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Debatendo

Sustentabilidade:
Olhar para a Arte
Contemporânea

Leila Pessoa
Violeta Sutili

1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Debatendo sustentabilidade [livro eletrônico] :


olhar para a arte contemporânea / [organização
Violeta Sutili, Leila Pessoa Bechtold]. --
Criciúma, SC : Ed. dos Autores, 2021.
PDF

Projeto viabilizado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc 14.017 no município de São José-SC Vários autores.
ISBN 978-65-00-20363-9
Organizadoras: Leila Pessoa, Violeta Sutili
1. Arte contemporânea 2. Moda - Aspectos
Diagramação/Design: João F. Maués Araujo ambientais 3. Sustentabilidade I. Sutili, Violeta.
II. Bechtold, Leila Pessoa.

Debatendo Sustentabilidade
21-61622 CDD-709
ISBN: (Origem: CBL)
Índices para catálogo sistemático:
Violeta Adelita Ribeiro Sutili
1. Arte contemporânea 709
Violeta Sutili, Leila Pessoa Bechtold, Barbara Poerner, Anibal Turenko Beça, Gisele Riker, Caroene
Never, Debora Pereira, Francisco Aurélio de Souza Pereira, Kethllen Costa, Monica Loss, Maria Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Manoela Lampert, Rebeca Dallmaier
Artes
Digital
ISBN atribuído em 2021 | Publicado em 2021
LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS
Histórias sem conteúdo potencialmente
prejudiciais para qualquer faixa etária
ÍNDICE 08 17 23
A SUSTENTABILIDADE Pedras que celebram Gente-peixe também
DO ARTISTA Gisele Riker morre afogada
Anibal Turenko

12 Uma narrativa de
pessoas
Bárbara Poerner Pereira
18 Os rastros e restos no
caminho
Kethllen Costa 29 Linhas de Limite da
Noção teórico-prática
de moda

14 Várias folhas no meio


do caminho 19 O Doloroso Conforto da
solidão
Violeta Sutili

Caroene Neves Silva Leila Pessoa e Violeta Sutili

33 UMA PITADA DE SAL

15 O que se joga, o que


retorna: o que aprendi
com saquinhos de chá
20 Sustentar minhas
facetas
Maria Manoela Lampert Ceolin 34 CONTEÚDO DIDÁTICO

Deborah Pereira

16 Desaparição
Francisco Aurélio de Souza Pereira
21 Projeto cabeças
Mônica Lóss 36 SOBRE OS AUTORES E
AUTORAS

17 Para onde vão as


árvores quando
22

A exploração na
Indústria da Moda e
os Caminhos para
40 SOBRE AS
ORGANIZADORAS

morrem? Possíveis Soluções


Gisele Riker Rebeca Dallmaier
Nossos agradecimentos ao vínculo que reside e passa bem
entre nós. Uma vez que visitou essa casa e decidiu ficar um
pouco mais, não saiu.
Agradecemos também à Fundação Cultural de Criciúma
pelo apoio ao projeto e à manifestação cultural distante dos
centros estatais.
A Sustentabilidade do
artista

Como poderíamos estar olhando para a arte contemporânea


e sustentabilidade? Quais as faces a serem encaradas por
estas associações? Desde o início do cenário pandêmico Deste modo, durante duas semanas, propomos a
ocasionado pela Sars-Cov-2, vamos discutindo como trabalhar comunidade a trabalhar a formação de professores de artes,
esta temática. O conceito já possuía extrema importância, estudantes de artes e artistas da região através de oficinas de
entretanto foi ao longo do ano de 2020 que se consolidou abordagem teórico-prática, ministradas de forma on-line por
arcabouço teórico necessário para o início de nossas ações no artistas, pesquisadores e profissionais de relevância nacional
que diz respeito à sustentabilidade do artista. em arte, cultura e sustentabilidade. Destes 6 encontros,
o último possuiu como intuito a prática artística, a fim de
A ideia de sustentabilidade do artista foi apresentada por compor a publicação a qual lhes é apresentada agora, com as
nosso amigo, colega e também ministrante Aníbal Turenko contribuições do grupo.
Beça durante uma reunião de organização do evento.
Turenko comentava sobre a seriedade da situação da área Como contrapartida social oferecida pelo projeto, este o livro
artística frente a crise sanitária que enfrentamos. Assim, nos é publicado em forma de e-book com distribuição gratuita
provocou a pensar o que seria entregar ao trabalho de um conjuntamente de seu encarte com ação educacional.
indivíduo sustentabilidade?
Além da participação dos textos de nossos ministrantes da
O projeto “Debatendo Sustentabilidade: Olhar para a arte oficina de acordo com sua área de atuação, (as quais compõem:
contemporânea” teve como tema a abordagem e debate (1) Sustentabilidade e Ser Amazônida com Gisele Neves
da Arte Contemporânea e Sustentabilidade para a difusão Riker, (2) Arte e Contexto Amazônico com Anibal Turenko,
de conhecimentos acerca dos recursos linguísticos para a (3) Contexto Autobiográfico com Caroene Neves, (4)
conscientização sustentável. Através dele, e contempladas Políticas do Vestir com Violeta Sutili, (5) Sustentabilidade
pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc do Município de na Moda com Bárbara Poerner e (6) Prática Artística e
São José-SC, foram realizados 6 (seis) encontros digitais. Tais Sustentabilidade na Arte-Educação com Leila Pessoa) esta
encontros se deram dessa forma por conta de seu caráter publicação também inclui trabalhos de ouvintes participantes
excepcional devido às circunstâncias da pandemia ocasionada selecionados através de nossa curadoria.
pelo COVID-19.
Ainda que as abordagens de trabalhos tenham se dado de
forma livre, neste livro buscamos debater o/s uso da arte

8 9
contemporânea no contexto de sustentabilidade, seja esta a
nível ambiental, trabalhista, seguridade social, gênero, etc.;
bem como promover discussão sobre a sustentabilidade na
contemporaneidade através das oficinas ministradas.

Para que seja estimulada a percepção da sustentabilidade,


moda e ecologia em artistas e professores de arte, ainda
voltamos à pergunta com que se iniciou este texto: o que
seria a sustentabilidade do artista? Onde esta reside em
nosso contexto?

Desejamos que esta publicação seja tida como convite para


que mais e mais práticas relacionadas ao nosso entorno possam
ressoar em nossa comunidade poética e politicamente.

- Violeta Sutili

10 11
Moda é gente. Se vestir é uma constante que acompanha quase
todo mundo, do início ao fim da vida. São produzidas, em média, Esta longa cadeia, aliado ao modus operandi do capitalismo e do sistema de
150 bilhões de peças ao ano na Terra, conforme o Massachusetts moda, nos leva ao desconhecido. Somos afastados dos processos de produção e
Institute of Technology. Isso soma, em média, 11 por indivíduo. do conhecimento das realidades de quem produz. Tal mecanismo configura o de-
UMA Em território brasileiro, foram 8,9 bilhões só em 2019 (ABIT). No
país, a moda é a segunda indústria de transformação que mais
scrito na obra “O Capital”, de Karl Marx, chamado de “fetichização da mercadoria”
e “alienação do trabalho”: o próprio trabalhador desconhece seu trabalho, sendo
emprega e é carro chefe na produção de jeans e algodão. alienado por meio da exploração e não-domínio das etapas de fabricação, onde
NARRATIVA a mercadoria oculta as relações sociais de trabalho presentes nela. Para Marx, “a
Para tanta produção, precisa-se de muita mão de obra. São 8 mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as características sociais do
DE PESSOAS milhões de trabalhadores no setor do têxtil e vestuário no Bras-
il, que em maioria são mulheres - 75%. Além disso, mais de 70%
próprio trabalho [...], apresentando-as como características materiais e proprie-
dades sociais inerentes aos produtos do trabalho”.
são informais (ABIT). A forma que sua indústria opera é um dos
pontos mais complexos da moda. Funcionando em sinergia com Ou seja, temos a impressão que uma roupa foi apenas materializada, mas nun-
o capitalismo, sustentam-se as lógicas de acumulação, expansão, ca plantada, fiada, tingida, modelada, costurada, comercializada. São milhares de
crescimento ilimitado, exploração e alienação do trabalho. Nes- trabalhadores ocupando plantações, petroquímicas, fábricas e lojas, mas recon-
sa dinâmica, consumir roupas parece prática inerente a nossa ci- hecer essas vidas parece sempre tão distante. Daí a urgência em humanizar, invés
dadania. de mercantilizar, a moda.

Esse grande sistema mantém reféns no campo material e ima- Isso implica mudar não só as formas de consumir, mas as de produzir também.
terial. Os produtos de moda estão entre os itens com maiores ri- É necessário superar o sistema capitalista se queremos, de fato, construir uma
scos de serem produzidos sob condições de escravidão moderna nova moda, mais empática, criativa, libertadora, humana e justa. Como alternati-
e são inúmeros os casos de flagrantes dessa realidade no Brasil e va e caminho, podemos falar do conceito dos povos originários da América Lati-
Bárbara Poerner Pereira mundo afora. Além disso, a fragmentação do trabalho e sistemas na, conhecido como “Bem Viver”. O economista equatoriano Alberto Acosta o
Título da obra: Uma Narrativa de de terceirização promovem precarização, e trabalhadores e tra- apresenta em sua obra “O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros
Pessoas balhadoras são reduzidos a extensões da máquina de costura. So-
Técnica: Texto Narrativo mundos”: “se o desenvolvimento trata de ‘ocidentalizar’ a vida no planeta, o Bem
mamos a isso as opressões de gênero, raça e classe que atraves- Viver resgata as diversidades, valoriza e respeita o ‘outro’”.
Bárbara Poerner Pereira é comuni- sam, imprescindivelmente, as estruturas de poder da moda.
cadora de moda e escritora. Acred-
ita na potência do jornalismo e das Já podemos avistar essas microrrevoluções acontecendo. Mirar no sistema macro
palavras escritas para transformar Abusos sexuais e psicológicos também entram na lista, que se é importante, mas atuar no sistema micro deve ser inerente, onde a subversão de
o mundo e escreve, lê e pesquisa estende até a criação de imagens irreais, padrões estéticos e pequenas realidades e contextos é uma aliada na criação de uma revolução para
sobre outras formas de pensar e comportamentais. A produção de roupas emite bilhões de tone- cada vez mais pessoas. Tudo foi criado, então tudo pode ser mudado. O caminho
fazer moda - no mesmo compasso ladas de CO2 anualmente, contamina rios e águas e gera tonela-
que busca revolucionar esse siste-
se faz enquanto caminhamos, o que não é fácil (se fosse, talvez já estivesse feito)
das de resíduos têxteis que vão parar em aterros, contaminando e exige coragem, mas construir pontes é bem melhor do que construir escadas. O
ma. Atua como redatora no Fashion
Revolution Brasil. o solo juntamente com os agrotóxicos e pesticidas usados nas horizonte ainda existe.
plantações.
12 13
VÁRIAS FOLHAS NO O QUE SE JOGA, O QUE
MEIO DO CAMINHO RETORNA: O QUE APRENDI COM
SAQUINHOS DE CHÁ

Nome: Deborah Pereira


Título da obra: O que se joga, o que retor-
na: o que aprendi com saquinhos de chá
Técnica: Fotografia Digital

Pequeno relato inspirado em comentário


feito durante uma das oficinas promovi-
das pela Mostra Visivo. A autora reflete
sobre sua relação com a criação e os
saquinhos descartáveis de chá.

Nome: Caroene Neves Silva


Título da obra: Várias folhas no meio do caminho
Técnica: Fotografia Digital

Série de monotipias realizadas pela artista


no ano de 2018 e 2020, as folhas secas foram
coletadas ao longo de suas caminhadas pela
floresta Amazônica. O trabalho foi apresentado
no evento online Debatendo Sustentabilidade:
Olhar para a arte contemporânea (2021) durante
a oficina “Em busca de uma poética do dia a dia”.

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PARA ONDE VÃO AS
ÁRVORES QUANDO
MORREM?

PEDRAS QUE
CELEBRAM

Nome: Gisele Riker


Título da obra: Para onde vão as árvores quando
morrem?
Técnica: Fotografia Digital

Para o xamã Yanomami Davi Kopenawa, a terra


tem coração e respira, e os elementos da flo-
Nome: Francisco Aurélio de Souza Pereira resta possuem espíritos chamados de xapiri.
Título da obra: Desaparição Reflito nesta produção sobre a morte da flor-
Técnica: Fotomontagem Digital esta em troca de energia no Lago de Balbina em
Presidente Figueiredo, interior do Amazonas. Nome: Gisele Riker
O tríptico Desaparição é o testemunho de uma Na superfície do lago a matéria orgânica entra Título da obra: Pedras que celebram
proposta de reintegração da experiência huma- em decomposição se transformando em dióxido Técnica: Fotografia Digital
na na natureza. Trata-se de desmontar a ficção de carbono, nas profundezas, produz metano. A
do humano como animal superior, um ser além morte se faz presente numa extensão de mais Assim como os indígenas, acredito que as pedras
do natural, para trata-lo como um ser ao lado, de dois mil quilômetros de águas represadas do são seres vivos milenares. Moldadas pelas águas
uma matéria viva que se alimenta da terra e que Rio Uatumã. Antes a vida fluía nestes troncos, significam resistência. Nas correntezas do Rio
ao morrer será dela o alimento. É uma propos- onde estão seus espíritos agora? Uatumã as pedras se mostram no meu imag-
ta de reinserir o humano nos ciclos de morte e inário como seres que celebram em cores a vida
vida que são próprios do planeta Terra como um que ainda flui em suas águas.
grande ser vivo.
16 17
OS RASTROS
E RESTOS
NO CAMINHO

O DOLOROSO
Série: Os rastros e restos no caminho.
CONFORTO DA
CEART - Poção
SOLIDÃO
Nome: Kethllen Costa Nome: Leila Pessoa e Violeta Sutili
Título da obra: Os Rastros e Restos no Caminho Título da obra: O Doloroso Conforto da Solidão
Técnica: Monotipia sob papel Técnica: Vídeo

Khetllen Costa nasceu em Manaus (AM), reside em Vídeo desenvolvido com o auxílio de câmera digital e
Florianópolis desde 2018. Artista visual e pesquisadora, recortes de revista imersos em caixa de vidro com água.
doutoranda no programa de pós-graduação em Artes
Visuais – PPGAV na Universidade do Estado de Santa
Série: Os rastros e restos no caminho. Pedro Catarina (2018-), na linha de processos artísticos contem-
Ivo Campos – Coqueiros porâneos, atualmente bolsista Capes (2021-). Licenciada
em Artes Visuais na Universidade Federal do Amazonas
(2013), mestra em Letras e Artes na Universidade do
Estado do Amazonas (2016). Bolsista Capes. Elabora pro-
jetos poéticos que envolvem fotografia, escrita, camin-
hada e desenho. Atualmente, pesquisa invisibilidades de
mulheres africanas e indígenas em acervos fotográficos
públicos e privados, com os quais desenvolve livros de
artista entrelaçando as narrativas de sua família de raízes
afro-indígenas.
18 19
SUSTENTAR MINHAS FACETAS PROJETO CABEÇAS
Nome: Maria Manoela Lampert Ceolin
Título da obra: Sustentar Minhas Facetas
Técnica: Escrita e Desenho Digital

Bacharel em moda pelo CEART/UDESC. É pesquisadora


da Maquiagem sob Perspectiva Contemporânea. Autora
do projeto ativista “MAKETREFE”, o qual visa dilatar as
fronteiras estéticas.

Série: Entre o Mostrar-se e o Esconder-se:


Calar

Série: Entre o Mostrar-se e o Esconder-se:


O que se passa aqui dentro

Nome: Mônica Lóss


Título da obra: Projeto Cabeças: Entre o Mostrar-se e o
Esconder-se
Técnica: Construção Têxtil

Doutora em Artes pela Universidade de Barcelona,


Espanha, Mestre em Educação e pós-graduada em Design
para Superfícies pela Universidade Federal de Santa
Maria, RS – Brasil, possui bacharelado e licenciatura em
Artes Visuais pela mesma instituição. Atualmente mora
nos Estados Unidos, onde trabalha como designer e
Série: Entre o Mostrar-se e o Esconder-se: artista visual participando de exposições em diferentes
Notas sobre o medo cidades no Brasil, México, Estados Unidos e Europa.

20 21
GENTE-PEIXE
A EXPLORAÇÃO NA INDÚSTRIA TAMBÉM MORRE
DA MODA E OS CAMINHOS AFOGADA
PARA POSSÍVEIS SOLUÇÕES
Exploração Humana na Indústria da Moda

A indústria da moda não é uma grande vilã, ou um mal isolado, é apenas mais uma O 1% mais rico do mundo
indústria bem sucedida num sistema baseado em exploração. tem mais de duas vezes a riqueza H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O GENTE-PEIXETAMBÉMMORREAFOGADA
de 6.9 bilhões de pessoas juntas. H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
As práticas abusivas recorrentes no setor têxtil e do vestuário são reflexo de um sistema onde o crescimento H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O TURENKOBEÇA
econômico é imperativo, mas nunca equilibrado, e a miséria é necessária para garantir mão de obra barata para H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
quem busca transformar seus milhões em bilhões o mais rápido possível. H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
Na posição de segunda maior responsável pelos 25 milhões de trabalhadores forçados no mundo, com sua cadeia H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
produtiva usando muitas das mais de 150 milhões de crianças que trabalham, a indústria da moda segue com donos de H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
grandes marcas ou grupos de marcas no topo da lista dos mais ricos do mundo. É o caso de Bernard Arnault (presidente H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
e diretor da LVHM) e Amancio Ortega (fundador do grupo Inditex, do qual a Zara é a marca mais conhecida). Vale H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
ressaltar que a Amazon e o Walmart também têm parte significativa dos seus lucros proveniente da venda de roupas. H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
Sendo assim, podemos dizer que seis das dez pessoas mais ricas do mundo estão envolvidas com o setor de vestuário. H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
Fonte: Oxfam1 H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
Em média, um H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O

Lista de Bilionários
H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
CEO importante A riqueza dos 22 homens mais H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O

da indústria da ricos do mundo é maior do H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
que a riqueza de todas as
moda recebe H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
mulheres africanas juntas. H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
em 4 dias de H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
trabalho o H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O H₂O
mesmo valor OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
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que uma OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
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trabalhadora OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
em Bangladesh OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
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recebe a sua Fonte: Oxfam1 OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO0
vida toda. Disponível em:
<https://oxfamilibrary.openrepository.com/bitstream/handle/10546/620 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
928/bp-time-to-care-inequality-200120-summ-en.pdf>. Acesso em: 28 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
Fonte dados: https://forbes.com.br/listas/2020/04/os-25-maiores-bilionarios-do-mundo-em-2020/ fev. 2021
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
(Oxfam 2018)
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
Fonte: Wikipédia . Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Listas_de_bilion%C3%A1rios#2020>. Acesso em: 28 fev. 2021.
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
Nome: Rebeca Dallmaier
Título da obra: A exploração na Indústria da Moda e os
Caminhos para Possíveis Soluções
Técnica: Infográfico

Texto com imagens sobre a exploração humana no setor do


vestuário com informações sobre os principais países fabri-
cantes de roupas, os efeitos da Covid-19 na cadeia produtiva
e as ações possíveis para alcançar uma indústria mais justa.
22 23
De Caribdis a Cila
O caso do estranho homem-peixe ... "Foi visto em Paris no ano de 1757. Foi guardado num Vaso com Água do Mar, onde o Animal nadava
e se alimentava de Pão e peixinhos. .. O deus marinho, Glaucos, suspirando perto da ninfa Scylla, que, de grande beleza, vivia entre as
Nereidas… Um polvo gigante de Chanouga , autor da fascinante Histoire de Sirènes, com desenhos fluidos e perturbadores. Uma
descoberta muito recente. Muito bonita ... Mas Scylla empurrou Glauco para longe, seu aspecto de deus do mar a repelia; ele então se
virou para a feiticeira Circe para pedir-lhe que fizesse uma poção do amor… Salvator Rosa - Glaucos e Scylla Circe estava ela mesma
apaixonada pelo deus e com ciúmes de sua rival. O ciúme do mago mudou o curso da história ... O Kraken, o filtro de amor era veneno, e a
ninfa então se transformou em um monstro horrível cercado por cães uivantes e cobras. Ela correu para o mar e devorou seis dos companheiros
de Odisseu. Mais tarde foi transformado em rocha e foi assim que Enéias o viu em sua jornada.

Os povos indígenas TUKANO ORIENTAIS, entre os quais aqueles que habitam a bacia do
rio Tiquié, têm uma relação muito especial com os peixes. Não tanto por constituir o principal
item de sua dieta, depois da mandioca, mas por seu significado cosmológico. Como veremos,
a humanidade era Gente-Peixe (Wai Masa). A Gente-Peixe ainda existe, mas uma parte se
transformou, tornando-se a humanidade atual. Aqueles que não se transformaram,
permaneceram na camada das águas, iniciando uma relação de hostilidade com a
humanidade. (CABALZAR, 2005, p. 51)

Como pode um peixe vivo


Viver fora da água fria?
PIRACEMA
Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como poderei viver
Como poderei viver
HIPÓTESES: Sem a sua, sem a sua FONTE: John Flaxman, 1810 – Scylla - Scylla e Glaucos (detalhe) de J. Dumont © Musée des Beaux arts de Troyes, França acesso
em 17.02.2021, 19:52h. http://samarrainelafee.blogspot.com/2008/03/de-charybde-en-scylla.html
Exis�u/existe gente-peixe?
Se existe/exis�u, onde? Sem a sua companhia?
GINZBURG + WARBURG = CONEXÕES entre os relatos de gente-peixe da etnia Tukano e relações com a existência da
gente-peixe a par�r de 4 aproximações:
Sem a sua, sem a sua
a) gente carregando peixe;
b) gente fantasiada de peixe;
Sem a sua companhia?
c) representações de seres antropomórficos ao longo da história, metade ser humano, metade peixe;
d) Gente prestes a ser engolida por peixes/monstros.

24 25
Órgão respiratório de numerosos
animais aquáticos (peixes, girinos de
batráquios, crustáceos, cefalópodes
etc.), capaz de absorver o oxigênio da
água e de expelir o gás carbônico (as
brânquias têm o aspecto de uma árvore
muito ramificada); guelra.

FONTE: Antiquities of Athens Vol 1. Cortesia do Museu de Sir John Soane https://museumcrush.org/some-of-the-weirder-objects-
in-sir-john-soanes-museum/ acesso em 17.02.2021, 20:02h

Nos peixes e em alguns outros animais aquáticos, em mamíferos


não é comum, têm-se as brânquias ou guelras (termo vernáculo)
são os órgãos da respiração, ou seja, é nelas que ocorrem as trocas
gasosas entre o sangue ou linfa dos seus portadores e a água. Há
indícios de uma mutação fisiológica em habitantes de zonas rurais
na cidade de Manaus, foi constatada a presença de brânquias nessas
populações. O que não é de se estranhar quando a umidade relativa
do ar da região chega a 98%.

26 27
LINHAS DE LIMITE DA NOÇÃO
TEÓRICO-PRÁTICA DE MODA

Atualmente, a aiehla oãN Não alheia a


e (2) como a reordenação da própria
estamos presencian- ,ossecorp etse este processo,
estética em que se reafirma e questio-
do, mesmo que timida- ,oicíni es-ued deu-se início,
na modos de lidar com moda e vestes.
mente, determinada virada -nemadimit euq omsem mesmo que timidamen-
Debater orientalização em vias de
epistemológica na área de pesquisa seõçatsefinam ,et te, manifestações
em moda e arte. Especialmente a teoria da savitcepsrep sa otnauq quanto as perspectivas
siauq sa satsilainoloc colonialistas as quais moda é complexo. Isso levanta
moda se concentra cada vez mais na questões sobre quais trajes tradicio-
construção de uma importante história oãçudorp a es-mardnegne engendram-se a produção
zid euq oN .oiráutsev ed de vestuário. No que diz nais, comumente chamados de
da moda e design diante de uma “indumentária”, são utilizados na
perspectiva global, considerando o ,setsev ed oãçurtsnoc a otiepser respeito a construção de vestes,
ponto de vista da moda pós-colonial ou airpórp a odnes atse moc es-adil lida-se com esta sendo a própria
sob análise decolonial. Realizar este a adatlov( lairtsudni oãçudorp produção industrial (voltada a
es rep
sa malucitra es omoc rasnep pensar como se articulam as resentaç cultu
ão de traços de design

stõ

rais
cambio de paradigma é mecanismo de
meuq e litxêt otnemges od saiedac cadeias do segmento têxtil e quem

que
um processo que integra debates

e p
interdisciplinares complexos nas -udorp a omoc meb )aicnereg sa as gerencia) bem como a produ-

olve
magolaid siauq sa( avitejbus oãç ção subjetiva (as quais dialogam

atr
disciplinas de história da moda,
reviv ed sodom e oirótirret moc com território e modos de viver

i
mônio. Deste modo, também env
so moc odnadiL .)etnemaviteloc coletivamente). Lidando com os
sad otnemanoitseuq ed sossecorp processos de questionamento das ias de propriedade cultural e reivindic
on erroco ,setsev sasson ed snegiro origens de nossas vestes, ocorre no ég


strat
Desta forma,

ões
otnemivom mu labolg etneiro oriente global um movimento de pat e
ainda que o vestir seja a razilatneiro-er acsub euq ociróet teórico que busca re-orientalizar a
rimônio nacional, especialmente
encontrado em diferentes
povos, este ainda denota uma e de c
ompreen exter
são do que é interno e

rias
ação social vinculada ao sistema de

no
moda iniciado nos princípios da atividade euq omseM Mesmo que

erife

a de
Nome: Anibal Turenko capitalista junto do aparato modernida- otnemasnep on orig etse este giro no pensamento

as p

term
Título da obra: Gente-Peixe Também Morre Afogada de/colonialidade. Desde a apresentação -ivlovnesed ed lainoloc colonial de desenvolvi-
ahnet sapuor ed otnem mento de roupas tenha
inada cultura e o estabelecimento d
Técnica: Fotomontagem Digital do conceito de moda em Simmel, o
aciréma ad egnol odirroco ocorrido longe da américa no cenros de
conceito se apresenta pela distinção
ém poder . É consenso, dentro
causada pelo desejo ao novo e a ,labolg etneiro on ,anital latina, no oriente global,

amb

das
Aníbal Augusto TURENKO BEÇA nasceu em Manaus novidade. Assim, confere a moda uma etnatropmi es-anrot adnia ainda torna-se importante pesq
uisas de
senvolvidas no norte globa
let
relação própria com o tempo. É setsed siauq ed oãssucsid a a discussão de quais destes
no dia 28 de setembro de 1970. Começa a pintar aos mairaf es atsiv ed sotnop pontos de vista se fariam
sabido que, tanto nos estudos de
12, porém apenas em 1990 participa de sua primeira moda na América do Sul, como airpórp asson a setnasseretni interessantes a nossa própria s a
exposição coletiva. Faz parte da quarta geração de artistas aiedi a .adom ed ametsis ed acigól lógica de sistema de moda. a ideia

ra

id
especialmente aqueles realizados

de
il,
sB

tiv

sd
te
,roiam otejorp mu artsnomed demonstra um projeto maior,

ulo XVI e com apogeua


plásticos do Amazonas, participa e representa o Estado

iniciado nas primeir

r-se a moda como

a modernidade europe
es euq oa seõçaredisnoc odnazilaer realizando considerações ao que se
em eventos nacionais e internacionais. Desde 1992 realiza lautiecnoc arienam ed edneerpmoc compreende de maneira conceitual
pesquisas sobre a Amazônia, relacionando aspectos -necorue oãçisop A .”adom“ omret oa ao termo “moda”. A posição eurocen-
a é adom me sodutse sod adart trada dos estudos em moda é a
naturais, antropológicos das sociedades indígenas e da opmac etsen adicet acitírc lapicnirp principal crítica tecida neste campo
biodiversidade, sobremaneira a relação do Amazônida com uo oãçatneiro-eR .oirótarolpxe exploratório. Re-orientação ou
as Águas. Dessas pesquisas surgem obras conceituais em sotiecnoc oãs – oãçazilatneiro-er re-orientalização – são conceitos fenômeno ia no séc
oãçirapa )1( a es-rirefer arap sodalumrof formulados para referir-se a (1) aparição
suportes e materiais diversos, performances e arte urbana. sotsiv setsev ed solitse ed otnemigrus surgimento de estilos de vestes vistos
e sianoicanretni adom ed sanames me em semanas de moda internacionais e
etsed euqatsed ed siacol sortuo outros locais de destaque deste
28 29
Essa escrita iniciou com meu desejo e vontade de tornar possível uma redação Tentando associar um ao outro, percebi que um de seus principais pontos em
das práticas que tornamos presentes todo dia quando nos vestimos. Isso, o ato comum diz respeito ligeiramente a uma questão de forma. Qual traço nos é
de vestir, ocorre quando muitas vezes inconscientemente nos levantamos e, vestido, quem multiplica estes traços, a quem essa forma prejudica e, especial-
logo de início, já depositamos uma camada de tecido recortada e costura a mente, a quem está forma interessa.
outros recortes acima de nós, na ideia de que estes melhor desenhem nosso Reorientar a moda diz muito sobre subverter o mapa global de suas apre-
corpo. Em seu sentido mais utilitário mesmo, que seja anatômico. sentações. Inverter o norte pelo sul. Muito de sua abordagem é pensá-la de
O que me preza constar é que mesmo que estejamos vestindo-nos uma peça forma distinta com a qual já lidamos. O que compreendemos por moda não é
que nos cabe bem, é confortável e nos proporciona alguma segurança, ainda apenas isso. Ou: não deve ser apenas isso. Traçar diferentes práticas de vestir.
caímos em uma trapaça. Não sei dizer se meu corpo de fato é assim, não sei Um passo importante a essa abordagem tem sido feito durante o tempo em
dizer se é esta a melhor forma que me sinto demonstrada em imagem, mas que surgem muitas publicações modificando a história de moda para uma ópti-
ainda... a trapaça é o momento em que lhes coloco: quem disse isso por si só ca global, não ocidentalizada. Muito deste movimento vem de contracenarmos
roupa, apenas isso? Quando fui cordial a estas formas? Quando e em que mo- com nossas roupas de todo dia, quem decidiu que este corpo teria essa linha.
mento se escolheu por mim. Enfim, desde quando pensamos necessariamente Quais são as linhas de limite do pensamento de moda?
assim. Por linhas de limite, entendo estes contornos imperialistas y imperativos em
Esta escrita iniciou com um artigo que estava realizando como nota final para nossa linguagem. Imperativo com o prefixo “imper” comum a “império”. As
uma disciplina do mestrado. A ideia era falar de teorias da arte contemporânea linhas traçam limites fictícios que, construídos, são calcificados. Também mui-
e aproveitar para nossa pesquisa. E como sempre, recorri à moda. Sempre to visíveis são os volumes que borram estas linhas.
gostei de a pegar pelo braço e, como quem puxa uma corda para dentro de um A escrita para essa disciplina do mestrado, como falei no começo, se deu em
rio, eu a mergulhava em muitos conceitos. Tal coisa que fulano falou? Ótimo, e um artigo acadêmico, formatado em linhas duras, quadradas. A4 (21,0 x 29,7
puxa a corda, mergulho. Conceito disso por causa disso? Perfeito, e puxa a cor- cm), com todas as margens 2,5 cm, corpo de texto 12pt, fonte arial, entrelinha
da, mergulho. Meu exercício em pesquisa é empurrar as vestes para os assun- 1,5, sem recuos e justificado4. Uma vez existiam linhas de limite neste texto,
tos que aparecem pra mim e correr pra traçar quais seriam suas aproximações eu então, as empreguei outras linhas de limites que somos acostumadas. São
diante a lente de minhas interpretações. elas as linhas dos moldes pré-definidos que nos vestem todo dia. Estas linhas
Estava estudando um texto da professora Gabriele Mentges2 sobre o tra- colonialistas que não são nossas.
balho ``Reorienting Fashion: The Globalization of Asian Dress’’, escrito por
Sandra Niessen, Ann Marie Leshkowich e Carla Jones3. Em suma, dialoga muito
com a ideia de re-orientar a moda. Teoria que, se levada à cabo, muito se asse- Nome: Violeta Sutili
Título da obra: Linhas de Limite da Noção
melha ao que teríamos no Giro Colonial quando estudamos decolonialidade, teórico-prática de moda
entretanto, voltada às roupas. Claro, por conta de uma abordagem pós-colo- Técnica: Escrita e diagramação digital
nial advinda de um discurso do oriente, a escrita se destinava mais a isso. En-
tretanto, durante a leitura tentava puxar estes saberes para uma adaptação à
moda brasileira.
30 31
Agradeço, enquanto organização do evento, a todas e todos os envolvidos
durante esse percurso de duas semanas. Nestas se verbalizou e
materializou a ideia de sustentabilidade de forma política, social, artística e
cultural, pontos que entre si tornam-se pilares para que uma estrutura nova
se realize.
O papel dos oficineiros foi de suma importância, uma vez que a Visivo de-
pende de colaborações e está aberta em período integral durante todo o
ano para avaliações de propostas e eventos. Isso ocorreu entendendo que
tudo acontece no coletivo e se torna mais forte desta forma.
A produção de conteúdo acerca da sustentabilidade se torna importante
e evidente, compreendendo sua relevância política no nosso meio social.
Portanto demonstro minha satisfação com este evento e suas produções
artísticas e/ou políticas. Retribuo aqui com palavras a atitude do público ao
olhar para este tema com carinho, aos ouvintes que compartilharam suas
ideias e trabalhos com a Visivo e agora com o público em geral.
A minoria das pessoas debatem esse tema, por consequência de uma so-
ciedade lapidada em consumo e um olhar que foge do coletivo. Enquanto
desejo pessoal para o futuro, espero que a sociedade tenha maior acesso à
informação, de forma que consiga observar e se ver além do indivíduo.
Diversas vezes, os pensamentos de Ailton Krenak, um líder indígena, am-
bientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro, vieram à tona em nossas
falas. Compreendendo seu repertório político ao longo do evento, foi muito
mencionada sua ideia de que “Nós não somos o sal da terra”, e nunca nem
chegamos perto disso.

- Leila Pessoa

32 33
CONTEÚDO DIDÁTICO
ÁREA RESERVADA PARA USO DIDÁTICO EM AMBIENTES INSTITUCIONAIS, ESCOLARES E PESSOAIS.

Sustentabilidade no dia-a-dia
Como vimos ao longo da publicação, a sustentabilidade é um
tema que pode ser vivenciado de diversas formas. Isso vai
depender de cada um e da forma como se vive. Agora, vamos
pensar sobre a sua vida e seus hábitos de consumo.

Refletindo sobre todos os pontos que trouxemos sobre


sustentabilidade:

Procure um objeto na sua casa*, independente do


material ou tamanho e pense por quantas mãos este
produto passou. Este processo pode nos ajudar a
entender a complexidade e dar mais valor na aquisição de
novas coisas.

*Confira com seus responsáveis se os objetos são seguros para manusear.

34 35
Caroene Nelves Silva:
Nasceu na cidade de Manaus no estado do Amazonas (22 de setembro de
1993). Começou a pintar ainda criança a partir dos 5 anos de idade, seus
pais tinham um ateliê de serigrafia onde sua família desenvolvia diver-
sos trabalhos artísticos e serviços de gráfica nos anos 80. Ganhou sua pri-
meira câmera fotográfica aos 14 anos, desde então sua paixão pela arte
começou e até o momento trabalha com pinturas, fotografias e monotip-
ias. Graduada em licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Feder-
al do Amazonas - UFAM (2018) e atualmente mestranda do programa de
Aníbal Turenko: pós-graduação em Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande
Aníbal Augusto TURENKO BEÇA nasceu em Manaus no dia 28 de setem- do Sul (UFRGS) na área de poéticas visuais, onde desenvolve pesquisa so-
bro de 1970. Começa a pintar aos 12, porém apenas em 1990 participa de bre memória do artista.
sua primeira exposição coletiva. Faz parte da quarta geração de artistas
plásticos do Amazonas, participa e representa o Estado em eventos na- Bárbara Poerner Pereira:
cionais e internacionais. Desde 1992 realiza pesquisas sobre a Amazônia,
Bárbara Poerner Pereira é comunicadora de moda e escritora. Acredita
relacionando aspectos naturais, antropológicos das sociedades indígenas
na potência do jornalismo e das palavras escritas para transformar o mun-
e da biodiversidade, sobremaneira a relação do Amazônida com as Águas.
do e escreve, lê e pesquisa sobre outras formas de pensar e fazer moda
- no mesmo compasso que busca revolucionar esse sistema. Atua como
Gisele Neves Riker: repórter na Elle Brasil.
Licenciada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Amazonas e
Especialista em Gestão e Produção Cultural pela Universidade do Estado Maria Manoela Lampert Ceolin:
do Amazonas. Em 2015 participou do programa de formação de Facilita-
Bacharel em moda pelo CEART/UDESC. Pesquisadora da maquiagem sob
dores Culturais realizado pelo Ministério da Cultura em parceria com o
perspectiva contemporânea. Autora do projeto ativista MAKETREFE, o
SENAC. É Arte Educadora na Escola Estadual de Tempo Integral Almirante
qual visa dilatar as fronteiras estéticas.
Barroso trabalhando com os ciclos iniciais. Atua também como tutora EaD
no Curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Amazonas. Realiza a
Produção Executiva do Projeto Feirinha desde a sua primeira edição. Leila Pessoa:
Artista visual, arte educadora, mestranda em Artes Visuais na área de
Violeta Sutili: Poéticas Visuais, dentro da linha de pesquisa Desdobramentos da ima-
gem, no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais, pela Universidade
Artista visual e designer de moda. É mestranda em Artes Visuais na área
Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Em sua pesquisa visa ressoar estu-
de Poéticas Visuais, dentro da linha de pesquisa Desdobramentos da ima-
dos lesbianos, assim como a vida e obra de Cassandra Rios na perspectiva
gem, no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais, pela Universidade
das Artes Visuais. Busca refletir sobre os temas transversais com a arte/
Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Sua pesquisa centra-se no vestir
vida e autobiografia em seus projetos, utilizando-se também da memória
como ação política e poética buscando desdobrar as aplicações teórico
como dispositivo para repercutir vivências, com caráter biográfico.
praticas do conceito de moda diante da modernidade/colonialidade.

36 37
Francisco Aurélio de Souza Pereira: Rebeca Dallmaier:
Nasci e habito na zona rural de Barbalha-CE. Assim, estou situado num lu- Bacharel em Design de Moda pelo Senai-Cetiqt (RJ), com quase 20 anos
gar entre a urbanidade de uma pequena cidade e o convívio com os seres de experiência na indústria do vestuário, Rebeca se mudou para Londres
vivos próprios da Chapada do Araripe. Atualmente, eu sou graduando no em 2015, onde teve seu primeiro contato mais próximo com a moda
Curso Licenciatura em Artes Visuais na Universidade Regional do Cari- rápida. Desde então, ela busca entender melhor os problemas da cadeia
ri. Hoje, creio que o que produzo está situado nessa intersecção entre a têxtil, especialmente os ligados à exploração humana, assim como se
condição semi-urbano e semi-florestal, levando em conta ainda o uso de envolver com movimentos de conscientização sobre o verdadeiro custo
memórias para pesquisas poéticas cuja potência se encontra na diluição da moda e também com organizações que apoiam os trabalhadores da
dos limites entre verdade e ficção cadeia têxtil.

Deborah Pereira:
Linguista e doutoranda em linguística pelo IEL/UNICAMP. Se dedica aos
estudos da linguagem mas nunca ousou domesticá-la. Faz perguntas no
podcast Alhures e tem contos publicados no livro Beijo sem Máscara.

Mônica Lóss:
Doutora em Artes pela Universidade de Barcelona, Espanha, Mestre em
Educação e pós-graduada em Design para Superfícies pela Universidade
Federal de Santa Maria, RS – Brasil, possui bacharelado e licenciatura
em Artes Visuais pela mesma instituição. Atualmente mora nos Estados
Unidos, onde trabalha como designer e artista visual participando de
exposições em diferentes cidades no Brasil, México, Estados Unidos e
Europa.

Khetllen Costa:
Khetllen Costa nasceu em Manaus (AM), reside em Florianópolis des-
de 2018. Artista visual e pesquisadora, doutoranda no programa de
pós-graduação em Artes Visuais – PPGAV na Universidade do Estado de
Santa Catarina (2018-), na linha de processos artísticos contemporâneos,
atualmente bolsista Capes (2021-). Licenciada em Artes Visuais na Uni-
versidade Federal do Amazonas (2013), mestra em Letras e Artes na Uni-
versidade do Estado do Amazonas (2016). Bolsista Capes. Elabora proje-
tos poéticos que envolvem fotografia, escrita, caminhada e desenho.

38 39
SOBRE AS
ORGANIZADORAS:
Leila Pessoa Violeta Sutili

Artista visual, arte educadora, mestranda Artista visual e designer de moda. É me-
em Artes Visuais na área de Poéticas Visuais, stranda em Artes Visuais na área de Poéticas
dentro da linha de pesquisa Desdobramen- Visuais, dentro da linha de pesquisa Desdo-
tos da imagem, no Programa de Pós Grad- bramentos da imagem, no Programa de Pós
uação em Artes Visuais, pela Universidade Graduação em Artes Visuais, pela Universi-
Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Em dade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.
sua pesquisa visa ressoar estudos lesbianos, Sua pesquisa centra-se no vestir como ação
assim como a vida e obra de Cassandra Rios política e poética buscando desdobrar as
na perspectiva das Artes Visuais. Busca refle- aplicações teórico praticas do conceito de
tir sobre os temas transversais com a arte/ moda diante da modernidade/colonialidade.
vida e autobiografia em seus projetos, utili- Pós-Graduanda em Gestão Cultural (SENAC),
zando-se também da memória como dispos- é Bacharela em Moda pela Universidade do
itivo para repercutir vivências, com caráter Estado de Santa Catarina - UDESC. Premiada
biográfico. Licenciatura em Artes Visuais pela em 2019 no MoveModa Dragão Fashion
Universidade do Estado de Santa Catarina - House, promovida pela fundação Dragão do
UDESC, durante a graduação permeou plasti- Mar, em Fortaleza-CE, com o filme “Arca”,
cidades nas quais a escrita e a auto escrita se recebendo na mostra o prêmio de Inovação
fizeram presentes. em Linguagem, como obra de caráter mais
experimental e livre.

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