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XXV CONIRD – Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem

08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE

NECESSIDADE HÍDRICA DA CULTURA DA RÚCULA (Eruca sativa L.)


CULTIVADA NO AGRESTE ALAGOANO

C. B. da SILVA1, J. C. da SILVA2, L. de A. SANTOS2, A. N. de OLIVEIRA2, D. P. dos


SANTOS3, M. A. L. dos SANTOS4

RESUMO: Objetivou-se com esse trabalho determinar a evapotranspiração da cultura (ETc)


da rúcula por lisimetria de drenagem e estimar a evapotranspiração de referência (ETo) para o
agreste alagoano. O experimento foi conduzido no Campus Arapiraca da Universidade
Federal de Alagoas (UFAL) no período de janeiro a fevereiro 2015. Para a estimativa da ETo
utilizou-se o método de Penman-Monteith e Hargreaves-Samani, Os dados foram obtidos da
estação meteorológica da região de Arapiraca. A soma da ETc de todo o período da cultura foi
de 147,09 mm e uma média de 5,88 mm dia-¹.

PALAVRAS-CHAVE: Evapotranspiração da cultura, evapotranspiração de referência,


lisimetria de drenagem.

WATER REQUIREMENT OF THE CULTURE OF ARUGULA (Eruca sativa L.)


GROWN IN THE WILD ALAGOAS

SUMMARY: The objective of this work was to determine the crop evapotranspiration (ETc)
of the rocket by lysimeters drainage and estimate the reference evapotranspiration (ETo) for
the Alagoas harsh. The experiment was conducted at the Campus Arapiraca the Federal
University of Alagoas (UFAL) in the period from January to February 2015. To estimate the
ETo used the Penman-Monteith and Hargreaves-Samani, Data were obtained from the
meteorological station region Arapiraca. The sum of ETc from all over the culture period was
147.09 mm and an average of 5.88 mm day-¹.

KEYWORDS: Evapotranspiration culture, reference evapotranspiration, drainage lysimeter.

1
Graduanda em Agronomia, Universidade Federal de Alagoas, CEP 57312-550, Arapiraca, AL. Fone: (082)
99288267. E-mail: cinara_cbs@hotmail.com.
2
Graduando (a) em Agronomia, UFAL, Arapiraca, AL.
3
Doutoranda em Engenharia Agrícola, UFRPE, Recife, PE.
4
Professor Associado, Doutor em Irrigação e Drenagem, UFAL, Arapiraca, AL.

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INTRODUÇÃO

A cultura da Rúcula (Eruca sativa L.), pertence à família das Brassicaceae, com origem
no Mediterrâneo. É uma hortaliça herbácea que possui um porte baixo que pode chegar a
atingir de 15 a 20 cm na colheita. A coloração é verde escura, devido à composição
nutricional, pois é rica em enxofre, vitaminas A e C. A hortaliça mais consumida atualmente
no Brasil é a alface, porém desde o final da década 90 a Rúcula vem ocupando um espaço no
mercado, sendo possível observar um aumento na quantidade comercializada e consumida
(ALVES e SÁ, 2010). Essa cultura é muito consumida nas Regiões Sul e Sudeste do país.
A determinação da Evapotranspiração da cultura (ETc) é fundamental para que se possa
conhecer as necessidades hídricas da cultura, devido a isso, é importante que se tenha um
controle de água adequada através de um bom manejo de irrigação. A água é fundamental
para a atividade agrícola, destacando-se devido a sua importância para a produção de
alimentos, e a escassez da mesma pode ocasionar sérios problemas para a agricultura
interferindo na produtividade. O sistema radicular da rúcula é superficial, o que faz dessa
planta uma cultura exigente para a irrigação suplementar, essa cultura é muito sensível ao
déficit hídrico do solo, sendo a irrigação uma pratica indispensável para que a holerícola
atinja bons níveis de produção (CARVALHO et al., 2012).
Objetivou-se com esse trabalho determinar a evapotranspiração da cultura (ETc) da
rúcula por lisimetria de drenagem e estimar a evapotranspiração de referência (ETo) para o
agreste alagoano.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no período de janeiro a fevereiro de 2015 na área


experimental do Campus de Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com as
seguintes coordenadas geográficas (9° 45’ 09” Sul, 36° 39’ 40” W, 264 metros), o clima é
classificado como tipo ‘As’ tropical (Köppen, 1948), com estações chuvosas iniciando no mês
de maio até agosto, com uma precipitação pluvial em média de 854 mm ano-1, os meses de
maio a julho são os mais chuvosos e setembro a dezembro os mais secos. O solo é
classificado como Argissolo Amarelo Vermelho distrófico segundo a (EMBRAPA, 2006).
Foi feito um canteiro de 3,5 m de comprimento por 1,0 m de largura, onde foi
implantado um sistema de lisimetria de drenagem diretamente instalado no solo, utilizando
três recipientes circular de material plástico, com área de superfície de 0,0707 m² instalados

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no solo, com capacidade unitária de 18 litros. A frente do canteiro foi aberta trincheiras para
serem colocados os recipientes coletores com capacidade de cinco de litros para drenagem de
cada lisímetro. Também foram instalados tubos de drenagem para condução da água dos
lisímetros até os coletores, armazenando, portanto, a água drenada. Depois de instalado foi
colocado em cada lisímetro uma camada de brita e posteriormente uma camada de areia,
ambas de 5,0 cm, finalizando com a reposição das quatro camadas do solo que foram
devidamente separadas a cada 10,0 cm. Em seguida os lisímetros foram saturados e depois
colocados em capacidade de campo.
O transplantio ocorreu no dia 21 de janeiro de 2015, as mudas colocadas em covas no
canteiro, sendo uma planta por lisímetro. O espaçamento entre linhas foi de 25,0 cm entre
linha 15,0 cm entre planta. A colheita foi realizada no dia 15 de fevereiro de 2015.
O sistema de irrigação adotado foi por gotejamento com emissores autocompensantes.
A distribuição da água ocorreu por gravidade, saindo de cinco reservatórios com capacidade
unitários de 18 litros, instalados sobre uma bancada de madeira localizada a 1,0 m de altura.
Para a determinação da (ETc) da cultura nos diferentes estádios de desenvolvimento de
acordo com (ABOUKHALED et al., 1982) foi utilizada a seguinte equação:
ETc = P + I – D (1)
Em que:
ETc = Evapotranspiração da cultura (mm);
P = Precipitação pluviométrica (mm);
I = Lâmina de água aplica por irrigação (mm);
D= Água drenada do lisímetro (mm).

Para estabelecer comparação das medidas de ETo com estimativas foram utilizados o
método de Penman-Monteith que foi adaptado por ALLEN et al. (1989), considerado o
método padrão da FAO que é dada da seguinte forma:

ETo 
 Rn  G

 900
U 2 (2)
 rc    r c  T  273 ,15
   1      1  
 ra   ra 
Em que:
ETo = evapotranspiração de referência, mm d -1;
δ = declividade da curva de pressão de vapor de saturação, kPa ºC -1;
 = calor latente de evaporação, MJ kg -1.
Rc = resistência do dossel da planta, s m-1;

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ra = resistência aerodinâmica, s m-1;


Rn = saldo de radiação à superfície, kJ m-2 s-1;
G = fluxo de calor no solo, kJ m-2s-1;
 = constante psicrométrica, kPa ºC-1;
T = temperatura média do ar, ºC;
U2 = velocidade do vento a 2 m de altura, m s-1;
900 = fator de transformação de unidades, kJ-1 kg K.

O método utilizado para fazer comparação foi o de Hargreaves-Samani, para estimativa


da (ETo) diária, em mm dia-1 , pode ser apresentada por (PEREIRA et al., 1997) da seguinte
forma:
ETo  0 ,0023 Rn (T  17 ,8) T max T min (3)
Em que:
ETo = evapotranspiração de referência, mm d-1;
Ra = saldo de radiação, mm d-1;
T = temperatura média diária, ºC;
Tmax = temperatura máxima, ºC;
Tmin = temperatura mínima, ºC.

A evapotranspiração de referência (ETo) foi estimada através do método de Penman


Monteiht e Hargreaves-Samani , com os dados que foram obtidos na estação meteorológica da
Universidade Federal de Alagoas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Observou-se que para o método de Penman-Monteith-FAO a estimativa da


evapotranspiração de referência (ETo) obteve média de 3,30 mm dia -1, com valor máximo de
3,88 mm no dia 27/01 e mínimo de 2,12 mm no dia 15/02. Já para o método de Hargreaves-
Samani obteve na estimativa da ETo uma média de 5,50 mm dia-1, com valor máximo de 6,01
mm no dia 26/01 e mínima de 4,75 mm no dia 29/01 (Gráfico 1).

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Gráfico 1. Variação da evapotranspiração de referência pelos métodos de Penman-Monteith


(ETo (P-M)) e de de Hargreaves-Samani (ETo(H-S)).
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0

Eto (PM) Eto(H-S)

O método de Hargreaves-Samani superestimou o método de Penman-Monteith, isso


ocorre, pois o método de Hargreaves e Samani em sua fórmula utiliza apenas dados de
radiação solar extraterrestre e temperatura para a estimativa da ETo, devido a isso é comum a
ocorrência de superestimativa dos valores estimados (HARGREAVES e SAMANI, 1985).
Observa-se que os resultados da evapotranspiração da cultura da Rúcula obteve níveis
elevados da ETc, sendo uma média de 5,88 mm dia-¹ possível observar alguns picos
representativos na fase inicial, intermediária e principalmente no final do período, atingindo
nível máximo de 9,75 mm dia-1 no dia 11/02, sendo esse o período de maior desenvolvimento
da cultura, como mostra o Gráfico 2.

Gráfico 2. Variação da evapotranspiração da cultura (ETc) da Rúcula.


12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0

NUNES et. al (2009) trabalhando com a alface observou que a evapotranspiração da


cultura da foi maior no período de outono (181 mm, média de 5,17 mm dia-¹) semelhante ao
resultado obtido nessa pesquisa, já em relação ao inverno (162 mm, média de 3,88 mm dia-¹).
Observou também que nos quatro ensaios a tendência de menores valores de ETc ocorrem na
fase inicial das plantas, visto que nessa faze o sistema radicular e a parte aérea ainda estão em
desenvolvimento. Nesta fase, há provavelmente uma maior evaporação da água do solo do
que transpiração pelas plantas (TEIXEIRA et al., 2007).
Ao somar a ETc de todo o período da cultura neste trabalho foi de 147,09 mm,

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observa-se também algumas oscilações em alguns períodos, este fato ocorreu devido a
incidência de chuvas, ocasionando no balanço hídrico dos lisímetros, que proporcionam erros
de estimativa e determinação da evapotranspiração, e a finalização do trabalho antes do dia
previsto.

CONCLUSÃO

Para a ETo o método de Hargreaves-Samani superestimou o de Penman-Monteith-FAO,


já a soma da ETc de todo o período da cultura foi de 147,09 mm e uma média de 5,88 mm dia-
1
, sendo gradativo no valor de (ETc) em decorrência do desenvolvimento da planta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABOUKHALED, A., ALFARO, A., SMITH, M. Lysimeters. Irrigation and Drainage


Paper 39. Roma: FAO, p. 68, 1982.
ALVES, C. Z.; SÁ, M. E.; Avaliação do vigor de sementes de rúcula pelo teste de lixiviação
de potássio. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 32, n. 2, p. 108-116, 2010.
ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D. Crop evaporation. Rome: FAO, (FAO Irrigation
and Drainage, Paper 56). p.297,1998.
CARVALHO, K. S.; BONFIM-SILVA, E. M.; SILVEIRA, M. H. D.; CABRAL, C. E. A.;
LEITE, N. Rúcula submetida à adubação nitrogenada via fertirrigação. Enciclopédia
Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 8, n. 15; p. 1545-1553, 2012.
NUNES, A.L.; BISPO, N.B.; HERNANDEZ, R. H.; NAVARINI L. Evapotranspiração e
coeficiente de cultura da alface para a Região sudoeste do paraná. Scientia Agraria,
Curitiba, v.10, n.5, p.397-402, Sept./Oct. 2009.
PEREIRA, R. A., VILLA NOVA, N. A., SEDIYAMA, G. C. Evapotranspiração.
Piracicaba: FEALQ, p .183,1997.
TEIXEIRA, A. H. C., BASTIAANSSEN, W. G. M.; BASSOI, L. H. Crop water parameters
of irrigated wine and table grapes to support water productivity analysis in the Sao Francisco
river basin, Brazil. Agricultural Water Management, v. 94, n. 1-3, p. 31-42, 2007.
MODALIDADE: Manejo de Irrigação

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