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Meio Ambiente (Brasil), v.4, n.1.

021-044 (2022)
OPEN
JOURNAL Meio Ambiente (Brasil)
SYSTEMS
ISSN: 2675-3065 Silva et al

Impactos das ações antrópicas aos Biomas do Brasil: artigo de revisão


1
Larissa Freire da Silva *, Alexandre Battazza 2, Natália Freitas de Souza 3
, Nayara Fagundes
Domingos Souza 4, Noeme Sousa Rocha 5

1
Graduanda em medicina veterinária pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, Brasil. (*Autor
correspondente larissa.freire_silva@hotmail.com)
2
Mestrando no Departamento de Patologia pela Faculdade de Medicina de Botucatu (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Campus de Botucatu), Brasil.
3
Mestranda na área de concentração Patologia Animal, pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, Brasil.
4
Graduanda em medicina veterinária pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, Brasil.
5
Mestre, Doutora e Professora associada em Patologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Botucatu, Brasil.

Histórico do Artigo: Submetido em: 15/11/2021 – Revisado em: 02/12/2021 – Aceito em: 22/12/2021

RESUMO
Apesar do Brasil abrigar extrema riqueza biótica, o mesmo se apresenta em situação delicada, uma vez que sofre historicamente os
impactos advindos de atividades antrópicas. Dessa forma, é necessário ampliar o conhecimento sobre as causas e consequências desses
atos não só para a biodiversidade, mas também para o ecossistema como um todo, de forma a prevenir o problema. Com isso, através
de revisão bibliográfica, o estudo tem por objetivo ampliar o conhecimento sobre os remodelamentos ambientais, sejam eles naturais
ou antrópicos, bem como seu impacto nos seres vivos e suas consequências para a biodiversidade brasileira.

Palavras-Chaves: Biodiversidade, Remodelamento ambiental, ações humanas.

Impacts of anthropic acts on Brazilian biomes: A review article


ABSTRACT
Despite housing extremely biotic wealth, Brazil has been currently facing a delicate situation, once it historically suffers the impacts
that result from antropic activities. Therefore, it is necessary to broaden the current knowledge upon the causes and consequences of
such acts, not only for the sake of biodiversity, but also for the ecosystem as a whole. Thus; by doing that, the aforementioned problem
can be avoided. To sum up, this study, through a literature review, aims at broadening the current knowledge regarding environmental
remodeling, either natural or antropic ones, as well as, their impact on human beings and their consequences for the Brazilian
biodiversity.

Keywords: Biodiversity, Environmental Remodeling, Human Acts.

1. Introdução

A biodiversidade brasileira é expressiva a nível global, pois possui mais de 13% da biota mundial, sendo,
portanto, rica em recursos naturais, com biomas distintos em toda sua extensão geográfica (Alho; Cleber JR,
2012), além de abrigar a região de maior biodiversidade do Planeta: a Amazônia (Vieira et al., 2005).
Entretanto, assim como os demais países, o Brasil enfrenta problemas ambientais que atingem não só a
humanidade, mas a biodiversidade como um todo. Dos maiores responsáveis por estes, cita–se a exploração
desordenada de recursos naturais através do desmatamento, caça ilegal e expansão dos meios urbanos, além
da capacidade do ambiente de se auto moldar através de transformações naturais graduais ao longo do tempo
(Alves, 2018; Cornelius, 2015).

Silva, L. F.; Battazza, A.; de Souza, N. F.; Souza, N. F. D.; Rocha, N. S. (2022). Impactos das ações antrópicas aos Biomas
do Brasil. Meio Ambiente (Brasil), v.4, n.1, p.21-44.

Direitos do Autor. A Meio Ambiente (Brasil) utiliza a licença Creative Commons - CC Atribuição
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Os impactos desses acontecimentos resultam em mudanças que atingem escalas preocupantes, dos quais
a emissão de dióxido de carbono na atmosfera é o mais alarmante, além da exploração intensa dos recursos
bióticos pelo homem, que pode resultar no esgotamento destes (Bello et al., 2015). Por consequência, os
animais são atingidos diretamente, uma vez que dependem de recursos naturais para sobrevivência. A escassez
de recursos bióticos leva à falta de meios necessários ao bem-estar da fauna silvestre, o que dificulta a
manutenção e permanência de determinada espécie, com consequente redução da população faunística, seja
por via migratória ou extintiva (Alho, 2012; Bello et al., 2015; Newbold et al., 2015).
Além disso, os riscos da proximidade entre homem e animal também se agravam, como o aumento do
potencial de disseminação de doenças aos animais domésticos e zoonoses (Conrado et al., 2000). O aumento
de acidentes ofídicos envolvendo animais peçonhentos e a maior facilidade na caça ilegal com consequente
agravamento do risco de extinção de espécies (Andriolo et al., 2018).
Assim, a compreensão dos aspectos que levam à degradação ambiental e dos impactos destes nos seres
vivos é crucial para a prevenção deste problema. É necessário conhecer sobre as principais atividades humanas
que aceleraram o processo de defaunação, e que levaram a extinção de espécies animais e de plantas de modo
a desacelerar e prevenir danos futuros. Neste contexto, através de uma ampla revisão bibliográfica, buscou-se
identificar e discutir as causas das alterações ambientais, bem como seus impactos nos seres vivos e na
biodiversidade brasileira.

2. Material e Métodos

A metodologia aplicada para obtenção de dados foi realizada através da revisão bibliográfica, de forma
a obter extenso conteúdo de diferentes conhecimentos por meio de diferentes pesquisadores, reuni-los e
organizá-los como forma de revisão de literatura. Para isso, foram incluídos estudos publicados em livros,
teses, dissertações, artigos acadêmicos, artigos digitais, periódicos eletrônicos, sites de instituições como Inpe,
Instituto Socioambiental, Instituto Humanitas Unisinos e Diário Oficial da União, com o objetivo principal de
identificar os atos antrópicos, suas consequências ao meio ambiente e os seres que o compõe, além disso, para
a obtenção de dados estatísticos de desmatamento, houve grande contribuição das pesquisas feitas pelos órgãos
de monitoramento remoto como o Inpe e Mapbiomas Brasil.
De modo a realizar uma busca qualitativa, incluíram-se estudos com diferentes delineamentos, sendo
eles primários e teóricos. A estratégia de busca foi selecionar estudos voltados para questões ambientais,
incluindo seu histórico legislativo de modo a delinear um caminho até a situação atual, com enfoque em
impactos danosos ao meio ambiente e suas consequências para os seres vivos levando–se em consideração que
os atos humanos, sejam eles protetivos ou não, implicam direta e indiretamente no bem-estar dos seres e o
meio que habitam.
Foram analisados 85 estudos, dos quais sua maioria compreende artigos de periódicos, visando-se obter
embasamento teórico para chegar no objetivo principal do trabalho em questão. As fontes de dados eletrônicos
mais utilizados no decorrer do trabalho foram Google Schoolar, repositórios de Universidades como Unesp,
USP e UFVJM e Scielo, uma vez que possuem fontes abundantes e de confiabilidade relacionadas ao tema.
A amostra significativa de artigos encontrados foi escolhida aleatoriamente, de acordo com a
necessidade do que seria abordado no artigo em questão, foi levado em consideração a abordagem do assunto
e a sua forma de contribuição para o trabalho, considerando-se estudos desde abordagem ampla, até assuntos
mais específicos como os que tratam de características de cada bioma nacional e a cronologia das Eras até o
momento em questão. Selecionaram-se artigos que estivessem preferencialmente dentro do intervalo de tempo
estipulado entre 2003 a 2021, ano em que o artigo foi finalizado, com exceção de uma matéria da Organização
Mundial da Saúde (1996) e outro de Kindel et al (1999) que apesar de serem relativamente antigos tem
importante contribuição para o trabalho, as palavras chave foram usadas em inglês e português, sendo elas:
Biodiversidade, biomas brasileiros, grandes extinções, desmatamento, meio-ambiente, biomas, cerrado, mata

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atlântica, pampas, caatinga, legislação ambiental, Período cretáceo, direitos animais, remodelamentos
naturais e Eras geológicas.
Os pesquisadores deste artigo buscaram através da revisão de literatura discutir os principais danos ao
meio ambiente nos biomas Brasileiros, desencadeados por fatores intrínsecos como o remodelamento
ambiental no decorrer das Eras e os fatores extrínsecos, resultantes dos atos antrópicos que resultam em
desastres ambientais que atuam diretamente na vida dos seres vivos habitantes. Esta pesquisa foi motivada
pelos resultados obtidos previamente na Iniciação científica ainda não publicada da autora principal, cujo tema
foi “O perfil genômico via DNA mitocondrial de animais da fauna silvestre apreendidos pela polícia
ambiental” cuja conclusão foi que os resultados obtidos apontaram que, apesar da existência das leis de
proteção ambiental, a exploração excessiva, o extrativismo predatório, a caça de animais vertebrados, o
comércio ilegal e suas implicações negativas ao bem-estar dos animais silvestres ainda persistem, com isso, os
animais adotam a migração forçada para ambientes fora do seu natural em busca de recursos de sobrevivência
como invasão de meios urbanos, promovendo desequilíbrio no ecossistema como um todo.

3. Resultados e Discussão

3.1 Biodiversidade e suas interdependências

Inicialmente, o conceito de biodiversidade buscou definir o número de diferentes espécies, localizadas


em determinada região (Bland et al., 2015). Com os avanços científicos, pela necessidade de documentar a
vida na Terra e de elucidar as causas da extinção e do surgimento de novas espécies, bem como das
variabilidades intraespecíficas, esse conceito foi revisado, estabelecendo-se inúmeras variações de sua
definição (Bland et al., 2011).
A Convenção sobre Diversidade Biológica (1993), tratado da Organização das Nações Unidas,
incorporou mudanças em sua concepção de biodiversidade e a define como a variabilidade de organismos
vivos de todas as origens, que compreende todos os ecossistemas e complexos ecológicos dos quais fazem
parte, a inclusão da variabilidade intra- e interespecíficas.
No conceito de biodiversidade, sabe-se que a natureza é capaz de sofrer mudanças que alteram sua
estabilidade ecológica. Tais mudanças podem ser de cunho próprio como variabilidade temporal, mudanças
na resistência ambiental ou velocidade de recuperação ou em resposta a estímulos humanos (Joly et al., 2011).
Por exemplo, cita-se a capacidade de evolução e adaptação dos seres pertencentes a fauna e flora através
da seleção natural, o remodelamento através de eventos climáticos, como chuvas torrenciais, terremotos e
erupções vulcânicas, além dos processos de extinção de espécies de forma espontânea por eventos relevantes
como os desastres naturais que levaram a extinção dos dinossauros no Período Cretáceo (Fürsich et al., 2019).
Assim, o Ecossistema, seja por um ciclo intrínseco de transformações em cadeia ou fatores climáticos,
químicos e físicos, pode ser levado ao processo natural de extinção ou redução da população de plantas e
animais, e impactar na rotina dos Seres Humanos (Oliveira et al., 2019).

3.2 Remodelamentos ambientais intrínsecos

Houve períodos de remodelação natural do ambiente, sendo os principais conhecidos como “As cinco
grandes extinções em massa”, que são respectivamente: o período próximo ao final do Ordoviciano,
Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo (Renne et al., 2013). Esses fatores mostram que a Natureza
apresenta potencial autodestrutivo intrínseco, visto que das aproximadas quatro bilhões de espécies que
evoluíram na Terra nos últimos 3,5 bilhões de anos, 99% foram extintas sem interferência humana, como
resultado do remodelamento ambiental natural (Barnosky et al., 2011).

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Ainda, existem eventos datados nos registros geológicos, nos quais seres vivos desapareceram
naturalmente, outros evoluíram e novas espécies surgiram anteriores aos Seres Humanos e que provavelmente
possibilitaram o aparecimento da espécie Humana (Torres et al., 2010). Cita-se a seguir em ordem cronológica
os principais eventos ocorridos há milhares de anos.
O Período Jurássico, pertencente à Era Mesozoica, compreendida há cerca de 205 a 145 milhões de
anos, foi marcado pela predominância de répteis (dinossauros) e dos amniotas reptilianos em geral, animais
que ocupavam os diferentes nichos ecológicos existentes (Villavicencio et al., 2016). O fim dessa Era ocorreu
devido à queda de um meteorito na região que, atualmente, é o país do México, o que somado às alterações
climáticas em resposta às erupções vulcânicas, levaram à extinção dos dinossauros não avianos (Departamento
de geologia aplicada, Unesp, 2020; Renne et al., 2013).
Outro exemplo, é a Era Cenozoica, iniciada há 65 milhões de anos e que se estende até a atualidade, a
qual é marcada pelo surgimento das diversas espécies de mamíferos por meio de mudanças evolutivas, bem
como a geração de novas espécies de plantas, diversificando-se, assim, os seres vivos (Jianhua, et al., 2003).
Além disso, a Era Cenozoica foi alvo de grandes oscilações climáticas, o globo presenciou a transição de um
Planeta antes sem gelo, para um com mudanças glaciais, marcado pelo resfriamento estimado em 12ºC dos
oceanos, como decorrência de mudanças atmosféricas, além de alterações nos níveis de gás carbônico
presentes na aerosfera e da geração de diferentes vias fotossintéticas devido às novas espécies de plantas
(Conrado et al., 2000).

3.3 Fatores antrópicos relacionados aos danos ambientais

A exploração desordenada do meio ambiente por busca de recursos bióticos e a imprudência humana
frente à preservação da natureza são os principais responsáveis pelo evento denominado Ecocídio (Instituto
Humanitas Unisinos, 2018). Esse termo busca definir e criminalizar através de regulamentação ambiental, a
capacidade antrópica em potencializar o processo de defaunação, objetivando-se interromper e minimizar
previamente os impactos ao ecossistema e os seres que o compõem (Conrado et al., 2000; Hellman, 2014).
O Pleistoceno foi um período marcado por indicativos dos primeiros impactos humanos sobre a Terra.
O uso do fogo permitiu o cozimento da carne, o que fez aumentar o consumo de proteínas, importante para
melhor desenvolvimento fisiológico, propiciando evoluções como o bipedismo, uma espécie primata mais alta
e aumento da massa cerebral (Homo ergaster e Homo erectus) (Kutzbach et al., 2010).
O uso do fogo como ferramenta pelo primata resultou no choque entre uma biosfera rica em oxigênio
com uma atmosfera rica em carbono, além de servir como ferramenta para o consumo de outros organismos,
potencializando os fenômenos de entropia e degradação, através de processos de combustão e exploração dos
recursos vegetais (Marques et al., 2016). Outro possível impacto desse período foi a extinção da megafauna
que ocorreu cerca de 50.000 a 10.000 anos atrás. Estudos estimam que cerca da metade de todos os mamíferos
do mundo (número que equivaleria hoje a 4% da composição das espécies de mamíferos) foi perdida
(Barnosky, 2014).
O Período Holoceno, pertencente ao Cenozóico é também de extrema valia, pois nele iniciou-se o
desenvolvimento de habilidades humanas, das quais como resultado, intensificaram as atividades agrícolas, a
domesticação dos animais, caça, construção civil, migração e a exploração de diferentes regiões do Planeta
(Alves, 2018). E com o período de domínio humano, vieram também as consequências de suas atividades,
como demonstrado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) em que do ano de 1970 até 2014, houve
redução da população silvestre em 60%, como resposta aos danos antrópicos na história.
Com a chegada do Período mais recente do Cenozóico, denominado Antropoceno, veio também a
Revolução Industrial (século XVIII), caracterizada pela implementação de novas tecnologias e produtividade
industrial em massa, o que provocou desastres ambientais marcantes, em razão da grande quantidade de
emissão de dióxido de carbono e corroborando, desta forma, na degradação dos diferentes ecossistemas em

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larga escala (Lewis et al., 2015; Glikson, 2013; MMA, 2020).


Concomitantemente aos avanços das economias mundiais e ao crescimento populacional acelerado, a
demanda por recursos de subsistência cresceu, e, por conseguinte, a exploração dos recursos ambientais
aumentou (Alves, 2014). Como resultado, agravaram-se os problemas de desmatamento, espécies vegetais e
animais foram reduzidas ou extintas, solos foram contaminados, o ar e os rios poluídos, o que exemplifica o
retrocesso ambiental desde então (Rivero et al., 2009; Waters et al., 2016).
Mudanças no ambiente, como redução da flora, ausência de recursos bióticos, poluição de rios e
compactação do solo devido à adição de recursos urbanos, tornam o local inóspito para animais que, por sua
vez, necessitam buscar meios de sobrevivência e refúgio em outras localidades (migração) ou que tem seu
comportamento natural alterado por estímulos antrópicos na tentativa de adaptação ao novo cenário (Newbold,
et al., 2015).
Com a migração atípica, surgem novos riscos, uma vez que esses animais se deslocam para áreas
urbanas, tais como o aumento do número de atropelamentos, acidentes envolvendo animais peçonhentos e
facilidade da caça ilegal, com o consequente agravamento do risco de extinção de espécies (Andriolo et al.,
2018). Isso eleva, também, as chances de ataques e disseminação de doenças aos animais domésticos e de
zoonoses (Conrado et al., 2000).
Outras consequências são alterações climáticas que podem ser desencadeadas no local afetado. Uma vez
que a natureza é composta por inúmeros animais frugívoros, dispersores de sementes de árvores, a partir do
momento em que há declínio da população destas espécies, há consequentemente redução na dispersão de
sementes de plantas com potencial de sequestro de gases responsáveis pelo Efeito Estufa, alterando as
condições climáticas (Bland et al., 2011; Osuri et al., 2016; Warren et al., 2020).
Além disso, há implicações quanto à sanidade do animal vítima, uma vez que enfrentam estresse crônico
recorrente, gerando imunossupressão e maior susceptibilidade a doenças (Acevedo-Whitehouse et al., 2009).
Ademais, a desnutrição e a desidratação causada pela escassez de recursos bióticos, resultam em baixa reserva
energética corporal e desequilíbrio da homeostase do organismo, logo, baixa resposta imune contra agentes
patogênicos (Acevedo-Whitehouse et al., 2009).
Sabe-se que alterações ambientais geradas a partir do desflorestamento resultantes do desenvolvimento
urbano, elevaram a morbidade e mortalidade de doenças infecciosas emergentes e reemergentes (Aguirrea et
al., 2009; World Health Organization, 1996). À exemplo, tem-se patologias virais como a Malária e Dengue,
além do surgimento de doenças infecciosas como HIV/AIDS, ranavírus, novas cepas de cóleras e outras
doenças hemorrágicas virais em anfíbios (Aguirrea et al., 2009).
A redução da biodiversidade promove um desequilíbrio em patógenos ecologicamente estáveis no
ecossistema, por isso, os impactos antrópicos aumentam a velocidade e frequência de transmissão de agentes
(em sua forma original) para outras espécies, como os humanos. Esse fenômeno é conhecido como spillover.
A literatura reporta que mais da metade das zoonoses emergentes desde a década de 1940 foram resultantes da
intensificação das atividades humanas na natureza, as quais promoveram o maior contato do homem com os
animais nativos (Kreesing et al., 2010).
Outro impacto se dá no âmbito evolucionário de construção de barreiras humanas, como criações de
canais de irrigação, desenvolvimento industrial, agricultura extensiva e mudanças climáticas que levam à
hibridização antropogênica (World Health Organization, 1996). Isolamentos físicos intensificam o
enxameamento de espécies e subespécies animais de diferentes populações, e por sua vez, induzem ao
cruzamento frequente entre elas, havendo desta forma, perda de combinações de genes parentais únicos, com
consequente enfraquecimento de características herdáveis que poderiam garantir resistência, manutenção e
sobrevivência de determinada espécie (Thomas, 2013; Van Dyck, 2012).
De acordo com Lewis & Maslin (2015), de 1800 a 1950 a Era Industrial liberou na atmosfera cerca de
555 pentagramas de Carbono (1 Pg = 1015 gramas = 1 bilhão de toneladas) desde 1750, aumentando em 65%
a quantidade desse gás na atmosfera a um nível inédito em 800.000 anos. Isso culminou na acidificação das

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águas dos oceanos em taxas antes nunca excedidas nos últimos 300 milhões de anos, levando ao aumento da
temperatura aquática, redução da concentração de oxigênio e eutrofização (IGBP, 2013).
Desde o início da Revolução Industrial até o momento, os oceanos de modo geral, tiveram seu pH
reduzido de 8.2 para 8.1, com decréscimo das concentrações de O2 e maiores quantidades de CO2 (Bose, 2010;
IGBP, 2013). Com isso, aumentou-se a quantidade de óxido de nitrogênio inorgânico dissolvido nas bacias
hidrográficas, em resposta à elevada emissão de combustíveis fósseis, ao crescimento da agricultura com o uso
de fertilizantes e ao deslocamento fluvial que leva ao acúmulo de nitrogênio nas costas marinhas (Galloway et
al., 2004). Isso resulta em aquecimento, acidificação e eutrofização das águas, que por sua vez, implicam de
forma direta na biota marinha, pois interferem na qualidade da água e levam à morte de animais que porventura
se alimentam de resíduos tóxicos ou de suas presas que foram contaminadas ao se alimentarem destes (Cosme
et al., 2017; Leon et al., 2020).
Há também a incapacidade de desenvolvimento larval, manutenção e sobrevivência de organismos vivos
que não conseguem se adaptar às injúrias ambientais, havendo redução da população marinha local ou
superpopulação de seres que se adaptaram ao novo meio, com proliferação de novas espécies de algas que
eventualmente, podem emitir componentes agravantes ao ambiente em questão (Galloway et al., 2004).
A acidificação antropogênica dos oceanos, dificulta o processo de calcificação (capacidade de formar
conchas e esqueletos) de organismos como corais e moluscos, equinodermos, crustáceos e foraminíferos, que
por consequência, não resistem ao ambiente e morrem (IGBP, 2013). Neste contexto, cogita-se que a
capacidade de aclimatação dos animais está sendo reduzida, e que a capacidade do ser vivo em se adaptar ao
meio será mais lenta quando comparada a velocidade em que surgem as mudanças ambientais (IGBP, 2013;
Potts, 2018; White, 2017).
Desta forma, há desequilíbrio populacional, concomitante à alteração na estrutura e funcionamento da
comunidade biológica local. Além disso, com o acúmulo de nutrientes inorgânicos ou orgânicos nas águas,
sejam eles decorrentes de poluentes ou desequilíbrios naturais, tem-se o esgotamento de oxigênio bentônico
que pode levar a hipóxia e resultar em anóxia, gerando as Zonas mortas, um agravante no que se refere à
perturbação ecológica aquática (Cosme et al., 2016; Wang et al., 2015).
Ainda na Era Industrial, como resultado da chegada de inovações tecnológicas e da disponibilidade de
reservas energéticas primárias, intensificou-se a capacidade de produção e houve aumento populacional
acelerado (Osuri et al., 2016). Com isso, o uso da terra e seu extrativismo se intensificou e a produção por
unidade de terra se elevou, o que gerou altos níveis de liberação de carbono na atmosfera, contribuindo para
as alterações descritas anteriormente, além de reduzir os recursos bióticos para a comunidade faunística (Lewis
et al., 2015). Condições como a conversão para produção de alimentos, uso de combustível, produção em
massa de alimentos volumosos, somados à caça e colheita direcionadas, culminaram em extinção de recursos
e impactaram diretamente a sobrevivência da população biótica local (Newbold et al., 2015).
Esse período da Era Industrial foi seguido pela fase dominante do petróleo, visando suprir a demanda
global e impulsionar as economias locais, houve forte crescimento do patrimônio econômico e intensificou-se
o uso do carvão, energia hidrelétrica e nuclear (Fischer-Kowalski et al., 2014). Com isso, reduziram-se em
quantidades significativas as reservas para uso da flora e fauna nativa, que até então, eram disponíveis em
suficiência para os seres vivos residentes da comunidade biológica local, fator determinante para o
desaparecimento de nichos ecológicos juntamente com os seres vivos integrantes (Veldkamp et al., 2017). À
exemplo, as intervenções humanas afetaram diretamente a disponibilidade de água e culminaram na sua
redução, o consumo hídrico evoluiu em 8 vezes mais durante a transição do século passado para o atual (Wada
et al., 2015).
Ainda, afirma-se frente à evolução dos danos ambientais recentes que a Era atual esteja próxima ao
sexto evento de extinção em massa (Barnosky et al., 2011). Extinções populacionais de espécies são cada vez
mais relatadas como resposta aos danos causados pela exploração de reservas naturais, introdução de espécies
exóticas em diferentes nichos, mudanças climáticas globais, dispersão de patógenos e caça de animais

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(Barnosky et al., 2011; Pereira et al., 2010). Fatores estes mais estressantes ecologicamente do que os eventos
passados em outras Eras.
Isso enfatiza a situação alarmante em que a Era atual se encontra, uma vez que há implicações também
na pesquisa ecológica e evolutiva quanto à busca por estratégias de manutenção e reparação do ecossistema,
tendo em vista que são necessários milhares de anos para que haja recuperação de extinções em massa da
biodiversidade (Hoffmann et al., 2010). Assim, a adoção de medidas para obter soluções que mitiguem
rapidamente esses problemas se faz urgente, sob o risco de danos irreversíveis (Warnock et al., 2020).

4. Cenário nacional

O Brasil abriga uma das regiões mais afetadas por estes eventos anteriormente citados, a Amazônica.
Esta abriga a maior biodiversidade do Planeta e é impactada diretamente pelos humanos, através da pecuária
extensiva, agricultura em larga escala, agricultura de corte, exploração madeireira e queimadas (Fearnside,
2019; Pott et al., 2017). Em média, 52 espécies de mamíferos, pássaros e anfíbios se aproximam da categoria
de extinção a cada ano (Hoffmann et al., 2010).
Dentre os reservatórios de riquezas naturais mais atingidos devido à falta de responsabilidade ecológica,
a Amazônia Legal Brasileira (ALB), que é constituinte de 329 Unidades de Conservação, é seriamente afetada.
Estatísticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), reúnem dados informativos de desmatamento
no ano de 2019 para os nove estados que a compõem: Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará,
Rondônia, Roraima e Tocantins. A análise em questão, foi feita com base nos dados gerados pelo Projeto de
Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES) (Tabela 1), bem como o mapa
de calor decorrente dos desmatamentos nas regiões afetadas (INPE, 2019; Figura 1).

Figura 1 – Mapa de calor das ocorrências de desmatamento identificadas no PRODES 2019, nas 229 cenas
que compõem a Amazônia legal brasileira

Fonte: Modificado de INPE, 2019

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Tabela 1. Distribuição da taxa por estado da ALB.

Estado PRODES 2019 (Km2) Contribuição (%)

Acre 682 6,73%


Amazonas 1.434 14,16%
Amapá 32 0,32%
Maranhão 237 2,34%
Mato Grosso 1.702 16,80%
Pará 4.172 41,19%
Rondônia 1.257 12,41%
Roraima 590 5,82%
Tocantins 23 0,23%
AMZ. Legal 10.129 100,00%
Fonte: Adaptado INPE (2019).

A Tabela 1 apresenta a distribuição da taxa de desmatamento para o ano de 2019 nos estados da ALB.
Os estados do Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia correspondem a 84,56% de todo desmatamento
observado na ALB, o que fica espacialmente explícito na Figura 1, que apresenta o mapa de calor para
ocorrências de desmatamento (INPE, 2019). Na figura 2, tem-se o decorrer das taxas de desmatamento anuais
na Amazônia Legal Brasileira desde o ano de 1988 até 2019, dados também consolidados pelo PRODES
(Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite). Este foi desenvolvido com o intuito
de monitorar terras desmatadas via satélite por corte raso da Amazônia Legal, de modo a fornecer taxas anuais
de desmatamento na região e auxiliar o governo no planejamento de políticas públicas, bem como avaliação
de efetividade de suas aplicações (López-Abán et al., 2018).

Figura 2 – Taxas Consolidadas Anuais De Desmatamento Do PRODES (Em Km²) 1988 Na Amazônia Legal
Brasileira

Fonte: Modificado De Inpe,2019

Além disso, dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), mostram que o Brasil teve aumento das taxas de desmatamento em 28% entre os meses de agosto
de 2019 e julho de 2020, quando em comparação ao mesmo período entre os anos anteriores (2017 e 2018).
Neste sentido, ainda são alarmantes os impactos decorrentes de ações antrópicas que afetam o ecossistema

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como um todo, a partir do momento em que atinge o reservatório de riqueza faunística, que compõem 15% de
toda fauna catalogada em cenário mundial (López-Abán et al., 2018).
Em adição, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sistemas de
Detecção de Desmatamento em tempo real (Deter) enfatizaram que no mês de abril de 2020 houve o terceiro
maior alerta de desmate dos últimos cinco anos no Estado do Amazonas, que é considerado o terceiro com
maior área de desmatamento. Em comparação com o mesmo mês de 2019 os alertas de desmatamento para
essas áreas cresceram em 63,75%. Além do Estado do Amazonas, o Mato Grosso é o estado com maior área
agregada a receber avisos de desmatamento também no mês de abril, seguido do estado de Rondônia que
contém 103,97 km2 de área desmatada.
Quanto ao pantanal brasileiro, bioma que se caracteriza por também ser rico em biodiversidade e ter o
ciclo hidrológico bem definido com verão chuvoso e inverno seco, é alvo de intensas atividades agropecuárias
envolvendo queimadas de biomassa com intensa emissão de gases como o CH4 e o CO2 no ambiente, o que
contribui para o efeito estufa (Pereira, et al., 2009). Os maiores focos de queimada dessa região, localizam-se
na Savana, onde o solo é predominantemente composto p5or gramíneas, que quando estão no período mais
seco facilitam o processo de combustão e contribuem para a formação de novos focos de queimadas, em geral,
os maiores focos de incêndio da Savana são em regiões de transição para novas espécies (ecótonos) e de
pecuária intensiva onde se faz constante renovação do pasto para o gado, além disso, áreas composta por
vegetação secundária ou matas estacionárias também propiciam um bom meio para formação de queimadas
(Matricardi et al.,2019; Pereira, et al., 2009).
As queimadas no Pantanal ocorrem preferencialmente no período seco, tendo em vista que nos períodos
chuvosos, a região se encontra alagada, os focos de incêndio formados provocam mudanças significativas na
estrutura da vegetação local, promovendo escassez de recursos para a fauna silvestre que ali habita e
diminuindo drasticamente sua população. Em Matos (2014) tem-se as regiões com densidade de queimadas no
bioma do pantanal (Tabela 2), além disso, uma pesquisa feita pelo INEP mostra que os focos de queimadas no
Pantanal tiveram aumento considerável no intervalo de tempo de 2015 a 2019 (vide figura 3).
Tabela 2 - Tabela anual comparativa de biomas do Brasil (número de focos detectados pelo satélite de referência).

2015 Dif% 2016 Dif% 2017 Dif% 2018 Dif% 2019 Dif% 2020 Dif% 2021
Amazônia 93.713 -13% 81.409 21% 98.806 -32% 66.478 27% 84.826 17% 99.463 -26% 73.222
Caatinga 12.836 -7% 11.906 -23% 9.077 9% 9.940 29% 12.890 -5% 12.244 34% 16.433
Cerrado 72.123 -20% 57.685 13% 65.218 -41% 38.257 61% 61.951 0% 62.077 0% 61.657
Mata 13.531 25% 17.0385 -10% 15.187 -29% 10.730 63% 17.577 -2% 17.165 7% 18.444
Atlântica
Pampa 707 79% 1.266 -30% 884 -18% 718 88% 1.352 21% 1.647 -27% 1.201
Pantanal 3.963 27% 5.054 13% 5.753 -73% 1.528 538% 9.762 124% 21.884 -63% 8.105
TOTAL 196.873 -11% 174.358 11% 194.925 -34% 127.651 47% 188.358 13% 214.480 -16% 179.062
Fonte: INPE, 2021

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Meio Ambiente (Brasil) (v.4, n.1 – 2022)

Figura 3 - Mapa de densidade de queimadas no bioma Pantanal.

Fonte: Matos, 2014.

Quanto ao cerrado, segundo maior bioma do território brasileiro, sua vegetação é composta por matas
savânicas, florestais e campestres e é a maior região produtora de carvão vegetal do país. (Saio, 2016). Por
esse motivo, o bioma é vítima de desmatamento para a produção em massa de carvão vegetal e sua posterior
exportação, cujo uma das principais atividades é a utilização do fogo para o manejo agropecuário.
Com o intuito de amenizar os impactos do desmatamento, os produtores erroneamente fazem o plantio
de espécies de plantas invasoras exóticas, que não fazem parte da vegetação natural do local, dessa forma,
ocorre a instalação de outras plantas invasoras como braquiárias, eucalipto e capim gordura, essa nova
população acaba competindo por recursos com a nativa já existente, proporcionando maior desequilibro e
fragmentação ambiental (Araújo, 2015; Saio, 2016).

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Meio Ambiente (Brasil) (v.4, n.1 – 2022)

A transformação da vegetação nativa atua não somente na vegetação do cerrado, mas também na vida
dos animais silvestres que ali habitam, o lobo guará é um exemplo, sendo a maior vítima do desmatamento
uma vez que não possui habitação adequada na vegetação transformada em solo agrícola e tendo por
consequência sua permanência ameaçada, migrando para habitações rurais próximas e aumentando as chances
de haverem acidentes com os humanos com atropelamentos, caça indevida, e acidentes automobilísticos
(Machado et al., 2004). A figura 4 mostra um comparativo entre as taxas de desmatamento no cerrado entre
os anos de 2001 à 2020.

Figura 4 - Gráfico de desmatamento no bioma Cerrado por ano.

Fonte: INPE, 2020.

O bioma da mata atlântica que juntamente com o cerrado esta dentre os 25 Hotspots do mundo, também
se encontra em situação preocupante, composta por um mosaico de ecossistemas, uma vez que abriga variados
tipos de vegetação (Salto, 2006). A mata atlântica é alvo de intensa extração e desmatamento vegetal, esses
fatores provocam a instabilidade não só da vegetação como também da fauna silvestre que abriga, o que reflete
refletem também na economia, uma vez que a escassez de matéria prima gera redução de trabalho no setor
produtivo (Young, 2012).
Desde a era colonial, a mata atlântica é vítima do extrativismo intenso da biomassa vegetal e uma das
principais consequências consiste na redução o que se denomina “corredores florestais”, caminhos que servem
de passagem para os animais, principalmente os primatas que são ótimos seres dispersores de sementes,
auxiliando na reposição vegetal em outros locais adjacentes. Sem esses corredores, os seres dispersores não
migram e por consequência a vegetação não é estimulada com a dispersão de sementes, o que a torna mais
escassa ainda (Kindel et al., 1999).
De acordo com o relatório realizado pelo SOS Mata Atlântica e pelo INPE (2019), o desmatamento no
bioma em questão foi reduzido entre os anos 2017 e 2018, sendo está a primeira vez em que há redução dos

Silva et al 31
Meio Ambiente (Brasil) (v.4, n.1 – 2022)

índices de desmatamento na mata atlântica desde 2010. Entretanto, apesar dessa redução, os índices de ainda
persistem, um levantamento de dados feito pelo SOS Mata Atlântica e INPE, registraram um aumento de 406%
no índice de desmatamento no bioma principalmente no estado de São Paulo, na tabela 3, tem-se os dados
registrados de desflorestamento no período de 2019 à 2020. Com isso, é importante continuar cada vez mais
com os protocolos de redução do desflorestamento para que esses valores não retrocedam.

Tabela 3 - Desflorestamento (dec) da Mata Atlântica identificados no período 2019-2020 em comparação ao período
anterior (em hectare).
UF Mata 2020 % mata Dec mata Variação do Dec mata
19-20 anterior 18-19
AL 142.746 9,40% 7
BA 1.991.644 11,10% 3.230 - 9% 3.532
CE 63.489 7,30% 42 65% 25
ES 482.260 10,50% 75 462% 13
GO 31.177 2,60% 7 61% 5
MG 2.814.998 10,20% 4.701 -3% 4.852
MS 688.021 10,80% 851 127% 375
PB 54.571 9,10% 85
PE 192.309 11,40% 38 -52% 79
PI 899.643 33,80% 372 -76% 1.558
PR 2.314.954 11,80% 2.151 -22% 2.767
RJ 819.868 18,70% 91 106% 44
RN 12.136 3,50% 14
RS 1.083.234 7.80% 252 73% 146
SC 2.183.862 22,80% 887 25% 710
SE 69.100 6,80% 117 -16% 139
SP 2.341.618 13,70% 218 402% 43
TOTAL 16.185.632 12,40% 13.053 -9% 14.375
Fonte: Adaptado, SOS Mata Atlântica (2021).

O bioma caatinga também é afetado com o problema desmatamento. O uso indevido, sem planejamento
e exacerbado da matéria vegetal provoca sérios danos ao bioma não só com o fator desflorestamento, mas
também com as emissões de gases no ambiente que contribuem para o efeito estufa e aquecimento global
(Mata et al., 2015).
Por se tratar de um bioma com estação chuvosa restrita (de 3 a 4 meses), acaba havendo um balanço
hídrico negativo com prolongamento de secas, o que impulsiona a desregulação da agricultura, com isso, os
agricultores recorrem a outras atividades remunerativas que não sejam dependentes da aridez intensa da
caatinga, como a pecuária por exemplo (Ribeiro, 2017). Entretanto, a falta de discernimento por grande parte
dos pecuaristas potencializa fatores como desertificação do solo, uma vez que a biodiversidade e o potencial
de reposição de massa vegetal são afetados em decorrência principalmente da substituição da vegetação nativa
por pastagem para servir de alimento aos animais de produção (Salto, 2006).
Além disso, o deslocamento dos animais em regiões de solo nativo também interfere uma vez que a
vegetação nativa é destruída por conta do pisoteio e consequente compactação, em adição com a intensa
atividade pecuarista contribui para uma maior emissão de gases contribuintes para o efeito estufa, como por
exemplo o CH4, CO2 e N2O (Alves et al., 2018).
Análises feitas pelo MAPBIOMAS (2020) revelam que entre os anos 1980 à 2020, a Caatinga chegou à
perder o equivalente a 9% de sua vegetação nativa, esse fator evidencia o riso potencial de ocorrer a
desertificação no bioma em questão. Além disso, o mesmo estudo mostra que o bioma teve uma perda de
aproximadamente 8,27% da superfície da água no mesmo período, essa situação é alarmante uma vez que

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Meio Ambiente (Brasil) (v.4, n.1 – 2022)

revela que o bioma está cada vez mais seco à medida que a redução da massa vegetal avança com a
agropecuária. A figura 5 ilustra o processo de desertificação no bioma caatinga.

Figura 5 - Agravantes ao processo de desertificação.

Fonte: Mapbiomas, 2020.

Quanto à pampa, considerado um dos mais ricos em diversidade de espécies animais, também ocorre
situações preocupantes de desmatamento. Com o avanço do cultivo de arvores frutíferas, em associação ao
avanço da agricultura, agropecuária e indústria, o bioma apresenta dificuldade na reposição da biomassa nativa
que no caso é a vegetação arbustiva. Semelhante as situações dos biomas mencionadas, por pressão do manejo
de terra inadequado, ocorrem o processo de desertificação (Thomáz e Carrera, 2010).
Dentre os principais problemas que o bioma enfrenta, tem-se a desertificação, inclusão de espécies não
nativas, uso intensivo de herbicidas e pesticidas, plantio de vegetação não nativa, uso de fogo e reimplantação
de árvores de interesse comercial, todos esses contribuem para a formação de gases indutores do efeito estufa
e para a desertificação, que juntamente com a intensificação da atividade agrícola corroboram com a
fragmentação e redução de habitat para os animais ali localizados (Welter, 2015).
Análises sensórias realizadas pelo Mapbiomas Brasil (2020) mostram que em 2020, o índice de
desmatamento no bioma pampas aumento de 99%, o que o faz o segundo bioma mais desmatado do Brasil,
além do mais, entre os anos 1985 à 2020, houve cerca de 21,4% de perda de vegetação nativa do bioma. A
Figura 6, ilustra essa perda no intervalo de tempo de 1985 à 2020 de todos os biomas, inclusive os pampas.

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Meio Ambiente (Brasil) (v.4, n.1 – 2022)

Figura 6 - Perda de vegetação nativa nos biomas (1985 - 2020).

Fonte: Mapbiomas Brasil (2020).

5. A legislação ambiental no Brasil

Apesar das atividades antrópicas que desencadeiam e aceleram a escassez de recursos naturais, o Brasil
dispõe de leis que visam a proteção e manutenção do patrimônio nacional. A partir da convenção da primeira
conferência das Nações Unidas sobre questões ambientais, a Conferência de Estocolmo em 1972, e com o
surgimento da Declaração Sobre o Meio Ambiente Humano e o Plano de Ação Mundial, surgiu o conceito de
Educação Ambiental (Silva et al., 2019). Este desencadeou uma nova visão global para as questões ambientais,
que culminaram em importantes mudanças culturais e de políticas públicas de forma a obter proteção do
ecossistema para garantir a disponibilidade de serviços ambientais (Araújo et al. 2019).

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Meio Ambiente (Brasil) (v.4, n.1 – 2022)

No Brasil, como decorrência desse movimento ambientalista e do esgotamento gradual dos recursos
ambientais nacionais, foi criada uma das primeiras políticas públicas do século passado referentes ao Meio
Ambiente: a Lei Federal de n. 4771/1965, que alterou o Código Florestal Brasileiro (Pott et al., 2017). Apesar
do intuito, esta mudança se mostrou contraditória, pois permitia o desmatamento total das florestas, desde que
as mesmas fossem repostas, inclusive com espécies exóticas, fato que desencadeia o desequilíbrio de cadeias
tróficas (MMA, 2020).
Tempos depois, foi promulgada a Lei n. 6.938/1981 e a consequente consolidação do Sistema Nacional
de Meio Ambiente (SISNAMA). A primeira aborda a respeito da Política Nacional do Meio Ambiente, visando
oferecer condições socioeconômicas sustentáveis no país através da responsabilidade ecológica, já o
SISNAMA propõe a participação popular da sociedade civil brasileira de modo a atender todas as demandas
ambientais emergentes no país (BRASIL, 1981). A partir daí, os propósitos governamentais basearam-se na
concepção de ambientalismo multissetorial de transição para o desenvolvimento sustentável (1987 a 1992) que
une setores como a comunidade científica, as expressões de socioambientalismo e políticas ambientais (Silva
et al., 2019).
Essas foram antecedidas pela Lei das Terras (n. 601/1850), promulgada por Dom Pedro II, que visava
proibir a exploração florestal em terras conquistadas, entretanto, foi desobedecida frente à grande demanda da
época por terras para o cultivo de café (Bose, 2010). Portanto, ainda assim não era dada a devida proteção às
questões ambientais, visto que o fator econômico e a produção em massa se sobrepunham às preocupações
ambientais (Bose, 2010; Fischer-Kowalski et al., 2014).
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) foi estabelecido em 2000 pela
lei federal 9.985, que regulamenta o art. 225, § 1º (incisos I, II, III e VII da Constituição Federal) em que o
principal objetivo é regimentar normas para a formação, implementação e gestão adequada de novas Unidades
de Conservação (UCs) (Instituto Socioambiental, 2015). Essas consistem numa porção do território nacional
e seus recursos ambientais com limites definidos, que são legalmente instituídos pelo Poder Público, sob
regime especial que garante sua proteção. Dessa forma, objetiva-se a conservação da biodiversidade e da biota
como um todo para educação e sensibilização ambiental do cidadão (Silva et al., 2019).
Em contrapartida, atualmente o País se contrapõe ao objetivo sustentável primário através das ações
governamentais (Silva et al., 2019; Tabela 4), uma vez que o recente desmonte sistemático das políticas
públicas que objetivam proteger o ambiente resultam em perda de autonomia, capacidade de formulação e
implementação, enfraquecendo os esforços históricos para a obtenção de governança ambiental sólida
(Fearnside, 2019; Greenpeace, 2020). Na Tabela 4, constam as recentes mudanças governamentais que podem
enfraquecer as proteções ambientais.

Tabela 4 - Ações governamentais sob a orientação da nova política ambiental

Ações Instrumento Objetivos


Mudanças na estrutura MP nº 870/19 (art. 21) Extinção da Secretaria de
organizacional do MMA Decreto nº 9672/2019 Mudanças do Clima, Secretaria
Decreto nº 9667/2019 de Extrativismo e
Desenvolvimento Rural
Sustentável e da Secretaria de
Articulação Institucional e
Cidadania Ambiental;
Transferência de ANA, secretaria
Nacional de Recursos Hídricos
para o Ministério de
Desenvolvimento Regional;

Silva et al 35
Meio Ambiente (Brasil) (v.4, n.1 – 2022)

Transferência do Serviço
Florestal Brasileiro para o
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
(MAPA).
Confusão na divisão das Instrução Normativa IBAMA nº Definir a delegação dos processos
competências para o 8/2019. de licenciamento ambiental a
Licenciamento Ambiental cargo do Ibama.

Decreto nº 9.669/2019 Criação da Secretaria de Apoio


ao Licenciamento Ambiental e
Desapropriações, no âmbito da
Presidência da República, com
função de apoiar o Licenciamento
Ambiental de obras estratégicas
do Programa de Parcerias e
Investimentos.
Retirada da autonomia do Ofício Circular As informações solicitadas pela
IBAMA e ICMBio imprensa às assessorias de
comunicação dos órgãos devem
ser encaminhadas para o MMA.

Ofício da Presidência do IBAMA Presidente do Ibama despreza


ao MMA análise técnica realizada pela
própria equipe e autoriza
exploração de petróleo na região
do Parque Nacional de Abrolhos.
Decreto nº 9.760/2019 Analisar, mudar o valor e até
anular cada multa aplicada pelo
Ibama por crimes ambientais.
Comunicado oficial Divulgação antecipada dos locais
onde ocorrerão as operações de
fiscalização na Amazônia.
Ataque a Política de Povos e MP nº 870/2019 (art. 21) Transferência da Fundação
Comunidades Tradicionais Decreto nº 9.967/2019 Nacional do Índio (Funai) do
Decreto nº 9.673/2019 Ministério da Justiça para o
Ministério da Mulher, Família e
Direitos Humanos;
Transferência da Demarcação e
do Licenciamento Ambiental de
terras indígenas da Funai para o
MAPA.

Aprovação de novos agrotóxicos Atos do MAPA nº Concessão de permissão para


e enfraquecimento das políticas 1,7,10,17,24,29,34,42 e 47 comercialização e uso de novos
de segurança alimentar e defensivos agrícolas, totalizando
nutricional 262 autorizações até julho de

Silva et al 36
Meio Ambiente (Brasil) (v.4, n.1 – 2022)

2019.

Lei nº 13.844/2019 Extinção do Conselho Nacional


de Segurança Alimentar e
Nutricional.

Revisão das Unidades de Entrevista concedida pelo Revisar todas as 334 Unidades de
Conservação Federais Ministro do MMA à imprensa Conservação Federais do país,
podendo mudar de categoria ou
até mesmo extinguir algumas.
Redução do Conama Decreto nº 9.806/2019 Diminuição composição do
CONAMA de 96 conselheiros
para 23. O que retira a
participação de segmentos
importantes da sociedade civil,
dando grande poder ao governo
federal.
Oposição a Acordos Ato formalizado à Organização Governo retirou candidatura para
Internacionais das Nações Unidas (ONU) sediar a COP-25;
Governos não assinou o acordo
mundial para limitação de
resíduos plásticos.
Fonte: Adaptado Silva et al., 2019.

6. Considerações Finais

É notório o avanço do desmatamento no Brasil, todos os biomas brasileiros estão presenciando cada vez
mais a desertificação, desmatamento e aumento do desequilíbrio do ecossistema. Além disso, destacam-se as
queimadas, sobretudo no Pantanal e na Amazônia, as quais foram reportadas inúmeras vezes na mídia no ano
de 2020 concomitante com a pandemia do novo Coronavírus. A degradação ambiental provoca não só danos
diretos à natureza, mas também promove o desequilíbrio ecológico que, por vezes, só é percebido à longo
prazo, principalmente em relação a extinção de espécies animais e vegetais e até mesmo a saúde humana
(Carmo, 2020; Ponte et al., 2021).
De acordo com Chris D. Thomas, professor de biologia da conservação na Universidade de York, Reino
Unido, “A perseguição deliberada ao novo - apenas porque é novo - não é mais sustentável em um mundo de
rápidas mudanças globais”, dessa forma, os esforços atuais de conservação ainda são insatisfatórios e
insuficientes para compensar as perdas extremas de biodiversidade. Há, portanto, urgência de sustentabilidade
ambiental em meio a exploração de recursos naturais.

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