser paciente e não
Destrutural, do encontro de nós? paciente,
Atemporal, Ancestral. É TEMPO HUMANIZANTE
É TEMPO de travessia, é É TEMPO HUMANIZADOR
Tempo “Eu” TEMPO auto gestante, do
Tempo de temporal parecer, da utopia... Seja TEMPO de você
Temporal de tempo Mas, uma utopia de nós. Se tenha com o TEMPO
Tempo gestacional Ter TEMPO nunca foi
Tempo geracional É TEMPO gerente, gerido tempo
Tempo performático nas correntezas do mar, é
Tempo narrado. TEMPO de se encontrar, O sonoro TEMPO, talvez
AUTOcuidar, é TEMPO fosse medo do mergulho
E assim eu te pergunto o de AUTOconhecimento, Por isso deixe a correnteza
quanto de TEMPO nos AUTOperformar levar...
resta com as nossas e os ...se reencontre com o
nossos? A performance da alma, a tempo que te há
Quem somos nós? sequência das feridas Na gestação de um novo
É TEMPO de chorar, TEMPO EU-VOCÊ que surgirá.
Nome: Audrian Cassanelli
Título da obra: Diagramando o Tempo Pan-
Nome: Ana Caroline Oliveira da Silva
dêmico
Título da obra: Diagramando o Tempo Pandêmico
Técnica: Poesia
Técnica: Poesia
Audrian Cassanelli (1989) é Natural de Xanx-
Soteropolitana, aprendiz da vida, feminista interseccio-
erê-SC. Graduado em Artes Visuais pela UNO-
nal, Bacharela em Cultura, Linguagens e Tecnologias
CHAPECÓ. Atua como Professor-Artista desde
Aplicadas (UFRB), aluna especial de mestrado do Pro-
2011, sua produção é pautada nos seguintes
grama Multidisciplinar de Pós- Graduação em Estudos
temas: autorretrato, fotografia, interior e
Étnicos e Africanos (CEAO-UFBA), integrante do grupo
educação especial. Participou de mais de 50
de pesquisa Direito e Sexualidade (UFBA), integra a
exposições pelo Brasil, além de salões, pre-
equipe Promotoras Legais Populares (Coletivo Madás-
miações, feiras, oficinas, debates e aulas.
UFBA) integrante do Núcleo de Pesquisa e Extensão
em Culturas, Gêneros e Sexualidade (NuCuS-UFBA) nas
linhas de Gênero e Sexualidade na Educação e Processos
de Subjetivação, Raça, Gênero e Sexualidade.
12 13
Pequeno
Inventário de Tucano-Toco/
Ervas Medicinais Quiri-quiri
Nome: Daniela Pinheiro Rinaldi
Nome: Coletivo Inço, Audrian Cassanelli e Diana Chiodelli
Título da obra: Tucano-Toco/Quiri-quiri
Título da obra: Pequeno Inventário de Ervas Medicinais
Técnica: Linoleogravura
Técnica: Ação de escuta e coleta
Médica veterinária, formação voltada para atendimento
Losna, cidrozinho, pariparoba, guanxumba, peludinha e
clínico de animais silvestres, especialmente aves. Comecei
pulmonar. Sálvia, erva Santa Maria, quebra-pedra, palma do
a experimentar a gravura desde dezembro/2019 e tenho
mato e quebra-osso. Erva gorda, erva Raposa, bombinha e
feito como hobby desde então. Moro em Criciúma/SC há 4
alevante. Tudo que é mato é remédio.
anos, mas sou natural de São Paulo/SP.
São os nomes dados por D. Francisca, numa das ações de
escuta, coleta e catalogação de ervas medicinais, a partir
do saber popular, realizadas pelo coletivo Inço, no Oeste
Catarinense.
14 15
G
R
A
M
P
Biomemórias
O Nome: Francisco Aurélio de Souza Pereira
Título da obra: Biomemórias
Técnica: Fotomontagem digital
16 17
Ser Nome: Leila Pessoa Bechtold
Arapuca
Título da obra: Arapuca
Técnica: Desenho Digital e Escrita
Desdobramentos
(HELGUERA, 2011) ou arte socialmente cooperativa (FIN- mais importante da obra. A ideia se torna uma
performatividade do corpo, trazendo questões KELPEARL, 2013). Trata-se de práticas de arte instauradas
como a vulnerabilidade desses corpos, a a partir do encontro com contextos sociais e culturais es-
máquina que faz a arte”. E quando temos uma
experiência do artista como público do seu pecíficos, nas quais os diálogos e as negociações são parte arte em que o conceito é o aspecto mais impor-
trabalho, e por fim trazendo a linguagem da viva e inalienável; somente quando próximas desses con- tante, onde temos foco no processo e no artista,
proposição como alargamento de performance. textos originários essas praticas de arte defrontam-se com
não podemos deixar de perceber que existe um
sua razão e seu sentido.
corpo que se tornará um membro cada vez mais
O presente texto, faz parte de um capitulo de os artistas. (KESTER, 2004. p. 174). presente, pois é ele que, muitas vezes, realiza o
E é nessa relação da prática que busco também
minha monografia de especialização, que tem Ou, conforme Bourriaud (2009. p.31), uma estéti- processo.
conceber o artista como cidadão “distancian-
como objetivo pesquisar o artista como “publi- ca relacional, que “é o conjunto de práticas artísti- do-se da ideia romântica do artista como ser
co” de sua própria obra. Nesse artigo ele sofre cas que tomam como ponto de partida teórico O Corpo Social e Artístico
especial que cria isolado do mundo, na solidão
algumas alterações afim de tentar dar conta e prático o grupo de relações humanas e seu de seu atelier” (PAIM, 2012. p.31.). E por estar
em si mesmo das noções de performance, per- contexto social, em vez de um espaço autônomo Quando falamos de corpo, é preciso entender
presente, criando e vivendo em sociedade, as
formatividade, através de alguns exemplos de e privativo”. Claro que não podemos negar que sua multiplicidade de dimensões, podemos ter
fronteiras entre artista e publico cada vez mais
artistas e teóricos, afim de suscitar uma dis- toda estética e toda arte é relacional, partindo um corpo físico, mental, espiritual, biológico,
se dissolvem.
cussão sobre o tema. Minha experiência com co- do princípio de que a arte fala à um público, e as psicológico, transcendental. Muitas áreas do
A partir do momento em que repercebemos o
letivos de artista vai contaminar minhas referên- experiências deste público influenciam na fruição conhecimento têm suas abordagens diferentes
artista-cidadão, faz-se necessário elucidar que
cias e relações que eu traço entre os conceitos da obra. Bourriaud (2009) reforça esse pensam- para esse corpo. Na visão que pretendo ado-
como cidadãos, nossa vida é cercada de atos
presentes aqui, a começar pela aproximação de ento ao dizer que a arte se apresenta como uma tar nessa pesquisa temos um corpo subjetivo,
performáticos, toda a maneira com que nos ex-
arte-vida, que é de onde parto minha escrita. duração “a ser experimentada”, e também como corpo-imagem, que é influenciado e projetado
pressamos no mundo bem como utilizamos do
A arte contemporânea busca uma aproxi- uma abertura para discussão ilimitada. social e culturalmente:
corpo e da própria expressão para nos comunic-
mação com a vida, e nesse percurso, surgem Tanto a arte dialógica quando a estética rela- ar, são geradores de performatividades. Per- O “corpo” não pode ser tratado pelo historiador simples-
linguagens que se voltam para a cidade e para o cional tem uma maneira bem similar de conceit- formatividades essas que de acordo com Butler mente como biológico, mas deve ser encarado como me-
cotidiano, não só ao público especializado, mas uar a prática artística. Essa tendência da arte de (2000) são os mecanismos de naturalização diado por sistemas de sinais culturais. A distribuição da
sim ampliando esse público e buscando uma explorar um espaço da experiência que atraves- discursiva dos corpos, dos gêneros e dos desejos
função e da responsabilidade entre o corpo e a mente, o
corpo e a alma, difere extremamente segundo o século, a
espécie de arte dialógica: sa os espaços instituicionas e irrompe para através de atos repetitivos ligados às experiên- classe, as circunstâncias e a cultura, e as sociedades com
Uma prática de tomada especial de arte, enfati- novas maneiras de produzir, através de praticas cias sociais dos sujeitos em uma determinada frequência possuem uma pluralidade de significados con-
zando o envolvimento da comunidade e colab- colaborativas e que dialogam e se aproximam cultura. correntes. (PORTER, 1992, p.308 apud LIMA, 2009, p.8)
oração. Em muitos casos, a arte dialógica ou de mais do publico, surge principlmente a partir Percebo que os processos de realização das
base comunitária está interessada na mudança dos anos 60. Indo de acordo com esse pensam- obras dos artistas, são geradores de performa- O corpo tem tanta influência social e cultural
social e envolve a capacitação dos membros da ento é que De Oliveira (2014, p.63) nos diz: tividades, ou muitas vezes de um rompimento que para Foucault (2009) o corpo é constituído
comunidade que se reúnem para criar arte com nesses mecanismos de naturalização citados inteiramente pelo discurso. Assim já traçamos
20
nosso primeiro paralelo, porque a maioria das A partir dessa citação podemos pensar a relação Antonio Manuel, onde ele expôs seu corpo nu
produções contemporâneas são conceituais e do corpo com a sociedade, com as normas. O “[...] pode estar em vários lugares simultaneamente em condição de obra. Apesar de não ter sido
desempenhando funções diferentes. Mas, o principal de
baseadas em discurso, logo o corpo tem em si corpo é o que primeiro sofre a influência (mui- tudo isso são os novos tipos de relação que ela nos faz selecionado pelo júri, esse se mantém como um
características próprias de um processo artístico. tas vezes violenta) da sociedade e das normas estabelecer. ” (COCCHIARALE, 2007, p. 66). trabalho considerado um dos marcos iniciais da
Questionando as regras sociais1 e como elas preestabelecidas. Sofre influência direta das performance.
influenciam o comportamento do corpo temos culturas e tradições muitas vezes sem nem se E a partir desta abertura de possibilidades da
também Bourriaud (2009), que nos questiona dar conta. Sobre essas tradições, Hall nos expli- arte contemporânea é que temos o surgimento
desde os simples costumes até a maneira como ca que: de inúmeros questionamentos sociais, inclusive
somos intimados a conversar em volta de uma os questionamentos sobre os papeis do próprio
bebida (e do quão capitalista e consumista é Tradição inventada significa um conjunto de práticas..., corpo na sociedade. Surgem várias ações artísti-
de natureza ritual ou simbólica, que buscam inculcar
este pensamento de que reuniões entre pessoas certos valores e normas de comportamentos através da cas que têm o corpo como suporte, algumas
tem que se dar com a compra e venda de algo), repetição, a qual, automaticamente, implica continuidade categorizadas apenas como ações, e outras
nos mostrando que estas são também formas com um passado histórico adequado. (HALL, 2005. p.54). como Performance ou Arte Performática (Per-
simbólicas de nosso convívio contemporâneo. formance Art).
Ainda contextualizando este corpo quanto a Para questionar esses valores é que Dewey Ainda de acordo com Cocchiarale (2007, p.36):
seu lugar no mundo, temos na visão de Sander (2010, p.249) nos diz que “a arte nos emancipa
O sujeito, por meio do corpo como suporte e meio de ex-
(2009, p.7): da concepção de que os objetos têm valores pressão, revela uma necessidade latente de querer sig-
fixos e inalteráveis” como as tradições e os cos- nificar, de reconstruir-se por meio de artifícios inéditos,
O corpo: superfície de inscrição dos acontecimentos (en- geradores de significações novas e desencadeadoras de
quanto a linguagem os marca e as ideias os dissolvem), tumes, pois a arte é, intrinsicamente, “um dis-
estados de conjunção ou disjunção com os valores perti-
lugar de dissociação do Eu (ao qual ele tenta atribuir a positivo de experimentação” (idem, p. 46). nentes à sua cultura.
ilusão de uma unidade substancial), volume em perpétua Partindo deste conceito de poder emancipa-
pulverização. A genealogia, como análise da proveniência,
está, portanto, na articulação do corpo com a história. Ela dor da arte citada por Dewey e do corpo-dis- Baseado nessa necessidade de significar e re-
deve mostrar o corpo inteiramente marcado pela história, curso de Bourriaud, percebemos que a arte construir-se vinda do corpo é que percebo que
e a história arruinando o corpo. pode não somente falar sobre o corpo quando a arte performática vem também para trazer
necessário, mas também o tem como recurso, e possibilidades de (re) significação ao próprio
Esse corpo no mundo, na cultura e na história, é então, neste momento, que entramos na arte artista. De acordo com esta percepção, Matesco Figura 1 – Antonio Manuel, O Corpo É a Obra, 1970. Fonte:
é também o corpo do artista, nosso objeto de performática. (2012, p.108), nos ajuda a concluir que “a perfor- http://www.scielo.br/img/revistas/ars/v6n11/07img01.jpg
investigação que vive explorando maneiras de mance busca resolver a contradição que existe
constituir modos de existência ou modelos de A Arte Performática entre o homem e sua imagem especular, e assim Estar nu, reiterando um ponto de vista como
ação dentro da realidade existente, conforme mostra a distancia real entre os programas e as artista, em uma época e com um juri que não
seu próprio ponto de vista ou maneiras de criar No começo dos anos 60 com a transição da arte convenções que já estão instituídos e esse corpo aprovava o trabalho, certamente é um tipo de
fissuras nessa realidade. moderna para a contemporânea, há uma artic- como um “elemento do processo artístico” vulnerabilidade que somente o artista que se
ulação nas criações que proporciona uma maior Um dos marcos inicias da arte performática propõe a mergulhar no ato performático é capaz
Desde que nasce, o ser humano é marcado pelo social, de experimentar. É um ato de tamanha potência.
como se sua nudez natural fosse absolutamente inadmissív- participação/interação do público com as obras. brasileira vem de uma ação ocorrida em 1970,
el, insuportável, vista como perigosa. Logo que a criança De acordo com Cocchiarale a arte contem- no XIX Salão de Arte Moderna do Museu de Arte De grande relevância também para a história
aparece, a sociedade apodera-se dela, manipula-a, veste-a, porânea, Moderna do Rio de Janeiro intitulada O Corpo É da performance temos o artista Joseph Beuys.
forma-a e deforma-a, utilizando algumas vezes até uma cer- A partir da década de 1970, Beuys queria “[...]
ta violência. (BOREL, 1992. p. 15 apud RAMOS, 2011. P.1). a Obra. Esta foi uma ação realizada pelo artista
introduzir uma visão de arte expressa em todas
1 Entendo como regras sociais, uma série de comportamentos esperados dentro de uma sociedade e uma cultura (criadora de performatividades)
as áreas da vida humana (Conceito ampliado de O trabalho da performance funciona como deslocando esse sujeito da linearidade do cotidi- blico por meio de ações físicas ou mentais. O seu
arte) ” (ROSENTHAL, 2011. p. 112). As primeiras um ato de experiência, visto que “Não há outra ano da sociedade e do que é aceito nela, poden- livro de instruções mais famoso é o Grapefruit
obras que realizou foram desenvolvidas no âmb- base capaz de servir de alicerce à teoria estética do ele se sentir envergonhado, ou modificado, que contém peças e instruções para serem real-
ito do movimento Fluxus (fundado por Maciunas senão o reconhecimento de que a arte é pro- ou até mesmo sem coragem de realizar essa izadas das formas que o leitor imaginar.
em 1961) e consistiam em happenings e perfor- duto da interação contínua e cumulativa de um instrução, entre outras infinitas possibilidades.
mances públicas, as quais designava por ações. eu orgânico com o mundo” (DEWEY 2010, p.18). Através deste paralelo, podemos pensar que
As performances que realizava assumiam Essa relação com o mundo vai se conectar dire- a instrução serve como uma válvula de escape,
aspectos de rituais míticos. Durante a ação Como tamente com a vida cotidiana e consequente- ou uma espécie de rompimento desse padrão
explicar pintura a uma lebre morta, de 1965, o mente com as regras sociais. de comportamento social. É visto que temos
artista senta-se com um cadáver de uma lebre ao também na sociedade certas válvulas de escape
colo. Algo, que além de tão chocante para o pú- PROPOSIÇÕES para as regras sociais (como por exemplo estar
blico da época, foi de grande imersão para o artis- bêbado, jogar o jogo da verdade, ou outras for-
ta se propor a estar naquele estado, numa espé- Para uma comparação mais clara com as re- mas de burlar a regra de ordem com outra regra
cie de ritual, reiterando o caráter de experiência gras sociais, dentro da linguagem da perfor- de ordem).
que deixa-se vulnerável á sua própria ação. mance destaco o segmento denominado de Essa ordem artística, que rompe as regras soci-
proposições. De acordo com (MELIM, 2008, ais, pode também reger os próprios artistas que
P.57): executam performance/intervenções/ações para Figura 3 - PEÇA DE VOZ PARA SOPRANO – Instrução de Yoko
Ono. Fonte: https://bit.ly/2TTiu87
que se sintam munidos assim de suas próprias
Entre as múltiplas possibilidades de alargamento da noção de regras numa espécie de oposição que desafia as
performance nas artes visuais, cumpre-nos, ainda, destacar neste O interesse dos artistas pela aproximação com
último segmento os procedimentos que requerem outra ação regras vigentes. a vida, com o cotidiano, é algo recorrente da arte
para a sua realização: o ato (do artista) como ativador de outros Poderia analisar aqui como é a experiência de contemporânea, e nesse livro de instruções de
atos (dos participadores), endereçando de imediato a noção de público, a sensação de realizar algo, uma ordem
Figura 2 – Joseph
obra como proposição ou como instrução.
Yoko percebemos a simplicidade como forma
Beuys, Como vinda da arte, uma ordem vinda de outro lugar. de acessar essa aproximação. Um outro aspecto
explicar pintura a
uma lebre morta, Tema que foi pensando também no meu trabalho da aproximação pode ser percebido através da
Acredito que Proposições, linguagem ampla- experiência, tanto a do público, quanto a que se
1965. Fonte: https:// de conclusão de curso. Onde penso a proposição
pt.wahooart.com/Art. mente utilizada pelo grupo Fluxus2, seja uma das dá ao artista quando ele se propõe como sujeito
como uma maneira de trabalhar questões de
nsf/O/8XYCLZ/$File/ formas em que a individualidade da experiên- da experiência. Como Larossa (2014, p.26) nos
Joseph-Beuys-How-to- identidade dentro da arte contemporânea. Mas
cia acontece de maneira mais explícita. Pois o diz que o “O sujeito da experiência é um sujeito
Explain-Pictures-to-a- para além disso gostaria de pensar o ato da ex-
Dead-Hare.JPG sujeito é colocado no papel de executor. Uma “ex-posto”, com tudo o que isso tem de vulnerab-
periência para o próprio artista. ilidade e de risco”.
vez que consideramos que nossa sociedade é
Uma das artistas mais importantes a participar Percebemos então, através desse pequeno
baseada em ordens/leis/costumes/etiquetas, e,
do Grupo Fluxus, foi Yoko Ono4. Seu processo paralelo entre os artistas e os teóricos, a aproxi-
se sugerimos pensar na instrução3 de uma prop-
artístico é bem variado e atravessa as artes vis- mação entre arte-vida que se dá nos próprios pro-
osição como ordem, por normalmente tratar-se
uais, a música e os movimentos pacifistas e fem- cessos artísticos e a partir disso podemos trazer
de algo inusitado, mesmo que simples, acaba nosso pensamento para esses vários elementos
inistas. Na década de 1950, começou a produzir
2 Fluxus (“fluxo” em latim) foi um movimento artístico de cunho libertário, caracterizado pela mescla suas instruções, que além de valorizar a palavra, que envolvem a criação e a execução de perfor-
de diferentes artes, primordialmente das artes visuais mas também da música e literatura. Teve seu momento mais ativo entre a década de 1960 e déca- projetam a ideia e a participação criativa do pú- mance e também, porque não, das performativi-
da de 1970, se declarando contra o objeto artístico tradicional como mercadoria e se proclamou como a antiarte. dades do corpo na vida.
3 Utilizo aqui “Instrução” como aproximação com a linguagem da proposição, visto que o artista propõe o que vai fazer, mas não tem controle 4 Yoko Ono (1933) é uma artista plástica vanguardista, cantora e cineasta japonesa, radicada nos Estados Unidos. Um dos principais nomes
sobre os resultados da realização da performance. da Arte conceitual, tendo também participado do grupo Fluxus. Para conhecer mais trabalhos acesse: https://yokoonowarzone.com/
La Garta, Nome: Suyan de Melo
Título da obra: La Garta, Laura e Pão
Tramas,
mãos e
redes
Procure
Nome: Renata Gordo
Título: Tramas, mãos e redes
Técnica: Fotografia
noutro
Comecei a pesquisa deste trabalho partindo das
obras de arte da artista Nara Guichon. Conforme
lugar Nome: Suyan de Melo
Título da obra: La Garta, Laura e Pão
Técnica: Assemblagem/Instalação
fui mergulhando e me aprofundando na pesquisa
e no trabalho que a Nara desenvolve, fui vendo Sinopse: A partir da “ocupação” de um antigo armarinho
que as redes de pesca conectam uma rede de madeira encontrado após ter sido descartado em local
de pessoas atentas ao mar e a degradação impróprio, este trabalho convida inicialmente a pensar
ambiental. Nesse mergulho, me vi como mais sobre o ato tão corriqueiro do descarte, quando se pode
uma das mãos que tramam essa história de escolher reusos para os mais diversos artefatos. Traz
cuidado com o mar e com as relações humanas. elementos como flores (feitas com papel de uma antiga
“enciclopédia de moral e civismo” e metal de espirais de
cadernos velhos), vasos (de vidros de esmalte), e os cinco
arco-íris que se podem perceber a partir da sequência das
cores dos caules.
26 27
pelo relevo de toda a camada de fita crepe. E era tocando cada centímetro que
Crepagem poderia notar o que havia de depressões, planícies e planaltos. Assim, com uma
caneta preta riscava as melhores formas de traçar a superfície.
do Pé
Era notável que separava seu pé e perna em vários pedaços, com pequenos
e grandes recortes. Não havia uma forma sequer que se repetiria dentro de
sua combinação. Formas de todos os tipos e nenhuma dela eu saberia nomear,
talvez apenas se conseguisse realizar algum nome como: triângulo+retângulo,
triângulo+trapézio isósceles, escaleno+heptágono, peralelogramo+acutângulo.
Será que me fiz entender? Não falo de formas desordenadas, mas sim de um
desenho de relevos da superfície repleta de vetores.
Eu continuava no parapeito da janela, me apoiava pela caixa do ar condicionado
embutido na parede até que desci ao lado do bidê. Sempre fui muito como
Nome: Violeta Sutili
uma presença que não se estende, ela até poderia se dar por minha conta, mas
Título: Como traçar o objeto tridimensional: Crepagem e modelagem do corpo
nunca o suficiente.
Técnica: Modelagem
Com uma tesoura delicada recortava a fita crepe em suas demarcações
Ela estava no quarto quando espiei pela janela. Lá juntando caixas na barra tomando cuidado para não ferir a pele, havia quase que nenhum espaço entre
da cama, a cena era feita de plástico e poeira, diria que essa é a composição. ambas. Uma vez cortado, obtinha seu molde. Parte sua era assim em tamanho e
Plástico das caixas, poeira do plástico, caixas da poeira. Percebi que procurava forma. Mexendo no papel, sabíamos que de acordo com seu movimento aquela
por fitas, dupla face, durex, crepe, passavam por sua mão. Até que dado forma poderia virar qualquer outra coisa senão seu pé.
momento escolheu, uma fita crepe larga, um micropore bege que por algum Com este esqueleto de fita crepe, foi enumerada e recortada cada forma
acaso se encontrava na caixa em vez de no banheiro ou qualquer outro lugar obtida, obtendo o total de 27 moldes, possuía cada centímetro de cada divisão
onde seriam guardados suprimentos para primeiros-socorros. Talvez tenha pego entre cada dedo. Os pequenos pedaços grudentos eram fixados em papel e
o micropore pois não havia uma fita crepe mais estreita. planificados. Neste momento, parte da fidelidade se perdia. Isso porque ao
Enquanto recolhia seus materiais eu colocava meus pés na parede e tomava planificar uma superfície tridimensional, ela pode mudar, mesmo que muito
impulso para subir na janela, só queria estar vendo. No instante que pulei para pouco. Alguns moldes, inclusive, necessitam da construção de pences.
sentar nas vistas da saída, ela se levantou. De início achei que isso ocorria a regra é clara: quanto menores os pedaços desenhados, menor seria a
porque eu tinha feito algum barulho. Às vezes esqueço que não tenho presença, quantidade de ajustes realizados na planificação. pedaços pequenos nos dão
engraçado. No final das contas, ela havia se levantado para ir ao banheiro. a impressão de uma baixa amplitude de modificação da peça. quando eu a via
Quando voltou trouxe um pote de talco. colocando superfície acima de superfície, pensava muito sobre a comunicação
Apalpava a almofada peluda em talco e passava na perna e no pé. Acredito que assim a oleosidade da pele se que cada lado de matéria possuía.
reduzia. Ficou com a pele seca. A sobreposição de superfícies era algo que me chamava já há tempos. Era
Em seguida, utilizava fita crepe para cobrir toda a região da metade da canela para baixo. Enrola a fita crepe larga possível perceber que ocorria um exercício constante de planificação das formas
em volta da canela, depois invertia seu movimento, trabalhava na horizontal e depois nas verticais. o desenvolver da que a nós já são tangíveis. Planificar formas envolve imaginá-las ao todo como
fita era desordenado. Enquanto assistia isso entendi o porquê achou interessante o micropore. Entendi, inclusive, um seu contorno, é necessário observá-las atentamente para que não se deixe
pouco antes de que ela tivesse feito. Ponto pra mim. O micropore era utilizado em áreas menores e mais difíceis de passar relevos em sua atmosfera. Ela havia construído 27 superfícies a partir
cobrir. O principal exemplo destes ‘lugares difíceis’ já é quase óbvio: entre os dedos dos pés. Eu falei que ela estava da própria porosidade em matriz encontrada no conjunto pé+perna canela.
fazendo isso de cobrir a perna inteira, isso envolvia cada centímetro, cada milímetro quadrado de pele. Penso que as linhas que ordenam nossa forma podem ser desenhadas a tantos
moldes e formas, que seria impossível que ela estaria vestindo uma tão simples
Menos intrusa, começava a me sentir quase como se tivesse sido convidada a estar lá. Eu não sou o sal da terra. E
blusa de 3 moldes fabris.
nem é ela.
Achei que havia sido tudo finalizado quando a vi com o pé completamente crepado e tirando fotos dele. Entretanto,
após esse movimento até que repetitivo, vi tocava e muito seu pé a fim de entender todo volume dele. A mão caminhava
28 29
Como coletivo organizador do evento, agradecemos a todos os envolvi-
dos nesta jornada de duas semanas. Dentre eles, a ideia de sustentabili-
dade se expressa e concretiza de forma política, social, artística e cultural,
e esses pontos de vista tornaram-se os pilares da concretização da nova
estrutura.
O papel da equipe de oficinas foi fundamental, uma vez que a Visivo de-
pende da cooperação e está aberta o ano todo para avaliar propostas e
atividades. A premissa para que isso aconteça é que tudo aconteça no
coletivo e se fortaleça dessa forma.
Como resultado para entender o significado político da sustentabilidade
em nosso ambiente social, a produção de conteúdo relacionado à suste-
ntabilidade tornou-se importante e óbvia. Portanto, nos encontramos
satisfeitas com este evento e suas obras artísticas e/ou políticas. Aqui,
na publicação que lhes é apresentada, buscou-se expressar ao público re-
flexões sobre a atitude dos participantes e ouvintes que trabalharam com
a Visivo.
Devido ao pouco cuidado ao abordar a sustentabilidade, e à evitação co-
letiva da sociedade de consumo, poucas pessoas debatem esse assunto
com o qual lidamos. Como desejo pessoal de futuro, esperamos que a so-
ciedade obtenha mais informações para que possamos caminhar além de
nossos gestos individuais.
As ideias do líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor bra-
sileiro Ailton Krenak apareceram diversas vezes em nossos discursos.
Depois de conhecer seu repertório político ao longo do evento, muitas
pessoas mencionaram sua ideia de “Não somos o sal da terra”, e nunca
chegamos a isso.
- Leila Pessoa
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CONTEÚDO DIDÁTICO
ÁREA RESERVADA PARA USO DIDÁTICO EM AMBIENTES INSTITUCIONAIS, ESCOLARES E PESSOAIS.
Sustentabilidade no dia-a-dia
Como vimos ao longo da publicação, a sustentabilidade é um
tema que pode ser vivenciado de diversas formas. Isso vai
depender de cada um e da forma como se vive. Agora, vamos
pensar sobre a sua vida e seus hábitos de consumo.
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Coletivo Inço:
O Coletivo Inço é formado por Audrian Cassanelli e Diana Chiodelli, que
são Professores e Artistas Visuais. Desde 2017 realiza ações no interior
de SC e RS. Com participação em exposições, salões de arte e rodas de
mate. Destaque para a Bienal Internacional de Curitiba-Polo SC (2019).
Audrian Cassanelli:
Audrian Cassanelli (1989) é Natural de Xanxerê-SC. Graduado em Artes
Ana Caroline Oliveira da Silva: Visuais pela UNOCHAPECÓ. Atua como Professor-Artista desde 2011, sua
Soteropolitana, aprendiz da vida, feminista interseccional, Bacharela em produção é pautada nos seguintes temas: autorretrato, fotografia, interior
Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (UFRB), aluna especial de e educação especial. Participou de mais de 50 exposições pelo Brasil,
mestrado do Programa Multidisciplinar de Pós- Graduação em Estudos Ét- além de salões, premiações, feiras, oficinas, debates e aulas. Destaca-se
nicos e Africanos (CEAO-UFBA), integrante do grupo de pesquisa Direito a participação no Edital Nacional - ArteSesc Confluências (2015), Bienal
e Sexualidade (UFBA), integra a equipe Promotoras Legais Populares (Co- Internacional de Curitiba-Polo SC (2017) e IV Bienal do Sertão de Artes
letivo Madás- UFBA) integrante do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Visuais (2019).
Culturas, Gêneros e Sexualidade (NuCuS-UFBA) nas linhas de Gênero e
Sexualidade na Educação e Processos de Subjetivação, Raça, Gênero e Daniela Pinheiro Rinaldi:
Sexualidade. Eu sou médica veterinária, formação voltada para atendimento clínico
de animais silvestres, especialmente aves. Comecei a experimentar a
Violeta Sutili: gravura desde dezembro/2019 e tenho feito como hobby desde então.
Moro em Criciúma/SC há 4 anos, mas sou natural de São Paulo/SP.
Artista visual e designer de moda. É mestranda em Artes Visuais na área de
Poéticas Visuais, dentro da linha de pesquisa Desdobramentos da imagem,
no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais, pela Universidade Mauricio Bittencourt:
Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Sua pesquisa centra-se no vestir Artista e Pesquisador. Especialista em Educação Estética: Arte e as
como ação política e poética buscando desdobrar as aplicações teórico perspectivas contemporâneas, pela UNESC e Bacharel em Artes pela
praticas do conceito de moda diante da modernidade/colonialidade. mesma instituição. Mediador Cultural, participa do Grupo de Pesquisa em
Arte da UNESC -GPA e fez parte do Coletivo Laborativo onde entre varias
Leila Pessoa: ações artísticas realizou o evento SOU - Semana de Ocupaçao Urbana por
3 Edições na Cidade de Criciúma-SC.
Artista visual, arte educadora, mestranda em Artes Visuais na área de
Poéticas Visuais, dentro da linha de pesquisa Desdobramentos da imagem,
no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais, pela Universidade Daniele Zacarão:
Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Em sua pesquisa visa ressoar estudos Daniele Zacarão é artista, curadora, professora e gestora cultural.
lesbianos, assim como a vida e obra de Cassandra Rios na perspectiva das Bacharel em Artes Visuais pela UNESC e Mestre em Artes Visuais pelo
Artes Visuais. Busca refletir sobre os temas transversais com a arte/vida e PPGAV/CEART UDESC. Atua como professora do Curso de Artes Visuais e
autobiografia em seus projetos, utilizando-se também da memória como coordena a Sala Edi Balod - Espaço de Exposições e Laboratório de Artes
dispositivo para repercutir vivências, com caráter biográfico. Visuais da UNESC, em Criciúma/SC.
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Francisco Aurélio de Souza Pereira:
Nasci e habito na zona rural de Barbalha-CE. Assim, estou situado num
lugar entre a urbanidade de uma pequena cidade e o convívio com os seres
vivos próprios da Chapada do Araripe. Atualmente, eu sou graduando no
Curso Licenciatura em Artes Visuais na Universidade Regional do Cariri.
Hoje, creio que o que produzo está situado nessa intersecção entre a
condição semi-urbano e semi-florestal, levando em conta ainda o uso de
memórias para pesquisas poéticas cuja potência se encontra na diluição
dos limites entre verdade e ficção.
Laura Goulart:
Bacharela em Artes Visuais e mestranda em Educação pela UNESC.
Com pesquisas e produções que abordam temas como: memória, corpo
feminino, o nu na arte, a cidade e sua urbanização acelerada. Tenho obras
em videoarte, performance e fotografia. Atualmente pesquiso sobre a
hibridização desses dois últimos termos nomeada fotoperformance.
Suyan de Melo:
Latino-americana, nascida em São Paulo, expresso-me através da
fotografia e do audiovisual. Tenho buscado amarrar minhas linguagens
através de projetos coletivos e individuais. Procuro em meus trabalhos
tratar questões relacionadas à cidade, à diversidade e à memória,
estabelecendo relações entre fotografia e alteridade social.
Renata Gordo:
Latino-americana, nascida em São Paulo, expresso-me através da
fotografia e do audiovisual. Tenho buscado amarrar minhas linguagens
através de projetos coletivos e individuais. Procuro em meus trabalhos
tratar questões relacionadas à cidade, à diversidade e à memória,
estabelecendo relações entre fotografia e alteridade social.
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SOBRE AS
ORGANIZADORAS:
Leila Pessoa Violeta Sutili
Artista visual, arte educadora, mestran- Artista visual e designer de moda. É me-
da em Artes Visuais na área de Poéticas stranda em Artes Visuais na área de Poéti-
Visuais, dentro da linha de pesquisa Des- cas Visuais, dentro da linha de pesquisa
dobramentos da imagem, no Programa Desdobramentos da imagem, no Programa
de Pós Graduação em Artes Visuais, pela de Pós Graduação em Artes Visuais, pela
Universidade Federal do Rio Grande do Universidade Federal do Rio Grande do
Sul - UFRGS. Em sua pesquisa visa ressoar Sul - UFRGS. Sua pesquisa centra-se no ve-
estudos lesbianos, assim como a vida e stir como ação política e poética buscando
obra de Cassandra Rios na perspectiva desdobrar as aplicações teórico praticas
das Artes Visuais. Busca refletir sobre os do conceito de moda diante da moderni-
temas transversais com a arte/vida e auto- dade/colonialidade. Pós-Graduanda em
biografia em seus projetos, utilizando-se Gestão Cultural (SENAC), é Bacharela em
também da memória como dispositivo Moda pela Universidade do Estado de San-
para repercutir vivências, com caráter bi- ta Catarina - UDESC. Premiada em 2019
ográfico. Licenciatura em Artes Visuais no MoveModa Dragão Fashion House,
pela Universidade do Estado de Santa Ca- promovida pela fundação Dragão do Mar,
tarina - UDESC, durante a graduação per- em Fortaleza-CE, com o filme “Arca”, re-
meou plasticidades nas quais a escrita e a cebendo na mostra o prêmio de Inovação
auto escrita se fizeram presentes. em Linguagem, como obra de caráter mais
experimental e livre.
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