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Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2005

VALENÇA

ESTUDO
Angra dos Reis

SOCIOECONÔMICO
2007
RIO DAS FLORES

OUTUBRO 2007

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Conselho Deliberativo

Presidente
José Maurício de Lima Nolasco

Vice-Presidente
Jonas Lopes de Carvalho Junior

Conselheiros
Aluisio Gama de Souza
José Gomes Graciosa
Marco Antonio Barbosa de Alencar
José Leite Nader
Julio Lambertson Rabello

Ministério Público Especial


Horácio Machado Medeiros

Secretário-Geral de Controle Externo


Ricardo Ewerton Britto Santos

Secretária-Geral de Planejamento
Maria Alice dos Santos

Secretário-Geral de Administração
Emerson Maia do Carmo

Secretária-Geral das Sessões


Leila Santos Dias

Procurador-Geral
Sylvio Mário de Lossio Brasil

Chefe de Gabinete da Presidência


Adriana Lopes de Castro

Diretor-Geral da Escola de Contas e Gestão


José Augusto de Assumpção Brito

Coordenador de Comunicação Social,


Imprensa e Editoração
Hugo Leão de Castro Filho (interino)

Arte e Editoração:
Coordenadoria de Comunicação Social, Imprensa e Editoração

Praça da República, 70/4º andar


20211-351 - Rio de Janeiro - RJ
Tels.: (21) 3231 4134 / (21) 3231 5283
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

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APRESENTAÇÃO

O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro apresenta a nova edição dos


“Estudos Socioeconômicos dos Municípios Fluminenses”, abrangendo o período de 2001
a 2006. Este trabalho é a sétima versão de uma atividade iniciada em 2001 com análises
do período de 1997 a 2000, e cresceu nas versões seguintes para apresentar a evolução
de uma série de indicadores que retratassem seis anos consecutivos, o que ultrapassa o
tempo de um único mandato da gestão municipal, trazendo um conjunto de
conhecimentos capaz de servir tanto como fundamento para a elaboração de políticas
públicas efetivas, no âmbito de cada cidade ou região, quanto de base para consulta
pelos diversos interessados na realidade e no desenvolvimento dos municípios
fluminenses.
O objetivo é apresentar o desempenho de diferentes áreas sociais e de governo de
cada município fluminense. O administrador tem aqui maiores subsídios para que sejam
adotadas melhores decisões no atendimento às necessidades da população. Serve,
também, como fonte de consulta para políticos, técnicos, pesquisadores, jornalistas,
estudantes e todos os que tenham interesse em conhecer um município específico, uma
determinada região de nosso Estado ou todo o seu conjunto.
É com grata satisfação que verificamos o número crescente de acessos ao sítio
deste Tribunal, com internautas buscando o perfil dos municípios fluminenses. Cada vez
mais publicações, livros, teses, dissertações e sítios diversos usam estes estudos como
referência, por vezes reproduzindo-os integralmente. Todas as edições estão disponíveis,
o que propicia o acesso a dez anos de informação do que chamamos espinha dorsal dos
estudos: histórico, dados demográficos e geográficos, meio ambiente, educação, saúde,
trabalho e renda, gestão, economia e finanças municipais.
A edição de 2001 trazia, ainda, análises do Índice de Desenvolvimento Humano –
IDH; o primeiro Índice de Qualidade dos Municípios – IQM Potencial para o
Desenvolvimento; o IQM Necessidades Habitacionais e as potencialidades de cada
município. Em 2002, a publicação divulgou o IQM Carências, um retrato do quantum de
cidadania já fora alcançado pela sociedade fluminense; também abordou as ferramentas
disponíveis à época para o desenvolvimento urbano e os primeiros indicadores de gestão
municipal. No ano 2003, os aspectos turísticos foram introduzidos de forma abrangente,
por ser esta atividade fator fundamental de desenvolvimento em um Estado que é a porta
de entrada do turismo receptivo no país; trouxe uma comparação do uso do solo retratado
em dois momentos distintos pelo IQM Verde II: 1994 e 2001; as quatro versões do IDH
municipal, abrangendo, também, os resultados do Censo 2000; e a última pesquisa sobre
infra-estrutura da saúde em termos de serviços oferecidos, equipamentos e qualificação
dos profissionais. A edição de 2004 abordou a questão da exclusão digital, a evolução
das necessidades habitacionais e os arranjos produtivos locais. Em 2005, foi dada ênfase
aos objetivos do milênio. Já em 2006, introduzimos uma análise do governo eletrônico nos
municípios, o IQM Potencial para o Desenvolvimento II, a nova dinâmica territorial do
Estado e os fatores de competitividade.
A presente edição aborda novas questões, como segurança pública, e traz um
capítulo especial sobre royalties do petróleo, bem como as perspectivas de

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sustentabilidade local e regional. Destaque-se, ainda, o tópico sobre meio ambiente, o


qual demonstra que causas estruturais persistem na sua contaminação e se traduzem em
irresponsabilidade, impunidade, fiscalização precária, processos de licenciamento
imprevidentes, burla da legislação, sonegação de informações sobre riscos,
permissividade ambiental de agências públicas, etc. A degradação do meio ambiente não
deve ser considerada como um mal necessário para o desenvolvimento nos dias atuais. É
tempo de investimentos maciços na profilaxia e no tratamento dos resíduos e efluentes
urbanos e industriais. Tais ações são parte do esforço para alcançar a sustentabilidade,
conceito em constante construção, que tem múltiplas dimensões: a espacial, a ecológica,
a ambiental, a social, a política, a econômica, a demográfica, a cultural e a institucional.
Em hipótese alguma as questões mais relevantes da administração pública se
esgotam nos temas abordados e nas análises sobre cada assunto apresentado. É preciso
que haja um aumento significativo de oferta de informação pelas próprias administrações
federal, estaduais e municipais que, em suas áreas fins e de planejamento, deveriam
fomentar, ainda mais, a formação de um banco de dados confiável e representativo dos
inúmeros aspectos socioeconômicos e ambientais do Rio de Janeiro.
As crescentes demandas da sociedade, principalmente por maior qualidade dos
serviços prestados e elevação dos padrões de desempenho dos servidores, estão na
pauta do administrador público, que deve buscar o aperfeiçoamento das estruturas
administrativa e gerencial e dos procedimentos de trabalho.
Planejamento sistemático, monitoramento e avaliação continuados são parte da
nova agenda do Estado. A mudança da cultura organizacional e a profissionalização dos
servidores públicos devem ser elementos que tragam inovação, num contexto em que o
gestor competente seja negociador, coordenador de conflitos, construtor do consenso e
promotor de talentos ao invés de mero ordenador de despesas. Este é um desafio para
todos os níveis de governo.
Este livro faz parte de uma coleção de noventa e um estudos de cada município
jurisdicionado a este Tribunal de Contas, além de um caderno que compara os
desempenhos das finanças dos mesmos municípios, tendo sido elaborada pelo Núcleo de
Estudos Socioeconômicos desta Secretaria-Geral, coordenado por Marcelo Franca de
Faria Mello, assessorado por Carlos Eduardo Lopes Soares e Vânia Brandão Lázaro, com
a colaboração de Luana Figueiredo Ferreira Lós de Sousa, também desta SGP, e muitas
prefeituras que nos encaminharam informações sobre seus municípios.

SECRETARIA-GERAL DE PLANEJAMENTO
Outubro de 2007

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SUMÁRIO

I - Histórico ........................................................................................................... 7

II - Caracterização do Município.......................................................................... 8
Aspectos turísticos ................................................................................................. 12
Atrações naturais.................................................................................................... 13
Atrações culturais ................................................................................................... 14
Artesanato .............................................................................................................. 14
Principais festas populares..................................................................................... 14
Uso do solo............................................................................................................. 15
Outros aspectos ambientais ................................................................................... 17
Gestão municipal.................................................................................................... 28
Governo eletrônico ................................................................................................. 31

III - Indicadores Sociais........................................................................................ 39


Educação no estado e no município....................................................................... 44
Saúde ..................................................................................................................... 56
Mercado de trabalho............................................................................................... 68
Segurança pública.................................................................................................. 76
Distribuição espacial dos dados sobre criminalidade ............................................. 79
Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania .................................... 80

IV - Indicadores Econômicos............................................................................... 82
Introdução............................................................................................................... 82
Economia fluminense em 2006 .............................................................................. 85
Produção Industrial................................................................................................. 85
Comparações inter-regionais.................................................................................. 87
Indústria Extrativa ................................................................................................... 88
Indústria de Transformação.................................................................................... 89
Comércio Varejista ................................................................................................. 93
Estimativa do PIB do Estado do Rio de Janeiro ..................................................... 95
Agropecuária .......................................................................................................... 96
Indústria.................................................................................................................. 96
Comércio ................................................................................................................ 96
Construção ............................................................................................................. 97
Serviços Industriais de Utilidade Pública ................................................................ 97
Comunicações........................................................................................................ 97

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Transportes ............................................................................................................ 98
Serviços.................................................................................................................. 98
Administração Pública ............................................................................................ 98
Consolidação da estimativa do PIB ........................................................................ 99
PIB per capita ......................................................................................................... 101
Petróleo e derivados............................................................................................... 101
Economia regional e local....................................................................................... 103

V - Indicadores Financeiros ................................................................................ 108

VI - Royalties do Petróleo e Perspectivas de Sustentabilidade Local e


Regional ............................................................................................................... 123
A história da legislação do petróleo no Brasil ......................................................... 123
A evolução das participações governamentais entre os municípios fluminenses... 127
Sustentabilidade local e regional ............................................................................ 133

VII - Conclusão ..................................................................................................... 142

Posfácio ................................................................................................................ 144

Referências Bibliográficas................................................................................... 146

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I - HISTÓRICO

O desbravamento da região de Rio das Flores se efetuou com as correntes de


faiscadores que utilizavam o Rio Paraíba como via de acesso às Minas Gerais. Registra-
se, desse modo, o conhecimento de seu território desde a segunda metade do século
XVII.
A colonização efetiva, no entanto, realizou-se durante o século XIX, através da
expansão agrícola, destacando-se o café como principal produto. A procura de terras
férteis para essa cultura levou os primeiros grupos de colonizadores a alcançarem a área
de Rio das Flores. O núcleo inicial constituiu-se na pequena capela dedicada a Santa
Teresa, subordinada à vila de Valença e, no ano de 1855, em virtude do aumento
demográfico, foi elevado à categoria de freguesia.
Apesar do declínio da economia cafeeira, a freguesia de Santa Teresa conseguiu
autonomia em 1890, quando foi elevada à categoria de vila e sede do novo município de
Santa Teresa, dada através do Decreto n.º 62, de 17 de março daquele ano, com
instalação em 22 de abril. Embora de pequeno porte, a localidade era suficientemente
importante para justificar a extensão do ramal ferroviário de Valença até sua sede, que
constituiu-se em centro secundário, articulado àquele município, funcionando como centro
de serviços das áreas rurais circundantes.
A categoria de cidade só foi atribuída em 1929 e, em 1943, o município passou a
se denominar Rio das Flores.
Ao longo do século XX, as lavouras de café foram substituídas por pastagens e a
economia municipal passou por período de estagnação. Em um primeiro momento, a
cidade refletiu a atrofia econômica, afetada pelo êxodo rural. Embora a maioria daqueles
que abandonaram a agricultura tenham se dirigido para centros próximos de economia
mais dinâmica, como Valença e Três Rios, uma parcela procurou se fixar na sede
municipal ou mesmo nas sedes distritais. Assim, enquanto parte da população abandonou
a cidade em busca de melhores oportunidades, os vazios foram sendo preenchidos pelos
que provinham das zonas rurais.

1 - Fontes: Estudos para o Planejamento Municipal – SECPLAN/FIDERJ – 1978; Abreu, A. “Municípios e Topônimos Fluminenses – Histórico e Memória”. Rio
de Janeiro: Imprensa Oficial, 1994 e sítio www.turisrio.rj.gov.br/minisite/destino.asp.

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II - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

Rio das Flores pertence à Região do Médio Paraíba, que também abrange os
municípios de Barra do Piraí, Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real, Quatis,
Resende, Rio Claro, Valença e Volta Redonda.

O município tem uma área total 2 de 479,5 quilômetros quadrados,


correspondentes a 7,7% da área da Região do Médio Paraíba.
A estrutura urbana é primária e a principal via de acesso à sede municipal é a RJ-
145, que vem de Valença, a sudoeste, e conecta com a RJ-151, ao norte, que segue para
Paraíba do Sul a leste e, em trecho sem asfalto, para Parapeúna, distrito de Valença a
oeste. A RJ-135, em leito natural, permite conectar com a BR-393 em Vassouras, ao sul.

2 - IBGE/CIDE - 2002.

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De acordo com o censo de 2000, Rio das Flores tinha uma população de 7.625
habitantes, correspondentes a 1,0% do contingente da Região do Médio Paraíba, com
uma proporção de 97,5 homens para cada 100 mulheres. A densidade demográfica era
de 16 habitantes por km2, contra 130 habitantes por km2 de sua região. Sua população
estimada em 2006 3 é de 8.493 pessoas.
O município apresentou 4 uma taxa média geométrica de crescimento, no período
de 1991 a 2000, de 1,88% ao ano, contra 1,38% na região e 1,30% no Estado. Sua taxa
de urbanização corresponde a 70,3% da população, enquanto que, na Região do Médio
Paraíba, tal taxa corresponde a 93,0%.
Rio das Flores tem um contingente de 6.242 eleitores 5, correspondentes a 73% do
total da população. O município tem um número total de 2.562 domicílios 6, com uma taxa
de ocupação de 78%. Dos 557 domicílios não ocupados, 37% têm uso ocasional.
A distribuição da população na região do município e no Estado, de acordo com o
Censo 2000, dava-se conforme gráficos a seguir:

3 - IBGE.
4 - Fundação CIDE.
5 - TSE - Dados de junho 2006.
6 - IBGE - Censo 2000.

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Distribuição da população

Capital
Região Noroeste
41%
Fluminense
2%
Região Norte Fluminense
5%

Região Serrana
5%

Região das Baixadas


Litorâneas
4%

Região do Médio Paraíba


5%
Região Centro-Sul
Fluminense
2%
Região da Costa Verde
2%
RM sem a capital
34%

Distribuição da população na Região do Médio Paraíba


Itatiaia Pinheiral
Barra Mansa 3% 2%
22% Piraí
Porto Real
3%
2%

Quatis
1%

Resende
13%

Barra do Piraí
11%
Rio Claro
2%
Rio das Flores
1%
Valença
8%

Volta Redonda
32%

A população local distribui-se no território municipal conforme gráfico a seguir:

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População por distrito (Censo 2000)

Taboas 1 835

Rio das Flores 3 912

Manuel Duarte 1 328

Abarracamento 550

- 500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500 4 000 4 500

A população residente, por grupos de idade, apresenta o quadro abaixo, em


comparação com a região do município e o Estado:

Distribuição da População
Rio das Flores Região do Médio Paraíba Estado

60 anos ou mais

50 a 59 anos

40 a 49 anos

30 a 39 anos

20 a 29 anos

10 a 19 anos

5 a 9 anos

0 a 4 anos

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20%

Ao examinarmos o gráfico, percebemos que a faixa etária predominante encontra-


se entre os 10 e 39 anos, e que idosos representam 10% da população do município,
contra 18% de crianças entre 0 e 9 anos.

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Apresentamos, a seguir, as distribuições de cor ou raça da população do município,


assim como por religião:

Rio das Flores Rio das Flores

Indígena Sem declaração


0,0% 0,9%
Parda Branca
24,2% 50,4%
Evangélicas
Católica 11%
Apostólica
Romana
74% Sem
religião
Amarela 7%
0,1%

Outras
8%

Preta
24,2%

Percebe-se que há uma predominância de pessoas que se declaram brancas,


representando 50,4% da população, contra 48,4% de afrodescendentes e que o número
de católicos, 74%, é superior a soma dos praticantes de outras religiões.
Rio das Flores possui uma agência de correios 7, 2 agências bancárias 8 e 2
estabelecimentos hoteleiros 9. Quanto aos equipamentos culturais 10, o município dispõe
de 1 teatro, 1 museu e 2 bibliotecas públicas. As principais atividades artesanais 10
desenvolvidas no município, levando em consideração as de maior quantidade produzida,
são: bordado, trabalhos com fios e fibras e tapeçaria.

Aspectos Turísticos 11
O turismo proporciona diversos benefícios para a comunidade, tais como geração
de empregos, produção de bens e serviços e melhoria da qualidade de vida da
população. Incentiva, também, a compreensão dos impactos sobre o meio ambiente.
Assegura uma distribuição equilibrada de custos e benefícios, estimulando a
diversificação da economia local. Traz melhoria nos sistemas de transporte, nas
comunicações e em outros aspectos infra-estruturais. Ajuda, ainda, a custear a
preservação dos sítios arqueológicos, dos bairros e edifícios históricos, melhorando a
auto-estima da comunidade local e trazendo uma maior compreensão das pessoas de
diversas origens.
A Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, a Turisrio, apresenta os
potenciais turísticos do Estado divididos em treze regiões distintas, conforme suas
características individuais.

7 - ECT - 2005.
8 - BACEN - 2005.
9 - MTE-RAIS - 2004.
10 - IBGE - Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2005.
11 - Para maiores informações, consulte www.turisrio.rj.gov.br, www.valedocafe.com.br, www.riodasflores-artur.com.br e www.pmrf.rj.gov.br.

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Regiões turísticas:
Costa Verde
Agulhas Negras
Vale do Paraíba
Vale do Ciclo do Café
Metropolitana
Baixada Fluminense
Serra Tropical
Serra Verde Imperial
Baixada Litorânea
Costa do Sol
Serra Norte
Noroeste das Águas
Costa Doce

Barra do Piraí; Engenheiro Paulo de Frontin; Mendes; Miguel Pereira; Paracambi;


Paty do Alferes; Piraí; Rio das Flores; Valença, com destaque para Conservatória e
Vassouras.pertencem à região turística Vale do Ciclo do Café.

A região do Vale do Ciclo do Café oferece a seus visitantes, além de um excelente


clima, um verdadeiro passeio pela história do Estado do Rio de Janeiro, com sua
suntuosa arquitetura rural. Rio das Flores oferece inúmeras opções de lazer rural, com
seus passeios ecológicos.

Atrações naturais
• Rio Paraíba do Sul, após atravessar vários municípios, corre na divisa de Rio
das Flores com o município de Vassouras.
• Rio Preto, com extensão total em torno de 200km, faz divisa do município com
Minas Gerais. Junto às suas margens encontram-se áreas de pastagem, plantações de
café e de milho e trechos com mata fechada e capoeiras. À medida em que ribeirões,
riachos e córregos deságuam no Rio Preto ele se torna mais caudaloso. Ao longo de seu
percurso encontram-se praias, corredeiras, piscinas naturais e quedas d'água.

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RIO DAS FLORES

• Rio das Flores, que dá nome ao município, nasce em Barra do Piraí e, ao longo
de seu curso, encontram-se praias, ilhotas, bancos de areia, corredeiras e quedas d'água.
• Cachoeiras do Funil, Santa Clara, São Leandro, Guarita e Paraíso.

Atrações culturais
• Matriz de Santa Tereza D'Ávila, inaugurada em 1858, no período entre 1870 e
1880, sofreu várias reformas inclusive devido a um incêndio.
• Museu de História Regional Padre São Sebastião da Silva Pereira, fundado em
1966, possui um acervo bem variado, quase todo do início deste século. Está arrumado,
basicamente, como uma casa. Possui mobília de sala de visitas; móveis e objetos de
escritório; duas mobílias de quarto; e uma pequena biblioteca com livros antigos e atuais,
mapas, revistas etc. Possui também louças, talheres e utensílios de cozinha; quadros,
objetos sacros, prensas; uma pequena coleção de cédulas e moedas; peças de
maquinário de transportes, comunicação, tecelagem, carpintaria, padarias, odontologia,
costura, olaria e farmácia.
• Biblioteca Municipal Emanuel Guimarães, instalada numa das salas da Escola
Municipal Santa Tereza, possui um acervo variado de 12 mil volumes, entre romances,
livros sobre política, filosofia, direito, psicologia, sociologia, ciências. Jornais e revistas
também fazem parte do acervo.
• Estação Ferroviária de Rio das Flores, inaugurada em 1900 o prédio seguia o
padrão das construções de inspiração inglesa em tijolos vermelhos, com interessante
trabalho de madeira nos beirais.
• Fazendas dos antigos barões do café, como as dos Barões de Rio das Flores,
Santa Justa, Monte Verde, Ipiabas, do Marquês de Baependi e do Visconde do Rio Preto.

Artesanato
As principais atividades artesanais 12 desenvolvidas no município, levando em
consideração as de maior quantidade produzida, são:
• bordado
• fios e fibras
• tapeçaria

Principais festas populares


• Janeiro - Encontro de Folias de Reis
• Fevereiro - Aniversário do batizado de Santos Dumont
• Março - Rio das Flores Gourmet

12 - IBGE - Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2005.

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• Julho - Festa de São José das Três Ilhas


• Setembro - Exposição Agropecuária e Especializada do Mangalarga Marchador
Para concluir o presente tópico sobre turismo, foram pesquisados atrativos
turísticos adicionais que os próprios municípios divulgam pela internet.
O sítio oficial do município (www.pmrf-rj.com.br), acessado em 12/09/07, destaca
outros atrativos além de alguns dos já citados, como a Casa de Santos Reis, o espaço
cultural Casa Grande e Senzala e o Centro Cultural Professor Antônio Pacheco Leão; a
localidade de São José das Três Ilhas, vila tombada pelo patrimônio histórico que tem
servido de locação para vários filmes de sucesso e onde se encontra a Igreja de Pedra,
construída por escravos; a igreja de São José de Taboas e a capela de Sant’ana; e
apresenta sugestões de roteiros para visitação das fazendas históricas e demais atrações
locais.

Uso do Solo
Em maio de 2003, a Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro –
CIDE publicou o IQM – Verde II, seqüência do primeiro estudo, lançado em julho de 2001.
Ambos comparam as áreas cobertas pelos remanescentes da cobertura vegetal com as
ocupadas pelos diversos tipos de uso do solo, criando, desta forma, o Índice de Qualidade
de Uso do Solo e da Cobertura Vegetal (IQUS). O monitoramento dos diferentes
ambientes fitoecológicos pode servir de guia para o estabelecimento de políticas públicas
confiáveis. As informações do mapeamento digital têm base em dados coletados em 1994
(primeiro IQM) e em 2001 (segundo estudo).
No Estado do Rio de Janeiro o mapeamento de uso do solo e cobertura vegetal
teve a seguinte evolução:

2 2
Área em km Área em km
Uso do solo % %
(1994) (2001)
Pastagens 19.556 44,5 21.669 49,4
Florestas ombrófilas densas
7.291 16,6 4.211 9,6
(formações florestais)
Capoeiras
13 6.814 15,5 8.071 18,5
( vegetação secundária )
Área agrícola 4.135 15,5 4.167 9,5
Restingas, manguezais, praias e
1.900 4,3 1.579 3,6
várzeas (formações pioneiras)
Área urbana 1.846 4,2 2.763 6,3
Corpos d’água 995 2,3 921 2,1
Não sensoriado 586 1,3 0 0,0
Área degradada 506 1,2 132 0,3
Afloramento rochoso e campos de
241 0,5 175 0,4
altitude
Outros 39 0,1 132 0,3
Total 43.910 100,0 43.864 100,0

13 - De acordo com a Resolução CONAMA nº 010, de 01/10/93, a vegetação secundária é resultante de processos naturais de sucessão, após supressão
total ou parcial da vegetação natural por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

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São relevantes as mudanças ocorridas em um período de apenas sete anos,


durante os quais, campos e pastagens cresceram 11%, sem que isso signifique aumento
da produção pecuária. As formações florestais foram reduzidas em 42% de sua área
original, enquanto a vegetação secundária crescia 19%. Não houve expressividade no
aumento de um ponto percentual em área agrícola. As formações pioneiras foram
reduzidas em 16% e áreas urbanas aumentaram seu tamanho em 50%.
Os municípios do Estado do Rio de Janeiro foram classificados segundo os Índices
de Qualidade de Uso do Solo e da Cobertura Vegetal – IQUS abaixo:

IQUS Características
Maior percentual de pastagens; presença de pequenas manchas urbanas;
Rodeio
pequena influência de formações originais e de áreas agrícolas
Maior percentual de formações originais e de áreas agrícolas; presença de
Rural áreas urbanas, degradadas e de vegetação secundária; quase nenhuma
influência de pastagens
Maiores áreas de formações originais e de pastagens; presença de vegetação
Nativo secundária e áreas agrícolas; pouca influência das áreas urbanas e
degradadas
Grandes áreas de formações originais e/ou de vegetação secundária; menores
Verde
valores percentuais de áreas urbanas, agrícolas, de pastagem ou degradadas
Metrópole Maior percentual de áreas urbanas

Rio das Flores, com base no levantamento de 1994, tinha sua área distribuída da
seguinte maneira: 21% de vegetação secundária, 45% de pastagens e 32% não
sensoriados. O município se encaixava no cluster B1 - RODEIO/VERDE I, agrupamento
com predomínio de pastagens, seguido por razoável cobertura de vegetação secundária.
Já em 2001, ocorreu redução de vegetação secundária para 16% do território
municipal e grande crescimento de campo/pastagem, atingindo 83%. A mancha urbana
cresceu de 0,1 para 0,3%. Observe-se a inexistência de formações florestais e pioneiras e
que toda a área do município foi sensoriada. O segundo estudo classificou-o como
pertencente ao cluster A2 - RODEIO, caracterizado por predominância da classe
campo/pastagem, média de 84% do território, seguida por vegetação secundária, com
área média de 13%. Dentre as localidades deste agrupamento, constam seis municípios
da Região do Médio Paraíba - além de Rio das Flores: Barra do Piraí, Barra Mansa,
Pinheiral, Quatis e Valença; cinco outros da Região Centro-Sul, dez da Região Noroeste,
dois da Região Norte e um da Serrana.
O IQM Verde identifica, ainda, os Corredores Prioritários para a Interligação de
Fragmentos Florestais (CPIF), ou Corredores Ecológicos, como foram denominados mais
recentemente, para escolha de áreas de reflorestamento. Devido às atividades do
homem, a tendência dos ecossistemas florestais contínuos, como as florestas da costa
atlântica brasileira, é de fragmentação. O processo de fragmentação florestal rompe com
os mecanismos naturais de auto-regulação de abundância e raridade de espécies e leva à
insularização de populações de plantas e animais. Num ambiente ilhado, ocorre maior
pressão sobre os recursos existentes, afetando a capacidade de suporte dos ambientes
impactados, aumentando-se o risco de extinção de espécimes da flora e da fauna.
A reversão da fragmentação apóia-se, fundamentalmente, no reflorestamento dos
segmentos que unam as bordas dos fragmentos de floresta, vegetação secundária e

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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

savana estépica. Esses eixos conectores são denominados corredores. Além de viabilizar
a troca genética entre populações, eles possibilitam a integração dos fragmentos numa
mancha contínua, alavancando a capacidade de suporte da biodiversidade regional.
Rio das Flores necessitaria implantar 5.185 hectares 14 de corredores ecológicos, o
que representa 10,8% da área total do município.
A figura a seguir, gerada a partir do programa do CD-ROM do IQM-Verde II,
apresenta os tipos de uso do solo no território municipal, estando marcados em vermelho
os corredores sugeridos.

O IQM Verde II prossegue com a análise de custo de implantação desses


corredores; com a comparação do tipo de uso e cobertura do solo de fotos realizadas
entre 1956 e 1975 e a última coletânea de 2001; com uma outra análise por bacia
hidrográfica e complexo lagunar; com estudos sobre as variações climáticas nas últimas
três décadas, manejo de florestas, avaliação de estoque de carbono e outros,
configurando-se instrumento essencial para melhor conhecimento do elemento terra e sua
utilização em nosso Estado, e das ações possíveis para sua recuperação e preservação a
curto, médio e longo prazos.

Outros Aspectos Ambientais


A água se presta a múltiplas utilizações de suma importância econômica e social:
abastecimento das populações e das indústrias; irrigação das culturas e meio de
transporte; produção de energia; fator de alimentação com o desenvolvimento da pesca;
ambiente para o esporte, o turismo e o lazer; vida, enfim. Porém, por ser um recurso finito

14 - Cada hectare corresponde a 10.000 metros quadrados, ou 0,01 quilômetro quadrado.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

em qualidade e disponibilidade, para que o mundo continue tendo água potável é


necessário que os mananciais sejam preservados. Isso depende tanto de ações
individuais e coletivas quanto da iniciativa dos governos federal, estaduais e municipais.
O Brasil tem 12 regiões hidrográficas, espaços territoriais compreendidos por uma
bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características
naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, criadas para orientar o
planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos, de acordo com a figura abaixo:

O Estado do Rio de Janeiro pertence à Região Hidrográfica Atlântico Sudeste,


formada pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no litoral sudeste brasileiro, do
norte do Espírito Santo ao norte do Paraná. Drena uma das mais expressivas regiões
brasileiras, marcada pelo elevado contingente populacional, pela diversidade econômica e
pelo significativo parque industrial.
De acordo com a Agência Nacional de Águas - ANA, em 2005, a agricultura foi
responsável por 56% do consumo de água no Brasil; a indústria, por 18%; enquanto que o
abastecimento urbano respondeu por 26%. Diferentemente do apontado pela ANA para o
resto do país, a demanda rural respondeu por apenas 28% do consumo de água na
Região Atlântico Sudeste em 2005, onde o consumo industrial somou 26% e a utilização
urbana alcançou 46%.
O grande desenvolvimento dessa Região, entretanto, é motivo de problemas em
relação à disponibilidade de água. Isso ocorre porque, ao mesmo tempo em que
apresenta uma das maiores demandas hídricas do país, possui uma das menores

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RIO DAS FLORES

disponibilidades relativas (1,8% da vazão média brasileira de recursos hídricos


superficiais). Nesse contexto, promover seu uso sustentado, garantindo seu uso múltiplo,
representa um grande desafio. Este trabalho implica colocar em prática formas de gestão
que conciliem o crescimento econômico e populacional com a preservação ambiental.
A Região tem cerca de 230 mil km² de área. Os seus principais rios são o Paraíba
do Sul e o Doce, com respectivamente 1.137 e 853 quilômetros de extensão. Além
desses, a Região Hidrográfica também é formada por rios menos extensos que formam
as seguintes bacias: São Mateus, Santa Maria, Reis Magos, Benevente, Itabapoana,
Itapemirim, Jacu, Ribeira e os litorais do Rio de Janeiro e São Paulo. Sua abrangência
geográfica está definida no mapa a seguir:

Cerca de 26 milhões de pessoas habitam a Região, sendo que 90% da população


vivem em áreas urbanas. Outra característica demográfica marcante são os significativos
adensamentos populacionais, dos quais se destacam a Região Metropolitana do Rio de
Janeiro e as regiões metropolitanas de Vitória e da Baixada Santista.
No mapa a seguir estão explicitadas as bacias hidrográficas do Estado do Rio de
Janeiro, conforme definido pela Fundação CIDE. A bacia do Paraíba do Sul apresenta-se
subdividida em quatro partes: Curso Médio Superior, Curso Médio Inferior, Pequenas
Bacias do Curso Inferior e Complexo Deltáico.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

O processo de ocupação do território avançou inconseqüentemente sobre a


floresta, invadiu áreas de proteção de mananciais e gerou várias situações de conflito
pelo uso da água: de um lado, água destinada ao abastecimento público e geração de
energia elétrica; do outro, destino final de esgotos, efluentes industriais e agrícolas,
erosão, assoreamento, desmatamento das margens, entre outros. Um dos principais
problemas detectados é a ocupação irregular de encostas e áreas ribeirinhas,
estimulada em grande parte pelo intenso e desordenado processo de uso e ocupação,
podendo ser encontrados ao longo dos rios apenas pequenos trechos com vegetação
ciliar, geralmente em mau estado de conservação. A questão do saneamento básico
agrava-se a cada dia e várias formas de poluição se multiplicaram e ampliaram seus
efeitos.
Na bacia do rio Paraíba do Sul, a partir do início do século XX, foram realizadas
obras hidrelétricas que possibilitaram o desenvolvimento econômico da região e a
regularização das vazões do rio. São cinco reservatórios: Paraibuna, Jaguari e Santa
Branca em São Paulo; Funil em Resende/Itatiaia, cuja usina tem capacidade instalada
de 216MW, e Santa Cecília em Barra do Piraí. Este último introduziu o conceito de
transposição de bacias por elevações em série e a operação de uma usina

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subterrânea, formando o subsistema Paraíba-Piraí do complexo hidrelétrico de Lajes.


A estação elevatória de Santa Cecília capta cerca de 2/3 da vazão do rio Paraíba
levando-os para o reservatório de Santana em Piraí, onde são novamente bombeadas
pela elevatória de Vigário, formando um reservatório de mesmo nome que alimenta as
turbinas da usina Nilo Peçanha, com capacidade instalada de 380MW 15.
Os problemas causados pela poluição de origem industrial são relevantes na
bacia do Paraíba do Sul. No trecho paulista do rio, a montante, são observados metais
pesados (cádmio, cromo total, níquel e mercúrio), fenóis e oxigênio dissolvido em
desacordo com os padrões de qualidade em algumas amostras. As elevadas
densidades populacionais e a ausência de tratamento em níveis adequados nos
municípios paulistas de Jacareí, São José dos Campos e Taubaté fazem com que
seus esgotos domésticos constituam a principal pressão para a má qualidade de seus
recursos hídricos.
O tipo de ocupação e o uso do solo no trecho paulista desta bacia exercem
extrema influência sobre a qualidade da água do reservatório de Funil, que está em
rápido processo de eutrofização, apresentando floração de algas com freqüência
crescente e redução de sua capacidade devido à sedimentação acelerada. Decantador
natural de material em suspensão e de outras substâncias potencialmente tóxicas, o
Funil beneficia expressivamente a qualidade das águas do Paraíba do Sul no trecho
fluminense. Periodicamente, contudo, são realizadas descargas de fundo com o
objetivo de reduzir o acúmulo de sólidos junto à barragem, lançando o material de
fundo para o trecho a jusante.
Apesar de sua vital importância para o Rio de Janeiro, o Paraíba do Sul é rio de
jurisdição federal, pois se estende por três estados da Federação. Nessa condição,
desde a década de 80, a gestão ambiental do rio Paraíba do Sul é feita pelo Comitê
Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul -
CEIVAP (Decreto nº 87.561/82), tendo sido revitalizada, posteriormente, com a
aprovação da Lei nº 9433/97, da Política Nacional de Recursos Hídricos.
Considerando toda a bacia, as áreas mais críticas em relação a despejos
industriais brutos e líquidos estão no Rio de Janeiro, localizadas em Resende, Barra
Mansa e Volta Redonda, causadas por indústrias de grande porte e poluentes
importantes como fenóis, cianetos, sulfetos, metais pesados (cromo, zinco, cobre,
chumbo, cádmio, mercúrio) e solventes orgânicos. Os resultados das análises de
metais mostram que, na região mais industrializada de Barra Mansa e Volta Redonda,
ocorrem as concentrações máximas de todos os metais, exceto o cobre, que
apresentou maior índice na cidade de Resende. As maiores concentrações de
hidrocarbonetos aromáticos polinucleares também ocorrem nessa região.
A qualidade da água vai decrescendo no sentido do fluxo do rio também na
medida em que a poluição orgânica, a poluição fecal e o nível de nutrientes são
crescentes em decorrência dos despejos domésticos de cidades como Barra do Piraí,
Vassouras, Andrade Pinto, Valença e Paraíba do Sul. Nos períodos de estiagem, a

15 - Do mesmo complexo hidrelétrico também fazem parte os subsistemas Lajes e Pereira Passos. O primeiro é formado pela grande represa de Ribeirão
das - Lajes, que também capta parte da vazão do rio Piraí na barragem de Tócos, também localizada em Rio Claro, e a hidrelétrica de Fontes Nova com
capacidade instalada de 132MW. A jusante das geradoras Nilo Peçanha e Lajes há um novo reservatório com barragem que forma o subsistema Pereira
Passos, cuja usina localizada no sopé da Serra das Araras tem capacidade instalada de 100MW. As águas, por fim, contribuem para o rio Guandu.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

retirada de água em Santa Cecília tem contribuído para piorar a qualidade da água do
rio nos trechos a jusante devido à diminuição da capacidade de diluição de efluentes.
Mais adiante, em Três Rios, na margem esquerda do Paraíba desemboca o rio
Paraibuna. Esse rio pode ser considerado comprometido quanto aos níveis de
poluentes industriais a jusante de Juiz de Fora (MG). Essa região sofre influência dos
despejos de várias indústrias, predominantemente as de papéis, têxteis e alimentícias,
além de graves acidentes por despejos irregulares de resíduos industriais. Próximo à
sua foz no rio Paraíba do Sul, entretanto, o Paraibuna não apresenta fontes potenciais
de poluição industrial, o que, associado a sua significativa vazão média, favorece a
manutenção de níveis aceitáveis de metais pesados e de outros resíduos de origem
industrial.
No mesmo município, pela margem direita chega o rio Piabanha. O próprio e
seu afluente Preto, que recebe as águas do Paquequer, são os principais corpos
receptores de despejos domésticos e industriais dos municípios de Petrópolis,
Teresópolis e São José do Vale do Rio Preto. A jusante de Três Rios, o Paraíba do
Sul apresenta aumento acentuado de vazão, propiciando novo aproveitamento
hidrelétrico em Carmo: a usina Ilha dos Pombos tem capacidade instalada de
183MW. Do ponto de união dos rios até a cidade de Itaocara não se encontram
fontes importantes de poluição industrial, podendo-se citar apenas a presença de
indústrias de papéis.
Para aproveitar a vazão propiciada pelos três rios, já se encontra em construção
o Complexo Hidrelétrico de Simplício. Um primeiro reservatório surgirá em função da
barragem e usina hidrelétrica de pequeno porte no distrito sapucaiense de Anta. Neste
ponto, a vazão do rio será mais uma vez desviada por meio de túneis e canais para
cinco reservatórios intermediários no território mineiro. Cerca de 25km adiante, em
Além Paraíba/Carmo, a água retornará ao leito original do rio Paraíba a jusante da
segunda hidrelétrica: Simplício. O complexo, previsto para entrar em operação em
2011, irá gerar 333,7MW e mudará o perfil do rio, formando um trecho represado e
alagado entre Três Rios e Anta e um rio com mínima vazão a jusante desta primeira
barragem.
Os tributários importantes do trecho seguinte do Paraíba são os rios Pomba e
Muriaé na margem esquerda, que fazem parte de sub-bacias mineiras, e o rio Dois
Rios na margem direita.
Quando o rio Pomba alcança o Estado do Rio de Janeiro, já sofreu influência
dos esgotos lançados pela malha urbana das cidades mineiras de Laranjal e Recreio.
Em Santo Antônio de Pádua e Miracema, suas águas recebem uma nova carga de
esgotos domésticos sem tratamento, elevando ainda mais os níveis de coliformes
fecais. A jusante de Itaocara, o rio Pomba desemboca no Paraíba do Sul, com alguns
focos de poluição industrial ocasionados pelos despejos das indústrias de papéis.
Dois Rios tem sua foz em São Fidélis e, com seu afluente Grande, traz toda a
carga poluidora de efluentes industriais e domésticos de Nova Friburgo, por meio do
seu contribuinte rio Bengala.
O rio Muriaé, último dos grandes afluentes do rio Paraíba do Sul, a jusante das
cidades de Muriaé, Patrocínio do Muriaé (ambas em MG) e Itaperuna, apresenta-se

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RIO DAS FLORES

bastante comprometido devido aos despejos orgânicos recebidos, com taxas elevadas
de material fecal, também decorrentes da contribuição de seu afluente Carangola, que
passa por Porciúncula e Natividade.
A concentração da carga poluidora por esgotos domésticos nos grandes centros
urbanos, como na cidade do Rio de Janeiro, também é evidente. No litoral fluminense,
este problema tem caráter agudo nas bacias da Baía de Guanabara e recorrência
sazonal nas cidades-balneário.
Em relação aos rios da bacia da Baía de Guanabara, pode-se dizer que aqueles
que atravessam as áreas mais densamente povoadas são verdadeiras canalizações
de esgoto a céu aberto, recebendo ainda grandes contribuições de despejos
industriais e lixo. Nesta situação estão incluídos os afluentes da costa oeste da Baía,
que vão do Canal do Mangue ao Canal de Sarapuí, além dos rios Alcântara, Mutondo,
Bomba e Canal do Canto do Rio da costa leste.
As concentrações de metais pesados nos sedimentos são maiores na parte
interna oeste da baía, próximas às desembocaduras dos rios São João de Meriti,
Sarapuí e Iguaçu, decrescendo em direção ao canal central e à entrada da baía. Os
picos de concentração de mercúrio, cromo, cobre e níquel são observados nos rios da
costa oeste. Outros metais, como ferro, manganês, cádmio e zinco, encontram-se
distribuídos ao longo da bacia, com maiores concentrações também no lado oeste. As
concentrações de mercúrio são maiores nos rios Acari e São João de Meriti.
A falta de infra-estrutura de saneamento básico é a responsável pela situação
crítica de degradação dos corpos d’água da região da bacia da Baía de Sepetiba. A
principal forma de poluição industrial nessa bacia é relacionada à contaminação por
metais pesados em vários pontos do sistema hídrico da bacia, tendo como maior
contribuinte os sedimentos carreados pelo rio Guandu que assoream o fundo da
Baía, em especial na sua porção leste. O passivo ambiental da Ingá Mercantil é outro
risco iminente de contaminação, já tendo ocorrido vazamentos graves no passado
recente.
Na bacia do Guandu, o crescimento populacional da região sem uma adequada
infra-estrutura de saneamento básico tem causado problemas de qualidade da água,
principalmente dos rios Poços, seu contribuinte Queimados e o Ipiranga, que
contribuem para o Guandu imediatamente antes da tomada de água da maior estação
de tratamento de água do mundo. O abastecimento de grande parte da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro depende das águas deste manancial. A acentuada
poluição do rio Guandu tem ocasionado à Cedae crescentes custos operacionais
devido aos despejos industriais e esgotos. São toneladas diárias de cloro, cloreto
férrico, sulfato de alumínio, polímero, cal e flúor, empregados pela empresa a fim de
tornar a água própria ao consumo humano.
Em outubro de 2007, a Cedae anunciou a transposição dos rios contaminados
para além do ponto de captação de água que alimenta a ETA Guandu, por meio da
construção de barragem e tubulações de desvio, como ilustrado em laranja na foto do
Google Earth a seguir. A obra deverá estar concluída em 2009 e serve tão somente
como uma solução de curto prazo para o abastecimento, prosseguindo o grave
problema de poluição desta bacia por falta de tratamento adequado de esgoto.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Rio Poços após a contribuição


do Rio Queimados

Rio Ipiranga

Rio Guandu

Ponto de
captação de
água da ETA
Guandu

A ação antrópica também prejudica a qualidade das águas em decorrência da


extração indiscriminada de areia do leito e das planícies de inundação dos rios Paraíba do
Sul, Muriaé e, até recentemente, o Guandu. A mineração de areia na bacia desse rio era
largamente efetuada por meio dos processos de extração direta em leito e em cavas
submersas. Em muitos casos, observava-se a conjugação dos dois processos com o
avanço de frentes distintas, verificando-se o rompimento das margens e a incorporação
das lagoas formadas ao curso d’ água, acarretando grandes modificações na geometria
do rio, além de lançar sedimentos em suspensão, aprofundar excessivamente a calha e
desestabilizar as margens. A poluição que atinge as lagoas marginais se dá pelo
transbordamento do rio durante as cheias, ou através do próprio lençol freático pela
comunicação com os cursos d’água poluídos da região, dando origem à proliferação de
algas tóxicas. Essas atividades vinham constantemente revolvendo o fundo do rio e
desbarrancando suas margens, o que colocava em suspensão material mais fino, como
silte e argila, que chegava à Baía de Sepetiba. O nível de opacidade da água alcançara o
limite do tempo de decantação da usina de tratamento do Guandu. Ações enérgicas da
Cedae fizeram com que fosse proibida a exploração no leito do rio.

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RIO DAS FLORES

Na capital Rio de Janeiro, o sistema das Lagoas de Jacarepaguá apresenta-se


fragilizado pela poluição dos esgotos domésticos, que atinge a orla marítima da região da
Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Desse sistema, a Lagoa de Marapendi, que recebe lixo e
esgoto de favelas ao longo do canal das Taxas, apresenta-se como a mais frágil e
suscetível a desaparecimento iminente. A oeste fica a Lagoinha, a última do conjunto,
cujo espelho d’água sofreu grande redução. A Lagoa de Camorim encontra-se
praticamente sem oxigênio e a Lagoa da Tijuca, onde se registra os maiores índices de
coliformes fecais de todo o conjunto lagunar, apresenta-se com 30% de seu espelho
d’água assoreado. Na Lagoa de Jacarepaguá os índices de oxigênio dissolvido são
baixos por falta de circulação das águas, ocorrendo também a proliferação de algas que
podem ser potencialmente tóxicas.
As lagoas de Piratininga e Itaipu, em Niterói, vêm sofrendo crescente processo de
alteração de suas características morfométricas, físico-químicas, biológicas e
granulométricas. Destaca-se a elevada carga de origem doméstica, evidenciada pelas
concentrações de nutrientes, principalmente de fósforo total, indicando eutrofização de
origem antrópica. Pode-se dizer que esse ambiente apresenta o grau mais grave de
eutrofização de um corpo d'água, o que retrata a alarmante situação de degradação
dessas lagoas. O mesmo compasso de urbanização acelerada e falta de tratamento
adequado de esgotos põe em risco os complexos lagunares de Maricá, Saquarema e
Araruama.
A Região Norte Fluminense, há algum tempo, era composta por um complexo
natural de rios e lagos, configurando-se em uma região alagadiça a Bacia Hidrográfica da
Lagoa Feia, ou Complexo Deltáico do Paraíba do Sul. Em tempos de cheias desse rio,
suas águas vertiam pelas margens em direção à Lagoa Feia ou para o mar, fazendo da
região uma segunda foz. Tal característica sempre foi considerada empecilho ao uso
pecuário e agrícola. As primeiras obras hidráulicas ocorreram ainda em finais do século
XVII, sendo sucedidas por inúmeras outras de controle de inundações e drenagem.
As obras mais expressivas foram realizadas pelo extinto Departamento Nacional de
Obras e Saneamento – DNOS que, tendo como objetivo a recuperação de áreas
vulneráveis a inundações para a agricultura, promoveu uma série de obras hidráulicas,
mormente na década de 1960, alterando significativamente o regime hidrológico local.
Com a extinção do DNOS, cerca de 1.500 km de canais e valões de drenagem, bem
como comportas e dragas foram abandonados. Atualmente, grande parte desses canais
encontra-se assoreada ou poluída por efluentes, inutilizando a água para o uso agrícola.
A Organização Mundial de Saúde - OMS, define o saneamento como o controle de
todos os fatores do meio físico do homem que exercem, ou podem exercer, efeitos nocivos
sobre a saúde, incluídas as medidas que visam a prevenir e controlar doenças, sejam elas
transmissíveis ou não. A mesma OMS apurou, recentemente, que 65% dos leitos dos
hospitais do país são ocupados por pacientes com problemas de saúde relacionados à falta
de saneamento. Sistemas de abastecimento de água, de esgotos sanitários, de coleta e
destinação adequada de resíduos sólidos urbanos, especiais e das áreas rurais estão, por
conseguinte, diretamente ligados à qualidade de vida da população.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

A estreita relação da saúde com a provisão de medidas sanitárias é bastante


conhecida, principalmente no que se refere à água de abastecimento doméstico e ao
destino de dejetos. Cerca de 80% das doenças de países em desenvolvimento como o
Brasil são provenientes da água de qualidade ruim. As enfermidades mais comuns que
podem ser transmitidas pela água são: febre tifóide, disenteria, cólera, diarréia, hepatite,
leptospirose e giardíase. Vale ressaltar que a água de qualidade também é importante
fator de inclusão social, uma vez que a população de baixa renda dificilmente tem
condições de pagar medicamentos para tratar as doenças de veiculação hídrica, ou até
mesmo ter recursos para acesso à água de qualidade para beber.
O tratamento do esgoto sanitário constitui uma das mais importantes medidas
preventivas de enfermidades. Apesar das empresas de saneamento básico exercerem
atividades consideradas nobres, elas são responsáveis por impactos ambientais
significativos, sentidos não só nas obras de implantação de tais sistemas, mas,
principalmente, na operação destes.
Até pouco tempo atrás, programas de saneamento privilegiavam somente ações
nos campos de abastecimento de água e de coleta de esgotos sanitários. O esgoto era
conduzido a um corpo d’água e, neste, lançado in natura. É muito comum ver-se a
utilização de galerias pluviais como pontos de descarga de esgotos. Usual, ainda, é a falta
de manutenção de elevatórias de esgoto que, quando paralisadas, simplesmente desviam
os dejetos para a rede pluvial.
Verifica-se, portanto, problemas graves e generalizados de poluição em rios,
lagoas e mares, gerados por esgotos domésticos e industriais. De acordo com a Agência
Nacional de Águas - ANA (2006), o conflito gerado pelo decréscimo da qualidade das
águas e o abastecimento humano configura-se como de urgente solução nos seguintes
locais de nosso Estado:
- Rio Paraíba do Sul, desde o trecho a jusante de Barra do Piraí ao trecho a
jusante do município de Paraíba do Sul, e os consumos humanos de água captada
em sua calha nos municípios de Três Rios, Chiador (MG), Sapucaia e Além Paraíba
(MG);
- Rio Guandu, a jusante das cidades de Japeri e Queimados, e o abastecimento
humano da cidade do Rio de Janeiro;
- Rio Pomba, a jusante das cidades de Laranjal e Recreio (MG), e os consumos
humanos de água captada em sua calha nos municípios de Palma (MG) e Santo Antônio
de Pádua;
- Rio Muriaé, a jusante da cidade de Muriaé (MG) até jusante da cidade de
Itaperuna, e os consumos humanos de água captada em sua calha nos municípios de
Italva e Cardoso Moreira;
- Rio Grande, a jusante da foz do rio Bengala, que recebe cargas orgânicas de
Nova Friburgo, e os consumos humanos de água captada em sua calha nos municípios
de Trajano de Moraes, São Sebastião do Alto e Santa Maria Madalena.

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RIO DAS FLORES

O tratamento de esgotos é fundamental para qualquer programa de despoluição


das águas. Em grande parte das situações, a viabilidade econômica das estações de
tratamento de esgotos – ETEs, é reconhecidamente reduzida, em razão dos elevados
investimentos iniciais necessários à sua construção e, em alguns casos, os altos custos
operacionais.
De modo a incentivar a implantação de estações de tratamento de esgotos, com
a finalidade de reduzir os níveis de poluição dos recursos hídricos no país, e ao
mesmo tempo induzir à implementação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos mediante a organização dos Comitês de Bacia Hidrográfica e a
instituição da cobrança pelo direito de uso da água, a ANA criou o Programa
Despoluição de Bacias Hidrográficas - PRODES. Também conhecido como "programa
de compra de esgoto tratado", é uma iniciativa inovadora: não financia obras ou
equipamentos, paga pelos resultados alcançados, pelo esgoto efetivamente tratado.
O PRODES consiste na concessão de estímulo financeiro pela União, na forma
de pagamento pelo esgoto tratado, a prestadores de serviço que investirem na
implantação e operação de ETEs. A liberação dos recursos se dá apenas a partir da
conclusão da obra e início da operação da ETE, em parcelas vinculadas ao
cumprimento de metas de abatimento de cargas poluidoras e demais compromissos
contratuais. O valor do estímulo financeiro a ser aportado pela ANA equivale a 50% do
custo do investimento da ETE.
Apesar do Brasil ter historicamente subsidiado a construção de obras de
saneamento, os resultados decorrentes das ações governamentais nesse campo por
vezes não têm alcançado os objetivos principais devido a concepções inadequadas,
obras mal dimensionadas, preços elevados, sistemas mal operados, abandonados ou
que nunca entraram em operação. Uma das razões do problema está no modelo de
subsídio adotado, cujo foco é a obra. Quando se transfere este foco para os
resultados, como propõe o PRODES, os problemas citados tendem a ser minimizados.
A solução para os esgotos sanitários de comunidades menores, quando não há
rede coletora de esgotos, é a utilização de fossas sépticas, cuja obrigatoriedade deve
ser exigida pela Administração local.
Os resíduos sólidos, por sua vez, também merecem toda atenção da
administração pública municipal, uma vez que a falta de coleta e a inadequada
disposição final do lixo gera sérios problemas sanitários, como a proliferação de
vetores transmissores de doenças - moscas, mosquitos, ratos e baratas, que neste
meio encontram alimento e condições para reprodução; a contaminação dos
mananciais; a poluição do solo e do ar; e o agravamento das enchentes em épocas de
chuva.
Os problemas relacionados à disposição final do lixo urbano podem ser
reduzidos por meio de políticas públicas que incentivem a redução do material a ser
gerado como lixo, a reutilização de parte do lixo produzido, a reciclagem de muitos
materiais inorgânicos que se joga fora, a compostagem do lixo orgânico para produção
de adubo e o devido tratamento do chorume. Este é bem mais agressivo que o esgoto,
sendo formado pela solubilização de componentes do lixo na água, principalmente da
chuva. Essa água fica em contato com o lixo durante certo período e, por ação natural

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

da gravidade, percola até encontrar uma camada impermeável do solo, lençóis


freáticos ou superfícies previamente preparadas para receber o lixo, onde acumula e
escoa. Nos aterros sanitários, a disposição planejada dos resíduos sólidos canaliza o
chorume para neutralização de sua carga tóxica.
16
Dados apurados no ano 2000 apresentam o seguinte panorama do município:
• No tocante ao abastecimento de água, Rio das Flores tem 76,5% dos
domicílios com acesso à rede de distribuição, 23,2% com acesso à água através de poço
ou nascente e 0,3% têm outra forma de acesso à mesma. O total distribuído alcança 532
metros cúbicos por dia, dos quais 25% passam por tratamento convencional e o restante
por simples desinfecção (cloração).
• A rede coletora de esgoto sanitário chega a 52,4% dos domicílios do município;
outros 6,2% têm fossa séptica, 1,7% utilizam fossa rudimentar, 4,7% estão ligados a uma
vala, e 34,9% são lançados diretamente em um corpo receptor (rio, lagoa ou mar). O
esgoto coletado não passa por tratamento e é lançado no rio.
• Rio das Flores tem 76,9% dos domicílios com coleta regular de lixo, outros 4,4%
têm seu lixo jogado em terreno baldio ou logradouro, e 16,6% o queimam.
Dados preliminares de 2005 da Fundação CIDE apontam que o atual quadro de
resíduos sólidos em Rio das Flores é o seguinte: são coletadas 4,2 toneladas/dia, cujo
destino é vazadouro a céu aberto de propriedade de terceiros, localizado no Bairro do
Abarrancamento.
Faz-se urgente que a gestão dos recursos naturais se efetue de forma mais
competente e eficaz do que vem sendo feita até hoje. A realização de investimentos e
ações de desenvolvimento tecnológico resultará na implantação de projetos mais
eficientes e menos impactantes na qualidade dos corpos hídricos e do solo, e na
reutilização dos subprodutos dos tratamentos de água, esgoto e resíduos sólidos.

Gestão Municipal
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou, no final de 2006, a
quinta edição da Pesquisa de Informações Básicas Municipais - MUNIC 2005. A coleta
das informações ocorreu entre novembro de 2005 e março de 2006, sendo efetuada
preferencialmente através de entrevista presencial. Esta edição da pesquisa não
contemplou informações sobre o cadastro e o número de contribuintes do ISS. Os dados
foram obtidos através do preenchimento de questionários por diversos setores das
prefeituras municipais e são os seguintes para o município de Rio das Flores:

16 - Fontes: Sistema Nacional de Indicadores Urbanos – SNIU do Ministério das Cidades – dados coletados nos dias 3 e 4 de junho de 2003 referentes
ao ano 2000 e IBGE – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000.

28
TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

COMPOSIÇÃO DO QUADRO DE PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA:


Total de funcionários ativos da administração direta 698
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental(A) 334
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 208
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 119
Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 37
Total de funcionários ativos da administração direta - Estatutários 0
Total de funcionários ativos da administração direta - CLT 493
(A)
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental 237
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 147
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 74
Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 35
Total de funcionários ativos da administração direta - Somente comissionados 51
(A)
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental 19
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 15
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 15
Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 2
Total de funcionários ativos da administração direta - Sem vínculo permanente 154
(A)
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino fundamental 78
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino médio 46
Total de funcionários ativos da administração direta - Ensino superior 30
Total de funcionários ativos da administração direta - Pós-graduação 0

COMPOSIÇÃO DO QUADRO DE PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA:


Administração indireta - existência Não
(A) A declaração de escolaridade referente ao ensino fundamental refere-se ao primeiro grau completo ou incompleto.
Quanto às demais escolaridades, considerou-se apenas o curso completo.

29
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

LEGISLAÇÃO E INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO NO MUNICÍPIO


(B)
Ano da Lei orgânica do município 1990
Lei de parcelamento do solo - existência Sim
Lei de zoneamento ou equivalente - existência Sim
Código de obras - existência Sim
Lei específica de Solo criado - existência Sim
Lei específica de Contribuição de melhoria - existência Não
Lei específica de Operação urbana consorciada - existência Não
Lei específica de Estudo de impacto de vizinhança - existência Não
Está havendo debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do
plano plurianual - PPA, da lei de diretrizes orçamentárias - LDO e do orçamento
anual – LOA? Sim
O município utiliza os instrumentos de política urbana previstos no Estatuto das
cidades? Não
(C)
Plano Diretor – existência Não
O município está revendo ou elaborando o Plano Diretor? Sim
Instrumentos de participaçao utilizados no processo de revisão ou elaboração
do Plano Diretor:
Coordenação compartilhada com efetiva participação do poder público e da
sociedade Sim
Conselho de Política Urbana ou da Cidade Sim
Conferência ou congresso da cidade Não
Discussão em segmentos sociais específicos Sim
Discussão ou debate temático Não
Discussão por bairros, distritos, setores ou outra divisão territorial do município Não
Atividades de capacitação sobre o Estatuto da Cidade e Plano Diretor
Participativo Sim
Outros Não
Nenhum instrumento de participação Não
O município possui legislação sobre zona e/ou área de interesse especial? Sim
Tipo de área de interesse:
Interesse social Não
Ambiental Não
Histórico Sim
Cultural Sim
Paisagístico Não
Arquitetônico Sim
Arqueológico Não
Outra Não

30
TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

CADASTRO DO IPTU:
Cadastro imobiliário - existência Sim
Cadastro imobiliário informatizado - existência Não
O município cobra IPTU Sim
(B)
Ano da lei 1978
Planta Genérica de Valores - existência Sim
Planta Genérica de Valores informatizada - existência Sim

TAXAS INSTITUÍDAS:
Taxa de iluminação pública - existência Não
Taxa de coleta de lixo - existência Sim
Taxa de incêndio ou combate a sinistros - existência Não
Taxa de limpeza urbana - existência Não
Taxa de poder de polícia - existência Não
Outros tipos de taxas - existência Não
(B) Como o período de coleta da pesquisa se estendeu até março de 2006, foram consideradas todas as legislações
aprovadas até este mês.
(C) A obrigatoriedade da existência ou revisão do Plano Diretor decenal para municípios com mais de 20.000
habitantes e outros casos especiais foi estabelecida pelo estatuto da cidade para outubro de 2006.

Governo Eletrônico
O termo governo eletrônico, ou e-government refere-se ao uso da tecnologia da
informação utilizando as ferramentas da web para facilitar o acesso aos serviços e
informações para os mais diferentes segmentos da sociedade. É uma importante
ferramenta que visa a simplificar e otimizar os processos administrativos, ampliar a
eficiência e eliminar formalidades e exigências burocráticas que oneram o cidadão, as
empresas e os próprios cofres públicos. Pode ser a chave para a promoção de
relações mais democráticas e transparentes entre governo e sociedade civil, além de
tornar os processos relacionados à administração pública mais rápidos, eficazes e
baratos, vindo a ser um instrumento poderoso de fiscalização das ações públicas que
pode estar a apenas um clique do mouse para qualquer cidadão. Nesse sentido, cabe
aos gestores maior interesse em se envolverem neste processo de modernização
dessa importante tecnologia de informação.
Este novo modelo de gestão pública parece-nos central para a efetivação de
reformas que possam garantir o acesso de serviços e informações para o usuário,
independente do seu papel econômico e conhecimento tecnológico. Os gestores ainda
têm uma visão muito limitada das possibilidades que essas tecnologias de
informação podem proporcionar e investem menos do que seria necessário para
melhoria desses serviços. Com base em levantamentos realizados, existe um “pacote
mínimo” de e-serviços que deveriam ser oferecidos aos cidadãos . sendo um grande
desafio para eles acompanharem o ritmo das transformações dessas novas soluções
tecnológicas.

31
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Com o objetivo de analisar o grau de participação das prefeituras do Estado do Rio


de Janeiro no processo de desburocratização eletrônica e avaliar o nível de utilização e
evolução dos sítios municipais, o sistema FIRJAN vem desenvolvendo uma série de
estudos sobre o tema desde o ano 2000 que resultou em três versões (2002, 2005 e
2007), permitindo assim uma análise da evolução desses sítios.
Ciente de que o governo eletrônico é uma ferramenta de capacitação política da
sociedade e vetor de aumento de eficiência para o governo, o Tribunal de Contas do
Estado também vem acompanhando, desde 2006, a construção e o desenvolvimento dos
sítios municipais.
O desenvolvimento do e-government passa por quatro estágios diferentes. O
primeiro deles consiste na criação de sítios para difusão de informações sobre os mais
diversos órgãos e departamentos dos vários níveis de governo. Eventualmente, estes
sítios são reunidos em uma espécie de portal oficial com finalidade informativa.
Num segundo estágio, estes sítios passam também a receber informações e dados
por parte dos cidadãos, empresas e outros órgãos. O usuário pode, por exemplo, utilizar a
Internet para declarar seu imposto de renda, informar uma mudança de endereço, fazer
reclamações e sugestões a diversas repartições ou, ainda, efetuar o cadastro on-line de
sua empresa. Neste âmbito, o sítio governamental passa a ter uma finalidade maior do
que a meramente informativa, tornando-se interativo.
Na terceira etapa de implantação do e-government, as transações se tornam mais
complexas e o sítio assume um caráter transacional. Neste estágio, são possíveis trocas
de valores que podem ser quantificáveis, como pagamentos de contas e impostos,
educação à distância, matrículas na rede pública, marcação de consultas médicas,
pregões eletrônicos, etc. Em outras palavras, além da troca de informações, valores são
trocados e serviços anteriormente prestados por um conjunto de funcionários passam a
ser realizados diretamente pela Internet.
Essas modificações tornam-se ainda mais complexas no quarto estágio de
implantação do governo eletrônico. Neste estágio, é desenvolvido um tipo de portal que
não é mais um simples índice de sítios, mas uma plataforma de convergência de todos os
serviços prestados pelo governo. Os serviços são disponibilizados por funções ou temas,
sem seguir a divisão real do Estado em ministérios, secretarias, departamentos, etc.
Assim, ao lidar com o governo, cidadãos e empresas não precisam mais se dirigir a
inúmeros órgãos diferentes. Em um único portal e com uma única senha, qualificada
como assinatura eletrônica (certificação digital), conseguem resolver aquilo que precisam.
Para tal, a integração entre os diferentes órgãos prestadores de informações e serviços é
imprescindível, ou seja, estes devem realizar trocas de suas respectivas bases de dados
numa velocidade capaz de garantir o atendimento ao cidadão. Esse recurso exige
informações de uma série de departamentos que, interligados por uma infra-estrutura
avançada, conseguem atender à demanda do cidadão em tempo real. Neste último
estágio, o sítio é qualificado como integrativo.

32
TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Alguns serviços na pesquisa atual não eram oferecidos na pesquisa da edição


2006 dos Estudos Socioeconômicos, são eles Plano Diretor, Cadastro de Fornecedor e
Balcão de Empregos. Só foram considerados os serviços ou informações que estavam
acessíveis no período de agosto a setembro de 2007, quando foi feito o levantamento
desta pesquisa.
No estudo realizado este ano, 100% das prefeituras do Estado do Rio de Janeiro
possuíam sítios oficiais, atingindo a meta prevista no Mapa do Desenvolvimento do
Estado do Rio, lançado há um ano pela FIRJAN que estabelecia 2008 como o prazo
para atingir essa marca. As iniciativas que vêm sendo empreendidas no projeto de
governo eletrônico têm mostrado resultados claramente positivos no que diz respeito à
disponibilização de serviços públicos via web, mas também identificam grandes
dificuldades a serem superadas, pois os serviços prestados continuam ainda
deficientes, necessitando de mudanças que ultrapassem questões meramente
tecnológicas.
O único sítio municipal que estava desabilitado no período da pesquisa era o de
Cambuci. As prefeituras de Lage de Muriaé, Paraíba do Sul e Pinheral apesar de terem
sítios oficiais, não apresentam a terminação “.gov.br”, padrão dos sítios governamentais
brasileiros.
Os principais problemas encontrados foram sítios desatualizados, navegação
deficiente, vários ícones que não abrem os links quando clicados ou apresentam
mensagens de erro, e dificuldades em localizar determinadas informações por não
estarem na página principal e sim embutidas em outros ícones.
Todas as prefeituras pesquisadas apresentaram sítios informativos.
Somente as prefeituras de Cardoso Moreira, Iguaba Grande, Itaocara, Itatiaia,
Miracema, Natividade, Porto Real, Quatis, Santa Maria Madalena, Santo Antônio de
Pádua e Sapucaia não apresentaram serviços interativos. O serviço de ouvidoria, como
nas pesquisas anteriores, continua sendo o que aparece com mais freqüência. Esse é o
único tipo de serviço interativo encontrado em 41 dos 91 sítios pesquisados, o que
determina a classificação deles como interativos.
Os únicos municípios que apresentaram serviços transacionais foram Angra dos
Reis, Barra Mansa, Itaboraí, Japeri, Mesquita, Niterói, Paraíba do Sul, Petrópolis,
Quissamã, Resende, São Gonçalo e Volta Redonda, sendo o Pregão Eletrônico o serviço
mais oferecido.
As tabelas a seguir apresentam o estágio em que se encontram os sítios dos
governos municipais.

33
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Serviços Informativos:

Cultura e entretenimento

Estrutura Administrativa
História do Município

Trabalho e emprego
Finanças Publicas
Municípios com sítios informativos

Políticas Públicas
Meio Ambiente

Investimentos
Infraestrutura

Plano diretor
Tributação
Legisação
Economia

Educação
Geografia

Turismo

Trânsito
Notícias
Saúde

Total
Angra dos Reis 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 16
Aperibé 1 1 1 1 1 1 1 7
Araruama 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Areal 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Armação dos Búzios 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Arraial do Cabo 1 1 2
Barra do Piraí 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Barra Mansa 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
Belford Roxo 1 1 1 1 1 5
Bom Jardim 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
Bom Jesus do Itabapoana 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Cabo Frio 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Cachoeiras de Macacu 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Cambuci 0
Campos dos Goytacazes 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
Cantagalo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Carapebus 1 1 1 1 1 5
Cardoso Moreira 1 1 1 1 1 1 6
Carmo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Casimiro de Abreu 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Comendador Levy Gasparian 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Conceição de Macabu 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Cordeiro 1 1 1 1 1 1 6
Duas Barras 1 1 1 1 1 1 6
Duque de Caxias 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Engenheiro Paulo de Frontin 1 1 1 3
Guapimirim 1 1 2
Iguaba Grande 1 1 2
Itaboraí 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Itaguaí 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Italva 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Itaocara 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Itaperuna 1 1 1 1 4
Itatiaia 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Japeri 1 1 1 1 1 1 1 7
Laje do Muriaé 1 1 1 1 1 1 1 7
Macaé 1 1 1 1 1 1 1 7
Macuco 1 1 1 1 1 1 1 7
Magé 1 1 1 1 4
Mangaratiba 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Maricá 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Mendes 1 1 1 1 1 5

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TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Cultura e entretenimento

Estrutura Administrativa
História do Município

Trabalho e emprego
Finanças Publicas
Municípios com sítios informativos

Políticas Públicas
Meio Ambiente

Investimentos
Infraestrutura

Plano diretor
Tributação
Legisação
Economia

Educação
Geografia

Turismo

Trânsito
Notícias
Saúde

Total
Mesquita 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Miguel Pereira 1 1 1 1 4
Miracema 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
Natividade 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Nilópolis 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Niterói 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Nova Friburgo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Nova Iguaçu 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Paracambi 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Paraíba do Sul 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
Paraty 1 1 1 3
Paty do Alferes 1 1 1 1 1 5
Petrópolis 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 17
Pinheiral 1 1 1 1 1 1 1 7
Piraí 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Porciúncula 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
Porto Real 1 1 2
Quatis 1 1 1 3
Queimados 1 1 1 1 1 1 6
Quissamã 1 1 1 1 1 1 1 7
Resende 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
Rio Bonito 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Rio Claro 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Rio das Flores 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Rio das Ostras 1 1 1 1 1 5
Santa Maria Madalena 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Santo Antônio de Pádua 1 1 1 1 1 1 1 7
São Fidélis 1 1 1 1 1 5
São Francisco de Itabapoana 1 1 1 1 1 1 6
São Gonçalo 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
São João da Barra 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
São João de Meriti 1 1 1 3
São José de Ubá 1 1 1 1 1 1 1 1 8
São José do Vale do Rio Preto 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
São Pedro da Aldeia 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
São Sebastião do Alto 1 1 2
Sapucaia 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Saquarema 1 1 1 1 1 1 6
Seropédica 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Silva Jardim 1 1 1 1 1 5
Sumidouro 1 1 1 1 1 1 6
Tanguá 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 12
Teresópolis 1 1 1 1 1 5
Trajano de Morais 1 1 1 1 1 1 1 7
Três Rios 1 1 1 1 1 1 1 7
Valença 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Varre - Sai 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Vassouras 1 1 1 1 1 1 1 1 8
Volta Redonda 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9

35
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Serviços Interativos:

Cadastro de fornecedores
Obras e Meio Ambiente

Balcão de empregos
Iluminação Pública

Vigilância sanitária
Municípios com sítios interativos

Água e Esgoto
Transportes

Concursos
processos

Habitação
Educação

Licitações

Ouvidoria
Simples

Total
Saude
IPTU

ITBI
ISS

Angra dos Reis 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11


Aperibé 1 1
Araruama 1 1
Areal 1 1
Armação dos Búzios 1 1 1 3
Arraial do Cabo 1 1
Barra do Piraí 1 1
Barra Mansa 1 1 1 1 1 5
Belford Roxo 1 1 1 3
Bom Jardim 1 1
Bom Jesus do Itabapoana 1 1 2
Cabo Frio 1 1 1 3
Cachoeiras de Macacu 1 1
Cambuci 0
Campos dos Goytacazes 1 1 1 3
Cantagalo 1 1 1 3
Carapebus 1 1 2
Cardoso Moreira 0
Carmo 1 1
Casimiro de Abreu 1 1 2
Comendador Levy Gasparian 1 1 2
Conceição de Macabu 1 1 1 1 4
Cordeiro 1 1
Duas Barras 1 1
Duque de Caxias 1 1 1 1 4
Engenheiro Paulo de Frontin 1 1
Guapimirim 1 1
Iguaba Grande 0
Itaboraí 1 1 2
Itaguaí 1 1 1 3
Italva 1 1
Itaocara 0
Itaperuna 1 1
Itatiaia 0
Japeri 1 1
Laje do Muriaé 1 1
Macaé 1 1 1 3
Macuco 1 1
Magé 1 1 2
Mangaratiba 1 1 1 1 4
Maricá 1 1 1 1 1 5
Mendes 1 1
Mesquita 1 1 1 1 4
Miguel Pereira 1 1
Miracema 0
Natividade 0
Nilópolis 1 1
Niterói 1 1 1 1 1 1 1 7
Nova Friburgo 1 1 1 1 1 5

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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Cadastro de fornecedores
Obras e Meio Ambiente

Balcão de empregos
Iluminação Pública

Vigilância sanitária
Municípios com sítios interativos

Água e Esgoto
Transportes

Concursos
processos

Habitação
Educação

Licitações

Ouvidoria
Simples

Total
Saude
IPTU

ITBI
Nova Iguaçu ISS 1 1
Paracambi 1 1
Paraíba do Sul 1 1 2
Paraty 1 1
Paty do Alferes 1 1
Petrópolis 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Pinheiral 1 1 1 1 4
Piraí 1 1 1 3
Porciúncula 1 1
Porto Real 0
Quatis 0
Queimados 1 1
Quissamã 1 1
Resende 1 1 1 1 4
Rio Bonito 1 1
Rio Claro 1 1
Rio das Flores 1 1 2
Rio das Ostras 1 1 1 1 1 1 1 7
Santa Maria Madalena 0
Santo Antônio de Pádua 0
São Fidélis 1 1
São Francisco de Itabapoana 1 1
São Gonçalo 1 1 1 3
São João da Barra 1 1
São João de Meriti 1 1 1 3
São José de Ubá 1 1
São José do Vale do Rio Preto 1 1
São Pedro da Aldeia 1 1 1 1 4
São Sebastião do Alto 1 1
Sapucaia 0
Saquarema 1 1 2
Seropédica 1 1
Silva Jardim 1 1
Sumidouro 1 1
Tanguá 1 1
Teresópolis 1 1
Trajano de Morais 1 1
Três Rios 1 1 1 1 4
Valença 1 1 1 3
Varre - Sai 1 1
Vassouras 1 1
Volta Redonda 1 1 1 1 1 1 1 7

37
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Serviços Transacionais:

Consulta prévia online - alvará provisório

Emissão de certidão negativa de débito


Impressão de documentos fiscais

Educação - matrícula online


Municípios com sítio transacional

Nota fiscal eletrônica


Licitação e pregão
Alvará

Total
Angra dos Reis 1 1 1 3
Barra Mansa 1 1 1 3
Itaboraí 1 1
Japeri 1 1
Mesquita 1 1 2
Niterói 1 1
Paraíba do Sul 1 1
Petrópolis 1 1 1 1 1 5
Quissamã 1 1
Resende 1 1
São Gonçalo 1 1
Volta Redonda 1 1

À guisa de conclusão deste tema, a desburocratização eletrônica, aliada à vontade


política por mudança, pode contribuir cada vez mais para aperfeiçoar nossa democracia e
estimular o desenvolvimento econômico, bastando para isso que os administradores
públicos municipais se empenhem cada vez mais em acompanhar o ritmo das
transformações das novas soluções tecnológicas, com alto impacto sobre os serviços ao
cidadão e empresas.
O governo eletrônico tem sido um passo fundamental para uma gestão moderna e
eficiente, pois é uma ferramenta de capacitação política da sociedade e um importante
vetor de aumento de eficiência para o governo proporcionando mais transparência e
desenvolvimento. Deve-se destacar que, no estudo de 2002 da FIRJAN, havia apenas 42
municípios fluminenses na web, o que evoluiu em 2005 para 62. Em agosto de 2006, o
número subiu para 67 sítios oficiais e, no mesmo mês de 2007, alcançou 100% dos
municípios.
Devemos observar que, apesar de ter havido uma melhora quantitativa, a grande
maioria dos sítios municipais encontra-se em seu estágio inicial. Os assuntos informativos
continuam predominando. Já os serviços interativos e transacionais promovidos pelas
prefeituras por meio de seus websites aparecem com menor freqüência além de baixo
desempenho.

38
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

III - INDICADORES SOCIAIS

O ideário democrático sempre atribuiu à educação uma função central na relação


com a cidadania. Educação e democracia formam parte de um todo onde os indivíduos
deveriam ter igualdade de oportunidades em um universo social de diferenças individuais.
No plano social, é importante reconhecer também que as reivindicações da
população relacionadas diretamente a carência de oportunidades econômicas,
negligências dos serviços públicos com educação e saúde, e destituição cultural
sistemática tiveram grande relevância no sentido de influenciar o Estado em vários países
democráticos a acolher uma concepção da justiça social mais atenta às dificuldades
dessas pessoas. Contudo, medidas emergenciais baseadas somente numa estreita
perspectiva pragmática sempre estarão sujeitas ao risco de esvaziamento rápido quando
a sociedade perceber que os resultados alcançados não maximizaram as oportunidades
dos desfavorecidos.
Atualmente, a qualidade em conhecimentos da população de um país constitui
elemento diferenciador estratégico, uma vez que o nível de educação das pessoas terá
forte repercussão tanto no seu rendimento individual como no rendimento coletivo das
organizações a que pertencem e, em decorrência, do próprio Estado.
Por essas e outras razões, a educação é considerada uma das principais iniciativas
para diminuir as desigualdades, na medida em que traz oportunidades de melhor
formação ao conjunto da população. O que a sociedade espera da educação é que ela
responda às necessidades de um novo perfil de qualificação, no qual não só a aquisição
do conhecimento seja importante, mas também a sua melhor utilização, já que ela deve,
ainda, instrumentalizar todos a lidar com os novos parâmetros de difusão de informações
gerados pela tecnologia da informação e pelos meios de comunicação de massa. A
educação, portanto, deve contribuir para recuperar e construir a dimensão social e ética
do desenvolvimento econômico e capacitar para o exercício da cidadania.
Cada vez mais a oferta de ensino de boa qualidade é requisito para que se possa
pensar em justiça social, proporcionando condições para que os indivíduos possam
competir em graus semelhantes.
É extremamente complexa a implantação de políticas públicas continuadas
quando, em regra geral, o ensino fundamental é atribuição do Município; o ensino médio,
do Estado; e o ensino superior, da União.
Uma iniciativa que pode nortear tais políticas é a avaliação da qualidade do ensino.
Há longa data, o Ministério da Educação – MEC implementou o Sistema de Avaliação da
Educação Básica (Saeb) e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O Saeb é adotado desde 1990. A partir de 2005, ele passou a ser composto por
duas avaliações, a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação
Nacional do Rendimento Escolar (Anresc). A Aneb é realizada por amostragem das redes
de ensino, em cada unidade da Federação e tem foco nas gestões dos sistemas
educacionais . Por manter as mesmas características, a Aneb recebe o nome do Saeb em
suas divulgações. Participam do Saeb alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental, e

39
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

também estudantes do 3º ano do ensino médio regular, tanto da rede pública quanto da
rede privada, em área urbana e rural.
Já a Anresc é mais extensa e detalhada que a Aneb e tem foco em cada unidade
escolar. Por seu caráter universal, recebe o nome de Prova Brasil em suas divulgações.
Na última edição dos Estudos Socioeconômicos, foram apresentadas informações oficiais
divulgadas em junho de 2006 sobre a Prova Brasil 2005. Estas foram retificadas pelo
Inep/MEC em abril de 2007 e os novos números são os seguintes: a prova foi realizada
em 5.387 municípios de todas as unidades da Federação, avaliando 3.392.880 alunos (ao
invés dos 3.306.317 divulgados anteriormente) de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental,
distribuídos em 125.852 turmas de 40.962 escolas públicas urbanas com mais de 30
alunos matriculados na série avaliada.
Como o MEC, a partir de 2004, ampliou o Ensino Fundamental para nove anos
(cinco anos no primeiro ciclo – Anos Iniciais e quatro anos no segundo – Anos Finais), nas
escolas onde o ensino fundamental está organizado neste regime a prova foi aplicada nas
turmas de 5º e 9º série e nos alunos das 4ª e 8ª séries das escolas que ainda mantinham
o regime anterior. Os resultados da Prova Brasil são apresentados em uma escala de
desempenho por disciplina. Em Língua Portuguesa ela vai de 125 até 350. Em
Matemática, a escala é de 125 a 375. Nos parâmetros estabelecidos para a quarta série,
em ambas as disciplinas a nota máxima é 300 pontos. Para os estudantes da oitava série,
350 é a nota máxima para português e 375, para matemática.
Esses novos resultados da Prova Brasil 2005 não mais fazem comparativo de
médias brasileira e estaduais da 4ª e da 8ª séries. É disponibilizada a pontuação de cada
município, de cada rede e de cada escola, dificultando o confronto dos resultados em
nível regional ou nacional. Tal comparação agora somente pode ser feita por outro
indicador: Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, que será apresentado
adiante.
Cabe, portanto, apresentar as notas corrigidas que as escolas de Rio das Flores
tiveram, em média, na Prova Brasil 2005, considerando-se, ainda, que a próxima
avaliação ocorrerá durante 2007 com resultados divulgados somente em 2008:

Série Matemática Português


4ª da rede estadual 203,3 202,5
8ª da rede estadual 262,8 251,6
4ª da rede municipal 175,2 170,5
8ª da rede municipal 245,6 236,0

Para conhecer o resultado de cada escola individualmente, bem como a descrição


das competências e habilidades do aluno em cada nível da escala de pontuação, deve-se
acessar o sítio http://provabrasil.inep.gov.br.
O Enem, por sua vez, é aplicado anualmente aos alunos concluintes e aos
egressos (os que já concluíram em outros anos) do ensino médio e tem como objetivo
principal oferecer uma referência para que cada estudante possa se auto-avaliar, visando
às suas escolhas futuras, tanto em relação ao mercado de trabalho quanto para a

40
TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

continuidade dos estudos. Não é um simples teste: ele identifica em que área do
conhecimento ou competência o participante do ensino médio está mais ou menos apto e
onde ele precisa reforçar o seu grau de desenvolvimento. A matriz do Enem é elaborada
em cinco competências:
• Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer uso da linguagem
matemática, artística e científica.
• Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a
compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção
tecnológica e das manifestações artísticas.
• Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados
de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.
• Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos
disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de
propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.
A parte objetiva da prova é constituída por questões de múltipla escolha de igual
valor, avaliada numa escala de 0 a 100 pontos. Além disso, é atribuída uma nota na
mesma escala a cada uma das cinco competências avaliadas. Na redação, também há
uma nota global de 0 a 100 e outra para cada uma das cinco competências aferidas. A
nota global é a média aritmética simples das notas por competência.
De um total de 2,7 milhões alunos que fizeram o Enem em 2006, cerca de 187 mil
são fluminenses. O desempenho médio da prova objetiva no país foi de 36,90 e de 52,08
na redação. O Estado do Rio de Janeiro ficou na primeira posição, com notas médias
38,61 e 53,34, respectivamente. Todas essas notas foram inferiores aos resultados de
2005. A nota global foi de 42,616 para o país e de 44,246 para o Estado. Apesar da
superioridade em relação ao restante do país, é baixo o desempenho do Estado do Rio de
Janeiro, pois somente três municípios tiveram mais de 50% de aproveitamento em 2006.
Rio das Flores teve nota global 41,900. Para conhecer o resultado de cada escola
individualmente, deve-se acessar o sítio http://mediasenem.inep. gov.br/desempenho.php.
Em 2007, o MEC, apresentou o primeiro IDEB (2005). Ele é um indicador sintético
de qualidade educacional que combina dois indicadores usualmente utilizados para
monitorar nosso sistema de ensino: desempenho em exames padronizados e rendimento
escolar (taxa média de aprovação dos estudantes na etapa de ensino – Censos 2005 e
2006).
O indicador final é a pontuação no exame padronizado ajustada pelo tempo médio,
em anos, para conclusão de uma série naquela etapa de ensino. A proficiência média é
padronizada para o IDEB estar entre zero e dez.
O MEC lançou, também em 2007, o Plano de Metas “Compromisso Todos pela
Educação”, cujo objetivo é fazer com que a qualidade da educação gradativamente
alcance novos patamares em quinze anos. Um dos objetivos é que em 2022, ano em que
o Brasil comemora o bicentenário da Independência, possa-se também comemorar

41
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

resultados de um sistema educacional com qualidade equivalente à dos países


desenvolvidos.
Para o conjunto do país, a proposta do Plano de Metas é que os resultados do
IDEB dos Anos Iniciais do ensino fundamental passe de 3,8 em 2005 para 6,0 em 2021;
de 3,5 para 5,5 nos Anos Finais do ensino fundamental; e de 3,4 para 5,2 no ensino
médio. As metas abrangem cada dependência administrativa, com desafios para todas as
redes de ensino. Note-se que, como o IDEB utiliza um indicador de rendimento para o
qual são necessários dados de dois anos seqüenciais, ele sempre estará defasado por
este mesmo intervalo de tempo.
No caso do Estado do Rio de Janeiro, o IDEB dos Anos Iniciais do ensino
fundamental deve passar de 3,8 em 2005 para 6,0 em 2021; de 2,9 para 4,9 nos Anos
Finais do ensino fundamental; e de 2,8 para 4,6 no ensino médio. Rio das Flores teve, em
média, a seguinte pontuação no ensino fundamental:

IDEB 2005 e ranking no


Anos Iniciais Anos Finais
Estado do Rio de Janeiro
3,5 3,8
Rede municipal 71º lugar entre os 26º lugar entre os
88 municípios avaliados 74 municípios avaliados
4,8 4,3
Rede estadual 15º lugar entre os 11º lugar entre os
71 municípios avaliados 89 municípios avaliados

Os resultados de cada escola podem ser encontrados no sítio


http://ideb.inep.gov.br/Site/. No final de junho de 2007, quando foi realizada a presente
pesquisa, não havia dados individualizados sobre o desempenho no IDEB do ensino
médio. As escolas que cumprirem as metas do IDEB vão receber, a título de incentivo,
uma parcela extra de recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). O PDDE é
implementado pelo MEC, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) e presta assistência financeira, em caráter suplementar, às escolas públicas do
ensino fundamental e especial.
A transparência dos resultados da Prova Brasil e do Enem, e agora também do
IDEB, no portal do Inep/MEC permite que toda a população acesse pela internet o
desempenho de cada escola e que os responsáveis pela pasta da educação no
município e no estado e a população-alvo: pais e alunos do estabelecimento de ensino
cobrem explicações sobre os motivos que levam instituições equivalentes a terem
desempenhos tão díspares e exijam providências para melhorá-los.
Nesse sentido, o Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007, dispõe sobre a
implementação do citado Plano de Metas pela União, em regime de colaboração com
os demais entes da Federação, e a participação das famílias e da comunidade,
mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando à
mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica.

42
TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

As boas práticas que, em todo ou em parte, são adotadas por escolas que
obtiveram bons resultados de aprendizagem de seus alunos foram sistematizadas em
28 diretrizes que integram o decreto, como orientações a que devem aderir os
sistemas estaduais e municipais que queiram assumir o Compromisso Todos pela
Educação. São elas: estabelecer como foco a aprendizagem, apontando resultados
concretos a atingir; alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade,
aferindo os resultados por exame periódico específico; acompanhar cada aluno da
rede individualmente, mediante registro da sua freqüência e do seu desempenho em
avaliações, que devem ser realizadas periodicamente; combater a repetência, dadas
as especificidades de cada rede, pela adoção de práticas como aulas de reforço no
contra-turno, estudos de recuperação e progressão parcial; combater a evasão pelo
acompanhamento individual das razões da não-freqüência do educando e sua
superação; matricular o aluno na escola mais próxima da sua residência; ampliar as
possibilidades de permanência do educando sob responsabilidade da escola para
além da jornada regular; valorizar a formação ética, artística e a educação física;
garantir o acesso e permanência das pessoas com necessidades educacionais
especiais nas classes comuns do ensino regular, fortalecendo a inclusão educacional
nas escolas públicas; promover a educação infantil; manter programa de alfabetização
de jovens e adultos.
Outras diretrizes são instituir programa próprio ou em regime de colaboração
para formação inicial e continuada de profissionais da educação; implantar plano de
carreira, cargos e salários para os profissionais da educação, privilegiando o mérito, a
formação e a avaliação do desempenho; valorizar o mérito do trabalhador da
educação, representado pelo desempenho eficiente no trabalho, dedicação,
assiduidade, pontualidade, responsabilidade, realização de projetos e trabalhos
especializados, cursos de atualização e desenvolvimento profissional; dar
conseqüência ao período probatório, tornando o professor efetivo estável após
avaliação, de preferência externa ao sistema educacional local; envolver todos os
professores na discussão e elaboração do projeto político pedagógico, respeitadas as
especificidades de cada escola; incorporar ao núcleo gestor da escola coordenadores
pedagógicos que acompanhem as dificuldades enfrentadas pelo professor; fixar regras
claras, considerados mérito e desempenho, para nomeação e exoneração de diretor
de escola.
O decreto dispõe, ainda, que devem ser divulgados na escola e na comunidade
os dados relativos à área da educação, com ênfase no IDEB; acompanhar e avaliar,
com participação da comunidade e do Conselho de Educação, as políticas públicas na
área de educação e garantir condições, sobretudo institucionais, de continuidade das
ações efetivas, preservando a memória daquelas realizadas; zelar pela transparência
da gestão pública na área da educação, garantindo o funcionamento efetivo, autônomo
e articulado dos conselhos de controle social; promover a gestão participativa na rede
de ensino; elaborar plano de educação e instalar Conselho de Educação, quando
inexistentes; integrar os programas da área da educação com os de outras áreas como
saúde, esporte, assistência social, cultura, dentre outras, com vista ao fortalecimento
da identidade do educando com sua escola; fomentar e apoiar os conselhos escolares,
envolvendo as famílias dos educandos, com as atribuições, dentre outras, de zelar
pela manutenção da escola e pelo monitoramento das ações e consecução das metas

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

do Compromisso; transformar a escola num espaço comunitário e manter ou recuperar


aqueles espaços e equipamentos públicos da cidade que possam ser utilizados pela
comunidade escolar; firmar parcerias externas à comunidade escolar, visando à
melhoria da infra-estrutura da escola ou à promoção de projetos socioculturais e ações
educativas; organizar um comitê local do Compromisso, com representantes das
associações de empresários, trabalhadores, sociedade civil, Ministério Público,
Conselho Tutelar e dirigentes do sistema educacional público, encarregado da
mobilização da sociedade e do acompanhamento das metas de evolução do IDEB.
Com o objetivo de apoiar os entes que aderirem ao Compromisso, foram criadas
ações que reorganizam a distribuição de recursos voluntários do Ministério da Educação e
mobilizam os entes federados a assumir, em conjunto com a União, a responsabilidade
pelo avanço dos resultados educacionais. De acordo com o sistema de incentivos que
orienta o Compromisso está previsto o incremento da mobilização social em torno da
qualidade da educação por meio da divulgação ampla dos indicadores, metas atingidas,
resultados obtidos, envolvendo todos os atores sociais no processo. Caberá à própria
comunidade avaliar as razões pelas quais as metas foram, ou não, alcançadas. Por isso é
tão importante a participação e a mobilização das comunidades locais em torno do
Compromisso. Esse é o sentido da instituição do Comitê Todos pela Educação como uma
forma de apoiar, colaborar e cobrar os resultados educacionais.
O diagnóstico da situação educacional local está estruturado em quatro grandes
dimensões: gestão educacional; formação de professores e dos profissionais de serviço e
apoio escolar; práticas pedagógicas e avaliação; infra-estrutura física e recursos
pedagógicos. Cada dimensão é composta por áreas de atuação e cada área apresenta
indicadores específicos, que devem ser analisados para orientar a formulação de um
Plano de Ações Articuladas – PAR, adequado às demandas locais. O cumprimento das
metas constantes do Termo de Adesão ao Compromisso Todos pela Educação será
acompanhado e, posteriormente, servirá para a correção de rumos do PAR.
Para tal diagnóstico e planejamento, consultores de todo o país na área de
educação serão contratados, por meio de edital da UNESCO, para sua elaboração em
conjunto com dirigentes estaduais e/ou municipais de educação. Além disso, o
profissional contratado prestará assistência técnica na implementação dos Planos e na
checagem das metodologias utilizadas para monitoramento e aferição de resultados.
A expansão das capacidades das pessoas para levar o tipo de vida que elas
valorizam podem ser aumentadas por uma política pública da envergadura desse
Plano de Metas. Por outro lado, a direção dessa política pública pode ser influenciada
pelo uso efetivo das capacidades participativas do povo, numa relação de mão dupla
prevista pelo próprio MEC.

Educação no Estado e no Município


De acordo com o Censo Escolar 2006, no Brasil, 89,6% dos 33.282.663 alunos
matriculados no ensino fundamental estão nas redes públicas. No Estado do Rio de
Janeiro a proporção cai para 81,4% de seus 2.425.991 estudantes. O contingente da
população estudantil que recorre às escolas públicas apresentou crescimento até 2003,
mantendo-se estável desde então, como demonstra a tabela a seguir:

44
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Dep. Administrativa 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Federal 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,4%


Estadual 26,1% 25,6% 24,2% 23,3% 21,9% 21,3%
Municipal 55,2% 55,3% 56,1% 57,2% 58,5% 59,7%
Particular 18,4% 18,7% 19,2% 19,1% 19,2% 18,6%
Nº total de alunos
2.463.074 2.474.530 2.470.264 2.474.150 2.479.105 2.425.991
Ensino Fundamental

Houve uma ligeira queda no número total de matrículas em 2006, tendo ocorrido
redução expressiva na participação da rede estadual nos últimos seis anos, em
movimento inverso à rede municipal, que tem atribuição constitucional de prover o
ensino fundamental. Uma das razões dessa inversão é o expressivo aumento no
número de matrículas no ensino médio, de responsabilidade do Estado, como se
verificará a seguir.
O ano de 2006 teve, em nosso Estado, um total de 731.754 alunos matriculados no
ensino médio, dos quais 84,0% estavam em escolas públicas. Também se reduziu o
número de matrículas no ensino médio. Entretanto, mais de 56 mil vagas foram abertas
na rede pública estadual, contra um aumento geral de apenas 24 mil no período, como
demonstra a tabela a seguir:

Dep. Administrativa 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Federal 2,0% 1,7% 1,6% 1,7% 1,6% 1,7%


Estadual 75,7% 78,2% 78,6% 79,8% 79,8% 80,9%
Municipal 1,7% 1,5% 1,7% 1,5% 1,4% 1,4%
Particular 20,6% 18,6% 18,1% 17,0% 17,2% 16,0%
Nº total de alunos
707.486 746.234 763.817 770.658 759.825 731.754
Ensino Médio

As 536 mil vagas oferecidas pela rede estadual, em 2001, cresceram para 592 mil
em 2005, o que configura grande migração de alunos de outras redes para aquela gerida
pelo governo do Estado.
Para melhor visualizar a evolução do número de matrículas no ensino básico, o
gráfico a seguir é bastante ilustrativo sobre os três pontos críticos de estrangulamento
do sistema, que ocorrem nas 1ª e 5ª séries do ensino fundamental, e na 1ª do ensino
médio. Em virtude da nova seriação em nove anos, é possível observar uma redução
na pressão que ocorria na antiga 1ª série até 2003. Para efeito comparativo do período
dos seis anos em análise, e considerando que as escolas privadas não aderiram em
peso à nova seriação, enquanto a rede pública, sim, foi mantida no gráfico a seriação
antiga.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Total de matrículas nos ensinos fundamental e médio - RJ

2001 2002 2003 2004 2005 2006


600.000

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000

0
Nova 1ª 1ª Série 2ª Série 3ª Série 4ª Série 5ª Série 6ª Série 7ª Série 8ª Série 1ª Série 2ª Série 3ª Série
Série antiga antiga antiga antiga antiga antiga antiga antiga Médio Médio Médio

Em um breve resumo sobre a situação da estrutura educacional no Estado do Rio


de Janeiro, com referência ao ano de 2006 17, verifica-se que:
1) Com relação ao quantitativo de escolas:
- Para o Ensino Infantil, há 2.472 estabelecimentos de creche e a rede pública é
responsável por 40% deles. A pré-escola soma 5.994 estabelecimentos, sendo que a rede
pública responde por cerca de 54%;
- o Ensino Fundamental é disponibilizado em 7.440 escolas, das quais 68% são
públicas;
- o Ensino Médio é encontrado em 1.903 escolas, sendo que cerca de 58%
pertencem à rede pública;
- o Ensino de Jovens e Adultos está disponível em 1.529 estabelecimentos, sendo
81% desses públicos;
- a Educação Especial foi disponibilizada em 717 unidades, 84% públicas. Outros
3.154 estabelecimentos, 88% públicos, oferecem integração dos portadores de
necessidades educativas especiais em salas de aula comuns, metade deles com apoio
pedagógico especializado.
2) A quase totalidade das escolas encontra-se em área urbana. Com relação ao
total de estabelecimentos, 7% das creches, 16% das pré-escolas, 18% das unidades de
ensino fundamental e 4% de ensino médio estão na zona rural.
3) No que diz respeito ao número de matrículas iniciais:
- a Educação Infantil 18 disponibilizou cerca de 486 mil matrículas. Cursam a rede
pública 52% do total dos 109.056 alunos de creche e 61% dos 376.837 estudantes de
pré-escola;

17 - Fonte: Inep/MEC.
18 - Educação Infantil: Trata-se da primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. A educação infantil é oferecida em
creches, ou entidades equivalentes, e pré-escolas.

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TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

- no Ensino Fundamental, o total de matrículas nos cinco anos iniciais foi de


1.380.362, dos quais 70% são na rede municipal e 11% na estadual. Os quatro anos
finais somaram 1.045.629 matrículas, 46% na rede municipal e 35% na rede estadual;
- no Ensino Médio, o total de matrículas foi de 731.754, 84% feitas na rede
pública;
- na educação de jovens e adultos, o número de matrículas foi de 310.826, sendo
237.338 no Ensino Fundamental, 96% na rede pública, e 73.488 no Ensino Médio, 63%
na rede pública;
- a educação especial teve, aproximadamente, 27 mil matrículas, 58% na rede
pública.
4) Quanto à função docente 19, o Estado dispõe de 6.907 professores na creche,
43% deles em instituições públicas. São 22.627 docentes na pré-escola, 54% na rede
pública. Outros 137.465 lecionam no ensino fundamental, 75% em escolas públicas. Mais
55.634 profissionais dão aulas no ensino médio, também 75% nas redes municipal,
estadual e federal. Finalmente, 20.038 professores atendem à educação de jovens e
adultos, sendo 82% na rede pública, e outros 3.874 lecionam na educação especial, 74%
em instituições públicas.
O censo 2005 de educação superior aponta a existência de 121 estabelecimentos
de ensino superior no Estado do Rio de Janeiro, 108 deles particulares. O total de
matrículas somava 473.585, sendo 18% em instituições públicas. Já o corpo docente
somava 32.504 profissionais, 31% da rede pública.
Apresentamos, a seguir, os indicadores disponíveis do município em estudo 20. Rio
das Flores apresenta o seguinte quadro relativo à escolaridade da população, em
comparação com o Estado:

Anos de estudo por população acima de 10 anos de idade


- IBGE - Censo 2000 -
Estado Rio das Flores

Não det erminados

15 anos ou mais

11 a 14 anos

8 a 10 anos

4 a 7 anos

1 a 3 anos

Sem inst rução


e menos de 1 ano

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%

19 - O mesmo docente pode atuar em mais de um nível/modalidade de ensino e em mais de um estabelecimento.


20 - Números de matrículas, professores e escolas de 2001 – SEE/CIDE. Dados de 2002 e 2003 tabulados a partir do Sistema de Estatísticas
Educacionais Edudatabrasil, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). Dados de 2004 a 2006 obtidos
diretamente do Inep/MEC.

47
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Os dados dos levantamentos censitários das últimas décadas apresentam forte


redução na taxa de analfabetismo da população brasileira. Em 2000, o país ainda tinha
14% de analfabetos na população com 15 anos ou mais. No Estado do Rio, a média cai
para 7% e, em Rio das Flores, apresentou a seguinte evolução:

Evolução do percentual da população analfabeta acima de 15 anos

Rio das Flores


%
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1970 1980 1991 2000
Censo IBGE - Com pilação: Ministério das Cidades/SNIU

O número total de matrículas nos ensinos infantil, fundamental e médio de Rio das
Flores, em 2005, foi de 2.428 alunos, tendo evoluído para 2.368 em 2006, apresentando
redução (-2,5%) no número de estudantes.
Em um maior nível de detalhamento, apresentamos o quadro dos estabelecimentos
de ensino infantil, que engloba creche e pré-escola:
A tabela a seguir apresenta a evolução do número de creches, professores e
matrículas, além do rateio de alunos por professor. A rede municipal responde por 100%
das matrículas na creche em 2006.

Rateio alunos/ Rateio alunos/


Nº de Nº de Nº de
professor no professor no
Ano Unidades professores matrículas
município Estado
01 3 10 96 9,6 11,4
02 3 1 90 90,0 11,0
03 3 1 81 81,0 11,4
04 3 1 76 76,0 18,7
05 5 1 130 130,0 16,4
06 5 1 154 154,0 15,8

O número de unidades escolares teve alteração significativa. O quantitativo de


professores aparentemente está incorreto, uma vez que o número de matrículas teve
evolução de 60% no período de 2001 a 2006. Observa-se índices de rateio
alunos/professor no município incompatíveis com a atividade.

48
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Com relação à pré-escola, a rede municipal é responsável por 100% das matrículas
em 2006 e o quadro que se apresenta é o seguinte:

Rateio alunos/ Rateio alunos/


Nº de Nº de Nº de
professor no professor no
Ano Unidades professores matrículas
município Estado
01 16 23 277 12,0 16,5
02 14 20 294 14,7 16,8
03 13 20 288 14,4 17,0
04 13 20 280 14,0 17,0
05 13 20 266 13,3 16,8
06 13 20 226 11,3 16,7

Houve redução no número de unidades escolares. O corpo docente diminuiu


proporcionalmente menos que o número de matrículas, cuja variação foi de -18% no
período, propiciando redução nos índices do rateio aluno/professor no município.
Com relação à qualificação do corpo docente do ensino infantil, os gráficos
seguintes ilustram a qualificação dos professores da rede municipal:

Form ação dos professores da rede


Form ação dos professores da rede
m unicipal de ensino infantil
m unicipal de ensino infantil
Creche - 2006
Pré-escola - 2006
1º grau
2º grau
3º grau

Rio das Flores apresenta o panorama abaixo para o ensino fundamental:

Nº de Rateio alunos/ Rateio alunos/


Nº de Nº de
professores professor no professor no
Unidades 21 matrículas
Ano município Estado
01 15 141 1.697 12,0 18,7
02 13 145 1.746 12,0 18,6
03 12 136 1.631 12,0 18,5
04 12 142 1.608 11,3 18,1
05 12 128 1.619 12,6 17,8
06 12 134 1.580 11,8 17,6

21 - O mesmo docente de ensino fundamental pode atuar da Série inicial à 4ª série e da 5ª à 9ª série.

49
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

O número de unidades escolares teve alteração representativa. Houve redução no


número de alunos do ensino fundamental (-7%), tendo havido menor redução no quadro
de docentes, com melhora do rateio de alunos por professor.
Especificamente em relação à rede estadual, que teve 30% dos alunos
matriculados de 2006, o quadro que se apresenta é o seguinte:

Rateio alunos/
Rateio alunos/
Nº de Nº de Nº de professor da rede
professor no
Ano Unidades professores matrículas estadual no
município
Estado
01 2 56 616 11,0 18,8
02 2 62 649 10,5 18,2
03 2 45 574 12,8 19,1
04 2 55 531 9,7 18,0
05 2 49 463 9,4 16,9
06 2 49 478 9,8 16,3

O quantitativo de unidades manteve-se inalterado, tendo ocorrido, no período, redução


no número de alunos na rede estadual do ensino fundamental (-22%), acompanhada por
menor diminuição no quadro de docentes, com melhora do rateio de alunos por professor. A
rede estadual tem, em média, 24,5 alunos por sala de aula nos Anos Iniciais do ensino
fundamental (Série inicial à 4ª série) e 27,6 nos Anos Finais (5ª à 9ª série).
Já na rede municipal de Rio das Flores, com 70% do volume de matrículas em
2006, os dados seguem na tabela:

Rateio alunos/
Rateio alunos/
Nº de Nº de Nº de professor da rede
professor no
Ano Unidades professores matrículas municipal no
município
Estado
01 13 85 1.081 12,7 22,1
02 11 83 1.097 13,2 21,8
03 10 91 1.057 11,6 21,2
04 10 87 1.077 12,4 21,0
05 10 79 1.156 14,6 21,0
06 10 85 1.102 13,0 20,5

O número de unidades diminuiu. Houve, no período, aumento de 2% no número de


alunos na rede municipal do ensino fundamental, com estabilidade no quadro de
docentes, propiciando ligeira piora do rateio de alunos por professor. A rede municipal
tem, em média, 21,0 alunos por sala de aula nos Anos Iniciais do ensino fundamental
(Série inicial à 4ª série) e 27,3 nos Anos Finais (5ª à 8ª série).
O indicador de distorção de série por idade foi implementado desde 1999 e permite
verificar o percentual de estudantes com idade acima do adequado para a série em
estudo. Os gráficos a seguir apresentam o nível médio de distorção por série entre 2001 e
2006 e este indicador por rede escolar do município no ano 2006, lembrando que a nova
seriação do ensino fundamental começou a ser adotada e medida a partir de 2004:

50
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Evolução da taxa de distorção série-idade total - Ensino fundamental

Rio das Flores 1ª série nova 1ª série antiga 2ª série antiga 3ª série antiga

4ª série antiga 5ª série antiga 6ª série antiga 7ª série antiga 8ª série antiga

70

60
Percentual dos alunos

50

40

30

20

10

2001 2002 2003 2004 2005 2006

Pode-se observar uma tendência decrescente do serial de distorção série-idade


com o passar dos anos. Este indicador, entretanto, permanece em patamares
elevados.

Distorção série-idade ensino fundamental - redes - 2006

Estadual Municipal Particular Total

60

50

40

30

20

10

0
1ª série 1ª série 2ª série 3ª série 4ª série 5ª série 6ª série 7ª série 8ª série
nova antiga antiga antiga antiga antiga antiga antiga antiga

A rede privada tem taxas inferiores às redes públicas, sendo a municipal aquela
que apresenta maiores taxas no seqüencial das séries.
A decorrência principal da distorção série-idade é um elevado número de alunos
matriculados que têm acima de 14 anos já a partir da 5ª série, como ilustra o gráfico a
seguir:

51
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Faixa de idade por série do Ensino Fundamental - 2006

100%

80%

60%

40%

20%

0%
Ano Inicial 1ª Série 2ª Série 3ª Série 4ª Série 5ª Série 6ª Série 7ª Série 8ª Série

M atrí cula com mais de 14 anos 0 2 3 7 6 25 50 76 98


M atrí cula de 7 a 14 anos 74 270 183 176 153 155 114 83 31
M atrí cula com menos de 7 anos 73 0 1 0 0 0 0 0 0

O comparativo dos indicadores de aprovação por rede de ensino, entre 2000 e


2005 é apresentado nos gráficos a seguir, sendo ilustrativos do rendimento da rede
pública, não havendo rede particular no município.

Evolução da taxa de aprovação da Evolução da taxa de aprovação da


rede estadual rede m unicipal

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2000 2001 2002 2003 2004 2005

100 100
90 90
80 80
70 70
60 60
50 50
40 40
30 30
1ª Série 2ª Sér ie 3ª Série 4ª Sér ie 5ª Sér ie 6ª Sér ie 7ª Sér ie 8ª Série 1ª Sér ie 2ª Série 3ª Sér ie 4ª Sér ie 5ª Sér ie 6ª Sér ie 7ª Sér ie 8ª Série

Evolução da taxa de aprovação das


redes em conjunto

2000 2001 2002 2003 2004 2005

100
90
80
70
60
50
40
30
1ª Sér ie 2ª Série 3ª Sér ie 4ª Sér ie 5ª Sér ie 6ª Sér ie 7ª Sér ie 8ª Série

O gráfico seguinte apresenta o número de alunos que concluíram o curso


fundamental em Rio das Flores, de um total de 93 em 1998 para 81 formandos em 2005,
houve variação de -13% no período.

52
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Concluintes no ensino fundamental

Rio das Flores Rede estadual Rede municipal Rede privada Total
140

120

100

80

60

40

20

0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Os gráficos a seguir mostram a formação dos professores das redes públicas no


ano de 2006:

Form ação dos professores da rede Form ação dos professores da rede
estadual estadual
de ensino fundam ental de ensino fundam ental
Anos Iniciais - 2006 Anos finais - 2006
1º grau
2º grau
3º grau

No caso dos professores estaduais no ensino fundamental, observa-se forte


presença de professores com formação no segundo grau para o primeiro segmento e
aumento do número de docentes com graduação no segundo segmento do ensino
fundamental, o mesmo ocorrendo no quadro de professores municipais, com diferente
distribuição.

Form ação dos professores da rede Form ação dos professores da rede
m unicipal m unicipal
de ensino fundam ental de ensino fundam ental
Anos Iniciais -2006 Anos Finais - 2006
1º grau
2º grau
3º grau

53
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Com relação ao ensino médio, Rio das Flores tem somente a rede estadual e
apresenta o panorama abaixo:

Rateio alunos/
Rateio alunos/
Nº de Nº de Nº de professor da rede
professor no
Ano Unidades professores matrículas estadual no
município
Estado
01 2 54 312 5,8 18,0
02 2 51 328 6,4 18,2
03 3 36 352 9,8 19,9
04 2 46 382 8,3 17,9
05 2 52 413 7,9 15,2
06 2 65 408 6,3 15,1

Observa-se, no período, aumento no número de alunos do ensino médio em


escolas do Estado, acompanhado por menor incremento no quadro de docentes, com
piora do rateio de alunos por professor, inferior ao observado no Estado. A rede estadual
tem, em média, 31,4 alunos por sala de aula no ensino médio.
Novamente, a decorrência da distorção série-idade é um elevado número de
alunos matriculados que têm acima de 17 anos, como ilustra o gráfico a seguir:

Faixa de idade por série do Ensino Médio - 2006

100%

90%

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
1ª Série 2ª Série 3ª Série

M atrícula com mais de 17 anos 66 86 80


M atrícula de 15 a 17 anos 88 55 16
M atrícula com menos de 15 anos 1 0 0

Os gráficos a seguir apresentam o nível médio de distorção por série entre 2001 e
2006:

54
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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Evolução da taxa de distorção série-idade total - Ensino médio

Rio das Flores 1ª Série 2ª Série 3ª Série

80

70

60

50

40

30

20

10

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006

No caso do ensino médio, as taxas não apresentaram diminuição ou alteração


significativa entre 2001 e 2006.
Os indicadores de aprovação entre 2000 e 2005 são apresentados no gráfico a
seguir:

Evolução da taxa de aprovação da


rede estadual

2000 2001 2002 2003 2004 2005

100
90
80
70
60
50
40
30
1ª Sér ie 2ª Sér ie 3ª Série

O gráfico seguinte apresenta o número de alunos que concluíram o curso. Os


formandos foram em número de 55 em 1998, passando para 82 em 2005, uma variação
de 49% nesse período de oito anos.

55
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Concluintes no ensino médio


Rio das Flores Rede estadual Rede municipal Rede privada Total
90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

A formação específica do corpo docente da rede pública é 100% de professores


com graduação.
No ensino de jovens e adultos, Rio das Flores tem um total de 132 alunos
matriculados em 2006, todos para cursos presenciais.
O município de Rio das Flores não tinha instituição de ensino superior em 2005.

Saúde
A viabilização plena do direito ao acesso universal e equânime aos serviços e
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde é operada pelas chamadas Leis
Orgânicas da Saúde, nº 8.080/90 e nº 8.142/90, e as Normas Operacionais Básicas –
NOB. O Sistema Único de Saúde – SUS opera tanto em nível federal, quanto nas esferas
estadual e municipal.
Em anos recentes, o Ministério e as Secretarias Estaduais e Municipais de
Saúde desencadearam diversas atividades de planejamento e de adequação de seus
modelos assistenciais e de gestão, ponderando criticamente os avanços e os desafios
que novas diretrizes organizativas trariam para sua realidade. Em fevereiro de 2002,
foi publicada a Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2002, que
estabelece o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos
serviços de saúde e de busca de maior eqüidade; cria mecanismos para a gestão do
Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de habilitação de
estados e municípios, ampliando as responsabilidades dos municípios na Atenção
Básica.

56
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Ao compor a estratégia de gestão da regulação do Sistema Único de Saúde – SUS,


no Estado do Rio de Janeiro, foi criada a Rede de Centrais de Regulação do Estado do
Rio de Janeiro - RCR/RJ, que tem por missão agilizar e qualificar o fluxo de acesso do
cidadão aos serviços e ações de alta e média complexidade em saúde, de forma
organizada, colocando-se a serviço da defesa do direito à saúde. Para tal, deve exercer
as seguintes funções:
- Facilitar o acesso aos serviços de saúde existentes no Estado, de forma
equânime e tecnicamente qualificada, a partir da pactuação de Protocolos de
Regulação;
- Exercer a função de alerta do Sistema de Saúde, ao identificar situações que
mereçam a atuação da Vigilância Sanitária, Gerência de Assistência, Controle e
Avaliação, Vigilância Epidemiológica, emitindo “sinais de alerta” em um trabalho articulado
e solidário;
- Subsidiar o processo de planejamento e gestão da saúde na produção de
informações com qualidade e de forma ágil sobre a demanda por oferta de serviços de
saúde e sobre o fluxo de pacientes em todo o Estado, sinalizando de forma sistematizada
as principais carências de investimento tecnológico, fornecendo subsídios para o
processo da Programação Pactuada Integrada;
- Contribuir para um processo pedagógico permanente de aplicação dos
Protocolos junto às Unidades solicitantes, interagindo na troca de informações,
visando a resolutividade mais apropriada para cada caso;
- Instrumentalizar e apoiar o processo de regionalização e hierarquização das
ações de saúde no Estado.
A RCR/RJ, teve sua implementação por etapas. O primeiro ciclo (1999 a 2002)
foi dedicado ao planejamento e pactuação do desenho da Rede, após estudos do fluxo
dos pacientes no Estado e da capacidade instalada, com a identificação dos
municípios pólo, de acordo com o Plano Diretor de Regionalização do Estado. Fez
parte dessa etapa a organização da infraestrutura local e de telecomunicação das
Centrais, bem como a execução de concurso público pela Secretaria de Estado de
Saúde – SES.
O segundo ciclo de evolução da RCR/RJ (2003-2005) caracterizou-se por
concentrar esforços no fortalecimento do processo de regulação através da adoção de
quatro estratégias complementares: efetivação da regionalização da Rede;
constituição do arcabouço jurídico-institucional; incorporação escalonada de
leitos/internações por especialidade à luz dos protocolos pactuados; e constituição do
Núcleo Interno de Regulação em cada unidade hospitalar pública, das três esferas de
governo.
Para visualizar a distribuição geográfica de recursos tecnológicos e humanos, o
mapa a seguir apresenta as centrais de regulação que ordenam a oferta de serviços e
agilizam o atendimento aos pacientes.

57
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Marco jurídico-institucional foi a Deliberação da Comissão Intergestores Bipartite -


CIB nº 203, de novembro de 2005, que aprovou a expansão escalonada de
leitos/internações por especialidade na Rede de Centrais de Regulação do Estado,
iniciando, no mesmo mês, pelas internações de obstetrícia e pediatria, gestações de alto
risco e UTI neonatal. No mês seguinte, foram reguladas internações de pacientes de
primeira vez em Atenção Hematológica e aquelas referidas à Rede de Alta Complexidade
e à Saúde Mental. A partir de março de 2006, foram reguladas ações de Saúde Auditiva e
Clínica Médica. Naquele mesmo ano 2005 foram estabelecidas as funções das centrais
de regulação; o fluxo da informação; as atribuições dos profissionais da rede de centrais e
dos núcleos de regulação das demais unidades de saúde; e a padronização dos
procedimentos operacionais.

58
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

A programação dos sistemas ambulatorial e hospitalar de atendimento estabelece


e aperfeiçoa continuamente a metodologia de alocação de recursos financeiros que
considere, além da população e da capacidade instalada, indicadores de saúde,
características locais e regionais, a efetiva utilização dos recursos e o impacto causado
pelas ações de saúde desenvolvidas.
Nesse sentido, um município pode estar habilitado à condição de Gestão Plena da
Atenção Básica, ou de Gestão Plena do Sistema Municipal. Na primeira forma,
resumidamente, o município é responsável por gerir e executar a assistência ambulatorial
básica, as ações básicas de vigilância sanitária, de epidemiologia e controle de doenças;
gerir todas as unidades ambulatoriais estatais (municipal/estadual/federal) ou privadas;
autorizar internações hospitalares e procedimentos ambulatoriais especializados; operar o
Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS); controlar e avaliar a
assistência básica.
A atenção básica deve ser compreendida como o conjunto de ações prestadas às
pessoas e à comunidade, com vistas à promoção da saúde e à prevenção de agravos,
bem como seu tratamento e reabilitação no primeiro nível de atenção dos sistemas locais
de saúde.
Para garantir o custeio das ações básicas em saúde foi implantado em janeiro de
1988, o Piso da Atenção Básica- PAB, que é composto de uma parte fixa destinada à
assistência e de parte variável relativa aos incentivos para ações complementares da
atenção básica. Um sistema de acompanhamento e avaliação da produção de serviços de
atenção básica avalia o impacto da implantação do PAB na melhoria desses serviços e a
sua efetividade, assim como a utilização dos recursos repassados para os municípios.
Este sistema de acompanhamento consiste em um conjunto de metas que são pactuadas
anualmente entre as três esferas de governo constituindo o Pacto da Atenção Básica.
A citada NOAS-SUS 01/2002 criou a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada
como uma das condições de gestão dos sistemas municipais de saúde. Agrega atividades
como o controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase, o controle da hipertensão
arterial, o controle da diabetes mellitus, a saúde da criança, a saúde da mulher e a saúde
bucal.
Já na Gestão Plena do Sistema Municipal, o município é responsável por gerir e
executar todas as ações e serviços de saúde no município; gerir todas as unidades
ambulatoriais, hospitalares e de serviços de saúde estatais ou privadas; administrar a
oferta de procedimentos de alto custo e complexidade; executar as ações básicas, de
média e de alta complexidade de vigilância sanitária, de epidemiologia e de controle de
doenças; controlar, avaliar e auditar os serviços no município; e operar o Sistema de
Informações Hospitalares (SIH-SUS) e o SIA-SUS.
No Estado do Rio de Janeiro, 14% dos municípios estão na condição de Gestão
Plena da Atenção Básica, 22% na Gestão Plena do Sistema Municipal, 64% na Gestão
Plena Estadual, que ocorre naqueles municípios que ainda não estão aptos para assumir
a gestão de seu sistema hospitalar ou, como no caso de Duque de Caxias, Niterói e a
capital, que têm Gestão Plena do Sistema Municipal e algumas unidades geridas pelo
Estado.

59
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Rio das Flores tem Gestão Plena Estadual 22, dispondo da seguinte estrutura:

Centro de saúde / Unidade Básica de Saúde 6


Clínica / ambulatório especializado 2
Consultório isolado -
Hospital especializado -
Hospital geral 1
Policlínica 1
Posto de saúde -
Unidade de apoio a diagnose e terapia -
Outras unidades -

Os estabelecimentos que prestam serviços ao SUS, por tipo de atendimento têm o


seguinte quantitativo:

Ambulatorial 9
Internação 1
Emergência -
Unidade de Tratamento Intensivo/CTI -
Diálise -

Os gráficos seguintes apresentam um comparativo das especialidades dos leitos.

Distribuição de leitos nos hospitais do município Distribuição de leitos nos hospitais do Estado
credenciados ou não ao SUS- Jan 2006 Jan 2006

Outros 953
Outros 0

Clínica Pediátrica 4.251


Clínica Pediátrica 0

Clínica Psiquiátrica 9.426


Clínica Psiquiátrica 0

Cuidados Prolongados 3.230


Cuidados Prolongados 0

Clínica Médica 8 Clínica Médica 11.167

Clínica Obstétrica 4 Clínica Obstétrica 4.244

Clínica Cirúrgica 3 Clínica Cirúrgica 8.556

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 - 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000

Os gráficos a seguir apresentam a utilização da rede hospitalar credenciada pelo


SUS nos últimos seis anos.

22 - Fontes: Unidades – CIDE 2005; Leitos – SES; Estabelecimentos que prestam serviços ao SUS – Pesquisa Assistência Médico-Sanitária – AMS 2005
– IBGE; Demais dados – Datasus.

60
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Número de internações por rede hospitalar

Público Privado

600

500

400

300

200

100

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006

Número de internações por especialidade


Clínica cirúrgica Obstetrícia
Clínica médica Cuidados prolongados (Crônicos)
Psiquiatria Pediatria
Outras

400
350
300
250
200
150
100
50
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006

61
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Apresentamos no próximo gráfico a evolução dos recursos repassados pelo SUS.


Os repasses do SUS para o município podem estar sendo contabilizados diretamente no
fundo municipal específico, não aparecendo nas finanças municipais da administração
direta, objeto do capítulo Indicadores Financeiros.

Recursos repassados pelo SUS (R$ mil)

600
558
515
492
500
455

398 404
400

300

200

100

-
2001 2002 2003 2004 2005 2006

Rio das Flores

Alguns indicadores podem apontar o nível de eficácia do sistema de saúde local,


como os apresentados adiante, mas não refletem as demais ações de vigilância
epidemiológica, sanitária, de controle de vetores e de educação em saúde.

Tempo médio de internação (dias)

12

10

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Estado 10,5 10,8 10,3 10,2 10,3 10,1
Rio das Flores 3,5 3,1 3,4 4,1 3,8 3,5

62
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Valor médio de internação (R$)

800

700

600

500

400

300

200

100

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Estado 536,50 562,75 593,01 661,36 690,87 697,55
Rio das Flores 238,83 224,57 259,85 320,74 322,57 341,11

Taxa de mortalidade (por 100 internações)

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Estado 4,42 4,41 4,95 4,90 4,99 5,13
Rio das Flores 2,17 1,38 1,79 2,66 3,40 2,94

Na perspectiva de superar as dificuldades de consolidação do SUS e qualificar os


avanços organizativos obtidos com o processo de descentralização, os gestores das três
esferas do sistema assumiram o compromisso público da construção do Pacto Pela
Saúde 2006, expresso nas Portarias nos 399, de 22 de fevereiro de 2006, e 699, de 30 de
março de 2006. O Pacto apresenta três dimensões: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do
SUS e Pacto de Gestão.
O Pacto pela Vida contém seis prioridades pactuadas: redução da mortalidade
infantil e materna; controle do câncer do colo do útero e da mama; saúde do idoso;
fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com

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RIO DAS FLORES

ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza; promoção da saúde; e


fortalecimento da atenção básica. Para cada prioridade, metas são estabelecidas
anualmente pela União sobre um conjunto de 30 indicadores para cada município. São
eles:

Indicador
Saúde da Criança
1 Número absoluto de óbitos em menores de 1 ano de idade
2 Coeficiente de mortalidade infantil
3 Proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer
4 Proporção de óbitos em menores de um ano de idade por causas mal definidas
5 Taxa de internações por Infecção Respiratória Aguda (IRA) em menores de 5 anos
6 Taxa de internações por Doença Diarréica Aguda (DDA) em menores de 5 anos
7 Número absoluto de óbitos neonatais tardios
8 Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
Saúde da Mulher
9 Proporção de óbitos de mulheres em idade fértil investigados
10 Proporção de nascidos vivos de mães com 4 ou mais consultas de pré-natal
11 Razão entre exames citopatológicos cérvico-vaginais em mulheres de 25 a 59 anos e a população feminina
nesta faixa etária
12 Razão de mortalidade materna
13 Proporção de partos cesáreos
14 Proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal

Indicador
Controle da Hipertensão Arterial
15 Taxa de internações por acidente vascular cerebral (AVC)
16 Taxa de internações por insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
17 Proporção de portadores de hipertensão arterial cadastrados
Controle da Diabetes Mellitus
18 Proporção de internações por complicações do Diabetes Mellitus
19 Proporção de portadores de diabetes mellitus cadastrados
Controle da Tuberculose
20 Proporção de abandono de tratamento de tuberculose
21 Taxa de incidência de tuberculose pulmonar positiva
Eliminação da Hanseníase
22 Coeficiente de prevalência de hanseníase
23 Coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase
Saúde Bucal
24 Cobertura de primeira consulta odontológica programática
25 Cobertura da ação coletiva escovação dental supervisionada
26 Média de procedimentos odontológicos básicos individuais
27 Proporção de procedimentos odontológicos especializados em relação às ações odontológicas individuais
Gerais
28 Proporção da população coberta pelo Programa de Saúde da Família
29 Média anual de consultas médicas por habitante nas especialidades básicas
30 Média mensal de visitas domiciliares por família

As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são: implementar um projeto


permanente de mobilização social com a finalidade de mostrar a saúde como direito de
cidadania e o SUS como sistema público universal garantidor desses direitos; alcançar,
no curto prazo, a regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 pelo Congresso
Nacional; garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros
para a saúde; aprovar o orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das três esferas
de gestão, explicitando o compromisso de cada uma delas; elaborar e divulgar a carta dos
direitos dos usuários do SUS. Compromisso inequívoco com a repolitização do SUS,
consolida a política pública de saúde brasileira como uma política de Estado, mais do que

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RIO DAS FLORES

uma política de governos. Os gestores reconhecem a necessidade de romper os limites


setoriais e levar a discussão sobre a política pública de saúde para a sociedade
organizada, tendo o financiamento público da saúde como um dos pontos centrais.
No bojo do Pacto de Gestão, a Saúde da Família é considerada como a estratégia
prioritária para o fortalecimento da atenção básica e seu desenvolvimento deve considerar
as diferenças loco-regionais. O Programa Saúde da Família – PSF, criado em 1994,
consolidou-se como a melhor forma de organização da atenção básica do Sistema Único
de Saúde, propondo uma mudança de modelo e contribuindo para a efetiva melhoria das
condições de vida da comunidade. Para atingir o objetivo proposto, o trabalho da equipe
Saúde da Família se inicia a partir do mapeamento do território e do cadastramento da
população adstrita. Em seguida é realizado o diagnóstico de saúde da comunidade, com
base no qual se faz o planejamento e a priorização das ações a serem desenvolvidas
pelos profissionais. Essas ações devem ser orientadas tendo em vista as
responsabilidades dos municípios em relação à atenção básica.
O trabalho de promoção da saúde busca levar a cada domicílio o acesso ao
tratamento e à prevenção das doenças. A implantação do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde - PACS (cidadãos da própria comunidade que são treinados para
realizar visitas domiciliares e orientar as famílias) é considerada uma estratégia transitória
para o estabelecimento de vínculos entre os serviços de saúde e a população. É
estimulada até que seja possível a plena expansão do PSF, ao qual os Agentes
Comunitários – ACS, são gradativamente incorporados.
A equipe de Saúde da Família – ESF, é multiprofissional, composta por, no mínimo,
um médico de família e comunidade, um enfermeiro de saúde pública, um auxiliar de
enfermagem e de 4 a 6 agentes comunitários de saúde. Cada equipe trabalha em áreas
de abrangência definida, por meio do cadastramento e do acompanhamento de um
número determinado de famílias de forma individualizada. Cada equipe de Saúde da
Família acompanha de 600 a mil famílias, com limite máximo de 4.500 pessoas por
equipe. Cada agente comunitário de saúde acompanha até o máximo de 150 famílias ou
450 pessoas.
Essas equipes vão até a casa das pessoas, prestando atenção para reconhecer os
principais problemas, evitando deslocamentos desnecessários às Unidades de Saúde e,
juntos, procuram as melhores soluções para enfrentar os desafios locais que possam
estar determinando os problemas de saúde, antes que eles se instalem de modo mais
grave. Significa atuar nos momentos precoces iniciais da transmissão de doenças, assim
como sobre os riscos sanitários, ambientais e individuais. O novo conceito é
“desospitalizar”, a soma de promoção, prevenção e resolução, que resulta no tratamento
efetivo das pessoas, sem necessidade de atendimento no hospital. Junto com a
comunidade, cada equipe deve elaborar um plano para enfrentar os principais problemas
detectados e trabalhar para desenvolver a educação de saúde preventiva, promovendo a
qualidade de vida dos habitantes daquela área.
A implantação do PSF depende da decisão política da administração municipal,
que deve submeter a proposta ao Conselho Municipal de Saúde e discutir amplamente
com as comunidades a serem beneficiadas e toda sociedade organizada local. A
Secretaria de Estado de Saúde, juntamente com o Ministério da Saúde, oferece o apoio
necessário à elaboração do projeto e à sua implementação.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

A inserção da saúde bucal na estratégia de Saúde da Família representou a


possibilidade de criar um espaço de práticas e relações a serem construídas para a
reorientação do processo de trabalho e para a própria atuação da saúde bucal no âmbito
dos serviços de saúde. Dessa forma, o cuidado em saúde bucal passa a exigir a
conformação de uma equipe de trabalho que se relacione com usuários e que participe da
gestão dos serviços para dar resposta às demandas da população e ampliar o acesso às
ações e serviços de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, por meio de
medidas de caráter coletivo e mediante o estabelecimento de vínculo territorial. Existem
dois tipos de Equipes de Saúde Bucal - ESB, quais sejam: ESB Modalidade I: composta
por cirurgião-dentista e auxiliar de consultório dentário; ESB Modalidade II: composta
pelos dois especialistas citados mais um técnico em higiene dental.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, disponíveis no sítio
http://dtr2004.saude.gov.br/dab/abnumeros.php, o Estado do Rio de Janeiro tinha, em
dezembro de 2006, 89 municípios cobertos por 9.046 ACS atendendo 32,7% da
população; 86 municípios atendidos por 1.328 ESF dando cobertura a 28,8% da
população; e 61 municípios servidos por 455 ESB atendendo 16,5% da população.
Já Rio das Flores apresentou a seguinte evolução:

Nº de ESB Nº de ESB
Nº de ACS % de cobertura Nº de ESF % de cobertura Nº de ESB Nº de ESB % de cobertura
Nº de ACS Nº de ESF modalidade I modalidade II
Mês / ano credenciados populacional credenciadas populacional da modalidade I modalidade II populacional da
implantados implantados credenciadas credenciadas
pela CIB ACS pela CIB SF implantadas implantadas SB
pela CIB pela CIB
Dezembro
14 14 100,00 2 2 88,94 0 0 0 0 0
2001
Dezembro
14 14 100,00 2 2 88,94 0 0 0 0 0
2002
Dezembo
14 14 100,00 2 2 87,65 0 0 0 0 0
2003
Dezembro
20 20 100,00 3 3 100,00 1 0 0 0 0
2004
Dezembro
20 20 100,00 3 3 100,00 1 1 0 0 86,39
2005
Dezembro
20 20 100,00 3 3 100,00 3 3 0 0 100,00
2006

A Saúde da Família é uma estratégia de caráter substitutivo da atenção básica


convencional. As formas de organização da atenção básica seguem lógicas distintas na
maneira como planejam, lidam e se organizam para atender e acompanhar a saúde da
sua população. A equipe Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde – UBS (antigo
Centro de Saúde reestruturado ou antiga Unidade Mista), deve se constituir tanto como o
primeiro contato, como o contato longitudinal e perene do usuário com o SUS.
As ESF devem resolver cerca de 85% dos problemas de saúde da comunidade.
Portanto, é necessário dispor de recursos estruturais e equipamentos compatíveis que
possibilitem a ação dos profissionais de saúde em relação a esse compromisso. A UBS
não é um local de triagem onde a maior parte dos casos é encaminhada para os serviços
especializados.
O Ministério da Saúde alerta que a experiência de implantação da Saúde da
Família tem demonstrado ser incompatível a co-existência das equipes de atenção básica
convencional e das equipes de Saúde da Família trabalhando em uma mesma estrutura
física, por gerar conflitos constantes entre as equipes e confusão na vinculação entre
equipe Saúde da Família e comunidade adstrita. Criam-se distorções na prestação da

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RIO DAS FLORES

assistência clínica aos usuários, pois favorece a dicotomia das ações de promoção,
prevenção, assistência, reabilitação e manutenção da saúde dos usuários, geralmente,
restringindo o papel das ESF às ações de promoção e prevenção, descompromissado da
assistência.
Por fim, a criação de vínculos e de compromissos entre ESF e comunidade é
dificultada, pois, as equipes acabam por competirem entre si neste papel, o que,
conseqüentemente, impossibilita que se estabeleçam reais laços de co-responsabilidade
entre ESF, usuários e famílias.
Cabe salientar que só é possível planejar tendo conhecimento do sistema sob
nosso comando e do contexto em que ele se insere. O sucesso do planejamento, ou
seja, a efetividade dos resultados mantém relação direta com a qualidade das
informações. Na saúde, as informações necessárias dizem respeito tanto à
caracterização dos equipamentos - unidades de atendimento - como das pessoas que
os utilizam. Vale dizer que a informação constitui-se em suporte básico para toda
atividade humana e que todo o nosso cotidiano é um processo permanente de
informação. Para as organizações conhecerem seus problemas, buscar alternativas
para solucioná-los, atingir metas e cumprir objetivos, é necessário conhecimento e,
portanto, informação. Por isso, pode-se dizer que há um consenso de que não é
possível exercer gerência em nenhum setor se não houver um sistema de apoio à
decisão que se sustente na informação.
Da mesma forma, a informação em saúde deve ser entendida como um
instrumento de apoio decisório para o conhecimento da realidade socioeconômica,
demográfica e epidemiológica (disciplina básica da saúde pública voltada para a
compreensão do processo saúde-doença no âmbito de populações, aspecto que a
diferencia da clínica, que tem por objetivo o estudo desse mesmo processo, mas em
termos individuais), para o planejamento, gestão, organização e avaliação nos vários
níveis que constituem o Sistema Único de Saúde. Gerenciar um serviço de saúde significa
cuidar dos aspectos organizacionais e funcionais, tal como em qualquer empresa, lidar
com aspectos administrativos como controlar estoques de materiais, equipamentos, gerir
finanças, recursos humanos, etc., controlar aspectos que representam as condições de
organização e funcionamento dos serviços de saúde.
Dispõe-se de uma série de indicadores e técnicas que permitem estimar a
quantidade de consultas, procedimentos, internações e exames demandados ao sistema
de saúde por uma certa clientela e calcular a capacidade instalada necessária dos
serviços para garantir aquele atendimento. Em relação aos serviços, permitem calcular a
capacidade instalada atual. Esses dados dão suporte à análise da adequação do sistema
às necessidades da clientela.
Uma série de manuais do projeto Saúde & Cidadania está disponível no sítio
http://dtr2004.saude.gov.br/dab/saude_cidadania/index.html, abrangendo temas como:
Distritos Sanitários: Concepção e Organização; Planejamento em Saúde; Qualidade na
Gestão Local de Serviços e Ações de Saúde; Gestão da Mudança Organizacional;
Auditoria, Controle e Programação de Serviços de Saúde; Sistemas de Informação em
Saúde para Municípios; Vigilância em Saúde Pública; Vigilância Sanitária; Gestão de
Recursos Humanos; Gestão de Recursos Financeiros; Gerenciamento e Manutenção de
Equipamentos Hospitalares; e Gestão de Recursos Materiais e de Medicamentos.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Mercado de Trabalho
Em 2006, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, quatro dos
principais indicadores do mercado de trabalho da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
(RMRJ) apresentaram desempenho superior ao observado em 2005, o mesmo se
verificando para o conjunto das seis regiões metropolitanas abrangidas pelo
levantamento. Nesta comparação, a RMRJ teve desempenho mais favorável do que a
média das áreas cobertas no quesito relativo à formalização do trabalho23 e na evolução
da taxa de desemprego. No primeiro caso, o aumento da formalização foi maior na RMRJ,
em 2006, tanto em relação a 2005 quanto a 2003. Mesmo assim, a proporção de
ocupados formais na RMRJ, de 43,23% em 2006, ainda é inferior à média das seis
demais regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, de 46,11%.

Indicadores do Mercado de Trabalho


Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Variação (%) ou
Média
Indicadores Diferença (P.P.)
2003 2005 2006 2006/2005 2006/2003
Taxa de Desemprego (%) 9,19 7,72 7,88 0,16* -1,31*
Nível de Ocupação*** 4.794 4.964 5.038 1,49** 5,09**
Formalização (%) 40,94 41,68 43,23 1,55* 2,29*
Rendimentos Reais (R$) 939,81 954,35 989,13 3,64** 5,25**
Seis regiões metropolitanas
Variação (%) ou
Média
Indicadores Diferença (P.P.)
2003 2005 2006 2006/2005 2006/2003
Taxa de Desemprego (%) 12,32 9,83 10,00 0,17* -2,32*
Nível de Ocupação*** 18.669 19.830 20.281 2,27** 8,63**
Formalização (%) 44,28 44,98 46,11 1,13* 1,83*
Rendimentos Reais (R$) 990,38 1.002,66 1.045,75 4,30** 5,59**
Notas: * Diferença (p.p.); ** Variação (%); ***Média mensal do número de pessoas de 10 anos ou mais de idade,
ocupadas na semana de referência, em milhares

No segundo caso, a taxa de desemprego, o indicador mais tradicional do mercado


de trabalho, mostrou pequena deterioração em 2006, na comparação com 2005,
simultaneamente na RMRJ e na média das seis regiões. A deterioração na RMRJ, de
0,16 ponto percentual, foi ligeiramente menor que a média, de 0,17 ponto percentual. No
período de três anos, invertem-se as posições, com a RMRJ reduzindo o desemprego
mais lentamente. Em 2006, a RMRJ registrou taxa de desemprego de 7,88%, inferior à
média, de 10,0%, e a mais baixa entre as seis regiões pesquisadas.

23 - Empregados com carteira assinada, em relação ao total de ocupados.

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RIO DAS FLORES

Taxa de desemprego por região metropolitana - 2006

Rio de Janeiro 7,88

Porto Alegre 8,02

Belo Horizonte 8,53

Total das áreas - PME 9,98

São Paulo 10,52

Salv ador 13,68

Recife 14,57

0 2 4 6 8 10 12 14

Os outros dois indicadores, nível de ocupação e rendimentos reais, evoluíram


positivamente, mas em ritmo mais moderado na RMRJ do que no conjunto das áreas
abrangidas pela pesquisa. Esta conclusão é válida tanto para a comparação com o ano
anterior como no triênio.
O crescimento do nível de ocupação na RMRJ, em 2006, de 1,49%, foi o mais
baixo entre as seis regiões metropolitanas componentes da PME. O melhor resultado foi o
de Belo Horizonte: 5,83%. No triênio analisado, o desempenho da RMRJ, com
crescimento de 5,09%, foi o segundo mais baixo, à frente somente de Recife, que
registrou aumento de 4,64%, no mesmo período, como se observa na tabela a seguir.

Média mensal do número de pessoas de 10 anos


ou mais de idade, ocupadas na semana de referência
Taxa de Variação
Milhares
Regiões (%)
2006/
2003 2005 2006 2006/2005
2003
Total das áreas - PME 18.669 19.830 20.281 2,27 8,64
Recife 1.258 1.282 1.317 2,73 4,64
Salvador 1.289 1.392 1.425 2,37 10,59
Belo Horizonte 1.924 2.074 2.195 5,83 14,06
Rio de Janeiro 4.794 4.964 5.038 1,49 5,09
São Paulo 7.784 8.410 8.567 1,87 10,06
Porto Alegre 1.620 1.708 1.740 1,87 7,41

O gráfico a seguir mostra a distribuição do número de pessoas ocupadas segundo


as regiões metropolitanas. A RMRJ, com 5.038 mil ocupados em média, em 2006 é a
segunda maior, com 24,84% do total das seis regiões. São Paulo é a maior, com 42,24%
e Recife a menor, com 6,49%.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Distribuição percentual das pessoas ocupadas,


segundo regiões metropolitanas (média de 2006)

São P aulo Rio de Janeiro


42,24% 24,84%

B elo Ho rizo nte


10,82%

Salvado r
P o rto A legre Recife 7,03%
8,58% 6,49%

O avanço do nível de ocupação na RMRJ não foi homogêneo. O maior crescimento se


verificou no emprego com carteira de trabalho assinada, que aumentou 5,25%, em 2006, e
10,97%, em três anos. Ao mesmo tempo, reduziu-se o emprego sem carteira, confirmando a
maior formalização das relações de trabalho, sobretudo no período mais recente, enquanto
continuou a crescer, mas em ritmo decrescente, a ocupação por conta própria.

Média mensal do número de pessoas de 10 anos ou mais de idade, por


posição na ocupação na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Taxa de Variação
Milhares
Posição na ocupação (%)
2003 2005 2006 2006/2005 2006/2003
Total 4.342 4.500 4.596 2,15 5,85
Empregadas - com carteira de
1.963 2.069 2.178 5,25 10,97
trabalho assinada
Empregadas - sem carteira de
985 1.015 990 -2,48 0,50
trabalho assinada
Conta própria 1.083 1.152 1.164 1,01 7,47
Empregadoras 282 242 245 0,96 -13,24
Não remuneradas 31 22 21 -3,85 -31,69
Nota: Exclui funcionários públicos estatutários e militares

A ampliação do emprego com carteira assinada é uma tendência que vem se


intensificando, pelo menos desde 2003, nas seis regiões metropolitanas integrantes da
PME. Neste aspecto, a RMRJ não diverge da média, embora a proporção de ocupados
com carteira seja inferior: 38,4%, ante 41,4%, para o conjunto das áreas pesquisadas em
2006. A diferença se apresenta na forma de ocupação anterior à assinatura da carteira:
na RMRJ, houve diminuição de 1,3 ponto percentual nos empregados sem carteira, entre
2003 e 2006, enquanto na média das seis regiões a redução foi de 0,7 ponto percentual.
Por outro lado, permaneceu em ascensão a parcela de ocupados por conta própria na
RMRJ, que passou de 22,6% para 23,1%, no triênio em questão. No mesmo intervalo,
esta proporção, relativa ao conjunto das regiões, baixou de 20,0% para 19,1%.

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RIO DAS FLORES

Com o alargamento do mercado de trabalho, reduziu-se a proporção de


empregadores, tanto na RMRJ quanto nas demais. O trabalho doméstico cresceu mais na
RMRJ do que nas outras áreas da pesquisa, alcançando 8,6% dos ocupados, em 2006.
Ao mesmo tempo, iniciou-se um processo de redução da parcela do emprego público na
RMRJ, que não é evidente nas demais regiões. Este contingente, que em 2003
correspondia a 12,2% dos ocupados na RMRJ, passou a representar 11,7%, em 2006. No
conjunto das regiões, a proporção recuou de 10,8% para 10,7%, havendo casos, como
Recife, que seguiram caminho oposto, com acréscimo do percentual ocupado na esfera
pública. A tabela a seguir apresenta a distribuição percentual das posições na ocupação,
na RMRJ e na média das seis regiões, entre 2003 e 2006.

Distribuição percentual dos ocupados


por posição na ocupação
%
Seis Regiões
RMRJ
Metropolitanas
EMPREGADOS COM CARTEIRA –
SETOR PRIVADO
2003 39,7 37,0
2005 40,3 36,9
2006 41,4 38,4
EMPREGADOS SEM CARTEIRA –
SETOR PRIVADO
2003 15,5 14,1
2005 15,6 13,9
2006 14,8 12,8
CONTA PRÓPRIA
2003 20,0 22,6
2005 19,4 23,2
2006 19,1 23,1
EMPREGADORES
2003 5,5 5,9
2005 5,2 4,9
2006 5,0 4,9
TRABALHADORES DOMÉSTICOS
2003 7,6 7,5
2005 8,2 8,3
2006 8,2 8,6
SETOR PÚBLICO
2003 10,8 12,2
2005 10,5 12,3
2006 10,7 11,7

Analisando-se as ocupações por grupos de atividade, verifica-se que as que mais


cresceram, tanto no ano como no triênio, foram intermediação financeira e serviços
domésticos. Também tiveram bom desempenho a indústria e o comércio, a primeira
apenas em 2006 e a segunda, desde 2003. A tabela a seguir apresenta o comportamento
da RMRJ, por atividade.

71
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência


por grupo de atividade, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
Taxa de Variação
Milhares
Grupos de Atividade (%)
2003 2005 2006 2006/2005 2006/2003
Total 4.794 4.964 5.038 1,49 5,1
Indústria extrativa/transformação 613 603 618 2,49 0,9
Construção 374 386 386 0,00 3,1
Comércio 921 943 965 2,33 4,8
Intermediação financeira 700 733 770 5,05 10,1
Administração pública 850 894 891 -0,34 4,9
Serviços domésticos 361 414 432 4,35 19,5
Outros serviços 940 966 955 -1,14 1,6
Outras atividades 35 27 22 -18,52 -37,4

Os rendimentos reais, que já vinham crescendo desde 2003, ganharam forte


impulso em 2006 nas seis regiões metropolitanas da pesquisa. O aumento médio, em
2006, foi de 4,30%, e no triênio, 5,59%. A RMRJ, que tem o segundo nível mais elevado
de rendimentos entre as seis regiões, atrás apenas de São Paulo, foi também a que
mostrou a segunda mais baixa taxa de crescimento a curto e médio prazos. Em 2006, os
rendimentos reais auferidos pelos ocupados na RMRJ cresceram 3,64%, em relação a
2005. Na comparação com 2003, o acréscimo foi de 5,25%. Nos dois períodos de
comparação, os acréscimos na RMRJ superaram apenas os de Porto Alegre.

Rendimento mensal habitualmente recebido


pelas pessoas de 10 anos ou mais de idade
Taxa de Variação
R$/mês
(%)
Regiões
2006/
2003 2005 2006 2006/2005
2003
Total das áreas - PME 990,38 1.002,66 1.045,75 4,30 5,59
Recife 692,04 710,35 750,98 5,72 8,52
Salvador 757,18 777,11 815,37 4,92 7,69
Belo Horizonte 873,45 900,9 938,12 4,13 7,40
Rio de Janeiro 939,81 954,35 989,13 3,64 5,25
São Paulo 1.129,41 1.140,28 1.199,51 5,19 6,21
Porto Alegre 962,96 964,48 998,63 3,54 3,70

De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados


(CAGED), do Ministério do Trabalho, no Estado do Rio de Janeiro, o emprego formal
cresceu 4,52%, em 2006. Foram criados liquidamente 116.158 postos de trabalho. A
maior taxa de crescimento foi registrada pela construção, que teve aumento de 13,56%.
A segunda maior foi a do comércio, com 4,59%. Na indústria de transformação, a taxa
de crescimento foi de 3,94% e no setor de serviços, 3,93%. A cidade do Rio de Janeiro

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RIO DAS FLORES

respondeu por metade das posições criadas em 2006, registrando acréscimo de 3,94%
no nível de emprego. Na comparação com as demais unidades da federação, a taxa de
crescimento do emprego formal no Estado do Rio de Janeiro ocupou a 15ª posição em
2006.
Em pesquisa realizada no Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED),
constata-se que a regionalização do Estado do Rio de Janeiro feita pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) difere daquela adotada pela PME do IBGE. O objetivo da
análise que ora apresentamos é comparar o desempenho do emprego formal das
diversas regiões e do próprio município de Rio das Flores. Primeiramente, devem ser
listados quais municípios pertencem a essas regiões diferenciadas do CAGED/MTE; a
saber:

Região CAGED Municípios que dela fazem parte


Bacia de São João Casimiro de Abreu, Rio das Ostras e Sumidouro
Baía da Ilha Grande Angra dos Reis e Paraty
Barra do Piraí Barra do Piraí, Rio das Flores e Valença
Campos dos Campos dos Goytacazes, Cardoso Moreira, São Fidélis, São Francisco
Goytacazes de Itabapoana e São João da Barra
Cantagalo-Cordeiro Cantagalo, Carmo, Cordeiro e Macuco
Itaguaí Itaguaí , Mangaratiba e Seropédica
Bom Jesus do Itabapoana, Italva, Itaperuna, Laje do Muriaé,
Itaperuna
Natividade, Porciúncula e Varre-Sai
Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba
Lagos
Grande, São Pedro da Aldeia e Saquarema
Macacu-Caceribu Cachoeiras de Macacu e Rio Bonito
Macaé Carapebus, Conceição de Macabu, Macaé e Quissamã
Nova Friburgo Bom Jardim, Duas Barras, Nova Friburgo e Sumidouro
Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé,
Rio de Janeiro Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Queimados, Rio de
Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti e Tanguá
Santa Maria Madalena Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto e Trajano de Morais
Serrana Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto e Teresópolis
Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Três
Três Rios
Rios
Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Porto Real, Quatis, Resende, Rio
Vale do Paraíba
Claro e Volta Redonda
Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Miguel Pereira, Paracambi,
Vassouras
Paty do Alferes e Vassouras

Procedeu-se a uma análise da evolução do emprego formal no período de janeiro


de 2001 em relação ao mesmo mês de 2007 e pode ser verificado na tabela a seguir que
algumas dessas regiões apresentaram dinamismo no emprego formal nos últimos seis
anos, algumas com surpreendentes resultados. Outras, entretanto, apresentaram
desequilíbrio entre seu grau de participação no total da população do Estado e o mesmo
grau no número de vagas em 1º de janeiro de 2007 e estão destacadas em laranja na
tabela a seguir. Vale salientar que somente a capital responde por 56,7% dos postos de
trabalho formais em toda a unidade da federação.

73
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

% da
Nº de Nº de % dos
população
empregos empregos empregos
Variação Variação no Estado
Região formais em Admissões Desligamentos formais em formais no
absoluta 2007/2001 em
1º Janeiro 1º Janeiro Estado
01/07/06
2001 2007 (em 01/01/07)
(IBGE)
Macacu-Caceribu 8.838 87.972 70.126 17.846 26.684 202% 0,7% 1,0%
Itaguaí 18.915 60.213 43.754 16.459 35.374 87% 1,3% 1,3%
Baía da Ilha Grande 18.402 70.949 59.165 11.784 30.186 64% 1,2% 1,1%
Bacia de São João 7.212 29.594 25.255 4.339 11.551 60% 0,7% 0,4%
Macaé 51.209 177.964 148.475 29.489 80.698 58% 1,3% 3,0%
Santo Antônio de Pádua 7.302 18.401 15.584 2.817 10.119 39% 0,8% 0,4%
Nova Friburgo 34.274 87.923 76.675 11.248 45.522 33% 1,5% 1,7%
Lagos 39.831 118.537 105.815 12.722 52.553 32% 3,1% 1,9%
Três Rios 22.978 84.870 78.021 6.849 29.827 30% 1,0% 1,1%
Itaperuna 17.483 35.718 31.064 4.654 22.137 27% 1,2% 0,8%
Campos dos Goytacazes 64.837 163.213 146.828 16.385 81.222 25% 3,6% 3,0%
Vassouras 14.932 32.352 28.848 3.504 18.436 23% 1,1% 0,7%
Rio de Janeiro 1.678.359 4.409.019 4.047.930 361.089 2.039.448 22% 74,3% 75,3%
Barra do Piraí 18.940 44.040 40.038 4.002 22.942 21% 1,1% 0,8%
Serrana 67.054 168.314 154.929 13.385 80.439 20% 3,1% 3,0%
Vale do Paraíba Fluminense 94.939 244.902 226.151 18.751 113.690 20% 4,4% 4,2%
Cantagalo-Cordeiro 7.108 15.201 14.164 1.037 8.145 15% 0,4% 0,3%
Santa Maria Madalena 1.308 2.743 2.886 (143) 1.165 -11% 0,2% 0,0%
Totais 2.173.921 5.851.925 5.315.708 536.217 2.710.138 25%
Fonte: Tabulação própria feita a partir dos dados do CAGED de cada município fluminense

Como já mencionado, Rio das Flores pertence à Micro-Região de Barra do Piraí,


que abrange, também, Barra do Piraí e Valença, totalizando 1,1% da população do
Estado do Rio de Janeiro. O município teve um crescimento populacional da ordem de
9,4% entre 1º de julho de 2001 e a mesma data de 2006, quando atingiu 8.493 habitantes,
o que representa 4,9% do contingente populacional de sua Micro-Região. Com relação ao
nível de emprego formal, sua evolução e sua participação no número de empregos
formais na Micro-Região encontram-se na tabela que segue:

Período: Jan de 2001 a Jan de 2007


Município Micro Região
Movimentação qtde % qtde
Admissões
1º Emprego 707 7,78 9.092
Reemprego 2.396 6,9 34.727
Transferência 11 4,98 221
Total 3.114 7,07 44.040
Desligamentos
Demissões 2.908 7,31 39.803
Transferência 1 0,48 209
Aposentadoria, Invalidez e Morte 14 3,29 426
Total 2.923 7,23 40.438
Variação Absoluta 191 3.602
Variação Relativa 19,69 % 16,61 %
Número de empregos formais 1º Janeiro de 2007 1.334 5,81 22.942
Total de Estabelecimentos Janeiro de 2007 678 11,87 5.712
Fonte: CAGED, disponível em http://perfildomunicipio.datamec.com.br

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TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

À guisa de conclusão deste capítulo, salientamos que a oferta de ensino de boa


qualidade é requisito para que se possa pensar em justiça social, dando condições para
que os indivíduos possam competir em graus semelhantes de igualdade.
O problema da desigualdade racial e de gênero no Brasil é inegável e agudo.
Também necessita ser abordado e solucionado. Uma redução efetiva de tais
desigualdades ocorreria naturalmente dentro de um processo de qualificação do ensino
básico público, responsável por mais de 80% das matrículas nesta fase. Esta certamente
é uma empreitada muito mais ambiciosa que qualquer política assistencialista, pois age
na raiz do problema e pode efetivamente resolvê-lo a médio prazo.
Nesse sentido, vale ressaltar a existência de uma correspondência significativa da
demanda de trabalho entre os níveis de educação e as remunerações que as pessoas
podem alcançar de acordo com a escolaridade. Isto pode ser visto principalmente quando
se compara a série de 1992 a 2005 na tabela a seguir:

Renda real média do trabalho principal por características básicas no Rio de Janeiro metropolitano
(pessoas com 15 anos ou mais)
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2002 2003 2004 2005
Sexo
Homem 1.064 973 1.313 1.366 1.295 1.407 1.273 1.233 1.188 1.118 1.092 1.114
Mulher 668 615 806 869 892 904 880 815 814 755 760 766
Raça
Branco 1.132 1.042 1.383 1.498 1.416 1.514 1.341 1.331 1.266 1.210 1.167 1.240
Preto e Pardo 592 527 696 711 682 707 712 652 665 615 654 667
Idade
15-24 470 386 525 548 554 564 547 509 517 511 474 506
25-49 1.019 927 1.206 1.306 1.234 1.261 1.166 1.129 1.092 992 1.005 977
50 ou mais 1.052 1.000 1.416 1.310 1.365 1.636 1.467 1.331 1.252 1.223 1.150 1.285
Escolaridade
1º grau incompleto 511 436 580 588 583 598 578 532 532 492 490 509
1º grau completo 723 642 785 785 778 825 770 702 670 605 595 629
2º grau incompleto 742 618 741 770 725 778 687 626 586 583 588 571
2º grau completo 1.069 928 1.222 1.277 1.199 1.204 1.157 1.103 977 938 886 885
Superior incompleto ou mais 2.281 2.220 2.879 2.884 2.945 3.105 2.798 2.592 2.548 2.227 2.179 2.110
Posição na ocupação
Empregado com carteira 987 850 1.034 1.087 1.066 1.118 1.047 992 981 934 912 918
Militar 1.237 1.003 1.459 1.482 1.489 1.692 1.641 1.864 1.570 1.789 1.483 1.563
Funcionário público 1.342 1.158 1.595 1.676 1.745 1.719 1.628 1.780 1.751 1.636 1.781 1.784
Empregado sem carteira 431 426 563 610 575 648 638 631 645 571 567 567
Conta própria 746 768 1.048 1.249 1.096 1.138 1.023 955 884 810 813 903
Empregador 2.360 2.839 4.033 3.881 4.214 4.014 4.065 3.450 3.208 2.910 2.651 2.821
Auto consumo - - - - - - - - - - - -
Não remunerado - - - - - - - - - - - -
Setor de atividade 2
Agricultura e extração 733 475 948 636 821 502 1.532 1.167 752 1.637 1.162 735
Administração pública 1.387 1.255 1.758 1.707 1.752 1.770 1.843 1.876 1.827 1.763 1.845 1.729
Construção civil 637 617 862 965 904 916 766 815 812 644 706 763
Serviços distributivos 912 857 1.117 1.141 1.109 1.184 1.137 1.000 832 781 796 830
Industria moderna 1.176 1.031 1.495 1.449 1.424 1.541 1.221 1.251 1.371 1.274 1.127 1.293
Serviços pessoais 560 480 655 731 709 689 709 638 641 599 602 616
Serviços produtivos 1.428 1.452 1.678 1.898 1.791 2.000 1.631 1.693 1.545 1.421 1.351 1.362
Saúde e educação 913 847 1.220 1.263 1.210 1.400 1.259 1.216 1.260 1.133 1.139 1.169
Serviços comunitários 873 836 1.024 932 1.088 1.312 879 1.163 958 868 684 991
Industria tradicional 790 633 913 1.067 918 1.090 1.006 781 808 707 731 690
Não especificado 2.125 923 1.069 1.214 1.079 1.046 1.367 1.343 - - - -

Fonte: Elaborado pelo IETS a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE).
Notas: 1 - A pesquisa não foi a campo em 1994 e 2000. 2 - A pesquisa reformulou os códigos de setores de atividades para o ano de
2002, assim a comparação com este ano não é a mais adequada. 3 - Valores expressos em reais de 2005.

Observa-se que, para todas as classes, o pico da renda real média ocorreu no
biênio 1997-1998, ocorrendo redução gradual desde então. As desigualdades de gênero e
raça também são evidentes em toda a série. À medida que aumenta a escolaridade, a
renda média sobe expressivamente em todos os anos, havendo, entretanto, desvantagem

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

para aqueles que têm o 2º grau incompleto quando comparados com aqueles que tem o
1º grau completo. Empregadores, militares e funcionários públicos são os que percebem
maior renda média. Já os empregados sem carteira apresentam o menor rendimento por
todo o período, sujeitos, ainda, a todas as mazelas da informalidade.

Segurança Pública
O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Fundação
Getúlio Vargas, lançou em 2006 um projeto cuja finalidade é abordar temas sobre a
realidade de nosso Estado. Visando a contribuir para maior eficácia na elaboração de
políticas públicas no Estado, caso da segurança pública. Denominado “O Investimento
Público e a Efetividade das Ações Estatais na Segurança”, o texto integral encontra-se
disponível no sítio do TCE-RJ.
Apesar das análises terem caráter exploratório, nada impede que sejam usadas
como ponto de partida para estudos mais profundos e como orientação para políticas
mais urgentes na área de segurança, as quais se encontram no centro da agenda pública
do estado e do país.
A falta de recursos para o aparelhamento das polícias e demais instituições de
segurança pública é um dos fatores que ganham contornos concretos quando nos
detemos sobre a execução orçamentária do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Entre
janeiro de 2003 e junho de 2006, em média, ela absorveu 12,6% dos gastos totais do
Estado, fatia inferior apenas àquelas inscritas nas rubricas Encargos Especiais e
Educação. Mas, quando se analisa a distribuição de gastos, confirma-se que os recursos
se mostram insuficientes para fazer frente às necessidades de investimento e custeio.
Dos recursos públicos estaduais destinados à área, em média, mais de 30% se destinam
ao Fundo Único da Previdência Social e mais de 40% aos gastos com pessoal da ativa e
seus respectivos encargos. Por outro lado, só 3,25% costumam ser direcionados para o
policiamento propriamente dito, sugerindo um desequilíbrio entre o que é gasto nas
atividades meio e o que é gasto nas atividades fim de segurança pública.
Para cumprir os objetivos da pesquisa foram realizadas entrevistas com diferentes
gestores de instituições ligadas à Segurança Pública do Estado: Polícia Militar, Polícia
Civil e Sistema Prisional.
A ausência de planejamento e de critérios de gestão sobre questões orçamentárias
mostrou-se objeto de grande preocupação para significativa parcela dos profissionais
entrevistados. Os discursos acerca desses problemas apontam para déficits de eficácia
na ação empreendida pelo Estado no campo da segurança, visto que o planejamento, em
especial o do sistema orçamentário, é premissa para uma boa execução de políticas
públicas. A elaboração do orçamento viria sendo executada com base no que foi feito em
anos anteriores, sem a preocupação com os aumentos de custos registrados no período,
nem com o estabelecimento de um elo entre receitas, despesas e objetivos de longo
prazo para a segurança pública. Sem contar que diversos fatores exteriores às
organizações (crises, cobranças da opinião pública, julgamentos morais, adequação ao
sistema legal) interferem no seu cotidiano mostrando que a necessidade de antecipação
às contingências é essencial para sua eficácia. Nesse sentido, a adoção de instrumentos
gerenciais eficazes será fundamental para o sucesso de qualquer política no setor.

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TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Sem o respaldo de critérios previamente definidos, os entrevistados ressaltam a


dificuldade em se estabelecer o planejamento orçamentário e sua execução. Dentre as
deficiências relatadas, estão a improvisação constante, o excesso de burocracia e a falta
de comunicação no interior da organização (Polícia Militar ou Civil), e entre as
organizações de uma maneira em geral (Polícias, Sistema Penitenciário, Executivo etc.).
Haveria um conflito entre os critérios técnicos e políticos na construção do
orçamento das instituições da área de segurança pública. Há forte influência política na
definição de prioridades, o que levaria questões fundamentais a receberem tratamento
apenas superficial, comprometendo a própria subsistência das instituições ligadas ao
setor. Cortes de verbas, por exemplo, seriam realizados com o intuito de economizar
recursos que poderiam ser empregados em programas de maior visibilidade, gerando
problemas concretos como a ameaça de suspensão de contratos por parte de
fornecedores, entre outros. Isso, afirmam os entrevistados, faz com que investimentos
sejam decididos sem o necessário acompanhamento do andamento do projeto e sem um
planejamento financeiro para a sua manutenção. Ou seja, a interferência política estimula
o descasamento entre o recurso aplicado e seus desdobramentos, ou entre o
investimento e o custeio, salvo quando o projeto em questão ganha legitimidade na
sociedade civil. A dependência em relação à Secretaria de Segurança também é
apontada como um fator crítico para a condução das atividades. As questões de natureza
política são vistas como um empecilho ao melhor funcionamento das instituições de
segurança, criando até mesmo um tratamento não-isonômico para os profissionais da
área.
As entrevistas trazem à tona uma série de questões capazes de comprometer a
eficiência e a eficácia dos gastos em segurança pública realizados pelo Estado do Rio de
Janeiro. Essas questões vão desde a percepção da predominância de um viés político na
definição de prioridades até uma concentração excessiva de verbas no orçamento da
Secretaria de Segurança Pública.
O terceiro elemento identificado a partir dos discursos dos gestores é representado
pelo orçamento insuficiente e a execução precária que o acompanha. Dentre os fatores
apontados pelos entrevistados como aqueles que mais dificultam a execução do
orçamento encontra-se o contingenciamento, que atinge até mesmo materiais de
consumo básicos das unidades, atrapalhando a continuidade dos trabalhos. Estabelecer-
se-ia, então, uma situação de precariedade, levando o Estado a liberar verbas de forma
reativa, quando algum problema emergencial ganha amplitude na opinião pública. O
atraso de verbas compromete a execução de projetos, que acabam sendo executados
apenas parcialmente.
Observam os entrevistados que faltam verbas para investimentos fundamentais
como a compra e manutenção de viaturas. Outra questão importante apontada pelos
entrevistados foi a necessidade de investimento para o sistema prisional que, segundo um
deles, necessita de grande aporte de recursos. A percepção é de que não apenas os
recursos destinados às instituições são insuficientes, mas também acabam sendo gastos
de forma nem sempre mais adequada.
As instituições se propõem a realizar projetos que, depois, não recebem a dotação
orçamentária esperada. O resultado é que os gastos se realizam de forma improvisada.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

A quarta categoria encontra-se voltada para um expediente usual, segundo os


entrevistados, que é a utilização de sobras das despesas com alimentação (“rancho”)
para custear outras atividades dos batalhões e unidades da PM, como combustível e
manutenção. Tal fato reflete tanto a precariedade de verbas quanto a ausência de
planejamento financeiro. Trata-se de recurso arraigado na polícia, que teria dificuldades
em suspender a prática, justamente por não ter a capacitação técnica para o
planejamento. Desvios de recursos de uma atividade para outra, como a verificada do
rancho para atividades de policiamento, são resultado direto da falta de regularidade nos
repasses de recursos. Problema que, conforme observado anteriormente, mostra-se
decisivo para a diminuição da eficácia da atividade fim do setor de segurança.
Chega-se, por fim, à última categoria percebida nas entrevistas, a necessidade de
melhor treinamento dos recursos humanos para lidar com as questões orçamentárias. A
insegurança para lidar com tais questões mostrou-se generalizada entre os entrevistados,
em função da ausência de um treinamento adequado na área financeira, ou seja, de
qualquer preparo específico quando o profissional é designado para uma função que
envolve orçamento. Eles explicitaram a demanda por pelo menos formação básica na
área, reconhecendo que, em determinadas funções, o oficial passa a ter muito mais um
papel de gestor do que de executor das decisões voltadas para a segurança pública.
Observam os entrevistados que há até algumas orientações práticas voltadas para
a área, como a de que cada unidade ou batalhão se transforme em uma unidade
orçamentária, mas essas orientações acabam por esbarrar no conteúdo inadequado que
a abordagem do assunto recebe no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Eles apontam
a necessidade de reformulação de conteúdo e a extensão da disciplina orçamentária
também para o Curso de Formação de Oficiais. Na ausência dessa formação, observa um
dos participantes do estudo, os responsáveis pelo orçamento acabam por aprender com a
prática, incorporando erros inerentes a esse tipo de improvisação.
A pesquisa deixa claro que a eficácia dos gastos na área de segurança pública do
Rio de Janeiro passa essencialmente pela questão do planejamento e da execução
orçamentária. Algumas soluções demandam ações mais complexas, e outras não. O
fundamental, contudo, é que o conceito de estratégia seja incorporado não só ao dia-a-dia
das instituições ligadas à área, mas à própria forma como o Estado aborda a questão da
segurança pública no contexto das políticas sociais.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), vinculada ao Ministério da
Justiça, coordena o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) que identificou e definiu
sete ações estruturantes de um adequado sistema de segurança pública. São elas:
1 - modernização organizacional;
2 - sistema de informações gerenciais;
3 - implementação e modernização da infra-estrutura;
4 - valorização profissional;
5 - prevenção;
6 - reaparelhamento;
7 - repressão classificada.

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TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Distribuição Espacial dos Dados sobre Criminalidade


Tomando por base os dados do Instituto de Segurança Pública - ISP, a análise da
criminalidade no Estado do Rio de Janeiro a partir da sua distribuição espacial teve por
base as seguintes categorias de crimes: homicídio doloso, tentativa de homicídio, roubo,
furto, latrocínio e tráfico de entorpecentes.
As taxas referentes aos homicídios dolosos, revelam que, no ano de 2002, o
fenômeno apresentava incidência expressiva em seis das oito Regiões de Governo: Costa
Verde, Metropolitana, Baixadas Litorâneas, Norte Fluminense, Centro-Sul Fluminense e
Médio Paraíba. Nas duas regiões restantes, Serrana e Noroeste Fluminense, o fenômeno
apresenta menor força no período. Ainda em 2002, as taxas mais elevadas de incidência
do fenômeno se apresentaram nos municípios de Itaguaí, Itaboraí, Armação dos Búzios,
Rio das Ostras e Macaé. No mesmo sentido, em 2004, destacam-se esses mesmos
municípios, à exceção de Itaboraí, que apresentou redução em sua taxa.
Comparando os anos de 2002 e 2004, percebe-se uma desaceleração onde já se
apresentava menor incidência (regiões Serrana e Noroeste Fluminense) e em três das
Regiões de Governo onde apresentava maior incidência (Costa verde, Médio Paraíba e
Centro-Sul Fluminense). A comparação entre os dois períodos revela ainda que o
fenômeno se estabilizou em três das regiões onde sua incidência já era expressiva
(Metropolitana, Baixadas Litorâneas e Norte Fluminense). Conclui-se assim que, pela
base de dados do ISP, houve uma diminuição nos crimes de homicídio doloso no período
entre 2002 e 2004. Por outro lado, dados de outras fontes sobre homicídios sugerem que
sua incidência apresenta-se de forma crítica por quase todo o Estado.
Quanto aos crimes de roubo ocorridos no estado no ano de 2002, as taxas,
segundo sua distribuição espacial, revelam uma incidência maior em quatro das oito
Regiões de Governo: Médio Paraíba, Norte Fluminense, Metropolitana e Baixadas
litorâneas, sendo que nas duas últimas o fenômeno é visivelmente mais expressivo. Os
municípios com as taxas mais elevadas para os anos de 2002 e 2004 foram os mesmos:
Rio de Janeiro, Nilópolis, Duque de Caxias e Niterói, todos pertencentes à Região
Metropolitana do Estado. É importante destacar que as taxas referentes a essa
modalidade criminosa são bastante elevadas, principalmente no município do Rio de
Janeiro.
A distribuição espacial das taxas relativas aos crimes de furto revela um
espalhamento do fenômeno por todo o Estado, com as taxas mais expressivas
localizadas na Região das Baixadas Litorâneas. De uma forma geral, os valores das taxas
referentes a esta modalidade criminosa são extremamente altos e bem mais críticos se
comparados aos referentes aos crimes de roubo.Os municípios com as taxas mais
elevadas no ano de 2002 foram Itatiaia, Mangaratiba, Saquarema, Iguaba Grande, Cabo
Frio, Rio das Ostras e Armação dos Búzios. Em 2004, as taxas mais expressivas foram
verificadas nos municípios de Paraty, Itatiaia, Resende, Niterói, São João da Barra,
Maricá, Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, Cabo Frio, Armação dos Búzios e Rio das
Ostras. Tanto em 2002 quanto em 2004 observou-se a predominância dos municípios das
Baixadas Litorâneas.
Verificou-se que, das seis categorias de crimes analisadas, os crimes de
latrocínio são os de menor incidência no Estado. Nas Regiões Serrana e Norte

79
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Fluminense, no ano de 2002, o fenômeno foi quase inexistente. Em 2004, esse aspecto é
verificado nessas duas regiões e na Região da Costa Verde, sendo que na maior parte do
Estado o fenômeno se estabilizou.
Os crimes de tráfico de drogas se apresentam de forma quase homogênea pelo
Estado. Um exame sobre o banco de dados do Programa Disque-Denúncia do Estado do
Rio de Janeiro, revela que o número de denúncias relativas aos crimes de tráfico e
consumo de drogas e entorpecentes é extremamente elevado. No ano de 2002, os
municípios com as taxas mais elevadas foram Paraty, Itatiaia, Itaguaí, Engenheiro Paulo
de Frontin, Laje do Muriaé, Miracema, Macaé, Armação dos Búzios, Rio Bonito,
Guapimirim e Niterói. No mesmo sentido, em 2004 os municípios com as taxas mais
expressivas foram Paraty, Mangaratiba, Itaguaí, Piraí, Itatiaia, Quatis, Teresópolis,
Aperibé, Miracema, Campos dos Goytacazes, Macaé, Rio das Ostras, Armação dos
Búzios e Niterói.
Buscou-se verificar quais municípios do Estado do Rio, concentravam as taxas
mais elevadas de criminalidade. Esse enfoque revelou que, em todo o Estado do Rio de
Janeiro, no ano de 2004, 34 municípios apresentavam estatísticas de criminalidade
críticas. Considerando que o estado é formado por 92 municípios, mais de um terço
necessita de políticas de segurança diferenciadas.

Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania


Foi lançada, na segunda metade de 2007, mais uma iniciativa no combate à
criminalidade no país. Desenvolvido pelo Ministério da Justiça 24, o Programa Nacional de
Segurança Pública com Cidadania - Pronasci, também conhecido como PAC da
Segurança, articula as políticas de segurança pública com ações sociais, buscando
priorizar a prevenção, o controle e a repressão da violência e será implementado por
meios de ações integradas dos três níveis de governo, além do Ministério Público e Poder
Judiciário.
Composto por 94 medidas, o Pronasci trabalhará com os seguintes objetivos:

Modernização do sistema de segurança pública e valorização de seus



profissionais e reestruturação do sistema prisional;
• Combate à corrupção policial, ao crime organizado, ao controle de armas e
munições;
• Promoção dos direitos humanos, considerando as questões de gênero, étnicas,
raciais, de orientação sexual e diversidade cultural;
Ressocialização de jovens com penas restritivas de liberdade e egressos do

sistema prisional;
• Inclusão do jovem em situação infracional ou criminal nas políticas sociais do
governo;
Recuperação de espaços públicos degradados por meio de medidas de

urbanização.

24 - Disponível no sítio www.justica.gov.br/pronasci. Acesso em 22/08/07.

80
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Com um investimento de R$ 6,7 bilhões até 2012 o programa atenderá inicialmente


11 regiões metropolitanas que, segundo dados do Ministério da Justiça, têm os mais altos
índices de violência do país, são elas: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Maceió,
Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória. Do total de recursos
previstos, R$ 483 milhões serão aplicados já em 2007.
Além dos funcionários do sistema de segurança pública, o Pronasci está voltado
também para jovens de 15 a 29 anos à beira da criminalidade, como também aqueles que
se encontram ou já estiveram em conflito com a lei. Inclui, ainda, os reservistas, atrativos
ao crime organizado em função de seu aprendizado do manejo de armas durante o
serviço militar.
A execução do programa se dará por meio de mobilizações comunitárias e policiais
e começará a partir da instalação dos Gabinetes de Gestão Integrada Municipais - GGIM.
No Rio de Janeiro, além da capital, os municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias,
Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São Gonçalo, serão os primeiros a receberem os
benefícios.
Espera-se que os resultados tragam uma gestão integrada de segurança pública
cidadã, um espaço público saudável e a valorização da vida com a redução da
criminalidade em geral.

81
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

IV - INDICADORES ECONÔMICOS

Introdução
Uma das melhores notícias para a economia do Estado do Rio de Janeiro em 2006
foi o anúncio da implantação do Comperj – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro 25,
maior projeto individual da história da Petrobras e um dos maiores empreendimentos do
setor petroquímico no mundo.
Previsto para entrar em operação em 2012, é fruto de parceria da Petrobras com o
grupo Ultra e o BNDES e está sendo considerada a principal iniciativa brasileira para
aumentar a capacidade de refino de petróleo pesado da bacia de Campos.
Com tecnologia de ponta, o Comperj deverá fabricar produtos petroquímicos
básicos e derivados. Sua estrutura será formada por três gerações, sendo a primeira
responsável pela produção de produtos petroquímicos básicos (eteno, benzeno, propeno,
paraxileno, além de derivados como diesel, nafta e coque) e, a segunda, pela
transformação destes produtos básicos em resinas termoplásticas (estireno, etileno-glicol,
polipropileno, PTA/PET e outras). A expectativa da Petrobrás é de que sejam instaladas
cerca de oito fábricas de segunda geração além de sua própria unidade. Já as indústrias
de terceira geração, a serem atraídas pelo Complexo, serão responsáveis por transformar
esses produtos petroquímicos em bens de consumo, tais como garrafas de plástico,
tecidos, tintas, fibras, componentes para automóveis, aviões e eletrodomésticos etc.
Haverá, ainda, uma Central de Utilidades responsável pelo fornecimento de água, vapor e
energia elétrica necessários para a operação de todo o Complexo.
Com um investimento de aproximadamente US$ 8,3 bilhões, estima-se que o
Comperj terá capacidade para processar 150 mil barris/dia de óleo pesado nacional,
propiciando uma economia de mais de US$ 2 bilhões ao ano em divisas ao reduzir a
importação de petróleo leve e derivados como a nafta e outros produtos petroquímicos. O
Complexo será instalado em um terreno de 45 milhões de metros quadrados, em área
antes considerada rural, e deverá gerar mais de 200 mil empregos diretos e indiretos
durante a fase de construção. Espera-se, ainda, que sejam incorporados mais 50 mil
empregos diretos e indiretos na fase da operação.
Segundo os estudos técnicos desenvolvidos pela Petrobras, a região escolhida foi
apontada como a mais viável em termos econômicos, logísticos e socioambientais. Foram
escolhidos os municípios de Itaboraí e São Gonçalo por estes apresentarem uma
localização estratégica em área com infra-estrutura portuária - terminais de Angra dos
Reis, Ilha d’Água e Ilha Redonda (estes últimos localizados na baía de Guanabara),
dutoviária e rodo-ferroviária, assim como está próxima do Centro de Pesquisas e
Desenvolvimento – CENPES, na Ilha do Fundão, e pode propiciar sinergia com a refinaria
de Duque de Caxias e a Rio Polímeros e outras indústrias petroquímicas, possibilitando
um investimento total menor.
Em Itaboraí será instalada a unidade de produção de petroquímicos básicos. O
crescimento urbano do município foi reavaliado e, com o fluxo migratório que deverá

25 - Para maiores informações, consulte o sítio www.comperj.com.br.

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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

ocorrer, serão necessárias grandes modificações na infra-estrutura da cidade, que deverá


ter o apoio do Governo do Estado e do Governo Federal.
Em São Gonçalo serão instalados a Central de Escoamento da produção e o
Centro de Integração. Este último irá capacitar empresas e indústrias locais para o
fornecimento de produtos e serviços, além de gerar a maior parte da mão-de-obra tanto
para a fase de construção quanto para a operação do Comperj.
As prefeituras de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Guapimirim e Magé, no entorno da
baía de Guanabara, mais as de Tanguá, Maricá, Rio Bonito, Silva Jardim, Cachoeiras de
Macacu e Casimiro de Abreu formaram o consórcio Conleste para definir estratégia e
atuação conjuntas diante dos possíveis impactos sociais decorrentes da implantação do
Complexo. Deverão ser instalados centros de capacitação profissional oferecendo 78
tipos de cursos, todos gratuitos, sendo 78% em nível básico, 21% em nível técnico e 1%
em nível superior.
Outros investimentos que não são de responsabilidade da Petrobras devem ocorrer
de forma concomitante à implantação do Complexo, sob risco de prejudicar toda a região
metropolitana do Estado. São eles: o Arco Rodoviário com 145 quilômetros de extensão
ligando o município de Itaboraí ao Porto de Sepetiba; a implantação do Veículo Leve
sobre Trilhos – VLT, entre Niterói e Itaboraí, aproveitando a malha ferroviária existente; e
a criação de um terminal hidroviário em São Gonçalo.
O impacto social e econômico que surgirá durante e após a implantação do
Comperj é a grande preocupação mostrada pelos municípios integrantes do consórcio;
pois, se por um lado trará desenvolvimento com responsabilidade socioambiental, atração
de investimentos para pequenas e médias empresas, geração de empregos e melhoria da
qualidade de vida dos moradores dos municípios; por outro, questões como saneamento
básico, trânsito, especulação imobiliária e explosão demográfica desordenada com
previsível processo da favelização são bastante inquietantes.
Durante os cinco anos de construção do Complexo, advirão demandas expressivas
de prestação de serviços de saúde, educação, assistência social e habitação. Após esse
período, é provável que parte dos 200 mil empregados seja aproveitada na operação,
mas a grande maioria ficará sem emprego, o que demandará uma ação coordenada e
planejada para realocação desse contingente, sob pena de agravamento de problemas de
ordem social.
Por ser um empreendimento de tamanho porte e com tantos desafios a serem
enfrentados, o Complexo exigirá uma convergência de esforços de toda a sociedade com
ações pró-ativas, antecipando as demandas e minimizando os impactos negativos em
todo o Estado.
Na publicação Decisão Rio Investimentos 2006-2008 26, o Sistema FIRJAN
apresenta os investimentos anunciados para esse período, coletados até o mês de julho
de 2006, que totalizam R$69,5 bilhões. Somente em infra-estrutura, o total previsto soma
R$11,6 bilhões.

26 - Disponível em http://www.firjan.org.br/notas/media/DecisaoRio_b.pdf. Acesso em 14/08/2007.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Os investimentos industriais alcançam a cifra de R$52,5 bilhões, sendo R$32,8


bilhões pela Petrobras e R$19,7 bilhões pela indústria de transformação. A estatal de
energia, além do COMPERJ, fará investimentos na construção de plataformas de
petróleo; exploração e descoberta de novos campos; encomenda de navios; na área de
gás natural, energia, refino (modernização da Reduc) e distribuição.
Já a indústria de transformação tem entre seus principais projetos a construção de
quatro novas usinas: Companhia Siderúrgica do Atlântico - CSA, parceria entre a Thyssen
Krupp e a Vale do Rio Doce, com investimentos de US$3 bilhões; a implantação de uma
nova usina da CSN com dois altos-fornos para produção de aço em uma área no Porto de
Itaguaí, com investimentos da ordem de US$3,6 bilhões; a nova usina do Grupo
Votorantim a ser construída em Resende, com investimentos que totalizam cerca de R$1
bilhão; e a implantação de uma nova usina do Grupo Gerdau em Santa Cruz, com
investimentos previstos de R$930 milhões, bem como a ampliação da Cosigua,
pertencente ao mesmo grupo, com investimentos da ordem de R$ 480 milhões.
O município de Itaguaí também receberá investimentos significativos em função
das obras que serão realizadas no porto pela CSA, a reforma do Terminal de Carvão pela
CSN, a expansão do Terminal de Contêineres e a implantação do Terminal de Grãos.
Some-se a essas cifras R$1,6 bilhão em expansão dos estaleiros para atender à
demanda prevista das encomendas da Petrobras e de armadores da iniciativa privada.
Outros investimentos da indústria de transformação estão relacionados aos da borracha
(R$600 milhões); da indústria automobilística (R$1,0 bilhão); e de transformação plástica
(R$243 milhões).
No que se refere ao turismo, os investimentos previstos somam R$4,1 bilhões,
sendo R$3,3 bilhões em infraestrutura de apoio para os jogos Pan Americanos. A
publicação destaca, também, os setores têxtil e de confecções, da agro-indústria, de
rochas ornamentais, da tecnologia da informação e da “indústria criativa” – pesquisa e
desenvolvimento, cultura e entretenimento.
O maior empreendimento mapeado pela Firjan para a Região Norte Fluminense é a
implantação, pelo Grupo EBX, do que está sendo chamado Complexo Logístico Integrado
do Norte Fluminense no porto de Açu. O projeto 27 se destina a escoar até 26,5 milhões
de toneladas de minério de ferro, transportadas por meio de um mineroduto com mais de
500km de extensão entre Minas Gerais e o porto localizado em São João da Barra. O
Complexo permitirá a atracação de navios de até 250 mil toneladas e sua retroárea está
projetada para abrigar um complexo siderúrgico, uma usina termoelétrica, até 4 usinas de
pelotização de minério, além de áreas para tancagem de granéis líquidos. Estará ligado à
rodovia BR-101 por via asfaltada e à malha da Ferrovia Centro Atlântica por meio de um
ramal com 45km de extensão.
Por outro lado, já em 2007, as prefeituras de Campos dos Goytacazes e Quissamã
firmaram convênio com o Governo do Estado para implantação do Complexo Logístico e
Industrial de Barra do Furado, no canal das Flechas situado no limite dos dois municípios.
O projeto terá, ainda, um estaleiro e um porto, num investimento previsto de R$210
milhões.

27 - De acordo com dados do próprio Grupo EBX, disponível em http://www.mmx.com.br/web/pt/sistemas/minas-rio/index.html. Acesso em 14/08/2007.

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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Economia Fluminense em 2006


A medida síntese do desempenho de uma economia, o produto interno bruto, é
calculada simultaneamente para todos os estados brasileiros pelo IBGE. Os resultados
destes cálculos, entretanto, são divulgados com aproximadamente um ano e meio de
defasagem. Desse modo, a estimativa oficial do PIB do Rio de Janeiro, bem como as dos
demais estados, referente ao ano de 2006, somente será conhecida no segundo semestre
de 2008. Nesse meio tempo, recorrendo a indicadores de atividade já publicados, é
possível antecipar, com razoável margem de acerto, a estimativa oficial.
Cálculos preliminares realizados pela FGV indicam que, em 2006, o PIB fluminense
cresceu 3,59%, taxa quase três pontos de percentagem inferior à estimada para 2005, de
6,42%. Boa parte da desaceleração se explica pelo crescimento mais lento da atividade
de extração de petróleo e gás que, de acordo com o IBGE respondia, em 2004, por 28,2%
de todos os bens e serviços produzidos no Estado do Rio de Janeiro. Com a
desaceleração, a economia fluminense, em 2006, cresceu em linha com a brasileira,
convergência pouco freqüente. Em valores monetários, o PIB do Estado do Rio de
Janeiro, referente a 2006, foi estimado em R$ 292.737 milhões, o equivalente a 12,6% do
PIB nacional.
Nas próximas páginas serão apresentados e comentados os resultados de duas
importantes atividades econômicas desenvolvidas no Estado: indústria (extrativa e de
transformação) e comércio varejista. Somadas, as duas atividades correspondem à
metade do PIB fluminense. Em seguida, serão reunidas e consolidadas informações
disponíveis sobre a agricultura, serviços, administração pública e demais setores que
formam a economia do Rio de Janeiro. Conjugadas, estas informações compõem a
estimativa preliminar de 3,59% para o crescimento do PIB do Estado, em 2006. A
participação de cada atividade no PIB é fornecida pelo IBGE, em seu site, na seção
relativa a Contas Regionais. O último dado divulgado, usado nesta estimativa, se refere
ao ano de 2004.

Produção Industrial
A indústria fluminense cresceu 1,91%, em 2006, na comparação com o ano
anterior, de acordo com a Pesquisa Industrial Regional do IBGE. Em 2005, a indústria
estadual havia crescido 2,03%. Embora os resultados anuais pouco divirjam, sendo a taxa
de 2006 somente 0,12 ponto percentual inferior à de 2005, as trajetórias se opõem. Ao
longo de 2005, como se vê no gráfico a seguir, as taxas apresentaram evolução
crescente, passando de 0,89%, no primeiro trimestre, para 3,40%, no quarto, em relação
a igual período do ano anterior. Em 2006, após alcançar 5,07%, nos três primeiros meses
do ano, a expansão da atividade industrial cedeu e terminou o ano em 0,11%. A trajetória
de desaceleração também contrasta com o resultado da indústria em âmbito nacional,
que, apesar de ter registrado recuo de 0,27 ponto percentual em relação a 2005, ganhou
impulso durante o segundo semestre de 2006.

85
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Produção industrial do Estado do Rio de Janeiro e Brasil

%
6
5,07
5 4,60

4
3,40 3,19
2,78
3
2,10
2 1,66 1,71
0,87 1,06
1 0,89
0,11
0

I TRIM II TRIM III TRIM IV TRIM

RJ 2005 RJ 2006 BR 2006

Fonte: IBGE
Nota: Variações percentuais em relação a igual trimestre do ano anterior.

A taxa de crescimento da indústria fluminense, em 2006, de 1,91%, foi 0,91 ponto


percentual inferior à média brasileira, de 2,82%. Este ordenamento, em que o Rio de
Janeiro situa-se aquém da média nacional, repetiu-se pelo quarto ano consecutivo.
Nesses quatro anos, enquanto a indústria do país como um todo cresceu 14,87%, a do
Rio de Janeiro avançou 5,42%. O gráfico a seguir ilustra a comparação.

Indústria geral, Estado do Rio de Janeiro e Brasil

%
15
12,35
12
BR RJ

9 8,30

2,73 3,09 2,82


3 2,44 2,03 1,91
0,05
0
-1,03
-3

2002 2003 2004 2005 2006


Fonte: IBGE
Nota: Variações percentuais em relação ao ano anterior

86
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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

A contribuição das atividades extrativa e de transformação corresponde à


multiplicação entre a taxa de crescimento de cada uma e o peso que esta tem na
formação da taxa final. Em 2006, o crescimento da indústria fluminense foi igualmente
influenciado pelas duas atividades. A equivalência resulta do aumento quase cinco vezes
maior do volume produzido pela indústria extrativa, combinado a um peso mais de quatro
vezes menor, no contexto da Pesquisa Industrial Regional do IBGE.

Comparações Inter-regionais
O Rio de Janeiro apresentou desempenho industrial mais destacado que
Amazonas, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, ocupando a nona posição entre
os 13 estados participantes da pesquisa. O Amazonas, que em 2005 havia liderado o
crescimento industrial, registrou, em 2006, o desempenho mais fraco entre os 13 estados
pesquisados, com taxa de -2,23%. A inversão se explica, predominantemente, pela
retração de 12,79% na produção de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de
comunicação, segmento que responde por fração expressiva da produção amazonense,
mas tem escassa participação na estrutura industrial do Rio de Janeiro.
O Rio Grande do Sul e o Paraná também registraram taxas negativas de
crescimento industrial em 2006: -1,98% e -1,59%, respectivamente. No primeiro Estado, a
crise do agronegócio ainda se refletiu sobre o segmento de máquinas e equipamentos,
cuja produção foi 16,28% inferior à de 2005. Adicionalmente, o complexo coureiro-
calçadista, expoente da economia gaúcha, acusou recuo de 8,91% no volume
manufaturado. No segundo Estado, a produção de veículos automotores sofreu redução
de 20,48%. A economia catarinense, ao contrário dos estados vizinhos, registrou taxa
positiva, mas inferior à fluminense. O fraco desempenho teve a influência contracionista
dos setores madeireiro e de vestuário.
Os resultados da indústria do Rio de Janeiro, em 2006, foram inferiores aos dos
outros três estados da região Sudeste, em particular o Espírito Santo, que cresceu 7,61%.
Assim como a fluminense, a economia capixaba tem na atividade extrativa o seu principal
vetor de crescimento. A diferença é que, enquanto no Rio de Janeiro a atividade é
formada quase que exclusivamente por petróleo e gás natural, no Espírito Santo o foco é
o minério de ferro. A indústria paulista, a mais diversificada do país, cresceu 3,19%,
resultado de expansões em 17 das 20 atividades pesquisadas. Em termos de contribuição
ao resultado final, cabe destacar a produção de máquinas para escritório e equipamentos
de informática, com aumento de 48,54%, em relação a 2005. Em Minas Gerais, a taxa de
4,53% refletiu os aumentos de 8,81% na atividade extrativa e de 10,56% na produção de
veículos automotores.
O Rio de Janeiro também não acompanhou os três estados da região Nordeste
integrantes da pesquisa. Bahia, com crescimento de 3,18%, Pernambuco, com 4,84%, e
Ceará, 8,24%, tiraram proveito, respectivamente, do avanço da produção de celulose,
açúcar e têxteis, os dois primeiros alavancados pelas exportações. Por fim, o estado que
melhor desempenho demonstrou em 2006 e que, por isso, mais se distanciou do Rio de
Janeiro, superando-o em 12,32 pontos percentuais, foi o Pará. A integração das
atividades extrativas, onde se destacam tanto os minérios de ferro quanto os de metais

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

não ferrosos, com a metalurgia do alumínio garantiu 12,25 pontos percentuais dos
14,23% de crescimento assinalados pela indústria paraense.

Produção industrial em estados selecionados


%
Aceleração Diferença RJ
Locais 2005 2006
(p.p.) (p.p.)*
BRASIL 3,09 2,82 -0,27 -0,91
Amazonas 11,78 -2,23 -14,01 4,14
Pará 3,81 14,23 10,43 -12,32
Ceará -1,56 8,24 9,79 -6,33
Pernambuco 2,92 4,84 1,92 -2,93
Bahia 4,26 3,18 -1,08 -1,27
Minas Gerais 6,33 4,53 -1,80 -2,62
Espírito Santo 1,39 7,61 6,22 -5,70
Rio de Janeiro 2,03 1,91 -0,12 ...
São Paulo 3,70 3,17 -0,52 -1,26
Paraná 1,33 -1,59 -2,92 3,50
Santa Catarina 0,04 0,23 0,19 1,68
Rio Grande do Sul -3,55 -1,98 1,57 3,89
Goiás 3,23 2,41 -0,82 -0,50
Nota: Variações percentuais em relação ao ano anterior.
*Diferença entre a taxa de crescimento do Rio de Janeiro e a de cada estado.
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de Indústria

Indústria Extrativa
Em 2006, a indústria extrativa fluminense, que praticamente se confunde com a
extração de petróleo e gás natural, registrou expansão de 5,03%. A taxa é quase dez
pontos percentuais inferior à de 2005, de 14,99%, indicando forte desaceleração. No
primeiro trimestre do ano, a produção ainda conservou o dinamismo de 2005, crescendo
17,54%. Nos trimestres seguintes, por força de paralisações nem sempre previstas, a taxa
reduziu-se drasticamente, ensaiando, de forma tímida, um princípio de recuperação
durante os meses finais do ano. O gráfico a seguir compara a evolução da indústria
extrativa no Rio de Janeiro e no país com um todo. Mesmo levando em conta a influência
que o Estado exerce sobre a média nacional, fator que justifica a semelhança entre as
duas seqüências, a mineração teve desempenho superior à extração de petróleo, como
atestam os resultados já mencionados de Minas Gerais, Espírito Santo e Pará. Esta
segunda componente da atividade extrativa, mineração, explica porque as taxas nacionais
foram superiores às estaduais.

88
TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Indicador de produção, indústria extrativa


%
20
17,54

16 BR RJ
13,20

12

7,13
8
5,69
4,12
4 3,51
1,45

0
-0,55
-4
I TRIM 2006 II TRIM 2006 III TRIM 2006 IV TRIM 2006

Fonte: IBGE
Nota: Variações percentuais em relação a igual trimestre do ano anterior

Indústria de Transformação
A indústria de transformação do Estado do Rio de Janeiro registrou crescimento de
1,18% em 2006. A taxa superou a referente a 2005, de -0,62%. Como já ressaltado,
entretanto, a trajetória ao longo dos trimestres foi de desaceleração, começando com
2,30%, no primeiro trimestre, e terminando com -0,71%, no quarto. O gráfico a seguir
compara as trajetórias fluminense e nacional da indústria de transformação em 2006.
Esta, ao contrário da primeira, reagiu no segundo semestre.

Indústria de transformação, Rio de Janeiro e Brasil

%
5
4,13
4 BR RJ
2,98
3 2,62
2,30 2,26
2

0,97
1 0,69

-1 -0,71
I TRIM 2006 II TRIM 2006 III TRIM 2006 IV TRIM 2006

Fonte: IBGE
Nota: Variações percentuais em relação a igual trimestre do ano anterior

89
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Dos 12 setores componentes da indústria de transformação no Rio de Janeiro,


apenas cinco registraram taxas positivas, contribuindo para o crescimento da produção
manufatureira. No plano nacional, o crescimento, além de mais elevado, representado por
uma taxa de 2,57%, resultou de uma difusão maior de expansões: 19 dos 26 setores
cobertos pela pesquisa produziram mais em 2006 do que no ano anterior. A tabela a
seguir apresenta as taxas de crescimento da indústria de transformação, segundo
setores, e as respectivas contribuições para a formação do resultado geral, em âmbito
nacional e para o Estado do Rio de Janeiro.

Produção da indústria de transformação, por setores, Brasil e Rio de Janeiro - 2006


Brasil Rio de Janeiro
Setores Taxa de Taxa de
Contribuição Contribuição
crescimento crescimento
(p.p.) (p.p.)
(%) (%)
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 2,57 2,57 1,18 1,18
Alimentos 1,81 0,23 11,04 1,03
Bebidas 7,08 0,23 5,10 0,39
Fumo 3,94 0,04 - -
Têxtil 1,55 0,04 -7,44 -0,16
Vestuário e acessórios -5,11 -0,07 - -
Calçados e artigos de couro -2,72 -0,04 - -
Madeira -6,85 -0,08 - -
Celulose, papel e produtos de papel 2,18 0,09 - -
Edição, impressão e reprodução de gravações 1,73 0,08 10,17 0,89
Refino de petróleo e álcool 1,62 0,12 -2,45 -0,41
Farmacêutica 4,39 0,16 5,10 0,50
Perfumaria, sabões, detergentes e produtos de
1,96 0,03 -7,72 -0,18
limpeza
Outros produtos químicos -0,90 -0,06 1,99 0,18
Borracha e plástico 2,15 0,08 -2,05 -0,06
Minerais não metálicos 2,57 0,10 -0,25 -0,02
Metalurgia básica 2,84 0,17 -4,62 -0,67
Produtos de metal - exclusive máquinas e
-1,28 -0,04 - -
equipamentos
Máquinas e equipamentos 4,00 0,26 - -
Máquinas para escritório e equipamentos de
51,57 0,66 - -
informática
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 8,71 0,25 - -
Material eletrônico, aparelhos e equipamentos
0,00 0,00 - -
de comunicações
Equip. de instrumentação médico-hospitalar,
9,37 0,08 - -
ópticos e outros
Veículos automotores 1,28 0,12 -4,13 -0,30
Outros equipamentos de transporte 2,10 0,03 - -
Mobiliário 8,43 0,09 - -
Diversos -1,27 -0,01 - -
Fonte: IBGE

90
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Dos cinco setores que se expandiram no Rio de Janeiro, responsáveis por pouco
mais de metade do valor produzido pela indústria de transformação fluminense, quatro
apresentaram taxas superiores a 5%. Destes, o que registrou a maior contribuição
individual, bem como a maior taxa de crescimento, foi a indústria de alimentos. O
percentual de expansão deste setor no Rio de Janeiro, de 11,04%, superou por larga
margem a média nacional, de 1,81%. Apesar do crescimento expressivo, a proporção
ocupada pelo setor de alimentos fluminense na indústria do Estado é a mais baixa entre
as 13 unidades da federação incluídas na pesquisa. No país, houve desempenhos ainda
mais destacados que o da indústria de alimentos fluminense. No Pará, o setor cresceu
18,04% e no Espírito Santo, 12,53%. Em compensação, em Santa Catarina, onde o setor
de alimentos é líder em participação na estrutura industrial, o resultado foi de -8,04%,
reflexo das dificuldades enfrentadas pela avicultura e suinocultura em suas respectivas
operações de exportação.
Dos demais quatro setores com taxas positivas de crescimento no Rio de Janeiro,
três obtiveram aumentos mais expressivos do que as respectivas médias nacionais. Por
ordem de contribuição ao resultado final aparecem: edição, impressão e reprodução de
gravações, com crescimento de 10,17%, no Estado, ante 1,73% na média nacional;
farmacêutica, com 5,10% contra 4,39% no país, e outros produtos químicos, com 1,99%
contra -0,90%. Destas três, farmacêutica é aquela em que o Rio de Janeiro ocupa a
posição de maior relevo no contexto nacional, atrás apenas das unidades sediadas em
São Paulo que, em 2006, registraram crescimento de 3,14%. Destacou-se ainda no Rio
de Janeiro a indústria de bebidas, que cresceu 5,10%, desempenho, todavia, superado
pela média nacional, que registrou aumento de 7,08%.
Outros três setores, que somados representam pouco mais de um terço da
indústria de transformação fluminense, apresentaram decréscimos em seus respectivos
volumes de produção em 2006, ao mesmo tempo em que no plano nacional tais
segmentos obtiveram resultados positivos. A queda que provocou a maior repercussão
negativa sobre o resultado global da indústria foi a do setor de metalurgia básica. Este
segmento, que compreende um leque amplo de produtos siderúrgicos, especialmente
bobinas de aço e folhas de flandres, registrou variação de -4,62% no volume produzido
em 2006. A média nacional foi de 2,84%. O gráfico a seguir compara o desempenho da
metalurgia básica fluminense com os de outros cinco estados onde a atividade está
instalada de forma representativa. Em todos, as taxas de crescimento superaram a do Rio
de Janeiro, embora a comparação com Pará e Bahia seja menos pertinente pois nesses
estados a atividade está voltada à metalurgia dos não ferrosos. A queda na produção
fluminense pode ser em parte atribuída à paralisação de um alto forno da Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN), já reparado.

91
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Metalurgia básica, produção em estados selecionados - 2006

%
25 22,92
20

15
9,69 8,04
10
4,29
5 2,84 2,71
0

-5
-4,62
-10

Pará Bahia Espírito São Brasil Minas Rio de


Santo Paulo Gerais Janeiro

Fonte: IBGE
Nota: Variações percentuais em 2006, em relação a 2005

Seguem-se, pelo critério de magnitude do impacto negativo, o refino de petróleo e


álcool e a fabricação de veículos automotores. No primeiro caso, de seis estados onde a
atividade de refino ocupa um papel de peso na indústria local, quatro cresceram, com
Minas Gerais e Bahia registrando taxas ao redor de 5%. O Rio de Janeiro e o Rio Grande
do Sul assinalaram recuos semelhantes, de 2,45% e 2,76%. No segundo, comparando-se
os mesmo estados, o Rio de Janeiro ocupou a quarta posição. Registraram quedas de
maior dimensão as indústrias automotivas da Bahia, com 6,41% de retração, e do Paraná,
com 20,48%. A tabela a seguir apresenta as taxas de crescimento do volume produzido
pelos dois setores nos seis estados selecionados.

Refino de petróleo e álcool e veículos automotores,


produção em estados selecionados - 2006
Taxas de crescimento 2006-
Estados 2005(%)
Refino de petróleo Veículos
e álcool automotores
Brasil 1,62 1,28
Bahia 4,62 -6,41
Minas Gerais 5,33 10,56
Rio de Janeiro -2,45 -4,13
São Paulo 1,73 3,5
Paraná 1,17 -20,48
Rio Grande do Sul -2,76 7,07
Fonte: IBGE

92
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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

A diferença entre os resultados nacional e estadual também se deve a atividades


que não estão presentes no Rio de Janeiro, como se observa na tabela 16. Das 26
abrangidas pela pesquisa, 14 não têm representação no Rio de Janeiro. Destas, oito
contribuíram para o crescimento da indústria nacional, das quais vale destacar três:
máquinas para escritório e equipamentos de informática, com taxa de 51,57%, máquinas,
aparelhos e materiais elétricos, 8,71%, e máquinas e equipamentos, 4,00%. Os três
setores reforçaram o desempenho da indústria de máquinas, contribuindo para a
aceleração dos investimentos destinados ao aumento da capacidade produtiva do país.
Na indústria naval instalada no Rio de Janeiro, que não está representada no
indicador conjuntural do IBGE, o emprego formal cresceu 0,9%, em 2006. O resultado
contrasta fortemente com os de anos anteriores. Segundo o Ministério do Trabalho,
depois de avançar a uma taxa média de 75% ao ano, de 2000 a 2003, fase em que o
setor praticamente renasceu, o nível de emprego formal passou a se expandir entre 15%
e 20% ao ano nos dois anos seguintes, praticamente estagnando-se em 2006.

Emprego formal na indústria naval


do Estado do Rio de Janeiro

Total % Brasil Crescimento (%)


2000 2.064 44,5 ...
2003 11.010 76,5 75,7*
2004 12.755 75,3 15,8
2005 15.079 78,1 18,2
2006 15.208 75,4 0,9
Fonte: MTE
Taxa anual média entre 2000 e 2003

Comércio Varejista
O comércio varejista, um dos destaques da economia brasileira, em 2006, registrou
crescimento no volume de vendas de 6,08%, no Estado do Rio de Janeiro. A taxa é
praticamente a mesma observada no conjunto do país, de 6,16%. No conceito de
comércio varejista ampliado, que engloba outras duas atividades - veículos, motos, partes
e peças e material para construção - o volume de vendas expandiu-se 5,98%, no Estado,
e 6,45%, no país.
Na comparação com as outras unidades da federação, a taxa de crescimento do
volume de vendas do comércio varejista do Rio de Janeiro ocupou a 17ª colocação,
avançando cinco posições em relação a 2005. Na região Sudeste, o Rio de Janeiro
superou São Paulo, por pouco mais de 0,30 ponto percentual, mas ficou atrás de Minas
Gerais e Espírito Santo, ambos com taxas acima de 10%.

93
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Taxas de crescimento do volume de vendas


- comércio varejista, unidades da federação
%
2005 2006
Brasil 4,84 6,16
Roraima 8,89 30,13
Acre 21,40 27,46
Amapá 5,26 23,58
Alagoas 16,05 18,73
Tocantins 33,17 18,72
Maranhão 23,03 17,49
Amazonas 20,18 13,65
Piauí 22,24 10,35
Espírito Santo 11,24 10,35
Minas Gerais 3,96 10,26
Bahia 7,06 9,67
Rio Grande do Norte 23,59 9,58
Ceará 16,06 9,57
Paraíba 28,51 7,48
Distrito Federal 12,80 6,42
Pernambuco 14,00 6,23
Rio de Janeiro 4,13 6,08
Goiás 16,55 5,93
São Paulo 2,31 5,75
Pará 12,28 5,74
Sergipe 28,24 4,83
Santa Catarina 4,26 4,76
Mato Grosso do Sul 7,32 4,24
Rondônia 11,06 3,97
Paraná -0,97 2,92
Rio Grande do Sul -2,10 1,05
Mato Grosso 2,73 -9,93
Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal de Comércio

Das oito atividades que compõem o indicador de volume de vendas do comércio


varejista fluminense, cinco apresentaram crescimento. No plano nacional, foram sete as
atividades em expansão. O resultado mais expressivo no Rio de Janeiro foi o do
segmento de equipamentos para escritório, informática e comunicação, com 67,46% de
aumento, após ter praticamente duplicado as vendas em 2005. A informatização das
residências não é um fenômeno apenas fluminense. As taxas nacionais são bastante
robustas, mas o ritmo com que o uso domiciliar dos computadores se dissemina no
Estado é duas vezes maior do que na média do país. O Rio de Janeiro superou a marca
nacional em outras três atividades: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo, o carro chefe do comércio varejista; livros, jornais, revistas e papelaria; e
outros artigos de uso pessoal e doméstico.

94
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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

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Nos ramos de tecidos, vestuário e calçados; móveis e eletrodomésticos; e artigos


farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, a redução das taxas de
crescimento foi mais forte no Rio de Janeiro do que no conjunto das unidades da
federação. A primeira e a terceira atividades chegaram a apresentar taxas negativas em
2006. O comércio varejista fluminense teve seu pior resultado setorial no ramo
combustíveis e lubrificantes, cujas vendas se retraíram em 12,23%, após queda de
13,96%, em 2005. Na média nacional, esta foi também a atividade com o pior
desempenho: queda de 8,04%, que se seguiu à diminuição de 7,36%, em 2005.

Volume de vendas do comércio varejista no Estado do Rio de Janeiro


%
Rio de Janeiro Brasil
Atividades
2005 2006 2005 2006
Combustíveis e Lubrificantes -13,96 -12,23 -7,36 -8,04
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
3,61 7,93 3,08 7,55
bebidas e fumo
Hipermercados e Supermercados 1,84 8,04 2,14 7,70
Tecidos, vestuário e calçados 5,82 -0,08 5,86 1,94
Móveis e Eletrodomésticos 9,84 3,61 16,02 10,25
Artigos Farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de
3,20 -5,78 6,07 3,73
perfumaria e cosméticos
Livros, jornais, revistas e papelaria -1,54 13,45 1,54 0,70
Equipamentos e materiais para escritório, informática e
97,21 67,46 53,95 30,04
comunicação
Outros Artigos de uso pessoal e doméstico 10,78 24,05 14,84 17,15
Comércio Varejista 4,13 6,08 4,84 6,16
Comércio Varejista Ampliado --- 5,98 --- 6,45
Fonte: IBGE
Nota: Variações percentuais em relação ao ano anterior.

Estimativa do PIB do Estado do Rio de Janeiro


A presente estimativa do PIB do Estado do Rio de Janeiro resulta da média
ponderada das taxas de crescimento de dez atividades: agropecuária, indústria extrativa,
indústria de transformação, construção, serviços industriais de utilidade pública, comércio,
comunicações, transportes, serviços e administração pública. Os pesos atribuídos a cada
atividade são informados pelo IBGE, em sua publicação “Contas Regionais do Brasil”. No
cálculo relativo ao ano de 2006, são utilizados os pesos referentes a 2004, informação
mais recente da série divulgada pelo IBGE. Para cada atividade componente do PIB é
utilizado um indicador do volume físico de produção, descrito a seguir. Para a indústria e o
comércio, são usadas as taxas de crescimento obtidas pelas respectivas pesquisas
setoriais, comentadas anteriormente.

95
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Agropecuária
A atividade agropecuária responde por 0,6% do PIB fluminense, a mais baixa
contribuição à economia local entre todos os estados brasileiros. A fração agropecuária
fluminense só é maior do que a do Distrito Federal. Para estimar o desempenho do setor
na economia estadual, foram selecionadas seis culturas, com valores de produção que se
destacam em relação às demais. O valor da produção, levantado pelo IBGE em sua
Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), referente a 2004, última informação disponível, é
usado como peso para se obter um indicador consolidado da atividade agrícola
fluminense. O desempenho de cada lavoura em 2006 é obtido da pesquisa Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola, também do IBGE.
A lavoura canavieira, principal atividade agrícola desenvolvida no Estado, ao contrário
do que se verificou nos principais pólos produtores, sofreu uma retração de 9,72% no volume
colhido. Das outras cinco lavouras selecionadas para representar a atividade agropecuária
fluminense, quatro apresentaram pequenas oscilações, para mais ou para menos, com
impactos praticamente desprezíveis sobre o resultado do indicador. O quinto produto,
mandioca, registrou queda de produção de 11,63%. Consideradas as taxas de crescimento e o
peso relativo destas seis lavouras, chega-se a um resultado consolidado de –4,64%, que será
usado para fins de estimativa do PIB fluminense de 2006.

Produção agrícola no Estado do Rio de Janeiro


Mil t
Contribuição
2005 2006 Variação (%) Peso (%)
(p.p.)
Cana de Açúcar 7.554,0 6.836,1 -9,72 36,49 -3,55
Tomate 211,9 212,6 0,33 29,27 0,10
Mandioca 173,3 153,1 -11,63 10,16 -1,18
Banana 161,8 161,4 -0,24 11,51 -0,03
Café 15,9 15,9 -0,04 6,65 0,00
Laranja 68,9 69,1 0,33 5,92 0,02
Indicador -4,64 100,00 -4,64
Fonte: Levantamento Sistemático da Produção Agrícola e Produção Agrícola Municipal - IBGE

Indústria
A atividade industrial, no contexto do cálculo do PIB fluminense, desdobra-se em
duas: extrativa e de transformação. As duas serão representadas pelos respectivos
indicadores de produção física, levantados pelo IBGE em sua Pesquisa Industrial
Regional, comentada anteriormente. Em 2006, as taxas de variação relativas aos dois
setores no Estado do Rio de Janeiro foram: 5,03% e 1,18%.

Comércio
A atividade comercial inclui varejo e atacado. Para efeito desta estimativa, dada a
inexistência de informações regionalizadas acerca da parcela atacadista, usa-se apenas o
indicador de volume de vendas do comércio varejista, cuja taxa de crescimento em 2006,
no Rio de Janeiro, foi de 6,08%.

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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

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Construção
Em 2006, o valor adicionado pelo setor da construção registrou aumento real, isto
é, sem a influência dos preços, de 4,6%, considerando-se o país como um todo. O
resultado representou importante recuperação, após crescimento de apenas 1,2%, em
2005. Um dos fatores que explicam a melhora de desempenho do setor é a ampliação
das operações de crédito habitacional, de 22,6%, nos 12 meses encerrados em dezembro
de 2006, impulsionadas por aumento na renda das famílias e redução nas taxas de juros.
Uma conseqüência do maior dinamismo da atividade foi a elevação do nível de emprego.
Segundo o CAGED, do Ministério do Trabalho, o emprego formal na construção cresceu
em 2006, em todo o território nacional, o equivalente a 7,84%. No Rio de Janeiro, o
emprego formal elevou-se 13,56%. Outra indicação da boa fase que a construção
atravessa é o consumo de cimento. Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de
Cimento (SNIC), o consumo do produto no Estado foi de 3.594.172 toneladas, com
aumento de 12,02%, em relação a 2005. No plano nacional, verificou-se alta de 8,28%.
Para efeito de cálculo do PIB do Rio de Janeiro, será usado como indicador de
crescimento do valor adicionado da construção a taxa de variação atribuída ao setor no
PIB brasileiro, multiplicada pela razão entre as taxas de crescimento do emprego formal
no Rio de Janeiro e no Brasil. Este procedimento pressupõe que a produtividade do
trabalho seja a mesma, no Estado e no país, hipótese que se justifica pela disseminação
de práticas semelhantes nas diversas regiões geográficas e amplo emprego de mão-de-
obra pouco qualificada. Em termos numéricos, admite-se que cada ponto percentual de
variação na mão-de-obra empregada leva à mesma variação do valor adicionado da
construção no Rio de Janeiro e no Brasil. Vale dizer, a taxa estimada de crescimento da
atividade no estado será de 8,33%.

Serviços Industriais de Utilidade Pública


Esta atividade, identificada pela sigla SIUP, terá seu desempenho, no Rio de
Janeiro, representado pelo consumo dos seguintes itens: gás encanado, água e energia
elétrica. O indicador resulta da média geométrica simples das três taxas de variação. A
partir de dados da Fundação CIDE, apresentados na tabela a seguir, o valor adicionado
deste setor no contexto fluminense registrou acréscimo de 2,8%, em 2006.

Consumo de energia elétrica, água e gás encanado no Rio de Janeiro


2005 2006 Var %
Consumo de energia elétrica (Gwh) 31.566 31.538 -0,1
3
Consumo de água (mil m ) 3.615.156 3.733.082 3,3
3
Consumo de gás encanado (mil m ) 596.505 628.573 5,4
Fonte: Fundação CIDE

Comunicações
No cálculo do PIB, o setor de comunicações é tradicionalmente representado pelo
número de pulsos telefônicos. Na ausência desta informação, optou-se por replicar para o Rio
de Janeiro, a taxa de crescimento observada para o país, de 2,3%, segundo dados do IBGE.

97
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Transportes
O indicador usado para se estimar o desempenho regional deste setor é o
consumo de óleo diesel, uma vez que grande parte dos meios de transporte se utiliza
deste combustível. Em 2006, segundo dados da ANP, as vendas de óleo diesel no Rio de
Janeiro decresceram 6,85%, retrocedendo a níveis próximos aos de 2000. No plano
nacional, também se verificou queda nas vendas, de 6,21%.

Vendas de óleo diesel, Rio de Janeiro e Brasil


3
Mil m
Ano Brasil Rio de Janeiro
1.000 m3 % a.a. 1.000 m3 % a.a.
2002 37.668 1,74 2.253 3,45
2003 36.853 -2,16 2.185 -3,04
2004 39.219 6,42 2.139 -2,08
2005 39.137 -0,21 2.189 2,30
2006 36.708 -6,21 2.039 -6,85
Fonte: ANP

Serviços
O setor de serviços, na presente estimativa, compreende a intermediação
financeira, as atividades imobiliárias e outros serviços, tais como alojamento e
alimentação. O desempenho regional do setor é avaliado por meio da evolução do nível
de emprego, combinado a um indicador de produtividade do trabalho. Em 2006, o nível de
emprego formal no setor de serviços no Estado do Rio de Janeiro, segundo dados do
CAGED do Ministério do Trabalho, elevou-se 3,93%, taxa um pouco inferior à do setor em
termos nacionais, de 4,84%. Ao mesmo tempo, a taxa de crescimento do setor de
serviços, no contexto do PIB brasileiro, segundo o IBGE, foi de 4,25%.
Combinando-se os percentuais de crescimento do valor adicionado e do emprego,
obtém-se um coeficiente indicativo da evolução da produtividade do trabalho no setor. De
acordo com este coeficiente, estimado com base nos parâmetros nacionais, cada ponto
percentual de aumento no nível de emprego formal está associado a 0,88 ponto
percentual de acréscimo da produção do setor de serviços. Considerando que o nível de
produtividade do trabalho no setor de serviços é o mesmo no Estado e no país, como a
taxa de crescimento do emprego neste segmento, no Rio de Janeiro, em 2006, foi de
3,93%, obtém-se como indicador do avanço do valor adicionado setorial a taxa de 3,35%.

Administração Pública
Por convenção metodológica adotada pelo IBGE no cálculo das Contas Nacionais,
as taxas de variação do conjunto de atividades exercidas pelas administrações públicas,
antes estimadas pelo crescimento populacional, são agora avaliadas pelo nível de
emprego. Dessa forma, usando dados do Ministério do Trabalho (CAGED) de 2006,
considerou-se para este setor, que representa aproximadamente 17,1% do PIB regional,
um crescimento de 3,36% no Rio de Janeiro.

98
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

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Consolidação da Estimativa do PIB


A tabela abaixo sintetiza as informações relativas a esta estimativa preliminar para
o crescimento do PIB do Estado do Rio de Janeiro, em 2006. Na primeira coluna,
aparecem as taxas de variação dos indicadores de cada uma das atividades
componentes, relativas a 2006. Destacaram-se pelo bom desempenho a construção, o
comércio e a indústria extrativa. Ao mesmo tempo, registraram perdas as atividades
agropecuária e transportes. A segunda coluna relaciona os percentuais de participação de
cada atividade no PIB. Estes dados, como já mencionado, são fornecidos pelo IBGE e
referem-se a 2004. A indústria extrativa prosseguiu em franca expansão, tendo sua
participação no PIB alcançado 28,2%. A terceira coluna combina multiplicativamente as
informações das duas primeiras, apresentando, para cada atividade, a contribuição à
formação da taxa de variação do PIB. Mais uma vez, evidencia-se o predomínio da
indústria extrativa, responsável por quase a metade do crescimento da economia
fluminense em 2006. Os serviços e a administração pública aparecem em seguida, com
contribuições de 0,65 e 0,57 ponto percentual.

Síntese das contribuições setoriais ao crescimento do PIB fluminense - 2006


Contribuição
Taxa de Participação
Setores (pontos
Crescimento (%) no PIB (%)
percentuais)
Agropecuária -4,64 0,6 -0,03
Indústria Extrativa 5,03 28,2 1,42
Indústria de Transformação 1,17 17,3 0,20
Construção 8,33 5,8 0,48
SIUP 2,83 3,3 0,09
Comércio 6,08 4,6 0,28
Comunicações 2,3 1,9 0,04
Transportes -6,85 1,8 -0,12
Serviços 3,35 19,4 0,65
Administração Pública 3,36 17,1 0,57
Total (PIB) 3,59 100 3,59
Fonte: IBGE, Ministério do Trabalho, ANP, Fundação CIDE.

A taxa de crescimento de 2006 foi quase três pontos percentuais inferior à de 2005,
estimada em 6,42%28. A principal justificativa desta desaceleração foi o recuo da taxa de
crescimento da indústria extrativa, de 14,98%, em 2005, para 5,03%, em 2006. Outro
setor que contribuiu para a menor expansão foi a administração pública, cuja taxa de
crescimento baixou de 7,50% para 3,36%. Estes recuos foram em parte compensados por
acelerações nas atividades de construção, comércio e serviços. O gráfico a seguir
compara as taxas de crescimento setoriais, em 2005 e 2006.

28 - A taxa de 2005 foi recalculada com base nas ponderações de 2004, sendo atualizada em relação à estimativa feita no início de 2006, com pesos de
2003. Houve ainda revisões nas taxas de crescimento das atividades serviços industriais de utilidade pública e administrações públicas, objeto do
Relatório de Parecer Prévio das Contas de Governo de 2005.

99
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Taxas de crescimento das atividades componentes


do PIB do Estado do Rio de Janeiro
%
3,36
Administração Pública
7,50

3,35
Serv iços
2,00

-6,85
Transportes
2,30

2,30
Comunicações
4,30

6,08
Comércio
4,13

2,83
SIUP
9,52

8,33
Construção
1,59

1,17
Indústria de Transformação
-0,62

5,03
Indústria Extrativ a
14,98

-4,64
Agropecuária
-3,42

3,59
PIB
6,42

-10 -5 0 5 10 15 20

2005 2006

Fonte: IBGE, Ministério do Trabalho, ANP, Fundação CIDE

Os cálculos feitos para os anos de 2005 e 2006 podem ser encadeados aos dados
divulgados pelo IBGE, referentes ao período que vai de 2001 a 2004, combinando-se as
taxas de crescimento físico a deflatores setoriais do PIB nacional, ponderados de acordo
com a estrutura da economia fluminense. Através deste encadeamento chega-se ao valor
estimado para o PIB do Estado de Rio de Janeiro, em 2006: R$ 292.737 milhões.

Produto Interno Bruto (PIB), Estado do Rio de Janeiro

Preços Correntes Part. RJ/BR Taxa de Crescimento


(R$ Milhões) ( %) Real (%)
2001 148.033 12,3 1,23
2002 170.114 12,6 4,67
2003 190.384 12,2 -0,10
2004 222.564 12,6 1,87
2005* 259.283 12,1 6,42
2006* 292.737 12,6 3,59
Nota: * Dados estimados pela FGV
Fonte: IBGE (até 2004) e FGV (2005 e 2006).

100
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

PIB per capita


Em 2004, último ano para o qual existem estimativas do IBGE, que permitem
comparações interestaduais, o PIB per capita do Rio de Janeiro era o maior entre os
estados, atrás apenas do Distrito Federal. Em comparação à média nacional, o PIB
fluminense por habitante era 50,46% superior. A distância se ampliou: em 2001, era de
46,35%. Em relação a São Paulo, a superioridade era de 6,66%, desvio que também se
elevou. Dividindo o valor do PIB estadual, estimado pela FGV, pela população residente
de 15.561.720 habitantes, segundo o IBGE, chega-se à cifra de R$ 18.811,35 para o PIB
per capita do Estado do Rio de Janeiro, em 2006.

PIB per capita, Brasil e estados selecionados – 2004

R$

DF 19.071

RJ 14.639

SP 13.725

RS 13.320

AM 11.434

ES 10.289

BR 9.729

MG 8.771

5.000 10.000 15.000 20.000


Fo nte: IB GE

Petróleo e Derivados
A produção de petróleo no Estado do Rio de Janeiro, em 2006, apresentou
crescimento de 5,6%, em relação ao ano de 2005, aumento similar ao apresentado
pelos demais estados. Com isto, a participação fluminense sobre o total de petróleo
extraído no país manteve-se em 84,2%. O desempenho ao longo de 2006 foi
irregular, com taxas entre 16,1%, no primeiro trimestre, e 0,1%, no segundo. O ano
terminou com a produção em rota de normalização, ainda que a uma taxa modesta,
de 4,7%, no terceiro trimestre.

101
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Produção de petróleo, Brasil e Rio de Janeiro


Barris
Variação
2005 Participação 2006 Participação
Trimestre 2006/2005 (%)
Rio de 2005 (%) Rio de 2006 (%) Rio de
Brasil Brasil Brasil
Janeiro Janeiro Janeiro
1º 135.914.019 112.164.132 82,53 152.294.771 130.259.201 85,53 12,05 16,13
2º 153.600.514 129.946.169 84,60 155.222.695 130.043.789 83,78 1,06 0,08
3ª 152.503.708 128.660.708 84,37 158.261.077 132.187.023 83,52 3,78 2,74
4º 154.236.383 131.000.594 84,93 163.018.865 137.137.228 84,12 5,69 4,68
Ano 596.254.624 501.771.603 84,15 628.797.408 529.627.242 84,23 5,46 5,55
Fonte: ANP

O gráfico a seguir mostra a evolução na produção de petróleo, entre 2000 e 2005.


Observa-se que, em 2003 e 2004, a produção ficou praticamente estacionada, chegando
a apresentar, em 2004, pequena queda29 na comparação com 2003. O crescimento de
2005 devolveu à produção fluminense a dinâmica que havia se tornado característica da
atividade, durante mais de 10 anos, mas o ritmo não se sustentou em 2006.

Produção de petróleo, Rio de Janeiro e Brasil


M ilhõ es de B arris
650

600
RJ BR
550

500

450

400

350

300

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Fonte: ANP

Acompanhando a extração de petróleo, a produção de gás natural no Estado do


Rio de Janeiro desacelerou-se, em 2006. A taxa de crescimento de 3,14% foi o resultado
de forte expansão no primeiro trimestre, que ainda reproduziu o ritmo alcançado em 2005,
seguida de taxas modestas e até negativas nos trimestre posteriores. O aumento da
produção de gás natural, com vistas à auto-suficiência, tornou-se objetivo ainda mais
estratégico, após a crise com a Bolívia, que em meados de 2006 nacionalizou
investimentos brasileiros, desincentivando, pelo aumento da incerteza, novas inversões
naquele país.

29 - No Rio de Janeiro, a queda foi de 0,69% e no Brasil, de 0,98%.

102
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Produção de gás natural, Brasil e Rio de Janeiro


3
m
Variação 2006/2005
2005 Participação 2006 Participação
Trimestre (%)
Rio de 2005 (%) Rio de 2006 (%) Rio de
Brasil Brasil Brasil
Janeiro Janeiro Janeiro
1º 4.251.938 1.795.827 42,24 4.268.713 2.051.691 48,06 0,39 14,25
2º 4.532.065 2.068.013 45,63 4.482.608 2.010.787 44,86 -1,09 -2,77
3ª 4.446.082 2.003.208 45,06 4.499.019 2.036.594 45,27 1,19 1,67
4º 4.469.116 2.100.135 46,99 4.455.821 2.118.604 47,55 -0,30 0,88
Ano 17.699.201 7.967.183 45,01 17.706.161 8.217.676 46,41 0,04 3,14
Fonte: ANP

Economia Regional e Local


Os números definitivos e abertos por município em 2006 somente estarão disponíveis
no ano 2008, cabendo, portanto, analisar os dados do PIB estadual, regional e local até 2005.
A Fundação CIDE utiliza metodologia diversa daquela adotada pelo IBGE e pela FGV,
apresentada na introdução deste capítulo.
O PIB do Estado em 2005, a preços básicos, de acordo com a CIDE, foi de R$263,8
bilhões, dos quais a capital e a Bacia de Campos participaram com 63,4% do total.
A capital do Estado, com PIB a preços básicos de R$105,8 bilhões em 2005, liderou em
todos os setores da economia estadual naquele ano, com exceção da agropecuária.
O total dos setores da economia, antes da imputação de intermediação financeira,
alcançou R$270,8 bilhões em 2005, R$63,0 bilhões somente na Bacia de Campos.
Na agropecuária, destacam-se, pela ordem: Campos dos Goytacazes, Sumidouro,
Trajano de Morais, Itaperuna, Barra do Piraí, São José do Vale do Rio Preto e Macaé. Este
setor somou um produto de R$1,1 bilhão.
Quanto à extração de outros minerais, o setor somou R$138 milhões. O município do
Rio de Janeiro tem 8 vezes a produção do segundo colocado, Quatis, seguidos por Itaguaí e
São Francisco de Itabapoana. Em outro patamar estão Tanguá, Seropédica, São Gonçalo,
Macaé, Italva e Cantagalo.
A indústria de transformação é mais presente na capital, em Duque de Caxias e Volta
Redonda. Porto Real, Resende, Barra Mansa, Belford Roxo e Niterói são outros municípios
que têm mais de R$ 1 bilhão de produção na indústria de transformação, que totalizou R$50,3
bilhões.
O comércio é mais forte na capital e em Duque de Caxias, seguidos de Macaé, Niterói,
Nova Iguaçu, São Gonçalo e Campos dos Goytacazes. Os setores atacadista e varejista
somaram R$14,6 bilhões.
A construção civil tem a capital 13 vezes maior que o segundo colocado: São Gonçalo.
Duque de Caxias e Petrópolis são fortes produtores, seguidos de Mesquita, Niterói, São João
de Meriti e Nilópolis. O setor alcançou R$16,9 bilhões.

103
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Nos serviços industriais de utilidade pública, a capital é 3,5 vezes maior que Piraí,
seguida por Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Duque de Caxias e Carmo. No total, o produto
deste setor somou R$10,6 bilhões.
Nos transportes, cujo produto somou R$10,8 bilhões, após a capital seguem Macaé,
Duque de Caxias, Niterói, Nova Iguaçu, Volta Redonda, São Gonçalo e Itaguaí.
As comunicações apresentam destaque na capital, 12 vezes maior que Niterói, seguido
por Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Macaé, Petrópolis, Campos e São João de Meriti. Seu
produto alcançou R$9,3 bilhões em 2005.
Mais de oitenta por cento das instituições financeiras concentram sua produção na
capital, seguida por Niterói, Duque de Caxias, Campos dos Goytacazes, Nova Iguaçu, Volta
Redonda, São Gonçalo, Macaé, Petrópolis e Nova Friburgo. Este setor somou um produto de
R$5,2 bilhões.
Quanto à Administração Pública, o setor somou R$16,0 bilhões. Após a capital, têm
maior produção São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, seguidos de Belford Roxo,
Niterói, São João de Meriti e Campos dos Goytacazes.
Os aluguéis totalizaram R$20,2 bilhões, tendo a capital um produto oito vezes mais que
os três seguintes, todos acima de R$1 bilhão: São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu.
Seguem Belford Roxo, Niterói, São João de Meriti e Campos dos Goytacazes.
Em outros serviços, a capital é 18 vezes mais forte que cada um dos três seguintes,
com produto equivalente, casos de Macaé, Niterói e Duque de Caxias. Seguem Petrópolis,
Volta Redonda, Itaguaí e Nova Iguaçu. O setor totalizou R$52,6 bilhões.
Para uma melhor visualização da participação das regiões na economia estadual,
depuramos no gráfico a seguir as participações da capital e da Bacia de Campos, reduzindo-se
o PIB para aquilo que foi produzido apenas nos demais municípios, ou seja, 36,6% dos
R$263,8 bilhões apurados pela Fundação CIDE.

Participação das regiões no PIB 2005


(excluída a capital e a Bacia de Campos - R$ 96,5 bilhões)

Região Noroeste Região Norte Fluminense


Fluminense 9%
2%
Região Serrana
7%

Região das Baixadas


Litorâneas
6%

Região Metropolitana
sem a capital
47%
Região do Médio Paraíba
24%

Região Centro-Sul
Fluminense
Região da Costa Verde 2%
3%

104
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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

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Dos 22 municípios com PIB a preços básicos acima de R$ 1 bilhão em 2005, nove
pertencem à Região Metropolitana (pela ordem: capital, Duque de Caxias, Niterói, São
Gonçalo, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João de Meriti, Mesquita e Magé); dois à
Região Norte (Macaé e Campos); três representam a Região Serrana (Petrópolis, Nova
Friburgo e Teresópolis); a Região das Baixadas Litorâneas é representada por Cabo Frio;
a Região do Médio Paraíba traz cinco municípios (Volta Redonda, Porto Real, Resende,
Barra Mansa e Piraí); e a Região da Costa Verde apresenta Angra dos Reis e Itaguaí.
Naquele mesmo ano, dez municípios tiveram PIB entre R$ 500 milhões e R$ 1
bilhão, sendo três da Região Metropolitana (Itaboraí, Nilópolis e Queimados); Itaperuna
representa a Região Noroeste; Rio Bonito, Araruama e Maricá, a Região das Baixadas
Litorâneas; Barra do Piraí e Itatiaia, o Médio Paraíba; e Três Rios, a Região Centro-Sul
Fluminense.
Entre R$ 200 e R$ 500 milhões de PIB, encontravam-se 18 municípios:
Seropédica, Japeri, Paracambi e Guapimirim da Região Metropolitana; Santo Antônio de
Pádua e Bom Jesus do Itabapoana da Região Noroeste; Cantagalo e Carmo da Região
Serrana; Rio das Ostras, Cachoeiras de Macacu, São Pedro da Aldeia, Saquarema,
Armação dos Búzios e Casimiro de Abreu da Região das Baixadas Litorâneas; Valença
do Médio Paraíba; Paraíba do Sul da Região Centro-Sul; Mangaratiba e Paraty da Região
da Costa Verde.
Entre R$ 100 e R$ 200 milhões, havia 18 municípios; entre R$ 50 e R$ 100
milhões, 17; e sete produziram menos de R$ 50 milhões.
No gráfico que segue, pode-se verificar os desempenhos dos municípios da região
de Rio das Flores, entre 2000 e 2005.

Comparativo da evolução do PIB a preços básicos (R$ mil correntes)

2000 2001 2002 2003 2004 2005


10 751 986
Volta Redonda
337 846
Valença
59 756
Rio das Flores
86 294
Rio Claro
3 107 367
Resende
68 374
Quatis
3 214 733
Porto Real
1 697 897
Piraí
91 930
Pinheiral
653 111
Itatiaia
2 582 275
Barra Mansa
929 543
Barra do Piraí

2 000 000 4 000 000 6 000 000 8 000 000 10 000 000 12 000 000

105
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

A composição do PIB de Rio das Flores, em 2005, corresponde ao gráfico a seguir:

Agropecuária
Outros serviços 6,6%
34,0%
Ind.extrativa
0,0%

Ind.transformação
1,6%

Construção civil
15,3%

Aluguéis
17,9% SIUP
4,0%
Transportes
Adm.pública 3,0%
14,2%
Comunicações
Inst.financeiras 0,9%
0,3%

Já a produção dos setores apresentou os seguintes desempenhos no período


2000-2005 30:

Evolução do PIB por setor (R$ mil correntes)

2000 2001 2002 2003 2004 2005

SIUP

Construção civil

Comércio

Ind.transformação

Ind.extrativa

Agropecuária

2 000 4 000 6 000 8 000 10 000 12 000

30 - Em 2000, o setor Transportes engloba Comunicações. Dados setoriais sem imputação de intermediação financeira.

106
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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

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Evolução do PIB por setor (R$ mil correntes)

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Outros serviços

Aluguéis

Adm.pública

Inst.financeiras

Comunicações

Transportes

5 000 10 000 15 000 20 000 25 000

Para concluir o presente capítulo, a tabela a seguir apresenta a produção por setor
econômico em Rio das Flores no ano 2005 e sua posição frente aos demais 91
municípios do Estado nos últimos seis anos.

Ranking no ano Valor PIB em 2005


Setor econômico
2000 2001 2002 2003 2004 2005 (R$ mil)
Agropecuária 54 31 44 40 41 62 4 074
Extração de outros minerais 57 60 60 63 52 56 14
Indústria de transformação 82 72 71 76 89 84 999
Comércio 69 81 67 72 76 83 1 281
Construção civil 47 68 64 78 70 70 9 405
Serviços industriais de utilidade 2 427
82 84 83 86 91 88
pública
Transportes 80 73 67 73 78 64 1 861
Comunicações 80 92 90 88 90 91 538
Instituições financeiras 84 84 85 87 91 90 180
Administração pública 80 83 85 90 89 88 8 712
Aluguéis 89 90 90 90 89 88 10 966
Outros serviços 47 51 54 51 51 51 20 872
Total dos setores 61 328
Imputação de intermediação financeira - 1 572
PIB a preços básicos 80 80 83 84 83 82 59 756
Notas: - significa atividade não identificada naquele ano pela Fundação CIDE no município. Em 2000, Transportes e
Comunicações sempre estarão na mesma posição, pois um englobava o outro. Para o PIB de 2005, a Fundação CIDE uniu
Comércio Atacadista e Comércio Varejista, tendo sido somados os valores de ambos os setores nos anos anteriores para
possibilitar o comparativo do ranking.

107
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

31
V - INDICADORES FINANCEIROS

O presente capítulo atém-se tão-somente à análise do desempenho econômico-


financeiro da administração direta do município, com base em números fornecidos pelo
próprio nas prestações de contas de administração financeira encaminhada ao Tribunal
de Contas para emissão de parecer prévio, não abordando questões de legalidade,
legitimidade e economicidade, objeto de avaliação pelo Corpo Deliberativo do TCE-RJ. A
administração direta pode não contemplar todas as receitas recebidas por outros órgãos
municipais diretamente fundo a fundo ou via receita própria de entidades da
administração indireta.
A evolução e a composição das receitas e despesas no período de 2001 a 2006
são demonstradas nos gráficos abaixo, lembrando que as cifras apresentadas neste
capítulo são em valores correntes.

Mil reais
Evolução da receita realizada
20.000

18.000

16.000

14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Receitas de Capital 1.154 6.007 4.051 5.064 1.784 3.750
Receitas Correntes 9.066 9.763 10.383 12.474 12.598 15.116
Receita Total 10.220 15.771 14.434 17.538 14.382 18.866

Mil reais
Evolução da despesa realizada
20.000

18.000

16.000

14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Despesas de Capital 2.115 8.643 3.723 6.001 2.395 2.934
Despesas Correntes 8.716 8.839 9.993 13.080 12.736 16.325
Despesa total 10.831 17.481 13.716 19.080 15.131 19.259

31 - Fontes: Prestações de Contas 2001 a 2005 – dados revisados em relação à edição anterior – 2006 - Ofício nº308/07 – números consolidados;
Anuários CIDE 2001 a 2006; Fundação CIDE: ICMS arrecadado; IBGE: projeção de população 2001 a 2006.

108
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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

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A receita realizada aumentou 85%, enquanto que a despesa cresceu 78% entre
2001 e 2006.
Com relação à composição das receitas correntes, os gráficos a seguir apresentam
sua evolução no período de seis anos em análise:

2001 2002
Royalties Receita de Receita Royalties Receita de
Receita 1,8% Patrimonial
Serviços Receita Tributária 2,4% Serviços Outras receitas
Receita Tributária Patrimonial 0,9% 3,4% correntes
2,8% 6,9%
6,6% 0,7% 0,9%
Outras receitas
correntes Transferências
0,8% Correntes da
União
Transferências 20,5%
Correntes da
Transferências
Transferências União
20,9% Correntes do
Correntes do Estado
Estado 65,1%
66,4%

2003 2004
Receita Patrimonial Receita de Receita de
Receita Royalties 1,8% Royalties contribuição Serviços
Receita Tributária Receita de
Patrimonial 2,9% Receita Tributária 2,9% 0,0% 0,9%
9,6% Serviços
2,3% 6,8%
0,0% Outras receitas
Outras receitas
correntes
correntes 5,9%
3,1%

Transferências Transferências
Transferências Correntes do Correntes da União
Transferências Correntes da Estado 19,4%
Correntes do União 62,4%
Estado 17,9%
64,1%

2005 Receita de 2006


Receita Receita de
Receita contribuição
Royalties Patrimonial Royalties contribuição
Receita Tributária Patrimonial 0,0% Receita de Receita Tributária Receita de
3,6% 0,7% 3,8% 0,0%
7,2% 0,7% Serviços 5,8% Serviços
1,1% 1,0%
Outras receitas Outras receitas
correntes correntes
2,8% 2,4%

Transferências
Transferências Transferências Correntes da
Transferências Correntes do
Correntes do Correntes da União
União Estado 26,2%
Estado 60,1%
62,9% 21,8%

Pode-se observar predominância das transferências correntes e dos royalties, já


que a receita tributária representa 5,8% do total no ano 2006. Os dados consolidados de
2006 trazem transferências do SUS fundo a fundo, aumentando a participação das
transferências correntes da União.
O montante transferido pela União e pelo Estado ao município observou a seguinte
evolução:

109
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Evolução das Transferências


Mil reais da União e do Estado
18.000

16.000

14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

0 2001 2002 2003 2004 2005 2006


Correntes e de capital 9.017 14.335 12.561 15.258 12.439 16.623

Na análise da evolução das transferências totais da União e do Estado para o


município, verificamos um aumento de 84% entre 2001 e 2006, enquanto que a receita
tributária teve um crescimento de 47% no mesmo período.

Evolução e Composição das Receitas Tributárias


Mil reais
1.200

1.000

800

600

400

200

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006

IPTU 58 59 76 81 97 108
ITBI 45 45 41 57 41 24
ISS 406 479 768 679 735 720
Taxas 87 89 112 30 34 22
Contr.de Melhoria - - - - - 2
Total 596 672 997 846 907 878

De acordo com o gráfico acima, o município apresentou uma evolução na receita


tributária beneficiada pelo aumento de 77% na arrecadação de ISS. Também houve
acréscimo de 88% na receita de IPTU, contra quedas de 46% no ITBI e de 74% nas
taxas.

110
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ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Evolução e Composição das


Mil Reais Transferências da União
4.500

4.000

3.500

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006

FPM 1.395 1.455 1.517 1.661 2.067 2.277


IRRF 30 27 27 42 55 61
ITR 10 10 10 10 9 10
ICMS Exportação 113 114 91 106 118 75
Outras 351 393 215 596 492 1.534
Total 1.898 1.999 1.860 2.415 2.740 3.957

As transferências correntes da União 32 cresceram 108% no período, com aumento


de 63% no repasse do Fundo de Participação dos Municípios e de 337% em Outras
Transferências.

Evolução e Composição das


Mil Reais
Transferências do Estado
10.000

9.000

8.000
7.000

6.000

5.000

4.000

3.000
2.000

1.000

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006

ICMS 4.975 5.063 5.459 6.148 6.330 7.082


IPVA 75 78 81 80 95 83
IPI 56 57 68 101 118 145
FUNDEF 912 927 1.024 1.142 1.223 1.424
Outras - 228 29 310 156 344
Total 6.018 6.353 6.661 7.780 7.922 9.080

A evolução das transferências correntes do Estado foi de 51% no período, tendo


contribuído para tanto um aumento de 42% no repasse do ICMS e o crescimento de 56%
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério - FUNDEF.

32 - A partir de 2002, a receita de Imposto de Renda retido na fonte – IRRF, passou a ser contabilizada como receita tributária do município. Para
preservar a série, no entanto, o IRRF segue alocado como Transferência Corrente da União.

111
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Os indicadores a seguir são úteis para melhor interpretação das finanças públicas
da administração direta municipal.

1) Indicador de equilíbrio orçamentário em 2006:

receita realizada = R$ 18.865.641 = 0,9796


despesa executada R$ 19.258.994

Este quociente demonstra o quanto da receita realizada serve de cobertura para a


despesa executada.
A interpretação objetiva desse quociente nos leva a considerar que há R$ 97,96
para cada R$ 100,00 de despesa executada, apresentando déficit de execução.
Para os exercícios anteriores, o gráfico a seguir apresenta sua evolução,
demonstrando desequilíbrio orçamentário em cinco dos seis anos em análise.

Indicador de equilíbrio orçamentário

1,20
1,0523
0,9436 0,9192 0,9505 0,9796
1,00 0,9021

0,80

0,60

0,40

0,20

0,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006

2) Indicador do comprometimento da receita corrente com a máquina


administrativa em 2006:

despesas de custeio = R$ 16.265.044 = 1,08


receitas correntes R$ 15.115.781

Este indicador mede o nível de comprometimento do município com o


funcionamento da máquina administrativa utilizando-se recursos provenientes das
receitas correntes.
Do total da receita corrente, 108% são comprometidos com despesas de custeio. O
gráfico a seguir apresenta a evolução desse indicador desde 2001.

112
TCE
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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Indicador do comprometimento da receita


corrente com a máquina administrativa

1,2 1,0 1,0


0,9 1,0
1,0 0,9
0,7
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
200 200 200 200 200 200

As despesas de custeio destinam-se à manutenção dos serviços prestados à


população, inclusive despesas de pessoal, mais aquelas destinadas a atender a obras de
conservação e adaptação de bens móveis, necessárias à operacionalização dos órgãos
públicos.
Tais despesas tiveram um crescimento de 129% entre 2001 e 2006, enquanto que
as receitas correntes cresceram 67% no mesmo período.
É importante salientar que, na composição das despesas correntes, as
transferências correntes vinham apresentando forte crescimento entre 1999 e 2001,
quando não mais puderam ser contabilizadas transferências intragovernamentais para
entidades da administração indireta municipal, mais conhecidas como transferências
operacionais. O resultado se reflete no aumento expressivo do indicador, uma vez que, a
partir de 2002, tais transferências passaram a ser expressas como despesas de custeio.

3) Indicador da autonomia financeira em 2005:

receita tributária própria = R$ 877.661 = 0,054


despesas de custeio R$ 16.265.044

Este indicador mede a contribuição da receita tributária própria do Município no


atendimento às despesas com a manutenção dos serviços da máquina administrativa.
Como pode-se constatar, o município apresentou uma autonomia de 5,4% no
exercício de 2006. A evolução deste indicador está demonstrada no gráfico a seguir.

113
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Indicador da autonomia financeira

0,120
0,100
0,100
0,084
0,076
0,080 0,071
0,065
0,054
0,060

0,040

0,020

0,000
2001 2002 2003 2004 2005 2006

Houve redução da autonomia municipal, uma vez que a Receita Tributária cresceu
apenas 47% no período, contra 129% de aumento das despesas de custeio.
Conclui-se que houve queda na capacidade do ente em manter as atividades e
serviços próprios da administração com recursos oriundos de sua competência tributária,
o que o torna mais dependente de transferências de recursos financeiros dos demais
entes governamentais.

4) Indicador do esforço tributário próprio em 2006:

receita tributária própria + inscrição líquida na dívida ativa =


receita arrecadada

R$ 877.661 + 373.434 = 0,066


R$ 18.865.641

Este indicador tem como objetivo comparar o esforço tributário próprio que o
município realiza no sentido de arrecadar os seus próprios tributos, em relação às receitas
arrecadadas.
Os recursos financeiros gerados em decorrência da atividade tributária própria do
município correspondem a 6,6% da receita total, enquanto, nos anos anteriores, sua
performance está demonstrada no gráfico a seguir.

114
TCE
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RIO DAS FLORES

Indicador do esforço tributário próprio

0,08
0,0 0,07
0,0 0,06
0,0 0,06
0,0 0,06 0,05
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
200 200 200 200 200 200

Houve redução de 4% neste indicador nos últimos seis anos, apesar dos maiores
volumes inscritos na dívida ativa.
Não resta dúvida que a maior parte da capacidade de investimento do Município
está atrelada ao comportamento da arrecadação de outros governos, Federal e Estadual,
em função das transferências de recursos.
Há de se ressaltar, também, dentro de nossa análise, quanto aos valores que vêm
sendo inscritos em dívida ativa, se comparados com o total da receita tributária
arrecadada nos respectivos exercícios 33. Dentro dos demonstrativos contábeis, não foi
possível segregar a dívida ativa em tributária e não tributária.

Comparativo entre receita tributária e


inscrição na dívida ativa

100%
90%
80%
70%
Participação no
60%
somatório de ambos os
componentes 50%
40%
30%
20%
10%
0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Receita Tributária 596 672 997 846 907 878
Ins crição na Dívida Ativa 110 136 223 222 197 381

O gráfico a seguir apresenta a performance da cobrança da dívida ativa sobre o estoque


pré-existente, já que não é possível apurar a idade das cobranças recebidas no exercício.

33 - Gráficos seguintes com valores em milhares de reais.

115
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Eficácia da Cobrança da Dívida Ativa

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Cobrança no exercício 30 70 69 95 165 121
Estoque anterior 243 324 367 521 648 680

Cabe, ainda, salientar os valores cancelados, como demonstram os gráficos a seguir.

Evolução da Cobrança versus


Cancelamento da Dívida Ativa

100%

80%

60%

40%

20%

0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Cancelamento de dívida ativa - 23 - - - 8


Cobrança no exercício 30 70 69 95 165 121

Evolução do Estoque versus


Cancelamento da Dívida Ativa

100%

80%

60%

40%

20%

0% 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Cancelamento de dívida ativa - 23 - - - 8


Estoque anterior 243 324 367 521 648 680

116
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RIO DAS FLORES

5) Indicador da dependência de transferências de recursos em 2006:

transferências correntes e de capital = R$ 16.622.508 = 0,88


receita realizada R$ 18.865.641

Verifica-se que a receita de transferências representa 88% do total da receita do


município. O gráfico a seguir apresenta os valores deste indicador para os anos
anteriores, demonstrando uma constância na dependência do repasse de outros entes da
federação.

Indicador da dependência de
transferências de recursos
Sem royalties Com royalties

1,00 0,90 0,92 0,89 0,90 0,91


0,89
0,80 0,88 0,91 0,87 0,87 0,86 0,88
0,60

0,40

0,20

0,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006

Caso somássemos as receitas de royalties ao numerador acima, a dependência de


recursos transferidos, para o exercício de 2006, subiria para 91%.

transferências correntes, de capital e royalties = R$ 17.197.652 = 0,91


receita realizada R$ 18.865.641

Este indicador reforça os prognósticos, já comentados, a respeito da autonomia


financeira do Município em face de sua dependência das transferências e, mais
recentemente, de royalties que, no gráfico abaixo, estão incluídos na receita própria e
representaram R$ 164 mil em 2001, R$ 237 mil em 2002, R$ 300 mil em 2003, R$ 359 mil
em 2004, R$ 448 mil em 2005 e R$ 575 mil em 2006.
Como indica o gráfico a seguir, não houve melhora na relação Receita
própria/Transferências.

117
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Comparativo entre transferências


de outros entes e receita própria
Mil reais
18.000
16.000
14.000
12.000
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Total de transferências 9.017 14.335 12.561 15.258 12.439 16.623
correntes e de capital
Receita própria 1.203 1.435 1.873 2.280 1.943 2.243
(tributária e não)
Receita Própria / 13% 10% 15% 15% 16% 13%
Transferências

Já com relação ao ICMS, arrecadado pelo Governo do Estado, verifica-se no


gráfico a seguir o valor arrecadado no município contra o repasse feito pelo Estado
(excluída a parcela do FUNDEF), entre 2001 e 2006.

Comparativo entre ICMS


arrecadado e redistribuído
Mil Reais

8.000

7.000

6.000

5.000

4.000

3.000

2.000

1.000

0 2001 2002 2003 2004 2005 2006


Repasse do Estado 4.975 5.063 5.459 6.148 6.330 7.082
ICMS gerado no município 154 339 453 216 341 373

118
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RIO DAS FLORES

6) Indicador da carga tributária per capita em 2006:

receita tributária própria + cobrança da dívida ativa =


população do município

R$ 877.661 + 121.140 = R$ 117,60/habitante


8.493

Este indicador reflete a carga tributária que cada habitante do município tem em
decorrência da sua contribuição em impostos, taxas e contribuições de melhoria para os
cofres municipais.
Verifica-se que, ao longo do exercício de 2006, cada habitante contribuiu para com
o fisco municipal em aproximadamente 118 reais. Nos exercícios anteriores, tais
contribuições estão expressas em valores correntes no gráfico a seguir, havendo aumento
de 46% no período.

Indicador da carga tributária per capita


Reais

160,0
133,3 128,1
140,0
114,3 117,6
120,0
94,2
100,0 80,6
80,0
60,0
40,0
20,0
0,00
200 200 200 200 200 200

7) Indicador do custeio per capita em 2006:

despesas de custeio = R$ 16.265.044 = R$ 1.915,11/hab


população do município 8.493

Este indicador objetiva demonstrar, em tese, o “quantum” com que cada cidadão
arcaria para manter a operacionalização dos órgãos públicos municipais.

119
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Caberia a cada cidadão, caso o Município não dispusesse de outra fonte de


geração de recursos contribuir com 1.915 reais em 2006. Nos exercícios anteriores, os
valores estão expressos no próximo gráfico, havendo um aumento de 110% no período
de 2001 a 2006.

Indicador do custeio per capita


Reais

2.500,0
1.915,1
2.000,0
1.587,0 1.517,7
1.500,0 1.251,1
1.122,8
913,3
1.000,0

500,0

0,00
200 200 200 200 200 200

Como já citado no indicador nº 2, os dados acima não levam em consideração as


transferências operacionais (intragovernamentais) para a administração indireta até o ano
2001.

8) Indicador dos investimentos per capita em 2006:

investimentos = R$ 2.628.508 = R$ 309,49/hab


população do município 8.493

Este indicador objetiva demonstrar, em relação aos investimentos públicos


aplicados, o quanto representariam em benefícios para cada cidadão.
Verifica-se que cada habitante recebeu da administração pública, na forma de
investimentos no exercício de 2006, o equivalente a 310 reais em benefícios diretos e
indiretos. O investimento per capita dos anos anteriores está expresso no gráfico que
segue.
Se considerarmos que cada cidadão contribuiu para os cofres municipais com R$
117,60 (Indicador nº 6 – carga tributária per capita), a quantia de R$ 309,49 representaria
praticamente que 2,6 vezes o valor dos tributos pagos pelos cidadãos a eles retornaram
como investimentos públicos.

120
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RIO DAS FLORES

Indicador dos investimentos per capita

Reais

1.200,0 1.077,1
1.000,0
800,0 692,3
600,0 444,9
400,0 260,9 309,4
252,9
200,0
0,0
200 200 200 200 200 200

9) Indicador do grau de investimento em 2006:

investimentos = R$ 2.628.508 = 0,1393


receita total R$ 18.865.641

Este indicador reflete a contribuição da receita total na execução dos investimentos.


Os investimentos públicos correspondem, aproximadamente, a 14% da receita total
do município. A restrição de investimentos ocorre de forma a não comprometer a liquidez
com utilização de recursos de terceiros ou com a própria manutenção da máquina
administrativa, uma vez que, somente com despesas de custeio (Indicador nº 2 -
comprometimento da receita corrente com a máquina administrativa) já compromete-se
108% das receitas correntes.
Esse quociente vem se mantendo em níveis elevados, evidenciando uma parcela
considerável dos recursos públicos direcionados ao desenvolvimento do município.

Indicador do grau de investimento

60% 53,77%

50%

40%
32,48%
30% 24,62%
19,22%
20% 15,17% 13,93%

10%

0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006

121
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

10) Indicador da liquidez corrente em 2006:

ativo financeiro = R$ 995.406 = 0,26


passivo financeiro R$ 3.793.764

Este quociente mede a capacidade da entidade de pagar as suas obrigações com


as suas disponibilidades monetárias.
O quociente acima revela perspectivas desfavoráveis à solvência imediata dos
compromissos a curto prazo assumidos pela Prefeitura, dificultando, ou até mesmo
impossibilitando, a assunção de novos compromissos.
Como o gráfico a seguir aponta, a situação de liquidez do município esteve
delicado nos últimos seis exercícios.

Indicador de liquidez corrente

0,80 0,66
0,70 0,67 0,67

0,60 0,53
0,50
0,40
0,30 0,26
0,20 0,16
0,10
0,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006

122
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RIO DAS FLORES

VI - ROYALTIES DO PETRÓLEO E AS PERSPECTIVAS DE


SUSTENTABILIDADE LOCAL E REGIONAL

A História da Legislação do Petróleo no Brasil


Em 1939 foi descoberta a primeira acumulação brasileira de petróleo, o Campo de
Lobato, no Recôncavo Baiano (BA) que, no entanto, foi considerado não comercial. Um
ano antes já havia sido criado o Conselho Nacional de Petróleo – CNP, e decretada a
propriedade estatal das jazidas de petróleo e do parque de refino. No ano 1941, em
Candeias, também no Recôncavo, foi descoberto o primeiro campo comercial de petróleo
do Brasil. Esta descoberta foi seguida por outras em Sergipe e Alagoas. Contudo, a
consolidação só viria na década de 50, com a campanha de mobilização para o
estabelecimento do monopólio estatal do petróleo.
A Lei nº 2.004, de 3 de outubro de 1953, dispunha sobre a Política Nacional do
Petróleo, estabelecia o monopólio da União Federal sobre as atividades integrantes da
indústria do petróleo e definia as atribuições do CNP. A Lei estabelecia, também, que a
União Federal estava autorizada a constituir empresa estatal para execução do
monopólio, incluindo a execução de quaisquer atividades correlatas ou afins àquelas
monopolizadas.
Surgia assim a Petrobras, constituída em 12 de março de 1954, durante a 82ª
Sessão Extraordinária do CNP. Em 2 de abril de 1954, o Governo Federal aprovava a
decisão com o Decreto nº 35.308, e instituiu a sociedade por ações Petróleo Brasileiro
S.A. – Petrobras. Em seu primeiro ano de existência, a Petrobras contava com uma
produção de 2,7 mil barris por dia, o equivalente a menos de 3% das necessidades
nacionais.
Da criação da empresa, passando pela exploração em alto-mar, com a descoberta
em 1969 do Campo de Guaricema (SE), até 1974, quando foi descoberto o primeiro
campo de Garoupa, na Bacia de Campos, a produção subiu para 178 mil barris por dia,
cerca de 29% do consumo do país. Dia após dia, a Bacia de Campos tornava-se a mais
importante província petrolífera brasileira. Em 1984, a produção era de 500 mil barris por
dia e representava 45% das necessidades nacionais.
A partir de 1984, com as descobertas dos campos gigantes Albacora e Marlim nas
águas profundas da Bacia de Campos, e a descoberta de Roncador em 1996, a Petrobras
mudou de patamar, chegando em 1998 a 1 milhão de barris por dia, cerca de 58% do
consumo nacional e atingindo, em 2002, a produção de 1,5 milhão de barris por dia, ou
seja, 85% das necessidades do mercado brasileiro.
A partir de 2002, na procura por opções de produção, a Petrobras saiu do núcleo
central produtor da Bacia de Campos para norte e para sul, buscando novas frentes
exploratórias nas vizinhas bacias de Santos e Espírito Santo, e bacias ainda pouco
exploradas em suas águas profundas, como as da costa sul da Bahia, Sergipe, Alagoas e
da margem equatorial brasileira. Além do expressivo volume de petróleo descoberto,
foram identificadas novas províncias de óleo de excelente qualidade, gás natural e
condensado, permitindo que o atual perfil das reservas e produção da empresa,

123
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

predominantemente de óleo pesado de menor valor econômico, começasse a mudar para


um de maior valor no mercado mundial de petróleo.
Ao longo de cinco décadas, portanto, a empresa tornou-se líder em distribuição de
derivados no país, num mercado competitivo fora do monopólio da União, colocando-se
entre as maiores empresas petrolíferas do planeta. Detentora de uma das tecnologias
mais avançadas do mundo para a produção de petróleo em águas profundas e
ultraprofundas, a Petrobras alcançou a autonomia brasileira na produção de petróleo em
2006, com a implantação da plataforma gigante P-50 no campo de Albacora Leste.
A Lei nº 7.453, de 27 de dezembro de 1985, sujeitou também a exploração e a
produção de petróleo no mar ao pagamento de royalties, mantendo o mesmo percentual
de 5% da primeira lei do setor: 1,5% da arrecadação aos estados confrontantes com
poços produtores; 1,5% aos municípios confrontantes com poços produtores e àqueles
pertencentes às áreas geoeconômicas dos municípios confrontantes; 1% ao Ministério da
Marinha; e 1% para constituir um Fundo Especial, a ser repartido entre todos os estados e
municípios da Federação.
Acompanhando as mudanças na distribuição dos recursos, com ampliação dos
beneficiários, essa lei estabeleceu que os valores da indenização recebidos pelos
estados, territórios e municípios passariam a ser aplicados, preferencialmente, em
energia, pavimentação de rodovias, abastecimento e tratamento de água, irrigação,
proteção ao meio ambiente e saneamento básico.
Em 1988, a Constituição Federal assegurou aos estados, Distrito Federal,
municípios e órgãos da Administração Direta da União participação no resultado da
exploração do petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de
energia elétrica e outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental,
mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou, então, compensação financeira por essa
exploração; que viria a ser posteriormente instituída pela Lei Federal nº 7.990, de 28 de
dezembro de 1989, e regulamentada pelo Decreto nº 01, de 11 de janeiro de 1991.
De acordo com esse Decreto, a alíquota de 1,5% devida aos municípios
confrontantes e suas respectivas áreas geoeconômicas passou a ser repartida entre os
municípios integrantes da Zona de Produção Principal (60%) 34, os integrantes da Zona de
Produção Secundária (10%) 35, e aqueles integrantes da Zona Limítrofe (30%) 36.
Zona de Produção Principal de uma dada área de produção petrolífera marítima é o
conjunto formado pelos municípios confrontantes com os poços produtores e os
municípios onde estiverem localizadas três ou mais instalações dos seguintes tipos:
• Instalações industriais para processamento, tratamento, armazenamento e
escoamento de petróleo e gás natural, excluídos os dutos. Estas instalações industriais
devem atender, exclusivamente, à produção petrolífera marítima.
• Instalações relacionadas às atividades de apoio à exploração, produção e ao
escoamento do petróleo e gás natural, tais como: portos, aeroportos, oficinas de
manutenção e fabricação, almoxarifados, armazéns e escritórios.

34 - Rateados entre todos, na razão direta da população de cada um, assegurando-se ao município que concentrasse as instalações industriais para
processamento, tratamento, armazenamento e escoamento de petróleo e gás natural 1/3 (um terço) da cota desse item.
35 - Rateados entre eles, na razão direta da população dos distritos cortados por dutos.
36 - Rateados entre eles, na razão direta da população de cada um, excluídos os municípios integrantes da Zona de Produção Secundária.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Por Zona de Produção Secundária entende-se o conjunto dos municípios


atravessados por oleodutos ou gasodutos, incluindo as respectivas estações de
compressão e bombeio, destinados, exclusivamente, ao escoamento da produção de uma
dada área de produção petrolífera marítima. Os trechos dos oleodutos ou gasodutos que
não atendam exclusivamente ao escoamento da produção petrolífera marítima foram
excluídos, da mesma forma que os ramais de distribuição secundários, feitos com outras
finalidades.
Por Zona Limítrofe entende-se o conjunto dos municípios contíguos àqueles que
integram a zona de produção principal, bem como municípios que, embora não atendendo
ao critério da contigüidade, possam ser social ou economicamente atingidos pela
produção ou exploração do petróleo ou do gás natural, segundo critérios adotados pelo
IBGE.
Para cada município integrante da zona de produção principal – por ser
confrontante com um poço produtor marítimo ou porque nele estão localizadas três ou
mais instalações industriais ou de apoio à produção – torna-se necessário identificar os
municípios a ele contíguos, bem como os demais municípios que façam parte de sua área
geoeconômica, pois estes passarão a fazer parte da zona limítrofe à zona de produção
principal.
O IBGE, desde 1986, identifica e classifica as unidades territoriais beneficiadas
com relação à produção marítima de petróleo e gás natural.
A aprovação dessas normas alterou a distribuição dos royalties, incluindo entre os
beneficiários os municípios onde se localizassem instalações de embarque e
desembarque de petróleo ou de gás natural. Para acomodar essa mudança, reduziu-se
de 1% para 0,5% o percentual relativo ao Fundo Especial, destinando-se os demais 0,5%
aos municípios com instalações marítimas ou terrestres de embarque ou desembarque.
A Petrobras deteve o monopólio de exploração das jazidas de petróleo e gás
natural até a promulgação da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, conhecida como Lei
do Petróleo. Com a Lei, foram criados a Agência Nacional do Petróleo - ANP,
encarregada de regular, contratar e fiscalizar as atividades do setor e o Conselho
Nacional de Política Energética - CNPE, órgão formulador da política pública de energia.
A Lei do Petróleo aumentou de 5% para 10% a alíquota básica dos royalties 37, mantendo
inalterados os critérios de distribuição para a parcela do valor dos royalties que
representam os 5% estipulados pela Lei nº 7.990/89, acima resumidos, e introduziu uma
forma diferenciada de distribuição para a parcela que excede os 5%: quando a lavra
ocorre no mar – caso do estado do Rio de Janeiro, deverão ser pagos, desse valor, 22,5%
aos estados; 22,5% aos municípios produtores, confrontantes ou afetados por zona de
influência; 15% ao Ministério da Marinha, para atender aos encargos de fiscalização e
proteção das áreas de produção; 7,5% aos municípios afetados pelas operações de
embarque e desembarque de petróleo e gás natural; 7,5% para a constituição de um
Fundo Especial, a ser distribuído entre todos os estados, territórios e municípios; e, por
fim, 25% ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

37 - A lei prevê que esta alíquota poderá ser reduzida pela ANP até um limite de 5%, tendo em conta os riscos geológicos, as expectativas de produção e
outros fatores.

125
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Os municípios confrontantes com campos petrolíferos de elevada produção e alta


rentabilidade passaram a fazer jus, ainda, às participações especiais, caso de alguns dos
municípios confrontantes com a Bacia de Campos. Diferentemente da forma como são
calculados e pagos os royalties, a participação especial é aplicada sobre a receita líquida
da produção trimestral de cada campo, ou seja, o lucro do campo, que é apurado
deduzindo-se da receita bruta da produção os royalties, os investimentos na exploração,
os custos operacionais, a depreciação e os tributos previstos na legislação em vigor. Os
recursos das participações especiais são calculados por campo, utilizando alíquotas
progressivas, que variam de zero a 40% do lucro, em razão do tempo e da localização da
lavra, segundo o Decreto 2.705/98, sendo os procedimentos detalhados em Portarias da
ANP.
De acordo com a mesma Lei, 40% dos recursos das participações especiais vão
para o estado onde ocorrer a produção em terra ou que seja confrontante com a
plataforma continental onde se realizar a produção e 10% vão para o(s) município(s) com
aquelas mesmas características. Os 50% restantes vão para a União, sendo 40% ao
Ministério de Minas e Energia e 10% ao Ministério do Meio Ambiente.
Por fim, o texto legal ainda em vigor não mais exige que recursos de participações
governamentais se destinem a investimentos. A restrição atual é tão somente para que
não sejam utilizados para pagamento de despesas de pessoal e de dívidas (exceto para
com a União).
Além dessas disposições, a Constituição de 1988 assegurou ao conjunto dos
municípios brasileiros (não só os produtores) a transferência de 25% da parcela do valor
dos royalties até 5% recebida pelos respectivos estados, mediante os mesmos critérios
vigentes de repartição do ICMS, dispositivo regulamentado pelo art. 9 da Lei Federal nº
7.990/89, sendo:
• 75% (¾), no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas
à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios.
• Até 25% (¼), de acordo com o que dispuser Lei estadual.
O valor adicionado (VA), em termos de fórmula matemática é sinônimo de PIB,
uma vez que VA=VP-CI, onde VP é o valor da produção, ou seja, o que foi faturado com
tudo que foi produzido; e o CI é o consumo intermediário, que dá conta daquilo que foi
consumido no processo produtivo, ou, ainda, o valor de compra de um produto e o valor
da revenda. Os valores são fornecidos pelas empresas à Secretaria Estadual de Fazenda,
através da DECLAN anual.
Em síntese, o valor adicionado para cada município, apurado a cada ano,
corresponderá à diferença entre o valor final constante da nota fiscal de venda (saída) das
mercadorias comercializadas pela indústria, pelo comércio e pelo produtor, deduzido o
valor final constante da nota fiscal da compra das mercadorias (entrada), mais o valor dos
serviços prestados no município. Sua apuração para o ano t se dá no ano t-1, com base
no valor adicionado nos exercícios t-2 e t-3. Por exemplo, a apuração de 2007 se dá em
2006, com base em 2005 e 2004.

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A fração correspondente ao ¼ restante dos 25% do ICMS repassados aos


municípios fluminenses obedecem à Lei Estadual/RJ n.º 2664/96, onde são considerados
os seguintes índices:
• Índice de População - (INP): relação percentual entre a população residente no
município e o total da região, segundo o IBGE;
• Índice da Área Geográfica - (INA): relação percentual entre a área geográfica do
município e o total da região, informado pela Fundação Centro de Informações e Dados
do Rio de Janeiro –CIDE;
• Índice da Receita Própria - (INP): relação percentual entre a receita própria
arrecadada com origem em tributos de competência municipal e a arrecadação do ICMS
no município, baseada em dados relativos ao ano civil imediatamente anterior, fornecidos
pelo TCE-RJ;
• Índice de Cota Mínima - (INC): parcela em igual valor para os todos municípios
de uma mesma região;
• Índice de Ajuste Econômico - (IAE): percentual a ser distribuído entre os
municípios de uma mesma região, proporcionalmente à soma inversa dos índices de
população, área e valor adicionado de cada município em relação ao total da região.
Estes recursos de royalties até 5% vêm sendo redistribuídos aos municípios
fluminenses pelo Estado do Rio e não serão objeto de análise neste capítulo por
obedecerem a outras regras de partilha que não aquelas dos royalties repassados
diretamente pela Secretaria do Tesouro Nacional.
O que se apresenta adiante são análises de dados capturados no sítio da ANP,
que não necessariamente coincidem com valores de participações governamentais
mencionados no capítulo anterior, pois não agregam valores repassados pelo Estado e,
portanto, não refletem aquilo que o município declara em sua prestação de contas de
administração financeira.
O Estado do Rio de Janeiro recebeu, entre royalties (até 5%), royalties
excedentes (acima de 5%) e participações especiais, recursos nominais da ordem de
R$1,145 bilhão em 2001; R$1,375 bilhão em 2002; R$2,869 bilhões em 2003; R$3,087
bilhões em 2004; R$4,019 bilhões em 2005; e R$5,102 bilhões em 2006.
Já o conjunto dos municípios fluminenses recebeu em participações
governamentais R$669 milhões em 2001; R$986 milhões em 2002; R$1,487 bilhão em
2003; R$1,640 bilhão em 2004; R$2,117 bilhões em 2005; e R$2,685 bilhões em 2006.

A Evolução das Participações Governamentais entre os Municípios


Fluminenses
O histórico dos municípios beneficiários de royalties, royalties excedentes e
participações especiais tem apresentado significativas mudanças nos anos recentes.
No ano 2001, faziam parte da Zona de Produção Principal – ZPP, os entes
Armação dos Búzios, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Carapebus, Casimiro de
Abreu, Macaé, Quissamã, Rio das Ostras e São João da Barra. Da Zona de Produção

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Secundária – ZPS, estavam aqueles fora da principal que têm o gasoduto passando por
seus distritos: Silva Jardim, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Magé e Duque de
Caxias. Faziam parte da Zona Limítrofe – ZL, um conjunto de outros municípios, sendo
que 32 deles nada recebiam.
Em 2003, quando Angra dos Reis, Duque de Caxias, Rio de Janeiro e Niterói
passaram a integrar a ZPP, os municípios em seu entorno se habilitaram para a ZL,
beneficiando Belford Roxo, Itaboraí, Itaguaí, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu,
Paracambi, Paraty, Queimados, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.
Em 2006, habilitaram-se para ZPS os municípios de Nova Iguaçu, Miguel Pereira,
Paty do Alferes, Vassouras e Rio das Flores, em virtude do gasoduto que segue para
Minas Gerais. Também começaram a receber liminarmente como ZPS os municípios de
Japeri, Piraí, Volta Redonda e Barra Mansa, decorrente do gasoduto que segue para São
Paulo. Em decorrência, os municípios em seu entorno passaram a receber como ZL em
2007: Barra do Piraí, Itatiaia, Mendes, Pinheiral, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro e
Valença.
O mapa a seguir é ilustrativo do quadro de mudanças ocorrido:

No ano 2007, somente não recebem alguma participação governamental os


municípios de Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Três Rios,
todos localizados na Região Centro-Sul Fluminense, marcados em branco no mesmo
mapa.

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Os montantes em royalties e royalties excedentes pagos diretamente pela ANP aos


municípios fluminenses obedeceram a um crescimento expressivo no período, vide na
tabela:
2001 2002 2003 2004 2005 2006
Valores históricos em R$ mil 497.353 736.593 997.787 1.138.917 1.446.811 1.821.494
Crescimento em relação ao ano anterior - 48,1% 35,5% 14,1% 27,0% 25,9%
Crescimento 2006/2001 - - - - - 266,2%

Apenas 17 municípios (quatro da ZPP original, três da ZPP mais recente, outros
quatro da ZPS inicial e seis da ZL) tiveram aumento superior à média de 266,2% entre
2001 e 2006 e uma análise mais pormenorizada deve ser feita à luz dos componentes de
cada um dos elementos dessas rubricas de royalties 38.
Constam desses 17 os municípios de Japeri, Piraí, Volta Redonda e Barra Mansa,
que seguem recebendo como ZL e, também, liminarmente, como ZPS. Tal distorção está
causando perdas nos royalties até 5% de todos os demais municípios. Ao invés de 60%
para a ZPP, estão sendo pagos somente 59,40%; de 10% previstos para ZPS, apenas
9,44%; de 30% para ZL, não mais que 28,31%.
Também inclusos nos mesmos 17 entes estão o primeiro colocado, Niterói, que
teve aumento de participações governamentais da ordem de 46.361% em seis anos; Rio
de Janeiro, 6.437%; e Angra dos Reis, 666%. Duque de Caxias foi o município mais
prejudicado no período, com uma evolução de apenas 56% entre 2001 e 2006.
A entrada para ZPP dos municípios de Angra dos Reis, Duque de Caxias, Niterói e
Rio de Janeiro no ano 2003 fez com que o grupo inicial contemplado pela Bacia de
Campos repassasse pouco mais de 27% dos royalties até 5% para os novos
participantes, bem como que Macaé perdesse 2/3 de sua participação como provedora de
instalações para Angra e a capital. Dos royalties acima de 5%, há 11% deste valor
destinados a municípios afetados por instalações e Macaé cedeu 25% do que recebia
principalmente para Angra dos Reis. Dos 4% desta rubrica destinados a municípios
afetados por zona de influência, os maiores beneficiados foram Mangaratiba e Paraty. O
primeiro teve aumento de 1.355% em participações governamentais e o segundo, que
somente passou a ter alguma compensação em 2003, apresentou crescimento de 348%
em apenas três anos. Os 85% restantes da parcela acima de 5% destinados aos
municípios confrontantes em nada se alterou.
O ingresso em 2006 de novos participantes da ZPS fez com que os integrantes
iniciais da mesma ficassem com 47,4% da cota de 10% dos royalties até 5%. Os novos
integrantes, que nada recebiam até 2006, já participam com mais da metade desse
quinhão. Nada impede que mais um ou outro município ainda venha a se habilitar como
ZPS no futuro.
Os integrantes pioneiros da ZL tiveram que partilhar, no período, com novos
participantes do grupo, que já soma um total de 65 municípios em 2007. Para se ter uma
idéia do tamanho dessa nova divisão, seu incremento de receita ficou pouco acima dos
100%, contra 266% da média no período 2001-2006. Como o rateio considera a

38 - Disponível em http://www.anp.gov.br . Acesso em 04/09/2007.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

população de cada município, aqueles com pequeno contingente populacional foram os


mais prejudicados no processo.
De acordo com dados da ANP, os municípios seguintes faziam parte da Zona
Limítrofe no mês de agosto de 2007, subdivididos em grupos conforme o percentual que
recebem 30% previstos dos royalties até 5%, estando em negrito aqueles que vêm
arrecadando liminarmente, também, como ZPS, conforme citado anteriormente:

Municípios %
Aperibé, Laje do Muriaé, Macuco, São José de Ubá, São Sebastião do Alto e Varre-Sai 1,06
Duas Barras, Santa Maria Madalena, Trajano de Morais e Quatis 1,11
Cardoso Moreira, Italva, Engenheiro Paulo de Frontin e Porto Real 1,17
Cambuci, Carmo, Iguaba Grande, Natividade, Porciúncula e Sumidouro 1,22
Mendes e Rio Claro 1,27
Cantagalo, Conceição de Macabu, Cordeiro, Pinheiral e São José do Vale do Rio Preto 1,32
Arraial do Cabo, Bom Jardim, Itaocara e Piraí 1,38
Mangaratiba, Miracema, Tanguá e Itatiaia 1,43
Paraty 1,48
Bom Jesus do Itabapoana 1,54
Santo Antônio de Pádua e São Fidélis 1,59
Paracambi e São Francisco de Itabapoana 1,64
Rio Bonito e Saquarema 1,69
São Pedro da Aldeia 1,75
Seropédica e Valença 1,80
Maricá 1,85
Araruama, Itaperuna, Japeri, Itaguaí e Barra do Piraí 1,91
Resende 1,96
Queimados 2,01
Teresópolis 2,07
Barra Mansa, Belford Roxo, Itaboraí, Mesquita, Nilópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, São
2,12
Gonçalo, São João de Meriti e Volta Redonda

Já com relação às participações especiais, todas as mudanças ocorridas em nada


alteraram o cálculo de arrecadação dos nove municípios confrontantes, de forma
ortogonal ou paralela com os campos e poços produtores da Bacia de Campos, que
participam dos lucros dos campos de exploração. Os mapas a seguir ilustram esses
critérios.

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RIO DAS FLORES

Como a tabela abaixo demonstra, as participações especiais alcançaram a cifra


total de R$2,9 bilhões nos seis anos analisados, distribuída da seguinte forma:

Participações especiais creditadas (Valores históricos em R$ mil)

Município 2001 2002 2003 2004 2005 2006


Armação dos Búzios 0 818 3.523 3.496 6.204 8.791
Cabo Frio 0 5.157 21.798 22.323 44.403 82.141
Campos dos Goytacazes 88.550 128.735 253.489 264.073 348.834 444.085
Carapebus 660 993 1.671 2.026 2.492 1.841
Casimiro de Abreu 848 1.217 4.826 4.793 13.125 29.821
Macaé 30.503 41.058 72.301 72.110 83.049 92.875
Quissamã 6.668 9.227 17.504 17.840 22.124 17.409
Rio das Ostras 44.267 61.702 114.415 114.134 142.647 178.301
São João da Barra 88 - - - 7.175 8.203
Totais 171.584 248.907 489.528 500.795 670.055 863.467

Em uma primeira análise da série histórica de participações especiais creditadas,


pode-se observar o início de lucratividade dos poços que beneficiam Armação dos Búzios
e Cabo Frio, bem como o atraso que São João da Barra teve em suas receitas devido ao
naufrágio da plataforma P-36 da Petrobras em 2002.
Quando se observa a evolução percentual de tais recursos em relação ao ano
anterior, detectam-se outras questões: as paradas programadas para manutenção das
plataformas em 2004 retardou o ritmo de crescimento de forma acentuada, assim como a
lucratividade dos campos beneficientes para Carapebus e Quissamã caiu
expressivamente em 2006, o que aponta a tabela a seguir:

Variação em relação ao ano anterior

Município 2001 2002 2003 2004 2005 2006


Armação dos Búzios - 3593811% 331% -1% 77% 42%
Cabo Frio - 3204216% 323% 2% 99% 85%
Campos dos Goytacazes - 45% 97% 4% 32% 27%
Carapebus - 50% 68% 21% 23% -26%
Casimiro de Abreu - 43% 297% -1% 174% 127%
Macaé - 35% 76% 0% 15% 12%
Quissamã - 38% 90% 2% 24% -21%
Rio das Ostras - 39% 85% 0% 25% 25%
São João da Barra - -100% - - - 14%

Independentemente da questão do mérito das novas configurações de partilha das


participações governamentais dos municípios fluminenses, constata-se um quadro em
que tais receitas estão sujeitas a mudanças súbitas de regras e a outros fatores exógenos
aos municípios que delas se beneficiam, quais sejam: paradas de operação de
plataformas para manutenção, volume final produzido, cotação do petróleo no mercado
internacional, liminares na justiça, projetos de lei diversos propondo mudanças na atual
legislação etc.

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TRIBUNAL DE CONTAS DO
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RIO DAS FLORES

Além de finitos, por serem decorrentes de atividade extrativa não renovável, esses
recursos são instáveis. Contar com os mesmos para custeio continuado é uma
temeridade. O foco deve ser no investimento para promoção do desenvolvimento
sustentável e em custeio flexível para aprimoramento da gestão pública.

Sustentabilidade Local e Regional


O termo desenvolvimento sustentável surgiu em 1980 e foi consagrado em 1987
pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como
Comissão Brundtland, que produziu um relatório considerado básico para a definição
desta noção e dos princípios que lhe dão fundamento. De acordo com o Relatório
Brundtland, publicado em português com o título “Nosso Futuro Comum”,
‘desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos
recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a
mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de
atender às necessidades e aspirações futuras, [...] é aquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas
próprias necessidades’.
O conceito de desenvolvimento sustentável deve ser inserido na relação dinâmica
entre o sistema econômico humano e um sistema maior: o ecológico. Para ser
sustentável, essa relação deve assegurar que a vida humana possa continuar
indefinidamente, com crescimento e desenvolvimento da sua cultura, observando-se que
os efeitos das atividades humanas permaneçam dentro de fronteiras adequadas, de modo
a não destruir a diversidade, a complexidade e as funções do sistema ecológico de
suporte à vida.
O município tem muitos instrumentos para se planejar. Os três mais importantes
são o Plano Plurianual, o Plano Diretor e a Agenda 21 local.
O Plano Plurianual – PPA, contém as ações prioritárias do governo municipal para
o prazo de quatro anos, definidas em função do rumo que se quer dar à dinâmica
econômica e social; o Plano Diretor – PD, define a destinação das diversas áreas do
território municipal, tendo em consideração seu entorno e especificidades; e a Agenda 21
define um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, com ações de curto, médio e
longo prazos para um determinado território, seja ele o município, um conjunto de
municípios ou uma bacia hidrográfica, dentre outros.
O PPA começa sempre no segundo ano de uma administração e acaba no primeiro
ano da administração seguinte, sendo obrigatório para todos os municípios. Ele influencia
a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, e a Lei Orçamentária Anual – LOA, que
prevêem os gastos do poder municipal ao longo de um ano. A LDO e a LOA só podem ser
aprovadas pela Câmara de Vereadores se estiverem em conformidade com o PPA
municipal.
O PPA municipal, com vistas a maximizar os resultados e melhorar a qualidade dos
gastos públicos, compreende a definição de objetivos, estratégias, recursos e ações,
organizados em programas com metas e indicadores. Desenhado dessa forma, permite o
acompanhamento e a avaliação de sua implementação. Mais que isso, existe a
necessidade dos objetivos de cada programa serem identificados por descrições claras do

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

propósito a atingir, com datas de início e fim, além de pressupor a disponibilidade de


recursos, para que se tenha indicadores que possam mensurar seus impactos e
resultados.
Um dos maiores resultados desse sistema de planejamento se referiria ao aumento
da responsabilidade pelos resultados do administrador público perante a sociedade, bem
como para o crescimento da confiança pública nos serviços prestados. Contudo, o
conteúdo desses instrumentos legais, na maioria dos municípios fluminenses, segue
sendo fictício, pois sua execução tem, indistintamente do porte ou estrutura
organizacional, suplementações e reduções relevantes de créditos orçamentários,
desfigurando o orçamento original da LOA.
Mais recentemente, um novo instrumento de planejamento surgiu com o advento
da Lei Federal nº 10.275/01, conhecida como Estatuto da Cidade, que obriga alguns
municípios a elaborar seu Plano Diretor decenal. Como instrumento básico da política
municipal de desenvolvimento e ordenamento do crescimento urbano, o PD deve
estabelecer as diretrizes e os instrumentos para que a cidade cresça de forma ordenada.
Como abrange todo o território municipal, suas diretrizes também devem se estender aos
outros núcleos urbanos existentes e às áreas rurais.
É função do PD prever como serão usados e ocupados os diversos espaços dos
municípios; definir a área de expansão das indústrias e das atividades econômicas em
geral, propiciando economia de escala e maior competitividade de seus produtos; definir
as áreas de moradias sociais, as quais o poder público poderá destinar às pessoas de
menor renda, cobrando-lhes menos impostos; determinar as áreas que devem ser
preservadas do ponto de vista ambiental e definir as áreas que devem ser adensadas,
pois, assim, a oferta de serviços públicos poderá ser feita com melhor qualidade e menor
custo. Ainda define os locais mais convenientes para instalação de micro e pequenos
negócios, para que os empreendedores tenham mais condições de sucesso e orienta
onde construir escolas, postos de saúde, praças, rodoviárias e aterros de lixo.
O PD também identifica as propriedades e suas atividades econômicas, definindo
os melhores espaços de sua expansão e prevê as tendências de evolução dos pequenos
aglomerados urbanos e as vias de comunicação que deverão ser construídas a médio e
longo prazos. Demarca as áreas de maior potencial hídrico e ricas em recursos naturais,
definindo quais as atividades compatíveis a serem nelas desenvolvidas. Sinaliza os locais
onde podem ser instaladas indústrias, possibilitando, desta forma, que a autoridade
pública tome medidas para erradicar, reduzir ou compensar os malefícios sobre o meio
ambiente. Finalmente, traça o perfil dos bens e imóveis históricos, indicando as
possibilidades de seu aproveitamento turístico.
O PD é uma obrigação legal de todos os municípios brasileiros que, no ano 2000,
tinham mais de 20 mil habitantes. Da mesma forma, é obrigatório nas áreas de especial
interesse turístico, naquelas situadas em zonas de empreendimentos com fortes impactos
ambientais e nos municípios integrantes de Regiões Metropolitanas. No entanto, em
virtude de sua importância para o desenvolvimento planejado e para a melhoria das
condições de vida, é recomendável que todos os municípios elaborem os seus planos,
adaptados às suas condições e especificidades.
Se o PPA municipal explicita as prioridades da ação governamental no período de

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RIO DAS FLORES

quatro anos e o PD define a destinação dos espaços no município em um horizonte de


dez anos, a Agenda 21 Local busca construir um Plano Local de Desenvolvimento
Sustentável que contribua para mudar o modelo de desenvolvimento, como será
explicitado adiante.
O PPA é obrigatório, constitucionalmente, para todos os municípios e o Plano
Diretor, para alguns; a Agenda 21 Local não é exigível por lei. No entanto, é ela que tem
condições de melhor articular os Planos anteriores.
Os princípios do desenvolvimento sustentável estão na base da Agenda 21,
documento aprovado durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 (RIO-92) com vistas
ao século XXI. Esta agenda traz uma nova visão sobre o desenvolvimento, por muito
tempo visto apenas como progresso econômico, integrando as dimensões social,
ambiental e institucional.
Em 1996, especialistas em avaliação do mundo inteiro se reuniram na cidade de
Bellagio, na Itália, e propuseram alguns princípios que servem como orientação para
avaliar e melhorar a escolha, utilização e comunicação de indicadores. Tais Princípios de
Bellagio foram formulados com a intenção de serem usados na implementação de
projetos de avaliação de iniciativas de desenvolvimento, do nível comunitário até as
experiências internacionais, passando pelos níveis intermediários
A Agenda 21 brasileira foi resultado de um planejamento participativo e procura
estabelecer um equilíbrio negociado por meio da construção de propostas pactuadas,
voltadas para a elaboração de uma visão de futuro entre os diferentes atores envolvidos;
condução de um processo contínuo e sustentável; descentralização e controle social; e
incorporação de uma visão multidisciplinar em todas as etapas do processo. Desta forma,
governo e sociedade estarão utilizando este poderoso instrumento de planejamento
estratégico participativo para a construção de cenários consensuais, em regime de co-
responsabilidade, que devem servir de subsídios à elaboração de políticas públicas
sustentáveis, orientadas para harmonizar desenvolvimento econômico, justiça social e
equilíbrio ambiental.
Nossa Agenda 21 define o mesmo número de objetivos prioritários, agrupados em
cinco grandes temas:

Tema I: A economia da poupança na sociedade do conhecimento


1. Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício;
2. Ecoeficiência e responsabilidade social das empresas;
3. Retomada do planejamento estratégico, infra-estrutura e integração regional;
4. Energia renovável e biomassa;
5. Informação e conhecimento para o desenvolvimento sustentável.
Tema II: Inclusão social para uma sociedade solidária
6. Educação permanente para o trabalho e a vida;
7. Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS;

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

8. Inclusão social e distribuição de renda;


9. Universalizar o saneamento ambiental, protegendo o ambiente e a saúde.
Tema III: Estratégia para a sustentabilidade urbana e rural
10. Gestão do espaço urbano e a autoridade metropolitana;
11. Desenvolvimento sustentável do Brasil rural;
12. Promoção da agricultura sustentável;
13. Promover a Agenda 21 Local e o desenvolvimento integrado e sustentável;
14. Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentável.
Tema IV: Recursos naturais e estratégicos: água, biodiversidade e florestas
15. Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias
hidrográficas;
16. Política florestal, controle do desmatamento e corredores de biodiversidade.
Tema V: Governança e ética para a promoção da sustentabilidade
17. Descentralização e o pacto federativo: parcerias, consórcios e o poder local;
18. Modernização do Estado: gestão ambiental e instrumentos econômicos;
19. Relações internacionais e governança global para o desenvolvimento
sustentável;
20. Cultura cívica e novas identidades na sociedade da comunicação;
21. Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade.

O Passo a Passo da Agenda 21 Local pode ser acessado via internet no sítio do
Ministério do Meio Ambiente.
O trabalho de construção de indicadores de desenvolvimento sustentável, realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2004), é inspirado no
movimento internacional liderado pela Comissão para o Desenvolvimento Sustentável
(CSD em inglês) das Nações Unidas, que os organiza nas dimensões ambiental, social,
econômica e institucional preconizados pela RIO-92:
A dimensão ambiental diz respeito ao uso dos recursos naturais e à degradação
ambiental, e está relacionada aos objetivos de preservação e conservação do meio
ambiente. Os indicadores adotados pelo IBGE abrangem:
• atmosfera – consumo industrial de substâncias destruidoras da camada de
ozônio e concentração de poluentes no ar em áreas urbanas;
• terra – uso de fertilizantes, uso de agrotóxicos, terras em uso agrossilvipastoril,
queimadas e incêndios florestais, desflorestamento na Amazônia Legal, área
remanescente e desflorestamento na Mata Atlântica e nas formações vegetais litorâneas,
desertificação e arenização;
• água doce – qualidade de águas interiores;

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TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

• oceanos, mares e áreas costeiras – balneabilidade, produção de pescado


marítima e continental, população residente em áreas costeiras;
• biodiversidade – espécies extintas e ameaçadas de extinção, áreas protegidas,
tráfico, criação e comércio de animais silvestres, espécies invasoras;
• saneamento – acesso a serviço de coleta de lixo doméstico, destinação final do
lixo, acesso a sistema de abastecimento de água, acesso a esgotamento sanitário,
tratamento de esgoto.
A dimensão social corresponde aos objetivos ligados à satisfação das
necessidades humanas. Nesse caso, o IBGE abrange os temas:
• população – taxa de crescimento, população e terras indígenas;
• trabalho e rendimento – índice de Gini da distribuição do rendimento, taxa de
desocupação, rendimento familiar per capita, rendimento médio mensal;
• saúde – esperança de vida ao nascer, taxa de mortalidade infantil, prevalência
de desnutrição total, imunização contra doenças infantis, taxa de uso de métodos
contraceptivos, oferta de serviços básicos de saúde, doenças relacionadas ao
saneamento ambiental inadequado;
• educação – taxa de escolarização, taxa de alfabetização, escolaridade;
• habitação – adequação de moradia;
• segurança – coeficientes de mortalidade por homicídios e por acidentes de
transporte.
A dimensão econômica dos indicadores de desenvolvimento sustentável ocupa-se
com os objetivos da eficiência dos processos produtivos e com as alterações nas
estruturas de consumo orientadas a uma reprodução econômica sustentável a longo
prazo:
• quadro econômico – produto interno bruto per capita, taxa de investimento,
balança comercial, grau de endividamento;
• padrões de produção e consumo – consumo de energia per capita, intensidade
energética (consumo final de energia/PIB), participação de fontes renováveis na oferta de
energia, consumo mineral per capita, vida útil das reservas minerais, reciclagem, coleta
seletiva de lixo, rejeitos radioativos: geração e armazenamento.
A dimensão institucional diz respeito à orientação política, capacidade e esforço
despendido para as mudanças requeridas para uma efetiva implementação do
desenvolvimento sustentável. É desdobrada nos temas:
• quadro institucional – ratificação de acordos globais, existência de conselhos
municipais;
• capacidade institucional – gastos com pesquisa e desenvolvimento, gasto
público com proteção ao meio ambiente, acesso a serviços de telefonia e à internet.
Um outro enfoque é a relação dos indicadores segundo diretrizes para transição ao
desenvolvimento sustentável, desenvolvida pelo IBGE segundo quatro vetores:

137
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Eqüidade
• Classe, gênero, cor e raça: índice de Gini da distribuição do rendimento, taxa de
desocupação, rendimento familiar per capita, rendimento médio mensal, taxa de
escolarização, taxa de alfabetização.
• Necessidades básicas: acesso a serviço de coleta de lixo doméstico, acesso a
sistema de abastecimento de água, acesso a esgotamento sanitário, prevalência de
desnutrição total, oferta de serviços básicos de saúde, adequação de moradia.
Eficiência
• Econômica: destinação final do lixo, tratamento de esgoto, produto interno bruto
per capita, consumo de energia per capita, intensidade energética, consumo mineral per
capita, rejeitos radioativos: geração e armazenamento.
• Social: esperança de vida ao nascer, taxa de mortalidade infantil, doenças
relacionadas ao saneamento ambiental inadequado, coeficientes de mortalidade por
homicídios e por acidentes de transporte.
Adaptabilidade
• Atividade: taxa de investimento, balança comercial, participação de fontes
renováveis na oferta de energia, reciclagem, coleta seletiva de lixo.
• Capacidade: escolaridade, existência de conselhos municipais, gastos com
pesquisa e desenvolvimento, gasto público com proteção ao meio ambiente, acesso a
serviços de telefonia e à internet.
Atenção a gerações futuras
• Legado ambiental: consumo industrial de substâncias destruidoras da camada
de ozônio e concentração de poluentes no ar em áreas urbanas, uso de fertilizantes, uso
de agrotóxicos, terras em uso agrossilvipastoril, queimadas e incêndios florestais,
desflorestamento na Amazônia Legal, área remanescente e desflorestamento na Mata
Atlântica e nas formações vegetais litorâneas, desertificação e arenização, qualidade de
águas interiores, balneabilidade, produção de pescado marítima e continental, população
residente em áreas costeiras, espécies extintas e ameaçadas de extinção, áreas
protegidas, tráfico, criação e comércio de animais silvestres, espécies invasoras.
• Legado socioeconômico: taxa de crescimento da população, população e terras
indígenas, imunização contra doenças infantis, taxa de uso de métodos contraceptivos,
grau de endividamento, vida útil das reservas minerais, ratificação de acordos globais.
O conceito de desenvolvimento auto-sustentado é constantemente atrelado ao de
desenvolvimento endógeno ou local, entendido como processo endógeno de mobilização
das energias sociais em espaços de pequena escala (municípios, localidades,
microrregiões) que implementam mudanças capazes de elevar as oportunidades sociais,
a viabilidade econômica e as condições de vida da população. Para que o
desenvolvimento sustentado se conecte ao local, a gestão pública deve ser
democratizada e descentralizada, buscando a participação dos atores sociais para a
construção de um processo de planejamento que possibilite atuar numa perspectiva de
longo prazo.

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TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

O governo local deve estar preparado tanto política como tecnicamente para
processar e dar resposta às demandas e reivindicações que surgem do movimento social.
Esse é um grande desafio, pois os governos em geral, mesmo os democráticos, são
marcados pela centralização do poder e as decisões não são divididas com a sociedade,
que se mantém alheia, não exercendo sua cidadania.
Qualquer município pode estabelecer seu tripé estratégico para um salto efetivo de
qualidade na gestão pública e na vida de seus cidadãos. No bojo da questão da
sustentabilidade, inúmeros são os indicadores disponíveis, mas não todos, o que
demanda ênfase do gestor local a melhor conhecer dados e informações de sua
municipalidade para melhores tomadas de decisão.
A aplicação dos recursos de royalties não necessariamente está sendo realizada
para garantir a sustentabilidade e criar alternativas de desenvolvimento econômico para
além do petróleo. Como muitos não são obrigados a adotar as ferramentas de
planejamento do Plano Diretor e da Agenda 21, é bem provável que tais recursos
adicionais finitos, se mal aproveitados, venham a perenizar sua condição atual.
Pudemos apontar, ao longo deste estudo, que alguns indicadores sociais e
econômicos não têm apresentado melhoras significativas. Os indicadores financeiros
apontam para uma tendência de carrear as participações governamentais para custeio da
máquina administrativa municipal, em detrimento dos investimentos. A constatação de
que a maioria dos municípios tem privilegiado o custeio em detrimento dos investimentos
com recursos dos royalties enseja outra questão: a qualidade do custeio é fundamental
para a sustentabilidade das economias locais, seja na prestação de serviços de
educação, saúde e assistência social, seja na capacitação do funcionalismo público e da
própria população local para diversificação de atividades e atração de empresas com fins
à geração de trabalho e renda – principalmente para o jovem em busca de seu primeiro
emprego. Tais ações requerem maior transparência na prestação de contas à sociedade,
planejamento participativo e adoção de políticas públicas harmonizadas e consistentes.
Uma das referências para avaliação do esforço que o município efetua para o
desenvolvimento sustentável é o indicador de grau de investimento, que reflete a
participação dos investimentos na receita total.
Constata-se, outrossim, que a maioria dos municípios carecem de centralidade e
vantagem locacional, riqueza e potencial de consumo, facilidades para negócios, infra-
estrutura para grandes empreendimentos, dinamismo e cidadania.
Nas considerações finais do estudo sobre o IQM-2005, a Fundação CIDE aponta
que o crescimento da economia fluminense dissociado das práticas de planejamento
governamental cria espaços de concentração de capital, trabalho e população excluída
desse processo, que, na esperança de melhores meios de sobrevivência, desloca-se em
direção aos centros mais dinâmicos, gerando bolsões de pobreza. Até pouco tempo,
estes centros atraíam principalmente população do campo, em decorrência da pequena
participação do setor agrícola na economia do Estado. Atualmente, é cada vez maior o
contingente populacional que migra de um centro urbano para outro em busca de
melhores oportunidades. Sem o planejamento e o zoneamento necessários, estes centros
não conseguem absorver este contingente demográfico, deparando-se com carências na
oferta de emprego e moradias e outros benefícios sociais, como educação e saúde.

139
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Por conseguinte, cada caso é um caso e tal processo deve ser avaliado
pormenorizadamente. Cada gestor precisa conhecer quem, como, quando e porque ali
está residindo um cidadão que não necessariamente tem título eleitoral local.
A administração pública, por sua vez, em muitos casos se apresenta
desproporcional quando comparados os rankings de cada município no PIB estadual com
sua posição em relação ao valor do setor econômico Administração Pública local frente às
demais economias fluminenses, o que demonstra inchaço na maioria de suas estruturas.
Para finalizar estas ponderações, deve ser salientado que o conjunto dos
municípios receberam, diretamente da ANP, um total da ordem de R$9,6 bilhões entre
2001 e 2006. Uma cifra desta monta é bem diferente do total médio de R$17 milhões
recebidos por município nos seis anos. Sem dúvida que a consorciação é uma solução
que traria oportunidades exponenciais.
Se os municípios trabalharem em projetos conjuntos com seus vizinhos diretos ou
pertencentes à mesma região, as cifras superam a centena de milhões de reais por ano.
Se fizerem suas reivindicações frente às demais esferas governamentais do Estado e da
União como um só bloco, ou em blocos unos, os benefícios permanentes e a perspectiva
de implantar-se um desenvolvimento sustentável se aproximam do factível, podem tornar-
se reais em curto prazo.
As demais esferas de governo deveriam adotar outras políticas públicas que se
façam necessárias com a maior urgência, até mesmo para contemporizar eventuais
divergências de caráter político-eleitoral.
Maior flexibilização e melhor adaptação no fornecimento de bens públicos
atribuídas ao gestor municipal não têm sido objeto de ações efetivas em prol do
desenvolvimento econômico. Em muitos municípios, os setores tradicionais não
conseguiram acompanhar as mudanças na organização e na infra-estrutura produtiva
verificadas em outros pontos do território fluminense e demandam que o Estado seja
indutor do desenvolvimento. Este é o papel maior a ser desempenhado pelos
administradores municipais.
O Estado pode formular e perseguir objetivos que não sejam apenas reflexos das
demandas de grupos de interesse para que predominem as transformações econômicas.
O mandatário do executivo e os legisladores detêm o poder de propor mudanças, seu
domínio é decorrente dos mandatos que receberam e é legítimo que façam com que
sejam incluídas na agenda pública as políticas públicas que se façam necessárias.
As principais políticas públicas a serem incluídas, todavia, são o planejamento
eficaz, uma burocracia de Estado moderna, disciplina fiscal e mecanismos de participação
do cidadão. Estes podem ocorrer não apenas no modelo de orçamento participativo todos
os anos, mas nas discussões para elaboração, pela ordem, da Agenda 21, do Plano
Diretor e do próximo PPA, já que o existente será substituído por outro somente em 2009.
Estes últimos se traduzem no planejamento eficaz.
Razoabilidade técnica, convergência de valores e antecipação de futuras limitações
fazem com que essas idéias possam prosperar. As mudanças socioeconômicas e,
principalmente, tecnológicas ocorridas nas últimas décadas terão que modificar o estilo de
gestão dessas organizações e suas culturas. A burocracia deve dar lugar à flexibilidade, à
gestão por diretrizes, ao compartilhamento da informação, à distribuição das atividades de

140
TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

acordo com as habilidades, à ênfase no trabalho coletivo e ao uso de intuição, criatividade


e inovação, somados à razão e à lógica.
O estilo de gerência centralizador e autoritário passa para uma forma mais
participativa onde as atribuições são delegadas e resultam em novos procedimentos.
Cada vez mais, exige-se a competência nas relações interpessoais, na humanização das
relações na cultura organizacional.
A cada dia que passa, o setor público se defronta com novos desafios. O
paradigma gerencial contemporâneo requer formas flexíveis de gestão, descentralização
de funções, redesenho de estruturas e criatividade de seus recursos humanos.
Nesse novo modelo, torna-se imprescindível que as administrações públicas
federal, estadual e municipal estejam preparadas para enfrentar esta fase de mudanças
contínuas, com vistas à maior qualidade e à melhor produtividade de suas ações,
mediante a adoção de modelos gerenciais capazes de gerar resultados junto à população.
A experiência brasileira de governança local tem sido marcada por forte inovação
institucional e por um complexo sistema de relações intergovernamentais, muitas vezes
impulsionadas por organismos multilaterais, e que, apesar da capacidade desigual dos
municípios brasileiros em tomar parte nessa nova realidade, no que tange ao maior
envolvimento dos governos e das comunidades locais na provisão de serviços sociais
universais e de bens públicos de uso comum, ainda não está claro se essas novas
institucionalidades são sustentáveis sem o apoio financeiro e indutor do governo federal e
de outros organismos exógenos à governança local.
Pois bem, aí estão os recursos de apoio financeiro advindos dos extraordinários
royalties e aí está o apoio técnico de institutos e fundações com alta tecnologia, inclusive
órgãos públicos, mais centenas de sérias Organizações Não Governamentais – ONGs e
Organizações Sociais - OSs, todos comprometidos com o bem estar social.
A oportunidade está posta para o município analisado neste trabalho, bem como
pode ser estendida aos demais: a dinâmica das relações do mundo contemporâneo, em
que se estima que todo o acervo cognitivo da humanidade seja duplicado a cada cinco
anos, não permite que as entidades se acomodem calcadas na premissa de que já
adquiriram suficiente conhecimento organizacional ou que as pessoas que as integram
dominam habilidades e competências duradouras e imutáveis.
É imperativo aproveitar melhor esses recursos finitos de royalties que estão
inflando seus orçamentos, adotar gramáticas políticas diferenciadas, oportunizar a criação
de janelas políticas para inclusão da inovação da gestão na agenda pública e na
formulação de suas políticas, modelar suas organizações dentro dos conceitos mais
modernos, consorciar-se, criar identidade própria e regional, estruturar seu observatórios
locais, utilizar todas as ferramentas de planejamento para o desenvolvimento sustentado,
adotar a gestão social, agregando valores democráticos à gestão pública e aprimorando a
cidadania de cada um de seus habitantes, hoje e no futuro, sem jamais esquecer que o
maior gerador de trabalho e renda é o empreendedor privado, cabendo ao Estado o papel
de indutor do desenvolvimento e provedor de serviços essenciais de qualidade.

141
ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

VII - CONCLUSÃO

O município de Rio das Flores tem uma área total de 479,5 km2, correspondentes a
1,09% do Estado do Rio de Janeiro. Entre 1994 e 2001, houve redução de vegetação
secundária para 16% do território municipal e grande crescimento de campo/pastagem,
atingindo 83%. A mancha urbana cresceu de 0,1 para 0,3%. Observe-se a inexistência
de formações florestais e pioneiras e que toda a área do município foi sensoriada. De
acordo com estudos realizados para recomposição da biodiversidade, seria necessário
implantar corredores ecológicos em 10,8% do território municipal para interligação de
eventuais remanescentes florestais.
A densidade demográfica de seus 8.493 habitantes em 2006 foi de 18 pessoas por
km2, a 90ª maior do Estado. De acordo com o Censo 2000, a taxa de urbanização
alcançava 70,3% de sua população, distribuídas em 2.562 domicílios, dos quais 76,5%
têm acesso à rede geral de abastecimento de água, 52,4% estavam ligados à rede geral
de esgoto sanitário, e 76,9% tinham coleta regular de lixo.
Quanto à educação, Rio das Flores teve 2.368 alunos matriculados em 2006, uma
variação de -2,5% em relação ao ano anterior.
O município tem cinco creches, com 154 crianças, 100% delas na rede municipal.
São 13 pré-escolas, com 226 estudantes, 100% deles em instituições do município.
Um total de 12 estabelecimentos se dedica ao ensino fundamental, com 1.580
alunos matriculados, 30% nas duas escolas estaduais e 70% nos dez estabelecimentos
da rede municipal. A distorção série-idade alcançou um total de 34,7% dos alunos.
Enquanto a média de aprovação da rede estadual no Estado como um todo alcançou
74,2% de todos os estudantes em 2005, em Rio das Flores este indicador alcançou
84,3%, com 15,5% de reprovação e 0,2% de abandono. Já nas redes municipais, 80,0%
foram aprovados no Estado, enquanto a rede municipal local atingiu 80,3%, tendo havido
18,1% de reprovados e 1,6% abandonaram a escola.
Os dois estabelecimentos de ensino médio tiveram 408 matrículas em 2006, sendo
100% na rede estadual. A distorção série-idade alcançou 56,8% dos alunos da primeira
série. A média de aprovação no Estado atingiu 67,2% dos estudantes em 2005, contra
88,5% em Rio das Flores.
O PIB a preços básicos de 2005 alcançou R$60 milhões, 82ª posição entre os 92
municípios fluminenses, com uma variação de 20,1% em relação ao ano anterior. O PIB
total per capita foi de R$7.950,37. Se considerarmos a média do PIB per capita do
Estado como índice 100, o de Rio das Flores ficou em 43,97, o que representa a 37ª
colocação.
O Produto Interno Bruto do município teve as seguintes contribuições, por setor da
economia:
Agropecuária 6,6% Extração mineral 0,0%
Indústria de transformação 1,6% Comércio 15,3%
Construção civil 4,0% Serviços industriais de utilidade pública 2,1%
Transportes 3,0% Comunicações 0,9%
Instituições financeiras 0,3% Administração pública 14,2%
Aluguéis 17,9% Outros serviços 34,0%

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Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

Dos 91 municípios analisados, 42 deles gastaram mais do que arrecadaram e 31


não apresentaram liquidez corrente de sua administração direta.
Rio das Flores teve uma receita total de R$18,9 milhões em 2006, não
apresentando equilíbrio orçamentário. Suas receitas correntes estão comprometidas em
108% com o custeio da máquina administrativa. Sua autonomia financeira é de 5,4% e
seu esforço tributário alcançou 6,6% da receita total. A carga tributária per capita de
R$103,34 é a 33ª do Estado, sendo R$12,77 em IPTU (66ª posição) e R$84,83 em ISS
(18º lugar).
Por sua vez, o custeio per capita de R$1.915,11 é o 16º do Estado, contra um
investimento per capita de R$309,49, posição de número 13 dentre os demais 91
municípios. Esse investimento representou 13,9% da receita total. Tal quadro resultou
numa liquidez corrente de 0,262.
A dependência de transferências da União, do Estado e dos royalties atingiu 91%.
Especificamente com relação às participações governamentais (royalties, royalties
excedentes e participações especiais, conforme o caso), o município de Rio das Flores
tem nelas 3% de sua receita total, um montante de R$575 mil no ano 2006, a 87ª
colocação em valor recebido, não variando de posição no ranking de 2005 para 2006,
dentre os 91 entes analisados. Tais cifras correspondem a R$67,72 por habitante, 65ª
colocação no Estado, perdendo 5 posições em relação a 2005.
Ao finalizarmos o presente trabalho, devemos novamente alertar para o fato de que
a atividade extrativa de petróleo e gás natural traz muitas benesses, mas algumas
incertezas. Além das já citadas no capítulo anterior, há a possibilidade de alterações na
legislação: em outubro de 2007, havia, em tramitação no Congresso Nacional, 22 projetos
de lei que modificam os critérios ora vigentes de participações governamentais. Em
nosso Estado, em virtude de liminares e novas interpretações do texto legal, 20
municípios ganharam posições, em relação aos demais no ranking destas receitas entre
2005 e 2006, e nada menos que 57 as perderam, enquanto outros 14 municípios não
tiveram variação. As conseqüências destas perdas ainda não foram sentidas, pois têm
sido crescentes os montantes transferidos. Porém, tais mudanças já sinalizam que não
se deve abdicar da cuidadosa gestão desses recursos com vistas à provisão, pelo poder
público, de melhores serviços e infra-estrutura para a população.

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ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

POSFÁCIO

Após o fechamento desta edição dos Estudos Socioeconômicos, no final de


outubro, ocorreu uma sucessão de fatos relevantes. Durante o mês de novembro, o
Governo do Estado do Rio de Janeiro publicou o Plano Estratégico 2007-2010, a
Assembléia Legislativa promoveu audiência pública sobre o tema Gás Natural e o
Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal divulgou o resultado
das licitações públicas para concessão de rodovias. Em dezembro, a FIRJAN publicou a
pesquisa Decisão Rio 2008-2010. Estes eventos apresentaram projetos que
complementam o quadro de investimentos mencionados na introdução do Capítulo IV -
INDICADORES ECONÔMICOS, e não poderiam deixar de ser incluídos neste estudo,
pois trazem perspectivas alvissareiras para o desenvolvimento do Rio de Janeiro como
um todo.
As seguintes áreas de resultado, dentre outras, estão incluídas na agenda de
ações prioritárias do Governo Estadual:
• Desenvolvimento econômico, atração de investimentos e inovação tecnológica;
• Desenvolvimento social, inclusão produtiva e cidadania;
• Sustentabilidade ambiental;
• Infra-estrutura urbana e logística de transportes.
Algumas das ações prioritárias estruturantes envolvem saneamento básico,
redução do déficit habitacional e recuperação de passivos ambientais e de bacias
hidrográficas. Ainda dentre as ações previstas, em conjunto com o Governo Federal no
âmbito do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, constam urbanização de favelas e
bairros da Região Metropolitana e desenvolvimento urbano de outras cidades, como Volta
Redonda, Barra Mansa e Nova Friburgo.
No setor de infra-estrutura, o Estado seguirá com o aperfeiçoamento da malha
ferroviária metropolitana e a ampliação de rodovias estaduais, incluindo as estradas RJ-
106, RJ-114, RJ-149, RJ-155, RJ-163, RJ-165 e a duplicação da Av. Presidente Kennedy
(RJ-101) em Duque de Caxias. Estão previstas a implantação da estação de metrô da
Linha 1 na Praça General Osório, a conclusão da sinalização da Linha 2 e o início da
Linha 3 entre Niterói e Itaboraí, bem como a ligação hidroviária para São Gonçalo. A
concessão da BR-393 – trecho entre Volta Redonda e Carmo, propiciará a duplicação da
rodovia, da mesma forma como da BR-101 Norte entre Niterói e a fronteira com o Estado
do Espírito Santo, no município de Campos.
A implantação do aeroporto de Cabo Frio pelo Estado e a recuperação e
revitalização do Terminal 1 de passageiros, do terminal de cargas, dos sistemas de pátios
e pistas do Aeroporto Internacional Tom Jobim pela União também estão previstas.
Espera-se a consolidação de uma parceria público-privada das três esferas de governo e
diversas entidades particulares para recuperação e revitalização do Porto do Rio de
Janeiro, envolvendo os acessos rodoviários, ferroviários e marítimos; a construção de
novo terminal de passageiros e centro comercial; e a integração porto-cidade para
harmonização do mesmo com os espaços urbanos que o circundam, agregando

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TCE
Secretaria-Geral de Planejamento
TRIBUNAL DE CONTAS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESTUDO SOCIOECONÔMICO 2007

RIO DAS FLORES

qualidade de vida ao propiciar acesso visual ao porto e ao mar. O trem de alta velocidade
entre Rio e São Paulo ainda está em fase de análise pelo BNDES e de adaptações no
projeto de concessão. A concessionária MRS Logística estima investimentos significativos
em expansão de vias ferroviárias; ampliação e adequação de pátios; melhoria da infra-
estrutura da via permanente e das instalações, principalmente em Barra do Piraí, Barra
Mansa, Volta Redonda, Itaguaí, Japeri e Rio de Janeiro.
A Prefeitura do Rio implantará uma ligação entre os bairros da Penha e Barra da
Tijuca com 380 ônibus articulados e 30 estações, além de dar continuidade à construção
da Cidade da Música, dentre outros investimentos.
No setor energético, estão previstos investimentos bilionários para a construção da
Usina Nuclear Angra III. Novos gasodutos serão instalados no Estado: Cabiúnas-Vitória,
duplicação Cabiúnas-Caxias, duplicação São Paulo-Japeri e Caxias-Minas, reforço Japeri-
Caxias e um terminal flexível de gás natural liquefeito na Baía de Guanabara. As
concessionárias Light e CEG também prevêem investimentos expressivos em sua rede de
distribuição. O mercado mundial, em busca de fontes de biocombustíveis, estimulou o
investimento privado na ampliação da agroindústria para plantio de cana-de-açúcar em
Cabo Frio, Quissamã, Campos dos Goytacazes e Bom Jesus do Itabapoana. Serão
implantadas novas usinas e expandidas outras em Campos e Bom Jesus. Rio das Flores
abrigará uma unidade de produção de biodiesel.
No setor da indústria de transformação, serão construídas novas fábricas de
cimento em Cantagalo e Volta Redonda, de produtos de higiene e limpeza em Japeri, de
papel em Sapucaia, de petroquímica em Caxias, de coque calcinado de petróleo em
Seropédica e de motores de navio em Itaguaí; ampliada e modernizada a Siderúrgica
Barra Mansa; expandidas plantas de produtos agroquímicos em Resende, de bebidas no
Rio de Janeiro, de manutenção de turbinas de avião em Petrópolis e de tubos metálicos
em Campos e São Gonçalo. São inúmeras as encomendas de navios a serem
construídos pelos estaleiros Consórcio Rio Naval, Aliança, Sermetal e Eisa no Rio de
Janeiro, bem como por Aker Promar, Renave e Consórcio Mauá-Jurong em Niterói.
Consolida-se a Zona Especial de Negócios em Rio das Ostras. A a mesma infra-estrutura
industrial já opera em Quissamã, aguarda licença prévia de funcionamento em Carapebus
e está planejada sua implementação por Seropédica e Campos dos Goytacazes, na
região do Farol de São Tomé.
No setor de turismo e veraneio, estão previstos mega-empreendimentos em
Maricá, Cabo Frio e Armação dos Búzios.
Somados àqueles projetos citados no bojo deste trabalho, todos esses
investimentos superam a centena de bilhões de reais e trazem um mapeamento do que
serão as demandas futuras de mão-de-obra e da cadeia produtiva, ensejando sinergias e
novas possibilidades de investimentos, em um ciclo virtuoso para o nosso Estado.

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