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revista de

ad111inistração
111unicipal
Finanças Municipais :
Dependência x Autonomia
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lrineu Nalin
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.- Execução de Projetos Sociais
xo Annece Grornann
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<:(~ Os Municípios Brasileiros Mais Populosos:
Panorama Demográfico
François E. J . de Brernaeker
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~ INSTITUTO BRAS I LEI AO OE AOMINISTRAÇAO MUNICIPAL


Ano XXX N9 167 ilbnl/junho de 1983- ISSN 0034.7604

~ .dm. Mun. Rio de Janeiro abr./jun./83


EXPEDIENTE Conselho de Administração
Luiz Simões Lopes, Presidente
lsaac Kerstenetzky
Joaquim Faria Góes Filho
Marc(fio Marques Moreira
Oswaldo Trigueiro
José Rubem Fonseca
ROmulo Almeida
Conselho Fiscal
Adhemar Soares de Carvalho
Beatriz Marques de Souza Wahrlich
Joaquim Caetano Gentil Neto

INSTITUTO BRASILEIRO DE OBJETIVOS DO IBAM: a) realizar


ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL pesquisas e promover a divulgação de
idéias e práticas capazes de contribuir
Superintendente Geral para o desenvolvimento progressivo da
Diogo Lordello de Mello administração municipal e dos serviços
Superintendentes Adjuntos urbanos; b) prestar, no âmbito das suas
Cleuler de Barros Loyola finalidades e com o mesmo caráter
Jamil Reston nãe>-lucrativo, colaboração, assistência ou
Uno Ferreira Netto orientação técnica às administrações
municipais e estaduai.s. bem como a
REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO outros órgãos ou ent.idades, nacionais ou
MUNICIPAL estrangeiros; c) manter a Escola Nacional
de Serviços Urbanos- ENSUR, como
Diretor: Diogo Lordello de Mello centro de ensino, estudos e difusão
Produçio Glifica: Celso Vilhena dos Reis cultural, destinado primordialmente à
llustraçlo e capa: David Queiroz formação de pessoal especializado em
Coord. Editorial: Lllian Lopes da Silva serviços municipais e urbanos; d)
Montagem: Lidia Lopes incentivar, sem preju fzo do disposto na
Compo$1çlo: Robertom alfnea e, o aperfeiçoamento do pessoal
lmpresslo: Graphice • Gráf. e Edit. Ltda. das administrações municipais, através de
Redaçlo: Largo IBAM, n9 1 -59 andar bolsas de estudos, concedidas pela
Botafogo ENSUA; e) instituir, sempre que
Tel.: (021) 266-6622 necessário, inclusive mediante convênio
22282- Rio de Janeiro- Brasil com universidades, prefeituras e outras
entidades, cursos isolados destinados ao
Revista de periodicidade trimestral. aperfeiçoamento profissional. em matéria
As opiniões e conceitos emitidos em de serviços municipais e urbanos: f)
trabalhos assinados são de promover o Intercâmbio de Informações e
responsabilidade exclusiva dos autores. experiências no âmbito da administração
A reprodução de matéria publicada municipal e dos serviços urbanos;
depende de autorização prévia do g) articular-se com instituições nacionais e
coordenador. t permitida a transcrição, estrangeiras, com o objetivo de ampliar e
desde que citada a fonte. aprimorar as suas atividades; h) estudar os
A publicação dos originais enviados problemas da vida municipal brasileira,
por colaboradores sujeitar-se-á às normas tanto nos seus aspectos locais como nas
do Conselho Editorial. suas implicações com o desenvolvimento
regional e nacional; i) colaborar, através
Registro n9 747 - P. 209n3, do de sugestões ou sempre que for solicitado,
Departamento de Pol feia Federal. com os poderes públicos, em matéria de
administração municipal e
Reconhecido de Utilidade Pública pelo aprimoramento da legislação respectiva;
Decreto Federal n9 34.661, de j) desenvolver as demais atividades
19.11.1953. inerentes aos seus objetivos institucionais.
SUMÁRIO

Finanças Municipais: O Município Brasileiro e o


Dependência x Autonomia Novo Perfil PoHtico da Nação
lrineu Na/in 6 Josué Souto Maior Mussalém 62

Execução de Projetos Sociais A Rocínha, O Laboriaux


Annete Gromann
e Outras Estórias
Ana Maria Brasileiro
Hef1lldo da Costa Reis 28 Nanei Valadares 72
Os Munic(pios Brasileiros Mais Receita da Cidade de Osaka:
Populosos: Panorama Demográfico Estrutura e Problemas
François E. J. de Bremaeker 44 Yasushi Oshima 82
Notas do Editor
As discussões em torno do tema Gromann, ambos assessores
Sistema Tributário Nacional técnicos do IBAM, analisam em
continuam sendo ampliadas, 'Execução de Projetos Sociais" as
sobretudo quanto às medidas dificuldades existentes e propõem
necessárias ao seu aperfeiçoamento. medidas para saná-las, enfatizando
Existe um consenso de que o que o resultado dos programas ou
sistema tributário apresenta das metas dependerá dos métodos
distorções. Uma delas- o de trabalho adotados para a
desequil rbrio na repartição das execução das normas legais, do
receitas fiscais- é examinada processo de delegação de
em "Finanças Municipais: autoridade aos n (veis da
Dependência x Autonomia", organização onde são implantadas
interessante art1go de lrineu Nalin. as tarefas, mas principalmente das
Há necessidade. no caso dos relações estabelecidas entre a
municípiOS, de uma reorientação do administração dos projetos e seu
peso tributário e ma1or ambiente externo e interno.
conscientização dos administradores Colaborador freqüente da RAM.
locais quanto aos tributos de sua em trabalhos de análise de
competência. diferentes aspectos do crescimento
Do exame dos aspectos que demográfico dos municfpios
envolvem o desenvolvimento de brasileiros, François E. J. de
programas relacionados a projetos Bremaeker - também do corpo
sociais, detectou-se que eles são técnico do I BAM - dá início a uma
prejudicados por obstáculos de série de artigos sobre os municípios
ordem administrativa, comuns a brasileiros com população superior
todas as entidades incumbidas de a 50 mil habitantes. Trata-se de um
gerir recursos para executá-los. conjunto bastante significatiVO-
Heraldo da Costa Reis e Annete 382 municípios- onde veio a

ocorrer 80,6% do volume de questões de desenvolvimento


crescimento da população urbano acontece neste número da
brasileira. Os restantes 19,4% do RAM. Algo inusitado, que retrata
crescimento demográfico ficam por de maneira livre e criativa uma
conta dos 2.324 munidpios, já que reflexão acerca dos processos
1.285 deles chegaram a perder sociais em que Ana Maria Brasileiro
população entre 1970 e 1980. Estes e Nanei Valadares - as autoras - se
números dão uma boa idéia do viram direta ou indiretamente
fenômeno de concentração de nossa envolvidas. O projeto da Secretaria
população de Desenvolvimento Social do Rio
O Município é hoje peça de Janeiro na favela da Roctnha
fundamental da estrutura serv1u como ponto de convergência
sócio-econômica e política da das observações. E o que se tem em
Nação. Entretanto, enfrenta "A Roctnha. o Labonaux e Outras
dificuldades de variadas naturezas Estórias''.
e que. seÇJundo Josué Souto Maior Fechando a RAM 167
Mussalém, da Fundação Joaquim encontra-se "Receita da Cidade de
Nabuco, devenam passar por um Osaka: Estrutura e Problemas", de
processo político no contexto autoria de Yasush1 Oshima, Prefeito
mun1cipal. na microrregião em que de Osaka, Japão. Depois de rever os
se localiza e até no contexto diferentes tipos de renda de que
estadual Uma ação globalizante do dispõem os governos locais
processo de desenvolvimento japoneses. o auto r se atém ao caso
mun1cipal é a proposta de "O espedfico de Osaka. São analisados
Mu_nlc(pio Brasileiro e o Novo Perfil os problemas relacionados à matéria
PoUtico da Nação". e as medidas que deverão ser
Um cunoso diálogo entre duas tomadas a fim de que possa existir
cientistas sociais interessadas em uma estrutura financei ra saudável.
Ananças Municipais:
Dependência x
Autonomia

Autor:
lrineu Na/in é Economista,
Professor licenciado das Faculdades
Metropolitanas Unidas, tendo
ocupado vários cargos técnicos nas
Secretarias de Estado de: Economia
e Planejamento, Fazenda,
Agricultura, Interior, Indústria,
Comércio, Ciência e Tecnologia do
Governo de São Paulo.

R. Adm.Mun. Rio de Janeiro 30(167):6·27 ebr./jun. 1983


Finanças Municipais:
Dependência x Autonomia

Introdução O principal equCvoco cometido


As discussões em torno do nessa abordagem reside entre a
Sistema Tributário Brasileiro (STB) "competência tributária" e a
foram bastante ampliadas 'repartição de recursos efetivos''
ultimamente. constituindo-se numa atribu (das a cada esfera
preocupação entre técnicos governamental, de acordo com os
governamentais, estudiosos, critérios estabe1ecidos na
pol Cticos e principalmente entre Constituição
os contribuintes. com relação às De fato. ao examinarmos a
medidas necessárias ao seu evolução do fndice real da receita
aperfeiçoamento. tributár1a da União. Estados e
Parece existir um certo consenso Municípios, verificamos que os
entre os especialistas, mesmo com Mun1cípius apresentaram um
as recentes alterações introduzidas, crescimento inferior àquele
de que o STB apresenta como registrado pelas receitas tributárias
maiores distorções: da União e dos Estados.
-elevado grau de injustiça Observamos ainda que o
fiscal, distanciamento entre as taxas de
- desequilíbrio na repartição das crescimento foi sensivelmente
receitas fiscais entre as esferas de agravado a partir de 1966. Isto
governo. não ocorreu, como se tem
O presente artigo tem por afirmado. "pelas modificações
objetivo examinar alguns aspectos efetuadas com a reforma". que não
mais diretamente relacionados ao afetaram. sob o aspecto de
segundo Item. no âmbito municipal, competência de arrecadação, o
estando impl feita a preocupação de campo tributário dos municípios.
abrangência das distorções Ao se computarem as
apontadas. transferênctas intergovernamentais
8
(federal e estadual), o Estados respond1am por 34.4% e os
comportamento observado mdíca Munidpios por 5.0%.
que os recursos de que efetivamente Considerando-se os recursos
os mun1cípios dispõem efetivamente disponíveis (rece1tas
apresentaram relativa melhora Os tributánas I íquidas e transferências
Estados. por sua vez. tiveram intergovernamentais) a União fica
sens(vel redução nos seus recursos com 46,4%, os Estados com 37,5%
tributários I fquidos. e os Mun1cípios com 16.1 %, no
Em 1979, a União respondia por mesmo ano.
60.6% da arrecadação tnbutár1a. os
FIGURA I
EI/OUJCkl 00 'IOICE REAL DA RECEITA
TRIBUTARIA • UHt.fo, ESTADOS E Ml,tjiC(PtOS

•' ·
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Í U1.4!>,;$
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"UNICIPIOS

200

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FIGUlA z
EVOLUCJo 00 INDICE REAL DOS RECURSOS
EFETlVAMEN'TE OIS!'ONiVEIS UHIXO,
ESTADOS E MUNJCIPIOS

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180

120

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196.& , 100
r .. c..r! u llf'tliC.o - : .,. rç-~
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FIGURA3
RECURSOS EFETIVAMENTE DISPONÍVEIS
(RECEITAS TRIBUTÁRIAS LÍQUIDAS E
TRANSFER~NCIAS INTERGOVERNAMENTAIS)
1979

UNIÃO 46,4%

ESTADOS 37,~%

FONTE OOS OAOOS BRUTOS • SEC. ECO E fiN WIN OAFAZENOA

O avanço ocorrido na imperfeitos. ineficácia na cobrança


centralização da arrecadação da dfvida ativa. etc). qu~ contribui
tributária da União deve-se ao fato para o alto grau de dependência dos
de que os tributos sob sua municípios em relação ao processo
competência são mais elásticos. de transferências. aspecto
enquanto que para os Estados. examinado a seguir. (1 l
muito contribuíram as alterações
que foram sendo introduzidas na Grau de Dependência
legislação do ICM. através do Em decorrência do prindpio
CON FAZ. concedendo incentivos e participativo estabelecido pela
isenções que representam reforma tributária de 1966. tanto
significativas perdas de receita. Estados como Munic fpios têm
No que se refere aos Munidpios assegurada. através de critérios de
ocorre uma baixa eficiência na transferências, parcela dos tributos
exploração da receita própria de competência das esferas
(IPTU/ISS). decorrente superiores.
principalmente de uma inadequada Como constatamos inicialmente.
administração fazendária (cadastros através desse mecanismo os
desatualizados. valores venais Municfpios de forma global tiveram
defasados. ai fquotas reduzidas, assegurado um crescimento dos
códigos tributários locais recursos dispon fvets. Cabe chamar
(1) Os comentários e dados utilizados baseiam·se em informações levantadas junto aos Balanços
Municipais do exercfcio de 1979 de 571 Municfpios do Estado de S!o Paulo.

10
a atenção para o fato de que não transferências no conjunto dos
desejarros levantar discussão sobre Municípios, util izando para isso o
a repartição do bolo tributário, índice de dependência (que
aspecto de grande significância no representa a participação das
sistema federativo. mas que foge às transferências na receita total
pretensões deste artigo e que municipal}. O rndice de
depende ainda de ampla discussão dependência total dos munic(pios
sobre o estabelecimento de uma paulistas é de 0,47, o que quer
n (tida divisão de encargos entre as dizer que. em média, 47% da receita
esferas do poder. total dos municípios dependem de
Em primeiro lugar vamos transferências das esferas superiores
constatar o significado das (União e Estado)

FIGURA 4
ÍNDICES ~ DEPEND~NCIA DOS MUNICÍPIOS
DO ESTADO DE S PAULO · 1979

80

10

40

----- ID•

20

lO
...........

·-- .... -________ ... - IDf


IDnc

2 4 5 6 7 8

! DI i NDICE OE DEPENDÊNCI A TOTAL


I De INOICE DE OEP DE TRIBUTOS ESTADUAIS
I O f [NOICE DE OEP OE TRIBUTOS FEDERAIS
I Dnc-INOICE DE DEP NÃO CONVENCIONAL

11
!: claro que esse fndice varia de 700.000 hab.) 0,52. Esta tendência
município para munidpio. Uma crescente do fndice em relação ao
forma ainda agregada, mas que porte do munidpio está associada à
possibilita melhor entendimento de maior concentração de municfpios
seu significado para as finanças industrializados nas classes
municipais, é verificar como se dá o superiores, face ao critério de rateio
seu comportamento segundo a do ICM, que vigorava na época.
escala de tamanho (2). Observa·se, entretanto, mesmo nas
Verifica-se que o fndice é classes inferiores (até 30.000 hab.),
decrescente em relação ao tamanho, principalmente nas regiões de
assumindo valores extremamente Ribeirão Preto e Bauru, elevados
elevados nos municfpios da classe 1 fndices de dependência de tributos
(média de 0,76). estaduais, decorrentes da
A decomposição do fndice predominância da agroindústria em
permite identificar, a nível global alguns municfpios.
do Estado, que a dependência de A verificação do fndice global em
tributos estaduais representa em termos agregados por região
média 38%, enquanto os tributos administrativa demonstra que a
federais significam 7% e as região do Litoral e a Grande São
transferências não convencionais Paulo são as que apresentam os
2%. menores fndices (respectivamente
As transferências de tributos 0,39 e 0,42). enquanto nas regiões
federais e não convencionais são de Araçatuba, Madlia, Sorocaba e
mais significativas para os Vale do Parafba o fndice é
municípios de menor porte. Na consideravelmente elevado (acima
classe 1 (até 5.000 hab.), a de 0.60). A menor dependência da
dependência de tributos federais Grande São Paulo e da região do
representa 38% da receita total (dos Litoral é explicada por nfveis mais
quais 21% decorrentes do FPM), elevados da arrecadação do I PTU,
enquanto as transferências não contribuindo para elevar a receita
convencionais (aux flios e própria e reduzir o grau de
contribuições do Estado e da dependência.
União) respondem por 9% da As transferências totais
receita. A sua decomposição representavam, em 1979, cerca de
indica como principal componente Cr$ 1.304,00 por habitante, dos
os auxflios provenientes do Estado. quats Cr$ 198,00 provenientes de
A dependência desses recursos tributos federais e Cr$ 1.046.00 de
diminui em relação ao porte dos tributos estaduais. Para os
municípios, atingindo, na classe 7, muntcípios de pequeno porte as
apenas 4% para tributos federais e transferências federais
1% para as transferências não representavam Cr$ 590,00 por
convencionais. habitante, em 1979.
Com relação à dependência de Como ficou constatado, o n fvel
tributos estaduais ocorre o inverso : de dependência apresenta-se
nos munidpios da classe 1 o fndice bastante elevado, não
méd'o é de 0.30, crescendo em correspondendo porém a maiores
relação ao tamanho e atingindo na valores de transferência per capita.
classe 7 (municípios de 300.001 a A correlação entre o fndice de

(2) Establlecemoa 8 classes, .-gundo a populaçlo total em 1979 1) eú 6.000 hab.; 2) de 5.001 a
10.000 hab.; 3) de 10.001 a30.000 heb.; 4) de 30.001a 60.000 hab.l· 6) dt 60.001 a 100.000
heb.; 61 de 100.001 a 300.000 heb.; 71 de 300.001 a 700.000 hab.; 8 mala de 700.000 hab.
(Fonte de dedoa:Pftrf/1 MunfclfHI. Slo Paulo, Fundaçfo SEAOE, v. 2, 19801
1?
dependência total e as
transferências ro tais per capita
apresenta-se negativa, resultante do
critério de distribuição e
composição do sistema de
transferências. o que 1mplica
desequil (brios entre a transferêncta
de recursos e a demanda de bens e
serviços públicos (3) .
Vamos em segu1da examinar o
n Cvel de capacidade dos municfpios
em financ1ar com recursos próprios
os gastos de custeio

A Capacidade Própria de
Financiamento dos Gastos
de Custeio
As despesas correntes
absorvem cerca de 61% do gasto
total dos municípios (49% com
custeio e 12% com transferências)
enquanto as despesas de capital
absorvem 39%. O 1tem que mais
absorve recursos é o de pessoal, capital, onde a receita própria
com 30% do total do gasto. Com atende a 98,5% dos referidos gastos.
relação às despesas de capital, os Uma outra comparação revela, a
investimentos representam 27% do n fvel agregado, que a receita
gasto, as inversões financeiras 5% tributária não é suficiente para
e transferências de capital 6%. Dos cobrir os gastos de custeio com
investimentos o item obras e pessoal. Trata-se, para a maioria dos
instalações, com 21%, destaca-se municípios, de Situação críttca que
como o mais expressivo demonstra que o produto resultante
A comparação entre a receita da arrecadação de impostos
própria (receita tributária + receita (IPTU/ISS). taxas e contribuição
patrimonial+ receita industrial + de melhoria cobre nos municfpios
outras receitas de capital} e a de menor porte apenas 36% dos
despesa de custeio revela que os gastos com pessoal Essa situação só
municfpios apresentam alto grau de é favorável para a capital,
incapacidade no atendimento das municípios litorâneos e alguns
despesas básicas da administração. municípios-sede de região
Nos mu nicfpios de pequeno porte administrativa, o que de certa
essa relação é altamente forma é explicado pelos valores
desfavorável, sendo a receita alcançados através da arrecadação
própria suficiente para atender a do I PTU . Mesmo para os
apenas 22% das despesas de custeio, munic(pios de portes
melhorando de acordo com o porte intermediário e médio, a receita
do municfpio, mas de forma tributária se revela insuficiente
insuficiente até para o muntcíp1o da para cobrir os referidos gastos

(31 Deve-te atentar pera algumas mudanças posteriormente introduzidas, visando corríg1r
parcialmente essa distorç!o. A n(vel federal. Oecrato-lei 1805, de 1/10/80; Decreto-lei 1833,
de 23/12/80; Emende Constitucional n9 17; Oecrato-lei 1852, de 27/01/81; Decrato-lti 1881,
de 27/08/81; • a n(vtl estadual: e Lei n9 3201, de 23/12/81.
13
FIGURA 5
COMPARAÇÃO DA RECEITA PRÓPRIA COM A
DESPESA DE CUSTEIO DOS MUNICÍPIOS
DO ESTADO CE S PAULD • 1979
100--------------------------~-------

110

70

20

lO

2 3 4 ~ 6 78

FIGURA 6
COMPARAÇÃO DA RECEITA TRif:!UTÁRIA COM
A DESPESA DE PESSOAL DOS M~ICIPIOS
DO ESTADO DE SÃO PAULO 1979
180

5 6 11
14
Caberia indagar as razões dessa potencialidade da receita tributária
situação: própria
- Estariam as municipalidades Pelo que se constata através dos
com uma estrutura administrativa dados de arrecadação do principal
superdimensionada? tributo de competência local
- Estariam os municíp1os (I PTU), tudo leva a crer que os
negligenciando a receita t ributária? valores unitános de arrecadação são
-A capacidade da comunidade inexpressivos, o que evidencia a
de gerar recursos. na atual possibilidade de exploração desses
sistemática, não seria suficiente recursos com eficácia, mantida a
para cobrir os custos atual estrutura de competência
administrativos? tributána muntcipal (4).
A investigação dessas hipóteses Apesar da ineficácia fiscal em
permit1na identificar a nível local relação à receita tributária, a
as dificuldades atuais da grande tndagação que segue diz respeito à
maioria dos mumcíp1os para o possibilidade da própria
alcance da autonomia comunidade f1nanciar suas
administrativa e financeira necessidades independente do
Conhecer o dimensionamento da sistema de transferências. Trata-se
administração local Implica uma de uma questão relacionada com a
pesqu1sa específica, que escapa 10 estrutura econôm1ca e com o porte
âmbito ::lo presente trabalho. de cada comunidade, e que será
Entretanto, a título de subsídio examinada no item seguinte
para ou~ras pesqUisas, analisamos o
gasto médio com pessoal ocupado
na admintstração direta. Os O Esforço Tributário Próprio
resu Ita dos encontrados não A receita de 1mpostos municipais
permitem conclusões taxativas que por contribUtntP oferece a medida
possam indicar exagerados gastos aproximada do esforço próprio da
com pessoal ou arrecadação, que, embora com
superdimensionamento da máquina limitações. perm 1te de certa forma
admtnistrativa, face às comparações entre os estratos e
caractedsucas de cada município, regtões. Os resu Irados encontrados
quanto à área urbana. ex tensão apresentam uma tendência de que
territonal. servtços desempenhados o esforço tnbutário cresce em
pela administração direta, etc. relação ao porte do município.
Apesar dessas colocações. algumas A variação entre o penúltimo
municipalidades apresentam gastos estrato é cerca de 11 vezes o valor
médios acima dos padrões veriftcado para o prtmetro estrato.
verificados na respectiva classe. A mesma tendência A observada em
Com raras exceções. tudo indica relação às regiões. isto é. as regiões
que as dif1culdades não se da Grande São Paulo e Litoral
encontram pelo lado da despesa. destacam-se das demais. enquanto
mas pelo da receita própria as regiões de Campinas, Vale do
O elevado grau de dependência Paraíba e R1betrão Preto, num
de grande parcela de mun cíptos segundo plano, apresentam va'ores
sugere ser fruto de duas vezes superiores aos das
condiciOnamento das demais regiões Os valores relat1vos
administrações, o que conduziu a às regiões da Grande São Paulo e
uma atrofia na exploração da Litoral são decorrentes. na

(4) Fica evidente a inadequada estrutura fazendária da maioria dos munlcfpios.

15
primeira, da estrutura urbana que ampliou o universo de contribuintes
permite melhores n (veis de não residentes, facilitando a tarefa
arrecadação do IPTU e ISS, e na dos prefeitos de ampliação da
segunda, da influência da receita do IPTU sem sofrer grandes
especulação imobiliária que pressões locais.

FIGURA 7
RECEITA TRIBUTÁRIA 'PER CAPITA' DOS
MUNICIPIOS DO ESTADO tt: S PAULO ·I979
1800Ct$/r><
RECf.ITA TRtEI.IlÂRtA

11100

1400 tt.IPO$TOS

1200

1000

800

600

400

, ••• TAXAS
·-·--·-·····

2 3" !167 e

FIGURA 8
DECOIIo\POSICÂO DA RECEITA TRIBUTARIA 005
MUNICIPIOS '00 ESTADO DE S PAULO 1979

60

::0

40
ISS
~

20
TAXAS

tO
/
:>. ., 4 !I 6 B

16
A questão colocada a seguir
refere-se à possibilidade, na
sistemática tributária vigente, de os
municfpios ampliarem a receita
tributária. A discussão que tem sido
travada nesse sentido prende-se
principalmente à viabilidade
pol ftica de se transformar o I PTU
em instrumento adequado ao
financiamento urbano.
A receita tributária municipal,
como sabemos, é oriunda de
impostos, taxas e contribuição de
melhoria. Os impostos municipais
abrangem duas categorias · sobre a
propriedade territorial e predial
urbana e sobre a prestação de
serviços. As taxas destinam-se a
ressarcir a municipalidade da
prestação de serviços relativos ao
exercfcio do poder de polícia e da
prestação de serviços como coleta
de lixo, limpeza, iluminação, etc.,
objetivando cobrir os custos
oriundos dessas ativ1dades.
Uma observação interessante é
que nos estratos inferiores, as taxas
representam cerca de 67% da 5.000 habitantes sugere ser a receita
receita tributária, tornando-se mais oriunda de impostos reduzida pelo
significativas que a rubrica fato de apresentarem estas
impostos. Como essa receita é comunidades uma estrutura urbana
oriunda basicamente da prestação incapaz de possibilitar fonte de
de serviços, como coleta de lixo, receita satisfatória, complementada
limpeza pública. iluminação, pela ineficácia fiscal relativa à
conservação de estradas municipais, tributação sobre a propriedade
etc., uma avaliação deste imobiliária urbana. Como pode ser
componente da receita dependeria constatado, a receita per capita
de estudo de casos, pois, além da onunda de impostos é de apenas
não disponibilidade de dados Cr$ 57,00 no estrato inferior,
desagregados a esse n fvel, a adoção enquanto as taxas correspondem a
das subcontas na nomenclatura Cr$ 135,00 por habitante, o que
contábil difere de um municfpio de certa forma comprova essa
para outro. af1rmativa.
Observações nesse sentido A contribuição de melhoria -
sugerem que a maioria dos embora existam exemplos da
municípios, por não dispor de uma viabilidade de sua aplicação-
organiz,ação administrativa e acabou constituindo-se num desafio
contábi I satisfatória, apresenta um aos administradores em decorrência
sistemà ineficiente de taxas, que das implicações jurídicas. Essa
não cobrem os custos d~:: realização rubrica é utilizada para abrigar o
dos serviços. Assim, a maior ressarcimento de serviços prestados
participação das taxas na receita pela municipalidade relativos
tributária dos municípios de até principalmente a pavimentação.
17
Passemos à discussão do i tem penúltimo estrato é de 3.5 vezes
impostos A estrutura legal relativa aproximadamente. Os melhores
a tr buração sobre serviços, do níveis de arrecadação na região da
ângulo macroeconômico, permite Grande São Paulo são resultantes
afirmar tratar-se de fonte de receita do porte urbnno de alguns
com potencial idade apenas nos municípios, da organização fiscal
centros urbanos de médio e grande existente, do maior valor
porte, por apresentarem um setor 1mobiliário, enquanto na região do
terciário diversificado, embora essas Litoral prevalecem melhores níveis
colocações não excluam a de tributação nos principais
possibilidade de ser amplamente munic(pios turísticos
melhorada sua arrecadação, A observação dos dados unitários
prir:cipalmente quanto à eficácia de arrecadação revelam que mesmo
da administração fiscal. De certa para as regiões da Grande São Paulo
forma, a grande maioria dos e Litoral os padrões unitários são
munic(pios pode ser exclufda da reduzidos. o que leva a concluir que
pretensão de que essa fonte de a ai íquota efetiva é insignificante.
receita possa ter algum significado Isto ocorre, de um lado, pela
para suas fmanças. ineficácia fiscal, incapaz de
De fato, nos estratos mferiores o acompanhar a dinâmica urbana e a
ISS representa apenas 5% da receita valorização 1mob11iária e, de outro.
tribJtária, enquanto de toda a pela posição pol ftica dos prefeitos
arrecadação desse tributo em levados pelo condicionamento da
1979, no Estado, cerca de 68% foi dependência das esferas superiores.
gerada na capital do Estado. De fato. a dependência não
Quanto ao IPTU, trata-se, sem convencional nos estratos inferiores
dúv·da, do principal tributo de gira em torno de cerca de 10% da
competência municipal e o mais receita total, o que de certa forma
importante imposto existente no indica o n(vel de comprometimento
sistema tributário relativo ao pol (tico dessas comunidades.
patrimônio, muito embora. no Isto posto. podemos responder a
contexto tributário, seja ainda uma das indagações iniciais: são
pouco significativo (5) evidentes os resultados que
A média de arrecadação do demonstram a ampla possibilidade
IPTU no Estado de São Paulo é que possuem os municípios de
de Cr$ 1.604,00 por unidade melhorarem a receita tributária
imobiliária; excluindo-se a Grande própria, que realmente se encontra
São Paulo, esse valor é de negligenciada, pois nos estratos
Cr$ 709,00 por imbvel/ano. médios, a arrecadação de cerca de
A receita por unidade na região Cr$ 600,00 por imbvel, em 1979,
da Grande São Paulo é cerca de que a preços de 1982 representaria
duas vezes a da região do Litoral e Cr$ 4.286,00, é uma contribuição
cinco vezes a das demais regiões. anual muito modesta, mesmo para
A nível de tamanho, a tendência comunidades pouco desenvolvidas.
observada é de que a arrecadação Trata-se, pois, da necessidade de
cresce de acordo com o porte do reonentação do peso dos tributos,
munic(pio. De fato, a diferença colocando a tributação sobre a
entre o estrato infenor e o propriedade em melhor n (vel

(5) Estimativas que efetuamos da carga tributdria bruta, no Esteclo da Slo Paulo, Indicavam que em
1979 a arrec&d&çlo do IPTU representava apenes 2,7% do tot111 de arrac:adaçlo de Impostos no
Estado, enquanto os tributos Indiretos IIPI+ICM) respondiam por 63% e o fmpono de r.nda
por 28% dune total.
18
(tarefa de competência municipal) forma a reduzir o alto grau de
para uma possível redução do peso dependência e consubstanciar a tão
da tributação sobre a produção e almejada autonomia pol ít1ca e
consumo. com conseqüente finance1ra desejada pelos
diminu1ção das transferências. de mun1cipalisras.

FIGURA 9
ARRECA~ DO IPTU POR UNIDADE
IMOBI UÁRIA, DOS MUNJC(PJOS DO ESTADO
DE S. PAULO· 1979
4000Cr$

1200

1000

800

600

400

200

2 3 4 6 7 8

19
Outra questão refere· se à A justificativa dessa possibilidade
capacidade de geração de recursos baseia-se principalmente nas
na própria comunidade (6). Se não constatações ciLadas, onde a
resta dúvidas quanto à possibilidade arrecadação por unidade imobiliária
de os municípios melhorarem o de grande parcela de municípios
nível da receita tributária, caberia apresenta padrões muito reduzidos.
indagar se seriam suf1cientes para na pequena significâncía da
atender às necessidades locais. Tudo tributação sobre o patrimônio e nos
ind1ca que sem o mecanismo das benef rcios gerados pela
transferências os municípios dos infra-estrutura urbana nos imóveis.
estratos mfenores não teriam A média observada de arrecadação
condições de sobrevivência. no Estado, por unidade imobiliária,
Enquanto nesse estrato a despesa é de Cr$ 1.600,00. Os imóveis com
corrente é da ordem de edificações apresentam uma média
Cr$ 1.154.00 por habitante, a de Cr$ 2.078,00, enquanto para os
receita tributária per capita é de terrenos vagos, a arrecadação média
Cr$ 201,00, sendo a receita do por propriedade é de apenas
IPTU de Cr$ 274,00 por imóvel. Cr$ 864,00, em 1979 (7).
Mais uma vez o que se coloca fica Por se tratar de tributo, cujos
evidente, mesmo para os benefícios acabam sendo
municípios de menor porte : através capitalizados pela propriedade e
da melhor exploração do IPTU será cujo peso na carga tributária é ainda
possível ampliar a receita tributária inexpressivo, julgamos que esse
e reduzir o grau de dependência, seja o caminho a ser percorrido,
embora não signifique possibilidade como forma de reorientar as
de auto-suficiência. A ampliação finanças municipais.
sugerida teria o sentido de O impacto da medida teria como
aproximar a base tributária do valor conseqüênc1a uma elevação da carga
venal de mercado. Um simples tributária sobre os contribuintes;
exercrcio dessa hipótese permtte da ( a necessidade de o processo ser
algumas observações sugestivas acompanhado de uma revisão do
quanto à capacidade que as peso sobre a tributação relativa às
pequenas comunidades têm para transações (produção e consumo),
financiamento dos gastos de objetivando conseqüentemente um
custeio, ou visto de outro ângulo, melhor equil (brio tributário entre
qual seria a carga adicional o patrimônio, a renda e as vendas.
necessária para o atend1mento dos De certa forma, isto permitíria o
referidos gastos. estabelecimento de novo
mecanismo de participação das
Reorientação Proposta esferas inferiores nos tributos de
Na sistemática tributária v1gente competência das esferas superiores.
o aumento da receita dos São modificações que fogem ao
municípios, através da ampliação âmbito da administração municipal,
da receita própria, como mas que não excluem a
verificamos no item anterior. possibilidade de que o processo de
constitui procedimento considerado melhoria da receita própria seja
viável do ponto de vista técnico. desencadeado pelos municfpios (8).
161 O que envolve conhecer o esforço trobutérto total.
(7) Com a ressalva de que eSS8S valores representam a média dos imóveil através dos fatores:
localizaç!o, área. benfeitorias, etc.. servindo apenas como indiClldor da dimenslo da tributaç!o
por imóvel.
(8) Outro aspecto significativo refere-se ê sdministraç!o fiscal do IPTU, no sentido de que a
ompllaçllo desejada seja implantada de forme a minimizar o grau de iniqüidade.
20
Um s mples exercício de necessário p,Ha smisfazer tal
simulação dessa possibilidade foi condição?
efetuado, rendo sido estabelecida a Os resu lt 1dos são apresentados
hipótese de que a receita tnbutária na coluna 8 d<1 Tabela I.
seria suficiente ao atendimento das demonstrnndo os 1nc.remen los. po 1
despesas de custe1o. Mantidos unidade imobd1ária, em carla
constantes os demais componentes estralO. parê1 o agrenado ele lnlÓV!!IS
da receita tributária. qual seria o do Estado de São Paulo.
acréscimo da arrecadação do I PTU

Tabela I
Simu Iação de Hipótese: Receita Tributária = Despesas de Custeio
(Cr$ 1,00)

Acréscimo neces-
Arrecadação média sário do IPTU para To tal· (a preços
do IPTU por a receita tributária Total de lançamento
Classes imóvel em 1979 atender às despesas (A-+ B) para o exercício
(A) de custeio de 1982)
(B)

1 266 5.130 5.396 39.239


2 325 1.977 2.302 16.740
3 590 2.259 2.849 20.717
4 549 2.195 2.744 19.954
5 626 1.594 2.220 16.143
6 1.002 1.361 2.363 17 .183
7 1.157 3.335 4.492 32.665
8 3.789 474 4.263 31.000
Estado 1.600 1.687 3.287 23.902

• IGP-01-FGV- dez/78 dez/81.

O que a princípio pode atuais padrões frscais desse tr1buto.


representar elevados incrementos ôeve-se. contudo. ressaltar que no
percentuais. é explicado pelos caso está sendo consideraria a média
reduzidos valores unitános da dos imóveis. <Hrwés dos seguintes
arrecadação desse tributo. Os fatores· localização. tamanho (área)
acréscimos nominais não são e benfeitorias existentes no
exagerados. à exceção das classes 1 agregado de imóveis.
e 7. Admnindo-se uma ai i quota Para satisfaLel a hipótese
fiscal média de 2%. ter íamos para estabelecida - a recetta tributária
a média do Estado um valor venal cobrir as despeS<JS de custe1o, que
fiscal da ordem de representam. em méd1a, para o
Cr$ 1.195.000,00 por 1móvel, a conJunro de rnun1c (pios, cerca de
preços de lançamento tributário 50% da despesa rotal -os demais
para o exercíc1o de 1982. Trata-se componentes (ISS, taxas e
de um parâmetro indicativO de que contribuição de melhoria)
a hipótese estabelecida não se situa permaneceram constantes. Dessa
fora das proporções. dentro dos forma, cada imóvel, em méd1a,
21
deveria contribuir, em 1982, com de arrecadação tributária sobre
cerca de Cr$ 2.000,00 mensais (9). terrenos desocupados, entretant:>.
Desse exercícro fica evidente que demonstra reduzidos valores
os municípios situados na classe 1 unitários de tributação, sugerinoQ
são os que apresentam as maiores que esses munrcípios vêm
restrições para satisfazer essa contribuindo, através do exercício
hipótese, o que não exclui a de uma polftrca trrbutária
possibilidade do estabelecimento incentivadora de investimentos
de uma meta mais moderada para improdutivos, no processo de
esse segmento de municípros De especulação Imobiliária (1 0).
qualquer forma, são comunidades Uma forma de ampliar a fonte de
de reduzida malha urbana, o que financiamento urbano desses
impede ser o IPTU o instrumento municípios seria a adoção de uma
adeauado ao financiamento desses adequada pol ftica tributária sobre
gastos, sem a participação nas terrenos ociosos. não só através do
transferências. estabelecimento de ai fquotas mais
Outra observação refere-se ao elevadas, como atualizando a base
fato de que em alguns municípios tributária a preços venais de
tal htpótese já é satisfeita, o que nos mercado (11 )
leva a admitir não se tratar de Trata-se de medida capaz de
barre1ra intransponível. ampliar a receita tributária e já
Por outro lado, são amplamente adotada por alguns munidpios,
conhecidos os efertos causados pelo principalmente os situados na
processo de especulação imobiliária faixa litorânea onde o processo
na u'banização das cidades e dos especulativo e o estoque de terrenos
benefícios gerados no mercado se manifestam com maior
imobiliário decorrentes dos intensidade.
investimentos públicos.
principalmente na infra-estrutura Os Caminhos Utilizados
urbana. num evidente processo de e seus Efeitos
socialização de custos e privatização Os adminrstradores locais têm
de benef (cios. preferido recorrer a outros meios
O elevado estoque de terrenos diretamente a seu alcance. como
vagos existentes na grande maioria auxílios do Estado, endividamento.
das cidades paulistas demonstra etc., do que aprimorar a receita
suficiência no atendimento da tributária, e. indiretamente, exercer
demanda habitacional, com base na pressões no aumento das
taxa de crescimento demográfico transferências ( 12).
do período 70/80 e nos índrces Como verificamos anteriormente,
médios de ocupação, por lote, para a dependência não convencional
• mais de uma década. nos estratos inferiores atinge cerca
A observação dos dados médios de 10% da receita total.

(9) Os dlculos efetuados fornecem informaçõet tanto a nfvel ele estmo de tamanho, como de
regllo. A cttaçA'o refere. . à m4dla do agregado de Imóveis do Estado.
(10) Ver· NALIN, lrineu. Pol(tica Tributária dos Munic(pios eOesenvofvimento Urbano. R~vlm dl
Administntçlo Municit»l. Rio de Janeiro, I BAM, 29 ( 162) 50-61, jan/mer. 1982
(11 I ~ lnteressanta notar que na maioria dos munic(pios ocorre grande defasagem na base tribut,rle
(Valor yanal F~scal). Já o Munlc(pio de Camplnu apresente situaçlo inversa, isto 6, altquouu
nominaiS reduz•d.as (0,7% a 0.4% para o Predial a 0,3% a 0,2'!' para o Territorial), enquanto e
ba• trtbutárla etmge valeras de rnercldo. De qualquer rorma a ai (quota efetiva nlo deixa da ser
reduzida em todos os municrplos.
(121 Quant~ aos efeitos relativos às elteraçl5es introduzidas no mecanismo das tranllferànci85 6 objeto
de andhsa especfflca cuja abrangência envolve a neceuidacle da outro trabalho.
22
FIGURA 10
COMPOSIÇÃO DA DfVIDA TOTAL EM 1979
DOS MUNJC(PIOS 00 ESTADO DE S.PAULO
FUNDADA
ao% I
I
I
I

I
70 I
I
I

60 I
I
I
I
I

50

I
40 I
I

... I
, ,~

, /

,,
,,
;

20
FLUTUANTE

lO

2 3 4 6 7 8

A divida consolidada dos O maror grau de endividamento


munidpros em 1979 mostra um ocorre nos municípios de maior
n rvel de endividamento elevado, porte cujo comprometimento da
que representa, em média, 20% da dívida chega a atrngir níveis
receita total dos municípios de elevados.
menor porte, enquanto nos de A comparação da dívida
maior porte, atinge cerca de 70%. consolidada total com a receita
23
efettva aponta, principalmente nas os compromissos relativos à dfvida
classes supenores, valores flutuante, o comprometimento da
extremamente elevados. receita efetiva atinge 32% em
A estrutura da d (vida demonstra média. Nos municípios de menor
que de maneira geral os munidptos porte gira em torno de 20%, e na
de menor porte utilizam-se classe 7 chega a 38%.
sobretudo da dívida flutuante,
enquanto nos municípios dos Como pode ser observado. são
estratos superiores ocorre o valores extremamente elevados,
decorrentes, em grande parte, da
inverso, isto é, a d (vida fundada
utilização da dfvida flutuante como
apresenta-se como a mais
significativa. A explicação desse alternativa de financiamento,
fato está na dificuldade encontrada através, principalmente, de restos a
pelos munidptos menores na pagar, que exige formas de
obtenção de financiamento a longo liquidação a curtfssimo prazo,
prazo, utilizando-se daquela contribuindo para reduzir a
modalidade de financiamento do capactdade de fmanciamento
déftcit. pr6pno de novos investimentos.
O comprometimento da receita A reduzida capacidade própria de
efetiva na amortização da dfvida financiamento dos gastos correntes
fundada, em 1979, representava em reflete-se diretamente na
média, no Estado, cerca de 11%. capacidade de investimentos, que
sem serem considerados os fica basicamente na dependência
encargos. Se à amortização da das transferências e das operações
d (vida fundada forem acrescentados de crédito.
24
FIGURA li
CAPACIDADE DE INVESTIMENTOS
E DESPESAS DE CAPITAL PER CAP1TA
DOS MUNtCIPIOS DO ESTADO DE
SÃO PAULO · 1979
I G!!OCt$/pe DESPESAS DE CAPITAL

I 2!10

1200

1150

1100

10!0

CAPA.CIMOE DE INVEST1MENTOS
ICOO

900

750

700

EOO

500

4!10

400

300

2 4 6 6 1 8

25
As transferências de capital crescente em relação ao porte do
representam para os municfpios de município, nã'o se pode afirmar ser
menor porte cerca de 72% dos essa uma tendência associada ao
gastos com capttal, sendo bastante tamanho do município. mas muito
significativas no financiamento dos mais dependente de sua base
investimentos das regiões menos econômica e de sua gestão
desenvolvidas, onde chegam a financeira.
representar cerca de 50% das Por outro lado, a Figura 1.1
despesas de capital aponta claramente o hiato existente
Os indicadores de capactdade de entre a capacidade própria de
inves;imento demonsuam que de investimento e as despesas de
forma geral essa capactdade não capttal, que é coberto por
depende do tamanho do município, operações de crédito, e pela d fvida
sendo que o maior grau ocorre com flutuante. mais significativa nos
maior freqüência nos segmentos de estratos superiores.
municípios das regiões mais
deservolvidas. Considerações Finais
Através do demonstrado,
De fato. embora os dados podemos concluir que as
agregados da capacidade de dificuldades financeiras encontradas
inves<imentos per capita pelos munícfpíos decorrem, de um
demonstrem certa tendência lado, de falhas estruturais do STB,
26
que apresentam elevado grau de atendimento das necessidades locais.
injustiça fiscal e desequll íbno na Dentre os ajustamentos
repartição de recursos, o que requeridos, parte deve ser
impl1ca uma reorien tação do peso desencadeada pelas administrações
tnbutário, exigindo, de outro, locais. Ocorre entretanto que essa
ma1or conscientização dos reformulação dn carga tribu tárta -
administradores locais quanto aos ma1or gravame sobre o patrimônio
tnbutos de sua competência. A -além das dificuldades
atual estrutura tributária permite operacionats coloca em risco os
que. com ajustamentos, esses atos de gestão, com ju lgamento
objetivos sejam alcançados. populár mais severo, nem sempre
Essa proposição tem o sentido de do interesse de políticos de
que a sistemática de transferências carreira. O processo de abertura
assuma definitivamente o caráter política constitui oportunidade
distribut1vo, visando mmim1zar as para um posicionamento mais firme
desigualdades de renda e assegurar o dos atos da gestão admi nistrat1va,
desenvolvimento das regiões mais no sentido de se obter uma
carentes, sem contudo gerar participação mais ativa da
desequilíbrios nas fontes geradoras, comunidade na escolha de
cuja malha urbana não permite ser prioridades e nas decisões, bem
o imposto sobre a propriedade o como nas formas de obtenção dos
mstrumento suficiente ao recursos.
27
Execução de Projetos
Sociais

Autores:

Annete Gromann e Heraldo da


Costa Reis sKo Assessores Técnicos
do/BAM.

R.Adm. Mun. Rio de Janeiro 30(1871:28-43 lbr./jun. 1983

28
Execução de Projetos Sociais (*)

Introdução tem revelado que o desempenho de


Como regra, os projetos sociais programas relacionados a projetos
vêm sendo executados com recursos sociais vem sendo prejudicado por
originários de receitas estabelecidas impedimentos de natureza
em lei e vinculadas, em geral, a um administrativa. Tais dificuldades são
Fundo Especial. Tais projetos se comuns, em nrvel maior ou menor,
identificam com os objetivos do a todas as entidades incumbidas de
desenvolvimento social gerir recursos a serem aplicados na
contemplados nos planos nacionais execução dos projetos.
de desenvolvimento.
Os programas relativos aos Obstáculos que se Apresentam
projetos em tela buscam diminuir Como principais obstáculos que
as injustiças sociais e os efeitos da geralmente se antepõem à boa
pobreza. oferecendo às execução dos projetos sociais
comunidades e às pessoas carentes destacamos:
meios para que se tornem mais a) os de natureza
produtivas, diminuindo os comportamental;
desequil (brios entre os diferentes b) os decorrentes de
grupos populacionais e inadequação dos mêtodos de
possibilitando o aparecimento de trabalho;
novas oportunidades de melhoria c) os decorrentes de indefinição
das condições de vida. de competência;
Por outro lado, apesar de seus d) os decorrentes de
elevados propósitos, a experiência centralização do poder decisório.

(•) Documento básico para estudo e discussão no Encontro de Trabalho sobra Procedimentos
AdministratiVO$ para a Execuç§o da Projetos Sociais, realizado pelo IBAM, no Rio de Janeiro,
de 'Z7 a 29 da 18tl!mbro de 1982.
30
Os Impedimentos ac1ma comportamento que as levaria a
relacionados têm Implicações agir em busca dos objetivos sociais
negativas que afetam não só o de cada projeto.
processo de execução dos projetos Quanto aos impedimentos
sociais como a imagem dos mesmos decorrentes dos métodos de
junto ao público morosidade na trabalho. Identificamos a
prestação de serviço objeto dos necessidade de racionalização das
programas; desestímulo a novas rotinas adotadas. uma vez que as
concessões de aux(lio. doações. atuais têm criado obstáculos ao
assinatura de convên1os por parte desenvolvimento normal das linhas
de instituições particulares; de execução para um atendimento
desestfmulo a fornecedores de rápido.
material e a prestadores de serviços Dos impedimentos acima
que não se sujeitam à morosidade mencionados. três causam o
do sistema; criação de pequeno estrangulamento do processo.
grupo de fornecedores de material a) a contratação de pessoal para
e prestadores de serviços. que por prestar serviços de caráter
aceitarem "as regras do jogo" tiram temporário sem o ônus dos
delas maior proveito; onerosidade encargos sociais; b) o
dos custos dos programas processamento do ato de comprar
desenvolvidos pelos projetos sociais, sem risco de problemas posteriores
e descrédito, junto à opinião com os documentos
pública, da ação das entidades comprobatórios; c) a agilização do
executoras de projetos soc1ais. sistema de pagamentos sem
Ao situarmos como de origem problemas posteriores para a
administrativa as dificuldades que prestação de contas.
retardam a execução de projetos Devido à lentidão dos
sociais, não excluímos a hipótese de procedimentos atualmente
uma flex1bil1dade maior na adotados, oneram- se os custos dos
legislação que regula a ap1icação dos projetos sociais que, normalmente,
recursos destinados a esses projetos. prec1sam recorrer a recursos
Todavia, para a obtenção dessa suplementares. A medida que os
flexibilidade maior, seria pagamentos são retardados. os
indispensável que dingentes e fornecedores vão rareando e as
técnicos se tornassem sensíveis ao instituições, por sua vez, vão
caráter urgente que reveste toda ficando nas mãos de uns poucos
iniciativa de natureza soc1al. que se sujeitam às "regras do
Referimo-nos aos impedimentos jogo", e que, por isso, cobram bem
de natureza comportamental. mais caro.
convém explicar, por havermos Em virtude dos atuais fndices de
reconhecido a necessidade de inflação, os orçamentos têm hoje
mudança de atitude por parte das validade de 30 dias; após tal prazo,
pessoas envolvidas no processo de são corrigidos e há casos em que a
execução dos projetos. demora na aprovação de
lnter1orização dos objetivos sociais orçamentos invalida-os. Por outro
dos projetos. conscientização da lado, não podemos nos esquecer de
indigência de sua clientela e que o fornecedor não joga no
reconhecimento de que se está orçamento apenas o reajuste da
prestando um "socorro" seriam os inflação do momento, mas faz
primeiros passos para essa mudança. incidir sobre o mesmo o tempo que
Na medida em que as pessoas va1 levar para "pôr a mão no
fossem absorvendo tais noções. dmheiro". identificando-se duplo
haveria uma mudança radical de reajuste.
31
Na medida, pois, em que os
pagamentos são adiados, o agente
de execução, além de reiterar a
fama de "mau pagador", trabalha
contra os objetivos dos projetos
sociais. Se, entretanto, os
pagamentos são realizados nos
prazos previstos, os fornecedores
passam a confiar na instituição,
que pode se beneficiar dessa
confiança, conseguindo, inclusive,
descontos ou reduções.
As dificuldades decorrentes da
indefinição de competência têm
como resultado o retardamento
do processo como um todo,
estando ultimamente associado à
centralização de autoridade o
"gargalo" que estrangula
administrativamente todo processo
de execução.
A centralização de decisões gera
um distanciamento muito grande receitas, independentemente da
entre clientela e autoridade fonte e do fato gerador,
competente, afastando o centro constituirão um fundo financeiro
decisório dos locais onde ocorrem único, denominado "Unidade de
os fatos. Os efeitos dessa situação Caixa". Isso não significa que as
se fazem sentir através de receitas não possam ser
insensibilidade, por parte dos movimentadas por várias contas
detentores do poder, acrescentando, bancárias. O importante, nessa
assim, mais um impedimento à regra, é que as receitas não estejam
rápida e eficaz execução dos vinculadas a objetivos espedficos,
projetos sociais. ou seja: constituirão um 'bolo" a
ser repartido entre os diversos
Normas da Legislação Financeira setores administrativos para a
Aplicáveis aos Projetos Sociais realização de seus respectivos
Além dos obstáculos com que a programas, projetos e atividades.
Administração dos projetos sociais A repartição acima referida
se defronta, temos que obedece a uma programação que
considerar as dificuldades observa vários fatores, entre os
resultantes da má utilização de quais se destacam as prioridades
instrumentos e práticas setoriais e as diretrizes e pol (ticas
estabelecidas pela legislação básicas. Convém salientar,
financeira, tais como. centralização entretanto, que a repartição tem
das receitas; centralização dos suas vantagens e desvantagens.
gastos; centralização dos !: possfvel até que se cometam
pagamentos; e centralização das injustiças, como, por exemplo,
decisões. desenvolver-se um programa em
detrimento de outro mais
• Centralização das Receitas importante.
Pelo princfpio da unidade de Para que sejam evitados tais
tesouraria- art. 56 da Le1 no 4320, descompassos na Administração,
de 17 de março de 1964 - todas as permite a legislação financeira o
32
destaque de objetivos específicos, orçamentána assim autorize, ou que
vinculando-se-lhes determinadas essa autorização esteja em lei
rece1tas. Com isto, é const1tu ído ordinária. Por exemplo : dotações
um Fundo Especial. exceção à regra para despesas de pessoal. seus
inicialmente exposta. encargos e outros podem ser
E evidente que esse movimentados exclusivamente pelo
procedimento facilita a execução setor encarregado da administração
de programas, que, para a de pessoal; dotações para material
Administração, têm prioridade de consumo podem ser
"um", porque conta com recurso movimentadas pelo Almoxarifado;
financeiro certo. Quer d1zer, a dotações para obras públicas podem
receita determinada tem o seu fluxo ser movimentadas pelo setor que
dirigido ao objetivo destacado. executa as obras.
Cumpre esclarecer ainda que, em Tal processo tem as suas
relação às receitas rr:butánas. de van ragens e desvantagens, entre as
acordo com normas constitUCIOnais, qua1s se destacam ·
a vinculação s6 é permitida ao a) vantagens .
orçamento de capital, vedada a sua -controle fmanceiro/
apl1cação no custeto de despesas orçamentário centralizado.
correntes. - suplementação de dotações,
independentemente de consulta aos
• Centralização dos Gastos setores de onde se originam os
Um problema que aflige a recursos, caso se1a esse o
administração de um programa é a procedimento adotado;
centralização dos gastos. -estabelecimento de polít1cas
mtimamente ligado ao do poder de de gastos cenrrali:lados. facilitando
decidir - sobretudo no âmbito dos sua correlação com as receitas.
Mun1cíp1os de porte médio a b) desvantagens:
pequeno - centralizado que se - decisões que geram gastos
encontra na figura do Prefeito cujas dotações são centralizadas são
A centralização dos gastos pode tomadas fora dos setOres que
levar a entidade a enfrent-ar uma estabelecem as poli t 1cas. as
série de problemas na execução de diretrizes e os objet1vos dos
programas. independentemente da programas,
natureza dos mesmos, como o -demora, oor acumulação de
acúmulo de decisões, que leva à atividades. dos empenhos
demora na execução dos programas, necessários à realização dos gastos.
tendo como conseqüência a perda Adotado o processo mencionado,
da oportunidade de obtenção de os gastos, principalmente no que
bens e serviços a preços mais baixos respe1ta ao Almoxanfado, serão
e a insatisfação da comun1dade pela feitos mediante requ1s1ções das
n~o-rea l ização do programa no unidades interessadas.
J..i~l íodo para· o qual foi projetado. Assim, encontramo-nos diante de
Outro problema que pode dois problemas centralização de
dif1cultar sobremaneira a execução decisões; e centralização da
de programas de trabalho. e que movimentação das dotações
toca de perto os gastos, é a orçamentárias.
central~zação da movimentação das
dotações orçamentárias consignadas • Centralização dos Pagamentos
às diferentes despesas do Governo. Normalmente. nos Mun1cíp1os de
Permite a legislação financeira tal porte médio e pequeno, as ordens
centralização em órgãos de de pagamento são centrali zadas e
administração geral, desde que a lei decididas pelo Prefeito, o que, na
33
maioria das vezes, leva a de escolher a que melhor atenda
Administração a se defrontar com aos seus interesses.
problemas vános. demora na Para determinadas despesas,
efetivação das ordens, levando-a sujeitas ao regime de licitação
ao descrédito junto à comunidade, pública, é necessário tornar público
e estabelecimento dificil de uma o que realmente a Admtnistração
programação apoiada em uma deseja se executar uma obra,
política de pagamentos. executar um servJço ou adquirir
Além do tipo de centralização material.
mencionada, há outra, de ordem O Decreto-lei nO 200, de 25 de
legal, que mencionaremos a segutr. fevere1ro de 1967, estabeleceu as
A Lei nO 4320, de 17 de março de formas, os limites e as normas legais
1964, que estatui normas de direito para as licitações públicas,
financeiro para as entidades de estendidas aos Municípios através
direito público interno, a União, os da Lei Federal nO 5456, de 20 de
Estados, os Municípios, o Distrito junho de 1968, modificada pela
Federal e respectivas autarquias, Lei n9 6205, de 29.04. 75,
dispõe, no seu art. 65, que regulamentada pelo Decreto
"O pagamento da despesa será Federal no 87140, de 30.04.82.
efetuado por tesouraria ou São três as formas de licitação;
pagadoria regularmente institu (das,
por estabelecimentos bancários I -concorrência, na qual é
credenciados e, em casos permitida a participação de
excepcionais, por meio de qualquer licitante, através de
adiantamento." convocação ampla, feita para a
Assim, a lei determina que a execução ou compra de serviços,
extinção de compromissos obras ou material de vulto,
assumidos dar-se-á mediante respectivamente.
pagamentos, seja através de li - tomada de preços, da qual
tesouraria ou pagadoria participam apenas os fornecedores
regularmente institu (das, isto é, cadastrados na Prefeitura;
legalmente institu (das na estrutura 11 1 -convite, da qual podem
organizacional da entidade, seja por partictpar tanto os cadastrados na
estabelecimentos bancários Prefeitura como os não cadastrados.
credenciados. A regra geral é que Qualquer das modalidades acima
qualquer pagamento se faça através especificadas obedecerá sempre aos
dos meios aqui mencionados. ltmites fixados na legislação
espec(fica, conforme a tabela
• Licitação Pública adiante. Há casos em que nenhuma
Como sabemos, antes de sua das formas é exigida, como, por
realizaÇCJo normal, as despesas exemplo, a compra de material
passam pelo estágio da licitação especializado que somente um
pública; nem todas, entretanto, fabricante produza.
sujeitas a esse regime, dependendo A licitação é obrigatória antes da
do que a legislação estadual realização efetiva da despesa.
determinar a respeito. Depois de efetuada, de elaborado o
Licitar é tornar público que a mapa e escolhido o vencedor, é
Administração deseja contratar a firmado contrato formal entre o
execução de um serviço, de uma vencedor e a Administração
obra ou adquirir material para a Pública.
realização de seus objetivos; para Antes da licitação, a
tanto solicita aos Interessados a Administração Pública terá de
apresentação de propostas, a fim verificar a existência de autorização
34
orçamentária para a real ização da orçamentána e veriftcado que a
despesa no orçamento geral, com a dotação comporta o valor da
respectiva dotação. Na hipótese da despesa a ser realizada, a
existência de autorização Adm inistração poderá efetuá-la.

Tabela para Licitações


Maior Valor de Referência do País: Cr$ 7.768,20
Lei n9 6.205, de 29.04.75 - Decreto n9 87.140, de 30.04.82
Limites para Compras
Lei n9 e Serviços Limites para Obras
6.946, de
17.09.81 Valores de Referência
Dispensável Inferior a 15 vezes Inferior a 125 vezes
0,00 a 116.522,99 0,00 a 971.024,99

Convite Igual ou superior a 15 vezes Igual ou superior a 125 vezes


e inferior a 250 vezes e inferior a 1.250 vezes
116.523,00 a 1.942.049,99 971.025,00 a 9.710.249,99

Tomada de Igual ou superior a 250 vezes Igual ou superior a 1.250 vezes


Preços e inferior a 25.000 vezes e inferior a 35.000 vezes
1.942.050,00 a 9.710.250,00 a
194.204.999,99 271.886.999,00

Concorrência Igual ou superior a Igual ou superior a


25.000 vezes 35.000 vezes
194.205.000,00 em diante 271.887.000,00 em diante

Modalidade Prazo para Publicidade Convocação

Convite 03 dias úteis Por escrito, sob recibo, aos


escolhidos pela Administração
(mínimo três)

~ Jmada de 08 dias Afixação do Edital em local


Preços acessível e envio âs entidades de
classe representativas dos
interessados.

Concorrência 15 dias Afixação do Edital em local


acessível, publicação em órgão
oficial e na imprensa diária de
Aviso resumido em sua abertura
e indicação do local para obter
Edital e informações.

35
O Papel do Controle Externo ocasionalmente, lhe seJam
O controle externo tem por remetidos os demonstrativos
objetivo verificar a probidade da mensais da execução do orçamento
Administração, a guarda e o legal e de outras operações. Tal exigência
emprego dos dinhe1ros públicos e o se ajusta a uma de suas atribuições.
cumprimento da Lei de Orçamento. a de fiscalizar o Executivo.
A fiscalização financeira e No caso de abertura dos créditos
orçamentária dos Municfpios será adicionais, o Legislativo pode e
exercida mediante controle externo deve ex1gir a indicação detalhada
da Câmara Municipal", com o ou discriminada dos recursos a
auxílio do Tnbunal de Contas ou serem utilizados. Exercerá, a(. o
órgão estadual a que for atnbu (da controle concomitante,
essa incumbênc1a. democraticamente e em toda a sua
Anualmente. no período plenitude.
determinado pela Lei Orgânica Como se verif1ca, a ação do
Municipal, o Prefeito apresentará as Legislativo não se atém
suas contas ao Legislativo, que as exclusivamente a aprovar o
julgará com base no parecer técnico orçamento ou os créditos que lhe
prévio do órgão auxdiar de controle são adicionais; estende-se por todo
externo; o parecer poderá ser o exercício, acompanhando não
rejeitado pelo Legislativo por apenas a execução do orçamento,
decisão de 2/3 de seus membros. mas outras operações paralelas.
O controle externo do Executivo Assim, o controle externo é
pelo Legislativo - tal como ocorre exercido permanentemente e, o
com o controle interno- é mais importante, a ação do
exerctdo de forma prévia, Legislativo está prescrita na
concomitante e subseqüente. Constituição
O Executivo remete ao Legislauvo
o orçamento para que seja Procedimentos que Poderão
Agilizar os Projetos Sociais
submetidO a exame antes de entrar
em execução. Al1ás, não só o • Fundos Especiais
orçamento mas ainda os créditos A constituição de um Fundo
adicionaiS - com exceção do Especial observará determinadas
extraordináno ( 1) são prev1amente regras cont1das na legislação
submetidos ao Legislativo. Se, por financeira, dentre as quais
exemplo, houver ilegalidades e destacam-se.
inconstitucionaltdades, o a) Autorização de lei -
Legislativo pode rejeitar parte do nenhum fundo especial poderá
projeto onde realmente forem constituir-se, se não estiver
constatadas. automado em let
Durante o exerdc1o, o controle b) Receitas determinadas- a
externo se iaz através de visttas lei mdicará as receitas que se
periódicas do órgão auxiliar. do vtncularão aos objetivos do
Tribunal de Contas, ou de fundo Poderá ser uma receita
convocações do Prefeito ou seus tributária. uma receita proven1ente
auxiliares, para os esclarecimentos de transferência - como o ICM,
necessários. Em caso de recusa. o FPM -ou outra qualquer.
pode haver ações por parte do c) Objetivos específicos- a lei
Legislativo. que exigirá, mdicará o objetivo. ou os objetivos,

(1) O crédito extraordinário é submetido ao Legislativo imediatamente após sua execução. caso a
prestaç&> de contas não esteja correta, pode ser rejettade.
,
36
- quando o Fundo é
administrado por uma fundação ou
por uma auta rqu ia, as receitas
fluem dtretamente para o órgão;
-as rece1tas oriundas de
dotações consignadas no orçamento
central fluem, como a transferência,
sob a forma de subvenções,
comribu ições ou aux íl1os.
O Fundo poderá, caso seja
conveniente à Administração, ser
transformado em órgão autônomo,
administrativa e financeiramente. e.
amda, com personalidade Jurídtca.
A movimentação do Fund0
Espec1al observará sempre as
normas da leg1slação f1nanceira.
bem como os trâmites es tabe lecidos
para as recettas e para a rea lização
das despesas. Estas,
Independen temente da natureza,
terão as dotações respect1vas
a que se destina o Fundo Espec1al centralizadas no setor que
d) Controle contábil -a le1 adm rnis tra o Fundo.
determinará a forma de controle, Periodicamente. quando o Fundo
de prestação de contas e a for administrado por um órgão da
utilização do Sé.lldo. própria admin1stração central, este
e) Plano de aplicação próprta - setor encaminhará à contat)ilrdade
os Fundos Especrais, ex c lu idos os central toda a documentação para
de origem federal. têm as fontes e frns de consolidação na
aplicações de recursos detalhadas contabriJdade geral.
em um plano de aplicação que
servirá de base para o seu controle. • Descentralização do
A admmistração de um Fundo Processo Decrsório
Especial poderá I )Calizar-se em um A descentra,zação do processo
órgão qualquer. seja da dec1sório torna-se possível através
administração c.entrailzada, seJa da da delegação de competência,
admrnJstração descentralizada inclusive para os que admtnistram
Por exemplo Fundos Espec1a1s
a) Na adm1n1stração centralizada: Necessário se torna observar qut~
- poderéÍ r1c<Jr no serv1ço social a descen trai ização das decrsões
do Mun icípio, com um func1onário 1mplrca a li beração ele recursos
responsável pela sua execuçJo, orçamentários, dentro de uma
-as rece1tas do Fundo serão programação tnmest1a l ap rovnda
liberadas pelo seto' de F1nanças. à prevtamente por decreto do
med1da que fluírem para a Caixa da Executivo
Prefeitura; A descen trai izaçilo do processo
-nada impede que ns rece1tr1s dec1sório, dependendo da
fluam direwmente para o setor conveníênc1a da Atlmrnrstração.
responsáve l pela AcJmin,stréJÇão. abranger á ou não o con.trole
desde que üss1m determtne a lei. orçamentário medtante o empenho
bl Na admrn1stração e a liquidação da despesa A
descen traliznda . abrangêncra, entretéHHO, agllmma
37
a realização dos gastos por
encontrar-se no âmbito em que é
tomada a dectsão. Assim, o
processo estará completo. pois o
controle permanece junto a quem
decide, o que possibilita redução de
tempo e de material e,
conseqüentémente, de custos
A descentralização das despesas
pode levar a Administração a
enfrentar problemas, como os
existentes no momento de
suplementar dotações com recursos
orçamentários de outros setores.
Aqui é fundamental a existência de
um setor de planejamento e de
orçamento com competência para
decidir sobre a necessidade ou não
da utilização daqueles recursos.
• Descentralização das Despesas
O processo de descentralização • Dispensa da Nota de Empenho
das despesas na administração No controle dos gastos, quer
central será realizado, também , centralizados ou descentralizados, a
mediante decreto, onde o Prefeito Administração utiliza os empenhos
delineará o limite dos gastos bem até esgotar-se o limite fixado para
como os tipos de decisão que os a despesa.
seus auxiliares imediatos poderão Para cada empenho feito será
tomar. A descentralização poderá emitido um documento
ocorrer ainda mediante a criação de denominado "Nota de Empenho",
autarquias ou fundações. que poderá ser dispensado desde
Para a execução de programas que o Munic(pio- com população
sociais descentralizados, procede-se 1gual ou inferior a 50.000
à organização de autarquias ou habitantes - adote as normas
fundações: as primeiras, de direito símplificadas do Decreto-lei
público interno, e as últimas, de n91875,de 15dejulhode 1981,
direito privado, ainda que criadas para a elaboração do orçamento.
no âmbito da Administração A dispensa do documento "Nota
Pública. A criação e a organização de Empenho" ocorrerá nos casos
de uma dessas entidades ocorrerão definidos no artigo 49 daquele
mediante lei que definirá as Decreto-lei, quais sejam
receitas, o quadro de pessoal e a sua a) despesas relativas a pessoal e
estrutura jur(dica, o patrimônio, o seus encargos;
orçamento e a própria b) contribuição para o PASEP
contabilidade. c) amortização, juros e serviços
Quando os recursos próprios ou de empréstimos e financiamentos
naturais desses órgãos não forem obtidos;
suficientes. o órgão central, através d) despesas relativas a consumo
de seu orçamento, providenciará os de água e energia elétrica,
recursos complementares e os utilização de serviços de telefone,
rransferirá sob a forma de postais e telegráficos, e outros que
subvenções. contribuições ou v1erem a ser definidos por atos
aux rtios. normattvos próprios;
38
e) despesas proven1entes de definidos em lei e consiste na
transferência, por força de Pn ~rega de n11P1~rário a servidor,
mandame1to das ConstitUIÇÕes sempre que precedida de empenho
Federal e Estadua1s e de Leis nJ dotação propna, para o fim ele
Orgânicas de Municípios, e. a1nda, rea l1zar despesas que não possam
da execução de convên1os. acordos subordmar se 80 processo normal
ou ajustes entre as en t 1dades de de aplicação." (0 grifo é nosso).
dire1to público interno. e estas e O adiamcJmerHo. como for ma de
entidades de d1re1to pr1vado das pagamento cJas despesas (aqutSIÇ5o
qua1s façam parte como acionistas. de bens e serv1çosl, consiste na
Confor11e a legislação, os ~n trega je nurnerc1río a serv1dor
empenhos pertencem d três especialmente rles1gnado pela
categorias ordinário , feito para as Adm inistração. PtJdendo o serv1d01
despesas de valor conhecido. por <;er reg1do pelr) r::!girne de estatuto
estimativa para as despesas de, dil r ou pela CLT. para em seu nome ser
desconhec do; e global. para as realizada a despesa
despesas contratuais ou suje1tas a A desrgnação do servrdor. usando
parcelamento. n l1nguagem da lei. p,,dPrá ser
Necessário se torna observar que temporária ou permilnente, o que
antes do empenho as despesas com dependerá, únJCil c exclusivélmente,
aqu1s1ção de bens e serv1ços e com a da conven1ênc1a dn Administração.
execução de obras passarão pelo E mteressante lembrar que em
processo de licitação pública, cada repartição da Administmção
conforme exposto anteriormente. local poderá ser des1gnado o
servidor respons.ível pelo
• Descentralização dos Pagamentos ad1antamento, P' )dendo o mesmo
No sentido de agi l1zar a estar lotado no setor de ot)ras. no
realização dos gastos, é possível setor de educação, no órgão de
ainda a efetivação dos pagamentos saúde no Gabinete do Prefeito.
mediante. a) adiantamentos feitos d no Leg slativo. no setor de finanças.
funcionários especialmente etc. Cada urT.a dessas repartições
designados para. em nome da poderá ter o seu responsável por
Admmistração, efetuar pagamentos adiantamento
de despesas necessár1as à execução O adrantamento, como se vê.
das ativ idades; b) descentralização funciona como verdadeiro Fundo
pelos setores administrativos com de Ca1xa Pequen,J logicamente
os déb1tos das Importâncias em constituído nos moldes da lei, n
nome das respectivas repartições. fim de Laciliiar aplicações para
aqUJ5ição de re ursos destinados d
- Adiantamentos certas ações admmrstrativas
Em casos excepc1ona1s, a le1 A entrega do numerário ao
permite que o pagamenro seja feito servidor des1gnado r.erá sempre
por meio de adiantamentos. Quer precedida do empenho na dotação
dizer, é prec1so que ex1sta a da despesa para a qual foi solicitado
excepc1oralidade para que os o adiantamento.
adiantamentos sejam efetuados. A contabilidade cleverá
naqueles casos expressamente estruturar-se de modo a exercer o
defin1dos em le1, conforme contro le efettvo sobre o portador
estabelece o. artigo 68 da Le1 do adiantamento no que respeitn
n9 4320/64, a segu1r transcrito· à aplicação, a seus prazos e à
"Art. 68- O reg1me de prestação de contas. Ent1m, devern
adiantamento é aplicável aos casos estar atenta para fazer prevalecer
de despesas expressamente não só as determ1nações contidas
39
na lei instltUctonalizadora do ou já responsável por do1s
adiantamento como, também. no adiantamentos seja ponador de
artigo 83 da Lei n9 4320/64, que mais um E, nem teria cabimento
assim dispõe es: proc..e :iim !nto, porque se
"Ar!. 83- A contabilidade estar ra, no prrmeiro caso, dando
evidenciará perante a Fazenda opúrt unrd 3de "l que o servidor
Pública a si tu ação de todos praticasse novos atos
quantos. de qualquer modo. desahonadores, aumentando.
arrecadem receitas, efetuem portanto, a sua responsabilidade e
despesas, administrem ou guardem os preju izos já causados ao
bens a ela pertencentes ou Patrimônio Públrco. no segur i .e
confiados." estana dando oportunidade pdrêl
Diante do disposto na Lei, a que o serv1cJor "g1rasse" com valor
contabilidade deverá levar a que não lhe pertence. Da( a
responsabilidade do servidor necessidade de uma boa
designado para gerir o organização contábil, a fim de
adiantamento que lhe foi entregue. impossibilitar que o Patrimônio
Esta rr:tsponsabtltda Je detxdr:3 de Público sofra danos e preju izos.
ex1stir qUémdo assim determinar a
A utilização do reg1me de
autoridade competente, após ouvir adi;m lamento poderá seguir o
o órgão fiscalizador. roteiro abaixo ·
~ importante lembrar ainda que
a Lei não permrt&, em hipótese I - a forma de pagamento por
alguma, que o servtdor em alcance adianwmento será instituída em lei,
40
que del 1n 1ré'l, en lre outros assuntos, enquanto outros, de menor
os segu m tes complexrdade, local1zados em
- despesas que serão pagas, outras un1dades. f1cam com
-prazo para tlp li cação; recursos sobrando. sem
- lim ite uo adiantamento; movime n tação. Para os F undos
- forma e prazo da prestação de Espec1a1s, esse p rocedimen to é
con Las. vanta joso, mesmo por que sua!:>
li -o funcionárto deverá ser carac ter íst icas ass~rn o ex 1gem.
designado, ou pelo Prefeito, ou por
seu aux1 lrar tmed 1at0, • Aquisição de Materiais
111 - o func1onáno deverá Exrste clifrcul Jade em agt11zar o
a
Obedecer le i que rnsti tUIU O p rocesso de compras de caráter
adian tamenw. urgente mas que a lei não l1bera da
l1c11ação Em ta1s casos os agentes
- Depósitos em Favor das de execução têm recorrido à !erra h
Unidades Administrativas do artrgo 126, § 20, do Decrew-l e1
Ou tra f orrnél de descentral izar os n9 200, de 25.0:-'.67 , que
pagamemos é deposit ar o clinheiro estabe lece
em cont a bancár 1a Am nome da
u n idade organ 1zacional. MCJs, este "Art 126- .
orocec.J 1men1o possUI a desvantagem § 20 - É <..lispensJda a l1c1taçâo .
de p rejudicar a execução de a) . . . . . . . . . . ..
p rogramas mais complexos por falta h)
de recursos financeiros necessános,
41
tmpor-se em vtrtude de um número
maior de concorrentes,
conseguindo. assim, baixar os
h) nos casos de emergência. custos; levantamento dos matertals
caracterizada a urgência de de uso geral. de modo que possam
atendimento de situação que possa constituir um pequeno estoque
ocasionar prejuízos ou que reduza o tempo de aqutsição
comprometimento da segurança e de fornecimento dos mesmos
de pessoas, obras, bens ou
equtpamentos.'' • Contratação de Pessoal
Os agentes de execução, A dtficuldade para se contratar
entretanto. ficam receosos de que pessoal destinado à prestação de
os órgãos fiscalizadores embarguem servtço temporárto, como é o caso
esta classificação. Diante do dos estag1ár ios contratados para dar
exposro. aponram-se algumas aula nas favelas do Rio de Janeiro.
sa(das: constituição de uma Caixa está na própna CLT, que define
Pequena para o atendimento de como empregado "toda pessoa
despesas de pronto pagamento f (sica que presta serviço de natureza
(regime de adtantamento); não eventual a empregador, sob a
formação de um cadastro de dependência deste e median te
fornecedores e de prestadores de salário". Diante dessa definição, a
serviços, de modo a contar sempre entidade contratante terá que arcar
com o maior número deles para com o ônus dos encargos sociais.
que órgão comprador possa Nem mesmo a caracterização de
42
prof1ss1onal autônomo impede a férias escolares, a jornada de estág1o
cnação do vínculo empregatício, será estabelecida de comum acordo
se houver continuidade na entre o esrag1cir1o e o concedente
prestação de serv1ços Ass1m, o c) Repasse para Instituições
meio correra e seguro e a entidade Assistenciais -seria uma alternativa
assum1r i1 contratação com o seu váltdé.l o estabelecimento de
ônus. convên1os corn nslitu ições de fins
Algumas Jftemat1vas. entretanto. filantrópicos e asststenciais,
podem ser ado1 adas. desde que não capacitJdas a desenvolver
sejam continuamente empregadas programas de ,nteresse dos Projetos
com os mesmos profiss1onais, pois Sociais. À entrddde cabena repassar
ainda que haja pequeno 1nterva1o os recursos, def1r111 os objetivos e a
entre um e o1wo contrato. t'lc não cl1entela que sP.ria beneficiada. A
mascara o vínculo emprega 1 ic1o I ns t1tu içãc Assis tenc ia I c1'lber 1a d
al Contrato de Direito Civil - contratação do pessoal e a
caracteriza-se pela comratação da persegu rção dos niJ je ltvos
prestação le urn serv1ço, sem gerar determinados pelo Proje to
vínculo empregar ic1o de qualquer
na 1ureza. As panes élJtlstarn A Conclusão
registram SPus d1re 1tos e duveres. Antes de se pPnsar na
respect IVi.lmen te, para a mal1zação reformu Iação da·.- normas em vrgor
de uma tarefa. sobretudo eventual, decorrentes da leg rslação e que, à
sem subordmação h1erárqU1ca. pnme1ra vista, p.1rccem responder
b) Bolsa de Complementação- pelos en 1r<JVes 10 bom desempenho
concedidd él estt1giár ias. São c.JSSirn dos projPTos socltJis, é de lodo
reconhocrdos "os rl lunos recomendável uma revisão profunda
regularrnen te matnculados e que elas práticas hurocr,íticas
freqüentem. efellvamente. cursos éJtualmenre aclotildcis. de modo r~
vinculados à e$lrutura do ensino fortalecei as orgoniLações p(rblrc.as
públi-.:o e particuldr nos níve1s que ildrnlnlstlarn 0~ proJetos soctats.
superror, profiSSional11.ante <.Je rned1ante a 1ntroducão <.Je mudanças
20 grilu e SupleliVO". apropnadas no seu func1onamento.
A lJolsa de complemernaçfío Pela aná lise das normas em vigor
poderá ser adotada como formtJ de é possível compat1hlitztH t1
remuneração de alunos esLag1ános eficiência e a ef IC,iclél dos proJetos
que venham a particip<Jr de projetos soc1ais com a.., reg ras utli 1zadas pelo
de 1nteresse soci<JI. processo admlnts-l téJIIVO das
Os estág1os realiZados sob a organ izações gover rwrnen tal~.
forma de acão comun1tá11a estão O resultaclo do~ proqr:Jmas ou das
isentos de celebração de termo de metas dependeri, cv1dentemente.
compromrsso (§ 20 do art. 39 da dos métodos de tr<lhalho adotados
Le1 n9 6494, de 07.12.77l. O para a execução d.l::. normas legais, ,
estágio não gera víncu lo de do processo de delegação de
qualquer natureza, todavia o autondade <~OS n ive1s da
estudante tem que estar segurado organrzação onde são 1mptanradas
contra acidentes pessoais e deve ser as tarefas e. sobre1udo. elas relações
observado o que a legislação que se esnbelecert;m entre a
previdenciária dispõe. administra<;<io dos protetos sociais
Os estudantes recrutados para e o seu amb1ente Interno e externo,
at ividades de ex tensão. em projetos relações que deverr'io tacillti'lr o
sociais. não poderão cumpm atendimento das clemandas e a
horários que conflitem com seu consecuç.fío dos prorós1 tos dos
horário esco lélr. Nos per iodos de projetos soc1a rs
43
Os Municípios
Brasileiros
Mais Populosos:
Panorama Demográfico

Autor:

Françots E. J. de Bremaeker é publicados na Revista Brasileira de


Economista e Geógrafo. ~assessor Estatística e na Revista Brasileira
técnico do Centro de Pesquisas de Geografia, ambas do IBGE, na
Urbanas do IBAM desde 1971, Revista de Administração de
desempenhando cumulativamente Empresas. da Fundação Getúlio
as funções de coordenador Vargas,· na Revista Paranaense de
administrativo do Centro de Desenvolvimento; na Revista
Pesquisas desde 1976 e de SPAM, da EMPLASA; no Dirigente
coordenador de orçamentos do Municipal; na Revista da
IBAM desde 1981. lnteressa·se Construção Civil,· e na Revista do
particularmente pelos estudos SE ITE, da Fundação de Economia
demográficos, estando a e Estatística do Governo do Estado
desenvolver uma série de do Rio Grande do Sul. Participou
documentos para o Conselho da elaboração técnica de 27
Nacional de Desenvolvimento projetos de pesquisa e da
Urbano- CNDU coordenação administrativa de
Além da Revista do IBAM 48 outros projetos em diversas áreas
possui artigos e entrevistas de pesquisa.

R. Adm. Mun. Rio do Jonoiro 30(167):44·61 abr./jun. 1983


------------~-----
Os Municípios Brasileiros
Mais Populosos:
Panorama Demográfico

O presente artigo tem por O Crescimento da População


finalidade desenvolver uma breve Entre 1970 e 1980 a nopulação
anál1se do comportamento brasileira passou de 94,5 milhões
demográfico dos Municfpios que para 121, 1 rntlhõus de habilém tes.
apresentaram em 1980 uma acusando um crescimento da Otdem
população recenseada superior a de 26,6 milhões ele brasileiros.
50 mil habitantes. Neste mesmo per ioclo o conJunto
O motivo da escolha destes de Municípros com populnc;ão
Municípios se deveu ao fato de que. superior a 50 rnll habitantes passava
independente da sua localização de 47,6 milhões para 69.1 milhões
geográfica. da tradição histórica ou de habitantes. ou seta. obteve urn
da maior ou menor importância que crescimento real ela otdem de
cada um desempenha isoladamente 21.5 milhões (!e habJtantes
ou em conjunto com outros
Municípios. todos têm algo em Isto reptesenta dizer que nada
comum e que é bastante menos do que 80,6% do volume de
significativo: um volume de crescimento ela população brasileira
população que possui elevado poder aconteceu nos Muntcípíos com
de demanda por bens e serviços. população super ror n 50 mil
Aliás. a intenção é a de elaborar habitantes!
uma série de artigos, com este Estes 382 Municípios- menos
mesmo conjunto de Mumcípios. de 10% do total de Munidpios do
abordando diferentes ternas País- continham em 1970 pouco
relacionados com a sua força mais da me1ade de~ populnção
econômica. as finanças públicas brasileim (50,4%) e elevaram
loca1s e o padrão de serv1ços signtltcativamente a sua
ofertados fi comunidade. participação relativa em 1980,
46
f.\dSs<~nc!o a clt:it:r G7,0o/, do vnlume óO nu I hnllftnntes. apenas 3.4%
cl<l popu Iação ncu-;c~rameste upo de
1 ai lenôrneno corKtJntrítdor da c.ompor tamrntr-.
populac,io nJo rep:(c;entr~
Os Municípios em Estudo
cnir~~!tlltlO grand8 c,u1 pr;=s;'), urnd vt~z
que GI•NcJdd PélH:t;ld dos Mtrnt cípto·• - Dados Gerais
é! CU SOll pt:;r de! de pi1f)LJ lc~ç.'io 110 Dr 3í32 'v1unJ( lpros con1
P>::r iurJo rntre 1070 e 1900. E'ltre populaçfio superior cJ 50 mrl
O$ dote; u11 mos '"t.ensf'u~1Er'toc;, 11t1b·ta•'tes. a maior parceld sr
ncJcl<t t n, ~rVj'\ que 1 28!..1 MuntcípJOS local lu na regrãn Sudesre ILll,O%).
132.2% rJn iot,il <lt.l Munt•:ípi051 vindo ~::m c;enundo pldno a regriio
.1cusou per dil de popul<lc.1o :~orr!'~:'>te com 27.5% dos C<Jsos.
Ü(·ntre os i\'luntripros c0rn rnenos Expr;:l ''Vrl wmtJém é 1.1 pJrtiC!pação
de 50 mtl h tbttdntrs. mar:c; :J.:> urnr~ da recn0•l Sul, qLJ(~ detém 19.9%
ierÇél par h.: perdr•tr popu I(JÇJO rl0s Cél~(Y; Em posrcôes secuncJ,í Jiils
i35.3°ó), c1• IJd., ,(, qu•·. <Jen rrc aparec"'l' as regtões Norte 17.1%)
aqueles corn pooulaçJo superror a e Centro Oeste (4,5%)

Tabela n9 1
Distributção dos Muntclpios com população supertor a 50 mil habitantes,
por faixas de tamanho de população, segundo as grandes regiões.
Brasil 1980
Faixas de Grandes Regiões
Tamanho de
População (por Brasil
mil habitantes)
TOTAL 382
Norte

27
I Nordeste

105 157 76
Centro·
Oeste
17
50 I 100 240 19 70 90 50 11
100 1- 200 84 6 21 36 19 2
200 f 500 40 11 22 5 2
500 1- 1000 8 2 5 1
1000 e mats 10 3 4 2 1
Fonte . I BGE Sinopse• Prel•m"'''"' do Censo Oemog•áfl"o pata a• Euddo• IX Rocenseoma 110 Gorul do B•••il - 1980,

V<liP r1nwr que rt"·gronalrnente habrtan tes


os Munr r.íntos corn oopulação A regiJo Norde~te apresenw
suoer ro: a r,o rn I h(lbrtan tes da 7,6% dos casos, t>nquím to que a
regtão ~'"te são os que apresent.ml r'=grão Cerrl r o-Oeste apen<Js 5.1 %.
ma1 01 P<~ l ttr; qJ<Jçiín rclclttvd 17,6%. A postcJo dd reqr5o Norte :;u deveu
Atnd<t ttCrrnd da méch1, por.~rn d dois f.HOreS 0 reldiiVomenle
basi<mle dtswntec; d(1 Plarccr < l<~ neoueno n(rmero de Municiptos da
região Nor w ~stJo <iS re~JlÕe~ reqrâO tJ O 111.'!10' 1111 i)dClO rei<lliVO
Sud~,;ste e Sul. que dl) resent.Hn, pc.7r par te de umd <;o'> r re de
respecttvdrnente. 11,10.. r;;lO,G':; p r og •<~fllds govcr nr~n1er rw t$,
do total de seus Munrcip•os, c..om p:111CrO<llmt:nie n: ,'ut:a de
populitçfio supt>r 10r .1 50 rnol COIOJJII.dCdO.
J7
- A Popu lação
Quanto ao volume de população
dos Munidp1os com mais de 50 mil
habitantes, a sua distnbuição
encontra-se bem ma1s concentrada
na região Sudeste em relação ao
volume da população brasileira
como um todo.
Enquanto a população total da
região Sudeste não passava dos
42,7% em 1970 e dos 43,4% ern
1980. a concentrada nos
Munic(pios com população superior
a 50 mil habitantes atingia cifras
equivalentes a 54,6% do seu
conjunto em 1970 e a 53,8% deste
em 1980.
A região Nordeste, que detinha
30,3% da população brasileira em
1970 e 29,2% em 1980, com
relação aos Municípios com
população superior a 50 mil
habitantes, não passara dos 22,9%
em 1970 e dos 21,9% em 1980,
mantendo. entretanto. o segundo
lugar no contexto nacional.

Tabelo n9 2
Distribuição da população recenseada dos Munidpios com população superior a
50 mil habitantes, por faixas de tamanho de população, segundo as grandes regiões.
Brasil - 1970
Faixas de Grandes Regiões
Tamanho de
População (por Brasil Centro·
mil habitantes) Norte Oeste

TOTAL 47.601.561 1.968.261 10.900.297 25.979.475 6.896.959 1.856.569

50 .... 100 11.449 110 609.032 3.600.473 4.131.121 2.609.627 498.857


100 .... 200 7.893.390 402.518 1.986.389 3.441.206 1.888.062 175.215
200 1- 500 7.663.295 2.329.132 4.215.732 871.733 246.698
5001- 1000 3.255.959 956.71, 1.909.464 389.784
1000e mais 17.339.807 2.984.303 12.281 .952 1.527.537 546.015

Fon11 : IBGE. Sonop~~n Pretlmonaru do C.n10 OemoQr.,oco para oJ EJIMlol. IX R~C:en-.wnto Gtral do Brasil- 1980.

48
Com relação à região Sul, esta
detinha 17,7% da população lotai
brasileu a em 1970 e 16,0% em
1980, enquanto que dos Municípios
com população !>upenor a 50 mil
habrtanles, a sua panic1pacão é da
ordem de 14.5%em 1970 e 13,8%
em 1980.
As demais regiões apresentam
pan1c1pação mais modesta,
aumentando-a praticamenre no
mesmo mmo de um em o para
outro.

Tabela n9 3
Distribuição da população recenseada dos Municípios com população superior a
50 mil habitantes, por faixas de tamanho de população, segundo as grandes regiões
Brasil- 1980
Faixas de Grandes Regiões
Tamanho de
População (por Brasil Centro
mil habitantes) Norte Oeste
TOTAL 69.098.333 3.652.312 15.138.009 37.200.085 9.549.743 3.558.184
50 1- 100 15.937.365 1.210.945 4.594.325 5.951.433 3.374.989 805.673
100 1- 200 11.690.584 849.330 2.709.826 5.138.257 2.700.465 292.706
200 1- 500 11.940.745 3.722.886 6.436.071 1.263.433 518.355
500 1- 1000 5.308.973 1.592.037 2.978.819 738.117
1000 e mais 24.220.666 4.110.972 16.695.505 2.210.856 1.203.333
Fonte: IBGE Smopses Preliminare.s do Censo Oemogrllfoco para os Enados. IX Recenseamento Gorai do Brasil- 1980.

- O Crescimento seu impacto frente ao conjunto do


No período compreendido entre País fo1 basrante reduz1do. Mesmo
os recenseamentos de 1970 e 1980 rendo s1do estas duas regiões as
a população brasiltma cresceu que mais cresceram elas também
28,2%. No mesmo periodo a apresentaram os mars elevados
população dos Municípros com índices de crescimento em termos
mais de 50 mil habitantes cresceu de população total.
45,1 %. Como já v1mos. esta As demais regiões acusaram um
diferença no ritmo de crescimento ritmo de crescimento, para a
resultou em que 80.6% do volume população dos Mun1cípios com
de população adicionada veio a mais de 50 mtl hab11antes. aba1xo
localizar-se nos Municípios mais da médta do conjun 1o.
populosos do País. A região Sudeste apresentou
A nível regional as d 1ferenças são um cresc1mento da ordem de 43,2%
mais acentuadas. As duas regrões para a população dos Municípios
que mais cresceram foram a com mais de 50 mil habitantes
Centro-Oeste e a Norte. 91 ,7% e contra 30,4% de crescimento para a
85,6%; respectivamente. popu Iação total da reg tão. Isto
Entretanto. como estas regiões são representa dizer que nada menos
as de menor volume de população. que 91.4% do cresctmento da
40
I I

população da regtão se processou - A Otstribuição por


nos Munic(pios mats populosos Faixas de Tamanho
( 11 ,2 milhões sobre um total de Dentre os Munrctptos com mais
12,2 milhões de habitantes) l de 50 mil habitantes. 62,8% se
Esta cifra. entretanto, foi situam na faixa de 50 a 100 mil
superada em termos relauvos pela habitantes; 22,0% na de 100 a 200
região Sul, que apresentou 98,4% mil habitantes; e 10,5% na dt: 200 a
do crescimento da população da 500 mil habrtantes. As faixas de
região nos Municípios com tamanho de população mais
população supenor a 50 mil elevadas apresentam 4,7% do
habitantes. Em termos de volume, número de Municípios (2, 1% na
este valor relativo perde muito do faixa de 500 m1l a 1 mi Ihão de
seu significado. pois não ultrapassa habitantes e 2,6% na de mats de
2.7 milhões de habitantes. Tal 1 milhão de habttantes).
fenômeno se deveu a razões mais Em termos de distribuição da
negattvas do que positivas. t: que a população, ocorreu entre 1970 e
região Sul apresentou um índice 1980 uma melhoria de situação,
ex trema mente baixo de processada através da diminuição
crescimento da população: 16.2% relativa da participação dos
em 1Oanos. Sendo assim, o Municípios com população superior
crescimento da população dos a 1 milhão de habitantes. que caiu
Municfpios com mais de 50 mil de 36,4% em 1970 para 35,0% em
habitantes, que foi de 38,5%, 1980
praticamente absorveu todo o Os Munidpios situados na faixa
crescimento demográfico regional. de 500 mil a 1 milhão de habitantes
F mal mente remos o caso da ttveram aumentada sua participação
regtão Nordeste, que apresentou um relativa, passando dos 6,8% em
cresctmento global da ordem de 1970 para 7.7% em 1980. Este
23,5% entre 1970 e 1980 e teve os significativo cresctmento de
Municípios com mais de 50 mil 0.9 pontos. em conjunto com os
habitantes crescendo em 38,9% 1,2 pontos de crescrmenro posttivo
em igual per iodo. Isto fez com que apresentado pelos Municípios de
62,8% do crescimento demográfico 200 a 500 mil habitantes. que
regional se concentrasse nos passaram de 16, 1% em 1970 para
Municípios mars populosos. 17,~~ em 1980, demonstra um
flO
salutar reforço na importância Município frente ao contexto mais
destes Municípios, fato que, amplo, po1s é fornec1da. em anexo,
espera-se. não seja o móvel de uma relação completa e nominal
problemas crescentes. dos Municíp1os com população
Os Municfp1os que integram a super1or a 50 mi I habitantes.
faixa de 100 a 200 mil habitantes Nesta listagem é feita urna
também melhoraram sua posição indicação a respeito da participação
relativa. passando dos 16,6% em do Municíp1o de algum dos
1970 para 16,9% em 1980. principais programas t1p1camente
Quanto aos Mun1cíptos de 50 a urbanos Implantados ou
100 mi I habttantes. estes desenvolvtdos pelo Governo federal
apresentaram uma queda rei ativa na Sua participação nesres _programas é
sua partic1pação frente ao conjunto, notável, pois estão presentes no
sobretudo em razão do ainda conjun to de Municípios 94%
pequeno poder de atração que daqueles que integram o Programa
exercem frente aos demais de Cidades de Porte Méd1o, 60%
Munic(ptos. daqueles que se localizam em
regiões me tropo!ltanas, e 48%
Conclusão daqueles que Integram o Programa
Embora a abordagem efetuada de Aglomerados Urbanos.
neste arrigo seja extremamente
árida para os menos afetos aos
números. será de grande valia não
só para o confron LO com dados Referências Bibliográficas
setoriais a serem analisados 1. BREMAEKER. Franço1s E J.
futuramente. corno também para os de. As regiões metropolitanas.
responsáveis pelas dec1sões técntcas Convênio CNDUIIBAM. Rio de
e pol fttcas. po1s terão uma base de Janeiro. I BAM/CPU, 1982 (Série
dados mais sól1da para just1f1car Estudos Demográficos, v. 1. t. 1)
ou auxiliar a tomada de dectsões. 265 p.
Por outro lado, aos responsáveiS 2. - -.Os municípios que
principalmente pela administração perderam população Convênio
dos governos locais é possibilitada CNDU/ IBAM. Rio de Janeiro.
uma visão de conjunto e uma vtsão I BAM/CPU. 1982 (Séne Estudos
particularizada da situação de cada Demográficos. v. 3. t. 1) 76 p.
51
Relação dos Municípios com População Supes:ior a
50.000 Habitantes em 1980

População. lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci- Programas
mento Governa-
e Município
1970
I 1980 (70/80) mentais

RONDONIA
Porto Velho 66.203 138.289 108,9 CPM
Ji-Paraná 9.136 124.278 1.206,3 CPM
Cacoal 1.224 68.122 5.465,5
Ariquemes 7.769 54.726 604,4
Vilhena 4.717 51.396 989,6 CPM

ACRE
Rio Branco 71.389 119.815 67,8 CPM
Cruzeiro do Sul 37 .157 51.160 37,7

AMAZONAS
Manaus 314.197 642.492 104,5 CPM
52
População indice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci- Programas
e Município menta Governa-
1970 1980 (70/ 80) mentais
I
Manacapuru 49.917 61.708 23,6
ltacoatiara 37.409 53.035 41,8 CPM
Parintins 38.689 52.737 36,3 CPM

RORAIMA
Boa Vista 37.062 69.627 87,9 CPM

PARA
Belém 642.514 949.545 47,8 RM
Santarém 138.205 196.882 42,5 CPM
Conceição do Araguaia 29.830 129.442 333,9
Bragança 62.180 86.077 38,4
Cametá 60.671 80.465 32,6
Abaetetuba 58.273 75.226 29,1
Marabá 24.798 72.530 192,5 CPM
Tucuru í 10.091 67.265 566,6
Ananindeua 23.137 66.988 189,5 RM
Castanha! 38.397 66.865 74,1 CPM
São Domingos do Capim 30.203 66.299 119,5
Vi seu 33.414 59.080 76,8
Breves 38.590 56.635 46,8
Paragominas 15.334 51.004 232,6

AMAPA
Maca pá 87.755 140.624 60,2 CPM

MARANHÃO
São Luís 270.651 460.320 70,1 CPM/AU
Imperatriz 83.630 228.356 173,1 CPM
Caxias 89.915 128.948 43,4 CPM
Co dó 93.988 11 1.730 18,9
Santa Luzia 48.420 98.656 103,8
8acaba l 70.233 82.922 18,1 CPM
Barra do Corda 58.848 79.464 35,0
Timon 37.265 76.052 104,1 AU
Pinheiro 54.623 70.486 29,0
Monção 51.124 68.935 34,8
Coroatá 66.294 68.548 3,4
Turiaçu 24.147 59.083 144,7
Grajaú 33 .640 58.611 74,2
Chapadinha 45.565 54.481 19,6
Vitória do Mearim 34.618 51.388 48,4
Santa Inês 28.255 50.576 79,0

PIAUI
Teresina 230.168 388.922 69,0 CPM/AU
Parnaíba 81.300 104.185 28,1 CPM
S3
População lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci- Programas
e Munic(pio mente Governa-
mentais
1970
I 1980 (70/80)

Picos 54.107 73.195 35,3 CPM


Campo Maior 62.725 68.806 9,7
São Raimundo Nonato 47.512 59.015 24,2
Piripiri 44.235 55.518 25,5

CEARA
Fortaleza 872.702 1.338.793 53,4 RM
Juazeiro do Norte 97.591 138.439 41,9 CPM/AU
Sobral 105.327 120.426 14,3 CPM
ltapipoca 96.323 105.684 9,7
• Quixadá 104.856 100.739 -3,9
Caucaia 55.127 95.216 72,7 RM
Maranguape 60.622 92.802 53.1 RM
lguatu 80.064 84.892 6,0 CPM
Crato 72.016 82.082 14,0 CPM/AU
Acaraú 63.177 72.645 15,0
Ouixeramobim 67.838 67.390 -0,7
Crateús 67.862 67.126 -1,1
Morada Nova 56.594 65.321 15,4
Aracati 50.708 62.002 22,3
Canindé 52.180 58.984 13,0
lcó 41.969 53.876 28,4
Santa Quitéria 46.213 53.375 15,5
Acopiara 48.575 53.152 9,4

RIO GRANDE DO NORTE


Natal 270.127 428.721 58,7 CPM/AU
Mossoró 101.275 149.587 47,7 CPM

PARAIBA
João Pessoa 228.418 338.629 48,2 CPM/AU
Campina Grande 197.802 255.232 29,0 CPM
Sousa 63.716 73.838 15,9 CPM
Santa Rita 53.938 69.058 28,0 AU
Patos 46.797 66.708 42,5 CPM
Bayeux 36.006 59.644 65,7 AU
Sapé 45.981 51.468 11,9

PERNAMBUCO
Recife 1.084.459 1.240.937 14,4 RM
Jaboatão 202.715 335.770 65,6 RM
OI inda 199.292 286.150 43,6 RM
Caruaru 144.646 174.854 20,9 CPM
Paulista 71.077 170.336 139,6 RM
São Louren9o da Mata 95.278 145.330 52,5 RM
Petrolina 62.673 105.535 68,4 CPM/AU
f\4
População lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci- Programas
mento Governa-
e Município
mentais
1970
I 1980 (70/ 80)

Cabo 76.487 105.382 37,8 RM


Vitória de Santo Antão 81.333 94.217 15,8 CPM
Garanhuns 73.315 88.708 21,0 CPM
lgarassu 55.976 73.727 31,7 RM
Serra Talhada 61.066 68.312 11,9
Ouricuri 50.787 64.792 27 ,6
Surubim 52.764 61.629 16,8
Palmares 51.741 59.766 15,5
Goiana 52.562 58.743 11,8
Carpina 46.296 58.001 25,3
Limoeiro 57.470 57.699 0,4
Timbaúba 52.568 55.083 4,8
Escada 44.333 54.040 21,9
Pesqueira 50.145 53.031 5,8
Gravatá 49.726 52.988 6,6
Belo Jardim 45.432 52.008 14,5

ALAGOAS
Maceió 269.415 409.191 51,9 CPM/AU
Arapiraca 95.016 137.855 45,1 CPM
Palmeira dos fndios 62.503 67.562 8,1
União dos Palmares 51.930 53.356 2,7

SERGIPE
Aracaju 186.838 299.422 60,3 CPM/AU
Lagarto 51.478 59.496 15,6
Itabaiana 41.909 52.960 26,4

BAHIA
Salvador 1.027.142 1.531.242 49,1 RM
Feira de Santana 190.076 292.173 53,7 CPM
Vitória da Conquista 127.528 173.312 35,9 CPM
I tabu na 114.772 156.073 36,0 CPM/AU
Ilhéus 109.050 133.359 22,3 CPM/ AU
Juazeiro 61.834 120.372 94,7 CPM/AU
Jequié 101.257 118.855 17,4 CPM
Jacobina 77.266 105.085 36,0
Alagoinhas 78.930 103.740 31,4 CPM
Camaçari 34.281 91.315 166,4 RM
lrecê 62.587 88.793 41,9
ltamaraju 64.868 79.091 21,9
Paulo Afonso 46.621 72.600 8,6 CPM
lpirá 56.435 70.473 24,9
Bom Jesus da Lapa 41.674 70.344 68,8
Valença 48.575 66.752 37,4
Senhor do Bonfim 47.450 64.726 36,4
Riachão do Jacu ípe 50.325 63.136 25,5
55
População lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci- Programas
e Município mento Governa-
1970
I 1980 (70/80) mentais

Santo Amaro 46.812 58 .766 25,5


Serrinha 47.683 58.263 22,2
Campo Formoso 37 .905 57.135 50,7
Candeias 34.799 55.231 58,7 RM
Barra 46.973 52 .530 11,8
Santo Antônio de Jesus 40.237 52.424 30,3
Castro Alves 47.052 50.783 7,9
Euclides da Cunha 41.868 50.530 20,7

MINAS GERAIS
Belo Horizonte 1.255.415 1.822.221 45,1 RM
Juiz de Fora 244.002 317 .760 30,2 CPM
Contagem 111 .746 284.222 154,3 RM
Uberlândia 126.173 247 .536 96,2 CPM
Uberaba 126.773 202.710 59,9 CPM
Governador Valadares 164.297 200.722 22,2 CPM
Montes Claros 118.488 182.685 54,2 CPM
lpatinga 48.372 152.703 215,7 AI
Teófilo Otoni 134.733 131 .511 -2,4 CPM
Divinópolis 81.602 118.709 45,5
Caratinga 110.599 111.881 1,2
Sete Lagoas 67 .286 102.493 52,3
Barbacena 75.022 89.211 18,9
Patos de Minas 77 .346 88 .802 14,8 CPM
Poços de Caldas 58.514 88 .307 50,9 CPM
Araguari 64.184 85.290 32,9
Betim 38.150 85.243 123,4 RM
Coronel Fabriciano 41.611 78 .269 88,1 AU
ltuiutaba 66.790 75.919 13,7
Conselheiro Lafaiete 51 .477 74.080 43,9
Januária 63.257 74.050 17,1
ltabira 56.753 71.741 26,4
Muriaé 59.010 71 .189 20,6
Passos 56.000 70.409 25,7
Una( 53.234 69.400 30,4
Ribeirão das Neves 9.751 67.874 596,1 RM
São João del Rei 55.878 66.195 18,5
Varginha 44.077 65.524 48,7 CPM
Sabará 45.371 64.855 42,9 RM
ltajubá 52 .340 63.839 22,0 CPM
São Francisco 58.716 62.830 7,0
Santa Luzia 25.670 60.328 135,0 RM
Pouso Alegre 38.539 59 .559 54,5
Manhuaçu 49.054 5B.477 19,2
Ouro Preto 48.088 56.571 17,6
Lavras 45.297 54.673 20,7
Ara xá 36.506 54.666 49,7
56
População lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci- Programas
e Município menta Governa-
1970 1980 (70/80) mentais
T
ltaúna 38.292 54.207 41,6
Ubá 45.162 54.105 19,8
Formiga 47.590 53.083 11,5
Curve lo 46.050 52.500 14,0
Timóteo 32.979 51.251 55,4 AU
Ponte Nova 46.234 51.085 10,5
Cataguases 44.526 50.201 12,7
Paracatu 37.425 50.147 34,0

ESPIRITO SANTO
Vitória 136.301 215.073 57,7 CPM/AU
Vila Velha 124.731 207.712 66,5 AU
Cariacica 102.027 191.548 87,7 AU
Cachoeira de ltapemirim 101.649 126.757 24,7 CPM
Unhares 93.215 124.679 33,8
Co latina 107.587 113.614 5,6 CPM

. Serra
São Mateus
Barra de São Francisco
17.377
41.418
54.458
84.568
55.950
52.582
386,7
35,1
-3,4
AU

RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro 4.315.746 5.183.992 20,1 RM
Nova Iguaçu 731.814 1.101.627 50,5 RM
São Gonçalo 433.985 620.473 43,0 RM
Duque de Caxias 434.654 580.893 33,6 RM
Niterói 330.396 408.519 23,6 RM
São João de Meriti 304.817 402.335 32,0 RM
Campos 321.370 355.137 10,5 CPM
Petrópolis 193.414 247.512 28,0 RM
Volta Redonda 126.805 193.381 52,5 CPM/AU
Magé 113.965 168.135 47,5 RM
Barra Mansa 102.755 160.896 56,6 CPM/AU
Nilópolis 128.948 152.974 18,6 RM
Nova Friburgo 92.062 125.349 36,2
ltaboraí 66.130 116.161 75,7 RM
Teresópolis 73.684 100.715 36,7
Resende 67.941 92.683 36,4
ltaguaí 57.680 92.517 60,4 RM
Maca é 66.104 77.625 17,4
Barra do Pira ( 59.841 73.024 22,0 CPM
Cabo Frio 44.897 72.515 61,5
Três Rios 56.522 72.308 27,9
Ita peru na 61.817 64.307 4,0
Angra dos Reis 40.803 60.998 49,5
Valença 49.324 55.184 11,9
São João da Barra 55.847 54.967 -1,6
Ara ruama 40.184 50.672 26,1
57
População lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci · Programas
e Município mento Governa-
1970 1980 (70/80) mentais
I
SÃO PAULO
São Paulo 5.978.977 8 .587.665 43,6 RM
Campinas 382.097 681.515 78,4 CPM/ AU
Santo André 420.828 557.243 32,4 RM
Guarulhos 237.900 538.695 126,4 RM
Osasco 285.160 477.285 67,4 RM
São Bernardo do Campo 202.505 430.943 112,8 RM
Santos 350.293 424.633 21 ,2 AU
Ribeirão Preto 218.584 327.128 49.7 CPM
São José dos Campos 150.884 292.204 93.7 AU
Sorocaba 177.769 274.660 54,5 AU
Jundiaí 170.402 262.095 53,8 AU
Diadema 79.316 230.551 190,7 RM
Piracicaba 154.855 218.859 41,3
Mau á 102.188 207 .325 102,9 RM
Mogi das Cruzes 139.666 201 .150 44,0 RM
São Vicente 117.856 194.832 65,3 AU
São José do Rio Preto
Bauru
124.034
135.366
193.185
190.315
55,8
40,6
CPM
CPM

Carapicu íba 55.339 187.358 238,6 RM
Taubaté 112.574 171.820 52,6 AU
São Caetano do Sul 151.012 164.983 9,3 RM
Guarujá 94.906 152.845 61,0 AU
Limeira 91.515 151.629 65,7
Franca 95.018 150.160 58,0
Presidente Prudente 107.334 141.129 31,5 CPM
Araçatuba 110.172 131.722 19,6 CPM
Araraquara 102.381 130.089 27,1 CPM
Marília 100.210 124.758 24,5 CPM
Americana 66.665 123.464 85,2 AU
São Carlos 86.385 122.027 41,3
Jacareí 62.023 116.653 88,1 AU
Rio Claro 79.164 111.964 41,4
Suma ré 23.611 103.113 336,7 AU
Susano 55.734 102.020 83,0 RM
Taboão da Serra 41.124 98.412 139,3 RM
Embu 18.183 96.185 429,0 RM
Guaratinguetá 70.241 88.137 25,5 AU
ltapetininga 64.138 85.379 33,1
Bragança Paulista 64.387 85.065 32,1
Cubatão 51.155 79.844 56,1 AU
Santa Bárbara d'Oeste 31.173 77.335 148,1 AU
Barueri 38.077 75.775 99,0 RM
Itu 49.299 75.403 53,0
Jaú 56.811 75.357 32,6
Barre'fts 66.097 74.769 13,1
Catanduva 59.714 74.279 24,4
ç;fl
População lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci- Programas
e Município mento Governa-
1970
I 1980 (70/ 80 ) mentais

Mogi -Guaçu 43.003 73.952 72,0


I taquaquecetuba 29.159 72.962 150,2 RM
Pindamonhangaba 48.653 70.574 45,1
Praia Grande 20.177 69.858 246,2 AU
ASSIS 58.278 68.605 17.7
Araras 53.774 67 .186 24,9
Botucatu 52.653 66.315 25,9
I tapeva 49.376 66.195 34,1
Cotta 31.007 63.506 104,8 RM
ltapecerica da Serra 25.382 60.979 140,2 RM
Ourinhos 49.270 60.774 23,3
Cruzeiro 46.199 58.783 27,2
A ti baia 37.300 58.633 57,2
Lo rena 46.954 58.357 24,3 AU
Tupã 53.306 58.243 9,3
Ribeirão Pires 29.391 57.210 94,7 RM
lndaiatuba 30.659 56.822 85,3 AU
São João da Boa Vista 44.780 56.354 25,8
Tatu i 40.056 55.961 39,7
Ferraz de Vasconcelos 25 .353 55.466 118,8 RM
ltapevi 27.648 53.819 94,7 RM
Votorantim 27.082 53.399 97,2 AU
Votuporanga 39.885 53.360 33,8
Lins 47.397 53.241 12,3
Poá 32.448 53.123 5,5 RM
Sertãozinho 31.235 52.172 67,0
Caçapava 31.509 51.806 64,4 AU
Birigui 35.267 51.582 46,3
Mogi-Mirim 36.615 51.175 39,8
Franco da Rocha 36.447 51.053 40,1 RM
São Roque 37.353 50.248 34,5

PARANA
Curitiba 624.362 1.052.147 68,5 RM
Londrina 231.688 309.420 33,6 CPM/AU
Ponta Grossa 129.229 190.180 47 ,2 CPM
Maringá 123.106 172.662 40,3 CPM/ AU
Cascavel 90.855 166.401 83,2 CPM
Guarapuava 111.882 159.113 42 ,2 CPM
Foz do Iguaçu J4.377 141.726 312,3
Umuarama 114.158 101.929 - 10,7
Pitanga 64.559 85.622 32,6
T oledo 64.878 82.513 27,2
Paranaguá 63.454 83.420 31,5 CPM
Apucarana 70.577 81.730 15,8 AU
Campo Mourão 78.175 76.775 -1 ,8
São José dos Pinhais 34.528 72.127 108,9 RM
59
População lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci- Programas
e Município mento Governa-
1970
I 1980 (70/80) mentais

Piraquara 21.536 71.241 230,8 RM


Paranavaí 58.251 66.676 14,5
Laranjeiras do Sul 39.553 63.855 61,4
Colombo 19.282 63.107 227,3 RM
lvaiporã 67.998 62.765 -7.7
Marechal Cãndido Rondon 44.037 56.762 28,9
Arapongas 51.718 55.536 7,4 AU
Assis Chateaubriand 78.879 55.363 -29,8
Campo Largo 34.469 55.297 60,4 RM
Telêmaco Borba 37.719 55.294 46,6
Cambé 35.802 54.219 51,4 AU
Castro 37.995 51.058 34,4
Ortigueira 36.771 50.467 37,2
Medianeira 31.378 50.017 59,4
SANTA CATARINA
Joinville 126.559 237.940 88,0 CPM
Florianópolis 143.414 196.055 36,7 CPM/AU
Blumenau 101.029 159.828 58,2 CPM
Lages 131.190 158.518 20,8 CPM
Criciúma 82.033 112.746 37,4 CPM
São José 43.379 89.937 107,3 AU
ltaja( 63.881 88.074 37,9 CPM
Chapecó 50.117 84.658 68,9
Tubarão 67.474 77.407 14,7 CPM
Concórdia 46.063 59.918 30.1
RIO GRANDE DO SUL
Porto Alegre 903.175 1.158.709 28,3 RM
Pelotas 213.152 267.751 25,6 CPM
Caxias do Sul 145.502 224.989 54,6 CPM/AU
Canoas 154.832 223.333 44,2 RM
Santa Maria 161.704 192.000 18,7 CPM
Rio Grande 118.412 149.708 26,4 CPM
Novo Hamburgo 85.956 138.400 61,0 RM
Passo Fundo 95.608 125.184 30,9 CPM
Via mão 67.066 119.361 78,0 RM
Gravata( 52.733 108.733 106,2 RM
São Leopoldo 65.462 104.216 59,2 RM
Bagé 91.800 102.077 11,2 CPM
Santa Cruz do Sul 88.048 101.628 15,4 CPM
Santo Angelo 82.098 96.407 17,4 CPM
Cachoeira do Sul 95.486 95.572 0,1 CPM
Uruguaiana 76.165 93.536 22,8 CPM
Alvorada 40.502 92.490 128,4 RM
Sapucaia do Sul 41.965 80.635 92,1 RM
lju ( 54.688 72.846 33,2
60
População lndice
Unidade da Federação Recenseada de Cresci· Programas
e Município mento Governa·
mentais
1970
I 1980 (70/80)

Alegrete 66.286 72.113 8,8 CPM


Santana do Livramento 64.054 69.340 8,3
Cruz Alta 58.847 68.311 16,1
Palmeira das Missões 59.120 66.863 13,1
Lajeado 57.537 65.114 13,2
Cachoeirinha 31 .296 63.798 103,9 RM
Erechim 49.783 62.437 25,4 CPM
Osório 56.080 61.763 10,1
Bento Gonçalves 42.243 59.915 41,8
Vacaria 57.596 59.852 3,9
São Borja 53.176 58.946 10,9
São Gabriel 52.320 58.603 12,0
Camaquã 58.122 58.415 0,5
Guaíba 33.941 56.515 66,5 RM
Canguçu 63.041 56.514 -10,4
Carazinho 43.111 55.117 27,8
Santa Rosa 40.166 53.086 32,2
Esteio 35.174 51.874 47,5 RM
Rio Pardo 54.357 51.089 -6,0
MATO GROSSO DO SUL
Campo Grande 143.271 298.878 108,6 CPM
Dourados 67.676 108.481 60,3 CPM
Corumbá 82.706 83.578 1,1 CPM
Três Lagoas 56.231 59.543 5,9 CPM
Amambaí 22.779 59.517 161,3

MATO GROSSO
Cuiabá 103.427 219.477 112,2 CPM/AU
Rondonópolis 50.594 84.034 66,1 CPM
Várzea Grande 18.305 78.001 326,1 CPM/AU
Cáceres 32.394 60.447 86,6 CPM

GOlAS
Goiânia 389.784 738.117 89,4 CPM/AU
Anápolis 107 .539 184.225 71,3 CPM
Luziânia 32.832 94.117 186)
ltumbiara 64.666 79.448 22,9 CPM
Rio Verde 56.740 76.681 35,1 CPM
Araguaína 38.838 74.887 92,8 CPM
Jataí 42.772 55.420 29,q

DISTRITO FEDERAL
Brasília 546.015 1.203.333 120,4 AU
RM - Região Metropolitana
CPM - Cidade de Porte Médio
AU - Aglomerado Urbano
61
O Município Brasileiro
e o Novo Perfil Politico
da Nação

Autor:

Josué Souto Maior Mussalém,


ex-Presidente da Empresa de
Urbanização do Recife -
URB·RECIFE e atual
Superintendente de Planejamento
da Fundação Joaquim Nabuco.

R Adm. Mun. Rio de Janeiro 30(167) ·62-71 abr./jun. 1983

62
O Município Brasileiro e o
Novo Perfil Político da Nação

As eleições de 15 de novembro O pleito de 15 de novembro


de 1982 representaram para a nação 1naugurou uma nova etapa do
brasile~ra o infcio de uma nova era processo pol ftico nacional, processo
no campo político. Foram as que teve continuidade com a posse
primerras eleições dtretas para dos prefeitos eleitos no m fcio deste
governador depois de 20 anos (as ano e mais recentemente. em 15 de
últimas ocorreram em 1962). e março, dos novos governadores.
todos os municípios do país Tudo o que acima foi dito é lugar
tiveram seus prefeitos mudados. comum no noticiário do país. Mas
seja por eleições diretas ou por o outro aspecto da questão. aliás o
eleições indiretas. como é o caso mais Importante, não deve ser
das capitais dos Estados. esquecido. E este aspecto é o fato
As Câmaras Munrcípats, as de o municfpro ser, hoje, peça
Assembléias Leg1slattvas. a Câmara fundamental da estrutura
Federa l e uma parte do Senado sócio-econômica e política da nação
passaram pelo crivo da maior e ao mesmo tempo o ente pol ftico
eleição já registrada na história de menor prestígio e o menos
brasileira em número de votantes favorecido em termos financeiros
e pela participação nas campanhas do nosso complexo pol itico. Essas
políticas que antecederam o pleito. contradtções e os caminhos para
E o processo de abertura foi o suas soluções é o que tentaremos
responsável por essa eleição que analisar adiante.
motivou a esmagadora maioria do
eleitorado brasileiro, o qual teve um O Poder Político Emergente
excelente desempenho em termos dos Municípios Brasileiros
de partiCipação, com um mlnimo Os problemas de uma nação
de abstenção passam obngatoriamente pelo
64
fato polltico. Esta constatação é compreender, entretanto, é a fonna
simples na medtda em que mesmo mais adequada de uti lizar tal poder
as grandes decisões do campo em seu própr1o benef leio. em
econômico. com todas as suas benefício do Estado e amda da
repercussões, sejam elas positivas Região onde está localizado.
ou negativas. são tomadas com A concen lr aç io de pode1 na
base na política. União- poder VlUi entend1do
Em um processo de abertura como a forma de controlar os
pai ítica. esta lógica fica cada vez mstrumen tos de política
ma1s fortalecida pela própria econômica. como os monetários.
evolução dos fatos que iniciaram e fiscais, cambiais e de mtervenção
mantiveram tal abertura. Os direta na economia - determtnou
problemas dos municípiOS ao longo dos últimos 15 anos urn
brasiletros são também políticos. progress1vo declínio de poder dos
mesmo que não possam ser Estados e dos Municíptos. Téll
relegados os aspectos técnicos, declínio foi representado. inclusive,
urbanísticos. financeiros e da pela perda da receita própria e sua
qualidade dos recursos humanos substituição por mecantsmos
locais. Assim, os prob lemas institUCionais como o Fundo de
municipats deverão ter PartiCipação dos Estados- FPE e o
priontariamente um tratamento Fundo de Participação dos
político. dentro do próprio Municípios- FPM, ambos
contexto municipal, na controlados de forma d1reta pela
microrregião onde está localizado e União.
até mesmo no próprio contexto Nos últimos anos. o próprio
estadual. Governo Federal vem-se
preocupando com essa excess1va
O processo político mun1c1pal
concentração de poder. Daí a idém
tem início na ação política do
já consolidada de um novo Código
·prefeito e seus secretários, continua
no próprio legislativo da cidade. ou Tnbuiário Nac1onal, que possa
seja, na Câmara dos Vereadores, redismbuir a Recflitn Frscal ela
estendendo-se à Assembléia União com os Estados e
Legislativa Estadual pelo Deputado, Municípios, fortalecendo, dessa
cuja base eleitoral está nele forma, a base da estrutura política
local1zada, e continua no Gabinete da Nação.
do Governador. dos Secretários O esforço nac1onal para a
Estaduais e na Bancada Federal, na elaboração de um novo Código
Câmara dos Deputados. Tributário Nac1onal passa
obrigatoriamente pela capac tdcJcJe
t claro que quanto ma ior o de mobil tzação pai í ttca do poder
muni c ípio, quanto ma ior o número emergente dos municípios
de vereadores e de depu ta dos brasi leiros. Urna mobili;ação
estadua is eleitora lmente a ele política dos Munrcfpios e dos
vi nculados, ma tar será o poder de Estados, que ot) je trve uma nova
barganha desta un1dade den tro do pol itica tributária brasiletra, é o
próprio Estado. primerro grande passo par a o
O poder político dos muntcíptos fortalecimento dessas entidades
brasilei ros. a partir deste ano de no contexto nac1onal. E tal
1983, passa por um processo de mobilização estj acima dos
transformação quant 1tativa e próprios mteresses panidárros.
qualitativa: o mun1cíp1o passa a ter pois representa a pedra angular da
mais poder O que ele precisa sobrevivência municipal.
65
-

O Município sob o Enfoque O processo de consu I ta às


de uma Pol (tica Regional aspirações comunitárias de um
A caracterfstica multirregional munidpio é tarefa eminentemente
do Brastl, com suas peculiancJades polftica e precisa ser realizada de
geoeconômicas, seus aspectos forma efetiva, a fim de que seja
climáticos e a própria formação composto um quadro de
histórica que difere de uma região informações que permita ao
para outra, impõe a adoção de uma Administrador Estadual e até
pol rtica que contemple de forma mesmo ao Federal tomar decisões
diferenciada e adequada as nossas que benefic1em o próprio
regiões. Assim é elementar que o município.
processo de indução das economias E: ev1dente que o mumcíp10
regionais não possa ser o mesmo de determinada região terá
para o Sul. Centro-Sul. aspirações e necessidades
Centro-Oeste. Norte e Nordeste. compatíveis com as características
O mesmo raciocínto se aplica a sócio-econômicas e culturais da área
uma pai rtica municipalista que não onde está geograficamente mserido.
pode nem deve ser global ou Munidpios do Nordeste e do Norte
estabelecida de cima para baixo. do pa(s. pelas suas própnas
Pelo contrário. deve consultar os caractedsticas. terão aspirações
interesses e as aspirações básicas dos diferentes das dos municípios do
habitantes dos munidpios que Centro-Sul. ou do Centro-Oeste.
deverão ser o alvo fundamental de Mas haverá um ponto comum a
uma pai ruca de desenvo lvimento todos os municfp1os brasileiros. que
econôm1co e social. é o da participação polftica como
66,
CJO(}

-~~~/;z~=---
I
1'\
.

forma adequaria de aceiPrar o três grandes Irnhas bás1cas


processo de resoluç!lo dos 1 A reforrni.l tributirria.
problemas que os afetam. 2. A ndoção de uma pol itrca
A 1dé1a de reg ional 1zur tJ pol ítrca r urbana.
econômica e social não é nova, mas 3. A adocão de uma pnlí1 ica de
exrs1em várros problemas na desenvolvimento de conteúdo
ap licação dessa política, Lais como regronal.
os de adequação da pof ít1ca f1sca l. No pr 1merro caso. ou seja. o da
da educac1onal e da social E diante refbrrna tributárra é evidente a
do novo quadro pol ítrco bras1 le1ro idéia de que nfío l1averá
cabe uma mo1J111zaçilo dos fortalecimento da tldse econômrca
municíp1os, no semido de que munrcipal e tarnbérn dJ estadual se
sejam sugendas modífrcações nos não ocorrerem -;ubsranctais
d1versos enfoques ria atuação ai teraçõer.; na nossa legislação
regional. tributár 1rJ e em sua conseqüente
operactonaltzaç~o É elementar que
Os Municípios Brasileiros e o fortalecimento rJ,)S ivlun1c ip1os
a Ação a Curto Prazo seja dire tómente p:ooorc1unl1l à
O atua l Pstágio de concent ração capéJC!dade eleger i.lC<'io de receita
do poder A tr<Jvés dos mec<m rsmos por par te dessas en t 1dndes
ou rnstrumen tos ele aç5o por parre Pr.1ra que se tenh.i trnw rdé1a r.ld
da Unrão é t.i'io ione qrw par l concentração rrihulalla brasril?l'él,
reduzr-lél se taL necess<irra uma basw exarntnélr o qu<wlru da pá~J'Pa
ação a curto prazo. Tal dção segu 111te, que abrangn um pt~rrodo
pol ít icn deverá concentrar-se em médro de 20 anos.
67
Quadro 1
Percentagem da receita tributária e do total dos recursos que fica
com a União, Estados e Municípios
1957- 1978

Receita Tributária Recursos efetivamente


(%) disponíveis* (%)
Ano
União Estados Municípios União Estados Municípios

1957 48,5 43,0 8,5 42,9 46,1 11,0


1960 48,1 45,6 6,3 43,1 48,3 8,6
1963 50,8 42,6 6,6 42,0 46,0 12,0
1966 51,2 41,5 7,3 40,6 46,3 13,1
1969 53,2 43,0 3,8 45,4 40,1 14,5
1972 57,9 38,3 3,8 48,8 37,9 13,7
1975 62,0 33,9 4,1 50,5 36,3 13,2
1978 57,5 37,3 5,2 44,0 40,0 16,0

( • I Inclui transfertncias da receita de uma ert.ra de governo para outra, a"m daquelas formalmente
consignadas.
Fonte~ Secretaria da Economia a Finanças do Ministtrio da Fazenda.

Um outro quadro que indica de o relativo à destinação dos recursos


forma clara e precisa a arrecadados pelo sistema tributário
concentração tributária brasileira é nacíonal.

Quadro 2
Destinação dos recursos provenientes do sistema tributário nacional
1982
Imposto Destinação Geral
Imposto de Renda Pessoa F fsica 77,0% União
10,5% FPM
10,5% FPE
2,0% FE
Imposto de Renda Pessoa Jurídica 77,0% Unillo
10,5% FPM
10,5% FPE
2,0% FE
Imposto de Renda Retido na Fonte 77,0% União
10,5% FPM
10,5% FPE
2,0% FE
Imposto de I mportaça'o 100,0% União
68
Imposto Destinação Geral

Imposto de Produtos Industrializados 77 ,0% União


10,5% FPE
10,5% FPM
2,0% FE

Imposto de Circulação de
Mercadorias (ICM) 100,0% Estados, Distrito Federal
e Municípios

Imposto sobre Operações Financeiras


(IOF) 100,0% União

Imposto Sobre Serviços de Transporte


Rodoviário Intermunicipal e
Interestadual de Passageiros e
Cargas (ISTR) 80,0% União
20,0% Estados, Distrito Federal
e Munidpios (DNER)

Imposto único Sobre Energia Elétrica


(IUEE) 40,0% União
50 ,0% Estados, Distrito Federal
e Territórios
10,0% Munic(pios
Imposto único Sobre Minerais (IUM) 10,0% União
70,0% Estados, Distrito Federal
e Territórios
20,0% Municípios

Imposto Territorial Rural (ITR) 20,0% União


80,0% Municípios

Imposto único Sobre Lubrificantes e


Combust(veis Lfqu idos e Gasosos
(IULCLG) 60,0% União
8,0% Municípios
32,0% Estados e Distrito
Federal (daqui retirado
1,28% para o Fundo
Aeroviário)

Adicional IULCLG 60,0% União


8,0% Munidpios
32,0% Estados e Distrito
Federal

Fonte: INOR
R. Pernamb. Oesenv.. Rac1fe, 9(2): 236, jul./dez. 1982

69
... :
. .
.• ....

No segundo caso. ou seja, o da agrános, pastons, industriais, dos


adoção de uma pol ft1ca rurbana, valores e estilos urbanos com
trata·se de uma constatação de que va lores e estilos rurais''
o problema urbano brasiletro tem A pol ftica r urbana preconizada
sua origem no setor rural. Em 1956, por Gtlberto Freyre foi
o sociólogo e antropólogo Gilberto concretizada de forma ractonal e
Freyre defendeu a adoção no Brasil inteligente pelo arqutteto Jaime
de uma Polftica Social Rurbana, Lerner. em Curitiba, Paraná, e o
"que não se extreme nem na êxito da miciativa daquele arquiteto
urbanização nem na ruralização da transformou a idéia pernambucana
comunidade, mas se esmere na sua em programa de âmbito nacional,
rurbanização". Defendia, e ainda com recursos do Ministério do
defende Gilberto Freyre, que uma Interior, através do Banco Nacional
política social deve ser da Habitação - BNH.
fundamentada "no equil íbno, A poHtica rurbana não é uma
dentro dessa comunidade complexa ação puramente rural ou
e já antiga, ecológica e exclusivamente urbana, mas, sim,
sociologicamente diversa pelos um conjunto de ações em que os
seus espaços naturais e culturais, objetivos e metas se justifiquem
que devemos procurar transformar pelo que podem significar como
de antagônicos em complementares. instrumento de melhoria simultânea
70
da qualrdade de v1da, tanto da esforço de reduzir as disparidades
população urbana quanto das sóc1o-econômicas hoje existentes.
populações rurais. 2. As modificações poderão ser
!: necessáno lembrar que a feitas de forma adequada através do
mnror ia dos municípios brasilerros processo poli rico propriamente
são rurélrs ou se locnlrzam no dito, ou seja. através das forças
interior dos Estados. Isso não quer políticas locais, estadua rs e
d1zer que as grandes concentrações regionais, visual izando-se tais
metropolitanas devam ser relegadas forcas em uma postura que se situ e
a um plano secundárro . Ao acima dos partrdos
contrtH io. devern ter um tratamento • 3 Os Muntc íptos brasileiros são
urgente quanto à qualidade de vida localizados em Estados que. por sua
E tal tréltamento será diretarnen:e vez. são par te das mac10rregrões do
proporcronal a uma melhor pais. Assrm. reafirma-se a
capaci ;ílção técnica, econõmrca e necessidade do enfoque regional
ti nancer ra dos municípios que para a pol itrca econômica e social a
compõem as regiões metropolitanas ser adotada no Brasrl
brasileiras. 4. No <1mb i to dessa política
Na parte referente à adoção de regronal, destaca-se nação a curto
umc1 polítrca de desenvolvrmento prazo. necessár rtJ à rmedrata
com conteúdo regronat. devemos redução do "qap" ex1sten1e entre a
ronsrderar como fundamenwrs ;1s capacrdade dos Estados e
poli ucas de geração de empregos e Municípios em atender as suas
de elevação uo n ivel de renda, próprias necessrdades.
notadamente para grupos socrais 5. A ação a curto prazo sugere: a
amda mílrgrnalizados. Atrás. a reforma tribuié'lrra. jà em estudo no
desconcentração da rendéi, dentro ârnbi to do Govet no Federal; a
de uma rol itrca de desenvolvrmento adoção de urna pol ítrca de
corn ênf;,se regionol, é uma d<JS rurbantzação como forma de
metJs pnrnordiars de diversos reduzir os cJesequilfbrios entre
Estados brasileiros. principalmente rnunicípros rurais do in ter ror e
os localr;ados ern regrões menos regiões metropolrtélnas e cap rtats
favor ecrdas econumicarnen te corno dos Estados; e a ndoção do
o Nordeste e o No r i e. desenvolvrmento com conteúdo
Os tnvestrmentos em saúde, regional .
habitação e educação interesSélm a
todos os rnunicfpros brasileiros 5ern
exceção Silo rnvest•rnemos que Referências Bibliográficas
representam uma forma rndiretn de 1. FREYRE. Gilberto.
rec.J istribu ição de renda. Rurbanízação: o que é? Recife.
Fundação JocJqurrn Nabuco, Ed.
Conclusão Massangana, 1982.
Cont-lurncio as idéias até cJqur 2. FUNDAÇÃO JOAQU IM
deltneadas. podemos dizer que NABUCO, Rec1fv. Por uma
1. O novo "status" político polftica de desenvolvimento social
conferido à nacão braslletm pelo para o Brasil Re~rte, Ed.
processo de abertura política e os Massangana. 1981. (•)
resultildos elas elerções de novembro 3. REVISTA PERNAMBUCANA
de 1982 dão aos Estados e DE DESENVOLVIMENTO, 8ecife.
Municipros nova oportunidade no v. 9. n. 2. JUI./dez 1982.

( • ) O documento acima citado foi preparado espectalmente para o ent4o candidato à Presidência da
RepúbllcD, General João Batista Figueiredo

71
A Rocinha, o Laboriaux
e Outras Estórias

Autores:

Ana Maria Brasileiro e Nanei


Valadares são doutoras em Ciência
Polftica pela Universidade de
Essex-Colchester, Inglaterra, e
pela Universidade de Nova York,
Estados Unidos, respectivamente.

R. Adm. Mun. Aio de J aneiro 3011671:72-81 abr./jun . 1983

72
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A Rocinha, o Laboriaux
e Outras Estórias

Apresentação Municipal de Desenvolvimento


Duas am1gas, Nanei Valadares e Social, atendendo re1vind•cação de
Ana Maria Brasileiro, ambas moradores da Rocinha, resolveu
profisstonais no campo das ciênc1as investir na favela, dando início à
sociais. interessadas em questões de canalização da vala principa l de
desenvolvimento urbano e no seu esgotos ao pé do morro. Para que o
própno desenvolvimento enquanto projeto pudesse prosseguir,
seres humanos e mulheres v1ranrse tornou-se 1mperéltiva a destruição
um dia trabalhando juntas numa de diversas moradias localizadas
mesma Instituição, a Secretaria praticamente em cima dos esgotos
Munic1pal de Desenvolvimento no caminho da canalização. Para
Social do R1o de Jane1ro. Desse alojar as famll1as a serem atingidas
encontro surgiu a idé1a de com a ret11 ada dos barracos a
observarem, de uma mane1ra livre Prefeitura reservou uma área de sua
e criativa, o seu trabalho e o de seus propriedade, no alto, em lugar
colegas e ao mesmo tempo conhecido como o Laboriaux.
refletirem, juntas, sobre os Lá deu Início à construção de
processos sociais mats amplos nos casas-embnão a serem cedidas aos
quais se v1am direta ou antigos moradores da vala. Os
indiretamente envolvidas. bilhetes focalizam esse processo.
Estabeleceu-se entre as duas um Fazerrrno de forma incompleta,
tipo de comunicação formalizada numa versão livre onde outras
em parte através de bilhetes. preocupações -que não apenas as
O projeto da Secretaria na fayela da relacionadas com o caso - se
Rocinha serviu como ponto de apresentam. O interesse em
convergência para as observações. divulgá-las nessa forma quase
Em 1980, a recém-criada Secretaria primitiva está mais na proposta
7/J
metodológica - nlternativa que substan11vo na sua act~pção
pode ser explorada talvez com genér tca. o que talvez n!io ~ja de
maior eficiência por outros todo adequado) é essé'l crençfl neles
interessados em rl scuur remas próprios. nas suas posstl) ti rdnrles
semelhantes- do que propriamente O projeto da humamdade
no seu contet'JdO Esse comeúdo parece-me louquíssrmo urna parte
wdavia parece-nos tambérn da natureza, nós. propõe-se não só él
relevante apesar do seu caráter compreender o todo (o mundo. o
fragmenta do universo e o para além) mas a atuar
Esperamos apesar de tudo que a efetivamente sobre ele, na
experiênc1a (quase urna bnncaderra expectailva de moldá-lo segundo a
intelectual) possa ser de alguma sua von ia oe Ou er super ar e
íorrna útil para os que clela venhéim submeter a natureza. Usa ou crê
a tomar conhec1rnento que usa como seu instrumento
bttsico a parte da pnrte. a mente
humana. (Nd verdade, o emocional.
Bilhete 01 23/ 12/81
a criatividade, o ilógico estão muno
Ana, mais presentes na histór1a da
Ass1sti à mudnnça dos pnme1ros humanidade do que a razão,
moradores dll Rocin ha para o concorda7)
Lahorraux Não fora a proxHniclarle O laborillux. ta l qual Brasília.
do Natal a lembrar o espír 11o ele surge pa~a m1m corno um feito
sol rdanedade entre os hornens, as desse tipo a ânsia de plasmar o
casas·prescntes da Secretaria espaço e corn ele a sociedade.
Municipal de Desenvolvimento Propõe-se a transcender o horror da
Social m<Jis se pdrecenam (lO cavalo favela, suoerar a desordem, cnar urn
de Tró.a para os hí1b1tantes cJas "novo bairro". E o novo bairro se
mansões vrzrnhas da Gávea Bem, é faz acompanhar, segundo você. de
fato que do outro Indo da rua está uma nova consctência, urna
a Rocinha, face a f(JCe. O morro "consciêncta c1vtlrza tór ia
sendo a Rocmha. o barrro é o renovada" . t: como se, por um
Labonaux passe de m{JqiCcJ ("a rnodernrdade
A modernidade cons1ste consiste e..;atdmente nü
exatamente na transformação trans10rrn<Jc<'io tnstantânea da
instantânea dd conc;ciência Urr d•t~ consc1êncta·, .. l as pessoas. mt i racl:1s
na história dos l'omens o c•dadão das valac; e do convíviO, nem um
de pronto aprop110u·se ela pouco ameno Ct)m r(ltos e
eletr icrdade a fio e i1Ssrstiu, corno d rawzanas, uvessem a sua
u rn despe r liJr. passare r~ se os consc,êncta tnstJn tanea rne n te
milênios da escundffo éln ter 101. expandida em direção él "pad rões
No colld~<mo. eu presenciei a civdtzados'' (o que seria mesmo
renovação diJ collsc,ênci;1 uma consciência Civ il izatória?) Os
crvil 1zatór 1a nas I.Jmí lléls, que. favelados aprenderiam a ser gen te,
aba ndon<Jndo <JS valas onde a se comport<lr como tal.
conviVIêlfiJ com rntos l! ratazans~. Na verdade nt:.m eu nem você (e
receber ;,m C<Jm suas casas a nem os própnos moradores)
rnesperadiJ noçfío do b~Ji rr o. sabemos o que vai acontecer no
Nanei Laboriaux. E uma das coisas que
podemos fazer (e já estamos
Bilhete 02 30/ 12/81 fazendo) é acompanhnr o processo.
Nanei, De qualquer forrna neste momento
O que ma1s rne surpreende POs quero levanta r apenas uma questão
homens (parn con1inunr tJSdndo o o que, a partir elo conhecimento de
7'1
que dispomos se pode esperar que
venha a ocorrer no Laboriaux?
Não quero ainda discutir se
concordo ou não com a opção
pol ftica tomada pelo governo
municipal de construir um novo
bairro e doá-lo{*) às famíl1as que
teriam que deixar o valão pard
perm1tir a obra. Teremos, se os
deuses nos forem favnráve1s e a
nossa vontade assim o desejar,
oportunidade para 1sso adiante.
O novo bairro não se confronta
apenas com as mansões da Gávea.
Entra em choque com a própria
favela. t um espaço que pela sua
beleza. organ1zação e serviços
destoa profundamenta da favela,
sua vizinha . Num primeiro
momen to podemos dizer que ele já
não pertence à favela. t outra coisa.
Seus moradores, conscientes da sua
situação de privilégio. vão por um
lado procurar preservá-lo, murá-lo, guerras e na superação formal dos
dificultar o acesso de outros. Por paradigmas científicos, e a
outro, contudo, estarão submetidos demonstração de sua última
a processos globais como o de conquista: o ilógico, o
especulação imobiliária, a contraditório, o amb (guo. Mal
transformação de espaço em renda sa(mos do Largo dos Boiade1ros,
(pela construção de apêndices recém-en trados no Laboriaux.
habitacionais, novos barracos, etc.). vislumbramos a metrópole e a sua
O bairro vai se transformar, apesar doença, a megalópole, a ameba
do esforço dos moradores cósm1ca, a disformidade. E ela nos
interessados em preservá-lo. Ficará vem pelos corrique~ros mecan1smos
ao final (se não for apropriado pela do mercado, a especulação
classe média através da compra) imobiliária, a superexploração
cada vez mais parecido com a dos espaços através da
própria favela. Mutatis mutandi mquinilização do nosso vizinho.
estamos observando fenômeno Realmente no Laboriaux, aqueles
semelhante ao ocorrido em 20m 2 de residência proletária
Copacabana, Ipanema e agora convidam a construção no espaço
Leblon. circundante à casa, mais de
Ana 3 x 20m2 , fora as arruelas; as
árvores, o centro da ladeira ali onde
Bilhete 03 10/01 / 82 os móradores se juntaram para
comemorar o Natal e festejar o
Ana, novo bairro. Ouem sabe se pela
Você quer sempre o impossível. alegria da data ou se pelo convfvío
Asp1ra conciliar a razão dos homens, pela primeira vez igualitário destas
aperfeiçoada na matemática das 76 famllias, momentaneamente

(• ) No decorrer de nossa obsorvaç!o o inS1rumento legal ut iliz-ado foi pri meiro proposto como cesslo
de uso e , porteriormente, usufruto pelo prezo de noventa e nove enos.
76
sem lobos ou corde1ros, tecnolóq,cos. jogos de poder e
disseram nos que em apenus do1s mudanças InStitucionais refletidas
dias já se haviam esquecido- na legislado urbanística e no
instantaneamente- por completo SIStema tributário. Os mesmos
da vala em que moravam. Terão processos LOn tudo. que atuaram e
também se esquec1do das suas atuam sob1 e Copacabana. criando
relações de grupo. agora no e recnando o ba1rro, atuarão -
Laboriaux I Pois não poder íamos 1magino -sobre o Labonaux
falar de ba:rro, onde o mpulso da Ou processos semelhantes, se
propriedade dom1nava o temtóno, qu1sermos descer um pouco no
sem títulos ou posse. pelo nível de generalização.
caciquismo possível entre os O Labonaux não é favela, uma
pobres, aquele resultante da vez que algumas das caracterist1cas
apropnação perene de um espaço que apresenta não são encontradas
que pode ser infinitamente vendido, (pelo menos juntas} nas favelas.
revendido, alugado, realugado. Refiro-me à questão da 1erra
passado, sem termo final de (proprredade. parcelamento e
contrato ed ficações) e aos serv1ços
As 76 famílias eram compostas disponíveis prmc1palmente. Por
de moradores e inquilinos de outro lado. fo1 concebido corno
moradores No Laboriaux - hoje - um transplante da favela e é
todos são 1gualmente moradores. dent ficado como parte da
.Não há "proprietários" nem Rocinha. Seus moradores de lá
"inquil ínos". vieram.
Ana, diga-me qua1s as regras de Embora "formalizado" pela
mercado que podem transformar o ação governamental o Laboriaux
Labonaux em uma Copacabana? vai sofrer o 1mpacto dos processos
Nanei sociais (entre eles o que você
Identificou com as regras do
Bilhete 04 25/0 1/82 mercado} em ambiente que deve -
1magino - 1r se aproximando cada
Nanei, vez ma1s do "informal", do que
O que você vê como dois ocorre na v1ztnha Rocinha. Uma
elementos i rreconc1l1avel mente das primeiras regras do formal a ser
separados - a razão e a não razão - quebrada serfl multo provavelmente
existe na verdade como um todo, a da transmissão da posse Pela
uma unidade. Onde, em nós, cessa SIStemát ica legal vigente o morador
o emocional. o ilóg1co e começa a tem a cessão de uso. mas não pode
razão? transferi-la para terce1ros. Isso não
E a deformidade da metrópole? será imped1memo. O "cartóno do
Qual a forma-padrão da qual ela se pedaço de papel" (reminiscência do
afasta, se deformar fio da barba?) homologará as novas
Você me pergunta o que pode transações sem burocrac1a, sem filas
transformar o Laboriaux em uma e sem Impostos. Outro elemento do
Copacabana, e eu respondo. formal, o lotem in1mo que organ1za
o Laboriaux nunca poderia vir a (dá ordem) e individualiza
ser uma nova Copacabana. O claramente o espaço, irá sofrendo
própno suporte físico -o espaço - também a rnformalização: novos
já traz em si algo de determinístico. barracos serão construidos e
Copacabana foi gestada espremida vendidos em cantos. divisas e
entre a montanha e o mar. "ruas". As edificações serão
Verticalizou-se em pedodos ampliadas, algumas transformadas
sucess1vos, marcados por avanços em "avenidas" onde cada quarto
77
alugado representa a garantia de destmo) sabendo-se que a condição
uma melhor renda para a família soem! chave da definição da classe
"proprietária". As casas, algumas média é a propriedade da casa. por
pelo menos, ganharão novos ela poderá o favelado integrar-se
andares numa tenativa de na estrutura soc1al?
otimização pnvada do espaço Vá r ios jovens americanos,
disponível. Com o correr dos anos moradores de um segmento
a Rocinha terá incorporado o que porto-riquenho de Nova York,
de "direito" já é seu! em Manhattnn. formaram uma
Os mesmos fatores gerais organização à qual nomearam como
(demanda habitacional, favorecida a sua rua, 11th Street, lugélr onde
pela presença de amenidades. primeiro nasceram e cresceram para
distribuição desigual da renda e de depois se decidirem a ali viver.
poder, especulação imobiliária .. ) A racionalidade funcional do
atuando em Copacabana e no movimento da rua 11 era
Laboriaux influenciarão no sentido reconstrurr em proporções
da densificação do espaço e da sua humanizantes os ediffcios da
"desorganização". vizinhança. os quais sempre foram
Ana insalubres desde o rnicio do século.
quando fornm ocupados pela
Bilhete 05 08/02/82 primeira vez. sucessivamente. por
Ana, imigrantes eslavos. rrlandeses,
Permita-me regressar à alemães, judeus e italianos. Com o
quadratura do círculo. Entro de correr dos tempos. as linhas de trem
novo no vestíbulo das casas do (maneira encontrada pela
Laboriaux, de cada uma delas, com população para clescrever os
a licença do respectivo proprielário. apartamentos na forma de vc~gões),
Toda a literatura acerca da fora a ausência de luz. ar e de urna
habitação popular parece enfrentar divisão de espaço que preservasse a
a solução do seguinte enigma privacidade de cada morador,
(turvas também as indicações de seu tornaram-se obsoletas. sern
78
ma nu tençc1'o ou serv.ço. Por; tJern, c! r.; 1/3 do esp~•<,.O do lo'e
os I ídl..!res desw ruJ resolver r~rn 1ndrv du.Jiizado Perrnrte·se
propor o sweat equity, ur"l srs'e'lld "lCerl trVéi·~(' ~I d c;OI15l 1 llCdO ilO
de aq1Hsrçiío de proprledallL: dd \..d:Xl VtiZIO. pelos '1101 oCiOH:S. 70 111:
própria. Tendo a cidade a r~c!rnitem a o• tVclttzaçJo do
propr 1ediJde dd mrllor par ;e dos ,unbien•.-. E:' 1 en:o d.l c.asa.
edif icros em zonas carente:;,. cio5 /\ arnbrgutdrJdr' res,cJc no código
qua1s se h<Jvm descUidado. poder1c~ leaal ele cesSei· de lJSO de um
pagar o trabéllllO cios moradores na terreno que tl p1óp11<J prefe1tura
recon slruçfin de suils habrtnções Gtmsicler ou rnc1 rs ú ti I et i<.JU<Ifll u
com t itulos de propnedade soe ;.11, Lnbor•aux do que como reserva
como urna forma ele compensação. floreslcJI, rnantrdas rntac<as as
Em suma, p:-~gcNa·se o suor elos éirvores. Ou a r~rnbigur< incle res1dirá
morndores oq.Janiz<Jrlos em também no QdE' é aparentemente
cooperativa, por eoi f íCIO, com a c' aro - c.omo você propõe 7
propr 1edade comum e o uso Veríamos então que o mais de
i nd 1vidual il<ldO. Resrstêncras 3 x 20 rn~ mul'lplicar·se·iam, sem
instituc1onnrs foram levant<tdas ao milagre. eiT' 3" fdmilldS e o vaz1o,
projeto da ru<l 11 e um dos Iide1us ele novo, IOrrlrll se-1a l<lvela. Creio
disse·rne rer por fim compreendido porém que o ttsr' P J propriedade
que a casa niio era urr bem clurável suficien re pard a v rda coletrva.
como outro qualquer. asstrn corno Aposto na incltvrclualiz;Jção dos
um carro ou uma tele" sã~· A casa lotes se as far.., 'Iras conseguirem
guarciava um va'or social olém de formar urna r..,ental1clade
seus rno1 adolt!S. comunitária. se> él creche e a escola
Reflitamos nós ~ambém. Ex s<ern forem construídas a tempo, se
no Lahoflau>, do1s desejos expressos quando o por t5o se fechar sot>re o
na "ãnsra dil crmquista do espaço··. Lélboriaux est iwr protegendo as
São cléJros. e ao mesrno tempo ca5as e seus moréldores do mercado
amb iguos. S5o claros porque e dos efeitos da vala.
expressos. As casas ocupam menos Nanei
Estaria ele fora dela? E mais
adiante "aposto na individual dade
dos lotes se as famfltas consegutrem
formar uma mentalidade
comunitária". dando idéia de um
isolamento soc•al que não é
verdadeiro. Não quero discuú a
questão da margmalidade urbana
(muito já foi dito e escrito sobre
isso) a não ser que você deseje -
mas apenas salientar a integração
plena do favelado na sociedade mais
ampla
Quanto ao conce1to de classe
social minhas indagações antecedem
de longa data suas colocações.
A afirmativa de que a casa própria
seria a condição socral chave da
classe média, contudo, me faz
Bilhete 06 15/02/82 aproveitar a oportunidade e
recolocar, para nós duas. c tema em
Nanc1, discussão. A f caberia indagar da
Dou-me conta, a cada momento, comprovação emp inca da hipótese.
da 1mens1dão da nossa 1gnorânc1a a do valor simbólico da casa para
respeito dos processos sociais (uma diferentes segmentos, da função da
temática que se repete?) Os que 1deologia no desenvolvimento da
"mais sabem'' entre nós, "sabem" aspiração pela casa própria
ainda pouco ou inadequadamente. A d1scussão poderia ainda
A comunicação entre os supostos concentrar·se no próprio conceito
especialistas na área é diHcíl. de classe social. já que os
Utilizamos as mesmas palavras tradicionalmente utilizados (como
com conotações d1 ferentes. por E'X"mplo o de ongem marxista)
Interpretamos a realidade a partir parecem não dar conta da
de óticas distintas, cambiantes, complexidade atual dos fenômenos
contraditórias. Reag1mos com com que nos deparamos.
nossa vaidade, ambição e Outra questão interessante
Insegurança a questões ditas levantada por você diz respeito ao
técmcas e c1entíficas. Isso posto, sweat equity, conhecido entre nós
eu. que estou longe de me inclu1r por mutirão. Quanta coisa já se
entre aqueles que "mais sabem" disse a favor e contra o mutirão ...
na área da m1nha especialidade, E nós, o que achamos?
arrisco-me a comentar dois O Labonaux. como você vê,
conceitos que derivam de seu perdeu se em d 1vagacões mas nem
texto o de marginalidade e o de por isso menos pertinentP.s.
classe social. Percebi a( no nosso Voltaremos a ele brevemente,
59 bilhete, com ma1or mudez, "se Deus quiser"!
uma colocação sua já mtu ida nos Ana
antenores, a de que o favelado
representa um grupo soc1a à parte, Bilhete 07 27/02/82
marginal. Você se pergunta. "Por
ela (pela aquisição de propriedade Ana,
da casal poderá o favelado Entre nós instnua-se a questão
integrar-se na estrutura social?" da linguagem. Ouse1 propor a
80
solução do enigma. assim como Casa diz indrv1duação. A tal ponto
tdipo. mas não quis mvocar o que assim significou. que homens
se seguta. tdtpo, ao evitar que as sabedores das circunstâncias do
pragas e infelicidades destruíssem mercado que prrvilegiavam o
o reino governado por sua mãe. 1ndrvíduo desembaraçado de tudo
tornou-se o seu pecammoso senhor. (menos do seu interesse)
Se antes enfrentara a esftnge transformaram a busca pela casa
(mesmo sendo o únrco dos homens numa verdade1ra caça ao tesouro.
a demonstrar tanta sagacidade) e As mansões. os palacetes, a casa
adtvinhara que somente o homem grande de outros tempos, tudo a
cammhava diferentemente com o atribuir ac~.;muladamente ao seu
passar da iclade, f oi ignorante em portador com acessibilidades
face do seu próprio destino. proporcronars a tudo. Ilustro essa
Contra·edtptcamente. retorno à noção com uma estória que vi :
marginalrdade Não a quem estávamos no São Carlos, e entrei
discu~ir, estabeleço-a. Não falo do na ca5a de urnd arniyd. Nurn dos
exército industrral de reserva, nem quartos dorm1am todas as crianças.
da margmaltdade estrutural. parentes das mulheres daquela casa
A moldum está fora de lugar na sua A avó guardava as de pertgos
crít1ca Penso que ex rste um mundo exteriores, enquanto sobre uma
dom tnante e urn mundo dominado, mesma espuma. c..omo se num
unos e desencontrados ao mesmo ninho, rolavam de um espaço a
tempo . Este mundo domrnado, outro, entrando na órbita (dos
alcunho de marginal. pois não sonhos) umas dns outras. Mantidas
usufrut dos benef íctos e vantagens as condições de cuidado e
dos poucos que governam. ou se facilidades- fraldas, protetores
servem dos governos. Integrar o plásticos. etc. - roda a prtvacrdade
segmento rnargmal. para mim, requerida estava alt. Ainda não
sign ificou dtzer, fazê-los particrpes. adívrnhamos os sonhos uns dos
au tod tngtdos. ou tros 1
Então, o prtmetro elemento de Po is bem, amiga. aspiro srm à
separação entre aqueles do1s integração da população carente da
mundos, o dos rnu ttos e o dos minha c1dade. e, por que não. do
poucos, é a l1nguagem. Os códtgos Brasil
da linguagem estabelecem pontes Nanei
possíveis entre os dois grupos.
O conhectmento dos significados é
a condição da transação Conclusões
permitmdo a releitura das normas e O processo contrrrua. O que será
o desvendamento das regras que fetto do Laboriaux? Os bilhetes se
conduzem ao acesso aos bens e Interromperam muito antes de
valores da soc1edade. Um desses surgirem as conclusões do
va lores é a casa próprta. Não que "trabalho" Questões
estejamos JtnbUindo valor absoluto explicitamente levanta das ficaram
à privacidade proposta pelas quatro sem respostas. outras tiveram
paredes. Não gostamos tampouco respostas I imitadas, mui tas outras
da promiscuidade das casas deixaram de ser formuladas. Novas
geminadas. dos barracos do idéias contudo devem ter sido
"pindura", das pensões fam11tares, suscrtadas. talvez também a
onde lares se multiplicam e se curiosidade de acompanhar casos
ajuntam, nem das cabeças de porco como o do Laboriaux, explorando
- mutto menos da ganânCia as potencia lidades desse novo t ipo
desap1edadJ c.Je seus proprietários. de aná lise
81
Receita da Cidade
de Osaka :
Estrutura e Problemas

Autor:

Yasushi Oshima é Prefeito de


Osaka - Japão.
lULA Forum of Large Cities

A. Adm. Mun. Alo d11 Janeiro 30(167):82·91 abr./jun. 1983

82
Receita da Cidade de Osaka:
Estrutura e Problemas (•)

.z

z
I - Governos Locais no Japão registro de residência, construção e
Antes de abordar o tema das direção de escolas primárias e
receitas a nível local no Japão, secundárias, hospitais e instituições
breve menção deve ser feíta a de bem-estar social,
respeito da classificação e das aperfeiçoamento e ampliação dos
funções dos governos locais sistemas de água e esgotos, de
japoneses. No Japão os governos estradas de rodagem e
locais são classificados em dois estacionamentos, habitação
níveis: o n(vel mais baixo popular, coleta de lixo. combate a
compreende as muntcipalidades - incêndios e outros serviços de
cidades, vilas e povoados -e o bem-estar social, tais como: aux flio
mais alto consiste nos governos aos necessitados, transportes
departamentais. coletivos e outros. No Japão essas
Cada um desses governos locais municipalidades atingem o número
possui um I íder eleito pelo povo e de 3.255. Por outro lado, os
um conselho local cujos membros governos departamentais, 47 ao
também são eleitos pelo povo. todo, são maiores do que as
Trata-se de um organismo municipalidades, e compreendem,
autônomo que elabora seu próprio além das cidades, vilas e povoados.
orçamento e oferece vários serviços
aos residentes sob sua jurisdição. li - Estrutura da Receita em Osaka
Os governos básicos - as Veremos agora de que tipos de
municipalidades -estão a cargo da renda dispõem os governos locais.
administração mais Intimamente especialmente as municipalidades,
ligada à vida civil registro familiar, como recursos finance1ros para

~" I Treduçlo de C6sslo Htnrlqut Lopes da Silve.


84
manter suas atividades dólares e com as empresas públicas
administrativas. Vejamos o caso da e rubricas orçamentárias especiais
cidade de Osaka. para serv1ços públicos foram de
cerca de 2.5 bilhões de dólares.
A - Perfil da Cidade de Osaka chegando-se, portanto. a um total
Osaka local1za-se na reg1ão de 6,5 bilhões de dólares.
central do Arqutpélago Japonês.
com uma população de 2.6 milhões C- Estrutura da Receita
de habitantes e uma área um pouco A receita de uma muntc1palidade
acima de 200 km 2 . Embora Tóquto inclui, em primeiro lugar. os
seja o centro polluco. Osaka e a 1mpostos munic1pais, que
própria Tóquto constnuem os do1s representam a parte ma1or; os
matares centros econômicos do subsfdios do governo central; a
país. Um grande número de distribuição do imposto de
escritórios e indústrias concentra-se partictpação local que o governo
em Osaka. onde intensas atividades central repassa ao governo local a
econômtcas e indi.Jstriais são partir do tmposto de renda
exercidas. A cidade de Osaka é nacional; os títulos municipais; as
também o centro da Região taxas e os encargos.
Metropolitana de Osaka. na qual No ano fiscal de 1980, os
vivem 16 milhões de pessoas. impostos municipais contribuíram
Aproximadamente 1,2 milhão de com 41% da renda total da cidade
pessoas deslocam-se das áreas de Osaka; os subsídios do governo
suburbanas para a cidade central, com 17%; a parcela do
diariamente para trabalhar. A repasse federal, com 6%; os títulos
proporção da população que passa municipais, com 1O%; e as taxas e
apenas o período dturno em Osaka encargos·com 2%. Isso mostra que
em relação à que mora na c1dade os recursos financeiros transferidos
chega a 138% atualmente. do governo nac1onal aos governos
departamentais na forma de
B - Escala de Finanças subsfdios do governo central e na
As fmanças em Osaka forma de repasse do imposto de
classificam-se em duas categonas. renda representam 23% da renda
Uma é a dotação orçamentária para total.
educação. bem-estar público,
controle da poluição. serv1ços O- Impostos Municipais
sanitários. limpeza pública, Antes de descrever os impostos
combate a incêndios. habitação municipais. que constituem a parte
popular, ampliação e maior da receita da cidade, vamos
aperfeiçoamento da malha fazer uma rápida análise do ststema
rodoviária. estacionamento e tributário do Japão. em geral. Os
portos, reurbanização e outros. impostos no Japão são a grosso
A outra categoria engloba modo classificados em duas
empresas públicas e rubricas categorias . impostos nacionais e
orçamentárias espec1ais para impostos locais. que, por sua vez.
serviços públicos como construção são classificados em. impostos
de "metrôs" e sua operação. departamentais e 1mpostos
operação da frota de ônibus. municipais.
serviços de água e esgotos. Os impostos nac1ona1s
hospitais. etc. As despesas anuais compreendem 25 espécies
com a dotação orçamentária no ano diferentes. sendo as principais o
fiscal de 1980 foram de tmposto sobre a renda e o 1mposto
aproximadamente 4 bilhões de sobre corporações. O prime1ro é
85
arrecadado sobre a renda de cada
pessoa e apenas ele responde por
38% dos rendimentos nacionais
obtidos com impostos. Por outro
lado, o imposto sobre corporações
é arrecadado sobre companhias e
outras pessoas jurfdicas,
respondendo por 31% dos
rendimentos nacionais obtidos com
impostos. Os impostos
departamentais compreendem
15 tipos, sendo que os principais
são o imposto sobre o habitante, e
o imposto sobre empreendimentos.
O primeiro é arrecadado com base
na renda de cada indivíduo, ou
corporação, e o segundo, sobre
operações financeiras, é arrecadado
sobre os negócios nos quais os
indivfduos e corporações estão
envolvidos.
O imposto departamental sobre
o habitante corresponde a 27% dos
rendimentos do departamento 33% dos rendimentos com
obtidos com impostos, e o imposto impostos.
sobre operações financeiras O que é passfvel de 1mposto, o
corresponde a 40%. Os tmpostos imposto base e as alíquotas dos
sobre corporações - soma do impostos locais, ou seja, os
imposto sobre o habitante e do impostos departamentais e os
imposto sobre operações financeiras impostos municipais. são
lançado sobre corporações - estipulados na Lei dos Impostos
correspondem a 46% dos Locais. Por esta razão os sistemas
rendimentos totais do tributários utilizados nas
departamentos obtidos através de municipalidades são uniformizados,
impostos. ou seja, são os mesmos tanto para
Os impostos municipais as grandes cidades quanto para os
compreendem 17 tipos. O imposto pequenos povoados.
municipal sobre o habitante e o Agora, gostaria de apresentar os
imposto sobre bens imóveis, juntos, principais tipos de impostos
são responsáveis por 82% dos municipais de Osaka. O imposto
rendimentos obtidos através de sobre o habitante é o mais
impostos municipais. O tmposto importante, perfazendo 46% das
municipal sobre o habitante. assim rendas municipais obtidas com
como o imposto departamental, impostos. Esta percentagem pode
é arrecadado sobre a renda de ser mais explicitamente dividida
indivfduos e corporações, em. 20% para o imposto individual
respondendo por 49% do imposto sobre o habitante e 26% para o
de renda municipal. O imposto tmposto sobre corporações. Ao
sobre bens imóveis, por sua vez, é imposto sobre o habitante segue-se
arrecadado de acordo com as o imposto sobre bens imóveis, que
propriedades possuídas, como contribui com 33%. Finalmente, o
terras ou edificações. ocupando imposto de urbanização, arrecadado
86
sobre terras e edificações em ad1ção G- Títulos Municipais
ao imposto sobre bens imóveis, tem Para empreender projetos de
o propós1to de cnar recursos rnvestimento de longo prazo. a
finance1ros para a promoção de emissão Je t 'tu los munrc pars é a
projetos de planejamento urbano. alternatrva ma1s ef1c1ente e
Este imposto contribui com 8%. apropriada para a obtenção de
rendas. do ponto de v1sta de uma
drstribu1ção ma1s justa das
E - Subsídios do Governo Central dif icu ldades entre as gerações. Os
A segunda ma ior parcela das t i tu los mun1c ipais são. desse modo,
rendas da cidade de Osa ka é a terceira ma1or fonte de rendas.
proporc1onada pelos subsídios do depois dos impostos munic1pa1s e
governo central. A d1visão dos subsídros do governo central.
subsídios governamentais é a
Como os títulos municipais
segu inte· 38% de aux ílio aos criam responsabilidades para os
necessitados, 13% para construção governos loca1s, imp1ngindo-lhes
e manutenção de estradas, 8% para uma carga considerável no tu turo, a
o bem-estar do menor e 8% para o Ler das F1nanças Locais est1pula
bem-estar dos idosos. Os subsíd ios que esta al te rnat iva só seja
do governo central pa ra a perm itida para determinados
construção de habitação popular propósitos. Atualmente, podem ser
representam 7% do to tal. ut1l1zadas para o financiamento de
construção de escolas. serviços de
F - Participação Local nos água e esgoto. hospitais, casas.
Impostos Nacionais ponos e facil idades portuárias.
O SIStema de partiCipação dos assim como para a aquisição de
governos loca is nos impostos terras.
nacionais é chamado de Sistema de Nenhum governo local pode
Reajuste Finance1ro a N ível Local, em1tir l1vremente títulos
criado para eli minar as d1ferenças municipais, necessrtando para tanto
financei ras ex istentes ent re os de autorização do governo nac1onal.
governos loca is e ainda para Os governos loca is,que têm uma
conferir um padrão comum a t odas proporção muito grande de custos
as admrnrstracões locais, em de resgale dos títulos com relação
qualquer parte do país. Uma aos recursos financeiros gera1s, têm
determinada percentagem, ou seja, a emissão dos mesmos limitada.
32% do 1mposto sobre a renda. Uma prop0rção superror a 20% é
do rmpos·o sobre corporações e do vtsta como rnd1cador de cond1ções
imposto sobre bebidas alcoólicas. frnancerras críticas. Além disso, no
que constitui a princi pal fatia dos início de cada ano f rsca l, o Min istro
impos tos nacionais, é assumi da do lnter1or e o da FaLenda
como recurso Então. com base no reúnem-se para dec1drr sobre um
padrão de escassez financeira, que é Programa de Tít ulos Munici pais,
ca lculado de aco rdo com uma com base nacional, que est ipu la um
fórmula predeterminada, a soma é máx imo de títu los loca1s
calculada e d istribu ida a governos admrssívers. Este programa é o
com defrciênc1a de recursos. padrão bás1co para uma rea ltcença
A particrpação local nos impostos ·de emissão de títulos loca1s.
naciona1s é di feren te. na natureza, Os fu ndos para os t ítu los loCéi iS
dos subsídios do governo central. consistem em fundos
porque a prime1 ra é utr l 1zada sem governamentais com os qua1s o
vi ncu lações determrnadas, enquanto gcverno nacronal garan te
a última possui usos específicos. empréstimos a longo prazo com
87
juros batxos e fundos privados estrutura das rendas que atingem
emprestados por bancos e outras o governo nac1onal e a cidade de
instituições financeiras. ~os bônus Osaka
fiscais emitidos no ano f1scal de A - Problemas do Governo
1980 pelo governo mun1c~pal de Nacional
OsaKa, 20% foram proven~entes Em pnmerro lugar, gostana de
de fundos do governo nactonal. salientar a importância do setor
Incidentalmente, os recursos
governamental, tanto na~ional
finance1ros provenientes dos fundos
governamentais nacionais derivam quanto local, na econom1a
da receita postal, de fundos de japonesa. A proporção entre o~
pensões, etc. O plano para a gastos brutos dos governos nac1onal
utilização dos fundos em e locais para os gastos brutos.
empréstimos e investimentos fiscais nacionais (GNE). em 1980, f1cou
é estabelecido de acordo com o em 33%. ~ um número baixo se
Programa de Empréstimos e comparado com o dos países
lnvesttmentos Ftscats, formulado europeus e dos Estados Unidos.
anualmente de acordo com o Contudo, comparado com a r_nédia
orçamento nacional Os fundos obtida há 1O ano~ atrás, os nu meros
destinam-se a garantir os t(tulos cresceram cerca de 13% e ainda
municipais e departamentais, estão crescendo. Em contraste, a
financiando o setor privado através média ou proporção da carga de
de organizações ftnanceiras impostos em relação à renda
governamentais e o investimento nacional cresceu apenas 4% durante
em obras de construção civil, a última década, atingindo os atuais
empreendidas por corpo~açõ:s 23%.
públicas ou outras organtzaçoes Conseqüentemente, a médta ~e
governamentais. O sistem? se rendas obtidas com impostos catu
integra ao orçamento nac1onal de 90% no ano fiscal de 1970 para
através da distribuição de recursos 63% no ano fiscal de 1980, no caso
financeiros, desempenhando dos impostos nacionais, e de 37%
papel vital nas políticas monetária, para 34%, no caso dos impostos
financeira e industrial do país. locais.
Nestas circunstâncias, e
H- Taxas e Encargos
especialmente ern virtude ?a queda
vertiginosa das rendas obudas
As taxas e os encargos ocupam a através de Impostos, ocasronada
principal porção das receitas pela crise do petróleo de 1973, a
diversas da cidade de Osaka dependência dos títulos públrcos
O governo local recolhe parte de cresceu notadamente durante e
seus custos rea1s através de taxas e após 1975. Isso resultou num
encargos, que mcluem os aluguéts processo cumulativo de crescrmento
das habt tações populares, a tax~ _ dos bônus públtcos pendentes e das
escolar e os encargos para a em tssao despesas a liquidar, chegando a um
de vá rias certificados. ponto tal que a rigidez das frnanças
japonesas quase atingiu o limite
111 - Problemas da Estrutura máximo. Hoje em dia, a
das Rendas reconstrução da economia é a
Até aqut eu descrevi os principais primeira preocupação tanto do
componentes do sistema de governo nac1onal quanto dos
obtenção de rendas da cidade de governos locais, e os japoneses têm
Osaka. Agora, gostaria de apontar apenas duas opções: ou cortar as
alguns problemas relacionados à despesas anuais através de uma
88
ano fiscal de 1980 mostra que os
impostos nacionais representaram
73%. os impostos departamentais,
14%, e apenas 130A, foram para os
cofres do governo munrcrpal de
Osaka. A queda na proporção das
rendas obtidas através de impostos
em relação à renda total anual
reflete o decl rnio percentual dos
recursos financerros, o que
conseqüentemente restringe o
campo de ação da gerêncra
frnanceira da crdade.
Entretanto, para cobrir o déficn
nos recursos financeiros. causado
pelo ba1xo crescimento das rendas
obt1das com Impostos, aumentou-se
a dependência em relação aos
t(tulos municipais. A proporção dos
títulos municipais em relação à
renda anual cresceu de 4% no ano
fiscal de 1960 para 10% no de
1980. Em consequênc1a, os títulos
reforma administrativa e financeira municipais pendentes têm crescido
que causará deterioração dos ano após ano até ating~r cerca de
servrços administratrvos, ou sofrer 3,8 bilhões de dólares no ano fiscal
as consequências de um de 1980. Se mclu idas as empresas
cresc1mento da carga de Impostos. públicas, o total de saldo pendente
de t(tulos municipais chega a
8 - Problemas da Cidade de Osa ka aproximadamente 8.2 bilhões de
Da mesma forma, em Osaka, a dólares. Isso equ1vale a cada
proporção dos rendimentos obtidos cidadão ter um déb1to de 3.000
com impostos municipais em dólares. Como os títulos municipais
relação à renda total da cidade vem pendentes crescem, os custos para
caindo ano após ano. No ano fiscal sua amort1zação, em
de 1960, a percentagem era de correspondência, também crescem.
62%, mas ca1u para 41% no ano A percentagem dos custos de
fiscal de 1980. Isso é, em primeiro amortização em relação às despesas
lugar, conseqüência do fato de anuais da cidade subiu de 6% no
existir um sistema tributário ano fiscal de 1960 para 11.% no ano
mun1cipal baseado em alguns itens fiscal de 1980, um elemento
tributários "fixos" como o imposto limitador das finanças de Osaka.
municipa l sobre o habitante e o
imposto municipal sobre bens I V - Medidas a Serem Tornadas
imóveis. Conseqüentemente, as para Expandir os
rendas munrcrpars obtidas com Recursos Financeiros
rmpostos têm dificuldade em Para resolver estes complexos
crescer devrdo ao fato de haver problemas e estabelecer uma
apenas alguns poucos Impostos que estrutura finance1ra saudável, o
refletem as v1gorosas at1v1dades ststema tnbutár1o mun1cipal
econôm1cas e de consumo da existente precisa se1
cidade. O colapso de todos os fundamentalmente revisto, visando
impostos recolhidos em Osaka no tornar-se um sistema que
89
corresponda à demanda financeira
das cidades, especialmente das
grandes cidades, que se
caracterizam por grande densidade
demográfica e atividades
econômicas intensas.
Agora, gostaria de comparar a
escala de despesas dos governos
nacional e locais. A despesa total
anual do governo da Nação no ano
fiscal de 1980 foi de 203 bilhões de
dólares, enquanto a dos governos
locais foi quase a mesma, 202
bilhões de dólares. Deve-se levar em
conta, entretanto, que os fundos
do tesouro nacional são transferidos
aos governos locais sob a forma de
subsídios do governo central e
participação do governo local no
imposto de renda. Então, a
comparação entre as despesas
anuais I (quidas. excluída toda e
qualquer superposição, mostra que pelo governo nacional, apesar de as
as despesas locais I íquidas ficam em rendas obtidas através de impostos
200 bilhões de dólares ou locais serem apenas a metade das
aproximadamente 1,7 vezes as mesmas rendas do governo central.
despesas nacionais que ficam em Do ponto de vista da autonomia
119 bilhões de dólares. Isso ind1ca local, é conveniente que os
que a proporção dos gastos dos empreendimentos executados pelos
governos locais no Japão em relação governos locais sejam financiados
aos do governo nacional é a maior com recursos financeiros próprios.
do mundo, de acordo com estudo Para conseguir isso, entretanto, a
da lULA. atual participação das rendas
O mesmo é verdadeiro para a obtidas com impostos entre os
distribuição dos impostos. De governos nacional e locais tem que
acordo com o sistema tributário ser revista, de modo a proporcionar
existente no Japão, 64% do total uma ma1or distribuição aos
das rendas obtidas com impostos governos locais.
que atingem a casa dos 195 bilhões Em grandes cidades. como
de dólares são impostos nacionais, Osaka, onde existem muitos
enquanto 36% são impostos locais. escritórios e fábricas, floresce
Contudo, após a transferência dos intensa atividade econômica. Há
recursos financeiros do governo grande demanda financeira
nacional para os governos locais, as característica das grandes cidades,
percentagens I fquidas de que inclui os sempre crescentes
participação das rendas obtidas com custos administrativos causados
impostos são inversas às anteriores, pela concentração de bens e de
ficando em 23% para o governo pessoas, especialmente de pessoas
nacional e 77% para os governos que só permanecem na cidade
locais. durante o per fado de trabalho.
Colocando de forma diferente, os Todavia, o sistema tributário, para
governos locais executam o triplo atender às pessoas que apenas
das obras públicas empreendidas trabalham na cidade e às atividades
90
comerciais, ainda não tomou forma V- Empreendimentos Públicos
definida, nem medidas suficientes da Cidade de Osaka
são tomadas para melhorar a Isso é o bastante sobre estrutura
presente situação. e problemas relativos às rendas
Existe, por isso, uma necessidade do governo municipal de Osaka.
urgente de se alterar o sistema de Osaka tem uma série de empresas
tributação municipal uniforme públicas, incluindo-se entre elas o
convencional e de se estabelecer sistema de transportes e a rede
um sistema de tributação para hospitalar pública. A deterioração
grandes cidades em resposta à do status financeiro de tais
presente situação das mesmas. empresas está também causando
Por exemplo, os impostos que problemas às finanças da cidade.
incidem sobre a renda das pessoas O governo municipal de Osaka
jurídicas e que refletem as constrói e opera o "metrô" e as
atividades econômicas das cidades linhas de ônibus, dentro de seu
são atualmente 68% nacionais, 24% trabalho com transportes. Em
departamentais e apenas 8% média, hoje, por volta de 2,6
municipais. A divisão das milhões de pessoas utilizam o
proporções dos impostos sobre o· sistema de transportes da cidade,
consumo e a transferência de bens, diariamente. Entretanto, com o
que reflete a concentração e aumento do número de pessoas
movimentação de pessoas e de que utilizam seus próprios carros ou
bens, é de 76% para impostos o trem, e com a diminuição da
nacionais, 16% para impostos eficiência dos transportes via
departamentais e 8% para os ônibus, causada pela complicação
municipais. Uma reforma tributária do tráfego urbano, os ônibus têm
para aumentar a proporção dos perdido a sua popularidade.
impostos sobre a renda das pessoas Analisando-se a situação do
jurídicas e sobre o consumo e "metrô", vemos que algumas
transferência de bens a favor das dificuldades estão se apresentando
municipalidades, em especial para - especialmente devido ao aumento
as grandes cidades, seria no pagamento de empréstimos e
extremamente desejável. seus juros- resultantes do elevado
O governo municipal de Osaka, custo da construção. Como
juntamente com outras conseqüência, a operação desses
municipalidades, tem aproveitado dois meios de transporte sofreu um .
todas as oportunidades de apelar ao déficit cumula tivo de 438 milhões
governo nacional, pedindo uma de dólares e, por isso, estão
reforma tributária. Como resultado, recebendo grandes quantias de
algumas melhorias têm sido feitas, ajuda financeira da dotação
ainda que muito vagarosamente, orçamentána citada anteriormente.
para se atingir a sempre crescente A direção da rede hospitalar
demanda financeira das cidades, pública é muito difícil porque a
como ficou evidenciado por uma renda proveniente de diagnósticos e
série de medidas que foram tratamentos médicos cresce mui ro
tomadas, entre elas o vagarosamente, enquanto os gastos
estabelecimento do imposto sobre necessários sobem numa velocidade
escritórios comerciais, que é vertiginosa, gerando também um
arrecadado com base no espaço déficit crônico.
ocupado e no montante de salários Nota: A proporção usada para a
pagos, rendo características de conversão do 1ene japonês para o
imposto sobre a população dólar americano é de V. 226,75, que
flutuante. é a média anual do ano de 1980.
91
problemas, v. Exa. pode
M uito bem,
Excelência.
o senhor está eleito.
fundamentado num
completo plano ele
governo, com a defin~
contar com a assessona
especiatízada da CONTECA.
Eagora? dos~ e projetos A CONTECA tem 16
Al:pa, V.Exa. vai prioriténos e as etapas anos de expetiênaa
enfrentar alguns problemas de execuçao dO assessorando pref81turas
da ITla!()r importância. Quer planejamento a nlvel mumopais, em todo o pafs,
exemplos? I>J vão. municipal? na busca de soluçOes para
• Antes de mais nada. • Teroeiro~ como seus problemas.
como e onde encontrar antecipar e I"8SOI\'9r Convoque a CONTECA.
os recursos financeiros problemas nas éteas O seu responsável técniCO,
para real1zar os seus administrativa. legislativa, eoonomsta Fernando
planos? jurldica, orçamentária, Varella Guedes, fiC8rá
• Em segundo lugar. contábil e assim por honrado em entrar em
como deseix:adaar um diante? contato com Vossa
plano de açao imediato. Em todos esses Excelência.

4\CONTECA
~ CONSULTORES rtCNICOS ASSOCIADOS S.C. LTOA.
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