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Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai


www.etnolinguistica.org

GERALDO GUSTAVO DE ALMEIDA

.HERÓIS INDÍGENA
DO BRASIL
MEMÓRIAS SINCERAS DH UMA R.AÇA
Heróis lndígenaà do Brasil é uma das mais •
tristes e belas epopéias de toda uma raça, epo-
péia que nos envergonha e ao mesmo tempo nos
orgulha, por feitos e resistência das nações indí-
genas.
É obra, seguramente, das mais completas
que se fez, não em extensão mas em conteúdo,
sobre o primitivo povo brasileiro, estudando suas
• • • •
origens mais remotas, os primeiros contatos com
europeus aqui chegados, sua receptividade e logo
a resistência à escravidão, e o ge:n ocídio dos mais
covardes .de que foi vítima, a ponto de possuir o
Brasil, em 1500, uma população indígena de 3
a 5 milhões e hoje reduzir-se a poucos milhares.
Mas um povo que, com sua cultura, sua língua,
seus costumes, seus feitos e suas artes, contri-
buiu para o caldeamento racial e cultural do povo
brasileiro de hoje.

·:i: editore cátedra


t
...
• •

HERÓIS INDfGENAS
DO BRASIL

Este livro, o único do gênero


no Brasil, retrata com imparciali-
dade as lutas entre os aborígenes
brasileiros e os colonos portugue-
ses. Com muita propriedade o au- ,
tor divide as facções beligerantes
em três grupos: invasores, defen-
sores e coniventes.
Há muito o que se aprender
neste livro, principalmente no que
respeita aos aspectos destrutivos
das "bandeiras ", do genocídio
..
praticado contra os indígenas e
da vileza dos primeiros coloni-
zadores. • ,
O autor retrata episódios de
crueldade somente comparável à
~
(,

dos assírios, que além de vazar os SAKARA LIVROS ~


olhos dos vencidos ainda tiravam R. LUIZ DE CAMÕES, 4 2 [
sua pele para nela escrever os fei- 19 and · Centro·RJ ~
tos guerreiros; ou à empalação, TEL. 252-3031 ;:
praticada por certos povos antigos, CP33.osa ·cep20.os1 ~
·que consistia em espetar o conde- ••
nado pelo ânus numa estaca, po- .. ·'
sição em que ficava até morrer.
Nos dois Continentes america-
nos os indígenas foram vítimas de
atrocidades e extermínio. Todos
sabemos das crueldades praticadas
contra os Astecas por Fernão Cor-
tez, quando conseguiu infundir o
terror entre os indígenas, perse- ..
guindo-os com dezoito cavalos,
animais que nunca haviam visto
antes, culminando com o suplício R. JOSE BONIFACIO,215 ·CENTRO· SP
de Montezuma li, que deixou-se TEL.:3105-2987 TE~·FAX: ._3107·1012
morrer de fome na prisão, e de R. SÃO BENTO,81 ·CENTRO •SP
Guatimozín (Chautemoc), enfor- TEL.:3106·8930 TEL·FAX: 3101-3125
cado pelos castelhanos em 1522, R. N.SRA.DALAPA,390. LJ\PA · SP
por se negar a dizer onde estava TEL.:3641-5963 TEL-FAX: 3836-1296
COMPRA E V E NDA DE
escondido o tesouro real. LIVRO, CD, DVD E L~
De triste memória é também a sebo-redstar Q)sebo-redstar corn . J
tenaz perseguição promovida por

~-~_.:_---~-----~~--- · -----~--­
HERóIS INDIGENAS DO BRASIL

1
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org

GERALDO GUSTAVO DE ALM.E'IDA .

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HEROIS INDIGENA
DO BRASIL
MEMÓRIAS SINCERAS DE UMA RAÇt\

LIVRARIA EDITORA CATEDRA


Rio de Janeiro ·
1988
Copyright©. by ,qERALDO GUSTAVO· DE ALMEIDA

SUMARIO

Prefácio - Luiz Augusto Crispim . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Esclarecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Capa:
SAULO
De onde vieram os índios americanos? .. ....... . 14
Contatos pré-ibéricos .. . . . . ... .. ... .. ...... .. . . 15
Primeiros visitantes .......................... . 17
..
. : Começo do inferno .... . ...... . ........... . .... . 28
• • • • ' 1 • • "
' I •
. t"enc1a
R es1s . ........................ .. ......... . 31
Genocídio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Amor à liberdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Sem o índio nada se fazia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Conspurcação da raça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
E agora? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Direitos desta e.d ição reservados à
LIVRARIA EDITORA CATEDRA LTDA. .
B iogra . d'igenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
f.ias 1n 49
Rua das Marrecas, 40 s/ 808
Tel.: 205-1953 - Rio de Janeiro, RJ - Brasil Cronologia ........................... .. .. . ... ... .. . 121

Bibliografia pesquisada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137


1988

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Impresso no Brasil .· ..
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Printed in Brazil . .'


Os vencedores sempre escrevem a História a seu modo ;
aos vencidos resta apenas lê-la com dissabor. Mas se os índios
tivessem tido oportunidade de escrever uma História do Brasil~
muitas páginas dos nossos livros didáticos seriam bem diferen-·
tes.

O autor

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Este livro é uma homenagem a todos os índios d<>
Brasil, 'J)rincipaJ,mente àqueles que a H ist6ria des-
denhou por terem lutado contra os invasores.

João Pessoa, dezembro de 1987

7
: ·PREFACIO
É possível que este País ainda não tenha dado certo por
uma razão multo simples: falta de identidade.
Afinal de .contas, .não basta que o Brasil fale para o mu.n -
do. É preciso· que o mundo saiba com quem está falando ...
Na verdade, fazemos parte de uma nação desmemoriada,
que a cada dia desfaz o seu passado como uma teia de Penélope,
para tentar recost~rá-la ein obras importantes como ·esta que
Geraldo Gustavo de Almeida acaba de produzir.
Imagino o trabalho que teve o autor para pesquisar sobre·
a história do índio no Brasil, nessa sua prodigiosa tentativa de
resgatar (ainda bem que os resgates continuam na moda) ·&
participação do nativo no processo de formação da sociedade
brasileira~ .~, .sem nenhuma dúvida, ao Jado da biografia de
José Américo, . escrita por J oacil de · Brito Pereira, o melhor
estudo de natu~eza:: histórica. surgido em nosso meio ·nestes últi. .
mos· anos. · ·. :·:: ~ ;
Por isso é: qu·e nem ttido está ,·perdido neste País. Mesméi
sem contar com: 'instituições sólidas, mesmo com o crédito ãbá·
lado, o . que· nos sobra· é a pro'dução. intelectu·aI. ·
Particularmente neste caso do trabalho de· Geraldo · Gus~
tavo, que ele bem apropriadamente intitula de Heróis ~I'fl:dígli
nas dó Brasil-·M iim6rias Sinceras de ·U100 Raça, rião· se trata
. .. .........
.· .. .... .. . .. .. . .. .,. . ~ \ apenas de um mero encadeamento de episódios ·erifiad'OS "na
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. embira flexível do relato histórico, feito um colar de miçan-
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gas. -O ·.autor V.ai além~ -'-.Muito mais.
Arites de mais-nada, re~stre-se o cunho científico do pro-
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. , ,. jeto. Fundamentado em elementos criteriosamente reunidos

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pelo pesquisador paciente e desapaixonado, Geraldo Almeida,
vai traçando o perfil do índio brasileiro a partir das teses an-·
tropológicas que tentam explicar o aparecimento do Homem
no Continente Americano. .Faz isto como quem se desincumbe·
de uma missão. Faz lembrar os grandes mestres da pintura
moderna que, antes de exibir a sua genialidade inovadora, re-
volucionária, fazem de conta que prosseguirão com o deja-vu:
acadêmico e, um belo dia, rompem com tudo banhados de luz:
e glória. ·
Liberto desse maneirismo falsamente intelectual, Gerald0<
Almeida evita esse esmiuçar inócuo e passa ao largo da arenga
teórica. Vai aos fatos com a firmeza de um libelo. É isso que·
ESCLARECIMENTO
mais encanta no seu livro. Não tem meias palavras. Tem gos-·
Com raras exceções, os nossos historiadores não se refe-
to de ·denúncia. Como esta:
Tem - comó deviam - aos brasileiros que resistiram, en-
"Os índios precísam e devem ·preservar a sua cultura, ain-· <{Uanto . puderam, à dominação portuguesa, embora corra em
da que primitiva, mas já bastante comprometida pela presença. :suas veias forte dose de sangue ameríndio.
indesejável :dos 'civilizados', que nenhum bem lhes trazem, em-
Por vaidade vã ou por omissão proposita.d a, excluem n°"'
bora pensem o contrário."
.mes e fatos relacionados com indígenas talvez mais heróicos
. Tive o privilégio de ler a obra em estado de .original. E ·do que Tibiriçá,. À.raribóia e Poti, relegando-os à condição de
logo -f ui tomado por uma crise·de melancolia, pensando nos ~i-· ·
'"bárbaro· ·
s cruéis" "antropo'fagos
· " , ".1n1m1gos
· · " , " cont ra'nºos" e
Ihões de jovens que circ.ulam pelos diversos graus .do ensino ·outros pejorativo;, tudo pelo simples fato de terem lutado em
brasileiro a maioria maciça deles absolutamente equivocada ,defesa do ._seu território, da sua família e das coisas que eran:i
a respeit~ do indígena, especialn1ente quanto a sua participa-· :suas, afinal a·r rebatadas a ferro e fogo.
ção .na fase da colonização. A ponto de aprenderem na escola
qu.e houve um índio chamado Caramuru ... Os que compactuaram com os invasores tive!am vez na
Histó~ia do Brasil e foram distinguidos com títulos honoríficos,
É obra, como se diz cá entre os nordestinos, para muitos
'hábitos de ·Cristo e tenças, além de ot1tras vantagens, pelos
Governos. É a verdadeira ide11tidade deste lugar chamade> "relevantes. serviços" prestados à Coroa e à Igreja.
Brasil. Esta obra de Geraldo, nas mãos de uma autoridade
É la~entável que a garotada das nossas escolas e n juven•
educacional deste País cria uma situaçao extremamente incô-
moda~ Das duas, uma: ou se deixa levar pela cumplicidade da
tude das nossas universidades tenham ouvido falar apenas do
mistificação, ignorando figuras como Canindé, Cunhambebe,. :sogro de João Ramalho, do cacique de Niterói e de Filipe Ca-
Jenipapo·açu, Aimberê, Ajuricaba, Facaranha, Jagoanharo,.
Guaxará e o grande Zorobabé ou começa a contar outra his-
marão· ·talvez não saibam esses moços que os dois primeiros
. ·-' .
·foram coniventes com · os dominadores, · o mesmo nao se po-
-
tória do Brasil ... ·denào ·dizer do último que ·tão somente teve de lutar ao lado
Findo ·a leitura deste livro com a nítida 'impressão de ser <le seus· _p,a trões lusos ·contra outro ~nvaso.r.
mais brasileiro. A grande.. ma:ioria dos nossos estudantes, do povo portan•
to, ·pensa .que Cara11iu,r:u . é·.nome de índio; pensa também que
Luiz Augusto Crispi1n .aquela estrela·:isolada ·na parte superior da bandeira nacional
Tambnú, dezembro de 1987. representa o · .D istrito Fed.eral. Muitos professores e. professo:-.
·;ras ensinam : assim · porque assim ..também ...lhes. foi ensinado.
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11

Poucos são os que sabem que ·aquela estrelinha solitária re- gênero simples de vida. ·-Trabalhar, então, seria uma burric&
presenta o Estado do Pará. imperdoável. Ou não? r
'
Os brasílicos que não integraram as coortes de passivos e Preguiçoso mesmo ·era o colono, parasita voraz, ávido-de·
que se insurgiram contra a bestial truculência lusitana, são riqueza, sempre conseguida através da exploração des-ú maná
adjetivados de forma infamante, como o bravo Cunhambebe, do índio e do negro. Como escroque que era, seu trabalho con_,
cujo perfil, traçado por certos comentaristas, é descaracteri- sistia em procurar ouro, metais preciosos, pedras e outras ri-
zado por observações desairosas. Alguns censuram Aimberê quezas, tendo no índio o guia e o burro-de-carga. As roças e
porque abriu o ventre de uma das suas mulheres p·a ra retirar· as lavouras foram trabalhadas primeiramente pelo índio e ·ae.:.
um ser adulterino, mas aplaudem e elogiam os que mandavam pois pelo negro, ambos sob o látego do feitor.
amarrar indefesos índios à boca do canhão para fazê-los em pe- O colono português ·não veio ao Novo Mundo para servir·
daços. e trabalhar, mas para conquistar poder e posses. "Vá para o
Tibiriçá, Cunhambebe, Araribóia e Aj uricaba são heróis Brasil, de onde tornarás rico e. honrado". Além disso, como diz
para uns e bandidos para 9utros, dependendo em favor de quem Georg Thomas, o desprezo pelo trabalho .braçal era · uma das
_ · OU ' contra quem _..:.lutaram. A diferença é que enquanto uns qu·alidades que o colono português trouxe da Metrópole. ...4..
resistiam ao invasor outros facilitavam a sua conquista e fixa- opinião de que uma "digna ociosidade" era mais digna de res-
ção, traÍndo o·s da sua própria raça. Os que se aliaram aos. peito do que a sofrida "luta pelo pão de cada dia" transforma-·
brancos têm estátuas, mas os que lutaram por uma causa no- ra-se em Portugal, na época do descobrimento, numa menta-
bre, com dignidade, são alvo d·a execração de historiadores par· lidade que o humanista' flamengo Claenarts descreve coin estas:
ciáis. A aldeia de Aimberê. o segundo chefe da resistência no palavras: "Em Portugal todos somos nobres".
Rio de Janeiro, ficava na atual Praia do Flamengo, mas o Essa inclinação para a ociosidade e a dominação pôde de-
que vemos hoje no seu lugar é um monumento em homen·a gem senvolver-se sobre as condições peculiares da Colônia e ·foi de-
a Chautemoc, asteca que se opôs aos conquistadores castelha- terminante para o modo de vida do latifundiário no Brasil:
nos, no México, mas sem nenhuma vinculação com a nossa "Juro que não farei nenhum trabalho manual enqu·a nto possa
História. conseguir um só .escravo que · trabalhe para mim". Gandavo
É preciso distinguir os verdadeiros bandidos, preadores, escreve que a primeira coisa que os colonizadores procuraram
arrasadores de aldeias, exterminadores, desonestos, sem-pala- adquirir era escravos e " ... se uma pessoa chega na terra a
vra, cruéis, escória nauseabunda que atravessou o Atlântico alcançar dois pares ou meia dúzia deles·... logo tem remédio·
com o único objetivo de fazer fortuna fácil, escravizando e ma- para poder honradamente sustentar sua família: pois um lhe
tando sem piedade centenas de milhares de indígenas ao longo· pesca, o outro lhe caça, os outros lhe cultivam e granjeiam
suas roças ....
,,
de três centúrias.
Alguns dizem que o índio era e é preguiçoso. Há até quem Frei Gaspar da Madre Deus, que escreveu uma memória
afirme que o comportan1ento a·comodatício do atual brasileiro sobre a fundação de São Paulo, afirma a certa altura:
é uma herança i11dígena. Mas o índio não era preguiçoso: sim- "Eu agora disse que, no Brasil, é pobre quem deixa de ne--
plesmente não precisava trabalhar. Era um ser edênico, tal gociar ou não tem escravos que cultivem as suas terras e nin·
qual o Adão bíblico antes de comer o pomo proibido. Suas ne- guém ignora .que a riqueza em todo o mundo costumou ser o-
cessidades eram supridas pela abundância de caças, peixes e· esteio d·a nobreza. .Aos paulistas antigos não faltavam serven-
frutas; não conhecia o dinheiro; Jamais guerreava por ganância. tes pela razão que, permitind-o-lhes as nossas leis, e a~ da Es~
ou por interesses materiais; não ·tinha .bens para legar a her- panha, enquanto a elas estivemos sujeitos, o . cativeiro .dos ín..-
deiros; não havia lojas e supermercados; não pagava impostos~ dios apris.ionapos em justa guerra e a administração dos ·mes-
e nem prestações; tinha .à mão tudo o que :precisava para o seu mos, conforme as circunstâncias previstas nas mesmas. leis

12 13:


tinham grande número de índios, além de escravos pretos da Outra defende a travessia do Pacífico através da Poli·
costa d' Africa, com os qu·ais todos faziam lavrar muitas terras nésia e da Melanésia, cujas ilh·a s são relativamente próximas
e viviam na opulência. Eles podiam dar em dote às suas filhas umas das outras. Mesmo assim, é difícil acreditar que essa
muitas terras, índios e pretos, com que vivessem abastadas; gente, remando de ilha em ilha, pudesse ultrapassar a miste-
por isso, na escolha de maridos p·ara elas, ma~s atendiam ao riosa Ilh·a da Páscoa, considerando os quase quatro mil quilô·
nascimento, do que ao cabedal daqueles que haviam de s?i: seus metros que a separam da costa chilena, com algumas ilhas vul·
genros; ordinariamente as desposavam com seu.s patnc1os e cânicas e inóspitas de permeio.
parentes, ou com estranhos de nobreza conhecida; em che- Uma outra acolhe a possibilidade dos migrantes terem
gando da Europa ou de outras capitanias brasílicas, algu~ su· vindo através do Estreito de Bering ou pelas Aleutas, o que é
jeito desta qualid·ade, certo tinha um bom casamento, ainda mais razoável, haja vista a proximidade destas ilhas entre si
que fosse muito pobre". ou os poucos 95 quilômetros do estreito que separa a Sibéria
Não é demais repetir aqui as palavras de um índio do Rio do Alaska.
de Janeiro dirigida aos franceses em 1558: Finalmente a quarta teoria: a dos que não acreditam e
"Vós outros mairs sois grandes loucos, pois atravessais o nem aceitam nenhuma das anteriores, preferindo afirmar que,
mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui che- do mesmo modo que o homem teria migrado da Asia para a
gais,' e trabalha.is tanto para amontoar riquezas para . vossos América, também poderia tê-lo feito em sentido inverso, istQ
filhos ou para aqueles que vos sobrevivem I Não será a terra é, daqui para lá, considerando que o Plan·a lto Guiano, segundq
que vos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos estudos geológicos, é a terra mais velha do Planeta onde, em
pais, mães e filhos a que amamos; mas estamos certos de que~ conseqüência, poderia ter surgido a raça humana. Esta teoria
depois da nossa morte, a· terra que nos nutriu também os deverá ganhar corpo com base em recentes estudos de uma
nutrici., por ·isso descansamos sem maiores cuidados". arqueóloga brasileira, que tenta provar a existência do homem
no Brasil há trezentos mil anos. A descoberta da nossa patrí..
eia ocorrida há cerca de um ano, certamente irá p·rovoc·ar um
. DE ONDE VIERAM os· íNDIOS AMERICANOS? sério reexame de tudo quanto já foi dito sobre o controvertido
assunto.
. . Ninguém sabe qu·a l é a verdadeira origem do aborígine
americano, portanto do indígena brasileiro. Muitas teorias já
CONTATOS PRÉ-IBÉRICOS
foram. apresentadas, mas nenhuma delas oferece certeza 'abso-
luta, . permanecendo todas no terreno das ·hipóteses.
. . Parece que antes do Século X a.C. os brasílicos transacio.;.
Uma supõe que o Continente Americano foi inicial~ente navam' com povos da bacia do Mediterrâneo. Sabe-se que Sa..;
habitado por .in.divíduos vindos da Austrália, Tasmânia e Nova lomão e Hirã, reis da Judéia e 'de Tiro, respectivamente, sela-
Zelândia: uns· remando pelo. Pacífico e outros margeando as ram uin pacto de amizade e ajuda mútua, no qual foi prevista
solidões geladas da Antártica. Esta teoria é simplesmente ina- a exploração conjunta das riquezas de Ofir, "afortunado país
ceitável .por morrer na impossibilidade. de alguém ter feito, há rico em ouro, madeiras de lei, essências raras e outros produ-
dezenas de milhares de anos, tão grande marcha à beira do gelo tos", que muitos supõem ser o Brasil. Para tanto, muitas naus
estéril, sob temperaturas que atingem mais de cem. graus ne- teriam sido aprestadas e muitas viagens transatlânticas te-
gativos; .por outro lado, certamente não havia ainda àquela riam sido efetuadas em busca da cobiçada riqueza. .
época embarcação capaz de suportar a enorme travessia, ainda A· presença de fenícios, ou de outro grupo com eles aparen-
que. :os primeiros e poucos migrantes tivessem aportado ·ao sul tado; no-Brasil, se não pode ser provada também não pode ser
do ·Estreito, de· Magalhães. contestada. Não faltam indícios: a Pedra do Ingá, na Paraíba,
14
e a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, não foram cinzeladas Por oportuno, é bon1 lembrar que na América não havia
à toa, e ambas contêm inscrições assemelhadas à escrita fení- leões (nem de circo) . Como então a figura desses felinos apa-
cia. Há muitas outras evidências espalhadas por este imenso receu no Amazonas? Será que a fantasia tomou conta da ca-
País, como a Gruta de Ub·a jara, no Ceará, é as ruínas de pedra beça do frade?
e cal encontradas pelos primeiros portugueses na região de Tu-
tóia, no Maranhão. O famoso cedro do Líbano não apareceu PRIMEIROS VISITANTES
ali por acaso e nem os traços c·a racterísticos da cerâmica ma-
raj oara foram criados pelos índios da Ilha de Marajó, coinci-
Pouco antes de Cabral tomar posse do solo brasileiro em
dentemente. situada na boca do Amazon·as, por onde poderiam
entrar centenas de léguas as naus de Tiro Sidon Biblos Car- nome do Rei de Portugal, alguns navegadores a serviço de Cas-
tago e (quem sabe?) até de Cnossos. ' ' ' tela haviam tocado em vários pontos da costa, inclusive escra-
vizando indígenas para apresentá-los no Velho Mundo como
Vejamos o que diz frei Gaspar de Carvajal, narrador-mor
curiosidade.
da trepidante viagem de Ore1lana pelo Amazonas em 1542:
Vicente Yafiez Pinzón, a quem o historiador argentino Ri-
"Saindo das terras do senhorio de Machiparo penetraram
cardo Levene atribui o descobrimento do Brasil, tentou contato
os viajantes nas de outro grande senhor - e em uma aldeia
pouco adiante da foz do Rio Purus puderam apreciar com es- com os caetés de Pernambuco, sendo repelido. Subindo a · cos-
panto o grau de perfeição d·a cerâmica dos bugres da região ta, chegou às ilhas da foz do Amazonas, onde foi hospitaleira-
- possivelmente um indício eloqüente de que alguns agrupa- mente recebido pelos naturais. Aproveitando-se da confiança
1

mentos indígenas haviam se af'astado da barbárie primitiva. dos índios, pegou à força 36 e levou-os para vender como escra-
Dentro de uma casa encontraram "muita louça dos mais va- vos. Somente vinte chegaram na Europa, pois os demais morre-
riados feitios: havia talhas e cântaros enormes, de mais de ram durante a travessia atlântica. A condenável ·a titude do
vinte e cinco arrobas e outras vasilhas pequenas, como pratos,. nauta espanhol, imitada posteriormente por todos os que aqui
escudelas e candeeiros, tudo da melhor louça que já se viu no aportaram, evidencia a má-fé dos europeus de antanho, ávidos
mundo, porque a ela nem ·a de l\1álaga se iguala. É toda vidra- de fortuna, cujos baixos expedientes e.ram cinicamente utiliza-
da e esmaltada de todas as cores, tão vivas que espantam, apre-· dos para os mais escusos fins.
sentando além disso desenhos e figuras tão compassadas, que Alguns dias depois de Pinzón, apareceu Diego de Lepe, o
naturalmente eles trabalham e desenham como o romano". qual, cotno informa o mestr~. Afonso Arinos, "arrebanhou al-
. Nesse local os homens de Orellana ainda tiveram oportu- guns índios entregando-os ao. bispo João da Fonseca, em Se-
~1dade de ver dois ídolos: "eram de estatura gigantesca· e ti- vilha".
nham metidos no moledo dos braços umas rodas, a modo de Quando Cabral chegou em 1500, tudo eram flores e flores-
braceletes, e outras panturrilhas, perto dos joelhos; as orelhas tas. Os brasílicos viviam tranqüilamente, num imperturbável e
~ram perfuradas, e muito grandes, parecendo as dos índios de paradisíaco ócio, somente alterado pelas desavenças intertri-
Cusco ... " bais, geralme·n te advindas de motivos fúteis, . mas que se cons-
. O cronista da expedição espantou-se mais aind·a quando tituíam em agitado entretenimento marcial. E será dessas dis-
viu uma edificação de traços orientais numa povoação além da senções que os invasores irão tirar o máximo proveito, açula~do
foz do Negro: '"no meio da praça um grande pranchão de dez ~ribo contra tribo, para assim enfraquecê-las e facilitar a con-
p~s em qu·a drado, pintado e esculpido em relevo, figurando uma
quista. ·
cidade murada com sua cerca e uma porta, desta última su- - A receptividade dos naturais para com os primeiros visi-
bindo duas altíssimas torres com janelas - e toda essa obra tantes é inegável, pelo menos até 1530, como adiante veremos.
~ustentada sobre duas figuras de leões". Não há notícia ~e· qualquer ação hostil dos indígenas até o

1.6 17
"· ·..
·a d·vento das Capitaniàs, quando os colonos chegavam em núme- movendo-se com tanta facilidade, como se fora aquele seu na-
ro ca.d a vez maior para maltratá-los e escravizá-los. tural elemento".
·.
Vejamos como Southey descreve alguns momentos da es- Gestos e mímicas serviram como veículo de entendimento
tada de Cabral entre os tupiniquins da Bahia: entre a marujada cabralina e os donos da terra durante os
"Ao romper a aurora do dia quinta-feira, gove·r nou a frota trinta dias em que permaneceram no litoral baiano. Trocaram
direta à terra, indo adiante os navios de menor calado sempre presentes e dançaram juntos, com grande alegria de lado a
a sondar, até que chegaram a meia légua da praia; ali ancorou lado. O congraçamento foi total, de uma parte imperando a
tod:~ a esquadra em nove braças de água defronte da foz de ingenuidade e, de outra, a malícia. As noss·a s índias foram
uni rio. Nicolau Coelho, o mesmo que comandara um dos ga- consideradas desde logo como sendo mais belas e mais ben1 f ei-
leões"de Vasco da Gama na sua célebre viagen1, foi mandado tas do que as lisboetas e deve·m ter causado uma excitação fora
a reconhecer a torrente. Ao entrar, a ele já uns vinte selva- do comum n·aqueles homens sedentos de sexo.
gens se haviam reunido sobre a margem, armados de arcos e Era tanta a confiança dos índios que três deles embarca-
setas, apercebidos para a defesa, mas sem intenção de p·roce- ram numa das naus (não se sabe se de moto próprio ou se in-
derem como inimigos, s·alvo vendo-se em perigo. Eram cor de duzidos pelo vil convencimento de estarem "indo para o céu"),
bronze escuro, e estavam inteiramente nus.. Coelho fez-lhes a fim de ficar comprovada, com a sua presença física, a vera-
sinal que depusessem as armas, no que de pronto obedeceram. cidade do descobrimento. Parece que dos três somente um che-
Seguiu-se uma entrevista amigável com troca de presentes". E gou vivo e é Simão de Vasconcelos quem descreve a sua che-
continua o grande historiador: "Afonso Lopez, um dos pilotos, gada na corte: "Esse selvagem foi recebido em Portugal com
teve ordem de ir sond·a r o ancoradouro, de onde voltou com alegria do Rei e do Reino. Não se fartavam os grandes e pe-
dois indígen·a s, apanhados numa canoa a pescar. Um deles tra- quenos de ver e ouvir os gestos, a fala, os meneios daquele
zia: .arco e setas. Muitos dos seus conterrâneos estavam na novo indivíduo da geração humana. Uns o tinham por um
pra;i á, armados de igual forma, mas apesar deste ato de agresl"' Semicapro, outros por um Fauno, ou por algum daqueles mons-
são nada fizeram para ofender os portugueses". tros antigos, entre poetas celebrados".
A agressão mencionada por Southey foi a prisão dos dois Para compensar a ausência dos três índios qu~ acabara de
índios, assistida por muitos outros qu·e, assim n1esmo, não pro- mandar para Lisboa na caravela de Gaspar de Lemos, ali mes-
cqráram intervir, como era de se esperar. Tal atitude repre- mo deixou Cabral dois degredados - Afonso Ribeiro e Diogo
senta uma inequívoca demonstração de tolerância do indígena Dias - a fim de que aprendessem a língua brasílica p·ara
brasileiro. facilitar contatos posteriores. Chorando e lamentando o seu
infortúnio os dois infelizes suplicavam que não os deixassem
· · · .· Southey diz mais: "Desembarcou um dos portugueses e em terra, no que foram apoiados pelos naturais que com eles
m.~t~u-se entre os índios; ofereceram-lhe estes água de suas logo ficaram solidários. De .nada adiantaram os apelos e os
caba.ças, e acenaram aos outros que também viessem à terra. dois homens somente lograram embarcar no ano seguinte, num
Cabral porém voltou às naus para jantar, indo as trombetas dos navios de Vespúcio. Foram eles certamente os pais dos
e· aírafís a tocar nos batéis. Da praia acompanhavam os indí- primeiros mamelucos brasileiros. Há quem afirme que cinco
geri~s. a música, gritando, dançando, soprando buzinas, atiran- trip·u lantes desertaram da armada de Cabral.
do setas para o ar, e erguendo os braços para o céu em ação Na segunda viagem de Vespúcio ao Brasil, em 1501, dois
de graças pela chegada de tais hóspedes. Alguns entraram dos seus marujos desapareceram em terra e outro foi morto
pel~ mar, seguindo os portugueses até que a águ·a lhes deu nos
t. . ,., .... . por uma índia em Pernambuco, sem que se saiba o motivo. Mas
p'e itps; outros foram nas ·canoas visitar a armada, acomp·a -
, • ' " ' • • ' •• w isto não é difícil de entender: considerando os três meses· gas-
nhâdos de muitos que atrás deles nadavam, homens e· rn:ulheres. tos na travessia atlântica, não está fora de cogitação supormos
18 19
\

que a causa do acidente bem que pode~ia ter sido a ~~~erba­ do anfitrião. Gonneville, tomado de afeição pelo hóspede ca-
ção da lascívia naquele homem, ao ver Jovens e belas indigenas rij ó, deixou-lhe os bens, em testamento, desde que usasse o
completamente nuas, transformadas em ninfas pela imagi~:­ ·escudo e o nome da família. Qual foi o português que teve
ção de um prolongado jejum sexual. ~ó que naquela _ocasiao atitude semelhante? Nenhum, ao que se sabe. Mas isto é fácil
o sátiro ibérico foi castigado por 'fupa, ao tentar violentar de explicar: enquanto a França mandava para cá nobres e
uma cunhã de pronto socorrida por uma velha, talvez sua p·a - pesso·a s cultas, Portugal enviava pseudofidalgos, homens rudes
renta, que ~plicou violenta paulada no lúbrico marinheiro. e oportunistas, além de degredados.
Depois do desagradável incidente, assistido por grande Outra vez, o mestre Afonso Arinos nos adianta que em
parte d·a tripulação, Vespúcio dirigiu-se a Porto Seguro,_ onde 1509 o capitão Tomás Albert esteve navegando ao longo da
recebeu a afável acolhida dos naturais. Recolheu os dois de- costa brasileira, no comando do navio La Penseé, pertencente
gredados deixados por Cabral no ano anterior, bem como três ·ao famoso armador Ango. Albert levou consigo sete índios que
indígenas que voluntariamente resolveram acomp·anhá-lo, na foram alvo de inaudita curiosidade durante um desfile que fi-
zeram pelas ruas de Ruão. Eis como Eusébio de Cesaréia os
certeza de estarem "indo para o céu". Em Cananéia deixou
descreve: ''Eram originários dessa ilha que se chama Novo
um degredado que se supõe tenha sido o famoso 'bacharel',
1\1 undo, e chegaram ·a Rouen com a sua barca, os seus ador-
trinta ·a nos depois encontrado por Martim Afonso de. Sousa
nos e as suas armas. Têm a cor carregada e os lábios grossos,
mercadejando escravos indígenas. Numa carta ao Rei, Ves-
seus rostos são recortados de cicatrizes, dir-se-ia que algumas
púcio diz que os índios viviam em média 150 anos e que as mu-
veias azulad·a s partem das orelhas para se encontrarem no
lheres eram "assaz bel~.s e bem formadas, e que nenhuma
queixo. Não têm pelos na barba, nem no púbis, nem em qual-
delas, entre as que viu, apresentava seios caídos".
quer outra parte do corpo, salvo os cabelos e as sobrancelhas.
Varnhagen informa que quando Gonçalo ~oelh? passo~1 Usam uma sorte de cinto com t1ma espécie de bolsa que lhes
pela B·a ía da Guanabara em 1503 dois frades teriam sido sacri- cobre as partes pudend.as. Falam pela boca e não têm nenhu-
ficados pelos índios, sem, contudo, explicar o motivo. Poste- ma religião. A barca é de casca de árvore e pode ser carre-
rior1nente Nóbrega esclarece que os religiosos foram mortos gada sobre a espádua de um só homem. Suas armas são gran-
por culpa dos próprios cristãos. Talvez por _se ju_lgar ~e~re­ des arcos, cuja corda é feita de trip·as ou nervos de animais.
sentante de uma raça superior, Varnhagen tinha inexplicavel Desconhecem o pão, o vinho e o dinheiro. Andam nus e não
aversão aos índios. Tod·avia. analisando os depoimentos de têm nenhuma religião. Seu país está no paralelo do sétimo
vários ·c ronistas chegaremos à con.c lusão de que o índio só era clima mais abaixo para o Ocidente que a região francesa".
inferior ao europeu na astúcia, mas era bem .superior em moral, O narrador diz que os índios "falam pela boca". E por
força física e porte. onde havia de · ser? Pela descrição pode-se concluir que esses
O historiador catarinense Oswaldo Cabral informa que o índios eram tupinambás, pois o fato de não trazerem nenhuma
francês Binot Paumier de Gonneville aportou em S·a nta Cata- coberta ou vestimenta indica que eram de região quente, pro-
1·ina em janeiro de 1504 comandando um barco de 120 tone- vavelmente do Nordeste.
ladas tripulado por sessenta homens. Todos foram muito bem Em outubro de 1550 outros cinqüenta índios brasileiros,
recebidos pelo cacique Arosca. Ali ficaram durante seis meses com mais duzentos e cinqüenta figurantes, exibiram-se para
fazendo amizades e trocando quinquilharias por produtos da Francisco I e sua corte, naquela mesma cidade, promove·n do um
terra. A confiança demonstrada pelos índios foi tanta que o espetáculo jamais visto na Europa.
cacique permitiu que seu filho mais novo, Formiga Pequena,
No dia 17 de abril de 1511 a célebre nau Bretoa fundeou
partisse com o navegante, na condição de regressar ao cabo
l).a Baía de Todos os Santos. Dali saiu a 12 de maio seguinte,
de "vinte lu·a s". O jovem índio, porém, adaptou-se tão bem
chegando ~m Cabo Frio cator.ze dias depois. Nesse porto per-
i1a Europa que acabou ficando por lá, casando-se com a · filha

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maneceu mais de dois meses, período suficiente para que seus veis. Ainda naquele mesmo ano um navio português arribou·
tripulantes pudessem transacionar à vontade com os natura.is da costa norte do Brasil para as Antilhas, com vários índios â
que Vespúcio conhecera sete anos antes. A nau, apesar do bordo, em virtude de um levante comand·ado pelo espanhol Pero·
nome, era tripulad·a por portugueses e o seu capitão, Cristóvão Galego que servia de intérprete entre franceses e potiguaras. ·
Pires, certamente a serviço do ricaço Fernando de Noronha, Embora seja discutível a exatidão da data, a outrora fa-
tinha ordem expressa para não conduzir escravos. Mas a de- mosa "Nova Gazeta do Brasil", editada na Europa, conta que
terminação, como outras posteriores, não foi cumprida· e a nau uma nau levou um índio com o único objetivo de entreter o
partiu para Portugal levando além de madeiras, mamíferos, Rei de Portugal, fazendo pantomimas e contando estórias deo
aves, e trinta e seis escravos distribuídos da seguinte forma: . fabulosas minas de ouro e prata. Além do carijó folgazão a
cinco para o capitão (dois rapazes € três moças) e mais uma dita emb·a rcação teria levado também muitos jovens índios, de·
moça especialmente encomendada por um tal Francisco Gomes ambos os sexos, para serem vendidos como mercadoria. '
que ficara em Portugal; cinco para o escrivão Duarte Fernan- Juan Dias de Solis, navegador português, ao passar pela
des (um .rapaz e quatro moças) e m·ais outras quatro destina.. costa brasíleira quando ia, a serviço de Castela, em busca de·
das a uns indivíduos que não fizeram parte da viagem; três uma passagem para o Pacífico, fez escalas em Cabo Frio, Rio·
para o mestre da nau, Fernando Vaz, (um homem e du_a s mu- de Janeiro e Cananéia. Ao chegar no Rio d·a Prata tentou·
lheres) ; nove para o piloto João Lopes (três homens e seis agarrar alguns índios à força, mas deu-se mal: os charruas o-
n1ulheres); cinco para o despenseiro Jurami (um rapaz e qua- devoraram com incrível, ferocidade. Este infausto ·aconte'ciinen-
.
tro moças); o marinheiro Nicolau Rodrigues contentou-se com to determinou o regresso imediato dos seus compa~lieiros, indo·
uma escrava, tal como o contramestre Antônio que levou ape- uns refugiar-se junto aos carijós de Santa Catarina, enquantQ;
nas· uma moça; o marinheiro calafate Pedro Anes e o grumete outros partiam para a Europa levando 50 toneladas de pau-
Diogo Fernandes (os dois únicos solteiros) preferiram leva.r brasil. ,
escravos homens, tocando um para cada um. Ao todo, levou a . -
A mando de D. Manuel, Cristóvão Jaques esteve no Brasil
Bretoa vinte e duas mulheres e catorze homens. entre 1516- e 1519, com a incumbência de afastar os castelha-
Estamos dando conta dessas viagens com o intuito de mos- nos. Fundou uma feito ria em Pernambuco e encontrou os nove
trar que os brasílicos eram amigáveis, ingênuos, passivos e até companheiros de Solis já perfeitamente entrosados com os ca-
submissos, ao invés de hostís e agressivos como querem alguns. rijós catarinenses.
A agressividade dos brasís para com os brancos foi por estes
João Lopes Carvalinho, piloto-mor da frota de Magall1ães·..
induzid·a , evidenciando-se somente depois da chegada dos pri· entrou na Baía da Guanabara em 1519 e ali recolheu um me-
meiros colonos que para cá vieram explorá-los, maltratá-los, nino (filho que tivera anteriormente com uma índia) o qual
escravizá-los e arrebatar suas mulheres, filhas e irmãs, afora teria sido o primeiro brasileiro a fazer uma viagem em torno·
a terra qu~ usurparam com sangue. da Terra se o escorbuto não o vitim·a sse quando a frota já sin-
O ilustre Varnhagen, sempre infenso aos índios, afirma grava águ·as do Pacífico.
noutra oportunidade que um certo João Coelho, ao costear o 1 Também em 1519, o navio de D. Luís de Gusmán em vez:
litoral norte, fora acometido pelos indígenas, que teriam ma- de ir para a índia, aonde se destinava, veio dar com os costados:
tado o arauto Diogo Ribeiro. O insigne historiador omite o do litoral sul do Brasil, em local que Varnhagen preferiu igno-
local, a data e o porquê do suposto acontecimento. rar, afirmando, porém, que lá o fidalgo castelhano teria d·ei·
Em 1513 Jorge Lopes Bixorda levou à presença do Rei xado "cinquenta e três tripulantes que foram sacrificados pelos
D. l\fanuel três índios brasileiros, todos vestidos de penas. Esses índios". O grande historiador omite o local da suposta tragédia
brasílicos deslumbraram o soberano português ao demonstrar e não menciona o motivo desse duvidoso sacrifício coletivo.
sua perícia no uso do arco e d·a flecha, atirando em alvos mó- Note-se que o litoral sul era habitado por índios carijós, já

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-acostumados com a presença de europeus, principalmente cas- recebendo pau-brasil. Os insucessos se sucederam daí por di-
telhanos. ante. D. Rodrigo foi abandonado pelos seus, que fugiram com
Em julho de 1525 D. Rodrigo de Acufia saiu da Espanha o navio, deixando-o à mercê de imprevistos. Ele e os poucos
com destino às Molucas, malogrando nas proximid·ades do Es- fiéis qu.e ·ainda permaneciam ao seu lado ficaram vagando praia
treito de Magalhães, onde pereceram dois dos seus auxiliares. fora, "bastante expostos aos selvagens", no dizer de Varnha·
Desistindo de continuar virou a proa do seu navio para o norte gen. Vale record·a r que esses infelizes estiveram em Santa Ca·
-e veio .esbarrar num porto ao sul d·a Ilha de Santa Catarina, tari na e não foram molestados; aportaram na Baía da Guana·
achando refúgio entre os carijós e os castelhanos companheiros .b ara e nada lhes ·aconteceu; estiveram na Bahia e não foram
de Solis, que ali estavam, havia dez anos, em perfeita harmo- agredidos; andaram a pé na praia (Sergipe ou Alagoas) mais
·n ia com os naturais. Eram os mesmos que Caboto iria encon- de dez léguas, exatamente nos domínios dos ferozes c·a etés
trar logo· depois. Esses castelhanos' e seus anfitriões carijós "bastante expostos aos selvagens", e ainda assim conseguiram
provisionaram o navio de D. Rodrigo· e deram tais informações salvar-se.
da terra à tripulação que esta não quis mais acomp·anhar o A via crucis de D. Rodrigo vem comprovar mais uma vez
chefe, preferindo ficar. Ante os apelos de D. Rodrigo alguns o pac·ato comporta.mento dos brasílicos perante os brancos.
resolveram embarcar, ficando em terra trinta homens, induzi- Além disso, os indígenas somente reagiam quando atacados.
dos pelos conterrâneos que ali já estavam. Dali D. Rodrigo e Fora disto eram cordiais, como já vimos. Não eram antropó-
os que lhe seguiram velejaram para a Baía da Guanabara, fagos no sentido lato da palavra, pois comiam apenas os inimi-
onde fizeram uma reunião para decidir se voltariam para a gos, desde que fossem do sexo masculino, poupand? as mu~he­
Espanha ou se retomariam a viagem inicialmente prevista. res que iam lhes servir como escravas. Eram, pois, androfa-
Prevaleceu a primeira opção. Assim decidido, infletiram para gos, assim mesmo em se tratando de prisioneiros de guerra,
o norte e entraram rra Baía de Todos os Santos para efetuar que devoravam por ódio ou vingança, mas nunca por fome.
,um carregamento de pa11-brasil. Pensavam que levando a mer- .Staden, talvez no intuito de inebriar os europeus desconhece-
cadoria poderiam atenuar as críticas de que certamente seriam dores do Brasil ignoto, exagerott um pouco suas narrativas.
.alvo na sua pátria. Nove homens foram à terra e não mais Afirma, por exemplo, que quando conheceu Cunhambebe este
voltaram, fato que inspirou o indigenófobo v·arnhagen a supor já havia mastigado mais de dez mil inimigos e que nada era
que teriam sido devorados pelos índios. Mas não havia ainda mais salutar para o famoso guerreiro do que triturar com os
.chegado -a hora dos brasílicos passarem a comer os brancos dentes .- uma mãozinha de criança ...
e nem .motivos para isso. É mais crível que aqueles homens, ·Na verdade, alguns tapuias, como os ta.rairius, devoravar.a
inculcados pelos seus compatriotas desde Santa Catarina, ti- -0s seus parentes mais próximos porque acreditavam que eles
vessem decidido fugir e ficar, como antes quiseram, atraídos, estavam mais dignamente guardados em suas barrigas do que
talvez, pela sensualidade das índi"as do Recôncavo. Certamente debaixo da terra, tendo o cuid·ado de remover as entranhas dos
eram elas um bálsamo perfeito para curar a fome sexual da- seus mortos antes do sagrado e macabro ritual.
queles homens, agravada pelos longos meses de ·abstinência Em 1526 foi a vez de Sebastião Caboto. Naquele ano o
·compulsória. E foi na Bahia, é bom lembrar, que Pero· Lopes navio . desse navegador italiano, também a serviço de Castela,
de Sol)sa exaltou a formosura das nossas indígenas. naufragou nas costas de Santa Catarina, sendo ele e toda a
Continuando para o norte com os poucos que lhe restaram tripulação bem acolhidos pelos carijós, que 'até o ajudaram
.a viagem foi ficando cada vez mais penosa. A nau começou a a construir um novo barco. Ali estavam ainda os homens da
~azer água, provavelmente pelo peso da carga, obrigando ·a armada de Solis, •de quem já falamos. O navegador demorou-se
D. Rodrigo entrar num porto perto da foz do São F:r;ancisco quatro meses nesse lugar, em contato direto com os naturais
ond~ havia, naquele momento, duas naus e u.m galeão franceses que . d.urante a .construç9.o da galeota ofertaram-lhe 277 veados,

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398 galinhas, 2 antas, 80 patos, 6 porcos selvagens, 200 perdi- longo e tenebroso pesadelo, sentido até hoje pelos poucos re-
zes grandes, 200 mãos de milho, 40 cestos de inhame, 50 ca· manescentes da raça dizimada.
baças de mel, 26 ~argas de ostras, 300 cargas de mandioca, 2 Inicialmente aquele colonizador desceu em Pernambuco.
cargas de peixe moído, 5 cabaças de manteiga preparada com Deu algumas ordens ao pessoal de uma recém-destruída feito-
gordura de peixe, palmitos e outras coisas mais. Não obstan- ria e em seguida vejejou para a Bahia. Aí desembarcou cente-
te ter recebido tantas dádivas e mord.omias, Caboto levou para nas de pessoas e anim·ais. A grande maioria desse contingente
a Europa cinqüenta escravos índios, além do português Hen- era constituída de indivíduos viciados, maus elementos e pros..
rique Montes que, por sua vez, carregou duas índias libertas critos do Reino, que iriam disseminar entre os índios a deso..
como suas concubinas, deixando uma na Esp·anh·a e seguindo nestidade e toda sorte de doenças. Os homens de bem eram
com a outra para Portugal. Antes do naufrágio, Caboto havia pouquíssimos, alguns até com ar de fidalguia.
tocado em Pernambuco, onde recolheu um desterrado (João· No Diário de N a.vega.ção de Pero Lopes, irmão de M·a rtim
ou Jorge Gomes) , que vivia com várias índias, incorporando-o· Afonso, estão narrados alguns fatos reveladores da pacífica
à tripulação. Ali havia treze homens brancos abrigados numa. índole dos índios: "Aqui estivemos tomando água e lenha, e
fortaleza improvisada sob o comando de Manuel de Braga. ~orregendo as naus, que dos temporais que nos dias pass·ados
Diego Garcia, que saíra da Europa antes da segunda vi- nos deram, vinham desaparelhadas. Nesta baía achamos um
agem de Cristóvão Jaques, tinha como ponto final o Rio da homem português que havia vinte e dois anos que estava nesta
Prata, mas ficou tanto tempo (meses) em São Vicente que pa- terra, e deu razão larga do que nela havia. Os principais ho-
recia ter esquecido a recomendação real para subir o grande mens da terra vieram fazer obediência ao capitão; e nos trouxe-
caudal. ram muito mantimento. e fizeram grandes festas e bailes,
Em fins de 1526 chega outra vez a Pernambuco o "varr~ amostrando muito prazer por sermos aqui vindos". Isto acon-
dor de mares" Cristóvão Jaques, desta feita com ordens do teceu na Bahia de Todos os Santos.
Rei para combater e afastar os franceses que negociavam Noutra parte do mesmo Diário, referindo-se à estada de
amistosamente com os indígenas em vasta faixa do litoral bra· 1v1artim Afonso na Guanab·ara, o escriba diz: "Daqui mandou
sileiro havia mais de vinte anos. Jaques vasculhou tudo en- o capitão quatro homens pela terra dentro: e foram e vieram
frentou navios franceses, mas em nenhum momento s~freu em dois meses; e andaram pela terra cento e quinze léguas e
qualquer hostilidade· dos brasílicos. as sessenta e cinco delas foram por montanhas mui grandes, e
O primeiro inglês ·a visitar o Brasil parece que foi William as cinqüeil.ta foram por um campo mui grande; e foram até
Hackins, em 1530. Consta que levou um "rei" brasileiro à In- darem com um grande rei, senhor de todos aqueles campos, e
glaterra, ·deixando um refém com os naturais. Apresentou () lhes fez muita honra, e veio com eles até os entregar ao capi-
"rei" brasileiro à corte de Henrique VIII, causando grande tão ·J .; e lhes trouxe muito cristal, e deu novas como no rio
admiração. Após permanecer quase um ano na brumosa Al- Paragúai havia muito ouro e prata".
bion o "rei" faleceu durante a viagem de regresso. Os tripu- A narração, como outras elaboradas por visitantes do Sé-
lantes ingleses esperavam uma violenta reação dos índios por eulo XVI, é um tanto ou quanto enfeitada. O "grande rei"
não trazerem de volta o seu chefe. M·a s nada aconteceu e o re- mencionado no documento era provavelmente um morubixaba
f ém foi devolvido aos seus compatriotas sem maiores ·conse- da Baixada Fluminense ou ·do Vale do Paraíba, enquanto as
quências. Tal fato, prova mais uma vez, de forma inconteste, "montanhas mui grandes" poderiam ser a Serra dos órgãos ou
o espírito de tolerância e compreensão dos nossos indígenas. da .Mantiqueira.
diante da verdade ou em f·ace de acidentes involuntários. ·M artim ·Afonso demoróu-se três meses na Baía da Guana-
Com a vinda de Martim Afonso de Sousa ·e seus colonos, bara ·tomando mantimentos para um ano destinados a alimen-
a secular tranqüilidade dos indígenas vai se transformar num tár Jlru\troeentos ~omens .que trazia. Aproveitou .a estada e fez
26 .27 ·
ali mesmo dois bergantins de quinze bancos cada um. Nave- dos naturais. A tarefa principal que se impunha aos donatá-
gando para o sul, chegou à região de Cananéia. Ali determinou rios consistia em dirimir a situação das duas raças, entrand0>
ao piloto Pedro Anes, entendido na língua brasílica, que desse em acordo com os índios, ou subjugando-os.
uma olhadela na área para falar com alguém. Depois de cinco Não era a presença física dos portugueses que causava
dias o piloto voltou trazendo no seu bergantim um ba~harel mal-estar entre os nativos, mas o castigo que infligiam-lhes,
português que por ·a li estava desde 1502 em franca atividade culminando com a escravização. Nos forais das donatarias:
no comércio de escravos indígenas. Fora deixado ali por Ves- (1534) o Rei português autorizava os capitães-donatários a·
púcio, na sua segunda viagem, como degredado. A expedição escravizar brasílicos em núm~ro indeterminado, e até enviar
aí ficou quarenta e quatro dias explorando os contornos da anualmente para Lisboa certa quantid·ade deles. O mais ren-·
região até a Baía. de Paranaguá. Nessa ocasião partiram terra doso desses negócios era o da compra de índios aos próp,rios.
dentro os aventureiros Pero Lobo e Francisco Chaves, em busca índios (resgate) julgado lícito pelo governo da Metrópole~
de ouro e escravos. Dez anos após, Cabeza de Vaca informava
Os colonos, e até_as próprias autoridades portuguesasr não
que a dita expedição fora dizimada pelos carijós. O objetivo
da referida expedição era trazer do interior quatrocentos es- viam o índio como criatura da espécie humana. O conqui&ta-·
cravos carregados com ouro e outras riquezas. dor julgava-s·e con1 o direito de subjugá-lo, como fazüi · à.os-
animais de carga, ou de eliminá-lo como fera daninha. Os abu-
Mas as festas, os bailes e a alegria dos índios diante dos sos chegaram a tal ponto que foi necessário o Papa Paulo III
brancos não iria durar muito tempo. O pior estava por vir. expedir a bula "Universibus Cristi fidelibus", de 28 d·e· m?-io de
Na sua ingenuidade, não podiam antever o tenebroso futuro 1537, declarando que os índios da América "eram homens como
que os aguardava. O tal português encontrado por Martim os demais e que portanto tinham todo o direito a sua liberdade-
Afonso na Bahia era Diogo Álvares, o Caramuru, que em mui- e a possuir e gozar os seus bens ainda que não estivessem con..,
to facilitou a conquista, tal como o fez em São Paulo seu pa- vertidos".
trício João Ramalho. Ambos se juntaram com filhas de caci-
O causador do primeiro incidente grave entre índios e co-
ques, agindo de igual modo até nisto. Ambo~ já h·aviam alicia-
do os indígenas nas suas respectivas regiões. O sinal verde lonos foi um tal Henrique Luís, negociante inescrupuloso, .fre-
estava aberto aos intrusos. qüentador das costas brasileiras. Em princípios de 1546 esse
bandido chegou na Capitania de São Tomé (atual norte do Es-·
Alguém já disse que naquela época em Portugal o espírito tado do Rio de Janeiro) e aí transacionou fartamente ·com os
de cavalaria tinha desaparecido, e com ele o desinteress.e, a boa- 11aturais, como era seu costume. Não satisfeito, atraiu p·a ra
fé e a ambição de glória, nutrida pelo desejo de proteger os o seu n·avio, atrav4s de vil engodo, um cacique com quem l1á
fracos e as, donzelas indefesas. A vontade da conquista nascia. pouco negociara, exigindo em troca da liberdade desse maioral
só da cobiça. Os crimes não tinham fim, e os legisladores. ven- grande quantidade de mercadorias. Recebeu a importância do,
do a impotência da lei para coibir os abusos e os vícios sociais
i·esgate e em vez de libertar o índio levou-o para uma tribo,
viam-se obrigados a comutar em degredo muitas condenações,
inimiga para ser sacrificado. A iniqüidade revoltou algumas
à morte. E o destino dos degredados era a nova Colônia.
tribos, que se lançaram contra os portugueses promovendo fu·
riosa devastação, de nada valendo a reação de Pero Goes, do-·
COMEÇO DO INFERNO natário da Capitania. ·
O Regimento de 1548 determinava que os contraventores,
Após a criação das Capitanias Hereditárias imensos: deviam ser punidos com pena de morte e de perda de toda a·
feudos que começavam no litoral e teoricamente esb·arravam na sua fazenda. Não há notícia, porém, de que essa disposição·
imaginária linha de Tordesilhas - intensificou-se a vinda de· houvesse sido aplicad_a alguma vez. a n.ã o ·ser contra os pró~:
colonos, em levas cada .vez .mais numerosas, para infelicidade· prios índios.

28 . 29'
· Na Capitania de Francisco Couti1lho (norte da Bahia) o RESIST~NCIA
filho de um chefe indígen·a foi injustamente morto pelos colo-
·nos, mas Coutinho pagou caro por isto. Com ferocidade inau- No início da colonização a maior r esistência ao invasor
·dita os índios da região queimaram engenhos, destruíram plan· concentrou-se entre os Rios São Francisco e Doce, assumida
tações, mataram um filho bastardo do donatário, cortaram o então pelos aimorés e tribos da Bahia e de Sergipe. Pela sua
.abastecimento de víveres e água, de modo que todas as provi- ferocidade eram os aimorés bastante temidos, tal como os paia-
:Sões tinham de vir de Ilhéus. Numa guerra que durou mais guás o seriam dois séculos adiante.
de sete anos obrigaram Coutinho a abandonar a destroçada Depois de graves incidentes provocados por colonos nos
·Capitania, cuja economia - como as demais - repousava no feudos da Bahia, Espírito Santo, São Tomé, Porto Seguro e
trab·alho escravo do indígena, mais tarde substituído pelo Ilhéus (os três últimos destruídos pelos índios) , a re·a ção pas-
negro. sou para a área compreendida entre Cabo Frio e Bertioga
com Cunhambebe e Aimberê à frente dos bravos tamoios.
Varnhagen, sempre adverso aos índios, nunca procurou
.ser imparcial no trato das colisões entre estes e os colonos, che- Foi então formada uma grande confederação de tribos que
_gando a ponto de se colocar do lado de Coutinho ao descrever expressa o primeiro movimento de cunho nativista deste País,
secundada por outra, no Nordeste, um século depois. A dife-
os atritos entre as du·a s raças. Para ele os naturais nunca ti- rença entre as duas confederações foi a pequena ajuda dos
nham razão. franceses aos tamoios, enquanto os tapuais nordestinos não
Num documento real consta que "o principal fim porque tiveram aliados brancos .
.se manda povoar o Brasil ·é a r edução dos gentios à fé cató- , Eis como se express·a o grande Veig·a Cabral, referindo-se
lica". Diz mais que "este assunto deve o governador praticá-lo aos primeiros tempos da resistência: "O Brasil desses oitenta
.m uito com os demais capitães; entretanto, quando negociar as anos, que acabamos de percorrer, não é ainda a Pátria dos
_pazes, faça por colher às mãos alguns dos principais que tive· Brasileiros, é simplesmente a área geográfica que os portugue-
rem sido cabeças de levantamentos, e os mande enforcar por ses exploram lucrativamente e onde eles guerreiam o índio e
justiça nas suas mesmas aldeias". E ainda: "Também· sob pena exploram o negro, e, se a história desses tempos algum inte-
de morte, e perda de bens, fica proibido ministrar armas aos resse desperta assim mesmo, é exatamente por essa luta desi-
.gentios". Como vemos, a ordem era para matar e sufocar qual- gual entre o conquistador e o aborígine, luta que assume pro-
"quer· esboço de reação indígena. Às oposições indígenas, que porções épicas ao surgir Cunhambebe e epiloga-se sombriamen-
.não,.. foram poucas, os invasores chamavam de "levante". te após a carnificina de Cabo Frio, em 1575, e a migração de
,F~ziam-se expedições escravizadoras, a maioria com o pre- JapiaÇu :com os seus tupinambás para as sombrias florestas
·textQ amazônic·as ".
' . de descobrir pedras e metais preciosos. Essas incursões
.
; ._

.àpelidadas de "entradas", "bandeiras", "g\ierras justas" e ou- ·Realmente o Brasil daquela época não era ainda a Pátria
tras ,a tividades agressivas, sempre conduziam à escravização e dos atuais brasileiros, mas era habitado pelos genuínos bra-
..ao e)f:t~rmínio. sileiros, que não podiam chamá-lo de pátria porque desconhe-
ciam o Direito e a Organização Política. Eram, de fato, os
Para melhor compreensão do leitor, no final deste estudo donos consuetudinários do solo que os continha e os sustenta-
.apresentamos, em ordem cronológica, algumas dessas condená- va. E como seus pais, seus avós e seus mais remotos ances-
veis ··diligências - que, de outro lado, contribuíram para o trais-;- foi aqui que nasceram e morreram.
.alargamento das fronteiras da Colônia - e, também, algumas 'A" migração de Japiaçu . d·a Bahia para o Maranhão não
.reações dos naturais, cujo fôlego era cada vez menor no desen- tepresenta, ainda, ·.o ·ponto final da resistência. · Alhures outras
rolar dos fatos. lutas se travavam entre brasílicos ·e invasores, numa intermi·
' . -
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tente reação. A carnificina de Cabo Frio não deixa de ser um Os índios precisar11 e devem preservar a sua cultura, ain.·
sério golpe contra a resistência indígena, mas esta, assim mes- da que primitiva, m·a s já bastante comprometida pela pre~~nça
mo, prossegue pelas décadas e séculos seguintes, ora ao norte indesejável dos "civi1izados", que nenhum bem lhes trazem, em-
ora ao sul, no litoral e no interior, sem nunca deixar de existir. bora pensem o contrário. O governo somente devia assisti-los
quando fosse solicitado, acudindo-os na hora certa contra os
Atualizando a geografia, podemos dizer que no Sudeste a
invasores de terras, traficantes, contrabandistas e garimpeiros
resistência de maior profundidade foi a dos tamoios confede·
rados, finalizando com o massacre de Cabo Frio, em 1575, inescrupulosos.
quando o cacique Japuguaçu foi vilmente traído; no Nordeste,
GENOCíDIO
depois dos caetés de Sorobi e Baepeba e dos indômitO$ poti-
guaras de Iniguaçu, Pau Seco e Zorobabé, a reação mais ex- Os métodos empregados pelos europeus para consolidar a
pressiva foi a dos cariris confederados, findando-se com a conquista eram os mais bárbaros que se conhece. Em matéria
revolta dos tapuias acaudilhados por Mandu Ladino, afinal , de crueldade portugueses e espanhóis foram mestres -e ê1nulos.
derrotado por tribos aliadas por portugueses em 1717; no Nor- S·abe-se, por exemplo, que Y rala, para conseguir a confissão
te, a r esistência declina a partir do auto-s·a crifício do imbatí- de dois paiaguás sobre a morte de Ayolas mandou assá-los
vel manau Ajuricaba em 1729; no Sul ela se castra em 1756, vivos, fossem eles culpados ou não. Pizarro, no afã de encon-
quando um exército luso"-espanhol aniquila os guaranis do bravo trar o Eldorado, supliciou vários inocentes indígenas para ex-
Sepé Tiaraju; finalmente, no Centro-Oeste, onde os guaicurus, torquir-lhes uma confissão que ignoravam e nem tinham mo·
paiaguás e caiapós obstacularizaram, o avanço dos conquistado- tivos p·a ra ocultar. Queimou alguns em vida e a outros, tam-
r es por todo o Século XVIII, a reação dissipa-se em 1791 com bém vivos, atirou aos seus cães malossos cervais, ensinados de
um acordo de paz entre os caciques Emavidi Xané e Queima, propósito a comer carne humana. Com a costumeira tirania Pi-
de um lado, e o governador do Mato Grosso, de outro. zarro prendeu muitos caciques que punha a ferros; estes, para
Em carta ao Rei de Portugal sobre as dificuldades que retardar a morte, diziam ao sanguinário conquistador que
encontrara na luta contra. os caetés, Duarte Coelho dizia que "mais à frente estava o Eldorado e outras regiões f ertilíssi-
"se vira obrigado a conquistar ·a palmos a terra que lhe fora mas". Tomé de Sousa, Mem de Sá, J erônimo de Albuquerque
doada a léguas". e outros, mandavam a.marrar indefesos indígenas à boca do
Disse o barão de Studart que "nenhum Estado nortista canhão para despedaçá-los. Muitos portugueses, ao assaltar
talvez foi, como o Ceará, cenário de lutas violentas, de comba.. frágeis aldeias, seguravam as crianças indígenas pelos pés
tes os mais desesperados e11tre aborígines e lusitanos". E abrindo-as em duas bandas a golpes de espada, ou então esfa-
prossegue o grande estudioso: "O· indígena da terra de Ira- celavam suas cabecinhas contra os troncos das árvores.
cema bateu-se com estranha energia contra o europeu e opôs Durante três séculos de colonização, e até durante os dois
tenaz resistência ao invasor e só se sujeitou quando por falta reinados e parte da República, lusitanos e brasileiros extermi-
de número não pôde mais pelejar". E finaliza: "Enquanto não naram centenas de milhares de índios por via direta e indireta.
foram eles completamente aniquilados pelas armas nunca pu- Para isso, incendiavam aldeias, promoviam "entradas", apres-
deram os brancos estender o seu domínio, no Século XVII, tavam "bandeiras", faziam expedições punitivas e escravizado-
além da aldeia junto ao forte ou além de outro arraial na barra ras, insuflavam tribos contrárias, fomentavam a desunião e
dos rios". até inventaram as nefandas "guerras justas". Como se isso não
0-s poucos que ainda restam estão vivendo intranqüila- .b astasse, transferiam tribos inteiras de um . local para outro
mente em "reservas" delimitadas pelo governo, tendo a assistí- onde era diflcil sobreviver; disseminavam doenças e treinavatn
los a FUNAI e religiosos de várias denominações, impostos à cães para farejar, perseguir e devorar os naturais; tomavam
sua revelia, desculturando-os. à força as mulheres, as filhas e as irmãs dos ín:dios _que iam

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lhes prestar dois serviços: o braçal e o sexual. Qu·a lquer motivo mais tarde seria personagen1 de J os~ de Alencar em O Guarani.
servia coino pretexto para inatar e escravizar. Centenas de índios mandados vir do Espírito Santo e de São
É certo que houve casos de portugueses que se apaixona- Paulo também participaram da chacina.
rain e até se casarain com índias, mas via de regra esse tipo Cristóvão de Barros, que já estivera no Rio de Ja11eiro
de união servia apenas para 'acalmar seus fortes impulsos lú- matando índios, inclusive fazendo parte do massacre de Cabo
bricos, exacerbados pela escassez de mulheres brancas e pela Frio, comandando muitos soldados, fidalgos e mil índios fle-
distância da terra natal. cheiros, atacou os caetés no final de 1589. As recom211dações
Quando as crueldades dos colonos atingiram um ponto in- da Metrópole não impediram que ele promovesse o extermínio
suportável os padres suplicaram um basta para tais abusos. A de mil e seiscentos indígenas do morubixaba Bae.p eba e o ca-
Metrópole passou então a expedir algumas determinações que tiveiro de outros quatro mil que foran1 distribuídos entre os
aparentemente protegiam os n·a turais, mas na verdade inócuas, reinóis para trabalharem nas suas fazendas e nas dele próprio,
por favorecer, em última instância, os interesses dos colonos. em Sergipe e no norte da Bahia, "missão de que galhardamente
Contam-se às dezenas as cartas, ordens régias e bulas papais se desempenhou" no dizer do erudito Basílio de Magalhães .
.em defesa dos índios, porém não eram cumpridas. Eram fre- Baepeba, o inorubixaba que morreu lutando contra os inva-
qüentes os atritos entre padres e colonos, ambos os lados inovi- sores, devia ter um monumento em Sergipe, mas o que se vê
dos por interesses próprios. Enquanto uns maltratavain e es- naquele Estado é uma cidade cujo nome é uma home11agem ao
cravizavain os indígenas outros tentavam alienar suas almas trucidador dos genuínos sergipanos.
ao céu. De qualquer forma eles preferiam a companhia dos
religiosos que pelo menos os tratavam com brandura. Mant1el Preto e seus parceiros de São Paulo deram início
ao ciclo de vandalismo e atrocidades contra os índios mansos
Os m·aus-tratos e o receio da escravidão provocaram o êxo- das missões jesuíticas castelhan·as. Pela torpe perseguição e
do de muitos índios. Calcula-se que entre 1540 e 1612 cerca escravização de milhares de guaranis recebeu dos seus compa-
de sessenta mil tupinambás Qeixaram a orla marítima em bus- nheiros de ofício o epíteto de "Heroi do Guairá". Depois de
ca de paz no mais remoto interior. Muitos morreram pelo ca- muitos anos de devastação o aventureiro foi morto a flechadas
minho e outros fixaram-se às m·a rgens dos rios amazônicos, durante uma incursão que fazia ao lado de Antônio Raposo
notadamente o Madeira. Há quem afirine que trezentos índios, Tavares. Este, por sua vez, "foi responsável pela eliil)inação
·desses que fugiram do litoral brasileiro, teriam chegado até o de cerca de quinze mil índios e pela escravização de mais de
Peru. dez mil, nas razias que empreendeu de norte a sul do Brasil".
Houve muitos exterminadores cujos feitos condenáveis são Ao paulista Bento Maciel Parente cabe a medalha de ouro
sadicamente exaltados por certos historiadores, sem que se no campeonato de massacres e atrocidades. Em 1619 este san-
possa entender a razão desse insano posicionamento. Insistem
guinário aventureiro saiu de Tapuitaperá, no ~faranhão, com
em colocá-l<>s em pedestais e se comprazem em denegrir a fi- 80 soldados e 400 índios flecheiros em direção ao Am·azonas,
gura dos ancestrais indígenas. Entre os exterminadores que promovendo a mais devastadora razia registrada pela História
são tratados como heróis· pela História do Brasil, damos a se- do Brasil. Pelas crueldades que praticou contra os índios, du-
·guir uma pequena amostra: rante quase· vinte anos, foi premiado com a Capitania do ·cabo
Antônio de Salema, governador das Capitànias do Sul, em Norte e coin o governo do Maranhão (1638 a 1641), "em reco-
'1575 promoveu a ·terrível · chacina dos renianéscentes tamoius nhecimento aos relevantes serviços prestados à Coroa".
em Cabo Frio. Ali m·a tou -dois mil índios e escravizou outros O mameluco pernambucano Pedro da Costa Favela foi um
oito mil. N ésse cruel morticínio Saléma contou com o apoio grande matador de índios. Fez muitas incursõe~ pelos rios ama-
de Jerôniino Leitão, capitão-mor de São Pâulo,. e de alguns zônicos com o único objetivo de perseguir e exterminar os na-
fidalgos, entté os quais ' se:·d éstaca D. Antônio ;de Mariz, que turais•.. Em.1664 aliou-se a.os tapajós e. foi _c ombater os gu~ne-
\

venes e os cabouquenas dos quais incendiou trezentas aldeias, mesmo e o dono exclusivo da sua vontade; era o palmilhador
1natou setecentos homens e fez quatrocentos prisioneiros. A infatigável de territórios seus; era amante do pluralismo femi-
~1e cabe a medalha de prata do campeonato de massacres, pois nino, na sadia poligamia de tradição avoenga. O ergófobo co-
i10 dizer de Basílio de l\1agalhães "depois de Maciel Parente. lono era o dono do arcabuz; chegou para devastar a floresta.
foi Pedro da Costa Favela que1n inais se notabilizou na des- escravizar o índio, tolher sua liberdade, apoderar-se de suas
truição dos nossos feiichistas das selvas". mulheres, usurpar sua terra e promover massacres.
Outro aventureiro paulista que veio para o Nordeste ex- Nos tempos coloniais ·a s duas grandes características do
terminar índios e negros foi o famigerado Domingos Jorge índio foram a liberdade e a belicosidade. Se tivesse tido uma
Vell10. Un1 dos seus p.rincipais :(eitos foi a destruição dos acroás cultura media11a teria adotado a águia como símbolo e Marte
e pimenteiras do Piauí para tomar-lhes as terras, a fim de como guia. A belicosid·acle f oi parcialmente contida pela bati- \

que os arquilatifundiários Francisco d'Avila e Domingos Afon- na e pelas armas superiores dos brancos, mas a chama da li-
so pudessem implantar trinta e nove fazendas de gado. berdade jamais se apagou. Quanto a esta últim·a, vejamos o
l\1atias Cardoso de Almeida, a pedido do governador-geral, que diz o imparcial Southey: "Destinado a ser comido, foi um
deslocou-se de São Paulo e foi para o Nordeste dizimar os ta- prisioneiro no sertão do Pará, durante os prep·a rativos do ban-
puias do Ceará e do Rio Grande do 'Norte, em 1689. Ao cabo quete, amarrado num lugar onde ficava inteiramente exposto
de cinco anos de incríveis atrocidades o mercenário foi refes- aos marimbondos, os mais vorazes e venenosos insetos alados
telar-se nas fazendas que fundara entre Minas e B·a hia; em do Brasil. Admirando-lhe a fortaleza, pois não revelava ele o
terras arrebatadas dos índios:. · Para sucedê-lo neste criminoso menor sinal de dor, apesar de coberto de sangue })elas ferroa-
mister outro aventureiro paulista chegou ao Rio Grande do das, queriam alguns portugueses livrá-lo deste tormento e da
Norte em 1698: Manuel Alvares de Morais Navarro, especia- morte que o aguardava; mas o selvagem recusou a intercessão,
lista en1 extermínio de indígenas. Este cruel mercenário aliou- e sacudindo do rosto os insetos, para que pudessem ver-lhe o
se aos janduís para combater os paiacus, traindo os primeiros sorriso com que respondia, disse que nesta pena achava prazer,
após ·lograr o intento. Pertence-lhe a medalha ·de bronze no e com torná-la tal se vingaria dos que o atormentavam. - Este
campeonato de massacres. · corpo, acrescentou, não sou eu ! Compõe-se da carne que tenho
Por puro divertimento, os irlilãos Antônio e Pedro da comido, da carne dos meus inimigos, dos p·a is, dos irmãos e
Cunha Souto Maior e o juiz do Maranhão, Luís Pinheiro, de- filhos desta gente. Eu apenas o habito e alegra-me em vê-los
cepa·v am cabeças de índios, montados em cavalos, como se es- atormentar a .sua .própria carne e sangue".
tivessem num torneio medieval ou numa cavalhada mourisca. O índio r efratário não perdoava o irmão que se submetia
O desatin·ado Francisco Caldeira Castelo Branco, que foi ao branco. O índio domesticado quando apanhado pelo selva-
governado~ da Capitania do Pará, por suspeitas infundadas gem era irremediavelmente punido de morte. Além disso, o
matou cruelmente muitos principais tupinambás. Aos que re- índio manso tinha como primeiro objetivo vencer a dificuldade
s~stiam à escravidão Caldeira mand·a va amarrar os membros de encontrar a sua antiga tribo sem cair nas mãos de velhos
em canoas que eram impelidas em sentido contrário até arran- inimigos. Muitas vezes refugiava-se nos quilombos, onde era
cá-los do tronco. Utilizava-se de canoas quando não havia ca- acolhido sem hostilidade.
valos por perto. A ojeriza dos indígenas à escravidão foi descrita por Sou-
they assim: "Tratando-se dos seus próprios negócios, é o sel-
AMOR A LIBERDADE vagem capaz de sofrer as maiores privações e fazer os mais
extraordinários esforços: nenhum europeu podia viajar tão lon-
O índio era o senhor da floresta, tal como nos diz . uma ge e sem intromissão, nen1 passar tantos trabalhos, mas tão
velha canção do saudoso Augusto Calheiros; era o patrão de si robusto era ele no seu próprio gênero de vida, como fraco no

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cativeiro. Com a consciência da liberdade perdid·a parecia a tar. Deixou-se porém a coisa à escoll1a dela, a quem seria li-·
mola real da máquina a perder sua força motriz e fanava-se 9 vre seguir os portugueses, querendo. A resposta foi preferir·
coração como tolhido por algum feitiço, ou veneno lento. Há ela ser sepultada nas barrigas de seus senhores e donos, a
cai1sas físicas pelas quais se torna freqüentemente mortal a quem amava por ter sido criada com eles".
transição do estado selvagem para o domesticado. Não pode a Preferiam a morte à escravidão. Orgulhavam-se de saber
construção animal suportar uma mudança total e repentina de sofrer com tal grau de estoicismo que nem mesmo a filosofia
alin1entos, hábitos e ocupações. Se não são ·a panhadas novas de Zenão de Cicio seria capaz de traduzir. As suas -bravi'as e
morrem as aves de se acostumarem ao cativeiro; e a diferença ferozes superstições nutria seus espíritos e imunizava:~os con-
porque lhes passam no seu modo de. subsistência, dificilmente tra qualquer dor física. "Exemplos houve - arremata Sou-
será maior do que essa que sofre o homem passando de uma they - de terem caçadores de homens cercado famílias in-
vida errante para outra fixa. A freqüente mudança· de ares teiras numa das suas habitações, e, esgotadas as razões e as
parece ter sido quase indisJlensável a uma raça que jamais fora promessas, com que trabalhavam por persuadi-los a entrega-
~edentária. Nas reduções, onde nenhuma violência se fazia aos rem-se, lançando fogo à casa na esperança de obrigá-los a sair;
índios, nenhuma restrição se lhes impunha, ·a ntes se fazia tudo e estes pobres índios, abraçados os pais com os filhos, prefe-
quanto podia contribuir para o bem-estar dos novos colonos, riam a morte n·a s chamas à miserável existência, na sua úni-
era sempre grande a mortalidade nos primeiros meses; qual ca alternativa".
não devia ser esta pois, quando a transição era p·ara um estado
de trabalho compulsório debaixo do azorrague de degredados Pelas cartas dos jesuítas, e por outros documentos; veri-
feitores. Bem compreendiam os míseros naturais o 11orror de fica-se que os roubos e os assaltos praticados contra os índios-
semelhante escravidão. Até mesmo os índios da corda queriam foram se tornando muito f reqüentes, enqu·a nto a sua liberdade
antes ser comidos por homens do seu próprio país, do que res- tendia a desaparecer por completo. As crueldades passaram a
gatados à causa da liberdade". ser rotina. Por sua vez, os indígenas não tinham organização-
política e ·as tribos não cessavam de se bater umas contra as:
Esse povo oprimido amava a liberdade acima de todas as outras, enfraquecendo-se cada vez mais.
coisas e Southey nos dá conta disto: "Uma partida de resgate
encontrou um dia t1ma índi~ amarrada ao poste, e os selvagens Em Pernambuco o preço de um índio chegou a ínfimos
a dançar, cantar e folgar em roda; davam-lhe de beber de vez cruzados ou mil réis. Para evitar a tirania dos senhores bran-
em quando e ao dançarem eles, movia ela os pés; ao canta- cos, ín.dios daquele .Estado e adjacências chegaram a alcan-·
rem, acompanhava-os em voz baixa. Era esta índia evidente- çar os Andes. Descendentes seus foram encontrados em ilhas
mente da cord·a, e tendo chegado exatamente a tempo de remi- do Rio Madeira e noutros locais amazônicos. O motivo dessas
la da morte, julgaram isto os portugueses especial mercê de
Deus. Ofereceram pois comprá-la e p·rovavelmente a pagariam
. -
migrações era sempre o mesmo: fugir aos maus-tratos, à es-
crav1zaçao .
e aos massacres.
mais caro, mas quando foram. des·a marrá-la converteu-se nela Os mamelucos, cuja .descendência abrange larga faixa da
o_contentamento em lágrimas e lamentações por ter de ir vi- população brasileira, tão pérfidos e mais astutos do que os
ver escrava entre os brancos em lugar de morrer em tão fa- brancos, eram os intermediários escolhidos para atrair os ín·
mosa festa, deixando um nome celebrado". dios ao cativeiro e à sanha dos íberos. Os bandeirantes pau-
Há m·a is um exemplo de amor à liberdade, novamente des- listas são um claro exemplo disto.
crito por Southey: "Em outra ocasião, querendo os portugue- E assim o índio - o senhor da floresta - filho da liber-
ses comprar uma mulher, disse o cacique, em casa de cujos fi.. dade, teve de ceder e fugir para o mais longínquo interior,.
ll1os ela se estava divertindo, estar aquela índia destinada para cada vez mais fundo, aon·de pudesse viver livre, bem longe da.
um·a grande festa, pelo que _não havia de _querer deixar resga- tenaz perseguição que ·o branco lhe movia.

38 .39
Sua fuga, entretanto, não durott muito tempo. O branco teriam acontecido; Fernão Paes Leme, Borba Gato, "Anhan-
também chegou na Amazônia, hoje o último, porém ameaça- guera" e outros seriam hoje ilustres desconhecidos.
<lo, reduto indígena. lVIovidos pela cobiça e pelo in.stinto de des- Na verdade foram os índios (sem disto terem consciência)
truição lá estão agora os "civilizados" invadindo suas terras. os verdadeiros ampliadores das fronteiras brasileiras para mui-
E se esta ânsia de destruição não for contida com pulso de to além da imag·inária linha de Tordesilhas. Se não fossem eles,
ferro, dentro de poucas décadas teremos ali um imenso deser- os entradeiros e os bandeirantes não teriam tido meios e apoio
to, sem índios, sem animais, sem árvores, sem nada. O Brasil necessários para penetrar nos sertões ignotos. O Brasil bem
terá um novo Nordeste multiplicado por três. l)Odia ser hoje uma tênue faixa atlântica, parecido com o Chi-
A chamad·a Civilização não passa de um vírus mortal para le, pois como disse frei Vicente do Salvador "os portugueses
·a Natureza. As duas são incompatíveis se certos parâmetros são maus colonos por viverem arranhando o mar como caran-
não forem observados. O·s exen1plos de predação e de desma- guejos".
tamento estão por toda parte. A poluição está multiplicando E há pouco, do final do Século XIX para começo do XX,
:a s doenças pulmonares e ofuscando o brilho das estrelas. A es- foram os. ·Caboclos nordestinos os responsáveis diretos pela in-
pécie humana, que é a mais cruel e a mais inútil entre todas. clusão do Acre e outras áreas amazônicas ao território brasileiro.
·está matando o Planeta. A }~"atureza não precisa do homem, De todas as inarieiras os brancos tiravam proveito dos
mas o homem precisa dela para sobreviver. Mesmo assim, ele indígenas: como guias, como burros-de-carga, como estafetas,
.a está destruindo. O "civilizado" vive para satisfazer seu pró- como escravos, e até mesmo nas suas disputas externas. Mui-
prio egoísmo. Diz-se amigo do cachorro porque este animal lhe tos índios brasileiros tomara1n parte em escaramuças na tra-
é útil, além de excelente bajulador. Podemos, pois, deduzir que balhosa Colônia do Sacramento. O professor José Elias, da Uni-
·O 11omem é tão some11te um perverso idiota, apesar de ter des- versidade Federal da Paraíba, informa que Herckmann levou
coberto o rádio, a televisão, e de ter ido à Lua. índios nordestinos para combater os mapuches e os araucanos
Entre o índio e o "civilizado", a Natureza ficará com o do Cl1ile, e que alguns comandantes holandeses utilizara~ ~a­
primeiro; entre a Natureza e o "civilizado", o índio preferirá puias tarairius para lutar contra os portugueses nas colon1as
.a primeira; entre o. índio e a Natureza, o "civilizado" certamen- africanas .
te não preferirá nenhum do·s dois. Donde se deduz que os "ser- Foram os índios que, en1 1587~ comandados pelo bispo vi-
viços" do "civilizado" são perfeitamente dispensáveis para os sitador Cristóvão de Gouveia, defenderam a Bahia, então in-
..outros dois. É questão de bom senso. vadida pelos corsários ingleses Robert Withrington e Chisto-
phe.r Lister. Foram eles quen1 ajudou os portugueses a expul-
sar os franceses do Rio de Janeiro e do Maranhão. Finalmen-
SEM O íNDIO NADA SE FAZIA te o seu auxílio foi decisivo como força coadjuvante na luta
co~tra os holandeses, embora estes contassem com a simpatia
O conhecimento da terra, o olfato sensível, a visão de lin- dos tapuais nordestinos, tal como os franceses em relação aos
-ce e a inexcedível resistência física dos índios fizeram com que tupinambás do l\iaranhão.
-0s . invasores deles também se aproveitassem como guias insu- Entretanto, vejamos com que exagero, desprezo e ódio
peráveis. Sem eles, Aleixo Garcia jamais teria ido a pé do li- M·a urício de Heriate, companheiro de Pedro Teixeira na céle-
·toral atlântico até os contrafortes andinos; Cabeza de Vaca nun- bre viagem a Quito, trata os brasílicos ao descrever as capi-
.ca teria alcançado Assunção por terra; o maior andarilho da tanias .do setentrião brasileiro. Referindo-se aos potiguaras e
América do Sul - talvez do mundo - Raposo Tavares, não tabajaras da Serra de Ibiapaba, diz o iracundo observador:
teria.· feito as gigantescas marchas pelo interior deste Conti- "Todos os índios, : assim estes como. os de São .Luís,
. e todos
,.
nente; as fanúgeradas entradas e bandeiras provavelmente não quantos há, são fàlsos, covardes, traidores, carn1ce1ros, crue1s,

41
amigos de novidades: seu Deus é a gula e a luxúria. São ho- condesse os espias do seu povo, e fosse o instrun1ento da vi-
micidas, mentirosos, aleivosos, gente de pouco crédito e de ne- tória, que alcançou contra os de Jericó, excitou também o co-
nl1um·a caridade, sem conhecimento da fé. Suas galas são pin- ração de uma moça filha de um principal dos tupinambás, que
tarem-se de vermelho, amarelo, branco e negi·o, e vestirem-se se havia afeiçoado a Vasco Fernandes de Lucena, para que
u11s capelos de penas de pássaros de diferentes cores. Andam eom outras mulheres, que venceu com seus r ogos e persuasões
sempre nus, as mulheres são incastas. Aquele que entre eles valessem os cercados. Com muito segredo e cautela traziam
se mostra mais feroz e fala mais alto é mais t emido e obe- mantimentos e água à fortaleza, com que os sitiados puderam
decidos de todos. Têm mui pouca vergonha, e muit a malícia e conservar a vida e resistir aos assaltos. Era Vasco Fernan-
va~dade. São inimigos do trabalho. É gente sem honra, nem des estimado entre os gentios. O principal se honrava em o
primor: por pouco que lhe dão, entregam su·a s mulheres e fi- ter por seu genro, e os mais o temiam porque o supunham fei-
lhas a quem lhas pede. Dão-se guerra uma nação com outra ticeiro".
por pouco mais que nada; e os vencidos que ficam nas mãos Esse tipo de ligação era tão freqüente que induziu José
dos vencedores, são escravos: e aos mortos comem assados ou de Alencar a criar a lenda de Iracema para simbolizar a p·a i-
cozidos, como se fossem porcos. Prezam-se de muito falar com
xão e a união das índias bi"asileiras com os brancos conquis-
o Demônio. São ingratíssimos: não conhecem o bem que se
tadores.
lhes faz, e o mal o trazem sempre na memória, até se vin-
garem". A afirmação corrente de que o brasileiro surgiu a partir
Heriate não pára por aí nos seus desairosos con1entários .. do mameluco, não pode ser considerada sem reparo: o ma-
Com a mesma ignomínia ele avilta os índios do Rio Am·azo- meluco é apenas meio brasileiro, resultante da união do índio
nas, do Parnaíba, do Tapajós, do Trombetas, do Madeira, do com o branco, cabendo-lhe 50 % dos caracteres genéticos de
Negro, estendendo seus odientos conceitos a todas as tribos. eada um: o mulato, fruto da mistura de duas raças alieníge-
amazônicas. Para destilar tanta peçonha, qual t eria sido a sua nas, ainda está mais distante, não sendo demais considerá-lo
frustração? bra.sileiro "por empréstimo".
Brasileiro mesmo, puro, genuíno, autêntico, telúrico, é o
índio. Todos.· os demais sãó descendentes de raças exóticas pro-
CONSPURCAÇÃO DA RAÇA
vindas de dois Continentes em tudo diferentes: na língua, na
religião, na cor, nos costumes, nos hábitos, na cultura, e no
São incontáveis os casos de índias que se apaixonaram por· resto. .
brancos, ?.que em muito ~ontribuiu - mais do que. se supõe _
para facilitar a penetração e a fixação dos conquistadores: O jesuíta Charlevoix, tentando vingar-se dos mamelucos
mormente durante o primeiro século de colonização. Exem- paulistas que haviam destruído trinta e uma grandes povoa-
p~os mar.cantes, entre mill1ares que a História não registrou, ções ·de índios fundadas pelos jesuítas castelhanos em Guairá,
sao as filhas de Tibiriçá e Piquerobi, secundadas por Para- Itatin e rrape, endurece a língua contra os mesmos, ao afirmar
guaçu e Arco Verde. Esta última foi avoenga do marquês de· na sua "História do Paraguai": ·" O mal veio primeiramente de
Po~bal, que disto tinha muito orgulho e até indisfarçável sim- -0utra colônia vizinha, na qual o sangue português se tinha mis-
patia pelas causas indígenas. turado muito com o dos índios. O contágio desse mau exem-
Vejamos o que diz Loreto Couto a respeito do português plo chegou bem depressa a São Paulo, e desta mistura saiu uma
Vasco Fernandes de Lucena, encurralado com seus homens geração perversa, da qual. as desordens em todo o sentido che-
pel~s caetés de Pernambuco: "Nesta grande consternação, e garam tão longe; que se deu a estes mestiços o nome de M·a -
per_igo em que os nossos se viam, ferido o capitão,. e morta melucos por .~causa da sua semelhança com os antigos escra-
;muita gente, Deus, que excitou o ânimo . de. Raab, para que es.. ·vos dos soldões do Egito''-. ·

42 43
1 .

O linguarudo jesuíta ao dizer que da mistura do sangue Não há uma "raça brasileira", e esta somente se definirá,.
indígen.a com o português saiu .um·a geração perversa, pressu- de maneira uniforme, dentro de 500 séculos, ou sej'a, ·n os pró-
põe que o sangue indígena influiu para a maldade. Pelo con- ximos cinqüenta mil anos, prazo previsto por antropólogos e
trário: a experiência sempre mostrou que os indivíd.uos nas- geneticistas para que todos os bra~ileiros, afinal, tenham a'
cidos dessa união espelham qualidades sensíveis, benévolas e mesma cor e os mesmos caracteres.
desinteressad·a s que em geral caracterizam os indígenas. Por- O argumento de que o brasileiro possui o estigma .do ca-
tanto, o fermento da corrução não surgiu do sangue dos ín- ráter malsão dos primeiros colonizadores é duvidoso. Duran-
dios, mas sim dos portugueses, .que desciam das naus escorre- te mais de cem anos navios ingleses despejaram na Austrália
gando sobre os lombos macios e torneados das nossas índias. levas e levas de criminosos, degredados e outros . .elementos
A notória crueldade dos ma.melucos paulistas, notadamen- perniciosos, enfim a escória da Ilha, sem que, por isto, o povo·
te daqueles que participaram de bandeiras destrutivas e prea- australiano fosse atil'l:gido 110 seu caráter moral. É que ali, ao·
doras, não pode ·s er atribuída somente ao sangue indígena, contrário daqui, não houve mistura de raças.
quando se sabe das indescritíveis atrocidades praticadas pelos. O í11dio aprendeu o vício, a desonestidade e a safadeza
J:>rancos europeus contra os Astecas, os Incas, os Tupis e os com o colono. Foi sempre enganado . com palavras, ações, ati-·
Guaranis. tt1des e quinquilh·arias. Para se ter uma idéia desse· colono.
No Brasil houve e ainda há um caldeamento de raças, sen1 basta dizer qu·e já no tempo de Duarte Coelho, donatário da.
precedentes na história da Humanidade, que deu origem a n Capitania de P·e rnambuco, este, referindo-se aos degredados,
sub-raç·a s, mais de trinta tonalidades de pele e cerca de duas escrevia ao Rei: "São piores cá na terra do que peste pelo
qual peço a V. A. que pelo amor de Deus tal peçonha me cá.
dezenas de tipos de cabelos. Todos estes tons e formas carac-
não mande". Em seguida o primeiro governador-geral do Bra-
terizam os mulatos, mamelucos, · cafuzos, cabras, zambos, ca-
sil, Tomé de Sousa, reclamava à corte "a remessa de gente d~
f umames, aças, cafulatos, . mamelucos, curibocas, mazombos, sa-
confiança, indivíduos hábeis e honestos em quem pudesse con-·
rarás e outros. fiar, para os fazer capitães das terras e oficiais da f azenda".
É comum ver-se três ou mais irmãos, filhos dos mesmos·
Por seu turno, Antônio de Salema, governador das Capi-
pais, com ·a parências e caracteres físicos completamente dife- tanias do Sul, foi denunciado por Cristóvão de Barros, que o·
rentes entre si. Perdoe-nos o saudoso mestre Gilberto Freyre, acusou de ter construído, no Rio de Janeiro, un1 engenh.o para
que ufanosamente empresta t1m colorido salutar a este mosaico- o Rei, onde gastara apenas 500 cruzados, tendo, entretanto,
cle cores e tipos. formadores da mais heterogênea população do spresentado uma despesa de três mil cruzados para construir·
Globo, cuja miscigenação o grande sociólo·go até aplaude e es- o referido engenho.
timula. Mais tarde, o governador Manuel Teles Barreto destituía
Colhemos em Berta Ribeiro a idéia de José Bonifácio, em dos cargos e prendia, em Pernambuco, Vicente Correia e Mi-
1823, de institucionalizar a mistura de raças, ao inserir nos guel Gonçalves Correia, respectivamente almoxarife e prove-
seus "Apontamentos para a civilização dos índios bravos d() dor, por roubo da Fazenda Real.
Brasil" este princípio: "FAVORECER POR TODOS OS Belchior da Fonseca Dias Moréia foi incumbido pelo go-
MEIOS POSSíVEIS O MATRIMôNIO ENTRE tNDIOS E vernador Afonso Furtado de procurar min·a s de ouro e prata
BRANCOS E MULATOS". Mas Rondon, noventa anos depois, no interior de Sergipe. O Moribeca, como era conhecido o ser-·
antevendo o perigo que isto representava pa:ra apressar a ex- tanista, misturou mispíquel a alguma prata do espólio do seu
tinção completa da raça· indígena, simplesmente rejeitou o tal bisavô (Belchior Dias Moréia), entregando o produto adulte-·
princípio, ao excluí-lo dos objetivos do SPI - Serviço de Pro- rado ao crédulo governador. Este remeteu para Lisboa o ma-
teção aos índios, que ele acabara de criar. . · terial que se supunha ser prata pura, mas a embarcação que·

44

- - -- - - - - - - - - - - - -
-conduzia o "valioso achado'' naufragou, perdendo-se assim, a e nem nós mesmos, pois os nossos pais e avós não teriam sido
:simulada riqueza e com ela a prova da fraude. ' os que realmente foram, e assim por diante. Para tudo ser
Francisco Coelho de Carvalho, que governou o Maranhão como está hoje, foi preciso que tudo acontecesse do modo como
durante dez anos (1626-1636), foi acusado de tê-lo feito em aconteceu, sem desvio de um só segundo no tempo e sem a di-
proveito pessoal e prejuízo da Fazenda Real, tanto assim que, ferença de um só milímetro no espaço.
por sua morte, foi o · almoxarife Antônio Vaz Borba autori- Entretanto, ·alguns resultados positivos podem ser credi-
zado a arrecadar de seu espólio a importância correspondente tados à colonização l11sa: dilatação das nossas fronteiras (com
.à que se apropriara indevidamente. o indispensável concurso dos índios) ; conservação da unidade
territorial deste imenso País; uniformidade da língua.
Durante o curto governo de Luís de Vasco11celos Lobo no Porém, se os port11gueses tivessem sido um pouco mais
Maranhão, o rábula José l\fachado de Miranda denunciou' um
inteligentes - como o foi o mameluco Alvaro Rodrigues -
grande desfalque na Fazenda Real, cujos implicados foram: o
teriam atraído amistosamente os indígenas para, como seus
.almox~rife José Cardoso Delgado (fluminense); o provedor
parceiros, de igual para igual, construirem uma grande 11a-
Faust1n~ da Fonseca Freire e Melo (b·a iano) ; o procurador da
ção, sem ·necessidade, adem·ais, de trazer mão de obra escrava,
·Coroa Silvestre da Silva Baldez (maranhense) · o escriturário
arrancada ·à força do outro lado do Atlântico .
.José Sen~ão de Carvalho (maranhense); e o t~mbém escritu-
rário_Manuel Lobo da Silva (pernambucano). Segundo Rocha
.Pombo, a sindicância apurou um desfalque de trinta mil cru- I
E AGORA·~•
. , .(muito dinheiro na época), pelo que foram os cinco fun-
zados
·c1onanos suspensos de seus cargos e enviados para Lisboa onde Como vimos, os erros e os desacertos deste País vêm desde •
morreram na cadeia do Limoeiro. os primórdios da colonização. Somos hoje mais de 140 milhões
. , Hoje, no Brasil, ladrões desse tipo quando muito são des- de pessoas, das quais seguramente cerca de 100 milhões não
i1t?1dos dos cargos (geralmente de confiança), para em se- trabalham e nem produzem: crianças, estudantes, aposentados,
.gu1da ocuparem outros às vezes mais importantes, sempre aco- desocupados, etc. Dos 40% que fazem alguma coisa, grande
b~rtados pela politicagem que tomou conta do País da Impu- parte moureja em subempregos sem expressão econômica, en-
n1?ade. Isto sem falar das grossas roubalheiras em certas pre- quanto outros fazem das greves um modismo perigoso e anti-
·f e1turas, onde muitos administradores-políticos assumem es- patriótico. Ainda dentro dos 40 % que supostamente trabalham
eanch·ados em bicicletas e deixam o cargo em vistosos e caros estão os servidores públicos que, pelo excesso, vivem a se atro-
veículos, depois de tere~ feito um considerável "pé-de-meia". pelar nos corredores e salas de inúteis e onerosas repa.rtições
Muitos acham que o Brasil devia ter sido colonizado por públicas.
-0utro po~o: o holandês, por exemplo. Os adeptos deste ·pensa- Enquanto no nosso Congresso Nacional, que é o Parla-
mento dizem, entre outras coisas, que não teria havido mis- mento mais caro do l\tiundo, existem doze mil funcionários
tura de raças, que seríamos uma nação séria e desenvolvida (dez vezes mais do que o necessário), na SUCAM, onde se
-enfim que o Brasil seria hoje um "mar de rosas". Porém ist~ trabalha efetivamente, há carência de pessoal.
·é duvidoso, quando se sabe que os holandeses não foram bons A politicagem de cunho eleitoreiro instituiu o fisiologismo
<Colonos na Malásia, nas Antilhas e noutras partes inclusive e oficializou o empreguismo desenfreado, para vergonha nossa
no nosso vizinho Suriname. · ' (que, aliás, não temos). Criaram-se até os indecentes "trens
O.~tra ilusão dessas pessoas é pensar que seríamos uma da alegria",
, .
num festival irresponsável de nomeações desne-
r~ça diferente; de olhos azuis e cabelos louros. Simplesmente cessanas.
nao P_~rcebem que sequer teríamos n·ascido; que não existiría- Muitos fisiologistas, aproveitando-se da Constituinte que aí
mo'S, nem mesmo com o nome de Hans. Não seríamos "outros" está, estão na iminência de implantar o regime parl'amentaris-

46 47
ta, não importando qual o modelo (alemão, francês, portu-
guês, italiano, inglês, híbrido, etc), mesmo sabendo que o povo
brasileiro repudia este sistema de governo e nem para tal está 1
preparado ou amadurecido. A verbosidade dos atuais políticos
é largamente utilizada para apregoar o "aperfeiçoamento de-
mocrático". Só que num país como o nosso isto significa o
nperfeiçoamento de vícios, de badernas, de desrespeito, de cor-
rução e de impunidade.
De Gaulle disse que "o Brasil não é um país sério". Ainda
assim, com raras e honrosas exceções, os nossos representan-
tes tudo fazem para evidenciar e perpetuar a assertiva do in-
signe estadista francês. BIOGRAFIAS INDfGENAS
Somos um paradoxo: um País grande e rico, sem deser-
tos, vulcões ou terremotos, mas cujo povo insiste em perma-
necer pequeno, pobre, preguiçoso e doente. É o Gigante Ador-
mecido. É o País do Futuro. É a Pátria da Esperança. Eter-
namente.
!

Povo sem passado é povo sem futuro .

••

. . .. .

48
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
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ABAÇAf (0Espreitador) - Paraná. Em 1597 foi "enco-


Principal tupinambá, do Mara- mendado" a João Reys, El Chi-
nhão. Foi contemporâneo de co, de Vila Rica do Espírito
Japiaçu e aliado dos france- Santo, pelo governador de As-
ses. (Século XVIl). sunção, Ramires de Velasco.
ABACARU (0 Definhado) - Ca- Houve outro cacique guarani
cique guarani. Em 1597 foi com o mesmo nome, encomen-
"encomendado" a Alonso de dado a Gomes de Velasco, pa-
Benialvo, de Vila Rica do Es- rente do governador de As-
pírito Santo, pelo governador sunção.
de Assunção, Ramires de Ve-
lasco. ABATIATÃ (Milho Duro) -
Principal tabajara da Serra de
ABACOTI (Emborcado) - Caci- Ibiapaba (Ceará/Piauí).
que paiaguá, do Mato Gro~so.
Fez as pazes com o governa- ABATl-POÇANGA (Caldo d·e Mi-
dor castelhano, Yrala, ofere- lho) - Chefe tamoio do lito-
cendo ao mesmo uma de suas ral paulista. Recebeu Hans
filhas. (Século XVI). Staden, de presente, tratando-
ABAIGU~ (Barrigudo) - Caci- º como a um filho. Usando
que guarani da região do Rio um artifício, o alemão conse-
Tibaji, Paraná. Em 1597 foi guiu ludibriar a vigilância do
"encomendado" a Garcia Lo- velho índio e fugiu numa nau
pez, de Vila Rica do Espirit;o frB.lllcesa. (Século XVI>.
Santo, em virtude da morte do ABATIRA (Cabelo Levantado) -
encomendeiro anterior, Alonso Chefe aimoré. Moveu guerra
de Ontlveros. sem tréguas contra os colonos
ABAIGUIJA (Gordo) - Cacique da Capitania de Porto Seguro
tupinambá. Foi aliado dos (atual sul da Bahia). Dizem
portugueses, na conquista de que seu ódio aos portugueses
' Pernambuco. (Século XVI).
ABAPARI (Pescador) - Cacique
era tanto que virou tradição
naquelas paragens. (Século
gu9.ran1. Em 1597 foi "enco- XVI).
mendado" a João Reys, El Chi- ABATIUNA (Alpiste Preto) -
co, de Vila Rica do Espírito Principal tupinambá:, da aldeia
.Santo, pelo governador de .A3- de Itaparl, MarMlhão. Foi con-
sunção, Ramires de Velasco. temporâneo de Japlaçu e alia·
ABATI (Milho) - Cacique gua- do dos franceses. (Século
rani da r~gião do ruo Tibaji, XVII).

51
ABERABA (Pena Voadora) rasas algo à moda das chatas cetou o combate o disparo de foi "encomendado" a João
Principal carijó, dos sertões do paraguaias de 1865". E conti- canhão da balsa, ocasionando Reys, El Chico, de Vila Rica
Sul. Em 1627 se propôs acom- nua Taunay: "Conhecedores certa desordem na flotilha do Espírito Santo, pelo gover-
·p anhar o padre Francisco Car- da aproximação da tropa de agressora. Dispunham os pau- nador de Assunção.
n eiro, passando a residir em J erônimo Pedroso foram os j e- listas, diz o padre Ruyer, de ACAJUf (Caju Pequeno) - Prin-
Guaratiba, Estado do Rio de suitas com dois mil homens cento e trinta canoas, com cipal do Ceará. Embora so-
.Janeiro. Tomou o nome cris- comandados pelo padre Alta- trezentos brancos e seiscentos frendo tenaz perseguição, ao
tão de l\latias de Albuquerque. mirano às vizinhanças do Sal- tupis além das guarnições dos encontrar uma fatigada expe-
em homenagem às lutas da to Grande do Uruguai, onde remadores. Opunham-se-lhes
encontraram muitos índios da dição portuguesa não fez ques-
Restauração. as setenta canoas guarnecidas tão de dividir com os expedi-
ABIARU (Fedorento) - Podero-
região, que fugiam espavori- por trezentos combatentes bem
dos ante o avanço dos paulis- cionãrios famintos o pouco
so morublxaba guarani da re- armados. O caa:ihonaço mata- mantimento de que ainda dis-
t as. o padre Cláudio Ruyer ra muitos brancos e índios das
gião do Rio Uruguai. Em 1637 assumiu então a chefia das punha. Refugiou-se no Mara-
derrotou os mamelucos paulls- operações. Ficou Altamiran? três canoas ponteiras que ha- nhão, sob a tutela de Japiaçu.
tas que haviam atacado as re- com a vanguarda em Acaragua viam ficado muito avariadas" (Século XVIl).
duções do Uruguai e do Tape. indo ele Ruyer estabelecer o Finaliza Taunay: ''Travou-se ACAJUf-MIRIM (Cajuzlnho) -
Em 1641, comandando quatro grosso de sua gente a foz do rio então áspero combate entre as Filho menor do principal Aca-
mil índios, derrotou oitocentos Mbororé no Uruguai, a um dia duas esquadrilhas mostrando- Juí. Dotado de invulgar inte-
paulistas e seis mil índios tu- de marcha, à jusante. Ali pre- se os guaranis muito destros ligência, maravllhou os fran-
pis comandados por Jerônimo tendia travar decisiva batalha no manejo das escopetas, tan- ceses quando esteve na Euro-
Pedroso, em Mbororé, entre- com os invasores. Altamirano, to que sua destreza recordava pa, no primeiro quartel do Sé-
·g ando os prisioneiros ao go- que rondava o rio com uma es- "los soldados de las batalhas culo XVU
vernador de Assunção. Em quadrilha de canoas, encontrou de Flandres". "Uma esquadri-
1651 afugentou os paulistas ACAPAUVA (lpê Amargo)
a guarda avançada paulista e lha bloqueadora veio ao mes-
.c omandados por Domingos Bar- recuou para Acaraguá. Tra- mo tempo cortar-lhes o acesso Cacique do Pará. Foi cavalei-
. bosa Calheiros, que pretendia vou-se então o primeiro en- ao Uruguai. Sentindo a retira- ro do hábito de Cristo. Com
atacar Buenos Aires. Acompa- contro. Duzentos e cinqüenta da pelo rio cortada, puseram- engodo, o padre Vieira man-
nhemos o que ·diz Afonso de homens tripulando trinta ca- se os paulistas a destruir as dou chamá-lo e o prendeu co-
Taunay: "Descendo de São 1 noas enfrentaram cem canoas suas duzentas e cinquenta ca- vardemente, mandando-o agri-
Paulo para o Sul, encaminhou- , paulistas. Comandava esta lhoado para a fortaleza de Gu-
noas, mas viram-se aí ataca- rupá, distante oitenta léguas.
se a grande bandeira de Jerô- flotilha Abiaru e o tiroteio du- dos pela esquadrilha inimiga,
nimo Pedroso ·para o C?lrso do rou duas horas. Retiraram-se Motivo: o índio havia se rebe-
travando-se novo e vivo com- lado por não mais querer vi-
Alto Uruguai, dirigindo-se de- os paullstas e os guaranis ven- bate. Começou a retirada da
pois para as populosas redu- ' do que o inimigo recebera es- ver controlado pelos padres.
coluna bandeirante sob viva (Século XVII).
-ções vizinhas das margens do forços retrocederam sobre a pressão dos vencedores. Aca-
grande caudal. Fizeram os je- sua base de Mbororé". E mais: bou em debandada em que pe- ACARECOTIM (Peixe Vivo) -
suítas soar brados de alarma "Chegando ao acampamento o receu multa gente para "maior Cacique guarani da região do
em todos os seus pueblos padre Romero que superinten- regalo de los tigres e j agua- Rio Tibaji, Paraná. Em 1597 foi
aquém e além do Uruguai. Ar- dia as operações de guerra to- res". Os tigres e jaguares "encomendado" a Diego Xará,
maram quatro mil índios dan- mou as últimas disposições eram os guaranis do cacique de Vila Rica do Espírito San-
do o seu comando ao moru- para o combate. Pôs no rio se- to, pelo governador de Assun-
, tenta canoas tripuladas por Abiaru, que assim se denomi- ção, Ramires de Velasco.
bixaba Inácio Abia.ru. Conta- navam por vestirem peles des~
vam com trezentos escopetei- · arcabuzeiros sob as ordens de ses felinos. ACAUf <Chifre Queimado) -
ros. O restQ se compunh~ de Abiaru. As duas da tarde de lndio da Paraíba a quem o
arqueiros e fui::idibulários. Qs 11 de março de 1641 surgiu a ABIPIATIM (Agulha Esporada) português Baltasar de Lomba
Irmãos leigos dà Companhia esquadra fluvial Inimiga e - Cacique guarani. Em 1597 entregava-se passivamente. ~
fabricaram uma como que Abiaru foi ocupar o posto de foi "encomendado" a João o primeiro caso de sodomia re-
rústica artilharia, valendo-se comando numa "balsa fuerte y Reys, El Chico, de Vila Rica gistrado entre um branco e
de grandes taquaruçus forra- bien acomodada com sus pa- do Espírito Santo, pelo gover- um natural. (Século XVI>.
dos de couro e capazes de dis- rapetos" onde havia um pe- nador de Assunção, Ramires ACELINO ALVES - fndio pareci.
parar tiros ·de metralha. Estes queno canhão. Ao encontro de Velasco. Juntamente com o seu colega
canhões impróvisados foram dos guaranis lentamente avan- ACAJUGUIRA (Pássaro do Caju) Jaime, representou a tribo no
instalados sobre embarcações çou a esquadra paulista. En- - Principal guarani. Em 1597 Seminário Sobre os Direitos

52 53
Históricos dos f.ndios, realizado para que os índios tomassem manaus. Para vencer a guerra a suspirar pela sua volta, coma
em São Paulo, no período de pàrte n a Constituinte de 1987, pedia trezentos homens de· ar- os bretões esperam pela vinda
26 a 29 de abril de 1981. En- para melhor defender seus di- J mas, como reforço, e mais dois do Rei Artur e muitos portu-
tre outras reivindicações, pe- reitos. Afirma que a única canhões de bronze. Este pre- gueses aguardam o retorno . do-
diu a retirada da FUNAI de condic.ão dos povos indígenas texto era mentiroso, pois os Rei Sebastião.
suas terras e a devolução das continuarem existindo, física manaus não tinham comércio AJURUArÇU (Papagaio Grande)·
áreas invadidas por fazendei- e culturalmente, é garantindo direto com os holandeses; tal - Principal tupi1n ambá da al ~·
ros. os seus territórios. comércio era feito pelos bal- deia de Maracanã-Piciba, Ma-
ADALBERTO DA SILVA - Caci- AIMBER~ (Agreste) - Valente dons, aliados dos manaus, que ranhão. Foi aliado dos fran-
que tingui. Representou a tri- chefe da Confederação dos faziam com que as armas che- ceses e contemporâneo de Ja--
bo no Seminário Sobre os Di- dos Tamoios. Promoveu lncam- gassem, por via indireta, à piaçu. (Século XVII).
reitos Históricos dos f1ndios, sável resistência aos invasores gente de Ajuricaba. Assim ALEXANDRE - Subserviente ín-
realizado em São Paulo, no pe- portugueses, conclamando as dio tapajó, marido da princi-
riodo de 26 a 29 de abril de mesmo o bravo cacique foi
tribos para a luta, desde Cabo considerado traidor. Em 1727 palesca Tomásia, que dele fa-
1981. Disse na oca.sião que o Frio até Ubatuba.. Preso, foi zia "gato - sapato" .
problema maior dos quinhen- posto a ferros num barco por- a perseguição começou, até
tos índios que representava tuguês, mas conseguiu fugir a que o encontraram de frente. AMB~6SIO RODRIGUES - 1ndio·
era a terra, pois estão confi- nado pela Baía da Guanabara, Após combates cruentos em celebrado pelos padres pela
nados numa área de apeinas façanha que causou espanto a que por três ou quatro vezes os grande formosura, artimanha,_
dois hectares, obrigando-os a todos. Dos tamoios do norte. brancos foram rechaçados, te· galhofa e trejeito debochado.
trabalharem fora, como "bóias era o mais acérrimo inimigo ve o grande guerreiro a reti• Sempre era convidado para
frias". nas usinas de cana do dos lusitano8. Repeliu com al- rada cortada e viu morrer seu animar festas e reuniões. Co-
Estado de Alagoas. tivez uma proposta de paz por filho, Cunacaca, que .ao seu nheceu Lisboa, aonde fora a
ADRIANO - fndio guarani da J lado bravamente combatia. passeio com o padre Rodrigo
não lhe entregárem três dos
região do Rio Aguaraí. Em 1597 seus principais inimigos. Mor- Ajuricaba foi, afinal, captura· de Fa·ria.
foi "encomendado" a João Pe- reu a 20 de janeiro de 1567 do e posto a ferros Rio Negro ALVARO DA COSTA - fndio do-
rez Cartar, em virtude da mor- combatendo bravamente as abaixo, a fim de ser transpor .. Ceará alfabetizado pelos padres.
te do português João Gonçal- tropas de Estácio de Sá e as tado para Belém e de lá para Foi o escrivão do requerimen-
ves, encomendeiro anterior. hordas de Araribóia. Sua al- Lisboa. Mesmo assim, amoti- to datado de 10 de agosto de-
AGOSTINHO URURI - fndio ta- deia ficava entre as atuais nou os índios que guarneciam 1671, no qual os principais-
bajara. Era afilhado do padre Praias do Flamengo e Botafo- as embarcações e nova luta se João Algodão, Francisco Ara-
Pedro Pedrosa e também es- go, nas imediações do Morro travou. Em meio a refrega, j iba, Cachoe e Maxure pediam
pia dos portugueses, entre 1676 da Viúva, no Rio de Jmeiro. fugindo para sempre do cati- o auxílio dos portugueses para
e 1679. AJURICABA (0 Cooperador) - veiro, o chefe dos manaus, combater os bravos paiacus.
AGUARAMIMBA (Cachorro Do- Foi o mais famoso cacique dos embora acorrentado, mergu- 01 documento foi redigido na.
méstico) - Principal guarani. manaus. Tal como Cunham- lhou no ruo, perecendo por sua aldeia de Parangaba e teve o
Em 1597 foi "encomendado" bebe no Rio de Janeiro, foi própria vontade. Outro moru· aval do padre Francisco Fer-
pelo governador de Assunção. Aj uricaba no Amazonas, na bixaba preso em sua compa- reira de Lemos e de outras au--
Ramires de Velasco. defesa da terra contra o bran- toridades, que julgaram tra-
nhia, cujo nome não foi re-
AICARA (Roedor) - Principal co invasor. Durante as três gistrado, seguiu-lhe o exemplo, tar-se de uma "guerra justa".
guarani da região do Rio Ti- primeiras décadas do Século o cabo Francisco Martins fof
baji, Paraná. Em 1597 foi "en- XVIII, à frente de seus bra- atirando-se também nas águas
comendado" a João Reys, El vos, impediu a conquista o profundas do Amazonas. Pre- incumbido de castigar os paia-
Chico. de Vila Rica do Espírito quanto pôde. Nos lagos, furos feriram o túmulo líquido do cus. Para isto arregimentou
Santo, pelo governador de As- e igarapés castigava os lusita- seu Rio à humilhação de um tri·n ta soldados e quinhentos-
sunção, Ramires de Velasco. nos e as tribos aliadas dos in- julgamento que com certeza arcos de índios seus aliados,
vasores. Em 1723 o governa- os conduziria à morte. Mas os além da tropa do ajudante Fi-·
AILTON KRENAC - índio kre-
nac. É coordenador de publi- dor Maia. da Gama dava con- manaus, que exultavam com lipe Coelho de Morais.
cações da UNI - União das ta desses danos à Metrópole. as proezas do seu cacique e a ALVARO F. SAMPAIO - fndio
Nações Indígenas, Setor Sul. ~ Para poder empreender uma reputação que adquirira sobre tukano do alto R1o Negro. Re-
um grande defensor dos direi- "guerra justa", informava que todas as tribos vizinhas, não presentando a tribo, participou
tos indígenas, notadamente os holandeses da Guiana for- quiseram crer que tal homem do Seminário Sobre os Direitos:
no que respeita à terra. Lutou neciam armas e mllínições aos pudesse morrer e continuaram Históricos · dos fndios, realiza--

54 55~
do em São Paulo, no período de para combater os paiacus. ANTONIA - índia potiguara. São Lourenço, Niterói. Junta-
.26 a 29 de abril de 1981. Esteve Ainda houve um terceiro Ama- No início do Século XVII go- me:n te com os índos António
na Holanda com o cacique Ju- n1u, que foi mestre-de-campo vernava sua aldeia como se de Salema, Fernão d'Alvares,
runa, em busca da defesa dos dos guaranis. Este, com os tosse uma república. Ao to- Salvador Correia e Vasco Fer-
direitos humanos dos índios. seus e apoiado pelos castelha· mar conhecimento de que os nandes, pediu uma área de
·Consta que a maior frustração nos. atacou a Colónia do sa- padres vinham visitá-la, man- terra ao governador Salvador
de sua vida foi durante uma cramento, promovendo bárba- dou encurtar o caminho a for- Correia de Sá, em 1578, obten-
Teunião em Manaus, quando ra chacina, a 7 de agosto de ,ç a de braços e foi recebê-los do-a perto da Serra dos ór-
teve de ler a seguinte frase 1680. a quinze mil passos da aldeia, gãos, nos arredores da atual
escrita por brancos: "A Ama- AMARO - fndio tupinambá de acompanha-da dos parentes. Cachoeiras de Macacu.
·zônia só será nossa quando for Cumá. Apesar de ter sido cria- Aproveitou a visita dos reli- ANTONIO DE LEIVA - lndio ca-
·habitada por brasileiros con- do pelos jesuítas portugueses giosos para regularizar sua rijó. Quando esteve em São Vi-
·victos, não por índios que não era muito afeiçoado aos fran- situação com o homem que cente, em missão de paz, dei-
têm nacionalidade". Seu no- ceses. Em represália a um ul- havia escolhido, com o qual já xou todos maravilhados pela
me de cerimónia é Doethiro. traje feito pelos portugueses vivia na qualidade de amante. compostura e discrição com
AMADOR DE SOUSA - Principal ao maioral Pacamo, que era Sua fama correu mundo. A que se houve 1110 trato das
temiminó da aldeia de São seu amigo, matou setenta "Aldeia da Antônia" ficava qu,estões que fora incumbido
Barnabé. A pedido do gover- brancos numa noite, quando perto da Lagoa dos Guarairás dé solucionar. Guardadas as
_nador Martim de Sá foi se es- dormiam. Perseguido por Ma- e é uma das poucas referên- devidas proporções, foi um
tabelecer em Cabo Frio, em nuel Pires, foi feito prisionei- cias sobre a fundação do Rio embaixador de alto nível. (Sé-
1616, com a finalidade de guar- ro em 1618. Um filho de Ma- Grande do Norte. (Século culo XVI).
,dar o litoral ameaçado pelas tias de Albuquerque, do mes- XVII). ANTONIO GONÇALVES - Prin-
incursões de outros estrangei- mo nome, mandou trucidá-lo ' ANTONIA GOMES - fndia core- cipal carapoto. Converteu-se
ros franceses, ingleses, holan- à boca de um canhão. ma, da Paraíba. Ficou famosa ao cristianismo com toda a
deses). Era filho do cacique AMBOSIM (Mão de Cula) - Ca- ao matar uma onça com as sua gente, através do missio-
Arartbóia. Seu sobrinho Ma- cique guar31ni. Em 1597 foi próprias mãos após a segun- nário José de Bluerme, capu-
nuel de Sousa recebeu a mesma "encomendado" a Diego de da investida do animal. {Sé- chinho francês. Foi nomeado
incumbência. Çunica pelo governador de culo XVIII> . governador e mestre-de-cam- __.,....__
Assunção, Ramires de Velasco. ANTON IA RODRIGUES - lndia de seus índios. Recebeu prê-
AMANIO (Algodão) - Cacique ANDIRA (Morcego) - Persona-
potiguara. O·fereceu e deu aiu- guaianá, filha do cacique Pi- mios e até estátuas.
gem de José de Alencar no querobi, de São Paulo. Casou- ANTONIO JOÃO CAMARÃO -
da aos holandeses, auxiliando- romance Iracema. Funciona
os com duzentos índios na to- se com o português Antônio Filho do célebre Antônio Fi-
como irmão de Araken e tio Rodrigues, companheiro de lipe Camarão. Foi comandante
mada do farte do Ceará. Em de Iracema.
1637 André Vidal de Negreiros João H.amalho, adotando o no- de todos os índios de Pemam-
·recebeu ordens do Reino para ANDR~ DE OLIVEIRA - lndio me do marido. {Século XVI). buco, mas promoveu uma de-
afugentá-lo. O cacique deixou da aldeia de São Miguel, São ANTONIO CRIMINAL - fndio da sastrosa administração, sendo
sua aldeia às margens do ruo Paulo. Preso pelos espanhóis Bahia. Em 1551, ainda criança,
na Colónia do Sacramento, a destituído do posto em 1682.
Ceará e foi se estabelecer no foi resgatado aos inimigos pe-
altivez de suas respostas im- los padres. Recebeu o nome em ANTONIO PARAUPABA - lndio
Camocim. Deram-lhe o nome pressionou bastante os algozes potiguara, simpatizante da
de Domingos Ticuna. Ainda homenagem ao padre António
que o inquiriram. (Século Criminale. primeiro mártir da causa holandesa. Adotou o
em 1656 o Rei recomendava a XVill). Companhia de Jesus, na fndia. protestantismo. O pouco que se
Vida! de Negreiros nova ação ANGULI (Mingau de Farinha) - sabe sobre Pedro Poti deve-se
contra este maioral. Houve ANTON 10 COSTA - Principal
Principal aroá. Ratificou as tabajara, do Maranhão. Pelo a este í·ndio, que deixou uma
outro cacique com este nome. pazes com os portugueses e ju- auxílio que prestou aos portu- memória escrita, onde narra o
.que no batismo tomou o nomé rou fidelidade ao Rei. (Sécu!o gueses, recebeu, por Decreto seu próprio infortúnio e supli-
de João. Este foi aliado dos XVIII). Real de 11 de outubro de 1648, ca proteção à Holanda, país
portugueses de quem recebeu ANHANGARI (Diabo Torto) - as seguintes mercês: trinta mll que já conhecia. e aonde fora
agrados e mercês, chegando a Principal dos arachãs. Foi réis de tença, o hábito de com seu pai e Pedro Poti logo
·ser ·capitão-mor dos índios do contemporâneo do carijó Tu- Cristo e vestidos para si e sua após o massacre de 1625 ocorri-
Ceará. Em 1671, junto com barão. Manteve estreito con- mulher. do em Baía da Traição. Em
outros principais; assinou um tato com os jesuitas. {Século ANTONIO DE · FRAN·ÇA - Prin- 1654 · incorporou-se às tropas
documento solicitando soldados XVIl). cipal temiminó, da aldeia de em retirada de Matias Beck,

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ARABAETé (Dia do Juízo) - Pajé Em 1597 foi "encomendado" a
indo para a Holanda. onde APARATl·Ç ABUÇU (Formigão carljó. Pelo fato de ter apenas Diego Xará, de Vila Rica do
morreu ent.re 1656 e 1657. Torto) - Cacique tabajara. uma mulher, vivia censurando Espírito Santo, pelo governa-
ANTõNIO PESSOA ARCO VERDE Foi aliado dos portugueses na os demais por serem polígamos. dor de Assunção, Ramires de
- Governou os ítndios xocós e conquista de Pernambuco. (Sé- (Século XVII). Velasco.
caetés e foi aliado dos portu- culo XVI) . ARABITA <Pedra Alta) - índio ARAJIBA (Braço Alto) - Caci-
gueses na "Guerra dos Palma- APARATIÇAMIRIM (Formiguinha potiguara, sobrinho de Paus~ que do Ceará. Foi batizado
res " . Torta) - Cacique tabajara. Foi co. Foi morto por Milho Verde pelos portugueses, recebendo o
ANTONIO DE SALEMA - Prin- aliado dos portugueses na con- no interior da Paraíba. Por nome de Antônio. Em 1661
cipal temiminó, da aldeia de quista de Pernambuco. (Sé- causa disso, seu tio, Zorobabé, mandou um filho a Recife com
São Lourenço (Niterói). Em culo XVI). armou uma grande confusão o propósito de reafirmar sua
1578 o governador Salvador APARIA - Cacique amazônico. tentando vingar a morte do amizade com o governador
Correia de Sá concedeu-lhe Foi contactado por Orellana. sobrinho. Antes, Arabitá havia Francisco de Brito Freire, de-
uma área de terra na margem durante a sua famosa viagem. sido batizado com o nome de pois de ter recebido algUiilS
norte do Rio Macacu até o sopé pelo Grande Rio. O·uviu com. Francisco. agrados dos brancos. Em 1671
da Serra dos órgãos. atenção um discurso do nave-· ARACAMBI (Peito Alto) - Caci- pediu autorização ao capitão-
ANTõNIO TAVEIRA - fndio tu- gador espanhol sobre o cristia- que do Rio Grande do Sul. Em mor do Ceará para fazer guerra
piniquim. Em 1671 foi nomea- nismo. Aproveitou para adver- 1635 foi ameaçado pela bandei- aos paia~us. ·
do pelos portugueses capitão tir o nauta sobre o perigo que ra de Camargo e Leme. ARAKEN - Guerreiro aimoré.
dos índios de Camamu, a. fim correria se tentasse locali.z ar as: ARACATU (Bem Nascido) . Foi aliado dos tamoios na lu-
de ir com eles à conquista dos "Amazonas", a quem chamava Principal guarani, da região ta contra os invasores . portu-
"bárbaros'' no interior da Ba- de "Cu.n hapuiaras" . (Século do Rio Tibaji, Paraná. Em gueses. Acompanhou Aimberé
hia. XVI) . 1597 foi "encomendado" a a Piratininga, a fim de dis-
ANTONIO TIRlóS - fndio tirió. APEA'tOALO - Principal andirá. João Reys, El Chico, de Vila cutir a paz com Nóbrega e An-
Ao lado de outros companhei- Foi amigo dos jesuítas de Rica do Espírito Saiilto, pelo chieta. Há um Araken literá-
ros participou do Seminário governador de Assunção, Ra- rio, que funciona como pai de
quem recebeu o batismo, mor- mires de Velaséo.
Sobre os Direitos Históricos dos rendo dois dias depois. Era Iracema, no célebre romance
tndios, realizado em São Paulo, ARACONDA (Caracol Alto) - de José de Alencar.
contemporâneo de Samatiida. cacique ta'p uia. Entregou;..se ARAPA - Principal rerilú da
no período de 26 a 29 de abril <Século XVII) .
de 1981. Disse, na ocasião, que voluntariamente aos brancos, Serra de Ibiapaba, Ceará. (Sé-
APERIP~ - Cacique caeté. Re- na época do governador Lou-
o índio é brasileiro e que sistiu ao invasor branco no culo XVII).
assim deve morrer, defenden- renço da Veiga. Nessa ocasião, ARARA (Arara) - Velho índio
último quartel do Século XVL disse aó capitão Diogo dé Cas-
do a sua bandeira e a sua Foi tenazmente perseguido pelo tapuia, parente e amigo do
terra. Sua aldeia está localiza- tro: "Branco, eu nunca fiz mal "rei" Janduí. Em certa oca-
da no Parque Nacional de Tu-
governador Luís de Brito de a teus parentes, nem estes me sião mandou que três dos seus
mucumaque, fronteira do Bra- Almeida que, em vão, fez uma podem vender·; mas eu, por
marcha de mais de cinqüenta minha vontade própria, quero · filhos levassem mel silvestre
sil com o Suriname. Tem de- léguas tentando alcançá-lo. ser .teu cativo e ir contigo". para Roulox Baro, quando este
nunciado as nocivas atividades Dizem que eram tantos índios holandês fazia o trajeto em
de garimpeiros na área daque- Fugiu para o interior em vir-
tude das agressões dos solda- de AracoQda que, em fila in- busca de sua aldeia. (Século
le Parque. diana, ocupavam seis quilô- XVII).
AOMAGUA - Cacique amazôni-
dos portugueses contra os seus,
roubando-lhes as amantes, fi- metros. Foi inimigo de outro ARARA( (Feroz) - Valente che-
co. Suas terras confinavam principal cophe.cido como "~or­ fe guaianá. Era irmão de Tl-
com as de Machiparo. Orella- lhas e irmãs. Foi amigo e con- biriçá. Lut-0u contra a explo-
temporâneo de Sorobi. quinho ", que era aliado . dos
na, quando descia o Grande portugueses. ·· ração das mulheres indias por
Rio, manteve contato com esse APICABABE (Marimboodo Quei- parte dos colonos. Auda~ioso,
mado) - Cacique guarani da ARACUNDA-=MIRIM (Periquito)
morubixaba. (Século XVI). - lndio tamoio. · Juntamente pôs em pânico a populaçao de
APACANO - fndio do Xingu .in- região do Rio Tibaji, Paraná. São Paulo em 1562, comandan~
Em 1597 foi "encomendado" a
com um irmão, aprisionou o
tegrado à civilização. Foi de alemão Hans . Staden, dando-o do gualanases, tupis e carijós,
grande utilidade como guia e Diego Xará pelo governador de de presente . ao seu tio· Abati- além de alguns tamoios. Nun-
intérprete das expedições que Assunção, Ramires de Velasco. Poçanga. (Século XVI). .ca, quis. aliança com os portu-
se fizeram em busca do coro- APODI - Cacique paiacu. Comba- ARAINf «Rede Alta) - Caciq1,1e gueses e quando seu irmão
nel inglês, Fawcett, desapare- teu os invasores portugueses. guarani. da região do Rio · Ubai. foi eom
. . os padres .p ara junto
cido na selva. (~culo XVII).

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do colégio de São Paulo, ele cadeira para se sentar, prefe- 1595 adentrou no sertão cerca os caigangues em situação di-
protestou e afastou-se para rindo ficar montado no seu de quatrocentas léguas, em fícil. Apresentou várias -rei-
mais longe, fundando a aldeia cavalo com uma perna sobre a busca do seu povo que havia vindicações. .
de São Miguel de Araraí, que outra, como era de costume. se retirado do litoral fugindo ARMANDO MANUEL - Capitão·
que se constituiu em refúgio O governador censurou-lhe a dos portugueses. Nessa cami- dos tikunas. Participou de um.
dos índios que não queriam fi- postura dizendo, através do nhada foi acompanhado por encontro na aldeia "Venda-
car em Piratininga ou que ti- intérprete, que "aquela não era outros trinta índios, entre os val", em 1984 quando discutiu
nham algum problema com os b<;>a cortesia quando falava quais Inácio de Azevedo. An:- com outros companheiros os
invasores brancos. Foi morto com um governador, represen- tes, Arco Grande havia recebi- problemas do seu povo.
pelo próprio irmão na luta tante da pessoa do Rei". . Irado do o nome de Miguel de Aze-
contra a dominação lusa. e com arrogância o tuchaua vedo. ARNABUCU - Cacique guarànl
respondeu imediatamente: 'Se da região do Rio Tibaj i. Em
ARARAIBI!! - fndio carljó. A ARCO VERDE - fndia pernam- 1597 foi "encomendado" a Go•,
mando do principal Iperugua- tu soubesses como estão can- bucana, filha do cacique Uira
sadas as minhas p.e rnas por Ubi. Apaixonada pelo portu- mes de Bobeda, pelo governa-
çu, chefiou uma embaixada ao dor de Assunção, Ramires de
Rio de Janeiro, com o objeti- causa das guerras em que ser- guês Jerôni:µio de Albuquerque,
vi ao Rei não estranharias a convenceu o pai a poupá-lo Velasco.
vo de pedir ao padre Simão de
Vasconcelos a criação de uma minha postura; mas, jã que de morte certa, em 1535. Deu AROY - Cacique guarani da re-·
residência fixa para os jesuí- me achas pouco cortês, vou oito filhos a Jerônimo que ain- gião do Rio Iniaí. Em 1597 foi
tas na região de Laguna, Santa embora para a minha aldeia, da teve muitos outros com ou- "encomendado" a Jerônimo-
Catarina. O pleito foi atendi- onde não reparamos nesses de- tras índiàs. Sofreu um duro Merino, de Vila Rica do :·Espí-
do com a ida dos padres Pe• talhes, e não mais voltarei à golpe de ingratidão quandó o rito Santo, pelo governador de-
dro Mota e Pedro Rodrigues, tua corte". Araribóia fora ba- seu querido português casou- Assunção, Ramires de Velasco.
em 1662. tizado com o nome de Mar- se com Filipa de Melo, uma AROYRAM (Zombeteiro) _.:... Ca-·
ARAR! - Personagem de José tim Afonso e recebera uma moça que ele mandara vir de cique guarani da região · do
de Alencar, que funciona como sesmaria, onde hoje se ergue· Portugal. Arco Verde tomou · Rio Tibaji, Paraná. Em 1597
sendo o pai do índio Perl, no o bairro de São Lourenço, em o nome cristão de Maria do Es- foi "encomendado" a Gomes
romance O Guarani. Niterói, além de uma · pensão . pírjto Santo. Ao lado de Bar- de Bobeda, pelo governador de
ARARI <Caranguejinho) - Maio- de doze mll réis anuais. O fa- tira e Paraguaçu, é considerru- Assunção, Ramires de Velasco.
ral da aldeia de Sirigi, Mara- moso morublxaba, que havia da uma das mães do povo bra- AROSCA - Cacique carijó. Foi
. nhão. Foi contemporâneo de salvo o governador Salvador sileiro. Foi da sua prole que anfitrião d-e Binot Paulmier de·
· Japiaçu. Correia de Sá de um naufrá- saiu o vigoroso ramo dos AI- Gonneville, quando este fran-
gio, por ironia do destino ' buquerque, Cavalcanti e Ma- cês. aportou em Santa Catarina.
ARARIBólA (Cobra Feroz) acabou morrendo afogado perto
Cacique temiminó. Era origi- ranhão. Era um chefe pacato, de gran-
da Ilha de Mocanguê, em 1589. ARIPUANÃ - Principal de uma de prestígio e largos dotnínjos.
nário do Espírito Santo, de on-
de foi com seus índios para o ARAROBÃ - Pajé paranaubl da das aldeias da região do Rio AJ?, tribos vizinhas lhe rendiam.
Rio de Janeiro, em 1564, acom- região do Rlo Doce, Espírito Madeira. Era irmão de Iruri, homenagem. Permitiu gue o·
panhando o invasor Estâcio Santo. Era reverenciado pelos Sururi, Unicoré e Parapichara. seu filho, Formiga Pequena.
de Sá. Foi um valiosíssimo indios como se fosse um deus Os índios acreditavam que ele viajasse para a Europa na
aliado dos portugueses, lutan- (Século XVII). era filho de uma mulher que companhia. de Gonnevllle, des--
do contra seus irmãos tamoios. ARARUÇAf (Rabo de Arara) - veio prenhe do céu, dando à de que regressasse ao cabo de·
Por quase trinta anos colocot1 Principal da aldeia de Carnau- luz os cinco gêmeos. (Século "vinte luas".
· seus milhares de arcos a ser- XVII). .
pló, M~anhão. Foi contempo- ARUAr (Irmão de Sapo) - cacl--
viço dos lusitanos. O Rei Se- râneo de Japiaçu. <Secúlo ARLINDO PAULA - fndio cal-
bastião agraciou-o com o hã- gangue. Com outros compa- que guarani da região do alto
XVII). Tlbaji, Paraná. Foi "encomen-·
bito de Cristo e fê-lo capitão- nheiros de tribo, representou
mor de sua aldeia. Foi o pri- ARARUNI! (Arara Preta) - Ca- seu povo no Seminário Sobre dado" a Amador Mendes, de·
meiro brasileiro a ostentar cique tuptnambã. Era aliado Os Direitos Históricos dos fn- Vila Rica do Espírito Santo,.
uma condecoração. Consta que dos portugueses na conquista dlos, realizado em São Paulo pelo "adelantado" Juan . Ortiz
ao visitar o governador Antô- de Pernambuco. Consta que no período de 26 a 29 de abril de Zarate.
nio de Salema, que acabava dispunha de vinte mil arcos. de 1981. Falou sobre o proble- ARUAXIZ - fndio amazônlco..
de . chegar para governar -as (Século XVI). ma das terras, adia.ntando que Acompanhou o capitão Manuel
Capitanias do Sul, foi por este ARCO GRANDE - fndlo tuplni- em 1949 o governador do seu . Francisco Tavares, na qualida;..-
repreendido ao recusar uma quim dó Espirito Santo. Em Estado . as vendera, deixando . de piloto e ~em~iro de c~oas..

60 61.
No batismo recebeu o nome 1507 foi "encomendado" a .Je- peba imperava 111a área do dindo licença para ingressar
de André. (Século XVIII). rônimo Merino, de Vila Rica do Vasa-Barris e controlava vinte nos domínios de Portugal.
ARVORE ESPINHOSA - Princi- Espírito Santo, pelo governa- mil arcos. BASfLIA TAVARES fndia
pal da aldeia de Pindotiba, dor de Assunção, Ramires de BAEPUEPUE - Cacique da re- j aguaribara. Ficou conhecida
Maranhão. Foi contemporâneo Velasco. gião do Rio Ubaí. Foi "enco- por ter matado uma onça a
de Japiaçu. BACAPIJU - Cacique guarani da mendado" em 1597 a Ama- pauladas, depois de ser ataca-
ATABEZA fndlo kalapalo. região do Rio Tibaji, Para- dor Mendes, de Vila Rica do da pelo felino. (Século XVIII>.
Tornou-se grande amigo do ná. Em 1597 foi "encomenda- Espírito Santo, pelo "adelanta- BATATA (Coqueiro) - Cacique
jornalista cearense Edmar Mo- do" a Diego de Çunica, pelo do" Juan Ortiz de Zarate. tabajara. Juntamente com ou-
rel. · Foi de grande valia nas governador de Assunção, Ra- tros principais, participou da
mires de Velasco. SAL TASAR - fndio do Mara-
expedições de que particlpo11 nhão. Serviu de mensageiro, entrada de Pero Coelho de Sou-
em busca do desaparecido co- BACUIAM!NA - fndio manau da intérprete e espiai a Martim sa à Serra de lbiapaba, entre
ronel Fawcett. região do Rio Negro. Segundo Soares Moreno, contra os fran- 1603 e 1604, inclusive comba-
ATAMóZIO - fndio lratixe. Re~ os frades, era traficante de , ceses. Seu nome foi posto pelo tendo os franceses. Tomou
presootou o seu povo no Se- escravos. Foi contemporâneo padre João Gonçalves em ho- parte também na expedição de
minário Sobre os Direitos His- de Ajuricaba. (Século XVIII). menagem a um dos Reis Ma- Jerônimo de Albuquerque ao
tóricos dos fndios, realizado BACUPARI (Fruta Pontuda) - gos. (Século XVII). Maranhão, em 1614.
em São Paulo no período de Principal da aldeia de Maiobá, BATURIT~ (~iontanha) - Prin-
Maranhão. Foi procurado pelo BARBARA - fndia da aldeia de
26 a 29 de abril de 1981. cipal potiguara. Era pai de
senhor de Rasilly e outros prin·· Parangaba, Ceará. Sobre ela Jatobá e avô de Jacauna. Con-
AUGUSTO PAULINO - índio cipais no sentido de participar há uma lenda: depois de mor-
krenac. Juntamente com Adão ta, no terceiro dia teria apa- ta uma lenda que voluntaria-
Luís Viana, representou o seu do conselho de sentença para mente exilou-se na serra que
julgar o cacique Japiaçu que recido a Susana da Silva. ín- leva seu nome, onde morreu.
:povo no Seminário Sobre os havia mandado matar uma das , dia mulher de Manuel de Al-
Direitos Históricos dos fndios, (Século XV).
suas mulheres acusada de meida, também índio, pedindo BEATRIZ DIAS - Nome adota-
realizado em São Paulo no pe-
ríodo de 26 a 29 de abril de
adultério. (Século XVIl).
BAEPEBA (Cobra Chata) - Mor-
que o padre Rogério Canísio
rezasse uma missa para sua
do por uma das filhas de
biriçá. Casou-se com o por-
nr
1981. Denunciou a tenaz per- rubixaba caeté. Enfrentou os alma; atendido o pedido, a
.seguição de que são vítimas os tuguês Lopo Dias.
portugueses comandados por índia apareceu novamente,
krenacs e a brutalida.de com Antônio Fernandes, Sebastião desta feita vestida de branco, BERNALDO PINTO - índio ti-
.que -os "civilizados" os tratam, indicando que sua alma fora kuna. Juntamente com o seu
de Faria, Rodrigo Martins. companheiro Osvaldo Mendes
roubando-lhes tudo. Sua al- Amador de Aguiar e Alvaro salva.
deia . localiza-se em Resplen- foi levado à delegacia de po-
Martins , todos sob o. comando BARTIRA (Flor) - Filha do ca-
dor, Mlnas Gerais, .e tem ape- único do govemador Cristóvao
- cique Tíbiriçã. Casou-se com
lícia de Tabatinga, Amazonas,
por solicitação de fiScais da
nas clnqüenta pessoas. de Barros, que tinha à sua o português João Ramalho, de SUDEPE, onde apanharam bas-
AURELIANO - Chefe tikuna, do disposição cento e cinquenta quem teve muitos filhos, dan- tante. Motivo: queixaram-se
Amazonas. Em fevereiro de brancos e mil índios aliados. do origem a ilustres famílias de pescadores que haviam in-
1985 espancou e reteve como Na noite de 31 _de dezembro paulistas. Ao lado de Para- vadido suas terras.
refém -o sertanista André Vilas de 1589 os portugueses chaci- guaçu e Arco Verde, é consi- BENTO SAMUEL - Cacique gua-
Boas, por questão de delimita- naram mil e seiscentos índios derada uma das mães do povo rani da reserva de Peruíbe, São
ção de terras, sempre adiada. de Beapeba e aprisionaram brasileiro. Paulo. Por causa de uma par-
AVAPA - Principal de uma al- outros quatro mil. A presença BARTOLOMEU - Nome cristão tida de futebol foi morto a ti-
deia do Maranhão e contem- · de sessenta cavalos, animais- de um cacique guarani da re- ros por um branco. Eusébio. fi-
porâneo de Japiaçu. ·(Século que nunca haviam visto, apa- gião do Rio Piquiri, Paraná. lho do cacique, recebeu tiros
:X:VIi). . . vorou os guerreiros do tuchaúa. Em 1597 foi "encomendado" a nas duas pernas. Já feridos, pai
:BACABA. - Chefe carljó, do Rio Oito dias antes desta chacina, Amador Mendes, de Vila Rica e filho ainda conseguiram acer-
Grande do Sul. Manteve coo.- os portugueses haviam ma.ta- do Espírito Santo, pelo "ade- tar alguns golpes de facão nos
tato com o padre Francisco do novecentos indios · do · mes- lantado" Juam Ortiz de Zarate. agressores. O bárbaro assassi-
Carneiro. Era contemporâneo mo cacique. · Na ocasião os Houve outro Bartolomeu, que nato fez com que o cacique Ju-
de. ·Boipeba, Maracanã e Abe- brancos dispunham de cento foi cacique dos mtnuanos, ino runa, então deputado, se des-
raba. (Século XVII). · e cinquenta homens armados e Rio Grande do Sul. Este, em 7 locasse até o local do crime.
:BACAINDAI ...:.... Cacique guarani mais quatro mil Indígenas, de maio de 1785 fez uma car'- BIBIANO - índio xerente. Par-
·da- região . do ·Rio Inlaí. Em · sendo três mil flechelros. · Bae- ta a Rafael Pinto Bandeira pe- ticipou do Seminário Sobre os

63
r
Direitos Históricos dos índios, nia de Itapicuru, Maranl1ão, voado que tomou seu nome. Paulo e Piratiin lnga. Morreu
realizado em São Paulo no pe;.- matando três jesuítas do colé- (Século XVI). P.m combate defoodendo os lu-
ríodo de 26 a 29 de abril de gio Nossa Senhora da Luz, um CACAMBO - índio guarani, alia- sos contra os tamoios de
1981. Os xerentes, que hoje dos quais havia mandado açoi- do de Sepé na guerra dos Sete Cunhambebe.
não chegam a duzentos indi- tar uma escrava do vingativo Povos. Era o noivo da lendá- CAJAfBA - Principal da aldeia
víduos, estão localizados na cacique. ria Lindóia. (Século XVIII). de Bacuripanã, Pará. Aliado
fazenda Guarani, município de BRANCA - Nome adotado pela CACHOE - Princpial jaguariba- dos franceses. (Século XVII).
Carmésia, Minas Gerais. mulher do cacique temimmó ra. Em 10 de agosto de 1671, CAJARARI - Principal guarani
BI RU - Principal da aldeia de Maracaj á Ouaçu. Exerceu juntamente com outros prin- da região do Rio Tibaji, Pa-
Geru, Sergipe. Acompanhou grande influência sobre os pa- cipais, pediu auxílio aos por- raná. Em 1597 foi "encomen-
Belchior Dias Moréia à Serra dres do Espírito Santo, sendo tugueses para combater os dado" a João Reys, El Chico,
do Picuraçá, em busca de mi- intermediá-ria entre estes e os paiacus. de Vila Rica do Espírito san-
nas de ouro e prata. Era tio seus indígenas. O padre Ain- CAIAÇU (Macaco Grande) - to, pelo governador de Assun-
de Robério Dias. (Século XVí). tônio de Sá foi um grande ad- Um dos principais da aldeia ção.
BOCA TORTA - Chefe indígena mirador das qualidades morais de Tapuitapera, Maranhão, CAMERI - Principal paraí, do
da região do Rio Paraguaçu, desta índia que dele recebeu Contemporâneo de Japiaçu. Mato Grosso. Consta que era
Bahia. Segundo Serafim Lei- largos elogios. (Século XVI). (Século XVII). bastante respeitado por todos
te este índio era antropófago BRIGfN:A - fndia andoá. Foi CAIOBIG (Macaco Molhado) - e que sua tribo não era run-
e que, por isto, o governador educada pelos jesuítas e sua Principal carijó. Em 1696 foi tropófaga. Foi contactado pe-
Mem de Sá mandou queimar vida foi descrita por U. P. aprisionado com mais outros los portugueses no Século
suas aldeias. (Século XVI). Graff, que muito viajou pela setenta companheiros para XVIII.
BOIAÇU <Cobra Grande) - ca- Amazônia. (Século XVill). serem vendidos como escravos CAMORIM - índio tamoio. Fi-
cique da Ilha de Itamaracá, BRfGIDA - Nome de uma das em São Vicente. Posterior- lho de Pindobuçu. Morreu
Pernambuco, cuja aldeia tinha vinte e duas flndias escraviza- mente todos foram libertados apunhalado pelas costas quan-
mais de cinco mil arcos. (Sé- das pela tripulação da nau graças a intervenção dos pa- do tentava salvar sua irmã.
culo XVI). Bretoa. Foi levada para Por- dres. Era irmão do cacique Iguaçu, de uma curr(l) perpe-
BOIPEBA (Cobra Chata) - Ca- tugal, de encomenda, para o Fac aranha. trada por soldados portugue-
cique carijó. Em 1658 censurou escrivão Francisco Gomes, em CAIRUÇU (Fogo Grande) - Che- ses, dos quais matou alguns.
seus companheiros por se tor- 1511. Era de Cabo Frio. fe tamoio. Aprisionado pela (Século XVI).
narem cristãos e continuarem BURUCUÇU - Cacique guarani gente de Brás Cubas, foi levado CAMURA - Íllldio caeté. Noivo
vivendo como gentios. Sua da região do Rio Iniaí. Em para São Vicente, onde morreu de Ingaí. Em 1535 foi preso e
maledicência atraiu para si a 1597 roi "encomendado" a Go- trabalhando como escravo. morto pelas tropas de Duarte
ira dos jesuítas, que não que- mes de Bobeda, de Assurnção, Foi vililgado pelo seu filho Coelho.
riam vê-lo. Mesmo assim, ele pelo governador Ramires de Aimberê. sua aldeia ficava CAMURUPIM - Legendá-rio amigo
e sua família resolveram acom- Velasco. onde é hoje a Praia do F1a- de Jaguaraçu e inimigo de
panhar os padres. CAAPARA (Pau Torto) - índio mengo, no Rio de Janeiro. ,Jacauna. Ao ser repelido num
BORIRAPUÃ (Morcego Redondo) da Bahia. Graças ao seu auxílio, (Século XVI). ataque que fizera à tribo de
- Principal da região do Rio os portugueses puderam re- CAITITIM (Porco do Mato) - Iracema, morreu afogado.
Iniai ( Guairá). Em 1597 foi sistir e expulsar os corsários Cacique da região do Rio Ti- CANAIANA - índio chiriana.
"encomendado" pelo govemai- ingleses que haviam invadido caji, Paraná. Em 1597 foi "en- Era casado com Caissé; tinha
dor de Assunção, Ramires de e saqueado Salvador, em 1587. comendado" a Gomes de Bobe- uma enteada chamada Baiu-
Velasco. CABACABARI - índio manau da, de Assunção, pelo gover- na; foi cunhado de Aiuma,
BORIROA - Cacique da região da região do Rio Negro. Foi nador Ramires de Velasco. enquanto a filha deste, Josefa,
do baixo Ubai. Em 1597 foi apontado pelos frades como CAITITU (Porco do Mato) era sua amante. Todos acom-
"encomendado" a Amador Men- sendo traficante de escravos. Íllldio aliado de Sepé na guerra panharam Bento de Figueire-
des, de Vila Rica do Espírito Era contemporâneo de Ajuri- dos Sete Povos. Irmão de Lln- do . Tenreiro Aranha na via-
S~nto, pelo 'adelantado' Juan caba. dóia. (Século XVllD. gem que o estudioso fez da
Ortiz de Zarate. CABOQUENA - Cacique manau. CAIUBI (Mato Verde) - Princi- feitoria de Leopoldino Pal-
BOTI RI O Cacique uruatl. Avô de Ajuricaba. Foi o prin- pal guaianá, irmão de Tibiriçá. mella à maloca de Taluco.
Numa incursão que empreen- cipal da margem direita do Prestou valiosos serviços aos CANAJUARI - Íllldlo manau da
deu em 1649 assaltou e arra- Negro, entre o Urariá e o Que- portugueses, Inclusive auxili- região do Rio Negro. Segun-
sou um engenho na Capita- mencuri. Deu origem ao po- ando-os na fundação de São do os frades, era vendedor de

64. 65 ·
escravos. Foi contemporâneo lou-se "rei dos Janduís". Co- dominação portuguesa. (Sé- ranhão. Contemporâneo de
de Ajuricaba. (Século XVID). mandava quinze mil indígenas, culo XVII) . Japiaçu. (Século XVII).
CANARIA - Cacique dos agua- dos quais havia cinco mil em CARACÉ (Farinha) - índio de CARDO GRANDE - Principal
racas e dos maracúrios. Em armas. Combateu enquanto Pernambuco. Foi capitão da tabaj ara. Tomou parte nas
1677 aniquilou uma expedição pôde o sanguinário Matias aldeia de Goiana. Por ter se expedições de Miguel Alvares
enviada à Capitania do Cabo Cardoso de Almeida. Através recusado a lutar ao lado dos Lobo e Feliciano Coelho, em
Norte pelo capitão Antônio de um interessantíssimo do- portugueses ou dos holande- socorro da recém-construída
d' Albuquerque Coelho de Car- cumento, que é o único do gê- ses, foi forçado a retirar-se fortaleza dos Reis Magos. Os
valho. Nessa ocasião os padres nero no Brasil, fez um trata- para a Bahia. Mais de cinco índios flecheiros desse maio-
Antônio Pereira e Bernardo do de paz com o Rei de Por- mil índios acompanharam-no, ral e de outros somavam sete-
Gomes foram mortos. tugal, em 10 de abril de 1692. passando terríveis privações centos e trinta.
CANDARI - Cacique guarani da O descumprimento do tratado, durante o trajeto. CARIMA-CU[ - índio tamoio,
região do Rio Tibaji, Paraná. por parte dos portugueses, irri- CARAGATIM - Principal taba- Tivera um sonho fatalista que
Em 1597 foi "encomendado" a tou o valente cacique que, j ara. Auxiliou Pero Coelho de c0111tou ao prisioneiro Hans
João Reys, El Chico, de Vila afinal, foi preso por Afonso de Sousa na entrada que este fez Staden; este, para conjurar o
Rica do Espírito Salllto, pelo Albuquerque l\1aranhão. Rece- à Serra de Ibiapaba, Ceará, agouro, disse ao índio que se
governador de Assunção. beu em doação as terras onde entre 1603 e 1604. tratava de um pesadelo decor-
CANDO GUAÇU (Tintura Gran- hoje se situa o município de CARAIBEBE (Grande Anjo) - rente da ingestão de carne
de) - Cacique da comarca Goianinha, Rio Grande do Nor- Maioral carijó. Foi uma espé- humana. Com essa observação
de Viupatim. Em 1597 foi "en- te. Posteriormente foi aldea- cie de imperador indígena. o alemão tentou induzir o ín-
comendado" a Gomes de Bo- do no Açu, onde morreu de Por volta de 1635 dominava o dio a afastar-se da antropo-
beda, de Assunção, pelo go- maleita em 1699. sertão, desde Laguna até o fagia e, com isso, salvar a pró-
vernador Ramires de Velasco. CAPIM - Tapuia do sertão que Rio Grande do Sul. Também pria pele. Deu certo. (Século
Com este mesmo nome, houve o padre Luís da Grã trouxe à era conhecido por Dia do J uí- XVI>.
um principal do Maranhão, presetnça d·e . Mem de Sá. O zo. Muitos caciques deviam- CARIPIRA - Principal tabajara.
contemporâneo de Japiaçu. governador deu-lhe de vestir, lhe obediência. Era tio do fei- Em virtude dos maus tratos
CANDO-A\IRIM (Tintura Peque- vinho de Portugal, ferramell(- ticeiro Terreiro Espantoso. que vinha sofrendo dos por-
na) - Principal de uma al- tas e ainda o nomeou capitão CARAIPOCU - fndio do Mara- tugueses, fugiu para o Mara-
deia do Maranhão, contempo- da sua tribo à moda lusitana. nhão. Morreu no dia 8 de j a- nhão, onde viveu dezoito anos
tâneo de Japiaçu. Consta que era um grande neiro de 1608 defendendo o em amizade com os franceses.
CANEDIJU - Cacique guarani beberrão. (Século XVI). padre Frmcisco Pinto, barba- Ficou conhecido pelas muitas
das margens do Paraná. Sua CAPIRANHA Principal do ramente trucidado pelos tarai- e afamadas proezas que pra-
aldeia ficava perto do sítio es- Ceará. Ao rebelar-se contra rius. Caraipocu foi enterrado ticou. Fez parte da embaixa-
colhido pelo capitão Garcia os portugueses, estes obtive- ao lado do religioso, com ou- da indígena à corte de Henri-
Roµrigues de Vergara para ram do governador Francisco tro índio ·amigo (Belchior da que IV, em 1613. Morreu de
fundar um núcleo urbano. Daí gripe em Paris.
surgiu a vila de Ontiveras, na Barreto uma provisão datada Rosa), no sopé da Serra de CARIPUNA - Cacique amazôni-
segunda metade do Século de 17 de abril de 1662 para lbiapaba, pelo padre Luís Fi- co. Seus domínios eram ri-
XVL desterrá-lo juntamente com gueira que se escondera du- quíssimos em prata, segundo
CANINO~ (Arara Azul) - Pode- outros principais. rante o ataque dos índios. informações colhidas por Orel-
roso caêique tarairiu, filho do CAPIVARA - índio que alertou CARAPINA - fndio apetitanga, lana de um prisioneiro índio.
"rei" Janduí, a quem sucedeu. Serrão de Paiva do perigo que considerado exímio c&.rpinteiro CARIUBA - Principal tabajara.
Foi grande inimigo dos portu- corria a fortaleza do Pontal, e construtor. Sua arte e habi- Por haver se postado contra os
.gueses. Com o pretexto de ne- ameaçada pelos holandeses. lidade impressionaram de tal portugueses, foi desterrado de
gociar a paz, João Fernandes (Século XVII). maneira que a partir de 1688 Pernambuco para o Ceará.
Vieira chamou-o a Pernambu- CAPOQUI - Cacique guarani. Em os padres nunca mais deixa- Por uma Provisão de 1662, do
co. Mas o branco, descumprin- 1597 foi "encomendado" a ram de utilizar seus serviços governador Francisco Barreto,
.do a palavra dada, prendeu-o Alonso de Benialvo, de Vila na construção de igrejas, re- perdeu o comando dos índios
junto com mais nove princi- Rica do Espírito Santo, pelo sidências, pátios, etc. para o bajulador Algodão.
pais, somente o soltando de- governador de Assunção. CARAPOTO - Cacique cariri. CARLOS WAXl-MAURI - fndio
pois que seu pai mandou ses- CARACARA (Gavião) - Cacique <Século XVII>. caraj á. Representou seu povo
senta negros em troca do fi- tarairiu, irmão do "rei" Janduí. CARAUATA-GUARA - Princi- no Seminário Sobre os Direi-
lho. Ao suceder o pai, ittltitu- Destacou-se nas lutas contra a pal d.a aldeia de Turupe, Ma- tos Históricos dos índios, rea-

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lizado em São Paulo no perío- CAVICH 1 - Lndio do Mato Gros - demais companheiros. Nesse contou a estória da migração
do de 26 a 29 de abril de 1981. so. Diziam que o seu extra- episódio o general Bagnuolo dos seus a vós "das alta mon--
CARUAIB( - Cacique guarani. ordinário olfato era mais apu- aproveitou a escuridão da tanhas onde o Sol morre para
Em 1597 foi "encomendado" a rado do que o dos cães. Foi noite e evadiu-se com suas as terras planas onde o Sol
Alonso de Benialvo, de Vila escravo e guia dos Lemes, aos tropas para Alagoas, mas a nasce". Provavelmente refe-
Rica do Espírito S3.lllto, pelo quais prestou ln-estimáveis ser- brava índia juntamente com ria-se aos Andes e à planície
governador de Assunção, Ra- viços entre 1720 e 1730. Em suas companheiras escoltou as A o

amazon1ca.
mires de Velasco. virtude dos Lemes terem man- famílias que fugiam de Porto COló - Principal da Serra de
CARUATA-PIRÃ - Principal de dado matar vários parentes Calvo para não cair sob o do- Ibiapaba. Contemporâlll.eo de
Cumá, Maramhão. Era irmão seus em Camapoã, Cavichi mínio holandês. Por seu he- Ara pá e Guaraná. (Séc. XVII).
de Jaguaracica. Recebeu com abandonou-os e aliou-se a Se- roísmo e atividade foi agracia- COMANDARI - Cacique baré.
pompa o Sr. des vaux, quan- bastião Fernandes, mediante da com o hábito de Cristo e Foi contatado por Mendonça
do este visitou a aldeia do tu- suborno. Consta que foi um gozou das regalias do título
excelente guia. ,d e Dom, concedido por Feli- Furtado às margens do Negro.
chaua. Nessa ocasião o caci- Ele e sua mãe foram converti-
que havia voltado de uma CHIPAIO - Cacique amazônlco pe IV, da Espanha. Foi ela a
cujos domínios foram invadi- primeira guerreira do Brasil. dos pelos carmelitas em 1758.
guerra sangrenta que durara
seis meses e tinha trazido onze dos por órellana e sua ger.nte, CLEMENTE FORTES - Cacique COMATI - Chefe cariri. Era
escravos de diversas 111ações. que tentavam arrebanhar es- caigangue de Santa Catarina. - sobrinho do "rei" Janduí. Do
cravos à força. (Século XVI). Luta em favor dos índios e so- seu nome veio CUbati, peque-
Para demonstrar a am.izade na cidade do interior da Pa-
que tinha pelos franceses, re- CHUBEBA - Principal do Cea- bretudo pelas terras que eram
rá. Por se rebelar contra os dos seus avós, hoje ameaça- raíba. (Século XVII).
servou para estes alguns dos das de desmatamento pelos CONRONRON-AÇU
escravos, originários do Rio padres da Companhia de Je- (Roncador)
Amazonas, "que anualmente sus, foi por .estes hostilizado. "civilizados". -Principal da aldeia de Muri-
coabitavam com as amazonas". A provisão de 17 de abril de CLóVIS AMBR6Sl0 - índio \va- tiba, Maranhão. Contemporâ-
1662, do governador da Bahla, pixana. Com outro ír.ndlo (Ar- neo de Japiaçu.
CATARINA - Líder religiosa desterrou-o juntamente com
guarani. Largou o grupo prin- lindo) representou sua tribo CONTA LARGA - Pajé carijó.
outros prir.ncipais. no Seminário Sobre os Direi- Manteve contato com os pa-
cipal da aldeia 'Boa Esperan- CIPOUNA (Cipó Preto) - Chefe tos Históricos dos índios, rea.:..
ça' para fundar a aldeia 'Boa dres durante a segunda expe-
tapuia. Rebelou-se contra os llzado em São Paulo no período dição destes ao Sul. Contem-
Vista', perto de Ubatuba. portugueses, aliando-se aos po- de 26 a 29 de abril de 1981. porâneo de Papagaio e Carai-
CAUAPA (Beberrão) - Principal tiguaras e holandeses, mas foi Exigiu uma solução definitiva bebe. (Século XVII).
da aldeia Tabapiaba, Pará. submetido por Gregório Lopes sobre o problema da terra. COPUN - Cacique tapuia, pa-
Aliado dos franceses. (Século de Abreu. Cumpriu à risca COAQUIRA (Capoeira) - Chefe rente do "rei" Janduí. Foi en-
XVII). um tratado de paz que firma- tamoio da região de Ubatuba. viado por Garstman a Recife,
CAUIM-AGU~ (Melo Vinho) ra; devolvendo algumas moças São Paulo. Seu território foi a fim de observar as forças
Principal de uma aldeia do e crianças que havia raptado. várias vezes invadido pelo~ holandesas para que o régulo
Maranhão. Contemporâneo de Foi parceiro de Tiquaraçu na portugueses, que laçavam as Janduí pudesse avaliar a con-
Japiaçu. Serra de Copaoba, atual Serra mulheres e as levavam. Sua, veniência ou não de ajudar os
CAUBI - Lendário irmão de Ira- da Raiz, na Paraíba. tribo viva desfalcada de guer- bátavos. (Século XVII).
cema, n_o célebre romance de CLARA CAMARÃO - índia poti- reiros, consumidos nas lutas CORAGUAÇU (Curral Grande)
José de Alencar. guara, nascida no Rio Grande ~ontra os brancos invasores. - Principal de uma aldeia do
CAVALCANTE - Principal ariú. do Norte. Casou-se com Ca- Procurado por Aimberê, aderiu Maranhão. Foi contemporâ-
Acompanhou Teodósio de Oli- marão <Poti) a quem acompa- à Confederação. Eril 1563 An- n eo de Japiaçu.
veira Ledo, do Cariri paraiba- nhou durante todo tempo nas chieta tentou acalmá-lo da ira CORIJU - Principal guanacé.
no até as nascentes do Pira- lutas contra os invasores ho- Que tinha aos lusos. As autoridades de São Luís in.-
nhas, em 1699, "onde devia landeses, imortalizando-se ao COBRA AZUL - índio tabajara, duziram-r.no a ratificar as pa-
fazer um arraial para segu- lado dos mais valentes. Mos- do Ceará. Era filho de Ama- zes com os portugueses e jurar
rança dos povoadores". De uma trou seu valor 111a batalha de niú. Rebelou-se contra o pa- obediência ao Rei. Foi con-
fidelidade impressionante, mes- Porto Calvo travada a 18 de dre Luís Figueira e acabou mi- temporâneo de Proxopai e An-
mo depois que a sua tribo to- fevereiro de 1637, quando, mon- grando para o Maranhão. (SP.- guli. (Século XVII).
mou a denominação de pegas, tada no seu cavalo, e de es- culo XVII). COROATI - Cacique do Mara-
continuou auxiliando o sicá- . pada em . punho, incitava as COINAMA - tndio das solidões nhão. Com quatrocentos ín-
. rio ·da Casa da Torre. mulheres à luta e animava os do Araguaia. Mui tas vezes dios acompanhou os portugue-

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ses que foram repelidos do CUITA - Ca.cique da região do como troféus seis canhões, prisioneiros (127) foram des-
C·e ará em 1660 por Tagaibuna. Rio Tibaji, Paraná. Em 1597 uma espada e um hábito de terrados para Buenos Aires.
Assim mesmo deu substancial foi "encomendado" a Jerónimo Cristo que parece ter perten- CURURUPEBA (Sapo Bufador)
ajuda aos lusitanos tendo, por Merino, de Vila Rica do Espí- cido ao padre Rui Pinto. Pos- - Principal da Ilha Madre de'
isto, recebido uma carta do rito Santo, pelo governador suidor de uma força descomu- Deus, Bahla. Resistiu à inva-
governador exaltando as suas de Assunção, Ramires Velasco. nal, conseguia suspender e são portuguesa mas foi domi-
qualidades de aliado. CUMIARU - fndlo da região do andar com dois canhões: um nado pelas tropas de ~Iem de·
COROBABE - Cacique tupinam- Rio Negro. Pela fama de bom debaixo de cada braço. A ele Sá. Desafiou o governador,
bá. Foi aliado dos portugue- guerreiro que tinha, foi feito assim se refere Rocha Pombo: devorando em grande f estaê
ses na conquista de Pernam- capitão-mor dos tupinambara- "Este índio foi o tipo do selva- alguns criados deste, depois de·
buco. (Século XVI). nas em 1689. Prestou valiosos gem na sua expressão mais proibida a amtropofagia. A
COTIGUARA - Cacique carijó auxílios aos religiosos, inclusi- repelente. Tinha ele uma for- mando do governador foi pre-
do Rio Grande do Sul. Em ve o padre Fritz. ça e uma estatura e uma cor- so com os filhos por Vasco;
1628 recebeu um emissário CUNACACA - índio manau, fi- pulência de Ciclope, uma co- Fernandes Caldas. Depois que
(Silvestre) do padre Francisco lho do cacique Ajuricaba. lVíor- ragem de bruto obsecado, uma saiu da prisão, onde ficou por·
Carneiro, que pedia su.a amiza- reu em 1727 combatendo os dureza e ferocidade de mons- mais de um ano, aliou-se aos:
de. invasores portugueses ao lado tro. Em outras condições dã- invasores.
COUTO - índio tabajara. Com- do pai. ria um Atila, talvez ainda mais DABERO - Cacique carijó. Em
bateu os holandeses, perseguiu CUNAPAPA - Cacique guarani devastador. Desvanecia-se de 1543 deu guarida aos fugitivos·
os tapulas e serviu na guerra da região do Rio Tibaji, Para- abalar a terra com o seu tro- do massacre dirigido por Yra-·
dos Palmares. Por todos os la- 11á. Em 1597 foi "encomenda- pel. Nunca perdoou a um por- la contra o povo do cacique'
dos cometeu atrocidades. do" a Garcia Lopez, de Vila tuguês". Cunhambebe, o bravo, Macharias. Foi traído por Ca-
CRISTóVÃO - índio de Gurupá. Rica do Espírito Santo, em morreu de peste entre 1554 e rieba e afin~l derrotado, sub-·
Foi casado pelo padre Luís Fi- virtude do falecimento de 1560. Os autores divergem metendo-se ao jugo espanhol.
gueira quando este visitou a Afonso de Ontiveros, encomen- quanto ao significado do seu DAMIANA DA CUNHA - índia
sua aldeia em 1636. Consta deiro anterior. nome: "O voar da mulher", caiapó. Ao ser convertida pe-·
CUNHA-GUAÇU-TENH~ - índia "O que fala arrastado", "O los padres tornou-se beata.
que era bastante engraçado e "gago", etc. Sua aldeia ficava
brincalhão. Houve outro índio da Ilha de São Luís do Mara- Por mais de vinte anos serviu'
nhão. Era mulher de Tangará entre a atual cidade de An- como intermediária entre os;
que tomou este mesmo nome e mãe de Japuaí. (Século gra dos Reis e a vila de Mam- brancos e os índios da sua..
e que foi fiel acompanhante XVII). bucaba. Um filho de Cunham- tribo, fazendo com que mui-·
do padre Vieira. Comerciava CUNHAMBEBE - O mais temí- bebe, também com o mesmo tos se convertessem. Morreu ª"
com âmbar. (Século XVII). vel entre todos os tamoios. nome, não herdou as qualida- 12 de janeiro de 1831 e ficou
CUCUI - Tuxaua dos cusses, do Era o terror dos portugueses. des guerreiras do pai. Foi conhecida como "o anjo bom•
alto Rio Negro. Através da Sua influência ia de Aingra mais conciliador, embora te- dos goianos ".
literatura oral da região ficou dos Reis a Ubatuba e todos os nha colaborado com a Confe- DAVI XIRIANA - Tuxaua yano-·
conhecido pela bravura. Foi principais lhe rendiam irres- deração. Foi este quem con- mani. Juntamente com outros;
vencido pelos aruaques e· mor- trita obediência. Foi o primei- duziu o padre Anchieta de cinquenta principais repre-
reu em conseqüência dos feri- ro chefe de Confederação dos Iperoig a São Vicente após a sentantes das comunidades in···
mentos recebidos em combate Tamoios, cujo objetivo maior paz acertada entre portugue- dígenas do Território de Rorai-
no final ·do Século XVII. era expulsar os invasores por- ses e tamoios, logo depois que- ma, enviou uma carta ao pre-
CUIAPIJU - Cacique da região tugueses, com a destruição de brada pelos brancos. sidente efeito, Tancredo Ne-·
do Rio Tibaj i, Paraná. Em Piratininga, defendida por Ti- CUNHATA - Principal guara- ves, abordando a questão da
1597 foi "encomendado" a Go- biriçá. Cunhambebe não temia ni. Sucedeu a Sepé Tiaraju na terra, da saúde e da educaçã0;
mes de Bobeda, de Assunção, a artilharia e era o primeiro luta contra os íberos. Sem o dos índios. A carta é datad1
pelo governador da cidade. a sacrificar-se nas ocasiões de tino estratégico do seu ante- de 9 de janeiro de 1985.
CUIDARAÇU - Cacique guarani perigo. Implacável com os cessor e expondo-se sem cau- DEREBIM - Cacique guarani d~
da comarca de Itaucaí. Em inimigos. Era bastante alto e tela, acabou derrotado na ba- região do Rio Iniaí. Em 1597
1597 foi "encomendado" a forte, mas sobretudo vaidoso talha de Caiboaté, que selou foi "encomendado" a Jeróni-
Afonso de Benialvo, de Vila dos seus feitos. Mandou liber- a sorte dos Sete Povos, a 10 de mo Merino, de Vila Rica do·
Rica do Espírito Sant-0, pelo tar o alemão Hans Stade111 só fevereiro de 1756. Na chacina Espírito Santo, pelo governa-
governador de Assunção, Ra- porque este fez elogios à sua de Caiboaté foram trucidados dor de Assunção, Ramires Ci?'
mires de Velasco. vocação marcial. Guardava mil e quinhentos guaranis. Os Velasco.

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DIABO GRANDE - l\Iorubixaba nas da revista "O Cruzeiro", custa de rapinagem, desapare- Joço Reys, El Chico, pelo go-
tabajara da Serra de lbiapaba. no início dos anos 50. ceu, nada restando para a viú- vernador de Assunção.
Inimigo dos invasores, recusou- DICO SATAR@ - lndio mundu- va índia. (Século XVIT>. FACARANHA - Valente cacique
se a fazer aliança com Jerô- ruku. Representou seu povo 1110 DOMINGOS PINHEIRO CAMA- carijó. Em 1696 enfrentou com
·m o de Albuquerque. Resistiu ato de assinatura do termo RÃO - Filho de Diogo Pi- êxito a b9.l!ldeira de Domingos
,à entrada de Pero Coelho de de indenização promovido pela nheiro Camarão. Apesar de Brito Peixoto, mas foi sur-
.Sousa em 1604. Aliou-se aos ELF Aquitaine, empresa fra11- ter lutado contra os holande- preendido e traiçoeiramente
irancescs, fazendo com que os cesa acusada de invadir terras ses acabou numa prisão de morto pelos portugueses.
portugueses batessem em reti- indígenas. O termo também foi Recife, acusado de subleva- FAUSTINO - Cacique do baixo
_rada. Prometeu a paz desde assinado pelo índio Francisco ção. <Século XVII). Amazonas. Em 19 de janeiro
que lhe entregassem os inimi- Cardoso. DOMINGOS RIBEIRO - Cacique de 1640 forneceu trezento3
·gos Manuel de Ivliranda e Pe- DIOGO BOTELHO - fndio potl- caiguangue, de Guarita, mu- casais de índios de sua aldeia,
-dro Cangatá. Seu pedido não guara convertido. Pediu que nicípio de Miraguaí, Rio Gran- de encomenda, para serem
foi aceito e com a ajuda do seu tio Zorobabé, embriagado, de do Sul. Em 1984 denunciou ofertados a Pedro Teixeira,
.maioral Mel Redondo partiu não entrasse na igreja da arbitrariedades e roubo de como recompensa pela sua cé-
·para enfrentar os lusitanos. aldeia que governava. madeiras nas áreas ocupadas lebre viagem a Quito. O pa-
Ao cabo de três dias de luta DIOGO PINHEIRO CAMARÃO - pela sua comunidade. trono da oferta foi o sangui-
.fez as pazes, influenciado por Filho de Francisco Pinheiro DONCART - Nome francês de nário Bento Maciel Parente .
UbaUala, outro principal da- Camarão e primo do célebre Fi- um índio brasi1eiro que aos 18 Houve no Maranhão outro
quelas paragens. Participou lipe Camarão. Destacou-se na anos de idade foi levado para índio com o mesmo nome, fa-
da expedição enviada ao Ma- luta contra os holandeses a Europa com mais outros moso na arte de esculpir.
:ranhão pelo gov·e rnador Gas- quando, em 1645, repeliu um cem companheiros, en~re eles FELIZARDO DOS SANTOS -
_par de Sousa. Eis como Ca- corpo de trezentos e sessenta DOUAT, pelo Sr. Nicolau Car- Tuxaua galibi. Representou seu
tunda o descreve: "Era a per- holandeses em Cunhaú, Rio meau, no navio Roseé. Ele ·e povo no Saminário Sobre cs
.sonificação dos vícios e quali- Grande do Norte. Recebeu uma Direitos Históricos dos índios,
lidades da raça: bravura rui- Douat eram irmãos e ambos realizado em São Paulo no pe-
boa tença e o hábito .de Cristo. foram dados de presente ao
-dosa e teatral, retórica facial Foi governador geral de todos prefeito de Provins, em 1550, ríodo de 26 a 29 de abril de
e obcena, dissimulação, perfí- os índios. Os dois irmãos morreram 1981. A tribo tem outro tu-
,dia, incapacidade do bem, in- DIOGO PITAN - Cacique gua- chaua: Floriano Maciel.
teligência pronta do mal, alguns anos depois a serviço
rani da região do Rio Tibaji. daquela autoridade. FERNÃO D'ALVARES - Princi-
.instintos rapaces. Entrenebe- Paraná. Em 1597 foi "enco- 1
pal temiminó, aliado dos por-
,cia-lhe a fronte melancólica e EMAVIDI XAN!a - Cacique guai- tugueses. Em 1578 o governa-
mendado" a Jerônimo Merino, curu. Desfrutava de gr9.l!lde
f·eroz, como se a voz interior de Vila Rica do Espírito San- dor Salvador Correia de Sá
lhe segredasse o martiriológio to, pelo governador de Assun- prestígio. Em 1791, juntamen- concedeu-lhe terras da mar-
de sua posteridade através da te com Queima, comandou um gem norte do Rio Macacu até
ção, Ramires de Velasco. ataque ao forte Coimbra, pro-
:história. em cuja esfera ia DIOGO RODRIGUES - Nome o sopé da Serra dos órgãos.
aparecer, porém, transfigurado cristão do índio que foi o movendo grande morticínio. FERNÃO RIBEIRO - índio da
pela infusão de sangue mais principal autor da morte de Motivo: os soldados do forte aldeia de São João, Bahia. Fez
nobre". Seu nome era Juripa- holandeses em Cabo Frio. Por haviam seduzido algumas ín- um depoimento perante Hei-
riaçu, que na lingua indígena isso, e por outros serviços dias da sua tribo. A 1Q de tor Furtado de Mendonça so-
signifi~â Diabo Grande. prestados, o Rei português agosto daquele ano aceitou a bre as heresias que praticara
DIABO LIGEIRO - índio tabaj~­ concedeu-lhe a patente de ca- paz proposta pelo comanda11- contra a eucaristia e o castigo
ra. Conduziu Pero Coelho de pitão. (Século XVII). te do forte, João de Albuquer- que o superior da aldeia lhe
Sousa e sua gente, esfalfada e DOBLE - Famoso cacique cai- que, firmando um pacto sole- dera. O caso ocorreu em 1589,
faminta, da serra dos Corvos gangue de Santa Catarina, já ne de .aliança contra os es- quando o padre João Alvares,
até a aldeia de Diabo Grande, morto. panhóis. superior da aldeia, mandou
que era seu irmão. DOMINGAS - Nome da índia EMBOAGUAÇU (Rodilha Gran- prendê-lo, obrigando-o a pe-
'DIACUI - índia kalapalo. Tor- tapuia casada com o judeu- de) - Principal de uma aldeia dir perdão em público.
nou-se conhecida pelo amor alemão Jacob Rabi, que foi o do Maranhão e contemporâneo FILIPE DE SOUSA CASTRO -
que despertou no sertanista autor intelectual dos massa- de Japiaçu. fndio da Serra de Ibiapaba,
Ayres da Cunha, com quem cres de Cunhaú e Urauçu. ERERAI - Cacique guarani da filho de Jacobo de Sousa. Foi
casou-se. Este rom9.l!lce foi Seu marido teve morte vio- comarca de Guairacaí. Em cavaleiro da Ordem de San-
bastante explorado nas pági- lenta e a fortuna adquirida a 1597 foi "encomendado" a tiago. Comandou várias expe-

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dições para combater os ''bár- mootalmente com a invasão de zessete homens, entre os quais Presépio, em 7 de janeiro de
baros". Como recompensa aos terras indígenas por garim- o fiel Gonçalo, que conseguiu 1619. Depois da sua morte os
"serviços prestados" recebeu peiros inescrupulosos. levar o resto da malograda tupinambás, que eram cerca de
aquela comenda e o trata· GARCIA DE SÁ - Principal da expedição até Natal, numa pe- vinte mil, retiraram-se mas
mento de Dom em 1721. Bahia. Convertido pelos jesuí- nosa viagem de quase duzen- ficaram fortificados sessenta
FRANCISCO - Nome cristão de tas, tornou-se grande cate- tas léguas. (Século XVII). léguas adiante.
um índio guarani que prestou quist a. Os padres comparavam- GRAVATAf - Cacique guaianá GUAIMOND~ (Caranguejo Pre-
grande auxílio a Cabeza de no ao apóstolo Paulo. (Séc. da Serra de Apucarana, Para- so) - Principal da aldeia de
Vaca durante a viagem deste XVI). ná. Intitulava-se "rei" e era Itaentaba, Maranhão. Foi con-
castelhano entre o Rio Para- GASPAR - Um dos três índios irmão de Tombu e Sondá. Mor- temporâneo de Japiaçu e alia-
ná e Assunção, em 1541. Hou- batizados pelo padre João reu em 1661 momentos antes do dos franceses. (Séc. XVII).
ve outro com o mesmo nome Gonçalves em homenagem aos de partir para São Paulo con1 GUAIRÃ - Chefe guarani. Em-
que foi escravo do vigário Reis Magos. Houve outro no o aliciador Fernão Dias Paes. prestou seu nome à região
João Alvares e representava Maranhão com o mesmo no- O aventureiro levou os índios nas proximidades da Serra de
seu amo nos negócios, espe- me; este foi intérprete dos je- do cacique e alojou-os às mar- ?\1'aracaj u. Dizia-se perseguido
cialmente nas expedições de suítas e morto pelos da sua gem do Tietê, explorando-os pelos tupls de São Paulo e por
préa, por volta de 1630. Este própria tribo que colocaram enquanto pôde. isso pediu proteção ao gover-
era tupi. sua cabeça na borda de um GREGóRIO - fndio Paranaubi, nador castelhamo Yrala, que
FRANCISCO DE OLIVEIRA - rio espetada num pau. {Séc. do Espirlto Santo. Em 1610 mandou uma expedição ao
Remanescente dos guaranis do XVffi). obteve uma sesmaria "por ser Rio Tietê. (Século XVI).
nordeste argentino e leste pa- GASPAR DEREÇA - Cacique da um homem bastante honrado GUAIRAÇUPINIMA (Grande Pás-
raguaio que foram se estabe- região do rio Corumbataí. Em e respeitado". saro Pintado) - Cacique da
lecer no litoral paulista. Foi 1597 foi "encomendado" a GUABIRU {Rato) - Principal da aldeia de Euaíve. Maranhão.
capitão de aldeia Rio Branco. Gomes de Bobeda, de Asun- Ilha de São Luís. Foi aliado Foi contemporâneo de Japiaçu.
Era pai de Zezinho, o atual ção, pelo govemador da ci- dos franceses e contemporâneo {Século XVII).
capitão da aldeia. dade. de Japiaçu. (Século XVII). GUAIRAPINOBI - Principal da
FRANCISCO DE SOUSA - Prin- GASPAR LOURENÇO - lndio GUAÇU (Grande) - Nome de aldeia de Morucu. Era o pai
cipal da aldeia Maracanã, Ma- catequizado pelos jesuítas e uma filha do cacique de Ca- de Guarujó. Foi aliado dos
ranhão. Era filho de Copauba instruído para converter os da rapicuiba, São Paulo. (Século franceses.
a quem sucedeu. Foi aliado sua própria tribo sob a super- XVI). GUAISEPERA - Cacique gua-
dos lusos. (Século XVII). visão do padre Leonardo Nu- GUAÇUCANGOERAf - Pajé par- rani da região do Rio Iniaí.
FRANCISCO PINHEIRO CAMA- nes. naubi do Espírito Santo. Ficou Em 1597 foi "encomendado" a
RÃO - Irmão do famoso An- GERALDO -Tuxaua canamari do conhecido por mandar os ín- Alonso de Benialvo, de Vila
tônio Filipe Camarão (Poti). Rio Jutaí. Ele e seus colegas dios fabricarem utensílios para Rica do Espírito Santo, pelo
(Século XVII). Manduca e Ezequiel promove- proteção do corpo contra doen- governador de Assunção, Ra-
FRANCISCO QUEIRÓS - Repre- ram a sinalização de suas ças. mires de Velasco.
sentante dos karirixocó no terras com placas fornecidas GUAIANI - Cacique paiaguá. GUAJIRU - Capitão dos tapuias
Seminário Sobre os Direitos pela FUNAI. Matou o mulato Pacheco, com- a quem o "rei" Janduí ofere-
Históricos dos tndios, realiza- GEREBUÇU - Principal da al- panheiro de Aleixo Garcia, ceu presentes com o fito de
do em São Paulo no período deia de Euaíve, Maranhão. Foi quando da incursão deste por aliciá-lo contra os portugueses.
. de 26 a · 29 de abril de 19"81. contemporâneo de Japiaçu. terras castelhanas. (Séc. XVI> . (Século XVII).
Pediu que a FUNAI devolvesse (Século. XVII). GUAIBITI - Cacique guarani da GUANDU - Cacique guarani da
os lotes de terras dos índios e GIRDUITAGUAÇU Principal comarca de Itaucaí. Em 1597 região do Rio Tlbaji, Paraná.
que não corrompesse suas li- da aldeia de Aruípe, Pará. Era foi "encomendado" a Alonso Em 1597 foi "encomendado" a
deranças. ~ o pajé da aldeia, aliado dos franceses. (Século de Benialvo, de Vila Rica do Garcia Lopes, de Vila Rica do
que tem setecentos habitantes XVII) . Espírito Santo, pelo governa- Espírito Santo, em virtude da
e fica em Porto Real do Co- GONÇALO - Fiel indio que dor de Assunção, Ramires de morte do encomendeiro ante-
légio, Alagoas. guiou Pero Coelho de Sousa na Velasco. rior, Alonso de Ontiveros.
GABRIEL DOS SANTOS GENTt·L segunda e também desastrosa GUAIMIABA (Cabelo de Velha) GUARA - Lendário tapuia men-
- fndio tukano. ~ o vice-pre- entrada que este fez à Serra - Cacique tupinambá do Pa- cionado por Herckmann. A es-
sidente da Associação da União de Ibiapaba. A13 tropas de Pero rá. Foi morto por Baltasar tória diz que esse indígena foi
das Comunidades Indígenas do Coelho debandaram permane- Rodrigues de l\ielo durante um preso pelos potiguaras, que o
Rio Tiqulé. Preocupa-se funda- cendo ao seu lado apenas de- assalto que fez ao forte do confiaram aos cuidados de

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uma índia, para guardá-lo até causa de uma mulher amoti- GUA>CARA - Poderoso chefe in- contemporâneo de Japlaçu~
o dia do sacrifício. Os dois se nou-se contra os portugueses dígena de Cabo Frio, aliado (Século XVII) .
apaixonaram, e certo dia, na em 1661. É o mesmo Copauba. dos tamoios. Em 1566 apre- GUIRAOPINA - Princip.a l tupi-
ausência da índia, os princi- GUARARA - Principal reriiú da sentou-se na Baía de Guana- nambá:. Foi aliado dos portu··
pais resolveram comer assado Serra de Ibiapaba. Para agra- bara comandam.do 180 canoas gueses na cosquista de Per-
o prisioneiro. Mas a mulher dar os padres tinha somente de guerra para combater os nambuco.
chegou a tempo de salvá-lo, uma mulher, que logo repu- portugueses. Ocupou a Ilha de GUIRAPlGUÇU - Cacique gua-
gritando: "Oh! Guará-má-má". diava por outra. Consta que Paquetá fazendo dela sua base rani da região do Rio Ubaí.
Daí teria surgido 'Gramame', era bastante rixento. (Século de operações. Travou renhida Em 1597 foi "encomendado" a
pequeno distrito de João Pes- XVII). batalha naval com os lusita- Alonso de Benialvo, de Vlla
soa. GUARARONI Principal da nos, mas foi covardemente Rica do Espírito Santo, pelo·
GUARACI (Sol) - Fiel guia de região do Rio Paraná. Em 1597 morto pelos soldados de Bel- governador de Assunção, Ra-
Gabriel Soares de Sousa. Acom- foi "encomendado" a Diego de cl1ior de Azevedo, preposto de mires de Velasco.
panhou o amo numa entrada Çunica, pelo governador d·~ Estácio de Sá, a 13 de julho GUIRAVERA - Cacique guarani
pelo sertão em busca da "La- Assunção, Ramires de Velasco. daquele ano. Em 1586 serviu ·de Guairá . Preso pelos paulis-
goa Dourada", que acredita- GUARATINGUAÇU (Grande Gar- de personagem no 'Auto de tas, foi libertado por instância
vam ficar nas nascentes do ça Branca) - Chefe indígena São Lourenço' do padre Miguel do padre Mazzela. Depois disto-
São Francisco. Morreu em 1592, da região de Ubatuba, São Couto, onde aparece simboli- acreditou que os jesuítas não
logo após o seu protetor. Paulo. suas mulheres ameaça- zando o Mal ao lado de Aimbe- mantinham complô com os.
GUARAGUINGUIRA - Cacique ram matar o prisioneiro Hans rê e Saravaia. paulistas, como supunha. (Sé-
potiguara. Tomou parte na ex- Staden, para devorá-lo, mas GUIRACURU - Cacique guarami culo XVII).
pedição de Pero Coelho de Sou- contentaram-se em raspar-lhe da comarca de Curitiú. Em GUITIPO - Cacique do Mato·
sa à Serra de Ibiapaba, em a cabeça e as sobrancelhnR- 1597 foi "encomendado 1' pelo Grosso. Em seus domínios os.
1603, junto com outros princi- com uma lasca de cristal. (Sé- governador de Assunção, Ra- castelha;nos construiram mui--
pais. culo XVI). mires de Velasco. tas igrejas que mais tarde fo-
GUARAIRó - Mulher de Guai- GUARNIPOCABÃ - Principal tu- ram destruídas pelos bandei-
pinambá, do Pará. Auxiliou GUIRAJIBE (Assento de Pá.ssa-·
rapinobi e mãe de Guarujó. rantes paulistas. (Século XVII) ..
'
Cabelo de Velha quando este ro) - Chefe tabajara, amigo
(Século XVII) . e parente de Braço de Peixe, HEITOR - Nome cristão do ca-
GUARAIRU - Cacique guarani estava sitiado pelos portugue- com quem migrou das ribeiras cique guaicuru que enfrentou
do baixo Ubaí. Em 1597 foi "en- ses. (Século XVII). do São Francisco para a Pa- Cabeza de Vaca e seus guara-
comendado" a Amador Mandes. GUARUJó (Filho de Sapo) - - raíba. Foi aliado dos portu- nis em certo trecho do trajeto·
de Vila Rica do Espírito Santo, Filho de Guairapinobi. Era gueses e combateu os france- para Assunção. Assustado com
pelo 'adelantado' Juan Ortiz de natural da aldeia de Mocur11 ses e os potiguaras. Tomou os cavalos - animais que:
Zarate. da qual seu pai foi principal. parte em várias lutas na Pa- nunca havia visto - o cacique
GUARAPAPEBA (Arco Chato) - Consta que tinha feições deli- raíba, Pernambuco e Rio retrocedeu, logrando matar
Principal da aldeia de Mbai- cadas e aguda inteligência. Foi dois espanhóis, cujas cabeças
Grande do Norte, no final do foram decepadas e conduzidas.
ranga, Pará. Aliado dos fran- levado pelos franceses para a Século XVI e começo do XVII.
ceses. (Século XVII) · Europa e ali batizado com o Fixou sua aldeia onde hoje como troféus. Posteriormente,
GUARAPARU'ÇU (Arco Grande) nome de Heairique Luís. (Sé- seriam os guaicurus conside-
- Principal da aldeia de Mbai- está o bairro Tibiri, no muni- rados os melhores cavaleiros.
culo XVII). cípio de Santa Rita.
canga, Pará. Foi aliado dos GUATI (Quati) - Principal re- deste Continente. (Séc. XVI).
· franceses. (Século XVII). riiú. Foi morto à traição pelos: GUIRAJUÇU (Pássaro Amarelo) HENRIQUE DE ALBUQUERQUE:
GUARAPAUBA - Princip-a l pa- guanacés, fato que provocou - Principal da aldeia de Aruí- - Nome cristão de um chefe
caj á. Não obedecia as leis do uma guerra entre as duas pe, Maranhão. Foi contempo- indígena do Maranhão. Acredi-
reino e nem respeitava as tribos. râneo de Japiaçu. (Séc. XVIl). tando nas promessas dos pa-
cunhadas. Foi preso e hostili- GUATIARUCU - Cacique guara- GUIRANEEN - Cacique guarani dres. abandonou os holandeses.
zado pelo padre Vieira por se ni da comarca de Iniaí l\ii- da região do Rio Iniaí. Em para apoiar os portugueses.
insurgir contra a .religião. Em rim. Em 1597 foi "encomenda- 1597 foi "e~comendado" pelo em 1642.
1656 o padre João de Souto do" a Garcia Lopez, de Vila governador de Assunção, Ra- HENRIQUE DE CASTRO - Capi--
Maior chamou-o para facilitar Rica do Espírito Santo, em mires de Velasco. tão da vila de Pari-Cachoeira.
os entendimentos com os pa- virtude da morte do encomen- GUIRAOBI (Pássaro Azul) Em 12 de dezembro de 1984
caj ás. Possuia salinas e vendia deiro anterior, - Alonso de On- Principal da aldeia de Mara- enviou um documento às au-
o produto para Portugal. Por tiveros. canã-Piciba, Maranhão. Foi toridades sobre a questão da.

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·demarcação de terras, lem- dos franc.eess e era contempO·· e o escudo dos Gonnevilles. Foi meluco de Olinda. O cacique
'brando a invasão dos brancos râneo de Japiaçu. (Séc. XVII). o primeiro í;ndio brasileiro a mandou dois filhos em busca
na Serra da Traíra onde ha- IBIRA-POCU (Árvore Compri- se aclimatar na Europa, onde da irmã. Quando já vinham de
via sido descoberto ouro. da) - Principal da aldeia de morreu aos 96 anos, deixando volta, inclusive com um salvo-
~E POTARÃ - Cacique guarani Serigi, Maranhão. Foi contem- boa e grande descendência na conduto fornecido por uma
da boca do Rio Jguaçu. Em porâneo de Japiaçu. (Século Bretanha. Entre os seus des- autoridade portuguesa, os três
1597 foi "encomendado" a XVII). cendentes, conta-se o clérigo foram detidos no engenho
João Gonçalves, pelo govema- IBIRATlNGA - Principal da Binot que foi cónego da cate- Tracunhaém de Diogo Dias,
dor de Assunção, Ramires de aldeia de Japiíba, Pará. Era dral de Lisieux, o qual deno- que escondeu a moça e por
Velasco. amigo dos frances·es. (Século minava-se a si mesmo prête qu.em se apaixonara à primei-
iHIBES MENINO DE FREITAS - XVIl). indien, por orgulhar-se do ra vista. Os filhos do cacique
fndio wassú. Representou o seu IBIRAYARA - Cacique guarani sangue que lhe corria nas voltaram à Copaóba e conta-
povo no Seminário Sobre os da região do Rio Corumbataí. veias. ram tudo ao pai. Rede Grande
Direitos Históricos dos índios, Em 1597 foi "encomendado" IGUAÇU - Filha de Pindobuçu enviou uma embaixada ao en-
Tealizado em São Paulo no pe- por Ramires de Velasco, go- e irmã de Camorlm. Casou-se genho do rico português a fim ·
iríodo de 26 a 29 de abril de vernador de Assunção. com Aimberê. Foi capturada de reaver a filha. Não foi
1981. É vice-cacique da tribo IBITINGA - Cacique tabajara. pelos inimigos e levada como atendido. Desesperado, arregi-
•em Cocar, pequena localidade Foi aliado dos portugueses na escrava para Piratininga. Tem- mentou seus índios e os de
.de Alagoas. Denunciou a conquista de Pernambuco. (Sé- pos depois os tamoios a liber- outras tribos amigas e partiu
·marginalização dos índios e a culo XV!). taram. Morreu no Rio de Ja- para Tracunhaém disposto a
invasão cada vez maior de IBIVO - Cacique guarani da re- neiro lutando bravamente ao trazer a filha de qualquer
. suas .terras. gião do Rio Icatu. Em 1597 foi lado do marido, a 20 de ja- maneira. Com um ardil digno
<HIPAI - Chefe tapuia das mar- "encomendado" a Diego de neiro de 1567. Há uma : outra dos mais experimentados es-
gens do Potenji. Era amigo do Çunica, pelo governador de lendá-ria Iguaçu que teria sido trategistas assaltou o engenho
"rei" Janduí, a quem pediu mulher de Ajuricaba. do português e matou todos os
Assunção, Rámires de Velasco. que lá se encontravam, cerca
justiça pela morte de Carajá. IBURAGUAÇUMIRIM - Chefe ta- IGUAROU - Cacique das mar-
<Século XYll) . de seiscentas pessoas, inclusive
moio aliado dos franceses. Foi gens do Paraná. Em 1541 au- o raptor, além dos animais,
+IUAQUI - Tuxaua kulina. De- durante um ataque a sua xiliou Cabeza de Vaca, condu-
pois de muitas lutas, inclusive sem deixar nada de pé. Estava
aldeia que Estácio de Sá re- zindo os doentes e inválidos vingado o ultraje.
com piquetes, teve afinal ga- cebeu uma flecha no rosto. da comitiva do 'adelantado' INGAr - Jovem índia caeté,
rantida a posse d·e suas ter- Sua aldeia ficava onde está que se dirigia para Assunção. cuja beleza deslumbrante en-
ras. hoje a Praia do Flamengo, no INACIO - Filho de um cacique cantou Duarte Coelho. Este, ao
'HUIMANHARA - Principal ini- Rio de Janeiro. <Século XVI). da missão de São Miguel. Como vê-Ia, teria exclamado: "Oh!
rama do Amazonas. SegUlildO IÇ.A-MIRIM (Formiga Pequena) guia e prático que era, ajudou Linda!, donde teria surgido o
os frades, era traficante de - fndio carijó, filho do ca- os portugueses na luta contra nome da velha e tradicio-
escravos. (Século XVID>. cique Arosca, de Santa Cata- os castelhanos pela posse do nal cidade pernambucana. Seu
!IACORUMA MIRIM - Principal rina. Quando tinha apenas território missioneiro, em 1756. noivo, Camure, foi preso e
do Ceará. Em 1644, juntamen- quinze anos de idade, em 1504, INACIO DE AZEVEDO - Tupi- morto durante uma refrega
te com Taparatim da Serra e partiu no navio de Gonneville niquim do Espírito Santo. Em contra os portugueses. A índia
Orubu Acanga apoderou-se do para conhecer a Europa, fi- 1595 guiou Pero Luís por mais foi poupada pela beleza, fi-
forte do Rio Ceará que estava cando acertado entre o cacique de quatrocentas léguas pelo cam.do prisioneira, em· 1535.
·em .poder dos holandeses. Ele e o navegador que Formiga sertão, com dois objetivos: Duarte Coelho, primeiro dona-
e seus companheiros, depois Pequena deveria regressar de- encontrar a sua gente que tário de Pernambuco, tentou
de ·trucidarem a guarnição, pois de passadas "vinte luas". havia fugido do litorai com possuí--la de todo jeito, mas
entregaram o forte aos portu- Mas não quis ou não foi pos- receio dos invasores e pro- não conseguiu. A caeté logrou
gueses. sível voltar. Em 1521 casou-se curar ouro. Dessa expedição fugir e matou-se na selva.
tlBATATA - Cacique tupinambá, com Susma, filha do capitão, fez parte também Arco Grande. JNHANBUUNA (Nambu Preta)
aliado dos · portugueses na então tomado de grande afei- INIGUAÇU (Rede Grande) - - Ch·efe indígena do Mara-
conquista de Pernambuco. <Sé- ção pelo hóspede brasileiro, Cacique potiguara cuja aldeia nhão. Em 1695 fez certas exi-
culo XVI>. que educara com esmero. O ficava na Serra de Copaóba, gências aos portugueses em
'IBIRAPITÃ (Pau Vermelho) - anfitrião deixou-lhe todos os atual Serra da Raiz. No início troca de seus favores na con-
Principal d·e uma aldeia do bens em testamento, com a de 1574 uma filha sua de 15 dução de índios do interior
Maranhão. Foi multo amigo condição de que usasse o nome anos foi raptada por um ma- para a orla marítima.

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INIOABA - Principal tabajara. açoitardes". Enviou uma em- lhões de cruzeiros para exe- nhor de Rasllly a fim de in-
No batismo recebeu o nome de baixada de seis índios ao Rio cutar o trabalho. Jtamaraí era tegrar o conselho de senten-
Jorge de Albuquerque. Depois de Janeiro, chefiada por Ara- de Taruacanã, Amazonas. Dei- ça para punir Japiaçu, que
de uma altercação com frei raibé, com a finalidade de xou três esposas, vinte e um havia mandado matar uma
Vicente do Salvador, o índio conseguir do padre Simão de filhos e seis netos. Tinha 59 escrava acusada de adultério.
resolveu flagelar-se diante dos Vasconcelos a permanência dos anos. (Século XVII).
seus, que na ocasião se ban- jesuítas no seu meio. O pedi- ITAPARI Principal carijó, ITABU Mulher de Diabo
queteavam. (Século XVIl). do foi atendido. Já em 1605 irmão de Jperu-Guaçu. Junto Grande. A muito custo demo-
IPERU (Tubarão) - Chefe indí- o padre Jerônimo dizia que com outro irmão (Mbaetá) veu o marido da idéia de de-
gena da Bahia. Foi tenaz- nunca vira no Brasil índio tão atacou várias aldeias, a fim de vorar dois soldados portugue-
mente perseguido por Tomé soberbo. Vendia os próprios obstaculizar a aproximação de ses que o haviam auxiliado
de Sousa. Depois de guerrear parentes aos brancos, que por JJ>eru-Guaçu com os jesuítas, numa sortida. (Século XVII).
bastante, resolveu fazer as isso o achavam bom. Seu no- que odiava. Era famoso e te- l1T AVU - Indígena do Rio de
pazes com os invasores, resti- me está ligado ao Rio Tuba- mido feiticeiro. Fez parte da Janeiro a quem ·os franceses
tuindo vários reféns aos por- rão em Santa Catarina. "jUIIlta" de feiticeiros inimigos deram um prisioneiro portu-
tugueses. Sua aldeia localiza- IRAPU.Ã (Mel Redondo) - Caci- das reduções do Tape, em guês que foi devorado pelo
va-se onde está hoje São que tabaj ara da Serra de Ibla- 1635. Fazia crer aos índios que mesmo. <Século XVI>.
Bento, parte central de Salva- paba. Aliou-se a Diabo Granrle era um "morto-ressuscitado". IZARARI - fndlo kalapalo de
dor. <Século XVI). contra Pero Coelho de Sousa, impressionando-os profunda- estatura gigantesca. Teria sido
IPERU-GUAÇU (Tubarão Gran- contando para isso com o mente. o ordenador da morte do co-
de) - Chefe tamolo da região apoio de alguns franceses sob ITAPUCU (Barra de Ferro) - ronel Fawcett. Em sua compa-
de Ubatuba, São Paulo. Foi as ordens do senhor de Mam- fndio do Maranhão oriundo da nhia o jornalista Edmar Mo-
um dos guardlães do alemão bille. :t citado por José de Serra de Ibiapaba. Levado pa- rel encontrou um menino lou-
Hans Staden, que lhe fora Alencar em lracema. ra a França, assistiu a morte ro, de olhos azuis, que se su-
dado em custódia. Guardaria e IRURI - Principal de uma al- de Caripira, de cuja conver- põe ser filho do coronel inglês.
mataria o branco para devo'- deia da região do Rio Madei- são duvidou. Ao aproximar-se o nome do garoto era Dulipé.
rá-lo quamdo quisesse, para ra. Era irmão de Unicoré, Ari- da câmara de Suas Majestades Morei levou-o para o Rio de
com isso somar mais uma puanã, Sururl e Parapichara. para lhes prestar homenagem, Janeiro, prometendo a IZarari
alcunha ao nome. Mas era Os índios acreditavam que ele foi advertido por um dos guias que o rapaz teria uma vida
Cunhambebe quem dava a e seus irmãos eram filhos de que atentasse para o que ia boa. A seguir, o suposto filho
palavra final. Inebriado pelos uma mulher que velo prenhe dizer. Itapucu imediatamente do desaparecido coronel foi
elogios do astuto alemão à sua do céu. respondeu-lhe que descendia para Cuiabái, onde trabalhou
pessoa, Cunhambebe maindou ITAJIBE (Braço de Ferro) - Ca- de excelente família e assim no antigo Serviço de Proteção
soltá-lo, livrando-o de parar cique tabajara. Foi aliado dos dispensava a advertência; adi- ao fndio, hoje FUNAI.
na oarriga de Tubarão. (Século portugueses durante a con- a!Iltou que sabia multo bem o JABURU - fndios cariri da aldeia
XVI). Houve outro Iperu-Guaçu quista de Pernambuco. Prestou que tinha a dizer e não pre-
que foi cacique dos carijós. cisava de instruções. De outra Sahy, Bahia. Participou da en-
relevantes serviços ao invasor trada de Belchior Dias ao ser-
Este gozava de largo prestígio Duarte Coelho. (Século XVI). feita, antes do batismo, estan-
e era respeitado por todos, do com os padres próximos ao tão, em busca de minas de
ITAJUBÃ <Pedra Amarela) - ouro, no começo do Século
linclusive os arachãs que lhe Lendário cacique timbira. Gon- altar para ouvir a prédica que
rendiam homenagem. Manteve o padre Serafim de Chateau- XVII. Instado por aventureiros
çalves D!a$ imortalizou-o ao subseqüentes, revelou a estes o
estreito relacionamento com os descrever de forma magistral Thierry fazia por ocasião dos
portugueses, notadamente o a luta ciclópica da sua perso- funerais do ·p rimeiro dos seus roteiro dessas minas.
padre Jerônlmo Rodrigues, en- nagem contra um valente ca- companheiros, contemplavam- JACARê - Principal de uma
tre 1605 e 1607. Era bastante cique gamela. no inúm·eros senhores fidalgos. aldeia do Pará. Fol aluno dos
irreverente. Em 1617 recebeu ITAMARAI - tndlo namblquara. Chamou então um dos intér- missionários, com os quais
festivamente os padres João Em junho de 1984 foi morto pretes e disse: "Dize a esses se·- aprendeu a ler e a escrever.
Fernandes Gato e João Alfre- em São Paulo a golpe de faca nhores que Deus lhes fala pela Quando faltava tinta ou papel
do, urinando debochadamente e espeto de ferro, a mando boca-do profeta que está no de Portugal, mandava prepa-
na pre~ença dos jesuítas. de José Araújo Irmão, vulgo púlpito; portanto devem olhar rar outra à moda indígena e
Perguntado se determinado M ãozitnha O assassino, Mu - para ele, e não para mim". escrevia em folhas de pacovei-
menino era seu filho, respon- nuel Gomes de Sá, o Bigode. ITAPUCUCA - Principal do Ma- ra. A lousa era a areia. (Sé-
deu: "Sim, para vós outros o iecebera, na época, dois mi- ranhão. Foi procurado pelo se- culo XVII).

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JACAUNA - Chefe potiguara, Santo, amigo dos jesuítas. Foi intuito de tirar minha mulher dio dos feiticeiros, recebendo
irmão de Poti-Guaçu. Deu ines- batido pelos apiepetangas. Sua e filhos que lá estavam. Ha- uma r ecusa. A conselho daque-
timável ajuda a l\Iartim Soa· viúva gozou de largo prestígio vendo-me vencido amor não les e do seu próprio povo,
res Mo.reno, a quem tinha como junto aos padres e exerceu me valeu por ter provado bem Janduí dissimuladamente con-
um filho. Tomou parte na jor- grande infi uência na tribo. minha felicidade nos muitos vidou o cacique Juqueri com
nada do Maranhão. Sua ami- (Século XVI) . anos que servi ao Rei, parti- toda a sua ;nação para um
zade com Soares Moreno come- JAGUAR ABAET~ (Homem Ja- cularmente na conquista do certame recreativo. Chegada a
çou ·e m 1611 e só terminou guar) - Principal da Ilha de Maranhão, com multa gente ocasião de abraçarem-se os
com a morte. Foi o único po- São Luís. Foi muito amigo dos mais, quando J erônimo de Al- guerreiros de J anduí e de Ju-
tiguara que transigiu com os franceses, notadamente do se- buquerque o ganhou dos fran- queri para as lutas, as mulhe-
portugueses. ~ citado no ro- nhor des Vaux. (Século XVII). ceses. Daquela prisão me sol- res da aldeia do primeiro
mance Iracema. JAGUARACICA (Oncinha) - taram agora, por estarem os agarram os cabelos dos índios
JACOBO DE SOUSA - Principal Principal de Cumá, Marrunhão. holandeses sobre o forte do contrários, que apanhados de
tabajara da Serra de Ibiapaba. Sua valentia e proezas deram- Rio Grande, que, a não ser isso, surpresa, foram presas fáceis
Amigo e defensor dos portu- lhe fama e autoridade. Foi um bem receava eu morrer nos para a crueldade e chacina
.gueses, foi agraciado com o tí- dos que acolheram o senhor ferros. Porém, nada há de ser que se seguiram. Assim pela
tulo de Cavaleiro da Ordem des Vaux, quando da visita bastante para manchar minha astúcia, pôde conseguir a filha
de Cristo. Morreu em Lisboa, desse francês àquela região no antiga fidelidade com a qual de Juqueri, tomando-a como
quando lá estava fazendo algu- início do Século XVII. sempre servi e servirei ao meu esposa. Na época, o régulo
mas reivindicações ao Rei~ (Sé- JAGUARAÇU (O·n ça Grande) -
1 Rei". Jaguarari não foi menos contava com catorze mulhe-
culo XVII). Ilnlmigo de Jacauna. ~ citado digno de memória do que seu res, mas já havia tido cin-
JACURUBA - Principal carijó. por José de Alencar, que no sobrinho Antônio Filipe Ca- qüenta, das quais nasceran1
Manteve contatos amistosos famoso romance coloca-o como marão, se não chegou a ser apenas sessenta filhos. Segun-
com o padre J erônimo Rodri- atacante da tribo de Iracema. maior. Foi-lhe concedida uma do Nieuhof, o "rei" Janduí em
gues entre 1605 e 1607. Foi pensão de cento e cinqüenta 1648 já tinha cento e vinte
sendo repelido. (Século XVII). anos de idade.
contemporâneo de Iperu-Gua- JAGUARARI - Cacique potigun-
reais de soldo, a qual, segun-
çu. . ' do Duarte de Albuquerque, por JANUAR~ - Principal do Ma-
ra. Por suspeita de traição, foi sua morte reverteria à sua ranhão, aliado de Japiaçu, a
JAGOANHARO (Cachorro Bravo} preso e torturado lnjustamen ..
- Fllho de Araraí. Foi um te durante oito anos pelos mulher e filho. Houve outro quem prestava obediência,
dos mais destacados guerreiros portugueses. Protestou contra Jaguarari; este auxiliou ~s Participou da missa solene de
entre os guaianás e um dos essa acusação, alegando que padres, na Bahia, na cami- 8 de setembro de 1612, alusiva
mais ardentes entusiastas dos se aproximava do inimigo nhada dos religiosos em busca à fundação de São Luís.
planos de Aimberê. Era notá- apenas com o intuito de sal- dos amoipiras. JAPARATUBA - Cacique caeté,
vel a sua aversão aos invaso- var sua mulher e seus filhos. JANDUf (Aranha Pequena) - irmão de Pacatuba. Enfrentou
res portugueses. Em vão, ten- Mas os algozes, por serem de- Poderoso morubixaba tarairiu. as tropas de Cristóvão de Bar-
tou convencer Tibiriçá a aba11- sonestos e mentirosos, não Para obter sua adesão contra ros, ao lado do irmão, sendo
donar os invasores. Na luta acreditaram na palavra do os portugueses, os holandeses ambos vencidos. (Século XVI).
contra o velho cacique, que indio, que depois foi libertado o presentearam com um ves- JAPIAÇU (Pássaro Grande) -
era seu tio, hesitou matá-lo; pelos holandeses. Era natural tido húngaro carmesim e outro Morubixaba da Ilha de São
Tibiriçá, aproveitando-se da de Baía da Traição, onde foi cor de laranja, alguns fardos Luís. Migrou da Bahia para o
indecisão· do sobrinho, golpeou- preso em 1625. Havia partici- de artigos para vestimentas Maranhão, fugindo da tenaz
º profundamente, matando-o. pado da conquista do Mara- menores, duas dúzias de cami- perseguição que o governador
Cachorro Bravo, tal como seu nhão com Jerônimo de Albu- sas, três alabardas pequenas Tomé de sousa lhe movia. Em
pai, havia aderido à causa querque. O seu doloroso caso douradas, três facões pratea- 1612 acolheu como amigos os
dos tamoios. (Século XVI). na prisão do forte dos Reis dos, uma dúzia de machados, franceses de Druniel de la Tou-
JAGUAR - Pai do lendá-rio Magos (Natal) foi narrado por duzentas navalhas e uma che, tornando-se seu aliado
Itajubá. Foi imortalizado por Duarte de Albuquerque, que imensidade de contas de coral, contra os portugueses. Na
Gonçalves Dias em Os Timbi- cita a seguinte passagem: além de outras bugigangas. época já contava cem anos
ras, onde aparece como um , "Aqui me vedes nu e com si- Seus índios também foram de idade. Era bastante alto e
cacique hercúleo, em cujo,_, nais ainda frescos dos ferros presenteados com camisas, na- folgazão. Como era costume
corpo nada penetrava. ~ que oito anos suportei, por ter valhas e vinho. Apaixonado entre os indígenas oferecer
JAGUARABA (Cabelo de Cachor-~ comunicado com os holande- pela filha de Juqueri, pecllu-a uma moça para dormir com o
ro) - Principal do Espírito~ ses na Baía da Traição, no em casamento, por lntermé- visitante, Japiaçu colocou uma

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à disposição do capuchinho interinamente governando o motos apanharam a água e taleza tamoia. Japuguaçu fê-
Claude d' Abbeville, que re- Brasil, lhe prestou tantos ser- dispuseram-se à resistência lo imediatamente, plantando
cusou. O cacique, estra.n han- viços; Antônio de Mariz, que por muito tempo; mas a água uma cruz para que os portu -
do a recusa, perguntou: - tanto se destinguiu na campa- corrompeu-se, e a sua situa- gueses, entrando, não fizes-
"Desceste do céu? Por acaso alha, e que conhecem todos ção ficou tão crítica como sem mal a ninguém. Por sua
não sois homem como nós?". que leram o Guarani de José antes. Assim, tomaram uma vez Japuguaçu pediu ao go-
Na Ilha de São Luis e no pe- de Alencar. Com essa gente resolução heróica: fazer uma vernador que lhe fosse permi-
rímetro da Baía de São Mar- partiu Salema, no dia 27 de sortida em massa, forçar os. si- tido aí habitar com todos os
cos, todos os principais lhe agosto de 1575, para Cabo tiantes a retirarem-se com o seus, prometendo ser sempre
r endiam homenagem. Quando Frio. Em breve chegaram a favor da noite. Reinou então vassalo dos portugueses. Sale-
ainda estava na Bahia, a uma aldeia onde os tamoios se no acampamento inimigo um ma não acedeu; primeiro exl...
aldeia de Japiaçu ficava onde tinham fortificado, em campo silêncio que inquietou Salema. giu que lhe fossem entregues
está hoje a Sé, parte central cercado de triple fosso, e de Veio-lhe logo a idéia que se todos os que tinham vindo
de Salvador. trincheiras feitas com tal arte tramava qualquer cilada, e, socorrê-lo, e destes, entre os
JAPUAl - Filho de Tangará e que pareciam inexpugnáveis. para preveni-la, tratou de quais havia 500 bravos bestei-
Cunhá-Guaçu-Tenhé. Em 1613 Estavam entre eles dois fran- aprisionar alguns dos inimigos ros, uns foram mortos, outros
fez parte da embaixada indí- ceses e um inglês, homens en- para informar-se. Nada conse- feito escravos dos fidalgos.
gena à corte de Henrique IV. genhosos e de grande experi- guiu. Um jesuíta, o padre Bal- Isto sucedeu a 26 de setembro
Voltou da França com o nome ência na disciplina militar, os tasar Alves Vieira, com outro de 1575. "Logo souberam a
cristão de Luís de São João. quais haviam dirigido as obras membro da Companhia, viera sorte que os aguardava, os ha-
JAPUGUAÇU - Chefe tamoio. de defesa. "De dia, escreve o acompanhando Salema. Tinha bitantes de Cabo Frio aban-·
Foi vilmente traído pelo go- padre Luís da Fonseca, eram- prestado os melhores serviços, danaram suas aldeias e fugi-
vernador António de Salema, lhes mandados soldados das celebrando missa todos 1os dias, ram para o interior; mas
numa ignominiosa cilada que aldeias vizinhas; de sorte que cantando ladainha, confessan- Salema, acossando-os, matou
culminou com o massacre de já possuiam mais de mll ar- do, dando comunhão, levan- mais de 2 mil e fez 4 mil
mais de dois mil índios e a pri- cheiros dos mais valentes que tando cruzes pelo caminho, prisioneiros. "A mãe era sepa-
são de milhares. A chacina era possível achar, sem levar animando de todos os modos rada do filho, o marido da
ocorreu nas imediações da em conta os outros soldados os selvagens. o seu ofereci- mulher. Um era levado para
atual cidade de Cabo Frio a distintos. "Começaram em bre- mento foi aceito; e no dia de São Paulo e outro para o Es-
26 de setembro de 1575. Veja- ve ataques e sortidas, que não São Mateus, 21 de setembro,
tiveram outro resultado além pírito Santo. Não havia cora-
mos, sobre o assU1I1to, esta nar- encaminhou-se para o campo ção de bronze que se não ei1-
ração: "Chegando ao Rio de de mortes de parte a parte. inimigo, tendo antes obtido
Então Salema resolveu não dar que não se faria mal a quem ternecesse, ouvindo as queixas
Janeiro, Salema encontrou os e lamentos deste pobre povo!".
tamoios enobrecidos e ousa- mais rebates, mas apertar o viesse lhe falar. Chegando à
.dos, a ponto de atacarem os cerco, impedir a entrada de trincheira, Baltasar Alvares JARAGUARI - fndio da Amazó-
portugueses na própria baía víveres e vencê-los pela fome. gritou, em língua brasílica, aos nia. Juntamente com Aruazix:
da Guanabara. Resolveu, pois, O seu plano provou bem: não sitiados que um padre da Com- Maraguá, Tapijara e outros
dar remédio à situação deses- tardou que faltasse água aos panhia de Jesus queria falar acompanhou o capitão Manuel
perada, e combatê-los em Ca- sitiados, que no seu desespero com o capitão. Este, que se Francisco Tavares, na quali-
bo Frio, onde era maior a sua começaram a falar em ren- chamava Japuguaçu, apareceu dade de remeiro e piloto de
i·n fluência, e continuavam as der-se. Demoveu-os desse pas- e convencionou com o padre canoas. <Século XVIII).
relações com os franceses. so um feiticeiro muito respei- lr ao outro dia conferenciar JARAROBA - Principal carijó,
Reuniu a gente do Rio de Ja- tado entre eles, que lhes pro- com Salema. De fato, veio, contemporâneo de Iperu-Gua-
neiro e convidou alguma do meteu água em abundância. E vestido com toda a pompa, e çu. IVlanteve estreita amizade
Espírito Santo. De São Vicente de fato, escreve ainda o padre tendo uma presença venerável, com o padre Jerônimo Rodri-
veio o capitão Jerônimo Leitão Luiz da Fonseca, atirando ao diz um contemporâneo, e teve gues, entre 1605 e 1607.
com muitos portugueses e ín- ar ossos de porco, e usando uma entrevista com Salema. JATOBA - Chefe potiguara. Pai
dios cristãos. As forças reuni- não sei que outras superstições Este antes de tudo, exigiu que de Poti-Guaçu e de Jacauna.
das, segundo dois contempora- diabólicas e esconjuros mági- lhe fossem entregues os dois (Século XVI).
neos, constavam de 400 portu- cos, sucedeu (ou porque era franceses e o inglês, e sendo JENIPAPOAÇU - Cacique paiacu,
gueses e 700 índios. Entre <>s lua cheia ou porque Deus satisfeito, condenou-os à for- notável pela astúcia. No dia 4
primeiros achavam-se Cris- assim o permitiu) que come- ca. Exigiu ainda Salema que de novembro de 1699, na aldeia
tóvão de Barros, que depois çou a chover muito. Os ta- fosse demolida a parte da for- Madre de Deus, Ceará, Morais

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Navarro anunciou que recebia, rá, João Tavares de Almeida, gueses o haviam afogado no São Paulo no período de 26 a
como amigos, a visita do che- na qual pedia autorização para mar, causando grande alvoroço 29 de abril de 1981. Seu colega
fe índio e de sua gente, que combater os paiacus. (Século entre os indígenas da Ibiapa- Paulo Acácio dos Santos tam-
deviam vir acompanhados das XVli). ba. A efervescência somente bém esteve presente. Na oca-
mulheres e filhos, a quem JO.ÃO CRAVINHO - Chefe pa- amainou com a presença do sião Paulo disse que não po-
prometia distribuir muitos toxó, da Bahia. Luta bastante padre Vieira, na Serra, tra- dia falar muito, pois estava
presentes. Os indígenas com- pe~ os direitos dos índios. Em zendo Ticuna já de volta de "na mira dos revólveres dos.
pareceram, como convidados, julho de 1985 foi a Brasília Portugal. Consta que o índio grandes do São Francisco.,.
desprevenidos e desarmados, denunciar a invasão de suas recebeu um tratamento prin- Ambos são conselheiros da
vestidos a caráter, para reali- terras por fazendeiros locais. cipesco por parte do conde de aldeia que tem apenas 170 ha-
zarem danças e folguedos. Os pataxós vivem hoje numa Odemira. Em 1659 migrou pa- bitamtes e fica no município·
Quando os índios começaram área trinta vezes menor do ra o Maranhão. de Porto Toalha, Sergipe. Rei-
a dançar Morais Navarro ata- que a que lhes foi destinada JOSé - Nome cristão de um vindicaram a devolução d~·
cou-os de surpresa, com armas a nteriormente. ÍIIl.dio da Paraíba. Ainda crian- suas terras, hoje nas mãos de-
de fogo, matando mais de JOAO DE ALMEIDA - fndio de ça foi mandado para Portugal poderosa família do Estado.
quatrocentos. Os que conse- Pernambuco. No dia 5 de maio com mais outros três compa- JOSI! AUGUSTO DA SILVA -
guiram fugir apavorados fo- de 1637 foi ferido numa refre- nheiros. em 1690. A nau em fndio potiguara. Represootou
ram aprisionados depois da ga contra os holandeses, ven- que viajavam foi atacada por a tribo no Seminário Sobre·
covarde e inqualificável ma- cendo-os. J.\tlorreu alguns dias piratas mouros, sendo todos os Direitos Históricos dos ln -
tança. Pelo h ediondo crime o depois em conseqüência de presos e conduzidos à presença dios, realizado em São Paulo·
.sanguinário aventureiro pau- ferimentos. do sultão Muley Ismael, que no período de 26 a 29 de abril
lista foi posteriormente preso JOÃO DOY - Principal poti- os concitou a abraçar a reli- de 1981. Acusou o governo da_
em Recife. guara. Foi mestre-de-campo gião de Maomé. Diante da ne- Paraíba e a FUNAI de promo-
JIBAUNA (Braço Preto) - ín- dos índios do Ceará e do Rio gativa dos meninos, estes pas- verem a divisão dos potigua-
dio tabaj ara, filho de Braço de Grande do Norte. Castigou se- saram a sofrer os mais terri- ras. Contou sobre uma viagem.
Peixe. Se fez presente à sole- verament e os indígenas sim- veis suplícios. Para curar as que fez ao Rio de Janeiro a
nidade de paz entre potigua- páticos aos holandeses, come- feridas, foram levados ao con- fim de verificar a situ ação de
ras e tabajaras, estes repre- t endo inúmeras atrocidades. vento de São Francisco, no trabalho de potiguaras em·-
sentados por seu pai e aqueles JOÃO FERREIRA COSME - Prin- Marrocos. José, que era o mais pregados num estaleiro da
por Pau Seco, na ausência do cipal acroá, de Goiás. Humi- novo, sucumbiu diante da Ilha do Governador. Disse que·
maioral Zorobabé, em 1599. ll1ado pelos conquistadores por- gravidade dos ferimentos. Lo- não gostou. Por fim, falou d ~
JOAÇABA - Principal do Ma- tugueses, resolveu vingar-se reto Couto afirma que os língua quase desaparecida que.
ranhão. Em 1642 foi procura- sublevando os índios. Sua fúria outros três continuaram firmes era falada por seus ances-
do por Antônio Mariz que foi contida graças aos apelos na fé cristã, apesar das amea- trais, acusando os professorea·
tentou convencê-lo a abando- do padre Soares. (Séc. XVlll). ças do sultão. do antigo SPI.
nar os holandeses e apoiar os JOÃO JOS~ DARI - Cacique ma- JOS~ ABREU VIDAL - Principal JOSé DE SOUSA CASTRO -
portugueses, com a promessa nau. Após a morte de Ajurf .. tarairiu, tio do "rei" Canindé. índio da Serra de Ibiapab3..
de mandar padres para suas caba fez as pazes' com os A 5 de abril de 1692 chegou à Combateu os potiguaras e os:
aldeias. invasores. Estabeleceu-se na Bahia acompanhado dos índios tapuias, do Ceará ao Mara-
JOANA - Nome cristão de uma margem esquerda do Solimões, Miguel Pereira e Guaj eru-Ml- nhão. Pelos "serviços presta-·
india de p.e mambuco, mãe do fundando uma aldeia que deu rim, além do português João dos" , foi feito cavaleiro da
mameluco Domingos Feman- origem a Anorl. (Séc. XVIII). Paes Florião, casado com uma Ordem de Santiago. Morreu;
des Nobre, o Tomacauna cé- JOÃO MARCELINO - Prilllcipal filha do cacique Nongugê, em 1730.
lebre pelas entradas que fez ao do Piauí. Destacou-se auxilian- com o objetivo de tazer um JOSé DOS SANTOS - faidio ki-
sertão e pela valentia que to- do os portugueses contra os acordo de paz com o repre ~ riri da Bahia. Foi morto por·
dos temiam. O marido de Joa- pimenteiras. (Século XVIII). sentante do Rei de Portugal. fazendeiros em Mirandela. O·
na e pai de Tomacauna era JORGE TiCUNA - Filho do ré- (Veja Canindé). assassínio de Zezito, como•
um branco, ferreiro, chamado gulo Amaniú. Recebeu a in- JOS! APOLONIO DA SILVA - era conhecido, causou repulsa
Miguel Fernaaides. (Séc. XVI). cumbência de ir ao reino bel- Vice-cacique dos xocós. Re- nos moradores da região. O•
JOAO ALFREDO - Principal ja- j ar a mão de Afonso VI em presentou seu povo tno Semi- principal acusado do crime foi.
guaribara. Fez uma represen- nome dos indios da tribo. Sur- nário Sobre os Direitos Histó- o ex-prefeito de Ribeira do,
tação ao capitão-mor do Cea- giu o boato de que os portu- ricos dos índios, realizado em , Pombal, Edval Calasans. Com o-

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sempre, a posse da terra foi o JUÇARA - fndia guaranl., mu- um. Foi o sucessor de Ararai suicidou-se, deixando-se picar
motivo do crime. lher de Sepé Tiaraju. Tinha no e manteve a aliança com por uma serpente. Parece que
JOS!a F. DO NASCIMENTO - padre Balda um grande amigo Aimberê contra os lusos. <Sé- Basílio da Gama, no seu Ura-
Com os índios Benedito e Ma- nas horas difíceis, notada- culo XVI). guay, procurou dar uma ver-
nuel, representou os pataxó.s mente durante as lutas e de- KOXINI - fndio karajá. Em 17 são indígena à tragédia de
no Seminário Sobre os Direitos pois da morte do herói em de- de junho de 1984 foi empos- Marco António e Cleópatra.
Hi.stóricos dos fndios, realiza- fesa do chão nativo. <Século sado Diretor do Parque Indí- LINO CORDEIRO - fndio mira-
do em São Paulo no período XVIIl). gena do Araguaia. À solenida- nha. Representou seu povo no
de 26 a 29 de abril de 1981. JUCU-GUAÇU - Principal taba- de compareceram o Presiden- Semináirio Sobre os Direitos
Pediram a anulação da de- j ara, aliado de Duarte Coelho te da FUNAI, o cacique Raonl Históricos dos fndios, realiza-
marcação de terras por ser na conquista de Pemambuco. e o então deputado Mário Ju- do em São Paulo no período
danosa aos interesses da tribo. (Século XVI). runa, além de outras autori- de 26 a 29 de abril de 1981.
A aldeia fica no município de JUf (Jia) - Filho de Japiaçu. dades. Disse que os indios devem es-
Porto Seguro, Bahia, e tem Quando os franceses se fixa- LAGARTIXA ESPALMADA tudar, mas quando o fazem
cerca de 1800 habitantes. ram no Maranhão, foi rezada Principal tabajara, do Ceará. "têm vergonha de voltar à tri-
.JOSé OLIVE 1RA DE ARAUJO - uma missa solene a 8 de se- Foi contemporâneo de Diabo bo". Adiantou que os índios, e
fndio apurinã. Participou do tembro de 1612. Nessa ocasião Grande e Cobra Azul. Perse- não a FUNAI, é que deviam
Seminário Sobre os Direitos Juí fez par.te do séquito ao guiu bastante o padre Luís administrar os recursos que
Históricos dos tndios, realiza- lado dos gentis-homens que Figueira. lhes são destinados sob forma
do em São Paulo no período ali estavam. Os franceses ba- de doação. A aldeia da tribo
LAZARO DE SOUSA - fndio ki- fica no município de Tefé,
de 26 a 29 de abril de 1981, tizaram-no com o nome de riri. Representou a tribo no
juntamente com Manuel de Carlos. Amazonas.
Seminário Sobre os Direitos LOPO POTIGUAR - Velho índio
Oliveira, outro representante JULIANA - tndia tapajó. Foi Históricos dos fndios, realiza-
da tribo. feitora da fazenda 'Mamaiacu', do Rio Grande do Norte ba-
do em São Paulo no período tizado quando já tinha mais
.JOSé SARAIVA SURA ACONA Pará. O padre Francisco Velo- de 26 a 29 de abril de 1981.
so fez o seu casamento com de 120 anos de idade. (Século
- Vice-pajé dos tinguibotós. Falou dos problemas entre XVll) .
Ameaça entrar em guerra con- José Curemim. (Século XVll). índios e posseiros. :t cacique
tra os fazendeiros caso estes JURUPARI (Diabo) - Cacique da aldeia que tem cerca de LOURENiÇ A - Nome cristão da
não devolvam duzentos hecta- tupinambá. Moveu guerra sem 1800 habitantes e fica no mu- índia sergipana que teve um
res de terras indígenas ven- trP.~11 3 s contra os fra.nceses e nicípio de Ribeira do Pom- filho <Robério Dias) de Bel-
didas irregularmente. A área portugueses no Maranhão. Um bal, Bahia. chior Dias Moreya. Era irmã
questionada situa-se no mu- i1illo seu matou a flechadas LEANDRO DA SILVA - fndiú de Biru. (Século XVI).
nicípio de Feira Grande, Ala- uma personagem que dizia "ter cariri, filho de Martinho da LOURENÇO - Feiticeiro de uma
goas. vindo do céu". Essa persona- Silva. Leandro combateu os tribo amazónica. Induzido pe-
.JOS!a LADINO - tndio minuano gem parece ter sido o padre ta.pulas e foi governador dos los padres, coube-lhe o duplo
do Rio Grande do Sul. Sabia Luís Figueira, amigo e com- índios da margem direita do ofício de não deixar faltar
falar a língua castelhana e panheiro do desditoso padre São Francisco, na Bahia. água no lavatório e de cuidar
por isso foi bastante utilizado Francisco Pinto. LEONARDO - índio que serviu da horta do colégio. Morreu
pelos padres portugueses nas JURITABOCA Velho índio de guia a Damião Cosme de em 1758 com apenas 27 anos
atividades de catequese. (Sé- que, segundo Martius, til?lha Faria e l\fanuel do Rego Pe- de idade e foi enterrado de·-
culo XVlll). como atividade principal o co- reira, na região de Jacobina, baixo do estrado da igreja do
mércio de veneno para flechas, Bahia, quando estes por ali colégio de santo Alexamdre.
:.os~ VASCONCELOS - Principal
tabaj ara, da Serra de Ibia- que vendia às tribos amigas. andaram em busca de ouro e LUfS DE SOUSA - Principal
paba. Foi contemporâneo de KEBIRA - Principal gualaná, pedras preciosas. Sua aldeia tupinambá, do Maranhão. Ví-
Jacobo de Sousa e de Sebas- parente de uma das mulheres foi destruída por Afonso Ro- tima das intrigas do sangui-
tião Saraiva. o capitão-mor de Araraí. Durante a resistên- drigues (da Cachoeira). O Rio nário Bento Maciel Parente,
do, Leonardo é em sua me- foi defendido por Francisco
Salvador Alves da Silva conce- cia tamoia foi se estabelecer
na margem direita do Paraíba.
.
mor1a. Coelho d·e Carvalho, num pa-
deu-lhe um pedaço de terra
com meia légua de largura por Ajudado por uma leva de goi- LINDólA - Lendária índia gua- recer datado de 28 de f everei-
três de comprimento no sí- tacases, que acampava na re- rani, noiva de Cacambo. Pen- ro de 1624.
tio Jopepaba, em 25 de agosto gião, pôde esperar os portu- sando que o amado havia mor- LUfS HENRIQUES - fndio aimo·
de 1720. gueses e liquidá-los um por rido na guerra dos Sete Povos. ré, de Dhéus. Tornou-se amigo

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do padre Luís da Grã. Era não enfrentar o poderio do ligeireza, que foi forçoso arre- era o último índio da tribo
dono de uma engenhoca em irmão. meter só a todos. os contrá:rios, gren, que habitava na região
Camamu e foi um dos abaste- MAHENDI - Cacique guarani da dos quais matou dois e pôs os de Ilhéus, Bahia.
cedores do Colégio da ·Bahia. boca do Iguaçu. Foi "encomen- demais em tal desordem, que MANUEL DE SOUSA - Neto de
(Século XVI). dado" em 1597 a João Gonçal- quando chegaram os que vi- Araribóia. A pedido do gover-
LUf S MENDES - fndio da re- ves, pelo governador de As- nham com ele, assim portu- nador Martim de Sá fundou
gião do Rio ltapicuru, Mara- sunção, Ramires de Velasco. gueses como índios, já tinha uma aldeia entre Cabo Frio e
nhão. Era explorador de mi- MAJUARA - Principal da aldeia rendido a canoa e preso o ca- lVIacaé, em 1615, a fim de mi-
nas; por isso foi procurado de JaguaraquaJ.r a, Maranh.ão, pitão dela, e sua mulher e o nimizar as incursões de es-
por portugueses, ávidos de ri- aliado dos franceses. (Século filho livres". Antes desse epi- trangeiros que ali vinham em
queza fácil, em 1686. XVII). sódio, que ocorreu em 1614, o busca de pau-brasil. Seu tio,
MA,MOR!NI - Principal irurl bravo cacique havia participa- Amador de Sousa, procedeu do
LUfSA - fndia de Caucaia, do de outras expedições, inclu- mesmo modo.
Ceará. Convertida ao cristia- das margens do Madeira. Sua sive a de Pero Coelho de
aldeia tinha construções tão MANUEL CELEST ~:NO Com
nismo, resolveu permanecer Sousa, que malogrou. Mrundio- outro índio (Milton), repre-
virgem para melhor servir a perfeitas que causavam admi-
ração. Em 1688 recebeu a vi- capuba mereceu honras e sentou os xukuru-kariri no Se-
Deus. Porém, imstigada pelos mercês do Rei de Portugal por minário Sobre os Direitos His-
pais e pelo padre Rogério Ca- sita dos padres José Barreiros
seu desempenho em favor dos tóricos dos fndios, realizado
nísio, casou-se em 1744 com e João Bonomi. invasores. em São Paulo no período de
um índio da mesma aldeia, MANDIARé - Principal da. Serra
de Ibiapaba. Prestou auxílio aos MANOU LADINO - Principal 26 a 29 de abril de 1981. É o
sendo contaminada com doen- tapuia. Comandou a última re- cacique da tribo, que se loca-
ças venéreas. Definhando e à padres Francisco Pinto e Luís
Figueira, fornecendo-lhes man- sistência de vulto contra o in- liza em Palmeira dos fndios,
beira da morte, passou a ter vasor luso no Nordeste. Entre Alagoas. Disse qµe suas terras
visões celestiais que aliviavam timentos de sua roça em de-
terminado momento da cami- 1712 e 1717 arrasou sítios. e estão cada vez mais mingua-
suas dores. Morreu um 'ano fazendas no Piauí, Ceará e das e que as reivindicações do
depois. nhada dos jesuítas em busca
do Maranhão. (Século XVII). Maramhão. Foi derrotado pelos seu povo datam de 1822. Lem-
MACEDõNIO MAIAVAl - fndio tabajaras da Serra de Ibiapa- brou, ainda, que dos cem guer-
bakairi. Representou seu povo MANDIOCAPUBA - Cacique ta- ba. l\1orreu lutando próximo
bajara. Antes do combate de reiros da sua tribo convocados
no Seminário Sobre os Direi- Guaxenduba, que culminou ao delta do Parnaíba. para lutar na Gu·e rra do Pa-
tos Históricos dos fndios, rea- MANEN - Principal da tribo raguai apenas um voltou. Além
lizado em São Paulo no pe- com a expulsão dos franceses
do Maranhão, que aí haviam amazônica conhecida como ca- de tacique é também presi-
ríodo de 26 a 29 de abril de s e estabelecido sob o comande> belos compridos. Em 1613 to- dealte do Conselho Estadual
1981. Reivindicou a devolução mou parte na embaixada indí- dos índios de Alagoas. A aldeia
das terras tomadas pelos fa- do senhor da La Ravardiêre,
umas moças tabajaras proce- gena à corte de Henrique IV, tem menos de mil habitantes.
zendeiros. morrendo em Paris. MANUEL MASCARENHAS - ín-
dentes da Paraíba sairam para
MACUPARI - Cacique jurl, do mariscar na praia. De repente MANGUE - Cacique tabajara. dio temiminó do Espírito San··
Amazonas, cuja aldeia foi os í..ndios aliados dos france- Participou da expedição de to. Foi da inteira confiança
atingida por terrível epidemia ses atacaram-nas, matando Feliciano Coelho em socorro dos jesuítas, que o mandavam
em 1775. umas e levando outras prisio- da fortaleza dos Reis Magos, ao sertão comandando expedi-
MACURAGUAIA - Principal ma- neiras. A mulher de Mandio- ao lado de Braço de Peixe, ções. Numa delas foi morto
raunu, do Amapá. Facilitou capuba estava entre o grupo Assento de Pássaro, Pedra Ver- pelos apiepetangas. (Séc. XVI).
bastante a conquista portu- assaltado. Sobre o episódio de e Cardo Grande, em de- MANUEL SALADINO - índio
guesa naquela região. Certa assim se refere Diogo de Cam- zembro de 1597. Sozinho in- aranhi, nascido e criado numa
ocasião hosped~u o capitão- pos: ''Tocou-se arma, e acudiu vestiu contra muitos conse- aldeia de jesuítas. Em 1716 fez
mor do Pará e o padre Pfeil. a gente com presteza, que não guindo libertar sua mulher e valer contra os portugueses
(Século XVII). somente lhes tiraram o que filhos que estavam cativos do.s todos os conhecimentos que
MAFUE - Irmão de Taluco, tomado tinham, mas pelo va- potiguaras. Acompanhou Jerô- com eles adquirira, matando
contra quem rebelou-se e ten- lor de um principal da nação nimo de Albuquerque na con- todos que encontrava. Exter-
tou fundar uma aldeia in- tabaj ara, chamado Mandioca- quista do Maranhão, merecen- minou um grande comboio a
dependente; foi dissuadido por puba, o qual sentindo que lhe do honras e mercês do Rei. caminho de São Luís, depois
José Antônio de Nogueira levavam sua mulher e um fi- MANUEL - CapitãoManuel, de amotinar-se e matar o
Campos, que o aconselhou a lho cativos, correu com tal como era conhecido. Em 1818 mestre de campo António da

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Cunha Souto Maior, cujo di- moios e os franceess em 1567, afeição por Álvaro Rodrigues. MARIA DOMINGA MIRANDA -
vertimento preferido era dece- o Gramde Gato assenhoreou-se Este mameluco ensinou-lhe a 1ndia remanescente dos paia-
par cabeças de índios. Saladino da Ilha Rasa, onde ficou. Foi lírngua dos tupinambás, deu- guás que em 1940 prestou mi-
morreu em 1755 tentando ele um grande auxiliar dos lhe vestidos de algodão, espe- nucioso depoimento sobre os
atravessar o Parnaíba a nado, invasores, que a partir de lhos, pentes e rede. Fez com seus antepassados ao estudioso
fugindo da tenaz perseguição então tornaram-se arrogantes que ela voltasse aos aimo- Max Scmldt.
dos portugueses. e tiranos. rés, a fim de convidá-los,
prometendo tratá-los bem e MARIA MOAÇARA - Prlncipa-
MANUEL WERA - fndio guara- MARACANÃ - Chefe guarani
ni. Representou seu povo no da região de Guairá. Ameaçou presenteá-los de igual modo. De lesca dos tapajós. Gozava de
tal jeito a moça convenceu os larga reputação entre os je-
Seminãrio Sobre os Direitos matar os jesuítas do padre suítas. Não quis casar-se com
Históricos dos fndios, realizado Montoya. Houve também um seus que alguns moços vieram
com ela. Levados à presença nenhum índio, preferindo ficar
em São Paulo no período de principal carijó com o mesmo com Rafael Gonçalves <três.
26 a 29 de abril de 1981. No nome, contemporâneo de !pe- do governador, este os tratou partes português e uma afri-
conclave foi assessorado pelos ru Guaçu. (Século XVII). muito bem, oferecendo-lhes
presentes e festas. Com esses cana>. Moaçara instituiu O·
índios Aní.sio Tupã-Mirim, An- MARACUJA PEROBA - Princi- matriarcado naquelas para-
tônio Branco, Maurício Txidjú, pal da Ilha de São Luís. Fol afagos muitos outros aimorés
chegaram-se ao hábil mame- gens e desejou passar o
Cecília e Joventina. Tupã-Mi- contemporâneo de Japiaçu, a. "principalato" por linha fe-
rim denunciou os maus tratos quem obedecia. Dizem que era. luco que os aldeou junto à
cachoeira do Paraguaçu, de- minina a uma parenta próxi-
infligidos aos índios paramaen- bastante alto e forte, e admi- ma. Governou também os are-
ses pela FUNAI. Disse ainda ravelmente valente. Tinha cer- pois de mostrar-lhes as "van- tuses e os arapiuns. Morreu
que reside na aldeia M'bol ca de cem anos de idade tagens da vida sedentária". em 1678.
Mirim graças ao padre José quando os franceses chega·- Esta foi a origem da cidade
que ali mandou construir vá- ram no Maranhão. (Século de Cachoeira, na Bahia. MARIANA PINTO - Nome cris-
rias casas para os indígenas. XVI). MARIA - Nome cristão de uma
tão de uma índia do Pará.
fndla da Bahia que ao mor- Enfrentava os guardas e pe-·
MAQUIPARO - Rico e poderoso MARAPIÃO - Cacique do Pará.
morubixaba amazônico. Seus rer foi levada à Igreja de netrava na prisão onde esteve
Foi agraciado com o hábito de o padre Vieira, a fim de le-
domínios confinavam com os Cristo. Durante uma alterca- Nossa Senhora do Rosário.
omáguas. Segundo Orellana as Conta a lenda que a fé dos var-lhe comida. Em reconhe-
ção com o padre Vieira disse cimento, os padres proporcio-
terras desse régulo eram ex- a este que "era livre e não presentes, inclusive muitos ín-
tensas e bastante populosas. dios, fez com que ·e la revives- naram a ordenação do seu
escravo". Foi o bastante para único filho, que veio a ser cura
Há quem afirme que Maqui- que o jesuíta pedisse sua pri- se, tendo vivido ainda mui-
paro dispunha de cinqüenta são ao governador Pedro de tos anos. O suposto milagre de Belém. Foi enterrada na
mil guerreiros em condições de Melo, como traidor. Depois de teria ocorrido no Século XVII). igreja do colégio por conta da
combater. (Século XVI). dois anos de prisão, a ferros, Uma india carijó, de lta- Companhia de Jesus. (Século.
foi degredado para outra ca- nhaém, São Paulo, com o mes- XVII).
MARACAJA GUAÇU (Grande Ga-
to) - Chefe Indígena temimi- pitania, perdendo a direção da mo nome mas não batizada, MARCOS TERENA - fndio tere-
nó. Foi o maioral da Ilha do aldeia da qual era o chefe. foi personagem central de na. Inteligente e bem relacio-
Governador, no Rio de Janeiro, uma narração da Anua de nado com os brancos, exerceu
MARCIAL - fndio tarairiu. Em
sendo daí expulso pelos ta- 2 de outubro de 1631 compare- 1611, que conta um caso ex- vários cargos, inclusive o de
rnoios, seus inimigos·. Voltou ceu perante o Conselho de traordinário acontecido com a Chefe de Gabinete da FUNAI.
para o Espírito Santo ·e m 1554 Guerra Holandês, para propor referida indígena. Há, ainda, t um grande entusiasta da
em embarcações de lá envia- aos invasores bátavos uma in- uma Maria, originária do Rio causa indígena. Participou do
das por Brás LOurenço, a pe- cursão ao território norte-rio- Grande do Sul, que hoje vive Seminário Sobre os Direitos.
dido dos jesuítas. Fundou grandense, com vistas à to- na aldeia 'Boa Esperança', lito- Históricos dos f ndios, assesso-
aldeias na região de Nova mada do forte dos Reis M~ ral do Espírito Santo. Ela diz rado pelos mdios Domingos,
Almeida. Recebeu honrarias gos. A proposta foi aceita e que ''a terra é um bem divino Regina, Zilda, Miguel, Ilza,,
do donatário Vasco Fernandes Marcial regressou da Holanda a que todo vivente tem direi- Elias e Callxto.
Coutinho. Quando Mem de Sá com os índios Tacon, Aranova to; não existe dono da terra, MARIO - Tuchaua kaxinauá..
vinha da Bahia para comba- e Mataune. A fortaleza foi o único dono é Deus; a terra Apresentou denúncia e recla!-
ter os franceses no Rio de Ja- tomada dois anos depois. foi feita para todos viverem: mação contra a predação dos,
neiro, o Grande Gato juntou-se MARGARIDA - Nome cristão da indios, brancos animais e "civilizados" sobre a fauna e·
à expedição. Batidos os ta- india aimoré que se tomou de plantas". flora às margens do Purus.

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MARIO JACINTO - Cacique cai- para decidir se dava ou não, julho de 1595. O encomendei- gando em Assunção no dia 11
gangue. Tomou parte ativa pois vivia em boa paz com os ro Juan Merino tentou usurpá- de março de 1542, depois de
nos acontecimentos relaciona- rebeldes. Resolveu não dar. las. Houve outro índio com o 143 dias de viagem. Houve
dos com a Delegacia da FU- MATARUÃ - fndio porcaze, nas- mesmo nome, batizado pelo outro índio chamado Miguel,
NAI em Bauru, São Paulo, cido no sertão de Rodelas, Ba- padre João Gonçalves, em ho- natural de Itapecerica da Ser--
que culmilllaram com a de- hia. Tomando o nome cristão menagem aos Reis Magos. ra, São Paulo. Este, em feve-
missão do sertanista Álvaro de Jorge Dias de Carvalho, os MENESES CELESTINO - Con- reiro de 1771, desertou da ex-
Vilas P>0as. portugueses fizeram-no gover- selheiro dos pankararés. Par- pedição de Francisco Martins
MARIO JURUNA - Cacique xa- nador de todos os índios da ticipou do Seminário Sobre os Lustosa, enviada de São Paulo
vante. Participou do Seminá- margem direita do baixo São Direitos lllstóricos dos fndios, para desbravar os sertões do
realizado em São Paulo no pe- Tibaji.
rio Sobre os Direitos Históricos Francisco. Um filho seu foi
dos fndios, realizado em São caluniado pelos brancos que ríodo de 26 a 29 de abril de MIGUEL DA SILVA CARDOSO -
Paulo no período de 26 a 29 deram ao rapaz morte hor- 1981. Sua aldeia fica em Nova fndio sergipruno. Foi nomeado
·de abril de 1981. Fez-se acom- rível. Glória, Bahia, e tem como ca- capitão dos jenlpapos e ca-
panhar dos índios Ivo, Renato, MATIAS DE ARAUJO - fndio cique Manuel Pereira. nindés por Henrique Pereira
.Lourenço, Aniceto, Lino, 1\la- da aldeia Espírito Santo, Ba- ft\EQUEGUARA - Principal dos Freire, com a finalidade de
'n uel, Segundo Xavante, Celes- hia. Em 1668 foi feito capitão abacus de Santa Catariilla. formar uma companhia de ln ..
tino, Pahori, Sipriano, Pedro, dos índios. Consta que foi Quando da segunda expedição fantaria na região de Bana-
.Simão e Matias. Em 1982 foi dos jesuítas ao Sul, tentou buiú, Ceará. A cartru-patente é
bastante respeitado pelos seus de 21 de outubro de 1739.
1eleito deputado federal pelo governados. matar os padres Afonso Gago e
Rio de Jruneiro, tornando-se João de Almeida, mas desistiu MIGUEL DE CARAr (Dom) -
MATIPUCU - Principal criti-
representan~3 da comunidade guadu. Em 1701 sublevou-se do intento por interferência Foi chefe de todos os caciques
.indígena brasileira no Con- contra os tabajaras da lbiapa- de í.n dios de outras tribos. (Sé- minuanos, como se fora um
gresso Nacional. Em 1986 ten- ba, alegando o injusto trata- culo XVII). rei. Algumas famílias ilustres
tou a reeleição mas não con- mento que os padres dispen- MEQUIGUAÇU - Principal poti-
do Rio Grande do Sul descen-
seguiu. Ao lado de Raoni é o savam aos da sua tribo. Mor- guara. Participou da fundação dem desse morubixaba, que
índio de maior evidência no de Natal. Tinha grande influ- teve uma neta casada com
reu em seguida de um feri- Rafael Pinto Bandeira. Dizem
Brasil atual. mento no pé. ência junto aos índios do nor-
Cunhado de Co- que foi uma figura de muito
MARTINHO - MAURfCIO ALBUQUERQUE - deste da Paraíba (Baía da valor fisico e intelectual.
pa uba. Por ser um índio muito fndio carijó. Era filho de Abe- Traição). Foi aliado dos portu-
habilidoso, os padres aprovei- gueses, em favor dos quais MIGUEL DE SOUSA - fndlo
raba, sobrinho do Anjo e cristianizado. Prestou bons
taram-no para confeccionar as primo de Terreiro Espanto- colocou quatro mil arcos em serviços aos portugueses du-
imagens de muitas igrejas no so. Foi um excelente mensa- 1621.
rante a fundação da traba-
Maranhão. geiro dos padres. (Séc. XVII). MESSIA UÇU - Filha de Pl- lhosa Colônia do Sacramento.
MATARAPU.Ã (Beiço Redondo) MAXURE - Principal jaguarl- querobi. Casou-se com o fa- Foi preso pelos castelhanos.
- Principal da Ilha de São bara. Em 10 de agosto de 1671 zendeiro e potentado em arcos (Século XVII) .
Luís. Governava a aldeia de assinou, com outros principais, Salvador Pires (o moço), o
qual tomou parte numa das MIGUEL GUAJERU PEQUE>NO -
Itapari. Os franceses apelida- uma petição na qual pediam Principal de três aldeias ta-
ram-no de Caranguejo. To- auxílio aos portugueses para expedições de Jerônimo Leitão puias. Fez parte da comitiva
mou parte da missa solene da combater os paiacus. contra os carij ós. que foi à Bahia firmar um
fundação de São Luís, a 8 de MBAET Ã - Principal carijó, MIGUEL - Indio guarani. Em tratado de paz entre o "rei"
setembro de 1612. irmão de Tubarão Grande e 1541 serviu de guia a Alvar Cani.ndé e o representante de
·MATAROÃ - Os portugueses de- de Itapari. Era contrário à Nunez Cabeza de Vaca no per- Sua Majestade. A embaixada
ram-lhe o nome de Francisco amizade dos irmãos com os curso entre o Rio Tibaji e foi composta por ele, pelo
e o fizeram governador dos padres e por isso atacou suas Assunção, onde residira algum maioral José de Abreu Vidal
índios da Serra de Ibiapaba. aldeias em 1628. tempo. Vinha o índio de lá e (tio de Canindé), e mais quin-
.Em 1718 D. João V incumbiu MELCHIOR - Cacique guarani. ao encontrar o adelantadO ze indígenas, além do portu-
Bernardo Carvalho de castigar Depois de morto, sua viúva ofereceu-se para guiá-lo. Acei- guês João Paes Florião, casado
·dez tribos desobedientes; para doou as terras à Comprunhia de tando o oferecimento, Cabeza com uma filha de Nongugê.
isso foi solicitado de Mataroã Jesus. A doação foi feita por de Vaca dispensou os índios Na presença do governador
um contingente de quatrocen- intermédio do padre portu- de Santa Catarina, que até ali Antônio Luís da Câmara Cou-
tos índios. Ele passou um ano guês r.iranuel Ortega, em 20 de o haviam acompalllhado, che- tinho, que na ocasião repre-

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sentava o Rei de Portugal, os justamente na ocasião em que tando para dizer àquele fidal- MUROTI - Tapuia, filho do "rei·'
índios esclareceram terem vin- Mem de Sá estava preparando go que os franceses estavam Janduí. Serviu como emissário
do do sertão, distante 380 lé- sua primeira expedição ao Rio agindo do mesmo modo que os de seu pai junto aos holande-
guas, solicitar "uma paz per- de J aneiro. Miramba não via portugueses, isto é, com en- ses em abril de 1647. Conduziu
pétua para viverem a sua na- os portugueses com bons olhos godas e promessas vãs, no in - Roulox Baro à presença do
ção e a portuguesa como e isto o levou a se omitir pro- tuito de escravizar os indíge'- régulo, a fim de negociarem
amigas". O acordo foi firmado positadamente da referida ex- nas. os franceses a pelaram uma aliança contra os portu-
a 10 de abril de 1692 e é o pedição, que tinha como obje- para o intérprete Migan no gueses. No dia 27 de abril da-
único do gênero no Brasil. tivo combater os seus irmãos sentido de convencer Momboré quele ano Muroti teve o
MILHO VERDE - Principal ta- tamoios e alguns franceses de que suas suspeitas eram cuidado de recolher os ossos
baj ara. Matou o potiguara que estavam no Rio de Ja- i!Ilfundadas. Quando Duarte dos que haviam morrido no
Arabitá, qu,e era sobrinho de neiro. Coelho apossou-se de Pernam- massacre de Cunhaú. ·
Pau Seco e de Zorobabé. MITAGAIA - Principal de Per- buco, este velho índio já de- MURUNA-GUAÇU - Cacique ca-
1

O crime agitou as duas gran- nambuco. Em 1584 apresentou- via ter mais de cem anos. rijó, parente do Anjo. Numa
des nações, apercebendo-as se ao visitador Gouveia vesti- Sentindo-se impotente para divisão de poderes e jurisdi-
para a guerra. (Século XVI) . do de damasco com passama- reprimir a invasão, dirigiu ção, coube-lhe uma faixa de
MILTON - Com o seu colega nes de ouro e de espada à para o norte o êxodo dos cae- terra entre os atuais Estados
Aleixo, representou os kraós no cinta. Entregou um filho do tés, indo fixar-se no Ma- do Paraná e Srunta Catarina.
Seminário Sobre os Direitos mesmo nome ao padre Grã, a ranhão. Tinha voz melodiosa e elegan-
Históricos dos índios, realizado fim de aprender o português, te. Segundo os padres, era
ler e contar. No Maranhão MONDUBI - fndio tapuia. Foi traficante de escravos, que
em São Paulo no período de mensageiro e guia de Roulox
26 a 29 de abril de 1981. Mil- houve um cacique com o mes- trocava por bugigangas. Seu
mo nome (provavelmeinte fi- Baro quando este holandês es- nome na língua indígena sig-
ton é o cacique da sua aldeia tava a caminho da aldeia do
e na ocasião manifestou o de- lho do primeiro) . Este em 1642 nifica Grande Papagaio.
sejo de ver Marcos Terena foi procurado pelos padres "r ei" Janduí. (Século XVII).
MUTURA - índio do Maranhão.
como presidente das tribos in- para dar apoio aos portugue- MONGAGA (Besouro) - Cacique Em 1613 serviu de testemu-
dígenas. ses na luta contra os holan- pataxó. Em 1984 promoveu nha no inquérito presidido por
deses. uma campanha para substi- Melchior Vaz e Francisco de
MINGAU - fndio temiminó. Foi tuição do delegado da FUNAI
escravo de Villegagnon. Por MOEMA - Uma das mulheres Albuquerque, no qual Martim
motivo irrelevante o francês índias de Caramuru. Teve em Govemador Valadares, Mi- soares Moreno fora indiciado.
mandou amarrá-lo a um ca- vários filhos com o branco, nas Gerais, alegando que aque- NAMOA - fndio carijó, de San-
nhão e derramar toucinho entre os quais Madalena, que la autoridade agia contraria- ta Catarina. Por determinação
derretido em suas nádegas. foi primogênita. uma neta de mente aos interesses dos índios do cacique Arosca acompa-
Esta cena de crueldade foi Moema (Isabel, filha de Ma- da região. nhou o filho deste, Içá-Mirim,
presenciada por Jean de Lery, dalena), casou-se no dia 22 de MUREPANÃ - Cacique manau. na viagem à Europa. Namoa
no Rio de Janeiro, em meados abril de 1582 com João Ama- Foi o principal aliado de Aju- morreu de escorbuto no navio
do Século XVI. rante de Camões, sobrinho do ricaba. Tinha um stnal em de Gonneville, em 1504, antes
MI RAMBA - Era considerado o poeta de Os Lusíadas. forma de R acima do peito es- de chegar ao desti!Ilo.
mais poderoso cacique do Re- MOMBOR.ií GUAÇU (Flauta Gran- querdo e outro na testa. (Sé- NANDUABUÇU - Cacique do
côncavo baiano, ao lado de de) - índio de Pernambuco. culo XVIll). Mato Grosso do Sul em cujas
Tubarão. A aliança desses doi:; Migrou para a Serra de lbia.- MURITIBA - Íirldio tabajara. Em terras os castelhanos cons-
caciques representava uma sé.- paba e daí para o Maranhão, 1655, desobedecendo ordens do truiram muitas igrejas, que
ria ameaça aos planos de sempre fugi!Ildo aos maus- Rei de Portugal, passou-se para foram destruídas pelos bandei-
conquista dos invasores. Com tratos lusitanos. Dizia que ha- o Maranhão. Apesar das dificul- rantes paulistas ao longo do
intrigas e aleivosias os lusos via assistido o estabelecimen- dades do caminho, ofereceu-se Século XVII.
conseguiram provocar a tnimi- to dos portugueses em Per- para conduzir correspondências NEDAIAÇU - Famoso pajé pa-
zade entre os dois maiorais, nambuco em 1535. Assistiu a do governador André Vidal de raubi, do Espírito Santo. En-
que se deixaram levar pela lá- chegada dos franceses no Ma- Negreiros, que nessa época per- sinava aos índios a maneira
bia dos prepostos do governa- ranhão e presenciou a funda- doava os delitos dos índios da correta de fabricar e usar pe-
dor. Receiando ser punido por ção de São Luís em 1612. Em Serra de Ibiapaba. Muritiba trechos contra malefícios. (Sé-
ter matado um filho de Ca- conversa com o senhor des aproveitou a viagem para fazer culo XVII).
ramuru, Miramba fugiu com a vaux afirmou que tinha mais as pazes entre os portugueses e NHANDUPATIBA - fndia da
~aior parte de seus índios, de 180 anos de idade, aprovei- os tremembés do Piauí. Serra de Ibiapaba. Assediada

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por um índio apaixonado, não con temporâneo de Sepé Tiara-
ousou trair o marido. Diante ju e morreu no masscare de va em Olinda. Foi o pai da Albuquerque Maranhão toma-
das ameaças do conquistador Caiboaté, em 1756. índia Maria do Espírito Santo ram-lhe todos os pertences.
e da sua negativa, recebeu NHONGUG~ (Abelha Parda)
que se apaixonou pe~ o portu- fora uma espada e duas mu-
vários golpes de faca e mor- Principal tapuia, cunhado do guês J erônimo de Albuquerque, lheres. (Século XVII).
reu defendendo a honra, a 5 "rei" Canindé. Tinha uma fi- salvando-o de morte certa. Ao PACARU - Cacique do Mato
de agosto de 1753. lha casada com o português atender as súplicas da filha, Grosso cujos domínios fica-
NHENGUIRU - Poderoso moru- João Paes Florião. (Séc. XVII) . que inconsolável pedia a liber- vam n a região do Rio Ara-
bixaba guarani, amigo dos j e- dade do prisioneiro, Arco guaí, nas proximidades de
N l EZU (Encurvado) - Cacique Verde com a fala amargurada
suítas. Em 1639, junt-0 com guarani. Celebrou as pazes Xerez. Foi bastante perseguido
Abairu, venceu os bandeiran- aproximou-se do estrangeiro, pelos bandeirantes paull.stas
com os castelhanos quando era
tes paulistas, entregando os governador de Assunção D. desatou-o do poste do sacrifí- no início do Século XVIT.
prisioneiros ao governador de Luís de Céspedes, prometendo cio, empurrou-o para o lado PACATUBA - Cacique caeté.
Assunção, D. Pedro de Lugo e obediência ao Rei da Espanha, da filha e disse : "Toma-o, é Atuava na região do mesmo
Navarra. Ele e Abiaru derro- desde que seu povo jamais t eu". n ome, em Sergipe. Lutou con-
taram os bandeirantes duas fosse obrigado a servir aos esr- NIVALDO - fndlo apurinã. Em tra as tropas de Cristóvão de
vezes: em Caapaguaçu e em panhóis, salvo os jesuítas. Or- 1984 fol indicado pela Assem- Barros. Era irmão de Ja pa-
lVIbororé, em 1639 e 1641, res- denou o trucidamento do ve- bléia Indígena para ser dele- ratuba.
pectivamente. Derrotou tam- nerável Roque Gonzales e do gado da FUNAI no Acre. Há PAGUANA - Cacique amazôni-
bém o cacique Niezu em Cas- seu companheiro, o padre outro Nivaldo que é cacique co. Recebeu Orellana e sua
tro, em 1644, incorporando AfOIIlSo Rodrigues, a 15 de no- da aldeia Morro da Saudade. gente como amigos durante a
suas forças às de Manuel ca;- vembro de 1628. Instigado por Este migrou com a família do descida do explorador espa-
bral. Referiindo-se ao cacique, Potivara e Quarabai, fez desba- Paraná para São Paulo. A fa- nhol Amazonas abaixo. (Sécu-
assim se expressa Taunay: tizar seus índios numa curio- mília, que é liderada pela avó lo XVI).
"Depois de procurar provar sa cerimônia: mandou lavar de Nivaldo, fundou a aldeia PAIACÃ - Cacique do sul do
que D. Pedro de Lugo assistira as cabeças dos conversas com da Barragem atualmente a
a uma agressão do padre Al- água quente, esfregando areia mais populosa de São Paulo. ~ Pará. Em 1985 assinou um
f aro a pequeno bando de nas suas línguas, raspando-as comovente o depoimento deste acordo com o governo visando
paullstas que percorria o ser- com conchas, para tirar qual- Íllldio sobre a migração da sua a delimitação de suas ter-
tão pacificamente, entendeu o quer resquício do sal do ba- família. ras invadidas por garimpeiros
bispo Cardenas provar a exis- tismo. Para que a desconver- lnescrupulosos. Garantiu 3,5
OKIJUBA - Um dos chefes in- milhões de hectares para sua
tência de um caudilho guara- são fosse completa, Niezu en- dígenas que se aliaram a
ni,_ certo Nicolau Nheengulru fiou o vestido do pajé sobre gente.
as vestes sacerdotais do j esuí- Aimberê na luta contra os in-
que governava as hostes dos vasores portugueses. Coman- PAICU - Chefe tapuia. Ten-
índios jesuíticos, mas como ta que momentos antes havia dou um grande pelotão com- tando salvar sua tribo, aliou-
soberano do que como general sido morto por Potivara e Qua- posto de goitacases e aimorés. se aos portugueses contra o
das t ropas da Companhia, rabai. Não satisfeito ainda, (Século XVI). "rei" Janduí. Posteriormente,
quatro mil "yndios con muchas partiu os vasos sagrados, ateou porém, seu povo foi dizimado
armas de fuego y otras de su fogo na igreja e disse ao povo ORUBU ACANGA Cacique pelos lusitanos. (Século XVII).
uso". Taunay diz mais: "Che- que daquele dia em diante o tapuia. Em 1644 revoltou-se
- Cacique guarani da re-
gava ao desaforo de usar ce- país era seu outra vez. Disse contra os holandeses. Truci- PAIY gião de Guarapuava, Paraná.
tro e coroa sobre o seu "som- ainda que ninguém disputasse dou a guamição do forte do Em dezembro de 1771 mante-
brero de muchas plumas". Tal com ele a divindade e que ca- Rio Ceará, entregando-o aos ve contato com a expedição de
a sua insolência que o gover- da um tomasse quantas mu- portugueses. Para isto, aliou- Paulo Chaves de Almeida, com
nador do Paraguai, Valderra- lheres quisesse, como seus pais se com Iacoruna Mirim e Ta- quem trocou presentes e ama-
ma, declarava recebê-lo em sempre haviam feito. Tentou paratim da Serra. bilidades.
suas t erras em nome do Papa. destruir a redução de São Ni- PACAMO (Peixe Sapo) - Prin- PAPAGAIO - Chefe indígena
Tão a trevido este índio que a colau mas não conseguiu. Foi cipal de Cumá, Maranhão. Foi carijó do Rio Grande do Sul.
Valderrama timbrara a tratar derrotado em Castro por bastante inteligente, versátil e Foi procurado pelos jesuítas
por capitão. Nem sequer apea- Nheenguiru, em 1644, quando estimado. Um dia apresentou- durante a segunda expedição
ra do cavalo para saudar o morreu. se a La Ra vardiere escamcha- deste ao Sul. Os portugueses o
governador espanhol". Há um NIRAUBI (Arco Verde) - Caci- do numa mulher, vistosamente prenderam e cativaram mais
segundo Nheenguiru que foi que tabajara cuja aldeia fica- . emplumado e acompanhado de de mil dos seus índios. Trans-
- outras trinta. Os filhos de feriu-se para o Rio de Ja-
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t1eiro e aí foi batizado com 28 de julho de 1528, tomando castelhano Nuflo Chavez, fun- da produção sem interferência
mais três filhos pelo padre o nome de Catarina Alvares, dador de Santa Cruz de la da FUNAI.
Francisco Carneiro que já o tendo como padri.!Ilhos o pró- Sierra. Posteriormente Chavez
conhecia. No batismo tomou o prio Cartier e sua mulher Ca- foi vingado por Diego de Men- PAU SECO - Famoso cacique
111ome de Rodrigo de Miranda terine des Ganches. Sobrevi- donza de forma violenta. potiguara, irmão de Zorobabé.
IIenriques, então governador veu ao compa;nherio e morreu PATUA - Jovem indígena do Já em 1567 mantinha relações
da cidade. Foi contemporâneo em 1586 em idade avançada. Maranhão, sobrinho de Mara- comerciais com o francês Jac-
de Tubarã'<> Grande, Torvão, É considerada a mais antiga cuj á-Peroba. Tomou parte nas ques Riffaut. Em 1594 aconse-
Conta Larga e Grande Anjo. figura feminina da História do solenidades de fundação da lhou o estrangeiro a se esta-
Século XVII). Brasil e uma das mães do po- cidade de São Luís em 1612. belecer no Brasil, com pro:-
PARABUÇU (Mar Grande) vo brasileiro. Os mais polidos Ainda criainça foi levado para messas de novas descobertas a
índio tamoio da região de chamam-na de 'Guajabim- a França, onde morreu aos que ele se propunha a acom-
Ubatuba, São Paulo. Filho de Pará'. quinze anos de idade. Consta PMlhar e ajudar. Era vaidoso
Pindobuçu. Era notável a que sua morte foi bastante e impunha respeito. Dura11te
PARAJUBA - Chefe indígena um diálogo com o padre Fran-
aversão deste índio aos portu- da Bahia. Tinha muitos fi- sentida pelos padres.
gueses. Censurou o pai por cisco Pinto, em 1599, deu uma
lhos, vinte dos quais foram PAULO HONORATO - fndio ti- verdadeira lição de honestida-
este ter procrastinado a guer · conduzidos de uma só vez pelo kuna. Ele e seus irmãos de
ra contra os invasores. Tein tou de quanto à palavra empe-
padre António Rodrigues, da tribo, Pedro ·e Roberto, partici.- nhada, já que nisto os portu-
matar Nóbrega e Anchieta aldeia de Santiago, em 1599, a param do Seminário Sobre os
quando estavam em Iperolg Direitos Históricos dos índios, gueses claudicavam bastante.
fim de aprenderem a ler e Eis um pequeno trecho re-
tentando negociar a paz, só escrever. realizado em São Paulo no pe-
não o fazendo porque os jesuí- ríodo de 26 a 29 de abril de ferido pelo padre: "Chegando
PARAPAR,CHANA Principal à aldeia, entrei, pregando pelo
tas, ao pressentirem a chega- da região do Rio Madeira 1981. Censurou o governo di-
da do índio, puseram'- se de zendo que este não tem inte- terreiro, como é costume. E..~­
Irmão de Iruri, Unicoré, Ari.- tava este principal em pé, ou-
joelhos e começaram a orar, puanã e Sururi. Dizia que sua resse de tratar, como deve. o
pedindo ao bravo tamoio que problema das terras indígenas. vindo-me. E tanto que acabei
mãe viera prenhe do céu, dan- entramos par·a a pousada ondê
os deixassem em paz. Isto foi do à luz os cinco gêmeos. (Sé- Disse também que a população
em 1563. Logo depois Parabuçu está crescendo e por isto a de- tinham redes armadas para
culo XVII). nos assentarmos, como fizemos.
foi para o Rio de Janeiro onde marcação se faz urgente. Acu-
morreu lutando contra os in- PARAPOPI Prlncipal das sou os fazendeiros de tirarem Estava este índio a seu modo
vasores portugueses em 1567. margens do Taquari. Foi pre- madeira, borràcha e peixe de muito grave e fantástico, em~
posto dos paulistas no resga:te suas terras ·p arcas e exauridas. pena do pelo corpo com penas
PARAGUA - fndio tamoio de de índios. Sua aldeia servia de vermelhas na cabeça e braços
São Paulo. Morou numa caba- acampamento para as bandei- PAULO MENDES - fndio tikuna. com penas azuis, uma pedra
na com o alemão Hans Sta- ras no segundo quartel do Sé- Em 27 de março de 1985 deu verde muito formosa no beii-
den. Capturou um português uma entrevista ao Jornal 'Ma.- ço, nas orelhas uns pendent.es
(Jerônimo) e assou-o numa culo XVII. Entre os bandei- gurta'. de Umariaçu, na qual
rantes que tiveram o seu cri- de contas brancas com seus
noite para devorá-Jo. A um ~eiprova va a acul tui:ação dos
rem,ates a modo de campa-
passo da cama do europeu minoso apoio está António. indios. Adiantou que é índio
Raposo Tavares. nhinha. E como era gentil-
pendurou a carne para o fes·· puro e que seu nome na tribo homem, tudo lhe estava bem.
tiro posterior. (Século XVI>. PARNAPUCU (Mar Grande) - é Tshevern. É casado com a Estava assentado em uma rede.
PARAGUAÇU - Filha do caci- Chefe potiguara do Rio Grande guarani Pa tuana. e defronte d,e si tinha manda-
que Taparica (?), do Recônca- do Norte, afamado em guer- PAULO TAPIRAPé - Represen- do armar outras para mim,
vo baiano. Embora estivesse ras. Provocou muitos danos tou os tapirapés no Seminá- porque assim é costume fala-
noiva do principal Gupeva, aos moradores da Paraíba. rio Sobre os Direitos Históri- rem, defronte um do outro, o
apaixonou-se pelo náufrago Combateu os portugueses até cos dos índios, realizado em que vão praticar. Esteve assim
Diogo Dias, o Caramuru, a que foi capturado, mas os po- São Paulo no período de 26 a um pedaço e deixou primeiro
quem salvou da fúria de alguns tiguaras ameaçaram os lusos 29 de abril de 1981. Entre as falar os outros a dar-nos as
principais que queriam matá- com vinte mil arcos, fazendo reivindicações que apresentou, boas-vindas. E no cabo no-las
lo. Depois de junta1'-se com o com que l\Iar Grande fosse li- destacam-se: expulsão dos fa- deu com muita gravidade e
europeu, e já tendo alguns fi- bertado. (Século XVI). zendeiros e posseiros: expulsão eu a ele o mesmo. Começamos
lhos deste, foi com ele à Eu- PARRILLA - Cacique do l\1ato de mariscadores; preservação a prática, da qual ficou muito
ropa no navio de Jacques Car- Grosso. Em 1560 matou com da fauna e da flora; demarca- satisfeito; e, ainda que com
tier. Na F!rança foi batizada a forte paulada na cabeça o ção de terras; e ·organi.zação algum receio, se determinou a

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ir conosco a ver-se com o ca- nas. Quem liderou a campa- ferros e metido numa enxovia nome de Eva. Tinham um fi-
pitão, o qual lhe fez muito nha em favor de Pedro foi o no Cabo Santo Agostinho, onde lho chamado Cupiri.
agasalho e lhe ofereceu pazes, índio João Madruga, mas Pe- ficou durante seis meses ali- PENATY - Cacique tapuia. Em
o que ele ouviu muito bem e, dro não chegou a tomar posse mentado somente de pão e 1666 foi perseguido pelo capi-
acerca deste particular, res- em virtude da sua eleição ter água, recebendo de vez en1 tão-mor do Ceará, João Tava--
pondeu que folgaria de as fa- causado a cisão das lideranças quando açoites dos "patrio- -res de Almeida, e pelos índios
zer. E que era bom todos ser- indígenas do Maranhão. O tas". Quando acontecia ser icós. O cacique e um filho
mos bons amigos, pois todos problema foi contornado com tirado do calabouço, era para morreram em combate. Em
gozamos de um sol, de uma a intervenção de Juruna e ser submetido a outro suplício
lua e de um dia; disse mais !\>!arcos Terena. Marizê hoje é mais vexatório, o de abjurar o 1679 a viúva do então faleci-·
ao capitão, que se confiasse na formado em Administração de protestantismo e converter-se do capitão-mor pediu ao Rei
sua palavra, qu·e não tinha Empresas e trabalha na Com- ao catolicismo. A troco disso, uma recompensa por mais·
mais de uma, sem lhe ficar panhia de Aguas ·e Esgotos de prometiam-lhe a liberdade e este "serviço" prestado à . Co-
outra dentro, escondida. De Brasília. a palente de capitão. segundo roa por seu defunto marido.
mim não tendes que vos re- PEDRO POTI - fndio potiguara, Paraupaba, v·endo os seus algo- PENEMA - fndio do Parái. Ainda.
cear que tome atrás do que parente do célebne Camarão. zes "que de um ânimo tão for- criança foi levado para Paris,
digo, mas eu de vós sim, ine Em 1625 conseguiu escapar do te nada se podia conseguir por onde morreu aos 21 anos de
posso recear que falteis; mas, massacre que os portugueses meio de torturas, nem de pro- idade. Apesar da febre que o
quanto a mim, basta estar promoveram ·e m Baía da Trai- messas de honras, cargos nem consumia nunca saiu da sua
assentado diante de vós para ção. Embarcou para a HO:- fortuna, tiraram-no do escuro boca um só lamento. Como
não haver de tornar a trás no landa e ali permaneceu du- subterrâneo, onde tanto sofre- Patuá, foi bastante estimado
que ficamos. Já botei de parte rante cinco anos, ilustrando-se ra, sob o pretexto de o man- pelos padres-. (Século XVII).
a minha espada irada, já e tornando-se pessoa impor- darem para a Bahia, mas o PEPITA - Principal de uma
abrandei meus braços, já dei- tante. Quando estava na Eu- plano era matái-lo, o que de- aldeia de Sergipe. Tornou-se
xei minha rodela, não quero ropa trocou correspondência pois realizaram". Pedro Poti grande amigo do padre· Gaspar-
s·enão amizade". Pau Seco foi com Camarão, onde revelava teria morrido a bordo de um Lourenço a quem salvara de
exímio cavaleiro, um verdadei- suas idéias d·e pãtria, religião navio em 1652, quando seguia trucidamento. Foi contemporâ-
ro centauro. Representou Zo- e liberdade. Magoado com o preso para Lisboa. Preferiu a neo de Sorobi. (Século XVI).
robabé na solenidade de paz morticínio havido em Baia da glória do martírio à desonra PERi - Lendário filho de Ararê~
com os tabajaras e portugue- Traição, onde nascera, assim do perjúriÔ. Seu nome é quase imortalizado por José de Alen-
ses, em 1599. Foi morto por se expressou numa carta diri- apagado na "'\ nossa História car em "O Guarani".
Milho Verde, que antes havia gida a Filipe Camarão: ''Em porque tomou o partido dos
matado seu sobrirnho Arabitá. todo o País se encontram os PERNA DE PAU - Cacique ta-
holandeses e adotou a religião peba do município de Cau-
Houve outro Pau Seco, princi- nossos escravizados pelos per- protestante, ambos abomina-
pal da aldeia Jococa, no atual versos portugueses, e muitos dos pelos portugueses. Mas foi caia, Ceará. Depois da sua
município de Conde, Paraíba. ainda o estariam, se eu não morte. ocorrida há pouco mais~
tão grande ou mesmo maior de vinte anos, os tapebas fi-
Este era da nação tabajara e os houvesse libertado. Os ultra- do que o próprio Camarão.
acompanhou Jerônimo de Al- jes que nos têm feito, mais do caram seni liderança, perden-
buquerque ao Maranhão, em PEDRO TIKUNA - Capitão ge- do gradativamente suas ter-·
que aos negros, e a carnificina ral dos tikunas. Em 1984 foi
1614, ao lado de Mandiocapuba, dos da nossa raça, executada ras, com grave· ameaça à sua
Batatã e· Pindauna. ameaçado pelo delegado de po- precária sobrevivência.
por eles na Baía da Traição, lícia de São Paulo de Olivença,
PEDRA VERDE - Junto com ainda estão bem frescos na PERO LOPES - Nome cristão'·
outros principais, participou Amazonas, por ter denurnciado de um índio de São Vicente"
nossa memória". Nem Pedro as arbitrariedades praticadas
do socoro à fortaleza dos Reis Poti e nem Calabar foram São Paulo, convertido por Nó-·
Magos, em 1597, sob o coman- traidores. Apenas serviam a cont.ra os índios daquela cida- brega. Diziam que sua viúva.
do de Feliciano Coelho. Foi senhores diferentes dos portu- de, de Benjamim Constanté e era honestíssima e de grande
aliado de Pirajibe e dos por- gueses, dentro dos seus ideais. Tabatinga. \ virtude. <Século XVI>.
tugueses. Pedro Poti, como Camarão, PEMOTCHó - índio apinajé das PIANCó <Triste) - Chefe core-
PEDRO MARIZ·! - fndio guaja- não viu o fim da guerra ho- ribeiras do Tocantins. Ensinou ma. Seus domínios ocupavam.
jara. Foi eleito delegado da landesa, pois foi preso pelos sua língua ao estudioso Jorge toda a região do alto Pira:-
FUNAI no Maranhão por cem portugueses na segunda bata- Hurley. Foi batizado com o nhas, Paraiba. Os paiacus:
caciques, que na ocasião re- lha dos Guararapes a 19 · de nome de Apolinário da Silva; também tiveram um principal
pres·e ntavam dez mil indíge- fevereiro de 1649. Foi posto a sua mulher, Coucou, recebeu o com este mesmo nome.

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,p lf ~ - Principal nheoogaíba, do Os lusitanos mataran1 seu fi- anos foi levado para a França PIRAOBIG (Peixe Verde) - Che-
Pará. Em 1665, durante um lho Camarim, ainda assim o e entregue aos cuidados da fe indígena do interior do Es··
sermão em que o padre Vieira velho cacique continuou pon- senhora de Souvré. Posterior- pírito Santo. Em 1556 velo
pedia ao índios obediência e derado nas suas decisões. Mor- mente foi batizado pelo bispo para o litoral com os seus
vassalagem ao Rei de Portugal, reu em 1567 lutando brava- de Rrunnes, receb endo o nome índios aliar-se aos temiminós
Piié foi o único a retrucar di- mente contra as tropas de de Luís Francisco. (Séc. XVII). e aos Invasores portugueses.
zendo que "as sugestões apre- Estácio de Sá e as hordas de Fixou-se ao sul de Vitória e
PIRAJIBE (Braço de Peixe) -
sentadas pelo senhor caberiam Araribóia. Houve outro Pindo- Cacique tabaj ara das ribeiras com o padre Brás Lourenço
melhor se fossem dirigidas aos buçu em Santa Catarina, co- do São Francisco. Migrou para fundou a aldeia de Campo No-
próprios portugueses, que nen1 nhecido também por Cotiguara. a Paraíba, acossado pelos por- vo que depois foi reunida à
s empre cumprem a palavra PINDOVI Cacique guarani. tugueses por haver morto de Araçatiba. No interior de
dada, sendo esta falta a causa Em 1597 foi "€111comendado" a Pernambuco havia um velho
alguns deles. Inicialmente fez índio com o mesmo nome; este
de muitos conflitos". Piié dis- Pedro Gonçalves, de Vila Rica aliança com os potiguaras,
se ainda: "Eu e o meu povo do Espírito Santo, pelo gover- foi convertido pelos padres
mas d·epois cedeu às promes- Leonardo do Vale e Gaspar
sabemos guardar a palavra nador de Assunção, Ramires sas do ouvidor Martim Leitão
dada, o que não ocorre com os de Velasco. Lourenço quando já contava
e passou-se para o lado dos 130 anos de idade.
brancos". PIQUEROBI - Chefe guaianái de invasores. Foi peça importante
'PINACAMA - Principal poti- grande influência. Era irmão para a conquista da Paraí- POTI (Camarão) - Cacique po-
guara. Repeliu u1n ataque de de Tibiriçá. Sua aldeia ficava ba. Pelos ''relevantes serviços" tiguara. Nasceu em 1601 no
Duarte Gomes da Silveira à onde está hoje São Miguel, São prestados aos portugueses re- Rio Grande do Norte. Era filho
sua aldeia, na Serra de Co- Paulo. Ao contrário do irmão, cebeu o hábito de Cristo e de Potiguaçu. Educado pelos
paóba, atual Serra da Raiz, foi inimigo dos portugueses e uma tença. Seu principal ri- jesuítas, conhecia o latim e
Paraíba (Século XVI) . teria comanda do o cerco de J
val foi o potiguara Zorobabé, falava fluentemente o holan-
'PINDAGUAÇU (Anzol Grande) Piratininga em 10 de julho de que certa feita desafiou-o. dês. Assim que os invasores da
- Cacique tabajara, aliado de 1562. l Jma das suas filhas ca.-· Braço de Peixe estabeleceu Companhia das fndias Ociden-
Duarte Coelho na conquista de sou-se com o português Antó- sua aldeia na Ilha do Bispo, tais desembarcaram em Per-
Pernambuco. (Século XVI). nio Rodrigues, companheiro de arredores de João Pessoa. Por nambuco apresentou-se a Ma-
.PINDAlBA - Principal caeté. João Ramalho. ocasião da conquista da Pa- tias de Albuquerque, juntando-
Sua aldeia ficava na região da PIRA (Porquinho) - Principal raíba ( 1585), este índio tinha se a este nos combates. Quan-
atual Porto da Folha, Sergipe. das margens do São Francisco, perto de cem anos de idade, do Olinda foi invadida pelos
conhecido p·ela esperteza e mas sa julgava apto para holaindeses em 1630, Camarão
PINDOB~ - Cacique guarani da
matreirice. Enganava índios qualquer empresa, inclusive lutou bravam·e nte em sua de-
região de Guairá. No momen- fesa. De 1630 a 1635 bateu-se
to em que estava arma:ndo e portugueses ao mesmo tem.- amorosa.
po. Participou das entradas de com denodo a ponto de assom-
uma cilada para prender e co- PIRAGUAÇU (Peixe Grande) - brar o adversário pela bravura
-J m&...r o padre Montoya, foi'"ãta-- Diogo de Castro ao sertão. Foi
ferrenho inimigo de Seta, outro Destemido cacique temiminó. e pelo prestígio que mantinha
-éadõ por Taiobá. Escapou da maioral baiano. Auxiliou o Saiu do Espírito Santo e to- sobre os seus comandados. Em
refrega com mais três compa- governador Luís de Brito de mou parte na epopéia dos ín- 1636 salvou o exército pernam-
nheiros. (Século XVII). Almeida durainte a perseguição dios em busca da aldeia dos bucano de completa derrota. O
:PINDOBUÇU (Palmeira Grande) que este fez aos índios da re- Reis Magos, substituindo o governo holaindês, assustado
- Chefe tamoio. Sua aldeia gião. Por conta disso, o go- índio Manuel Mascarenhas. com a intrepidez do índio.
ficava no atual bairro da Gá- vernador mandou-lhe de pre- (Século XVI). mandou contra ele o general
vea, Rio de Janeiro. Foi aliado sente um vestuário vermelho e PIRAJIVA - Principal da Ilha Arrichofsk, travando-se ferre-
de Cunhambebe nas lutas con- uma vara de meirinho, do que de São Luís. Tomou parte nv nha peleja que terminou com
tra os invasores portugueses. Porquinho muito se envaide- conselho de sentença criado a retirada do estrangeiro. Em
Participou das negociações de cia. Morreu logo depois da pelo senhor de Rasilly para 1637 ao lado do preto Henri-
paz com José Adorno, propon- conquista de Sergipe. Os aven- punir Japiaçu, por ter este que · Dias, travou encarniçado
·do que o próprio irmão ficasse tureiros de Pernambuco e da mandado matar uma escrava combate contra cinco mil ho-
como refém a bordo de uma Bahia apoderaram-se dos seus acusada de adultério. Pirajivá landeses comandados pelo pró-
embarcação portuguesa. Em índios. (Século XVI). censurou a crueldade do amigo prio conde de Nassau, em
1563 acalmou os tamoios que PIRABEB! (Peixe Voador) e mandou juntar os pedaços Porto Calvo, sem vencidos ou
queriam matar os padres Nó- índio tapuia. Foi escravo na do corpo da escrava: atirando- vencedores. Em 1638 dirigiu
brega e ·Anchieta. em Iperoig. Ilha de São Luís. Aos doze os na mata. (Século XVII). uma guerrilha na Bahia e to-

~ 104 105-
mou parte na defesa de Sal- do o poder real por um sim- QUATIGUAÇU (Quati Grande) - prestando sua solidariedade
vador. sitiada e atacada pelos ples poder nominal". Potivara Cacique paiaguá. Matou muitos aos chefes caiapós que ali fo-
soldados de Nassau. Auxiliou matou barbaramente o padre aventureiros paulistas e portu- ram protestar contra a colo-
na insurreição pernambucana Jua~1 de Castilho. <Séc. XVII).
gueses. Consta que desvia_va cação do lixo radioativo de
de 1645, e em 1648 cobria-se PROXOPAY muito ouro para Assunçao, Goiânia na Serra do Cachimbo.
Principal dos vendendo-o por preço irrisório
de glórias ao lado do para.i- barbados da Aldeia Grande, REGO - tndio acroá de Goiás.
bano André Vldal de Negrei- ao espertalhão Luís de Tor- Denunciou aos portugueses a
Maranhão. Juntamente com quemada, que adquiria o ouro
ros. Tomou parte na primeira Anguly e Corij u foi chamado sublevação de índios comanda-
batalha dos Guararapes, onde trazido do Mato Grosso pelos da por João Ferreira Cosme.
à presença das autoridades de palaguás por 1/6 do valor real.
as tropas do general Van São Luís para ratificar as pa- Sua aldeia tinha 1600 habi-
Schoppe foram completamente Quatiguaçu morreu em 1785 tantes que ele conduziu para
zes e Jurar fidelidade ao Rei na capital paraguaia em idade
destroçadas. Em reconheci- de Portugal. (Século XVII) um lugar chamado Missão da
mento aos serviços prestados bastante avançada. Formiga. (Século XVII).
pelo bravo índio, o Rei Filipe PUA-AÇU <Dha Grande) - Fei- QUEIMA - Cacique guarani. Em ROSA - fndia bororo do Ma.to
de Espanha e Portugal agra- ticeiro potiguara. Induziu Pau 1791, juntamente com Emavidi
Seco e Zorobabé a fazerem as Grosso. Ainda criança foi rap-
ciou-o com o hábito de Cristo, Xané, co1nandou um ataque de tada da sua tribo e feita pri-
o título de 'Dom' e a patente pazes com o invasor J erônimo surpresa ao forte Coimbra ma-
de Albuquerque. Em 1599, com sioneira. Galdino Pimentel li-
de capitão-mor de todos os tando 54 soldados da guarni- bertou-a e utilizou-a na in-
indlos da costa do Brasil, des- Pau Seco, representou Zoro- ção que haviam seduzido algu-
babé num acordo com Pirajibe, termediação da paz com os
de o Rio São Fraincisco até as mas índias. Tomou parte no índios em 1886, o que ela fez
costas do rvi:aranhão. Antônio selando a paz entre potiguaras acordo de paz feito com o go-
e tabaj aras. Na ocasião o em sua própria língua e com
Filipe Camarão morreu em vernador do Mato Grosso, João grande desenvoltura.
1648, vítima de febre maligna, maioral ZOrobabé estava en- d,e Albuquerque. Era filho de
sem . ter participado da se- castelado na Serra de· Capaóba. ,
um paiagua com uma gua1-
. ROSA MARIA - índia anacé do
gunda batalha dos Guararapes PUNILHA - índio do norte do curu, ambos de alta linhagem. Ceará. Em 25 de outubro de
que selou definitivamente a Amazonas. Já velho, i!Ilforma- Morreu em 1796 com mais tre- 1759, no momento em que o
derrota dos holandeses. va aos aventureiros o possível zentos guaicurus combatendo marido, índio João de Sousa,
local aonde deviam ir para os espanhóis. foi nomeado juiz da aldeia, e
POTIGUAÇU (Camarão Grande)
- Cacique caeté aliado de encontrar as amazonas. Poste- o ouvidor procedia a cerimô-
RAON 1 - Cacique txukarramãe nia de posse ,ela, ao invés de
Duarte Coelho na conquista de riormente um filho seu, José de grande prestígio. Defensor
Pernambuco. Houve outro Po- da Costa, passou a dar as aplausos, que o desembarga.-
da causa indígena, vez por dor esperava, rompeu em
tiguaçu, que foi o pai de Poti. mesmas infarmações. O filho outra vai a Brasília onde é
Aliou-se aos portugueses no fi- de Punilha chegou ao posto de recebido em audiência pelo prantos, exclamando: "Que
nal do Século XVI, auxiliando- sargento-mor da ordenança em próprio Presidente da Repú- importa a mim este cargo, se
os na fundação de Natal. 1774. blica. Jamais negou suas ori- não se passará um ano que
POTIRA - Fill1a de Aimberê QUARABAI - Cacique guarani. gens e sempre anda trajado à meu marido aião esteja d e-
(p·rin1eiro casamento). Quan- Era pai de uma das mulheres moda indígena, seja na selva posto ou fugido, ou a arranj a:r
do ainda era uma menina ca- de Niezu. Ele e Potivara ma- ou dentro do palácio do Pla- dinheiro para se libertar?"
sou-se com um francês (Er- taram barbaramente o padre nalto. Todos lhe devotam SAí - fndia potiguara. Mulher
nesto) que por ela havia se Juan de Castilho, não obstan- grande respeito. Raoni lidera de Jatobá e mãe de Jacauna e
apaixonado. O europeu inte- te os patéticos apelos da víti- todos os povos do Xingu e de Potiguaçu. <Século XVI).
grou-se de tal maneira na vi- ma, que minutos antes havia seus principais amigos e auxi- SAI ROBAQUA - índio cristiani-
da tribal que tornou-se um distribuído presentes aos seus liares são: Mekaron, Kaiabi, zado. Os portugueses nomea-
verdadeiro ta.moto. Potlra mor- algozes. Foi um dos incitado- Aritana, Prepori e muitos ram-no meirinho. Pelo tino
reu em 1567 ao lado do mari- res da rebelião de Niezu con- outros. Em 1973 abalou-se com policialesco que tinha foi lar-
do e do pai combatendo as tra os padres. (Século XVII). a cisão da tribo provocada por gamente utilizado pelos ban-
tropas invasoras de Estáclo de QUATIARAUÇU (Quati ~rande) Krumari que debandou com a deirantes na localização de
Sá. metade da população txukar- "espanhóis inconvenientes".
- Principal da aldeia Tapitu- (Século XVII) .
POTIVARA - Cacique guarani. çu, Maranhão. No primeiro ramãe para viver à sombra
Urdiu uma conspiração contra quartel do Século XVII recebeu dos fazendeiros que o alicia- SAL VA DOR CORREIA DE SA E
os jesuítas e incitou Niezu a com muita alegria uma comi- ram. Sempre atento aos pro- BENEVIDES - tndio carijó.
rebelar-se contra o domínio blemas indígenas, Raonl esteve Filho mais velho e morgado de
tiva de franceses encabeçada recentemente em Brasília em- Papagaio. Como seu pai, foi
dos padres, pois "havia troca- pelo senhor de Rasilly.

106 . 107
batizado pelo padre Francisco ras da Ilha de São Luís, em SEP! TIARAJU - Célebre caci- lha ocorreu em V acaraí, a 7 de
Carneiro que lhe deu este no- 1644, a fim de dificultar os que guarrun.1 (tape). Queria ver fever eiro de 1756. Junto ao
me em homenagem ao padri- meios de subsistência dos ho- sua t erra livre de qualquer es- corpo do grande caudilho fo-
nho, que foi o próprio gover- landeses. Este índio tinha de- trangeiro. Não se conformando ram encontradas duas car tas,
n ador . Houve outro Salvador sejo de ser "Cabo de Esqua- com a demarcação feit a pelas ambas em guarani: uma de
Correia de Sá, principal temi- dra" e neste sentido fez vários Coroas ibéricas - que implica- um oficial da estância de São'
minó que em 1578 pediu ao go- apelos aos portugueses. No va na remoção de seu povo pa- X~vier, suplicando que Sepé
vernador homônimo um peda- Mato Grosso houve um índio ra outro local - o bravo indí- nao se deixasse enganar pelos:
ço de t erra perto da Serra dos com o mesmo nome, que ser- gena insurgiu-se contra todos. portugueses, "esse povo que·
órgãos. viu durante muito tempo aos Numa incursão que fez ao for- nos odeia"; a outra n ão tinha
SAMUEL BENTO - Cacique gua- bandeirantes. deixando-os por te do Rio Pardo apossou-se de assinatura mas encerrava pro-
rani do litoral paulista. Estan- causa dos maus-tratos; daí por alguns cavalos dos portugue- pósito semelhante. A morte de
do nas terras de litígio entre diante passou a ser informan- ses, hostilizando-os. Derrotou Sepé Tiaraju representou uma
dois proprietários, Samuel e te dos castelhanos. Por fim, o exército luso-espanhol duas irreparável perda para os gua-
ainda os principais Fidelis dos houve mais um Sebastião, ín- vezes, em 1753 e 1754. Coman- ranis, finalmente batidos três.
Santos e José Fernandes, cons- dio que foi amigo dos france- dava suas hostes guaranis me- ~ias d~pois em Caiboté, pela
tituíram advogados para de- ses mas depois passou-se para lhor do que os generais ibéri- indecisao e falta de malícia do
fender seus direitos, sem inter- cos dirigiam seus exércitos.
os portugueses ; os capuchi- Caindo 1I1uma cilada, entrou seu sucessor. Seu verdadeir0>
veniência da FUNAI ou qual- nhos franceses o haviam ca - nome era José Tiaraju. Com o·
quer outro órgão. Esta atitude, no quartel inimigo, sendo
s·ado com uma filha de Japia- preso pelos portugueses, com nome de Sepé houve na his-
inédita no Brasil, serve para ~u; em 1613 foi depoe11te no tória das Missões mais dois:
demonstrar que a relativa ca- inquérito presidido por l\.iel- mais trinta indígenas que o
acompanhavam. Os lusos man- outros chefes indígenas notá-
pacidade jurídica dos índios chior Vaz e Francisco de Al- veis que o precederam.
n ão os impede de agi!'! por con- daram dizer aos outros índios
buquerque, 1110 qual Martim que o trocariam pelos cavalos SEIS OFfCIOS - Apelido dado.
ta própria, quando isso for ne- Soares Moreno fora indiciado. pelos portugueses a um índio
cessário. roubados. Seus amigos ficaram
SEBASTIÃO DE LEMOS - fndio em dúvida. Para abreviar a de Pernambuco que sabia to-
SARACURA - Cacique pataxó. temiminó, filho do G1·ande troca os captores enviaram o car, pintar e esculpir com_
Em abril de 1984 denunciou a Gato. Foi batizado no dia 20 próprio Sepé, escoltado por perfeição.
falta de assistência aos índios d-e janeiro de 1558 no Espírito doze cavaleiros, sem esporas e SERIGI - Chefe indígena caeté.
da sua região, especialmente Santo. A morte e o enterro sem armas. Incitando o cavalo
os do município de Pau-Brasil. deste índio foram descritos
7 a réãeas soltas, o bravo índio
Lutou bravamente contra as
Na Câmara dos Deputados acu- colunas de Cristóvão de Bar-
minuciosamente pelo padre \ conseguiu escapar. IIouve tiros ros. Antes de chegarem aos;
sou o governador da Bahia de mas nenhum acertatí ·'() "'Vélôz •
ser o principal res ponsável pe- Francisco Pires. domínios dos irmãos Pacatuba
centauro. Com·e çam então as e Japaratuba as tropas invaso-
la situação de desespero em SEBASTIÃO PINHEIRO CAMA- lutas e as emboscadas, culmi-
que s a encontram os novecen- RÃO - Filho de Diogo Pi- nando em batalhas sangrentas, ras encontraram séria resis-
tos pataxós que ali vivem, em nheiro Camarão. Em 1675 e em alimentadas pelo amor à li- tência, principalmente por par-
virtude dos constantes confli- 1691 atacou o quilombo dos berdade, pelo horror à escra- te de Serigl e seu irmão Si -
tos entre índios e fazendeiros. Palmares. A 18 de agosto de vidão e, sobretudo, pela defesa riri, que morreu luta.indo. Afi-
SARAV AIA - Chefe tamoio. Foi 1711 derrotou os olillldistas co- do território. Milhares de sol- nal vencido pelas armas su--
personagem de uma comédia mandados pelo mestre-de-cam- dados o enfrentaram de uma periores dos europeus, seus ín--
montada na aldeia de São po Cristóvão de Mendonça só vez. mas ele luta como um dios, que eram cerca de 1200,
Lourenço, hoje Niterói, em Arraes, inimigo dos portugueses. ser sobrenatural. Chega-lhe pe- foram enclausurados na igreja..
1586, pelo padre Manuel do Por isso foi feito cavaleiro da las costas um dragão portu- de São Tomé e daí conduzidos
casa real, cavaleiro e comen- guês e enfia-lhe uma lança, para a Bahla onde todos
Couto. Nesse auto, Saraiva morreram. Serigi recusou o
Aimberê e Guaxará <todos ta- dador da Ordem de Cristo t profundamente. Sepé cai e com
moios e inimigos dos invaso·- governador dos índios. ele o cavalo..: Caiu como um alimento dos vencedores, pre-
res) aparecem como represen- valente, porém antes havia ferindo a morte. Foi cont em-
SEBASTIÃO SARAIVA - tndio porâneo de Sorobi. Seus domí-
tantes das forças do Mal ... parente-s de José e Filipe de a tingido também o lanceiro.
Talvez tivesse escapado se não nios estendlam-s'C desde as
SEBASTIÃO - fndio da região Sousa Castro. Foi nomeado margens do Rio Sergipe às do
do Tapajós versado em guer- capitão-mor da Serra de lbia- fosse o tiro desfechado por
José Joaquim Viana, governa- Ipiranga e Vasa-Barris. (Sé--
rilhas. A mando de Teixeira paba e feito cavaleiro da culo XVI).
de Melo, incendiou as lavou- Ordem de Santiago. dor de Montevidéu. Esta bata-

108 109 '


SETA - Principal da Bahia, sem dar ouvidos às palavras
inimigo de Porquinho; quando dos visitantes. Foi morto na TACURUBA - Capitão dos índios gueses, concordando em ser
este penetrou no sertão, em guerra que lhe moveu o go- de certo trecho ·do Rio São vassalo do Rei.
1578, Seta tentou vender-lhe vernador Luís de Brito de Al- Francisco. A pretexto de se- T AtOB.A - Cacique guarani. Por
uma aldeia inteir.a de ín·dios meida. Sua gente, escravizada, gurança expulsou os padres da
Ilha de Zorobabé, ameaçando muito tempo foi o terror dos
inimigos. Ambos foram deso- foi levada para a Bahia. A ~a~telhanos, pelos quais nutria
nestos. aldeia de Santo Inácio, da qual passar pelo cutelo os Íindios od10 mortal em decorrência de
SILVESTRE - Principal para- era o chefe, ficava às mar- que tentassem acompanhá-los. uma traição de que fora víti-
naubi, da aldeia Barnabé, Rio gens do Vasa-Barris, onde ho- (Século XVII). ma. Alguns anos antes uma
de Janeiro. Em 1628 acompa- je se ·e rgue a cidade de Ita- TAGAIBUNA - Principal da autoridade de Assunção convi-
nhou o padre Francisco Car- poranga. Serra de Ibiapaba, contempo- dara-o, com mais outros três
neiro ao Rio Grande do Sul. SUA·Ç UACA - Principal da al- râneo de Algodão. Tornou-se guerreiros, para ir a Vila Rica
Foi homem da confiança dos deia de Imbé. Sogro d.e Japia- amigo dos portugueses, rece- e ali os prendeu a ferros pará
jesuítas. O padre utilizou-o çu. Quando os franceses che- bendo cartas e presentes do obrigar sua troca por 'certo
•como mensageiro junto ao fa- garam no Maranhão este ve- Rei. Os padtes censuraram-no número de escravos. Foram
moso 'Anjo' que dominava os lho índio já contava cerca de por mancebia provocando a ameaçados e açoitados, mas
sertões do Rio Grande e Santa 160 anos de idade. O capuchi- rebeldia do índio em 1661. Em nada diss.o valeu. Preferiram
Catarina. nho Claude d' Abbevllle, que o 17 de abril de 1662 o governa- morrer com grandeza do que
51LVINO PEREIRA - fndio ka- conheceu, disse que "apesar" dor da Bahia, Francisco Bar- satisfazer a avareza dos seus
imbé. Representou a tribo no da idade o índio ainda se reto, expediu uma provisão algozes. Embora acorrentado
Seminário Sobre os Direitos mostrava firme no andar, sem para os padres do Ceará de- Taiobá conseguiu fugir e ju-
Históricos dos fndios, realizado outra moléstia, senão a ve- terminando sua punição. Em rou vingança contra todo es·-
.em São Paulo no período de lhice". 18 de março de 1663 o mesmo panhol que lhe caísse nas
26 a 29 de abril de 1981. A SURUPIRA - fndio potiguara. ·governador fez uma carta ao mãos. Em vão tentaram apa-
:a ldeia situa-se no município Em 1598 foi preso e posto a capitão-mor do Ceará reco- ziguá-lo. Não recebia mensa-
:de Euclides da Cunha e tem ferros na fortaleza dos Reis mendando que o índio fosse geiros brancos e quando estes
cerca de mil habitantes. Sil- Magos por Feliciano Coelho. castigado, se possível com a eram índios, devorava-os. O
vino é o conselh·eiro. Demonstrando altivez, este ín- morte, por haver destruído a padre Monto.y a e seus amigos
51RIRI - Principal caeté. Irmão dio. ao ver a fartura à mesa missão de São Francisco Xa- certa feita foram recebidos a
de . Serigi. Dominava a região do português Manuel Mascare- vier. O · padre Vieira, qu·e o flechadas. A.13 proezas de. Taio-
de Rosário do Catete, Sergipe. nhas, exigiu a mesma. comida censurara drasticamente por bá ensejaram-lhe o epíteto "e
Morreu lutando contra as tro- e o mesmo tratamento. Julga-
ram-no rebelde e insolente. o
.ter várias mu> lheres, tentou
aliciá-lo com uma moeda de
'Guaçu'. Mais tarde o j~suíta
pas de Cristóvão de Barros. conseguiu convertê-lo, mas a
(Século XVI) . que, aliás, eram qualidades óuro. Entretanto, o famoso conversão enfraqueceu seu po-
próprias dos potiguaras. padre também não resistiu der sobre os índios, prilll.cipal~
SONDA Cacique guaimá, aos encantos femininos e aca-
irmão de Tombu e Gravataí. T ABA ABAETê - fndia virago mente os feiticeiros, que pas-
do Maranhão. o ·s padres co11- bou deflorando uma jovem saram a hostilizá-lo. Em 1627
Aliciado por Fernão Dias, reu- índia da aldeia de Gurupi. no
niu sua gente e foi com o seguiram batizar uma filha Taiobá havia atacado os ban-
sua. Foi amiga dos franceses. Pará. deirantes paulistas.
aventureiro para São Paulo, ' . .
mas morreu durante a marcha (Século XVII). TAGUAÇU - Cacique guarani. TAJUPATI - Cacique guarani.
,que .começou na Serra de TABAPARI - Cacique da região Foi caudilho dos jesuítas cas- Em 1597 foi "encomendado" a
Apucarana. O bandeiraJnte alo- do Rio Negro. Era o principal telhanos que o tilllham como Pedro Gançalves, de .Vila Ver-
jou seus índios nas margens de muitas aldeias ·e de muitas grande aliado. ·Recebeu o nome de, pelo govemador de Assun-
do Tietê, juntamente com os nações, sendo considerado um cristão d.e Cristóbal e foi de- ção, Ramires de Velasco.
d·e Tombu e Gravataí, passan- "rei". (Século XVII) . signado sargentq·- mor de suas T AL~CO - Chefe da tribo
do então a explorá-los. TABOLIA - fndia manauá. Em hordas ferozes, ·sempre a ser- eh iriana do Pará. No começo \
!SOROBI - Chefe caeté de Ser- v~o dos padres~ O acampa- des e século foi visitado pelo
1580 duelou contra outra a
gipe. Matou muitos portugue- golpes de 'macaná', cada qual mento de Taguaçu ficava às estudioso Bento de Figueiredo
ses e sempre recusava a paz defendendo as virtudes etíli- margens do Uruguai, na altura Tenreiro Aranha, na sua pró-
com os invasores. Ao ser pro- cas de seus respectivos mari- da atual cidade de Itá, Rio pria aldeia. Bento, em sinal
cui:ado pelos padres Gaspar dos. A briga durou bastante · Grande do' Sul. (Século XVII). de paz, entregou sua espin-
Lourenço e João Solônio per- tempo até que os dois beber-
~
TAIAÇU - Tuchaua tapuia. Em
1
garda ao índio que, da .m esma
maneceu deitado e.m sua rede rao as separaram. 20. de setembro ·de 1685 capi- forma, entregou.;,.lhe seu arco ·e
tulou ante os invasores portli- flecha. AP,Õs os entendimen-
tllO
111 .
tos cada um recebeu o que T APIET KARAKó Cacique suas terras os castelhanos os contrários para espionar
era seu. caiapó. Em outubro de 1987 foi construiram várias igrejas que seus acampamentos e escutar
TAMATIA - Cacique paiaguá. do sul do Pará para Brasília, foram destruídas pelos aven- seus planos. Preparava -em-
Sua aldeia ficava a doze lé- com outros principais da tri- tureiros paulistas no primeiro boscadas e promovia assalto-;
guas de Itatin, Mato Grosso bo, protestar contra a deter- quartel do Século XVII. noturnos, man tendo seus ini-
do Sul. Recebeu Ayolas amis- minação do governo de colo- TATAMIRIM (Foguinho) - lndio, migos em contínuo sobressalto.
tosamente, matamdo-o depois. car o lixo radioativo de Goiâ- tamoio. Sua choça era vizinha à Um dia foi cercado; na luta
(Século XVI>. nia na Serra do Cachimbo. Fol de Paraguá; enquanto este as- uma seta vazou-lhe um olho:
atendido. sava um português para devo- arrancou-a juntamente com o
TAMBIO - Tuchaua da região
do Paranapanema, Minas Ge- TAPIJARA - fndio maracanã. rar, Foguinho, como seu par- globo ocular, dizendo: "Para
rais. Em 1611 foi atacado pela Acompanhou o capitão Manuel ceiro, preparava a bebida do bater meus inimigos basta-me
bandeira de Fernão Paes de Francisco Tavare.s, na quali- festim, tudo sob as vistas do um só olho!" E de fato os:
Barros que apresou oitocentos dade de remeiro e piloto de apavorado Hans Staden. (Sé- derrotou apesar da superiori-
indios deste cacique. canoas. (Século XVIII). culo XVI) . dade do número. Foi um gran-
TAMINH08A - Principal da T APITAPUCU - Principal de TATAURANA - Cacique guara- de aliado dos portugueses cou -
Berra de Ibiapaba. Iludido pe- Pernambuco. No início do Sé- ni. Em 1626 foi injustamente tra os potiguaras, priincipal-
las falsas promessas de João culo XVII acompanhou até o preso por Simão Alvares. Con- m ente durante a conquista do
Velho do Vale migrou para o Maranhão uma personagem seguiu fugir e foi refugiar-se Rio Grande do Norte. (Sécu-
Mara111hão. Dois anos depois que dizia ter vindo do céu. ma aldeia de Santo Antônio, los XVI e XVII).
voltou sendo aldeado no mes- Tornou-se batedor e anuncian- sob a proteção do padre Mola, TEI0-8URUS~ - !ndio mU111du-
mo local onde o foram tam- te do referido místico. Tanto mas o bandeirante António ruku. Em 1875 apresentou-se
bém os principais Jacobo de ele como o profeta foram Raposo Tavares deu ordem a na sua aldea (Cabroá), depois
Sousa e Salvador Saraiva. (Sé- mortos por incrédulos indíge- Simão para at acar a aldeia e de longa ausência, dizendo que
culo XVII). nas. Na realidade deve ter si- prender o cacique, não obs- tora batizado no Rio de Ja-
TANGARA-081 - Cacique gua- do o fiel acompanhante do tante o protesto dos jesuítas. neiro, tendo o Imperador Pe-
rani da região do Rio Iniaí. padre Luís Figueira. T ATENO - Cacique da região dro II como seu padrinho e
Em 1597 foi ''encomendado" a TAQUARA-08( CTaquara Verde) do Rio Santo Antônio, Bahla. protetor. Não mais se acostu-
Garcia LOpez, de Vila Rica do - Principal da llha de São Foi o nagelo dos outre>&. ín- mando à rotina de aldeia mor-
Espírito Santo, em virtude do Luís. Influenciado pelos pa- dios. Certa feita salvou os reu de tédio elogiando o modo
falecimento do encomendeiro dres franceses renunciou a portugueses da fúria avassala- de vida dos citadinos. Sua
·anterior, Alonso de Ontiveros. poligamia, mas por isso foi dora de Abatirá, chefe aimo- irmã enterrou-o debaixo da
imediatamente censurado por ré. Gozava de extraordinário rede onde ela própria dormia.
TAPARATIM - Principal da Acajuí Mirim. (Século XVII>. prestigio. Como era enfermo e TEODóSIO - Principal caJararL
Serra de lbiapaba. Em 1644 TARAIRA - Cacique guarani do estava impossibilitado de an-
abandonou os holandeses. Jun- Era iinimigo de Ajuricaba, mas
baixo Tibaji, Paranâ. Em 1597 dar, fazia longas marchas con- depois da morte do famoso
tou-se · a Orubu Acanga P. foi "encomendado" a Amador duzido numa rede aos ombros
Iacoruma Mirim para invadir cacique foi Teodósio quem
Mendes, de Vlla Rica do Es- dos seus mais robustos compa- ainda esboçou alguma reação,
o forte do Rio Ceará. Depois pírito Santo, pelo 'adelamtado' nheiros. (Século XVI).
de trucidarem a guarnição aos invasores, sobressaltando
Juan Ortiz de Zarate. TATUGUAÇU (Tatu Grande) - : soldados e missionários. O
bátava entregaram o forte T ARAJOO - Cacique da região
aos portugueses. Principal tremembé, inimigo governador Alexandre de Sou-
do Paraguaçu, Bahia. Em 1559 dos portugueses. Certa feita sa Freire, com medo de uma
TAPARICA - Nome lendário do sofreu tenaz perseguição do tentou dizimar uma expedição nova guerra, prendeu o caci-
cacique pai de Paraguaçu. Te- governador Mem de Sá, que o portuguesa que depois de mul- que, enviando-o para Lisboa.
ria transmitido o nome à fa- atacou com trezentos brancos to perigo logrou tugir durante Mas, por falta de prova.s, foi
mosa Ilha de Itaparica, mas e dois mU indios aliados. O a noite. (Século XVI). libertado. (Século XVill).
sua aldeia ficava onde está governador-in'Vasor mandou TATUPE8A (Tatu Chato) TEREBI (Asseada) - fndia
hoje o Largo da Vitória, em queimar cento e trinta 9.l- Cacique de Camocim, Ceará. guaianá, filha de Tibiriçá.
Salvador. (Século XVI). deias deste principal, matan- TAVIRA - Guereirro tabajara. • Apaixonou-se pelo clérigo Pero
TAPERIRI - Cacique tabajara, do e escravizando centenas de Dotado de invulgar torça físi- , Dias com o qual casou-se de-
aliado dos portugueses na iLndios. ca e coragem pessoal, era o pois de muita confusão. No
conquista de Pernambuco. <Sé- TATAGUAÇU (Fogo Grande) flagelo dos seus inimigos. Pes- batismo tomou o nome de Ma-
culo XVI). Cacique do Mato Grosso. Em soalmente infiltrava-se entre ria da Grã. (Século XVI).

112 113
TER~NCIO LUfS DA SILVA - bóia. Quando Tomé de Sousa capit~o Gregório Lopes man- ra os vassalos falarem com
índios makuxi. Objetivando o criou a vila de Santo André. dou matá-lo cruelmente às esse "rei" era preciso marcar
bem-estar de sua gente, parti- em 1553, Tibiriçá não se opôs. cutiladas, com o pretext~ de audiência prévia e ao serem
cipou do Seminário Sobre os Cumpriu as ordens desse go- que o cacique estava traman- admitidos na sala real jamais
Direitos Históricos dos índios, vernador e continuou servindo do uma sublevação. Foi amigo deveriam levantar os olhos
realizado em São Paulo no pe- de Cipouna e sua aldeia ficava para vê-lo e muito menos to.
aos que o sucederam. Se não na Copaóba, atual Serra da
ríodo de 26 a 29 de abril de fosse ele e a sua grande prole cá-lo, permanecendo de joe-
1981. Tal como. a grande maio- Raiz, Paraíba. (Séc. XVII). lhos em sinal de reverência e
os j esuítas não teriam funda-
ria dos representantes indíge - do São Paulo. De grande re- TOBATI - fndio do Mato Gros- submissão. ·rombu foi desalo-
nas àquele Seminário. reivin- sistência física, era considera- .so, amigo dos bandeirantes. Jado do seu reino em 1661 pelo
dicou a demarcação de terras. do o maior arqueiro do planal- Descendo o Rio Paraguai em aventureiro Fernão Dias Paes
to. Não tinha medo de nada; 1685 causou grande inquieta- Leme, que o forçou a migrar
TERREIRO ESPANTOSO - Feiti- ção às autoridades e aos ha- da Serra de Apucarana onde
ceiro carijó de Santa Catari- apesar disto seu temperamen-
to era muito sensível. Tornou- bitantes de Assunção, sobres- vivia, para São Paulo, ' aonde
na. Sobrinho de A·njo, com saltados com a notícia da foi ser escravo com os cinco
hierarquia imediatamente iin - se tão amigo dos jesuítas (Nó-
brega e Anchieta) que chegou vinda iminente dos paulistas, mil índios que o acompanha-
ferior a este. Advinhava. todos cuja fúria destruidora era te-
os passos dos padres e sabia até a brigar com o genro e ram. Os índios de Tombu, Son-
tornou-se inimigo de muitos mida por todos. Ninguém viu dá e Gravataí foram larga-
os nomes de todos os compo- o misterioso viajante, salvo
nentes das expedições sem dos seus parentes, inclusive mente explorados pelos ban-
Araraí. Conta-se que certa vez uma jovem índia, da qual ele deirantes nas entradas para
nunca tê-los visto. De uma se aproximara para um coló-
feita, os padres presenciaram os guaianases aprisionaram um Minas Gerais em busca de
inimigo e o entregaram ao quio amoroso. O "segredo xµi- esmeraldas.
Terreiro Espantoso secar uma litar" vazou e as autoridades
lagoa, só com gestos, para chefe. Na taba indígena pre- de uma localidade a cem qui- TOMll! DIAS - Principal do Cea-
frustrar a pescaria de alguns parou-se um grande festim e lômetros de Assunção toma- rá (Parangaba). Em 25 de fe-
índios que desdenharam dele. quando Tibiriçá, todo empena- ram conhecimento, decretando vereiro de 1707 recebeu uma
Uma vez atritou-se com Ita- cpado, se preparava para de- estado de emergência. Os sesmaria na área compreendi-
pari que foi _seu rival de ma- vorar o inimigo, apareceram os ba11dei.rantes não vieram e o da entre a Lagoa Caracu e as
gia. Para conseguir manti- missionários e o desarmaram. estranho visitante d·esaparece~ Serras de Maranguape e Sa-
mentos para sua gente, der- O cacique assóviou, bateu o do mesmo modo como chegara. pupara.
rubou muitas árvores sem pé e o arco e acabou deixando
soltar o prisioneiro. Como co- TOLDO CHIMBANGUE - Famoso TORVÃO - Grande feiticeiro ca-
machado ou qualquer ferra- cacique caigangue de Santa rijó de Santa Catarina. Inti-
menta, construindo um espàin- laborador dos invasores rece-
beu o hábito de Cristo e uma Catarina morto pelos brancos tulava-se a si próprio "senhor
toso terreiro. Daí vem seu no- em 1915. .d as chuvas e das tempestades"
me. Os padres julgavam-no ·ri~ tença anual. Morreu na sua
lho do Deniônio. (Séc. XVII). choupana, que· ficava no atual TOMASIA - Principalesca tapa- e dizia que ~ra senhor de to-
L~rgo de São Bento, a 25 de jó. Tal como outras dessa na- das as terras, inclusive a dos
TIARARA ·- fridio tabajara da arachãs. Dizia ainda que sabia
Serra de Ibiapaba. Em 1691 foi dezembro de 1562, vítima de ção, exercitou o matriarcado.
desin teria trazida pelos escra- Recebeu doutrinação do padre de todas as coisas porque Deus
preso pelo simples fato de ne- lhe prevenia antecipadamente.
gociar com gado, que mandava vos dos portugueses das vilas Antônio da Silva. (Séc. XVII).
vizinhas. TOMBU - Cacique guairuná. Era
Prestou auxilio aos padres João
para Pernambuco. Atendendo Fernandes Gato e João de
uma petição ·ao sargento-mor TIJUCOPAPO - Feiticeiro pQti- irmão de Gravataí e de Sondá. Almeida. Foi contemporâneo
Estevão Velho de Moura, o guara. Foi amigo dos france- Considerando-se um rei fazia- de Tubarão. (Século XVII).
A '
marques de Montebelo mandou ses. Tomou parte no mass~­ se transportar num andor e
por onde passava os índios de TUJUPABUCO - Chefe indígena
soltá-lo. · · cre de Tracunhaém e opôs
obstinada resistência às tropas ambos os sexos e de qualquer do Espírito Santo. Em 1589
TIBIRIÇA (Formiga Velhaca) .i .,.... apresentou-se ao padre Marçal
Cacique ·g uaianá, irmão · ·a e do ouvidor Martim Leitão e idade ajoelhavam-se para bei-
seus aliados tabajaras. (Século jar o solo, sem ousarem le- Beliarte, com muitos de sua
Araraí e de Caiubi. Aliciâdo aldeia, para receber a doutrina
pelo gienro !branco Jbão Ra- XVI). . vantar os olhos. Sobre o pór-
tico do palácio estavam suas cristã. Era tido como talentoso
malho, o famoso cacique tor- TIQUARAÇU . - Càcique tapuia,: e ajuizado.
nou-se aliado dos lnvasor·es. aliado dos ·holandeses. Foi armas que consistiam num
Foi um grande benfeitor dos bastrunte perseguido por Mel.- ramo seco com três araras vi- TUMA - Principal tapuia. Hos-
estrangeiros, traindo os da· súa tias de AlbuqUetqúe.- Por não vas. Quando uma morria logo pedou Cristóvão da Rocha por
própria · raça, como fez Aràri- ter 'aderido · aós portugueses, :o era substituída por outra. Pa- .ocasião da entrada que este

114 115
fez ao sertão em busca de Iruri, Sururi, Aripuanã e Pa- dor Correia de Sá concedeu- eles e seus aliados tabajaras
índios para apresar. raplchara. Os índios acredita- lhe uma área de terra na em 1599. Foi um homem de
TUPAAIGUA - fndia manauá. vam que ele era filho de uma margem norte do Rio Macacu, multas proezas e aventuras.
Em 1580 duelou contra outra mulher que veio prenhe d~ perto da Serra dos órgãos. V:ejamos alguns relatos de suas
<Tabolia) da mesma tribo, cada céu. (Século XVII). VITAPITANGA - fndio tapuia, façanhas: "Em 1603 estava a
uma defendendo as qualidades URU ÇO-MIRIM
1
(Abelinha> aliado dos portugueses. Sua Bahia sob ameaça de ser asso-
dos maridos beberrões. Bate- PrLncipal tamoio. Sua aldeia função era a de andar pelo lada pelos aimorés, que já
ram-se a golpes de 'macaná' ficava na atual Praia do Fla- sertão do Nordeste espalhando haviam reduzido a ruínas as
até que, já bastante ensan- mengo, Rio de Janeiro. Morreu boatos contra os holandeses, a Capitanias de Ilhéus e Porto
guentadas, !oram apartadas em 1567 combatendo os portu- mwndo de Luís Caravatá. Ao Seguro. Nada podiam os mo·
pelos maridos. gueses. saber disto Roulox Baro man- radores locais tnem as guaml ..
TUPARI - Segundo alguns in- VAHUIN - Cacique caigangue dou ameaçá-los. (Séc. XVII). ções do governo contra esses
formantes, este índio foi o guia de São Paulo. Por volta de WAIWAI - Capitão dos wapis. ferozes indígenas. Mandou-se
e matador do jornalista ame- 1912 resistiu à pacificação da Em 1982 teve de expulsar in- então da Paraíba e do Rio
ricano Albert de Witon, re·- tribo em virtude da agressão trusos que vinham garimpan- Grande do Norte, por ordem
pórter do "American and Fo- sofrida por um índio dessa do ouro em seu território. do governador-geral, uma for-
reign Newspaper", que em 1934 nação, que ao acercar-se paci- Várias vezes os a venturelros ça, de oitocentos imdios poti-
tentava localizar o coronel in- ficamente dos brancos foi re- propuseram-lhe negócios van- guaras, porque se entendia que
glês Fawcett desaparecido na cebido a bala. Uma criança tajosos, mas ele nunca aceitou só com semelhante gente seria
selva amazônica. que estava nos braços do índio porque não confia na palavra possível bater tão terrível ini-
morreu com um balaço. Vahul11 dos brancos. migo. Outra razão concorreu
TURUCARI - Cacique cambeba. para o envio dos potlguaras,
Foi senhor de muitas aldeias. tempos depois apresentou-se
voluntariamente ao SPI, com WETAGUE - fndio suiá. Re- porquanto já estavam em paz
Os índios obedeciam-no e res- presentou seu povo no Semi- com os portugueses e convi-
peitavam-no com grande su- vistas à pacificação, iniciativa
a seguir tomada pelos caci- nário Sobre os Direitos Histó- nha dlstrai...los na luta, evi-
j eição. Dizia ter vindo do céu ques Chong-huí, Cangrui, Ru- ricos dos fndios, realizado em tando-se desta forma o perigo
.e que ali iria tantas vezes qui- grê e Charin, todos caigan- São Paulo no período de 26 a de um levante, sob qualquer
sesse.. Seu sistema de tratar gues. 29 de abril de 1981. pretexto". O número de oito ..
os índios era parecido com o XAPé - Cacique da aldeia de centos flecheiros vem men-
de Tombu. VALETIM DA ROCHA - Prin- Bananal, São Paulo. Ele e sua cionado em frei Vicente, Sou-
cipal caeté. Pela sua fidelidade they e Varnhagen, mas de
UBAUNA - Principal do Ceará. família são os primeiros habl-
Foi o intermediário na paz aos portugueses, foi nomeado uma certidão fornecida pela
governador do presídio da tamtes guaranis da atual al-
que Pero Coelho de Sousa lo- deia da Barragem, naquele Câmara de Olinda, datada de
grou fazer com Diabo Grande Garça Torta, Alagoas. Comba- 15 de março de 1603, "tal nú-
teu os quilombolas de Palma- Estado.
e Mel Redondo, no início do mero se eleva a 1500, embar-
res. Morreu em campanha Zé PRETO - fndio atikum. Foi cados em Olinda, em 7 na-
Século XVII. Era bastante. estl- quando se dirigia ao Ceará. assassinado em maio de 1985
mado pelo seu povo. vios", conforme esclarece Ro ~
(Século XVII). com um tiro na garganta por- dolfo Garcia nos seus comen-
UIRA-EÇA-AÇU (Pássaro ele VANUíRE - fndia caigangue de que testemunhou o assassina- tários a Varnhagen. Bem mais
Olho Grande) - Oriundo da São Paulo. No início deste to de um funcionário da FU- poderia ser, pois que os poti-
Serra de Ibiapaba, foi um dos século foi intermediária na NAI no município de Floresta, guaras de Copaóba, na opinião
principais da aldeia de Poieupe, pacificação dos caigangues do Pernambuco. de Simão de Vasconcelos, "ti-
Maranhão. Tomou parte nas Paraná, promovendo com mui- ZEZINHO - Remanescente do.s nham condições para por em
solenidades de fundação de to zelo e carinho sua aproxi·- primeiros guaranis que vieram campo de 20 a 30 mil arcos".
São Luís, em 1612. Foi o pai mação com os brancos. Apenas do nordeste da Argentina e Os potlguaras somente concor-
de Itapucu e era amigo de o cacique lacri resistiu à apro- leste do Paraguai para se fi- daram em descer a Serra de
Japiaçu. ximação. Em sua homenagem xarem no litoral paulista. Vive Copaóba, depois que lhes f ol
UIRA-UERA <Pássaro Preso) ·- · o SPI criou um posto indíge- na aldeia Rio Brwnco, a 15 dada a gara111tia de que, aca-
Mulher de Uirá-Eçá-Açu e mãe na que leva seu nome. quilômetros do mar. bada a luta, voltariam ao seio
de Itapucu; Migrou com o ma- VASCO FERNANDES - Principal ZOROBABé - Famoso cacique de suas famílias. Assim, esta-
rido da Serra de Ibiapaba para temiminó da aldeia de São potiguara. Era soberbo e irre- belecido o pacto, tomaram as
o Maranhão. Lourenço, Niterói. Foi aliado quieto. Resistiu bastante aos armas, tendo por capitão o
UNICOR~ - Principal da região dos portugueses e por isto invasores portugueses, mas oficial Francisco da Costa e
do Rio Madeira. Era irmão de em 1578 o govemador Salva- acabou fazendo as pazes com por gula espiritual o jesuít a

116 117
Diogo Nunes. Chefiava os ín-
/
rendo, determinou que se :qon- ge; ao que respondeu o velho, a seguir recebeu os cumpri-
dios o famoso cacique Zoro- rasse o compromisso assumido, àinda que já centenário, que mentos dos religiosos e de
babé. "Ao chegarem à Bahia o mandando de volta os poti- fora da guerra nunca fora es. quantos lhe foram dar as boas
· perigo dos aimorés estava pas- guaras. E, como deviam re- perar no camiinho senão da- vindas. Terminada esta parte
sado. Surgiu, porém, um peri- gressar a pé pelos caminhos mas, e, pois, ele não era dama, do cerimonial, visitou a igreja
go maior, já agora contra os do interior, deu ordem para nem vinha dar-lhe guerra, não e a escola, onde ouviu o can-
próprios potiguaras, ameaça- que, de passagem pelos pal- se levantaria de sua rede". to dos curumins. Mas enfadou-
dos de ficarem cativos na Ba- mares de Itapecuru, a poucas Zorobabé passou ao largo da se da escola e quis logo sair
hia, como era costume dos co- léguas do Rio Real, destruís- aldeia de Pirajibe, e foi jantar dela porque os assentos eram
lonos ali residentes". Segundo sem um quilombo de negros no Inhobim, meia légua adi·· uns toros de madeira lavrada".
Southey, cuja opinião Galanti que ali se formava, tomando ante. De lá mandou recado aos Zorobabé continuou morando
endossa, o oficial comandante para si os que ap~nhassem religiosos para que apareces- na aldeia de I111hobim, a. duas
parecia comprometido no pla- vivos. Essa proeza ~orobal;lé sem com os 'curumins' das es- léguas de João Pessoa. Não es-
no de cativeiro dos potiguaras, executou com muito garbo. colas, porque queria apreciar teve presente à solenidade de
.t anto que, para facilitar a sua Não somente deu cabo da nas- alguns números de música e paz firmada entre Pau Seco e,
execução, aquartelou uma par- cente república dos palmares, dança; pediu também que en- Pirajibe em 1599, pois como
te dos índios na cidade de que ressurgiu com dobrado vi- feitassem a igreja, pois nela morubixaba ficou encastelado
Salvador e outra em Ilhéus. gor, como levou, dos negros ia entrar. Desculparam-se os na Serra d.e Copaóba, onde·
Isto feito, pôs todo o seu em- capturados, "um magote não padres dizendo que os meniinos está hoje a cidade 'paraibana
penho para que os í.ndios resol- pequeno", que foi vendendo se haviam espalhado desde de Serra da Raiz, em local que
vessem ficar e quando viu a pelo caminho para comprar cedo com o alvoroço da sua nenhum branco ousava che-
inutilidade dos seus esforços uma bandeira de campo, tam- chegada e quanto a igreja gar. O Rei de Portugal lhe deu.
quis obrigá-los pela força, bor, cavalo e vestidos, com não podiam enfeitá-la porque uma tença de 400 reais de sol-
ameaçando declará-!os rebel- que entrasse triunfante na sua o dia não era de festa de san- do, sem que ele pedisse, em.
des, caso em que estariam su- terra". A distância percorrida to, mas estava aberta para recompensa dos seus serviços.
jeitos ao cativeiro. "Diante do a pé pelos potiguaras foi de nela entrar como desejava". i\. Quando bebia ficava turbu-
perigo que punha em risco a mais de mil quilômetros. Os tarde, vistosamente vestido e lento, mas o que o fazia mais
sua liberdade os potiguaras se que estavam em Ilhéus anda- montado em seu cavalo, com temido pelos invasores era a.
puseram em som de guerra, ram mais ainda: cerca de acompanhamento de bandeira grande influência que exercia.
conforme declara frei Vicente 1300. Como andarilhos experi- e tambor, um índio na frente sobre os potiguaras como chefe-
do Salvador, preferindo perder mentados., qualquer distância esgrimando uma espada a fim sobera:no. Com receio de sua.
a vida com dignidade a sub- para os índios era como se de afastar a gente que era incrível liderança, os portu-·
meter-se ao torpe procedimen- fosse um simples passeio. "A inumerável, marchou Zorobabé gueses prenderam-no e envia-
to dos que se diziam civiliza- recepção que teve na Paraiba na direção da igreja, onde o ram-no para Portugal, com
dos. Os padres jesuítas foram foi de fazer inveja a qualquer esperavam os padres francis- mulher e filhos, ·em 1608. De
chamados a intervir, mas a chefe de Estado. Os potigua- canos. Passou pelo templo e Lisboa, de onde as autoridades
sua ação foi pálida, limitan- ras da terra, avisados por não entrou, mas logo chegou achavam que ele ainda podia.
do-se a aconselhar os índios a me1I1Sageiros que d.e longe lhes um parente seu incumbido de fugir de navio, mandaram-no.
ficarem na Bahia. Conheciam trazia a boa nova, foraín es- avisar aos religiosos que a vi- para Évora, morrendo na pri-·
o caráter da gente da gover- perá-lo à distância de dez e sita ficava para o dia seguinte. são. Foi, pois, o primeiro exi-
a:iança e não achavam pru- até vinte léguas, abrindo e Zorobabé estava muito bêbaào lado brasileiro. Apesar disto,.
dente contrariá-la nos seus limpando o caminho por onde e por isso não queria entr~r não consta haver na Paraíba.
propósitos de ganância, tor- havia de passar o valoroso no templo". "No dia seguinte sequer uma rua em homena-
nando-se cúmplices dessa tor- chefe. Na chegada, todos cor- mandou que se pusesse em gem a esse índio.
peza". "Estavam as coisas riam a vê-lo como a um rel frente ao cruzeiro da igreja ZUMBA - Cacique wassu. Em.
nesse pé, ameaçados os poti- poderoso que volta aos seus cinco cadeiras, a do centro en1 1984 foi morto com quatro fa-
guaras de extermínio ou es- domínios coberto de glórias. forma de trono, coberta de cadas na aldeia de Cocai, Ala--
cravidão, quando chegou à Só Pirajibe, que era tabajara, alto a baixo com uma faixa goas. o motivo do crime foi
Bahia o governador Diogo Bo- se deixou ficar com os seus na listrada. Ao chegar ao local, o conflito de terras na área.
telho, que um ano antes ha- sua aldeia, e, porque Zorobab_é sentou-se na cadeira que lhe Os índios locais revoltaram-se
via desembarcado em Pernam- se determinou passar por ela, estava reservada, ladeado dos e somente foram acalmados.
buco, onde permanecera tanto lhe mrundou dizer que saíSBe a principais de outras aldeias, e com a presença da polícia.
tempo a govemar o Brasil. esperá-lo . na estrada, pois os
Informado do que estava· ocor- mais o haviam· feito tão lon-

118
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CRONOLOGIA
1500 - Estima-se entre 3 e 5 milhões a população indígena
do Brasil.
- Vicente Yaíiez Pinzón pega à força 36 indígenas nas
costas do Amapá e os conduz escravizados para a
Europa; é o primeiro ato de violência cometido por
europeus contra índios brasileiros.
- Cabral alicia três tupininquins de Porto Seguro e os
manda para Portugal como prova do descobrimento
da "Ilha de Vera Cruz".
1504 - O carijó Içamirim embarca para a França e ali dá
origem aos mamelucos da Bretanha.
1509 - Diogo Alvares, o Caramuru, e mais oito portugue-
ses, vítimas de naufrágio, são recolhidos pelas indí-
genas da Bahia.
1.511 - A nau "Bretoa" leva de Cabo Frio para Portugal 36
indígenas escravizados.
1522 - Aleixo Garcia sai das costas do Paraná com dois mil
índios e chega no império dos íncas antes de Pizarro.
1528 - Diogo Leite pede ao Rei para levar dez escravos in-
dígenas para Portugal.
1531 - Os tamoios impedem a presença de ~lartim Afonso
de Sousa no Rio de Janeiro, local inicialmente cogi-
tado para lançar os fundamentos da colonização.
- Francisco Chaves é incumbido por l\íartim Afonso
de ir ao sertão buscar 400 índios C'arregados com ouro
e prata; a expedição é dizimada pelos carijós, pro-
vavelmente insuflados pelo castelhano Rui Moschera.

121
- Pero de Goes remete 70 escravos indígenas para Por- 1559 - Não suportando os maus-tratos os tupiniquins de
tugal. Ilhéus e Porto Seguro sublevam-se e voltam a depre-
1533 - Pero de Goes e Rui Pinto são incumbidos de casti- dar as duas Capitanias.
gar os carij ós, supostamente culpados do massacre 1560 - Mem de Sá manda uma expedição para aniquilar os
da expedição de Francisco Chaves. tapuias do rio Paraguaçu.
1534 - A criação das Capitanias Hereditárias e a vinda de - O governador vai pessoalmente ao Rio de Janeiro
colonos, cada vez e1n maior número, aumenta o perigo combater franceses e tamoios.
contra a liberdade dos índios. - Os aimorés atacam a Bahia.
1538 - Três caravelas portuguesas transportam para Porto 1561 - Sai de São Paulo a primeira bandeira de caça aos ín-
Rico 140 índios escravos e livres. dios do Anhembi (Tietê), da qual o padre Anchieta
1540 - Fugindo à esc~avidão. 12 mil índios de Pernambuco faz parte como intérprete.
e da Bahia migram para o oeste; trezentos deles che- - Na Bahia, Vasco Rodrigues Caldas e mais cem com-
gam ao Peru, depois de uma penosa jornada de cinco panheiros entram no Paragu·açu e são desbaratados
mil quilômetros através de serras, florestas, rios e pelos tupinaés.
pântanos. 1562 - Para obter escravos "legítimos", Mem de Sá faz uma
1547 - Carijós do sul de São Vicente são assaltados por prea- "guerra justa" contra os caetés, com o pretexto de
dores e vendidos em várias Capitanias. "serem pagãos e terem trucidado o primeiro bispo do
- Os · tamoios assaltam São Vicente e matam nlais d·a Brasil em 1556".
metade da população da pequena povoação. - João Ramalho, genro do cacique Tibiriçá, enceta uma
1549 - Tomé de Sousa renova a atividade do esc·ambo para bandeira preadora contra os índios do Vale do Pa-
para obter alimentos com o trabalho escravo dos ín- raíba.
dios. - Os tamoios confederados atac·am São Paulo e amea-
1553 - Duarte da Costa permite que os colonos escravizem. çam todas as Capitanias _do Sul.
e tomem as terras das tribos m·ais próximas dos es- 1563 - Em conseqüência das guerras dirigidas por Mem de
tabelecimentos comerciais; a medida vai gerar vio- Sá 70 mil indígenas da Bahia morrem de fome e de
lentos conflitos entre índios e brancos na Bahia. varlola; esta doença, como outras trazidas pelos co~
1555 - Em represália aos maus-tratos, os índios atacam di- lonos ' era desconhecida dos .naturais. ·
. versos pontos da Capitania da Bahia; o governador .
• - ós padres Nóbrega e Anchieta conseguem dos tamoios
manda seu filho, Álvaro da Costa, destruir as aldeias. a paz ·de Iperoig.
nos arredores de Salvador e castigar os naturais. 1565 - Os portugueses de Estácio de Sá e os temiminó~ de
- Forma-se a "Confederação dos Tamoios". Ararib'óia avançam sobre os tamoios; matam milha-
.1 556 - Guaxará enfrenta as naus portuguesas na Baía da. res e fazem 300 prisioneiros · nas imediações do atual
Guanabara; na refrega o c·acique é traído e morto. Morro da · Viúva~ no Rio de Janeiro. ·
- Os caetés trucidam cem portugueses, vítimas de nau-· 1567 - ·Os tamoios são vencidos pelas trop·a s de Estácio de
frágio; entre estes está o bispo Sardinha. Sá e pelas hordas de Araribóia; o invasor morre em
1557 - Os índios da Bahia recusam-se a plantar; sobrevem. · conseqüência de uma flechad·a do rosto. ·
a fome em toda a Capitania. 1574 - Os· -potiguaras repelem a expediç~o do ouvido;-geral
1558 - Mem de Sá envia uma expedição contra os índios do Fernão ·da Silva, que tenta conquistar a Paraiba.
Espírito Santo; na luta Fernão Sá, filho do gover- - Antônio Dias Adorno, net<Y. de Caramuru, segue· o.
n·a dor, é morto. . · roteiro · de Sebastião Fernandes . Tourinho em busca

122
de pedras preciosas; a expedição modifica seu obje- são presos 80 potiguaras "contra a vontade do ouvi-
tivo e, em vez de pedras, traz sete mil indígenas es- dor que não queria senão que os matassem".
cravizados e famintos. 1589 - Cristóvão de Barros e alguns fidalgos atacam o ca-·
- Para vingar-se de um ultraje, o cacique Iniguaçu ata- cique Baepeba; matam 1600 índios e cativam outros
ca e incendeia o engenho de Diogo Dias, em Tra- quatro mil, que são distribuídos entre ele próprio e·
cunhaém; mata 600 pessoas entre brancos, pretos e os reinóis; com isto os invasores consolidam a con-·
índios, além de todos os animais. quista de Sergipe.
1575 - Antônio de Salema, governador das Capitanias do 1592 - Afonso Sardinha move uma guerra contra os índios
Sul, massacra covarde e impiedos·a mente os tamoios. que iria durar sete anos; neste mister foi secundado·
em Cabo Frio; mata dois mil índios e escraviza outros. pelos exterminadores Jorge Leitão e João do Prado.
quatro mil; é o fim da resistência contra os invaso- - Sebastião Marinho sai de São Paulo e vai prear ín--
res na atual Região Sudeste. dios no interior de Goiás.
- Luís de Brito de Almeid·a, governador das Capita- - Luís Alvares Espanha prepara uma grande expedi-
nias do Norte, move obstinada perseguição aos cae- ção e vai de Ilhéus para o interior matar e c·a tivar
tés de Sergipe; na luta morre o cacique Sorobi. indígenas que "haviam morto uns cristãos".
1579 - O capitão-mór de São Paulo, J erônimo Leitão, inicia 1594 - Jorge Correia faz "profícua sortida contra os indí-·
a guerra contra os carijós que vai se estender até· genas assediadores de São Paulo".
1592, "porque ·a terra estava pobre e não tinh.a es-· - Os dois Afonso s ·a rdinha (pai e filho) e João do Pra-·
cravarias"; nesse meio tempo destrói trezentas al- do vão prear e exterminar índios no Jequitaí (sul
deias no Anhembi (Tietê) onde viviam cerca de trin- de Minas); a tropelia desses aventureiros prossegue·
ta mil indígenas. até 1599.
1595 - Manuel Sueiro e João Pereira de Sousa Botafogo fa-
1582 - Os potiguaras destroçan1 a expedição de Frutuoso
zem "campanhas que para sempre desafogariam a
Barbos·a que tenta conquistar a Paraíba; na luta mor-
vila paulista do temor de possível investida triunfan-·
re um filho do invasor.
te dos autoctones".
1583 - Salvador Correia de Sá vai ao interior fluminense 1597 - Os potiguaras do Rio Grande do Norte são massa-
fazer guerra aos índios. crados pelos portugueses de Jerônimo de Albuquer-·
- Uma grande seca atinge a Capitania de Pernambuco· que e seus aliados tab·a jaras.
fazendo com que cerca de 5 mil índios abandonem 1598 - Martim de Sá guerreia os carijós e as tribos do Tie-
o interior tocados pela f orne; chegando ao litoral, a. tê e Jeticaí, matando e escravizando muitos; desta
maioria é escravizada pelos portugueses e poucos con- expedição participam os ingleses Anthony Knivet e·
seguem voltar às suas roças. Barraway como observadores.
1584 - Outra epidemia de varíola grassa nas aldeias d·a Ba- 1599 - Uma terrível epidemia dizima milhares de potigua-
hia; os sobreviventes se oferecem como escravos para. ras obrigando-os a fazer as pazes com os tabajaras;
não morrer de fome. o evento põe fim à resistência contra o invasor na
1585 - Com o auxílio dos tabajaras, os portugueses fundam Paraíba e Rio Grande do Norte.
a vila de Nossa Senhora das Neves, primeiro dos 1601 - A Câmara de São Paulo tenta obter do goveriiãdor·
cinco nomes que teve a capital paraibana. Francisco de Sousa licença para arrendarem "índios
1586 - Ajudados pelos tabajaras, os portugueses atacam uma. de paz ou gue1Ta pelo muito prejuízo que a terra
aldeia potiguara e promovem indescritível matança; recebia com a remessa de escravos para a Bahia".

124 125..-
1602 - Contrariando ordem real, Nicolau Barreto arregimen- do cacique Tambiú, mas no ano seguinte é destruída
ta 300 portugueses, além de muitos índios e mame- pelo governador d·e Guairá, Antônio Anasco.
lucos, e parte de São Paulo "à procura de minas de - Diogo Fernandes vai ft1stigar os carijós.
ouro e prata"; chega ao Rio das Velhas e vai até o 1612 - .Enquanto Garcia Rodrigues persegue os bilreiros, Se-
sertão de Paracatu; em vez de metais preciosos, ele bastião Preto faz a préa de 900 índios mansos no
arrebanha e escraviza 3 mil indígenas. · Guairá.
1603 - Com 65 soldados e 200 índios auxiliares, Pero Coelho 1613 - ·Rafael de Oliveira, procurador da Câmara de São
de Sous·a se desloca de Pernambuco e ruma para o Paulo, denuncia o governador Luís de Sousa como
norte, com o escopo de achar riquezas metálicas ao sendo um grande fomentador de entradas visando in-
longo do litoral; na Serra de lbiapaba os tabajaras , · 'crementar a exportação de escravos indígenas.
barram a sua marcha; desiludido, passa então a prear - Diogo Quadros dirige outra expedição preadora, cujo
indígenas. rumo é ignorado.
- Extermínio dos aimorés. - Pero Domingues, de São Paulo, chega perto de Be-
1604 - Para socorrer a fracassada expedição de Pero Coelho lém com uma bandeira, trazendo 3 mil índios cativa-
de Sousa, sai de Pernambuco João Soromenho que, . dos· durante a longa jornada.
contudo, não vai ao encontro do infeliz patrício; limi-. 1615 ~ Com o auxílio dos tremembés, os portUgueses expul-
ta-se a escravizar índios, tanto amigos como inimi-
gos.
.. sam os franceses do Maranhão; os 12 mil tupinam"'.
· hás aliados dos gauleses são cruelmente reprimidos.
..
- Diogo Quadros fustiga os carijós de São Paulo. ..:..__ Lázaro da Costa sai de São Vicente com uma gran•
.1606 - Diogo Quadros e Manuel Preto, ambos residentes em de bandéira e vai prear carij ós em Santa Catarina.
São Paulo, dão início ao ciclo de vandalismo e atro- •
· ~- Antônio Pedroso de Alvarengà., acobertado pelo go-
cidades contra as nascentes missões castelhan·as e ín·~ , : vernador Luís de. Sousa, vai cativar indígenas no ser-
dios mansos. , tão.. de Paraopaba, atual território de Minas Gerais.
1607 - Manuel Preto chega ao Guairá; destrói missões jesuí- 1619 =---- .Bento Maciel Parente massacra de forma crudelís·
ticas e apresa índios mansos. ', · sima os remanescentes tupinambás .do Maranhão.
- Belchior Dias Carneiro ataca os bilreiros; morre em. , ~ O cacique Cabelo de Velha morre lutando no Mara·
1608 e tem como · sucessor no .ofício de pre·a r Antô- nhão contra os invasores.
nio Raposo, o velho. 1621 -·.. Uma epidemia de varíola· trazida, por um navio vindo
·1608 - Morre nos calabouços de Évora, Portugal, o cacique . . ...: de Pernambuco aniquila os remanescentes. tupinam-
Zorobabé, primeiro exilado brasileiro. '
. . ... ,. · hás das costas do Maranhão e do Pará. .
·1610 - Clemente Alvares e Cristóvão de Aguiar vão ao oeste i623 ·- .· Uma grande bandeira comandada por . Antônio Ra-
de São Paulo perseguir os boipebas. .. .. :Poso Tavares ataca e destrói algu~ .~issões jesuí-
1611 - Ltlís de · Sousa, governador das Capitanias do Sul,: .. · . - .. . , ticas do ·Guairá .e apresa milhares de gua!anis.
manda à ·sua custa uma expedição ao Guairá com a 1628 - · B,a ndéirantes atacam as reduções jesuíticas -do Guai-
finalidade .. de pre·ar indígenas para a lavra das mi- ._, ,_. .. .r á; 15 mil guaranis são escravizados; postos a ferros
nas; o comando da bandeira cabe a Pedro Vaz de ,. _, . -- e levados para São Paulo.
Barros. - O cacique Taiobá, .aliado dos castelhanos, enfrenta
- Fernão Paes -de Barros comanda uma bandeira e ·a tin- os paulistas.
. ge .o Paranapanema, destruindo as- aldeias que en- 1629 . ~ Aiitônio Raposo Tavares e Manuel Preto destroem
contra .. pelo ·caminho; a b·a ndeita apresa . 800 · índios ~r.~ :' ~:L.· : onze grandes reduções no Guairá, onde havia mais

J26 • 12i
.. dé 3·0 m~l habitantes; nesta incursão morre o "herói de .Santa Teresa com mais de 4 mil habitantes; o ban-
' . d.e irante manda a.ssolar a região do Ij uí e realiza
de Guairá", flechado pelos abeueus.
1630 - Instigados pelos colónos, índios de Cabo Frio e de "enorme préa encaminhada para seus campos de con-
.. Reritiba se unem e massacram os goitacases, no n0:r~ centração"; os índios eram degolados com espadas,
te do atual Estado do Rio de Janeiro, por um delito machetes e alfanjes; as crianças eram rachadas en1
que não haviam cometido; nessa ocasião são destruídas duas partes, abrindo-se-lhes .as . cabeças e despeda-
'~ as aldeia& de .Goi_tacá Guaçu·, Goitacá J acorito e Go:i~ çando-se-lhes os membros".
• · tacá Mopi, cujos habitantes são degolados sem obser- 1638 ;,.._ Fernão Dias Paes coma11da a terceira. grande ban-
,. . ·vância <;le sexo ou idade. ., deira .invasora do Rio Grande do Sul, indo até terri-
1631 - Feliciano Coelho de Carvalho, à testa de 240 solda- tório do atual Uruguai; destrói ·as reduções de Caaro
,. , · dos e ·5 mil índios aliados, arrasa os ingaíbas da Ilha e Caaguá, "levando para o .norte elevado. número de
de Marajó. prisioneiros" . .
-=- Os ataques e as devastações dos bandeirantes pau· .;_,, Bandeirantes paulistas assenhoreiam-se · da Província
... lista~ obrigam os padres a transferir 100 mil guara- do Uruguai, apresam índios .e empurram qs jesu_ítas
nis das reduções de Guairá para além das cataratas .castelhanos mais para oeste.
do Jguaçu; chegam apenas 10 mil, seguindo-se outros 1639 - Os· caciques guaranjs Inácio Abiaru e Nicolau Nhen·
êxodos. · · ·· guiru derrotapi os mamelucos paulistas em Mbororé.
1633 - Caçadores de escravos paulistas atacam sucessiva.men- 1641· - Pela segunda vez' os' guaranis de Abiaru e de Nhen-
_; te as reduções de Concepcion-de-los~Gualachos, San- . · guiru derrotam os· ·mamelucos paulistas.
to Inácio e Loreto, no Rio Grande do Sul. ·
.,
- Os paulistas arrasam as missões · do Itatim, no atual 1644 - Jerônimo Bueno, genro de · Manuel Preto, comanda
.. ' · uma grande bandeira. qt1e é· destroçada· pelos guara-
território do Mato Grosso ·do Sul; essas missões dois
anos mais · tai:de se refazem çom cinco novos "pue- nis nas ribefra-s do Paraguai; · todos são ~· mortos, in-
. .. clusive o com·andànte~ . ;.~'. .
'' ..
blos".. . .
- Antônio . Arnau . Vilela vai dizimar. os índios do Rio iq45· .:__ Insufládos pelo jud_eu-alemão. Jacoí>' Rabi o~ potigua-
~as realiza.m. o massacre de Cunhaú, no Rio Grande
'

· . ·urutu, afluente da margem esquerda do Amazonas.


1635 - Antônio de ·Albuquerque abafa um levante geral dos do Norte. ' .
. tupinambás do Maranhão. · - O. índio pQtiguara Antônio Pa.r aupaba ma~a ·sem p~eda­
1~36 - Diogó Coutinho ·de Melo, companheiro de tropelias de .. · de... os ,p9rtugueses ·a ele entregues' pe~os ·holand:eses
Antônio Raposo Tavares, assalta os arachãs,- enquan- após a tomad·a do forte Potenji.
to seu parceiro com 150 brancos e 1500 tupis ataca 1647 - ..Manuel. Correia vai de São Paulo p·a ra Goiás perse·
e destrói com crueldade algumas missões castelh·anas ·. .guir os ·a raés.. nas' margens do Araguaia.
. . .
no atual Rio Grande do Sul. ~ •'

- Bento Rodrigues de Oliveira move gu.e rra aos tupi-


- Parte da bandeira de Camargo e Leme é trucidada ... nambás do Amazonas.
, pelos caaguarás nas imediações da Lagoa .dos Patos~
1()48 - · Morre . Filipe .Càmãrão, o famoso índio Poti.
1637 _:Amador Bueno,. ·que já fizera outras entradas, sai de
São Paulo com alguns dos seus filhos e dirige outra 1651 - Após terem escravizado ou matado cerca de 300 mil
, · · -- · . . bandeira · para o oeste, à caÇa de índios. .. · guaranis os bandeirantes paulistas cess;im · as incur-
- Raposo Tavares conquista o Tape.· .. sões de · préa. nas reduções castelhanas· do Sul.
.;-. · · - Uma·.grande . Bandeira · comàndada por André Fernan~ · -.,;. No"·Nordeste tem iriício um movimento indígena im-
~· : . · .~: ..·,des invad~ . . o. Rio (}.rande .do. Sul. e ..captura a aldeia propriamente chamado de ""Guerra : dos Bárbaros".
.
. . .·.' 129.
128
-Eclode uma rebelião de índios na Fazenda de Antô- 1655 - Bandeirantes paulistas rumam para o oeste à :pro-
nio Pedroso de Barros, nas imediações de Itu; na cura de escravos; entre os aventureiros está Fran-
· · ocasião havia ali cerca de 600 indígenas escravizados. cisco Ribeiro de Morais que morre na viagem.
1652 - Os marominis da fazenda de João Sutil de Oliveira
1669 - É declarada guerra de extermínio contra os tapuias
( Guarulhos) rebelam-se matando os brancos e des- d·a Bahia, Pernambuco e Ceará.
. truindo o estabelecimento.
- Manuel Brandão e Gonçalo Paes armam uma ban-
1654 - Os aruãs da Ilha de Marajó repelem uma expedição
deira e saem de São Paulo para apresar indígenas
dirigida contra eles por João Bittencourt Muniz. no interior.
1655 _:._ Os aruãs da Ilha de l\1arajó oferecem tenaz resistên-
cia às tropas de Agostinho Correia mandadas con- 1670 - Bartolomeu Bueno de Siqueira sai com uma bandeira
. ,·~; : tra eles. de São Paulo e vai para Goiás com o objetivo de apre-
·sar indígenas.
1657 - Vital Maciel Parente, filho natural de Bento Maciel
. , Parente, sobe o Amazonas até a confluência do N e~ 1671 - A pedido da Câmara de Salvador, chegam à Bahia
.. · ·gro e aí persegue os indígenas ribeirinhos. os aventureiros p·a ulistas Brás Rodrigues de Arzão
1658 - Paulo Martins Garro, C'apitão de Gurupá, vai para a
e Estevão Baião Parente, onde recebem a incumbên-
·t bacia do Tocantins fustigar os inheigaras e os tupi- cia de destruir os tapuias do sertão; acompanhados
, nambás . de numerosos índios e mamelucos partem para o ignó-
bil procedimento; iniciam, assim, o extermínio das
. . , - Os tapuias da Bahia destroem a bandeira do capitão
tribos do interior da Bahia, Pernambuco e Ceará, o
Domingos Barbosa Calheiros vinda de São Paulo com
que fazem "bravamente".
. a finalidade de dizimá-los.
1660: - Rebelião dos guaianás causam destruição em fazen- - Domingos Jorge Velho encarrega-se de destruir os
das na região de 1iogi das Cruzes. pimenteiras do Piauí e adjacências.
16.6 i.. _·.. Fernão Dias Paes ~proveita o desentendimento e a - Luís Castanho de Almeida vai com uma bandeira até
ingenuidade de três caciques irmãos da Serra de Apu- o Rio Anicuns (Goiás) e é vitimado pelos seus pró-
. · carana, Paraná, e os alicia, ·1evando mais de 5 mil prios índios, que se rebelam; seus filhos são socorri-
índios para ·os campos de ·Piratininga, . aonde vão ser dos por Antônio Soares Paes, outro aventureiro que
• 1
escravos do aventureiro.
1 • • '
·•
perlustrava na área; Paes aproveita e elimina ,uma
166.2 ·~ Uma epidemia de va~~íola sµrg~ em Sã<? L~ís e alas- tribo inteira e faz 300 cativos.
. ' .: tra-se pelas c .a pitanias- vizinhas fazendo. ·~·os índios 1672 - Bartolomeu Bueno da Silva (o primeiro A nhangue-
mansos suas maiores vítimas~ · · .. · ra), parte de São Paulo e vai até o Araguaia em bus-
1663 Antônio Arnau Vilela ·faz nova entrada no Rio Uru-
! ;___ ca de riquezas minerais e escravos indígenas que "d·a -
bu i · fim de perseguir e escravizar os indígenas, que riam para povoar uma cidade".
• • • • • ... •• • : • 1 •

·' · ··· o matam. - Pascoal Paes de Barros dirige-se ao sertão de Goiás


1664 - João Rodrigues Palheta faz guerra cruel · aos cabo- com o fito de prear índios.
quenas e guanevehes que no ano anterior haviam ·des- 1673 - A bandeira de Sebàstião Paes de Barros é repelida
;:, :"' · truítlo a expedição · de .Antônio Arnau Vilelá. · . pelos aroaquis no baixo Amazonas.
,;____,: O pernambucano" Pedró da Costa Favela alia-se aos - Manuel de Campos Bicudo, velho entradeiro dos ser-
tapájós e complem·e ntà o mass·a cre dos caboquenas e tões (mais de vinte), vai até o divisor de águ·a s en~
·" :: .e·; . ·guanevenes~ .incendeia ·soo :aldeias, mata· ,700 -. guer.7" tre o Amazonas e o Prata, tendo em mira a conquis-
·)~~i . reiros e leva · 400 ·cativos para Belém. · -.. ::: : .··
ta dos índios serranos. · : - ..
130
131
1674 - Francisco Dias d 'Avila e Domingos Rodrigues de Car- 1688 - André Pinheil,"o sobe o Amazonas até a confluência
valho massacram os indígenas do Rio São Francisco do Negro e de lá conduz para Belém grande quanti~
até o sul do Piauí. dade de indígenas escravizados.
167!> - Francisco Pedroso Xavier destrói as reduções entre 1689 - Matias Cardoso de Almeida vai de São Paulo para o
os Rios Paraná e Uruguai (território argentino), ma- . . Nordeste combater os tapuias do Ceará e do Rio
tando e apresando centenas de índios mansos. Grande do Norte.
- O serta~ista L9urenço Castanl10 Taques (o ·velho) sai 1692 - O raquítico Francisco Dias d'Avila expulsa os acroás
de São Paulo para o interior de Min·a s e aí expunge que se haviam estabelecido às margens da Lagoa Par-
os cataguases dos . sertões do Araxá e Paracatu. naguá, no Piauí.
O pa'1lista Sebastião Paes .de Barros leva do interior .- O "rei" Canindé. faz um tratado de paz com o Rei
do Pará, para Belém, cerca de mil .aroaquins escra- de Portugal, pondo fim à chamada. Guerra dos Bái-
b-aros.
vizados n() qaixo Amazonas.
1676 - Domingos Rodrigues de Carvalho sai com 120 cava-
1693 - Vai para os lados do Maranhão reduzir índios o pau-
lista Francisco Dias de Siqueira, conhecido pelas de·
larianos, além de muitos índios e mamelucos, todos
savergonhadas e impunes extorções que pratica.
da Casa d·a Torre, e faz tenaz perseguição aos gur-
- António Delgado da Veiga sai de Taubaté com uma
guéas; · depois de sete dias de marcha .encontram a
bandeira destinad·a ~ escravizar índios no território
tribo faminta e ~spav'orida; sob · fútil . pretexto 400 do atual Estado de Minas.
guerreiros são degolados· e as mulheres e crianças re-
; .~
- António Rodrigues de Arzão vai de Taubaté às cabe-
. ·•.
<luzidas à escravidão. ceiras do Doce .em busca de índios; daí inflete para
- Francisco Pedroso · Xavier assalta · missões castelha- ........ º·leste e é acolhido pelo capitão-mor do Espírito San-
nas; escraviza . 4 , mil indígenas, .· que : leva para São to," J~ão Velasco Molina, a quem ()aventureiro pre:
Paulo, · além dé ·cavalos e .b ens' das 'igrejas que sa- sent.eia com t;rês oitavas de ouro. .... ,

que1a. .1 694 --::- Saind'o de Taubaté, Fernando Furtado de Mendonça
1677. - Indígenàs amâzônicós destroem a bandeira· de Domin·· atjnge as cabeceiras do Doce com o objetivo de prear
gos de Freitas · A.zevedo. ·· · · · ·. 'indígenas.
1679 _:.__ Vital Maciel Parente sai de ; São Lu.í s .com· trinta ca- l696 ·- . Sebastião ·B rito. Guerra e seu pai saem d.e São Vi-
noas, t1m barco grande, ·150· soldados e ··algumas cen- . cente e vão perseguir os carijós no litoral de San,t&
tenas. de índios .aliados e massacra os tr.emembés"·do Catarina ; o cacique Facaranha é traído e mort6:
.. lítoral eearense; -"com· fúria · animalesca mata 300 in- 1698 - Chega ao Rio · Grande do Norte o sanguinário Morais
dígenas ·-sem distinção de sexo· ou · idade. · : . ... .. · ' N3:vari'o~ , cujo objetivo é o exterinínio· dos pai'acus. -
' '
- Matança de cáriris no · São F·r an·cisco; . apésar de ren- 1699 - Morre no Açu ·o cacique Canindé, "rei", dos janduís.
didos ,.e pedindo paz, os · portugueses ·matàm a san- 1700 - Manuel de Borba Gato mata e aprisiona cerca de
gue-frio cerca de ·· quinhentos í-ndios. depois de con- -·· · .. · seís mil índios ·em Minas Gerais, Goiás e· Mato Grosso..
seryá-lof! ~marrado~ ~ por dois.. dias. · · . "·\·1 · 1701 - ··Fernão c ·a rrilho- move cruel perseguição aos aruãs
1680 - Francisco ·Dias .Mainardi vai .g uerrear os : índios nos da Ilha de Marajó por terem trucidado os frades José
dotní:plos .ca~telhan~s ·e . chega até o·s :-gual~xos. ~. ;: · · :.de Santa Maria e :Martinho da Conceição. ·.-,
1682 ...- Brás :Méndes·, Paes ! vai ao . sertão de ·V acaria (atual , · / . ~ ..Os .. bandeirantes.. .paulistas, exterminam ·a s ·populações
.. Mato · Grosso; do .S:ul:) à caça de· índios., mas :é ·contido .. ;. -. . indígenas da ·r egião do .Rio .das Velhas, cujos nomes
pelos castelhanos do Paraguai.. :r . .. . -. . ;·) , ·• a História não registra. ·.-

132 . 133
1703 - O gover11ador de Pernambuco manda reprimir os cra- 1730 - Os paiaguás destroem a monção do ouvidor Antônio'
teús do Ce·a rá para tranqüilizar os colonos. Alvares Lanhas Peixoto; matam o magistrado e mais;
1712 - Mandu Ladino encabeça a última resistência dos ta- cem brancos, índios e pretos.
puias do Nordeste e devasta fazendas de gado no 1734 - É declarada guerra iusf;a aos guaicurus e paiaguás.
Piauí, Ceará e l\f aranhão durante cinco anos conse- - Antônio Pires do Campo alia-se aos bororos do Mato·
cutivos. Grosso e ataca os caiapós de Goiás que obstaculatizam
1715 - Francisco de Brito Peixoto, irmão de Sebastião de o caminho das minas de ouro.
Brito Guerra, promove escaramuças com os tapes e - Uma monção paulista massacra 600 paiaguás que im-·
minuanos do Rio Grande do Sul. pedem a passagem no Rio Paraguai rumo a Cuiabá.
1716 - Para vingar a Antônio da Costa Souto Maior, morto - Os paiaguás destroem a bandeira de emboadas diri-·
pelos barbados de l\fandu I..,adino, Francisco d' Albu- gida por Morais Sarmento.
querque e Bernardo de Carvalho Aguiar juntam as 1740 - Loure·nço Belfort e Francisco Xavier de Andrade so-·
forças e dizimam os aranhis do Piauí. bem o Rio Branco e chegam perto da Cordilheira de
- .o capitão-mor do Pará, João de Barros Guerra, bate Parimá; daí levam para suas fazendas no Maranhã0:
os toras do Rio ~1adeira. numerosa.~ peças do sertã,o.
j

- O governador do Maranhão, Cristóvão da Costa Frei~ 1742 - É declarada guerra justa contra os caiapós de Goiás ..
re, arrasa as aldeias dos barbados. 1748 - Os caiapós enfrentam as bandeiras de Bartolomeu.
1717 - Mandu Ladino morre lutando junto ao delta do Par- Bueno da Silva e Antônio Pires do Campo.
naíba: é o fim da resistência indígena no Nordeste. 1750 - Os guaranis do Rio Grande do Sul são atacados por·
1718 - As aldeias dos pareeis no Mato Grosso são destruí- um exército luso-espanhol para desocuparem os Sete·
d·a s pela bandeira de Antônio Pires do Campo. Povos..das Missões.
1720 - Bernardo Berredo, governador do Maranhão, deter- 1751 - João do Rego Castelo Branco agride os acroás.; exor-
mina que se castigue os juruás por terem matado o bita das funções e invade terras dos timbiras, ·que·
carmelita Antônio de Andrade; antes, havia manda- já viviam em p·az; mata e cativa a todos que encon -
do perseguir os barbados e os gu·anacés que haviam tra. ·
trucidado o jesuíta João de Avelar. 1753 - Inconformados com o êxodo a que são submetidos os;
1 725 - Os guaicurus dizimam uma expedição de 300 paulis- guaranis atacam a comissão demarcadora das Mis-·
t.as somente escapando dois brancos e três pretos. -
soes.
1726 - Bartolomeu Bueno da Silva, o A nhmnguera, arma 1756 - Batalha de Vacaraí e massacre de Caiboaté: o exér-
uma bandeira co1n ca1ijós; os índios o abandonam e cito luso-espanhol chacina 1200 guaranis; Sepé Tia-·
fogem para o Tocantins. raju morre em combate; é o fim da resistência in-
1728 - As autoridades do Maranhão movem guerra de exter· dígena no Sul.
mínio contra os timbiras que resistem ao cativeiro e 1775 - Por determinação do governador de Goiás, José Bri-
à usurpação de suas terras. to da Fonseca submete os carajás e os javaés do Ara-

1729 - Vinte mil manaus são exterminados na foz do Ne- gua1a.
gro por Belchior Mendes de Morais; o sacrifício do l 778 - Luís da Cunha Meneses durante o seu governo ( 1778-
cacique Ajuricaba arrefece a resistência indígena na 1783) submete os caiapós.
região. 1788 - Os tapacuás do Piauí são destroçados. --
134 135-
1793 - Manuel Ribeiro Soares bate os tapacuás . que, em vir-
. tude da pressão de armas mais poderosas,: retiram-
se para o norte de Goiás.
1808 - D. João VI reedita a "guerra justa" e manda exter-
minar os ·botocudos de Minas GeraiiJ.
1824 - Pressionados pela expansão P.a storil os xavantes che-
(
gam ao Tocantins; daí migram para o Araguaia e,
finalmente, para o Rio das Mortes, no Mato Grosso. . .

1839 - As autoridades governamentais determinam a per-


seguição dos mundurucus, maués, muras e outras tri-
bos do Rio Negro, em represália à adesão desses ín-
dios ao movimento cabano. BIB·L IOCRAFIA PESQUISADA.·
1910. _:_: Rondon e grupo de idealistas criam o SPI ; ~ um '

Serviço <;le ·Proteção ao índio. ABBEVILLE, Claude d'


1914 - Os caigangues de São Paulo e os xolquengues de San- História . da Missão dos Padres Capuchinhos ria Ilha do
ta Catarina são pacificados, mas suas terras são alie- Maranhão e Terras Circu,nvizinhas. Belo Horizonte, Ita-
nadas. : tiaia, 1975.
1924 - Os baenas' no sul da Bahia são pacifica:dos~ mas suas ALMEIDA, Horácio de
terras, cobertas de densas florestas, são utilizadas na HiJStória da ·:Paraíba, Vols. I e II, João Pessoa, ..Univer-
.lavoura de ·ca.cau. . sitária UFPB, 1978.
BARBOSA, Marco Antônio
1946. - Os xavantes da região do Rio das Mortes são pacifi-
ln truti!)s nQ · E. stado · de São Paulo:·Resistê.ncia e Transfi-
cados, mas suas terras são transformadas em campos
g.uração ... {Vá.ri9s ..:autores), São Paulo, Yan~atu; :1984.
de criação .de. gado. .
BARO, Roulox
.1950 - · As terras dos · caiapós, no sul do Pará, são :-invadidas · Retação da Viagem ao País dos Tapuias. Belo Horizonte,
· : por seringueiros e castanheiros. ltatiaia, l.~79. . ..
1967 - É extinto o SPI e no seu lugar é criada a . FUNAI - BORELLI, Sílvia Helena Simões
. . , Funda.ção Nacional do fndio. ..., . ln .lndiq .no .E s~0:4o. .de São Paulo: Res,istência:. e Transfi-
l~.~7 ~.. ~ .pQpula.ção.·: i~dígen~ do. Brasil é calculada em ·200 guração.' : (Vários· autores), São Pat1lo,·. Yankà.tu, 1984.
mil indivíduos, muitos deles vivendo como'.. "civiliza- BORGES, José Elias Barbosa · ·
.. • • 1 • • •• • • '
.. . .. dqs". . . . i .: ' • : - .. .. •
< • • · ln ·Revista ;·Ttimestral de Educação· e Cultu1'a do· Esf;ado
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da. Paraíb1a, Ano III, n.º 12, p. 42. . . .. ...


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CERQUEIRA e SILVA, . Jgn4ciq Accioly de : . " . . ..
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· · Composto e impresso na
. :. .. --· . . l •
... . .
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Piiarro contra os Incas, cujo im-


pério foi destruído em 1533. Mais
recentemente foi a vez das tribos
estadunidenses (Apaches, Navajos,
Sioux, Pés-pr.eto, etc.), dizimadas
1, pelos "pioneiros" e "casacos
azuis" (exército), quando ali se
dizia que "índio bom é. índio
morto".
O livro "Heróis Indígenas do
Brasil" contém fatos desconheci-
dos, inclusive da maioria dos pr~
fessores de História, sendo fruto
de uma exaustiva pesquisa que
durou quase cinco anos. Subdivi-
de-se em três partes. Na primeira>
o autor procura demonstrar a ín-
dole pacífica dos nossos índios e
sua alegria diante da presença dos
brancos, inicialmente bem vindos,

mas depois repelidos por motivos
óbvios; na segunda, certamente a
mais trabalhosa, o autor apresenta
minibiografias de 650 indígenas
brasileiros, algumas com lances
épicos interessantes; na terceira, é
mostrada uma cronologia que vai
de 1500 a 1987, enfatizando as
' 1
perseguições e os massacres havi-
. . dos ao longo dos séculos XVI,
XVII e XVIII.
-. Nesta obra, Geraldo Gustavo de
Almeida tenta - e consegue -
'
desmistificar a figura do nosso in-
dígena, até agora vilipendiada por
historiadores imparciais, que sem-
l . pre procuraram aviltá-la e colocá-
' la em plano inferior, mesmo sa-
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1 bendo que os índios são, também,
seus ancestrais.
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seu ineditismo, esta obra bem que
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l de todos os níveis de ensino des-
te País .

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