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RESTRINGIDA
E/CEPAL/SEM.10/R.6
22 de agosto de 1983
ORIGINAL: PORTUGUES
C E P A L
Comisión Económica para América Latina
Seminario sobre Cambios Recientes en las
Estructuras y Estratificación Sociales
en América Latina. Análisis Comparativo
de Países y Perspectivas Regionales en
los '80.
Santiago de Chile, 12 al 15 de septiembre de 1983
Este trabajo ha sido preparado por el señor Vilmar Faria. Las opiniones
expresadas en este documento son de l a exclusiva responsabilidad de su
autor y pueden no coincidir con las de l a Organización.
83-8-lUOO
SOCI ED ADE E POLÌTICA NO BRASÎL PÔS-64 - 1
i experiência b r a s i l e r a
trinta anos, tendo como pano de fundo a tese da insuficiencia dinámica
d o s
do setor secundario na criaçéfo de noves empregos. Finalmente, ¡na quarta
últimos I r s u t a anos ¡parte, procuro avança? algumas œradusôes, inízoduzindo na discussâo
o problema da pobreza e da exclusffo, chamando a atençâ'o para o caráter
particularmente perverso da sociedade de consumo e de massas que vai
VILMAR FARIA se configurando no país.
Os dados apresentados e o argumento desenvolvido pretendem, em
resumo, qualificar a hipótese de que o processo de desenvolvimento
recente no Brasil acarretoü maior concentraçâo da populaçfo urbana,
insuficiencia crescente na criaçâo de empregos industriáis e concentraçâfo
da pobreza urbana ñas áreas metropolitanas do país. Sustento, em contra-
partida, que os elevados níveis de pobreza, dispersa por todo o sistema
O objetivo desíe trabalho é examinar de forma sucinta dois asuetos urbano, respondem a conjunto mais complexo de fatores.
interligados do processo recente de transformado social no Brasil: o
Entretanto, dada a natureza limitada do trabalho, entre aprofundar
processo de urbanizado e as mudanzas na estrutura do emprego. A impor-
a discussâo teórica e apresentar dados e informaçôes relevantes, optei
tancia destes dois aspectos, além de intrínseca, repousa no fato de que eles
pelo segundo, na expectativa de que isso possa servir de base para urna
constituem processos básicos para a conOgurafáo da estrutura social.
discussâo mais ampia do tema.
Além dos dois aspectos mencionados analisarei também, embora de
forma breve e indicativa, alguns problemas relativos á situa93o de pobreza
e de marginalidade, já que estes últimos sSo centráis para urna avalia$áo TRINTA ANOS DE CRESCIMENTO E MUDANÇA
dos resultados do crescimento económico brasileiro dos últimos trinta
anos e estariam ligados á dinámica da urbaniza 9S0 e do emprego. ÁO terminar a década do imediaío pós-guerra, a expresslo "país
Os organizadores desta coletánea pretendiam que a análise se cen- essencialmente agrícola" podia ainda aplicar-se para caracterizar superfi-
tras se no período pós-64. Entretanto, dado o caráter estrutural dos pro- cialmente o Brasil, embora eia fosse inadequada se tomássemos em conta
cessos analisados, pareceu-me de bom alvitre adotar um horizonte de aspectos mais profundos, em especial a natureza e o sentido de processos
tempo mais ampio para que se possa melhor avaliar o rumo e o ritmo já em curso. Os dados apresentados na Tabe la 11 assim o justificam.
das transformares. Para começar, do total de domicilios existentes no país em 1950,
Este írabalho está organizado em quatro partes. Na primeira, procuro 62,8 por cento classificavam-se como nirais; 78,5 por cento da populaçâo
apresentar dados que ilustrem a maga ¿tu de e o sentido das transformares residiam em áreas rurais, vilas ou cidadezinhas de menos de 20 000 habi-
ocorridas entre 1950 e 1980, relevantes para os aspectos centráis do
trabalho. Na segunda parte, trato de descrecer 3 analisa? as mudanzas
na estrutura urbana brasiieira, dialogando com a hipótese da crescente s Para este trabalho utilizei urna paite de outro írabalho meu, preparado paia o
Simposio " A Questáo Migratoria no Brasil: Mign^oss Internas e a A^ao do
Estado", promovido pelo CNPq, em Brasilia, em dezembro de 1981. Nesta pri-
meira parte, utilizei i n f o r m a l e s e me vali de vàri os trabalhos para ganhar melhor
compreensáo sobre as transformafSes económicas recentes. Entre eles cabe
destacar Serra, 1981; Conceifáo Tavares, 1978; Bonelli e Malan, 1976; Draibe,
1981; BeUuzzo e Mello, 1977.
DESENVOLVIMENTO, URBANIZAÇÂO L ... SOCIEDADE E POLÍTICA N O BRASIL PÔS-64 - 3 -
de 25 pontos percentuais em trinta anos — enquanto dobrara o percentual Entretanto, foram tamanhas as modificaçôes e parecem ser tantos os
de ocupaçôes técnicas, administrativas, científicas e aquelas ligadas à desequilibrios que este processo preservou, gerou ou agravou, que seria
indùstria de transformado e à construçâo civil, representando, em ¿mpossível querer abarcar a todos. Por isso mesmo, procurarei examinar
conjunto, quase 20 por cento do total das ocupaçôes. Em 1980, a contri- apenas dois aspectos interligados da mudança social ocorrida: por um
b u t o da indùstria de transformaçâo para a Renda Interna, a preços lado, o ritmo, as características e os desequilibrios do processo de
correntes, alcançava 26,3 por cento do total, praticamente o dobro da urbanizaçâo no período, em termos das modificaçôes por que passou
cifra atingida pelo setor primàrio: 13,2 por cento. o sistema urbano brasileiro; por outro lado, a dinámica da criaçâo de
empregos e as mudanças gérais na estrutura ocupacional do país.
Finalmente, modificara-se profundamente a estrutura da produçfo
industrial. A participaçâo dos bens nâo dura veis de consumo no valor da Esta análise, embora descritiva e geral, parece-me justificada porque
produçâo industrial, em CrS de 1970, caira pela metade desde 1950, é comuni atribuir-se à dinámica de ambos os processos papel importante
representando 34,4 por cento. Elevara-se consideravelmente a contribuiçâo na geraçâo e agravamento de desequilibrios sociais, estruturalmente
provocados pelo modelo de desenvolvimento que prevaleceu. O argumento
da industria de bens duráveis de consumo (para 13,5 por cento) e da
a este respeito, embora simplificador, é bastante difundido. Como se
indùstria de bens de capital (14,7 por cento) que, em conjunto, passam
sabe, o processo brasileiro dos últimos trinta anos, baseado na expansáo
de 6,8 por cento em 1950 para 28,2 por cento em 1980.
da industria de bens duráveis de consumo e na industria de bens de
Estas transformaçôes, ocorridas em curto espaço de tempo, fazem do capital, exígiu e gerou acentuada concentraçâo da renda. Tais industrias,
Brasil, como assinala Serra, "urna espécie de paradigma de pais de indus- como também é conhecido, desenvolveram-se dependentes — direta ou
trializaçâo retardataria onde o crescimento econòmico e a diferenciaçâo indiretamente — do grande capital internacional ou multinacional.
das forças produtivas tém apresentado urna extraordinària vitalidade". A partir dai, argumenta-se que isto acarretou a adoçâo de formas de
(SERRA, 1981) De fato, entre 1947 e 1980, o Produto Interno Bruto organizaçîo da produçâo altamente intensivas em capital. Por isso, tais
brasileiro cresceu a urna taxa média de 7,1 por cento ao ano, taxa esta industrias teriam sido incapazes de gerar novos empregos que absorvessem
superior à do conjunto dos países capitalistas desenvolvidos e subdesen- a populaçâo urbana que, no período, cresceu a taxas elevadas, em
volvidos, excetuando-se entre estes os países produtores de petróleo. decorrènda tanto do crescimento vegetativo da populaçao como em
conseqüéncia das transformaçôes sofridas pelo setor agropecuario.
Este crescimento foi comandado pela industria de transformaçâo Estas transformaçôes se deram quer por razôes de modemizaçâo das
que, no conjunto, cresceu a urna taxa média de 8,5 por cento ao ano:- técnicas produtivas, por mudanças de cultivo e de atividade (substituiçâo
na verdade, o crescimento brasileiro no período foi profundamente da agricultura pela pecuária), por transformaçôes ñas relaçôes de trabalho
marcado pela notável expansâo da indùstria de bens duráveis de consumo, ou, finalmente, pela estagnaçïo e presslo demográfica em aJgumas áreas,
que cresceu à taxa média de 15,3 por cento ao ano, atingindo taxas de que redundaran! em crescente migraçâo do campo para a cidade, inchando
crescimento superiores a 23,0 por cento ao ano nos momentos expansivos o sistema urbano.
dos ciclos que ocorreram no periodo (1955-62 e 1967-73). Também os
setores de bens intermediários e de bens de capital cresceram a taxas A evoluçâo do sistema urbano, por sua vez, de acordo com o mesmo
médias elevadas ( 10,5 e 12,8 por cento ao ano, respectivamente). argumento, caracterizou-se por crescente concentraçâo das atividades
urbano-in dus triais modernas em poucos centros, cujo porte se avolumou
Um crescimento de tal magnitude, ocorrendo a ritmo tâo acelerado ao longo do período, nos quais se foram concentrando grandes contin-
na periferia da economia capitalista mundial, nâo poderia dar-se sem que gentes populacionais de migrantes pobres e marginalizados, pela sua nfo
tivessem lugar, por um lado, profundas modificaçôes quantitativas e absorçSo nos mercados de trabalho dos setores mais dinámicos.
qualitativas na estrutura espacial, demográfica e social do país e, por
outro, o agravamento de antigos e o surgimento de novos desequilibrios Urna conseqüéncia do processo recente de desenvolvimento assim
caracterizado teria sido o escasso dinamismo do setor industriai em gerar
setoriais, regionais e sociais. A análise destas modificaçôes e desequili-
empregos; outra teria sido a acentuaçâo do grau de concentraçâo da
brios torna-se extremamente importante, especialmente agora que o
populaçao urbana, elevando-se o grau de primazia existente no sistema
chamado modelo brasileiro de desenvolvimento parece mergulhado numa
urbano.
crise sem precedentes na historia do país.
DESENVOLVÎMENTO, URBAN1ZAÇÂO E . . .
SOCIEDADE E POLITICA N O BRASIL PÔS-64
19 380 1 26
«
7 742 203
35 419 156
52 580 527
6028 561
corn base em tecnologías intensivas em traballio e que defendem a r»
LO
1980
valorizaçSo das cidades de porte mèdio. Por isso, e para começar a S
T»"
desfazer eventuais equívocos de interpretaçSo com respeito às raizes da
——
«
persistencia e da difusSo de elevados níveis de pobreza no país, após
Totais .
processo t í o vigoroso de descimentó econòmico, é necessàrio analisar,
do ponto de vista empirico, a evoluçâo do processo de urbanizaçïo nos
1 737 065
1 844 655
51 936 698
22 541 376
7 840 870
17 972 832
últimos anos, a conformaçSo do sistema urbano dai resultante e a
19S0
dinàmica da geraçSo do emprego a eie associada. A isto me dedico,
respectivamente, ñas partes II e III deste traballio.
<O
í>
1
AS TENDENCIAS DO PROCESSO DE URBANIZAÇÀO
D
61 253 666
11 539 305
2 654 058
8 297 592
2 362 270
36 400 441
(1950-1980) O.
O
1980
Q.
Cidades de
z<
movimentos em torno de reivindicaçôes urbanas (água, luz, transporte,
ffl
habitaçSo e carestia da vida urbana), pelo menos do ponto de vista a.
1 042 726
« Bf
6851 413
ecológico-demográfico o país ainda era "essencialmente agricola".
95424
10 334 687
2030294
314830
Como mostram os dados da Tabela 2, 4/5 da populaçSo viviam em áreas
1950
¿m ->
« óio
rurais ou em vilas, povoados e pequeñas cidades de menos de 20000 h C O )
habitantes. Mesmo na regiSo industrialmente mais desenvolvida do país, o —
«t
apenas 30,4 por cento da populaçSo viviam em cidades de mais de 0-
5
20 000 habitantes. m
E
11 082 534
5088145
3666291
23879851
1-
16180086
59896907
Entre 1950 e 1980 o processo de urbanizaçSo acelerou-se de tal w
1980
forma que, mesmo adotando-se urna definiçSo bastante restritiva de 5
(ou menores)
viviam em cidades de mais de 20 000 habitantes. Enquanto o total da
populaçSo brasileira, entre 1950 e 1980, cresceu a urna taxa anual de oc
m
2,86 por cento, a populaçSo urbana (definida pelos critérios da Tabela 5)
1 641 641
1 529825
15689863
41 602011
15942 538
6798144
cresceu a urna taxa anual de 5,64 por cento.
1950
Mesmo adotando um criterio exigente para a definiçSo de cidade,
(considerar como cidades apenas os municipios com mais de 20 000
habitantes em sua sede), entre 1950 e 1980 o número de cidades passou
Oentro-Oeste
Nordeste
1
Regidas
Nesta definiçîo restrita de populaçîo urbana, entende-se como tal as pessoas
Sudeste
Norte
Brasil
vivendo na sede urbana dos municipios, e considerale como cidades as sedes
Sul
municipais com mais de 20 000 habitantes.
DESENVOLVIMENTO, URBANIZAÇÂO L ... SOCIEDADE E POLÍTICA N O BRASIL PÔS-64 - 3 -
Total
o í 8 s 8 g
00 CM Tabela 3. Para o país como um todo, como indicam os dados da Tabela 4,
o (0 o ritmo do aumento no número de cidades, embora elevado em todas as
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décadas aqui an alisadas, foi caindo, ligeiramente, ao longo do período.
< N N ^ MM o
Mais de 500
Tabal* 4
s « n œ w n B R A S I L - N Ú M E R O D E C I D A D E S D E 20 000 H A B I T A N T E S O U M A I S
(1950-1960-1970-1980)
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Aumento
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Ano Número
Absoluto %
100-500
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S 1950 96
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FONTE: Tabela 2.
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Vejamos, agora, as tendencias da urbanizado do ponto de vista do
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ritmo de crescimento da populado urbana ñas diversas regiOes do país
e ñas diferentes classes de tamanho urbano. Os dados de síntese aparecem
20-50
1
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^ S ñas Tabelas 5 e 6.
1
Sudeste
também, que o comportamento das taxas variou de urna regiao para outra.
Sul
i
/ í Assim, na regiáo Sudeste, a mais populosa e a mais urbanizada, a
/ ŒÏ
/ tendencia das taxas foi a mesma que para o conjunto do país, caindo
L de 5,99 por cento na década de 50, para 4,19 por cento na década de 70.
DESENVOLVIMENTO, URBANIZAÇÂO L . . . SOCIEDADE E POLÍTICA NO BRASIL PÔS-64 - 3 -
Grau de Urbanizaçëo
Cabe registrar que a a d o d ° de umou outro dos dois últimos critérios
A magnitude da urbanizado ocorrida no Brasil entre 1950 e 1980 nlo conduz a grandes diferenfas.4 Contudo, encontramos diferen?as
nSo pode deixar dúvida quanto à crescente concentrado do conjunto da marcantes se usamos um deles ou o primeiro critèrio.5 Assim, a taxa de
populado brasileira em áreas urbanas. Na verdade, na década de 70 urbanizagao do país em 1980 pode variar entre 67,7% e 45,1% e a razio
ocorreu, pela primeira vez na história do país, um declínio em termos urbano/rural entre 2,10 e 1,41 em fundo do criterio adotado. Tais
absolutos da populado rural, segundo a definido censitária.3 Usualmente, diferends nSo afetam apenas o orgulho nacional; podem ter implicafSes
o grau de urbanizado é medido pela taxa de urbanizagao (total da popu- para a hierarquizafSo, quando esquemática, dos problemas nacionais e
lado urbana/total da populado) ou pela razáo urbano/rural de populado afetar diferencial mente o conteúdo mais geral das políticas governamentais.
(total da populado urbana/total da populado rural). Qualquer que seja Apesar destas diferen?as, nSo existe polémica maior a respeito do
a medida adotada pode haver alguma variado no grau de urbanizado grau de urbanizado da populado brasileira no período que estou anali-
em fundo dos critérios definidores da populado urbana. Para avahar o sando. A discussalo mais interessante e difícil diz respeito ao grau de
grau de urbanizaçâo da populaçâo brasileira no período 50-80 usarei concentragSo da populagSo urbana, ou seja, em que medida a urbanizado
très definiçôes diferentes de populado urbana: o critèrio censitário, o ocorre através do crescimento equilibrado das cidades de varios tamanhos
critèrio de mais de 20 000 habitantes vivendo em áreas urbanas do muni- ou se dá de forma concentrada em cidades de alguma regifo ou de
cipio e o critèrio de mais de 20 0CK) habitantes na sede urbana do alguma classe de tamanho.
municipio. Na Tabela 7 aparecem as duas medidas de grau de urbanizado
para cada um dos critérios adotados.
4
Por razoes de comparabilidade intercensitária usarei o terceiro indicador, mais
exigente, salvo indica^Ses em contràrio.
3 Para evita* c o n f u t e s terminológicas, o nivel de concentrad 0 da populado en» 3
A razáo urbano/rural pode n3o ser inferior a 1,0 quando a taxa de urbanizado,
áreas urbanas - em o p o s i t o as áreas turáis - será referido como grau de urba- usando-se o criterio de mais de 20 000 habitantes, é inferior a 50%, porque á
nizapfo. Ver Goldstein, Sidney e Sly, David, 1975. p o p u l a d 0 vivendo em cidades menores nSo i contada como rural.
SOCIEDADE E POLÍTICA NO BRASIL PÔS-64
DESENVOLVIMENTO, URBANIZAÇÂO E .
Tabela 8
A conceituafSo do que venha a ser "concentrado", infelizmente,
BRASIL - POPULAÇÂO NAS AGLOMERAÇÔES URBANAS
sofre de ambigüidade e os procedimentos de mensurado, além de diversos,
D E M A I S D E 250 000 H A B I T A N T E S
apresentam problemas importantes de validade.6 Convém, portanto, (1980)
separar diferentes sentidos da concentrado da populado urbana.
Aglomerado Populado
e SSo Paulo), inferir que o grau de primazia urbana vem aumentando Tsbeia 9
no sistema urbano brasileiro.10 BRASIL - ÍNDICES DE P R I M A Z I A U R B A N A
(1950-1980)
1960, às afirma?5es sobre o caráter dependente do desenvolvimento 1950 0,865 1,305 1,157 1,885
nacional e suas conseqüéncias para o fenòmeno da marginalidade urbana. 1,680
1960 0,875 1,520 1,007
Durante a década de 1970, entretanto, surgiram diversas críticas a esta
associalo, à medida que os dados sobre o crescimento das cidades 1970 0,874 1,137 1,055 1,661
lan?avam dúvidas sobre o aumento no grau de primazia.11 Por isso mesmo, 1980 0,973 1,295 1,494 1,062
parece importante come far a avaliar a questuo da concentrado relativa
da populado urbana pela evolu$3o do grau de primazia. 2Ci Cj + Oi
OBS.: (e) Pi/11 = (¿>) 2/11
11 11
Usarei, para este propósito, o índice de primazia desenvolvido a ZC¡
SC¡
partir da equado de rank-size12 e, dado o número de cidades de grande i=2 ¡=3
porte no Brasil, optei por comparar a cidade maior com as dez cidades de
tamanho subseqüente. Além disso, creio ser necessàrio levar em conta
Os resultados permitem concluir, em primeiro lugar, que em termos
duas características do sistema urbano brasileiro na avahado do grau
comparativos internacionais o Brasil apresenta índices relativamente
de primazia. Em primeiro lugar, a existencia de bipolaridade metropo-
baixos de primazia urbana. A Argentina, a Franfa, o México, o Japao e
litana, urna vez que tanto SSo Paulo quanto o Rio de Janeiro desem-
os EUA apresentavam, em 1960, índices de primazia (Pi/n cidades) de
penham funfSes de metrópole nacional e, em segundo lugar, o fenómeno
ordem de 4,10, 3,41, 3,79, 1,75 e 1,05, respectivamente, enquanto o
da crescente aglomerado de municipios em áreas conurbadas, princi-
valor do índice para o Brasil é de 1,16, 1,01, 1,00 e 1,49, respectivamente,
palmente ñas regiSes metropolitanas.13 Na Tabela9 apresento quatro
para 1950, 1960, 1970 e 1980. Em segundo lugar, verifica-se que quando
índices de primazia. O primeiro mede a primazia da maior cidade com
consideramos apenas urna cidade ou urna área metropolitana, os índices
respeito às dez cidades subseqüentes (P|/n); o segundo mede a primazia
de primazia respectivos sSo maiores em 1980 que em 1950. Mais concre-
das duas maiores cidades com respeito às nove cidades subseqüentes
tamente isto significa que a cidade de Sao Paulo e a área metropolitana
(P2/i, ); o terceiro mede o grau de primazia da maior área metropolitana
por eia organizada tenderam a aumentar sua participado no conjunto
com respeito às dez áreas metropolitanas ou cidades subseqüentes e o
da populado urbana dos onze centros urbanos de maior porte, espe-
quarto mede o grau de primazia das duas maiores áreas metropolitanas
cialmente entre 1970 e 1980.
com respeito às nove ¿reas urbanas de tamanho subseqüente.
Em terceiro lugar, observa-se que quando levamos em conta o
fenòmeno da bipolaridade metropolitana, a tendéncia anterior se inverte.
10
A literatura sobre o tema é abundante, desde a f o r m u l a l o clàssica de Jefferson, O índice de primazia das duas àreas metropolitanas nacionais cai de
1939. Para urna discussaci mais detalhada dos casos latino-americanos, em geral, 1,885 em 1950 para 1,062 em 1980. Além disso, a queda é particular-
e brasileiro, em particular, até o final da década de 70, veja-se, respectivamente, mente pronunciada na década de 70, quando este índice cai de 1,661
Browning, 1972 e Faria, 1976. em 1970 para 1,062 em 1980.'4
11 Ver Kowarick, 1976; Faria, 1976a; Merrick e Graham, 1981.
«2 Ver Goldstein e Sly, op. cit., pp. 63-65.
14
13 As áreas metropolitanas foram definidas legalmente no final da década de 60. O comportamento do índice de primazia das duas cidades metropolitanas centráis
Para 19.50 e 2960 usarei como populado metropolitana a p o p u l a d o urbana dos é mais irregular, apresentando ligeira elevado entre 1970 e 1980, mas sendo
municipios da área mínima comparável - neste último ano - inferior ao de 1950 e 1960.
DESENVOLVIMENTO, URBANIZAÇÂO E . . . SOCIEDADE E POLÍTICA N O BRASIL PÔS-64 - IO -
Tabela 11
BRASIL - PORCENTAGEM A C U M U L A D A DO N Ú M E R O DE
C I D A D E S POR C L A S S E D E T A M A N H O
(1950-1980)
3. esta difusSo do processo de urbanizado resulto« num sistema empregos destruidos pelo processo de concentrado e de centralizado
urbano caracterizado por m'veis comparativamente babeos e inerentes ao desenvolvimento capitalista oligopolizado, especialmente em
declinantes de primazie e concentrando, particularmente quando sociedades de desenvolvimento dependente e retardatario.19
consideramos o fenòmeno da bipolaridade e de metropolizagSo;
Ora, o crescimento económico brasileiro do pós-guerra, como
4. embora n£o tenha havido maior concentrarlo da populado vimos, esteve fortemente condicionado pelo desempenho do setor indus-
urbana, continuou existindo elevada concentraselo regional na trial e em condiçôes de sprofundamento da dependencia tecnológica e
localizad 0 das cidades e especialmente alta concentrado das financeira com relaçâo ao grande capital estrangeiro e multinacional.
atividades urbano-industriais mais dinámicas e modernas em Além disso, o crescimento industrial se deu através de expansòes cíclicas
algumas áreas urbanas maiores do Centro-Sul do país, aumen- acompanhadas, como é de se esperar, de centralizado e concentrado de
tando a assimetria existente entre a distribuido da populando capitais. Como assinala Serra, no pós-guerra "a expansáo do produto
urbana (mais difusa) e a distribuidlo das atividades mais diná- manufatureiro apresentou très inflexôes mais agudas, as quais condicio-
micas (mais concentrada). naran! variaçôes semelhantes no crescimento do PIB. A primeira delas
ocorreu a partir de 1962, depois de urna notável trajetória expansionista
Nao se pode, portante, atribuir à crescente concentrado da popu- desde o final da guerra (9,7 por cento ao ano) e particularmente no
l a d o urbana papel interveniente no agravamento dos problemas de pobreza qüinqüénio 1956-1961, em que a taxa de crescimento do produto
e da exclusgo por todo o sistema urbano brasileiro, que adquire determi- industrial alcançou a média de 11,0 por cento ao ano. N o quinquenio
n a r e s específicas em cada regimo e em cidades de distinto porte. 1962-1967 esta taxa declinou mais de quatro vezes, atingindo a média
de 2,6 por cento anuais. A segunda inflexâo observou-se a partir de meados
de 1967, inaugurando a fase expansiva do milagre económico, durante o
qual o produto industrial cresceu a quase 13,0 por cento ao ano, até 1973.
AS M U D A N Z A S N A COMPOSITA© DO EMPREGO
Em seguida, a industria entrou mima fase de desacelerado, entre 1973
e 1980, metade daquela observada durante o 'milagre', embora nSo muito
Outro aspecto das transformares sociais o corridas nos últimos
inferior à tendênoia histórica do pós-guerra t ainda razoavelmente elevada
trinta anos sáo as mudanzas na estrutura do emprego, alias elo importante
em confronto com outros países" (Serra, 1981, p. 22).
na explicado da persistencia ou mesmo do agravamento da pobreza e
da exclusào social urbanas no Brasil contemporáneo, segundo o argumento A expansáo, além disso, se deu, em ambos os períodos, sob a lide-
com o qual estamos debatendo. Este elo consiste, como vimos, na alegada rança da industria de bens duráveis de consumo e de bens de capital,
insuficiencia dinàmica dos setores urbanos modernos — em especial do setores nos quais a dependência financeira e tecnológica existiu desde o
setor secundário da economia — em criar nove» empregos. inicio e se agravou ao longo do tempo, com a retomada do ciclo expansivo
(Serra, 1981, Mello e Belluzzo, 1977 e Conceido Tavares, 1978).
Neste sentido, argumenta-se usualmente que a ocorréncia desta
insuficiencia dinàmica em condi?5es de pressao demográfica ñas áreas Por tudo isso, seria de se esperar que o desempenho do setor secun-
dário - especialmente da industria de transformado - na criado de
urbanas acarretaria um crescimento hipertrofiado do setor de servias e,
novos empregos nSo fosse particularmente brilhante, ficando as modifi-
mais particularmente, do subsetor de servidos e do pequeño comércio que,
caçôes na estrutura ocupacional por conta do crescimento do terciário
sssim, cresce m de modo anòmalo, em bases precárias, com baixa densi-
e do subsetor da construçSfo civil, por um lado, e da contrade do emprego
dade de capital, baixa rentabilidade, níveis inadequados de desenvol-
no setor agropecuário, por outro.
vimento legal e institucional, instabilidade ocupacional e baixos salários.
Para avaliar as mudanças na composiçSo do emprego e o desempenho
Mesmo havendo crescimento da industria de transformado, alega
dos varios setores neste particular, seria útil dispor de dados de emprego
o argumento, cada nova expansáo industrial, dada a dependencia finan-
ceira e tecnológica da industria brasileira, se realiza em bases tecnológicas
19
mais avadadas e intensivas em capital, agravando o problema da exclusáo' A literatura brasileira e latino-americana a este respeito é abundante. Para
os empregos criados pela expansSo sí© insuficientes para compensar os í w k a o sistemática, veja-se Faria, 1976a.
DESENV0LV1MENTQ, U R B A N I Z A D O E . . , SOCIEDADE E POLÌTICA NO BRASIL PÔS-64 -
3
taxas medias geométricas anuais de eres cimento do produto industrial e O *<0
z s =5 1 '"i t ^ o «i
da construyo civil. Isto poderá ajudar-ños a avaliar o desempenho destes 1
p « m rf «' 9 o O
o 1t» & p. flŒ. Ç» QO. «P»
dois setores quanto à e v o l u t o do produto, ñas várias décadas aqui «< <
M
{9
i> sD
an alisadas. D •o
Q c
O
Em termos apenas indicativos, ao apreciar o desempenho da cria?§:o OC
Q.
«
*3
de empregos em cada década convém ter presente, como se pode depre-
O C? 0
ender da Tabela 13: 1) que durante a década de 1950 houve acelerado & Cffl I O, 9 S Kl N o «st a
a * g 5 N fl N P) ri w
do ritmo de crescimento, sendo o ano de 1960 um ano de auge deste 2 N ^ N ^
ciclo; 2 ) que na década de 1960 houve um primeiro momento de
UJ
desacelera$3o seguido de um período de notável expansfo e, 3) que a o d.>
Vi
III ^
década de 1970 inicia-se por um periodo de grande crescimento e termina oc u
com urna dpsacelera53o, embora menos acentuada que a ocorrida entre 0
m uj
1962 e 1967, sendo o ano de 1980 um ponto nesta fase de desacelera?£o. — o Su-SS ! I f ®l t\inlit f»n (O
S V) D T c § "£ r>» n «r o" oo" «i>
2 < 0C I-. á 8fl
Embora constituam aspectos do mesmo processo básico, analisarei t- 2t
1 co o»
os dados sobre a evoluito do emprego setorial, com base nas informa?5es < oz r
sobre a populado de dez anos e mais economicamente ativa, a partir V)
< <
o
de tres ángulos: a composito da PEA por setores, o número de novos oo
oc UJ
h-
indùstria
Total da
empregos criados, as taxas de crescimento e o número de pessoas empre-
Ui •
«
•
gadas nos demais setores por pessoa empregada no setor secundário da S o_ co a q in ^ ù>
O O O) N ^ n Q U) co*
economia, esperando, com isso, melhor dimensionar o problema. LU
O
V)
<
0
Mudanzas na Composito do Emprego da PopulafSó tu
5
Economicamente A tiva * T m *
•
X K -g
< "i 00 O »- M S S
Os dados que permitem avaliar as mudan?as na estrutura da popu- I- •O M C
M O) CMr*
C
M Cu
O>*
1 3
l a ? ^ economicamente ativa (de dez anos e mais) aparecem na Tabela 14.
co
A mudanza quantitativamente mais marcante reside, sem dúvida, no Oí Cl CT)a -C
-. t
o> tO)s **
decréscimo substancial no percentual de pessoas empregadas no setor oc
m S - - g
1947-1955
1955-1962
1970-1973
1967-1970
1962-1967
1973-1976
1976-1980
S
Parfodos
primàrio: essa queda é relativamente pequeña na década de 50, quando V)%% i
a contribuito do setor primàrio para a P E A cai de 59,9 por cento em
p o cS
O) UJ S. 8
1950 para 54,0 por cento em 1960; a queda aumenta na década de 60, (-
z
passando para 44,3 por cento em 1970; acentua-se na década de 1970, O) O
u.
DESENVOLVIMENTO, URBAN8ZAÇÂO E . SOC2EBADE E POLÍBCA NO SRASIL PÔS-64 - 15 -
W quando sua participado cai quase quinze pon tos percentuais, atingindo
OS ^ h « m N i a M «> a 5
E m m ' ï' • - U i ri ri 29,9 por cento em 1980.
O «Vi S^ <r- o- 1- 8
t~ As mudanças na contribuido do setor secundárío sâo îambém
!AJ §
ÍS m tsj'
».
KWS'U)
N Si C> 00
ca o i ^ M
K « Ò B a)
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<s
importantes. A contribuito do setor de eonstruçâo civil mais que dobra
• ^ Í3> lí> O <M C>3 CO f- O
03 1
f»
(9 entre 1950 e 1980, passando de 3,4 por cento para 7,2 por cento; a da
m •3 % g a s a
^ to ^ ts
s ^ g a ^
v) en o Q S indùstria de transformado passa de 9,4 por cento para 15,7 por cento,
m S Pi © <© M o so r» «M
«
m
IV permanecendo relativamente estável a contribuido relativa das outras
O atividades industriáis para o total da PEA. Note-se, entretanto, que o
H
UJ f> o> o co. c-, es ® n q a 3.
V) m ÍST r- io <- tv <- ri O) <M~ § incremento desías contribuiçôes ocorre a partir de I960, tendo mesmo
^ ». p) ^
ce havido, entre 1950 e 1960, um recuo, embora modesto, da contribuido
O
e,
1970
29 557 224
M o CS!
in ^ co r-. oo mn o o
N IQ O O
o do setor secundario no periodo 1950-Î980, destacam-se a ligeira queda
<
§ g Fs iss ei f? V} in m o o
•3 § S Í S Ñ S ^ 5 8 8 2 na sua contribuido entre 1950 e I960 e o avanço de mais de dez pontos
D Z CJ Mi O >- t. P! O N y
O percentuais entre I960 e 1980.
W
I (O'OOl)
O o ©i eq oí co n % as Finalmente, a contribuido do setor terciário aumenta de forma
2 pí ei fi ed—ritò cm*
« * V
If) ï.
w' o
relativamente regular ao longo do periodo, passando de 25,9 por cento
©
S»"» em 1950 para 33,1 por cento em 1960, atingindo 37,8 por cento em 1970
0961
22 750 0281
781 247
1 467 947
3028 933
2 455 615
7 532 878
<
580 383
204 808
12276908
2940 242
e contribuindo com 45,7 por cento para a PEA total no final do periodo.
1954187
>
Destaque-se com relaçïo ao terciário, por um lado, o aumento da contri-
58 oi b u i d o das atividades sociais e da administrado pública para o emprego,
uj £ S
«si
S zS que dobra no periodo (5,3 por cento em 1950 e 11,1 por cento em 1980)
e, poroutro, o crescimento da contribuido da rubrica "outras atividades",
(100,0)
i< l e» ^ ^ ©i cm. ^ co o
# o
« V e>
*» ri u> o» o u> «-"
C
M «- que passa de 1,0 por cento para 4,9 por cento, embora seja difícil avaliar
o
s o significado qualitativo desta rubrica, que engloba atividades mal
o
1 581 233
S
1 781 041
1 608 309
911 317
z
4 437159
CS
234 411
584 644
2427364
10252839
0
o t»
o que procuram traballio pela primeira vez, no caso dos censos de 1970
m •13 e 1980.
O Z
«t
O Em trinta anos, portanto, passa-se de urna PEA predominantemente
<
Distribuido i co màrcio e transportes)
O
a.
do setor secundárío representa quase urna quarta parte do emprego,
< havendo, em 1980, quase 7 milhOes de pessoas empregadas na indùstria
o Outras atividades industriáis
O
e Indùstria de transformapSo
«í 01
t> Tratemos agora de an alisar a contribuido dos diversos setores e
Prestado de servidos
e
k
5 O subsetores para os novos empregos criados em cada década do período.
Outras atividades
m
£ ë
i-
(0
5 A CriaçSo de Novos Empregos
Secundério
I
Tarciário
Primàrio
TOTAL
Europa, passando de 36 557 990 para 88 149 988 pessoas. Neste periodo
DESENVOLVI MENTO, URBANIZADO E ...
SOQEDADE E POLÍTICA HO BRASIL POS-64
1970-1980
1
resultado, entretanto, nSo deve obscurecer outras transformares impor-
V O Q Q tf> O) CO P» c-
tantes no emprego do setor agropecuário, como mostra o texto de Sorj 0
b. U) CI B rf ftCOOlO« üi
t¿)
65 thP^co^ 0 ¡^
incluido nesta coletànea. A contribuido do setor secundário foi importante: ^ CO C) p. ^ M co
•3 s 1- pí 0 f í - á> n a
8 2 4 7 6 1 3 novos empregos foram criados neste período, sendo que mais p) to vt a ^ in T- 01 CM
z m n >• eo M n N
8
de 5,2 milhCes na industria de transforma?^ e pouco mais de 2,5 milhSes
no setor da construyo civil. O secundário, no seu conjunto, contribuiu 6i co o> cq ta w e> « 0
- sí* co H e-i r> r~ eo"
com mais de 3 0 por cento para a c r i a d o de novos empregos ( 3 0 , 9 por K 0
p»
8
O e>
cento). Registre-se, além disso, o desempcnho bastante modesto do setor w
na década de 1950: do total de empregos criados no período, 9 3 , 8 por o
o é 8
E.':) ^j' r*- ^ eo^oop^e» O
ca
Ui _ 01 ® S (B f g « O UI N
cento o foram ñas duas últimas décadas. A contribuido da industria ESO 1 <9 ^ (O ^ O ÍJ t^ O OI CD p~
Q. m •3 O !í) N O ffl
de transformado para a c r i a d o de novos empregos foi aumentando com J- «8" J»O )n« « w j? w Q ». ¡o 0
Z «9 - <© O CO CN tí» co
o passar das tres décadas aquí analisadas: esta contribuido passou de V> C9
O
6,1 por cento, entre 1950 e I960, para 18,9 por cento entre 1960 e 1970, > Ci » » » - iqsq 0 ni n oí f 0
O ^ oí so rí 0 ¡o tri o> rC
atingindo 25,4 por cento m década de 1980. Estes resultados n£o deixam Z
1950-1960
1
de ser surpreendentes, especialmente se consideramos que para a última
década estamos comparando o ano de auge do "milagre" ( 1 9 7 0 ) com
um ano de baixa cíclica ( 1 9 8 0 ) , quando se registrou incremento até
§
§
S j K S o
ce ro § © K S to 3 m
§co
K i
¡mesmo do desemprego industrial aberto. Também foi importante a contri-
m •3 ^
S
<M10<00> sff f». CO CO
8
z 0S f- 3 01 ™
ts>w»-( sb
«3 r*
oa «3-
<m 1«n
Í> v
- co
buido da construido civil — quase 10 por cento do total de novos ci IO
empregos criados no período 1 9 5 0 - 1 9 8 0 — embora esta tenha sido mais
acentuada, em termos relativos, na década de 1960.
Indùstria de transformac§o
0
novos empregos, nSo só pela magnitude de sua contribuido - superior 0
Indùstria de construido
a 50 por cento em todas as décadas — como também por sua regularidade, 1
33
©
especialmente no que se refere aos servifos distributivos (comércio, e
transporte e comunica?5es) e ao residuo heterogéneo denominado "outras S
b»
Distributivos
atividades". Os servias pessoais, por seu tumo, apresentaram compor- 0
1
Pessoais
Secundário
tamento mais cíclico, contribuindo com cerca de 2 2 , 2 por cento ñas
Sociais
Outros
Terciário
_J
Primàrio
décadas do come9o e do fim do período, caindo esta contribuido para <
x.13,2 por cento na década de 1960. Esta variado pode apontar para o
2
crescimento hipertrofiado do terciário a que se refere a hipótese que
DESENVQLV3MENTO, URBANIZA ÇÂO E ... SCCÏEDADE E POLITICA NO BRASIL KtS-64 - 17
temes como referencia de fundo. Apenas com estes dados, entretanto, é eapscíñcos e as da populaçSo e na labels 17 as taxas de crescimento em
ümpossível avallar este fenómeno. A expansgo dos serviçcs ditos sociais cada urna das décadas e no período 1950-1980.
(atividades sociais, administraç^o, Forças Armadas etc.), por seu tomo,
foi bastante importante durante todo o período, especialmente aas âuas
Tebeto H?
éütímas décadas. À eapansSo destes seraços, earatodo, mío se pide atábufe
earátgf ©xckdente, já «pe teis setores se cair&cterizam, grn gessi, poir 8RÄSIL - TAXÂS DE GRgSCIMENT© DO SMPREGO POR SETORSS
fflíá©¡r esSabsMdade, adequiada proteçSo legal e soldez Bœtitacianaî. (1950-1880)
Populado
Total 2.86 Comparando-se as taxas de crescimento da populaçfo e do emprego,
Da tíaz anos e mais 2,94 3,04 2,96 2,98 no periodo analisado, cabe destacar:
Urbana 6,31 5,77 4,83 5,64
1. para o período como um todo, a taxa de crescimento do emprego
Emprego
foi superior às taxas de crescimento da populaçâo total e da
Total do emprego 2.89 2.65 4,01 3.18
populaçâo de dez anos e mais;
Secundárío 1,93 6.06 7.26 5,06
,v,d. es transí ornead® 1,98 5,19 7,78 4,95 2. isto se deveu, fundamentalmente, ao desempenho da economia
5,43 4.02 6.00 5.15 na década de 70, pois no período anterior a taxa de crescimento
Tarciério
Servidos psssoais 5,45 2,62 6,09 4,71 do emprego foi inferior às da populaçâo total e da populaçïo
Sarvipoo sociais 4,88 6,22 6.11 5.74 de dez anos e mais.
4. o notável crescimento, em termos absolutos, do emprego classi- Assim, em que pese a grande controvèrsia a respeito da importancia
ficado como ouïras atividades, que por sua heterogeneidade do salàrio mínimo na determinado da taxa de salarios no conjunto da
indicam a compieJrificaçâo da estrutura ocupacional brasileira e economia (Souza e Saltar, 1979), parece inegável que a evolugfo do
a estreiteza da classificaçâo trissetorial clàssica, sendo importante salàrio mínimo real constituí parámetro importante para avahar as
lembrar, ainda, que neste grupo, s pzíiií de ¡970, passaram a condifSes de vida de importantes segmentos da populado brasileira,
ser incluidas pessoas desempregadas e pessoas buscando traballio especialmente aqueles localizados na base da piràmide social. E, como
pela primeira vez. mostram os dados do Gráfico 2, toman do-se o salàrio mínimo real de
1 9 6 3 como base (100), entre 3952 e 1981, este, depois de oscilar a níveis
Em termos do argumento com o qual estamos debatendo, infirmase em tomo de 1 1 0 entre 1955 e 1963, caiu substancialmente entre 1963
a hipótese de insuficiência dinámica da industria de transformado na e 1 9 7 1 , permanecendo em tomo de 8 5 durante toda a década de 7 0 .
criaçSo de empregos. Ao contrario, ao longo das très décadas aumentou
o dinamismo deste subsetor: na década de 60 ele foi substancialmente Gráfieo 2
melhor que na década de 1950, e chegou a crescer a taxa mais elevada SALARIO MÍNIMO REAL MÈDIO - NÚMEROS-ÍNDICES
que a da populado urbana na década de 70. (1963 = 100)
familias urbanas
dados do Gráfico 2 permitem pensar que durante a segunda metade do co co «- co co o 3
5r >»• . co ¿a cm
li) IB (9 «I $
Total de
em cada
período aqui analisado, houve um achatamento da base salarial, pois,
regtáb
io io M is n co
"desconsiderando variafOes nos pre?os relativos, a taxa de salàrio mínimo ^
Í
r 9 h in «
tfl rt G9 !fl ^
co
co
na economia brasileira que permitiría manter o seu valor real da segunda M ^ W 5" P> ^ IO
«/>
metade dos anos 5 0 deve ria ser próxima do dobro do seu valor nominal 2
ui
atual". (Souza e Saltar, 1979, p. 6 4 4 ) Nouíra análise, em que se levou em 2
O
conta os salários urbanos medianos e varia$6es nos presos relativos dos 1-
® 2
«
Z
alimentos, Bacha chegou também a conciusSo semelhante: "Apesar do ui •E s ¡ s SSR 8? JR SS ìH ^
2 •o v> E c f«I.' «tf(CCOei eà Np»" a
aumento espetacular do PIB per capita do Brasil após a II Guerra Mundial,
5
no Brasil
c « •- N R in n
em termos de alimentos os salários urbanos medianos hoje nffo sfo z ° -a c
tu
maio res e provavelmente sSo mais baixos do que há 30 anos. Como um E o s 2
te
O S.
grupo funcional, em termos das necessidades mais básicas, parece que os o-
®
trabalhadores urbanos nSo qualificados n2o se beneficiaran! de modo
algum do fato de a renda per capita do país ter mais que triplicado no se
• I C§S8 % 1 § £ % g
^»OT
período sob considera9§ío". (Bacha, 1979, pp. 6 0 3 - 6 0 4 )
s *• ? I ci 5J © CS N rt
5- CN «- cm"
i
ocupacional, permaneceu au fe rindo rendimentos extremamente baixos:
O- € o -,
Pelo critèrio de
a
sté t SM de
o
rendimento
segundo os dados da PNAD 76, 12,4 por cento das familias urbanas o o
* * i s s «
mensal
brasileiras recebiam apenas um salàrio mínimo ou menos e 32,2 por « * <n >», £>„ o
2
UJ
O O IB 1 00
cento ganhavam dois salários mínimos oü menos, conforme os dados
<te
da Tabela 19.
Norte/Centro-Oeste
UJ
«A o
OC
se difunde por todo o sistema urbano. IS S
ñio/Guanabara
O
Isto pode ser visto a partir das estimativas de Thomas, Fava e Cuadra 2 i?
e
<
Z
Scio Paulo
c.
Nordeste
(1981), onde se procura avaliar a incidlncia, em termos absolutos e
relativos, de pobreza absoluta em diversas regjQes do Brasil (áreas metro- '5?
CS £
Sul
politanas, áreas urbanas nSo metropolitanas e áreas rurais). Os resultados CwS z
o
deste exercício aparecem na Tabela 20. Segundo estes dados, fazendo u.
3S3ENV0LVS MENTO, URBANÍZALO E , SOCJEDADE E PO¡JT3CA NO BRASIL FÓS-64 - 21 -