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A PESQUISA NO NORDESTE
Lina Bo Bardi
62
GUEDES, Joaquim. Frase dita por Lina em Simposio sobre Arte Popular no Rio de Janeiro,
no livro/catálogo Lina Bo Bardi Architetto, p 15
63
BARDI, Lina Bo. Tempos de Grossura: o Design no Impasse p 48
64
Habitat No 5. Artigo: Dois Objetos, de autoria provável de Lina p 64
No livro Tempos de Grossura: o design no impasse, ela deixa claro a
importância da arte popular, dizendo: “Precisamos dismistificar
imediatamente qualquer romantismo a respeito da arte popular,
precisamos nos liberar de toda a mitologia paternalista, precisamos
ver, com frieza crítica e objetividade histórica, dentro do quadro da
cultura brasileira, qual o lugar que à arte popular compete, qual sua
verdadeira significação, qual o seu aproveitamento fora dos
esquemas “românticos” do perigoso folclore popular”.65
Lina foi a Bahia pela primeira vez convidada por Diógenes Rebouças
para lecionar Filosofia e Teoria da Arquitetura na Escola de Belas
Artes da Universidade da Bahia e acabou sendo convidada pelo então
Governador, Juracy Magalhães, a implantar o Museu de Arte Moderna
da Bahia, onde promovem muitas mostras e eventos. Neste período
encontram-se com o Diretor da Escola de Teatro, Martim Gonçalves,
e trocam experiências constantes.68 Ela se torna a única mulher no
grupo de estudiosos da Universidade da Bahia, com o apoio do
Governador, uma posição firme para seus projetos, e defendendo
idéias fortes e inovadoras.
Um segundo período Bahiano de Lina acontecerá de 1985 a 1988
quando a Fundação Gregório de Mattos a convida para o projeto de
recuperação do centro histórico de Salvador.69
65
BARDI, Lina Bo. Tempos de Grossura: o design no impasse. p 25
66
ZEVI, Bruno. Arte sí, ma povera no L’ Espresso de 10 de Maio de 1992
“Trascuró il mondo del design, s’ immerse in un’ operazione di riscatto dell ‘Arte Povera”,
combattendo “l’ american way of life” colonialista e le dittature militari.”
67
NICOLÓ, Tino e Proietti, Gianni. Un’ Adorabile Eccentricitá. Il Corriere della Sera.
01 Setembro 1986
68
Dados fornecidos no livro de António Risério, Avant-Garde na Bahia. p 79
69
Idem
Sua busca, em seu primeiro período na Bahia, fez parte de todo um
movimento que foi sonhado e transformado em realidade pelo então
reitor da Universidade da Bahia, Edgar dos Santos. Personagem
“estratégicamente centrado na dimensão cultural da vida social”70.
Ele consegue promover, como já foi citado anteriormente, uma
revolução cultural com a ajuda de professores/colaboradores que
constróem uma vanguarda com base na antropologia, nas nossas
origens. Mostrando que a questão artística é somente uma das faces
do problema social.
70
RISÉRIO, Antonio. Avant-Garde na Bahia. p 78
71
RIBEIRO, Darcy. Entrevista para a TV Cultura, programa Roda Viva, em
17 de Abril de 1995.
72
FERRAZ, Marcelo. Depoimento para o livro Arte na Bahia. Novembro 1990
3.1
O REITOR EDGAR SANTOS E O
AVANT-GARDE NA BAHIA
Edgar Santos reabre, neste momento, a busca por uma arte nacional,
que já foi muito debatida e produzida pelos modernistas da década
de 20, mais precisamente nos anos ao redor da Semana de Arte
Moderna de 22.
Entre os dois movimentos existem alguns pontos de contato
importantes. Um deles é essencial para o design, e refere-se à
industrialização do país. Aracy do Amaral, em seu livro sobre a
Semana de 22 coloca que uma das molas da arte é:”O nacionalismo
emergente da Primeira guerra Mundial e da subsequente e gradativa
industrialização do País e de São Paulo em particular”74.
Esta industrialização, para os anos 60 será mais evidente no retorno
de Lina a São Paulo e o seu contato com a produção do design local.
73
Nota prévia do livro de António Risério, Avant-garde na Bahia, escrita por Marcelo
Carvalho Ferraz
74
AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. p 13
Uma segunda semelhança significativa para todas as artes, é a busca
estética dos dois períodos. Aracy escreve sobre este tema: “Mario de
Andrade diria, o direito permanente à pesquisa estética, a atualização
da inteligência artística brasileira e a estabilização de uma
consciência criadora nacional.”75 E continua:”Assistimos (…) a
atualização da linguagem brasileira com a do mundo
76
contemporâneo” . Na década de 60 a Universidade da Bahia, com
seus professores e sua viva cidade desenvolve experiências artísticas
em busca de uma linguagem própria no campo do teatro, do cinema,
da música, da arquitetura, do design. Uma busca coletiva.
75
Idem
76
AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. p 13
77
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento Modernista em São Paulo na década de 20. In Os
Nascimentos de São Paulo. Coord. Eduardo Bueno, p 195
78
RISERIO, Antonio. Avant-garde na Bahia. São Paulo, Instituto Lina Bo e P. M. Bardi p 74
Caetano Veloso, que viveu a Universidade de Edgar Santos, descreve
aquele período de sua vida como o de um deslumbramento pelo fato
de a cidade estar tão presente na vida da Universidade. Frisando
também que o ocorrido na Bahia naqueles anos é ainda pouco
estudado, mas determinante para a história recente da cultura
brasileira.79
79
idem. Apresentação p 9
80
ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura Nova, p 33
3.2
O PRÉ - ARTESANATO
Lina Bo Bardi
81
BARDI, Lina Bo. Pequenos cacos, fiapos e restos de civilizações. A Tarde Cultural. Salvador
Bahia 23 de Outubro 1993 (texto original de 1980)
82
BARDI, Lina Bo. Depoimento para o livro Arte na Bahia de Marcelo Ferraz. Novembro 1990
No Nordeste, por exemplo, o couro é, provávelmente, o material mais
utilizado no cotidiano. A tradicional roupa de couro do vaqueiro
nordestino, se observada com cuidado, mostra que surgiu dos
recursos naturais do meio e se torna uma das mais belas
manifestações da arte popular, pelo seu feitio e significado.
O traje surgiu apenas como uma proteção contra o clima e as plantas
da caatinga, que para sobreviverem a seca, desenvolveram uma
grande resistência contra o calor e os espinhos. Eram feitas de couro
de vaqueta, bode ou outros animais locais e constituíam a principal
matéria prima de suas regiões.
As vestimentas em couro iam desde o chapéu, que era símbolo de
status, até as botinas, incluíndo perneiras, coletes, e luvas. O chapéu
merece uma atenção por ter nele, o status do vaqueiro que o usa.
Seu formato e seus detalhes diziam se o vaqueiro tinha posses ou
quanto valente era.83
83
Habitat 12. Roupas do vaqueiro Nordestino. Jul/ Set 1953
84
FROTA, Lélia Coelho. Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro. Sec XX, p 180
85
Habitat 1. Ex-votos do Nordeste, p 72. Texto sem autor.
espírito: é sempre a mesma coisa. O ceramista longe de sua
choupana e em contato com outros ambientes, perderá qualquer
capacidade, pois são os humus da terra que ele respira”.86
Como se o nordestino não pudesse se intoxicar com outras
informações que possam interferir em sua ingenuidade e inocência.
Com a intensidade e paixão com que Lina lidava com este objetos
podemos quase julgar que eram verdadeiras obras de arte, mas,
segundo ela, temos que ser atentos pois estão em uma fronteira
muito próxima do mau-gosto. É o mau-gosto da peça feita não por
necessidade, mas por continuidade. Na peça deve existir a
simplicidade da criança, ingênua, que nós chamamos de poesia.87
86
Habitat 2. Cerâmica do Nordeste, p72. Texto sem autor.
87
Habitat 5, p 55.Texto de Lina que mostra de forma brilhante, como olhar para estes
objetos.
88
BARDI, Lina Bo. Pequenos cacos, fiapos e restos de civilizações. A Tarde Cultural. Salvador
Bahia 23 de Outubro 1993 (texto original de 1980)
O DESIGN E A VANGUARDA BAIANA
89
Conceito retirado de Sergio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, p 47
90
BARDI, Lina Bo. Tempos de Grossura: o design no impasse p 12
91
Idem
O COURO
Alguns dos artistas mais significativos foram Mario Merz, Marisa Merz,
Giulio Paolini, Michelangelo Pistoletto e Gilberto Zorio. Eles, entre
outros, optaram por criar espaços e instalações com o emprego de
formas e materiais não duráveis. Rolos de papel, jornal, plásticos,
ferro, pedras, papelão, algodão, tecido, carvão,… gerando, desta
forma, uma redefinição de escultura e do fazer arte.
O material coletado nas ruas, no cotidiano, nos locais mais óbvios,
indo a fundo na essência dos seus usos é “quase a descoberta da
tautologia estética, o mar é a água, um quarto é um perímetro de ar,
o algodão é algodão, o mundo é um conjunto imperceptível de
nações, o ângulo é a convergência de três coordenadas, o piso é uma
porção de azulejos e a vida é uma série de ações.”93
A importância deste material utilizado e da contextualização do
momento social são também enfatizados pelo crítico (atual) Paul
Wood no seguinte trecho: “Impulsionada por um ceticismo em
relação ao meio tradicional das ‘Belas Artes’, a vanguarda italiana
abraçou uma ampla e heterogênea gama de materiais com os quais
se pudesse produzir arte: Tijolos, pedras, madeiras, papelão, papel,
animais, vegetais e minerais fazem parte do mundo da arte.” E
92
MOURA, Renata da Silva. Uma experiência da Arte Povera. Dissertação de Mestrado PUC-
RJ , Departamento de História. Setembro 2002.
93
POLI, Francesco. Minimalismo, Arte Povera, Arte Concettuale, p 80. Ed Laterza VI Ed.
2005. Roma Italia
complementa: “A verdadeira força da Arte Povera reside no
radicalismo técnico dos seus materiais e métodos de elaboração”.94
94
WOOD, Paul. Arte Conceitual. P 59. Ed Cosac e Naify. São Paulo. Brasil.
95
POLI, Francesco. Minimalismo, Arte Povera, Arte Concettuale, p 83.
96
MOURA, Renata da Silva. Uma experiência da Arte Povera. Dissertação de Mestrado PUC-
RJ , Departamento de História. Setembro 2002.
ela dá o seu parecer sobre os seis anos vividos com uma das
vertentes mais pobres do artesanato brasileiro.
Ela regressa do Nordeste em 1964 e escreve o livro em 1980,
deixando um leque de 16 anos entre o fato e a teoria.
Provavelmente este espaço lhe deu tempo para digerir melhor o que
viu para escrever de forma mais madura suas conclusões,
aproximando o resultado final aos conceitos da Arte Povera, que em
80 já estava mais definida.
97
BARDI, Lina Bo. Tempos de Grossura, o design no impasse, p 33
entrevistas e planta a semente da discussão sobre o pré-artesanato e
a dureza de sua realidade.
98
Entrevista para a revista Interview de Agosto 1983, No 63. Entrevistada por Carlos Roque.
P 24 a 26
99
Idem
100
Idem
101
BARDI, Lina Bo. Tempos de Grossura, o design no impasse. p 11
3.3 BAHIA NO IBIRAPUERA
102
Frase do catálogo da mostra Bahia no Ibirapuera. 1959. p 2
103
O Parque do Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer, foi inaugurado em 1953 em
homenagem ao IV Centenário da Cidade de São Paulo. Juntamente com a inauguração
aconteceu a II Bienal de Artes. Informações no livro IV Centenário da Cidade de São Paulo
de Silvio Luiz Lofego.
104
Arturo Profili era italiano, galerista e imigrou para o Brasil, em São Paulo, onde abriu a
Galeria Sistina
105
Jornal Folha da Manhã, São Paulo, 08 de Novembro de 1959
106
Jornal a Gazeta, sem data
Santos e o então presidente do MASP, Cicillo Matarazzo. Foi
promovido pelo Loide Aéreo, pelo Departamento de Turismo da
Prefeitura de Salvador e pelos Diários Associados de
107
Chateaubriand.
Lina deixou claro em sua escolha de peças e cenografia que não era
uma mostra de folclore, mas de arte viva, em movimento, “cheia de
realidade humana”.109
As colchas de retalhos que ela havia visto nas feiras do Nordeste, por
exemplo, com o olhar de quem conhecia Mondrian, mas não tinha a
intenção de tirar o objeto de seu contexto. “Ela não vê os objetos
como ingênuos ou espontâneos, mas pela sua integridade e como
solução criativa diante de um problema”.110
107
Informações dadas pelo Jornal Folha da Manhã de 8 de Novembro de 1959
108
Conforme descreve o catálogo da mostra
109
Idem
110
GALLO, Antonella. Lina Bo Bardi architetto p 68
111
Artigo de Marco Antonio para o jornal Última Hora, São Paulo, 23 de Setembro de 1959
O que movia o arquiteto para lutar pelo artesanato, transportá-lo e
apresentá-lo de forma tão brilhante e cuidadosa não era a intenção
de conservação e estagnação das obras, mas encontrar nelas uma
revolução. Buscava uma alternativa brasileira para o campo do
design.
Buscava mostrar à artistas e críticos uma belissíma arte brasileira
sem interferências externas. Uma arte repleta de força e significado,
ao invés de olharem para a Europa em busca de inspirações e
referências.
Esta mesma mostra, às vezes reduzida em seu tamanho, foi exposta
em diversos locais e sempre gerou conflitos e debates, especialmente
por ser sempre acompanhada de sua curadora de raciocínio rápido e
língua feroz, lutando em sua defesa.
CENOGRAFIA
Duas vistas do espaço da exposição com os objetos e as folhas secas no chão que eram
trocadas cotidianamente para que o visitante sentisse o constante barulho, ao caminhar, de
quem está em um local aberto.
O espaço contava também com um sistema de som que tocava músicas regionais.
EXPOSITORES
Pássaros de cerâmicas
apresentados juntos como
buquês de flores e
cuidadosamente colocados com
os rostos virados para o centro
da montagem.
OBJETOS
Lamparinas e castiçais feitos a partir de vidros e latas metálicas de manteiga, óleo e queijos.
112
Idem pagina 141
O MUSEU DE ARTE NO
SOLAR DO UNHÃO
O Museu de Arte Popular da Bahia, em Salvador, é uma obra de
restauro de Lina de 1959.
O que está documentado é que o complexo de edificações, no século
XVII era residência do então Desembargador Pedro Unhão Castelo
Branco, de onde veio o atual nome. O espaço se tornou, com o
passar dos anos, engenho de açucar, curtume, fábrica de rapé,
depósito de inflamáveis da “Standard Oil” e quartel dos Fuzileiros
Navais.
Após a Segunda Guerra Mundial, com o decreto de desapropriação
pelo Governo da Bahia, o edifício do Solar foi doado para sede do
Museu de Arte Moderna da Bahia que, após o restauro de Lina, se
tornou o Museu de Arte Popular da Bahia.
O conjunto é composto por cinco unidades interligadas, com exceção
da igreja. O Solar é o edifício principal que fica à beira-mar e conta
com três pavimentos.113
113
Informações encontradas em uma edição de 10 de Junho de 1961 do Jornal da Bahia.
Sem autor.
114
Descrição no Livro Lina Bo Bardi coordenado por Marcelo ferraz, p 161
115
Idem
116
Conceito apresentado no livro Lina Bo Bardi coordenado por Marcelo Ferraz , p 153
Objetos de uma beleza e rigor que somente a presença constante da
realidade pode oferecer.117
Em uma entrevista dada em 1963 sobre o Solar ela afirmou:”Nos
anos 60 fizemos – digo fizemos porque nessa época Glauber (Glauber
Rocha, cineasta) estava comigo além de uma turma muito importante
– na Bahia, o conjunto do Unhão, em Salvador, já tombado diante de
sua importância histórica.
Era o trapiche, uma fábrica construída no início da industrialização.
Foi um trabalho importantíssimo inaugurado em 1963, com
exposições não menos importantes.”118
117
Conceito no livro Lina Bo Bardi coordenado por Marcelo Ferraz, p159
118
INTERVIEW No 63 Agosto 1983. P 24 a 26. Entrevista com Carlos Roque.
119
Conceito no livro Lina Bo Bardi de Marcelo Ferraz. P 162
120
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. p190
Duas vistas gerais da mostra no Solar do Unhão, com seus objetos, utensílios e estantes cujos
sistemas de montagem extremamente simples, com algumas tábuas sem acabamento,
lembram caixas de laranja.
Dois detalhes da escada
do Solar do Unhão
projetada por Lina com o
mesmo sistema de
encaixe utilizado para
prender os bois nos
“carros de boi”
Estante feita com algumas tábuas e
baguetes internas para apoio das
prateleiras, mostrando lamparinas feitas
com latas de metal. Manteiga, óleo, …
Uma singela e eficiente forma de apresentar as cerâmicas, sobre uma base de madeira
levemente elevada do piso.
Importante perceber a presença das colchas penduradas na parede de fundo.
Canhões da Revolução Militar diante do Teatro Castro Alves em Abril de 1964.
Foto de Lina Bo Bardi. Acervo do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
Fotos: todas foram tiradas por Guthman e estão no acervo do Instituto Lina Bo e Pietro Maria
Bardi
CAPITULO 4
“O Design é a necessidade do
mundo de se sentir global.
Inteiro. Humanos vivendo em um
sistema internacional.”121
António Risério
121
RISÉRIO, António. Avant garde na Bahia, p 73
122
FREYRE, Gilberto. Antecipações, p 29
123
BARDI, Lina. Tempos de Grossura o Design no Impasse, p 33
Para Lina, entender a diferença entre estes dois mundos e entender a
arte popular pelo seu valor instrínseco significa ver um Brasil
independente, desvencilhado dos “importados”, sem complexo de
inferioridade ou medo do seu próprio produto.
124
BARDI, Lina. Tempos de Grossura, O design no Impasse, p 26
125
Idem, no texto: Um balanço 16 anos depois. p 11
126
NICOLÓ, Tino e PROIETTIS, Gianni. Un’ Adorabile Eccentricitá. Entrevista para o jornal Il
Corriere della Sera. De 1o de Setembro de 1986.
4.1 EXPOSIÇÃO NORDESTE EM ROMA
127
Texto escrito a máquina nos arquivos do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, mas sem autor.
128
ZEVI, Bruno. L’ Arte dei Poveri fá Paura ai Generali. L’ Espresso, Roma, 14 de Março 1965
129
Frase extraída de carta escrita por Lina. Acervo do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi.
Traduzido do original em Italiano.
Quatro imagens da montagem da mostra do Nordeste em Roma que não foi inaugurada por
motivos políticos.
Fotos de Oscar Savio
Imagens do arquivo do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
Objetos de uso cotidiano faziam parte da exposição em Roma que queria levar ao europeu a
genialidade da necessidade do brasileiro mais humilde
Foto: Oscar Savio
Imagens do arquivo do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
Objetos espirituais, ou de crenças locais, como a carranca que “espanta” o mau tempo dos
pescadores, e o ex-voto que agradece a graça recebida faziam parte desta mostra que nunca
foi vista pelo público.
Fotos: Oscar Savio
Imagens do arquivo do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
4.2
O MASP E A MÃO DO POVO BRASILEIRO
130
SEGAWA. Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. p191
131
NICOLÓ, Tino e PROIETTIS Gianni. Un’ Adorabile Eccentricitá. Il Corriere della Sera. 1o
Setembro 1986.
132
BARDI, Lina Bo. Museu de Arte de São Paulo, catálogo editado pelo Instituto Lina Bo e P
M Bardi.
As colchas da Bahia tem, segundo Bardi, o mesmo rigor da abstração
geométrica encontrado no holandês Pier Mondrian, um dos homens
que revolucionaram a pintura deste século.
Palavras de Pietro e Lina ‘uma lição de arte dada por gente humilde
que nunca ouviu falar em Bienais nem em salões de Arte
Moderna.”133
133
Veja. 25 Junho de 1969. A Mão do Povo Brasileiro
4.3 O SESC E CINCO EXPOSIÇÕES
4.3.1 O SESC
134
BARDI, Lina Bo. O Bloco Esportivo. Casa Vogue No 6, Nov-Dez 1986. p 134 à 141
135
No livro Lina Bo Bardi, de M.Ferraz, p 220
136
SOARES, Dirceu. Um Centro de lazer na Cidade Morta. Folha de São Paulo. 19 de Janeiro
de 1978
137
NICOLO, Tino e PROIETTIS, Gianni.Una Adorabile eccentricitá. Corriere della Sera. 01
Setembro1986
138
BARDI, Pietro Maria. O Design no Brasil: história e realidade. Texto introdutório do
catálogo. Ed Sesc + Masp. 1982
que foram tombadas à poucos anos, em relação à obra do SESC, mas
que são, provávelmente, frutos deste primeiro “estopim”.
139
LAMPUGNANI, Vittorio Magnano. Centro Sociale Sportivo “Fabbrica Pompéia”. Revista
Domus No 717 Junho 1990. p 50 à 57
140
Frase escrita por Darcy Ribeiro no livro de visitas do SESC Pompéia em 17 de Abril de
1983.
141
ZEIN, Ruth Verde. Fabrica da Pompéia, para ver e aprender. Revista Projeto No 92
Outubro 1986 p 44 à 55
A rua central do SESC com os galpões preservados da antiga fábrica de tambores com as
novas e enormes portas em madeiras que são de acesso aos espaços
Foto: Paquito
Os dois blocos esportivos que se abraçam por enormes passarelas, suas aberturas que
lembram buracos grotescos de cavernas e a torre-chaminé-caixa d’agua
Foto: Roberta Cosulich
O Salão principal do SESC com a presença da água pelo “rio São Francisco” e a presença do
fogo pela grande lareira em ferro preto ao fundo à esquerda.
142
Referência tirada à partir de fotos do projeto Cananéia no Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
livre para participar da disposição e utilizá-la sozinha ou com um
grupo de amigos para jogar, desenhar, ler. Objeto de um desenho
carregado de força e extremamente duro.
São objetos únicos pois não se tinha, naquele período, nada nesta
linguagem. Os demais designers, como Sergio Rodrigues ou Tenreiro
utilizavam madeira, mas de uma forma completamente diversa.
Esta linha dura que começa com o Sesc continuará até o último
projeto de Lina, sofrendo leves mudanças.
O ESPAÇO DE CONVÍVIO
As mesas da biblioteca do sesc feitas em madeira maciça. A redonda com prateleiras que
lembram as estantes das mostras do Nordeste. As cadeiras são muito mais pesadas,
fisicamente e visualmente, das projetadas até 1958.
Este belo móvel feito para crianças é chamado de caixotinho. É um dos objetos mais simples
e mais eficientes do SESC. O conceito é o de um cubo cortado na diagonal, com uma de suas
tampa superior rebaixadas. Desta forma, tem-se uma mesa e uma cadeira componíveis e
transportável, por ter rodinhas.
143
FREYRE, Gilberto. Antecipações, p31
1982
O DESIGN NO BRASIL:
HISTÓRIA E REALIDADE
144
BARDI, Lina Bo. Texto no catálogo da mostra que foi utilizado também em um cartaz.
145
BARDI, Pietro Maria. Catálogo da mostra. O Design no Brasil: História e realidade. Frase
introdutória. 12 de Abril 1982
146
Revista VALBRARTE. Ano 1 No 2 Outubro 1983 p 50. Texto sem autor.
Lina Bo Bardi, que reagiu sutilmente às virulentas críticas contra a
exposição na Fábrica da Pompéia, acusada de saudosista acha que é
preciso refletir sobre o que aconteceu com o design no Brasil para
que no futuro as exposições não sejam tão contundentes como
esta.”147
147
DUCLOS, Nei. Design: Enfim uma Polêmica. Revista Senhor No 61. 19 de Maio 1982. p 62
148
AMARANTE, Leonor. Design brasileiro no Sesc Pompéia. 9 de Abril 1982. Depoimento de
Lina para a entrevista.
149
BARDI, Pietro Maria. O Design no Brasil: História e realidade. 12 Abril 1982. p 13
Vistas gerais da mostra. A superior com os objetos manufaturados e a inferior com os
objetos de produção industrial.
Acervo Instituto Lina Bo e P M Bardi
Tapeçarias com bordados. Elementos constantemente expostos por Lina, desde a primeira
mostra Bahia no Ibirapuera em 1951, na primeira Bienal de São Paulo.
Detalhes de objetos expostos na área
dedicada aos objetos pré-industriais.
Uma cadeira com interessante e atípico pé,
um avião feito com pedaços de objetos e
restos e uma mesa repleta de ferros de
passar à carvão.
Cartaz da mostra
Acervo Instituto Lina Bo e P M
Bardi
150
PAPA Jr. José. Mil Brinquedos para a Criança Brasileira
151
BARDI, Pietro Maria. Mil Brinquedos para a Criança Brasileira. P 7
dos artesões. Só não foram expostos brinquedos bélicos que
pudessem estimular o espírito agressivo da criança.152
“Esta série de brinquedos desde o Norte até o Sul é o símbolo da
extraordinária capacidade do povo, seus instintos, vocação para a
diversão, o prever as mil necessidades valendo-se do que tem à mão
desde a providencial madeira, a vegetação para pintar, o ajustar
mecanismos ao modo que os antepassados conseguiram com o
engenho de açucar, numa palavra o criar, todo um sentimento e um
labor do povo é aqui recolhido. Sem dúvida é esta a novidade da
exposição”153
152
Idem
153
Idem p 9
Vista gerais da mostra Mil Brinquedos para a criança Brasileira
Fotos: Acervo Instituto Lina Bo e P M Bardi
Um carrossel foi colocado dentro do SESC para as crianças.
Fotos: Acervo Instituto Lina Bo e P M Bardi
Detalhes da mostra:
Superior esquerdo são borboletas de tecido.
Superior direito são passarinhos em madeira
À esquerda bonecos de pano
Uma constante nas exposições de Lina é
utilizar a repetição dos objetos pequenos para
que criem volume e texturas.
154
BARDI, Lina Bo. Texto no folder de apresentação da mostra.
155
Idem
156
Idem
Duas imagens da mostra que reconstroi ambientes residencias com mobilia de desenho
bastante particular e diferente de tudo o que foi visto nas mostras de Lina até o momento.
CAIPIRAS, CAPIAUS,
PAU-A-PIQUE
Cartaz da mostra
Acervo instituto Lina Bo e P M
Bardi
157
BARDI, Lina Bo. In Lina Bo Bardi de Marcelo Ferraz, p 224
São Paulo. Um trator foi colocado em um jardim com uma floresta de
mastros coloridos ao seu redor.
Uma casa de pau-a-pique que foi construída em loco para a mostra utilizando as técnicas
tradicionais e um conjunto de cestas para as galinhas
Fotos: Acervo Instituto Lina Bo e P M Bardi
1985
ENTREATO PARA
CRIANÇAS
Cartaz da mostra
Acervo do Instituto Lina Bo e P M
Bardi
158
BARDI, Lina Bo. In Lina Bo Bardi de Marcelo Ferraz. P 246
159
Idem
Esta atenção dada aos animais conclui-se com a grande Vaca
Mecânica, de 1988, passando pelo Polochon, que é um porco com
duas cabeças da peça Ubu Rei e esta mostra que reúne diversos tipos
construídos com diversas técnicas.
Uma enorme gibóia feita em tecido para que as crianças pudessem brincar em seu interior
Uma estrutura em madeira para apoio de diversos quadros com coleções de besouros,
borboletas, formigas e demais animais.
Cavalos em madeira, um grande porco
onde as crianças podiam entrar e um
macaco que tinha sido utilizado em um
carro alegórico no carnaval.
A grande vaca Mecânica foi idealizada por Lina em 1988 com o auxílio
do arquiteto Marcelo Suzuki, um dos seus assistentes, que detalhou
este ousado objeto que servia para unir, em seu ventre, uma
amostragem do artesanato brasileiro.
Muito trabalho foi dedicado ao projeto deste enorme objeto. No
Instituto Lina Bo e P M Bardi podem ser encontrados muitos desenhos
e croquis de estudo. É um dos poucos objetos realmente detalhados
com desenhos técnicos com detalhamentos.
A vaca foi pensada toda em metal, com grandes rodas para seu
transporte e, em seu corpo irregular, abriríam-se portas verticais e
horizontais das quais sairíam prateleiras, ou se avistaría seu interior.
Nestes espaços Lina colocaría uma amostragem dos objetos que
pesquisou no Nordeste; luminárias de latas de manteiga, objetos em
barro, ex-votos em madeira, etc. Como se a Vaca sintetizasse o
nordeste em seu interior. Ela, juntamente com a cabra, são animais
muito importantes para o sertão; dão o leite, a carne e o couro.
160
Trecho no livro Lina Bo Bardi, de Marcelo ferraz, na página 304
Primeiros estudos de Lina para a Grande Vaca Mecânica. 1998
Estudos já mais detalhados para o funcionamento da Vaca.
Detalhe do projeto executivo para a cabeça da grande vaca
Desenho técnico da Grande Vaca executado por Marcelo Suzuki
4.6 OUTROS OBJETOS
161
BARDI, Lina Bo in Lina Bo Bardi de Marcelo Ferraz. P 262
Polochon que está na Casa de Vidro no Foto do arquivo do Instituto Lina Bo Bardi com
Morumbi o Polochon grande e algumas miniaturas.
162
BARDI, Lina Bo. no livro Lina Bo Bardi, coordenado por Marcelo Ferraz na página 276
163
Idem
Cadeiras italianas que inspiraram o sistema Cadeiras no espaço de convívio da
de articulação da Frei Egidio Barroquinha
Croquis dos displays da mostra do Benin que tem a mesma linguagem da cadeira Girafinha.
Geometria perfeita e o mesmo sistema de montagem dos pés, mas com espessuras
diferentes.
Restaurante do Brasil no Benin com mesas e cadeiras projetadas por lina. Tudo em um
carramanchão com cobertura em sapê.
ITALIA
BRASIL/SÃO PAULO
1946 Transfere-se para o Brasil com Pietro Maria Bardi
instalando-se em São Paulo
Escreve a coluna:
Cronicas de Arte, de História, de Costume, de Cultura da
vida.
Diário de Notícias. Salvador. Bahia
1968 A Compadecida
Cenografia do filme de George Jonas
Teatro Oficina
Projeto de Lina com Edson Elito.
São Paulo
Projeto Barroquinha
Em Salvador no Teatro Gregório de Matos.
Lina com Marcelo de Carvalho Ferraz.
Desta obra nasceu a cadeira Frei Egydio para o teatro.
1987 Casa do Benin na Bahia
Projeto de Lina com Marcelo de Carvalho Ferraz.
A tradicional cadeira Girafinha foi criada para este projeto.
Ladeira da Misericórdia
Projeto urbano de Lina com Marcelo de Carvalho Ferraz
onde foram aplicadas janelas como o conjunto de esportes
do Sesc.
Livros:
BLASER, Werner. Mies Van Der Rohe. Ed Martins Fontes. São Paulo,
1994. Col. Arquitetos
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. Ed. Usp. São Paulo. 2001.
1a edição
Catálogos:
Periódicos:
Sites:
Masp.uol.com.br
www.educational.rai/lezionididesign/designer/pontig.htm
www.scuolaromana.it/artisti/leoncill.htm
Video: