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K-POP: A CULTURA POPULAR COREANA INFLUENCIANDO O

BRASIL

Fernanda Clarissa da Silva Bernardo1


Mariane Bastos de Lima2

RESUMO

O artigo se propõe a evidenciar diversos aspectos da indústria do entretenimento


Sul-Coreana em especial o K-pop, levando em consideração o debate acerca da cultura
de massa, o papel social da mesma, as características que levaram a popularização do
mesmo entre outros aspectos históricos que culminaram na ascensão da cultura popular
coreana contemporânea. Contextualizando historicamente a partir do fim da guerra civil
e a ocupação das tropas americanas e das nações unidas no país passando pela
assimilação cultural feita pela população à utilização do gênero como forma de
construção de identidade nacional para exportação cultural. Utilizando também da
construção do indivíduo pertencente a lógica de consumo primária da mesma o ​Idol
faz-se a passagem por toda a formação técnica do mesmo, elucidando algumas das
peculiaridades da cultura Sul-Coreana, como o foco em excelência e o auto sacrifício
em prol da vida profissional. A formação dos grupos com foco na pluralidade das
nacionalidades servindo como parte do mecanismo de facilitação da exportação de
cultura abrindo portas para a participação de pessoas de diversos países tanto ocidentais
quanto asiáticos endossam a discussão.
Palavras-chave: ​K-pop. Indústria cultural. Entretenimento. Culturas Populares.

INTRODUÇÃO

A indústria musical coreana, popularmente conhecida pelo k-pop ou korean pop,


é um fenômeno que, graças à internet, pode tomar proporções globais. O Hallyu3
ganhou forças consideráveis no Brasil a partir de 2011, e mais ainda por conta do viral
Gangnam Style lançado pelo cantor PSY em 2012. Porém esse estilo musical vai muito
além dos vídeos que viralizam na internet, e há muito o que se abordar sobre esse tema.
Tendo uma certa semelhança com o MPB Brasileiro, o gênero musical possui grande
popularidade no exterior além de ocupar um espaço de destaque na representação
internacional do país.

1
Graduanda do Curso de Bacharelado em Produção Cultural do Instituto Federal do Rio de Janeiro,
fernandacsbernardo@gmail.com.
2
Graduanda do Curso de Bacharelado em Produção Cultural do Instituto Federal do Rio de Janeiro,
mariane99bastos@hotmail.com.
3
Onda Coreana.
1
K-pop é um estilo musical que traz influências de pop, rap, R&B e música
eletrônica, além de ser uma tendência midiática que vem afetando e modificando a
indústria musical, da moda e do audiovisual em todo o mundo. É uma subcultura dentro
da cultura sul coreana, tribos formadas principalmente entre os mais jovens, assim como
as tribos emo, rockeiros, otakus, nerds, etc., os chamados kpopers4 são a nova "febre
mundial".
O K-pop surgiu como uma forma de reerguer a economia sul-coreana após a
Guerra Civil, onde tropas americanas e das Nações unidas invadiram o país e deixaram
resíduos culturais. Ou seja, eles pegaram as culturas que "colonizaram" a deles, e a
transformaram de forma que contemplasse sua própria cultura. Fizeram daquilo que os
americanos já faziam algo próprio, de sua própria cultura e transformaram de forma que
a favorecesse, algo que ainda que criado por outra nação, fosse incorporado pela
Sul-coreana . Como já dito, a ​Hallyu foi uma necessidade comercial para fugir da crise
econômica. O próprio gênero musical chegou a ser estigmatizado pelo seu “excesso de
influência estrangeira”, até que com a validação do mesmo pelos países estrangeiros
apareceu uma forma de utilizar o mercado externo para fazer crescer e melhorar a
economia do país, então eles produziram e produzem até hoje, conteudo não só para a
Coreia como também para outros países tanto asiáticos, como europeus e americanos
(que é onde o k-pop tem se expandido atualmente). Mesmo tendo sido afetados de uma
forma extrema, aquele foi um momento onde a ocasião se tornou favorável para uma
reviravolta. Uma oportunidade perfeita para uma inovação onde o mundo inteiro iria
começar a reconhecer a Coréia do Sul, vendendo a cultura e transformando-a em algo
que pudesse trazer visibilidade ao país.
O K-pop como manifestação da cultura popular coreana faz sucesso não somente
pelas suas músicas e suas influências sobre os jovens, mas também são reconhecidos
pelo seu esforço estratosférico, muito diferente do que estamos acostumados a ver no
Ocidente quanto à fama. Na Coreia do Sul, os chamados idols precisam se esforçar
muito mais para alcançar sucesso e fama, e para que isso aconteça, existem exigências
que devem ser cumpridas quanto aparência, resistência, e restrições, tanto na
alimentação quanto referentes à vida pessoal dos idols.

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Entusiastas do pop coreano.
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Os ídolos são submetidos a anos de treinamento para que possam ​debutar5 em
algum grupo ou banda, e nesse período alguns chegam a treinar até 15 horas por dia
numa busca constante pela perfeição. Quase todos os ídolos já fizeram cirurgias
plásticas (o que é comum na Coreia do Sul) e fazem dietas extremamente rigorosas,
muitas vezes prejudiciais a saúde, para atingir o padrão de beleza exigido tanto pela
empresa quanto pela mídia.
Pela cultura de consumo do entretenimento possuir características industriais
integradas (pertencentes de diferentes setores da indústria interagem e coexistem num
ecossistema de consumo retro-alimentado) eles são treinados pelas empresas para serem
artistas multifuncionais, podendo ser modelos, cantores, dançarinos, atores e
apresentadores. Ou seja, idols são colocados em um treinamento extremamente pesado
para se tornarem artistas completos. Muitas vezes escolhidos por olheiros, que os
escolhem por sua beleza, e os treinam até se tornarem "bons o suficiente", e muitas
vezes também sofrendo abuso psicológico por parte de alguns que trabalham nessas
empresas antes de se tornarem muito famosos, em sua época de ​trainees​.
O investimento em marketing é pesado e os idols são vendidos como produtos
não somente do próprio país como para outros países. Um exemplo disto é a
incorporação do inglês nas letras das músicas, tornando o produto mais vendável para
países ocidentais, por exemplo. E para divulgação dentro da ásia, versões em idiomas
diferentes do original dos álbuns e até a criação de subgrupos (chamados ​Units​) que
cantam em outros idiomas como japonês e mandarim. por serem atraentes e talentosos,
acabam chamando a atenção de jovens pelo mundo todo.

FORMAÇÃO DO ARTISTA

O processo de formação de um artista da indústria musical na Coreia é muito


mais complexo e mecânico que o usual brasileiro. As empresas anunciam audições em
lugares específicos tanto dentro do país quanto fora, e é comum que em um mesmo
grupo tenham membros de diversos países diferentes da Ásia.
Ao passar na audição, o artista começa o processo de treinamento estabelecido
pela mesma, podendo durar anos, dependendo da qualidade do artista e dos objetivos da
empresa no momento. Como o foco de se tornarem artistas completos e multifuncionais,

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Estrear.
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podendo ser modelos, cantores, dançarinos, atores e apresentadores. Existem casos de
pessoas que se submeteram à esse treinamento, aguardaram nesse processo por anos e
acabaram sendo descartados. As empresas raramente lançam no mercado artistas solos,
seu foco principal é a formação de grupos que têm em média 4 membros, porém, não é
raro ter grupos com mais de 10 pessoas. Quando selecionados para fazerem parte de um
grupo, a imagem do artista começa a ser trabalhada. Quase todos os ídolos já fizeram
cirurgias plásticas, dietas extremamente rigorosas, que muitas vezes não são saudáveis,
para atingir o padrão de beleza exigido tanto pela empresa quanto pela mídia.
A imagem dos idols é a parte mais importante de seu treinamento. Tanto
exterior, trabalhada em seus figurinos e maquiagens (tanto em homens quanto em
mulheres, já que na Coreia do Sul o uso de maquiagem não é sexista como no ocidente)
para que mostrem uma aparência bonita e condizente com o estilo de música que fazem
e a imagem que querem passar, e também a interior: Eles trabalham para se tornarem
amáveis com os os fãs, terem uma personalidade doce e não se envolverem em
escândalos que possa sujar o nome da empresa, do grupo e o seu próprio. Quando,
acontece de se envolverem em situações extremas, são obrigados pela empresa de que
fazem parte e que toma conta de suas carreiras a fazer um pedido de desculpas em rede
nacional, sem nenhum tipo de maquiagem, para mostrar respeito. O clima nesse tipo de
pronunciamento é sempre muito severo.
As situações em que os artistas se envolvem podem ser realmente tensas, como
envolvimento com drogas, ou desrespeitosas no país. O esforço trabalhado vai além do
físico, chegando apelar para o emocional onde notícias e rumores de agentes que
agrediram os artistas ou foram flagrados abusando psicologicamente, estão presentes na
mídia e nas redes sociais.
Houveram casos onde uma integrante de um grupo japonês além das desculpas
foi obrigada a raspar sua cabeça por ter sido descoberto que estava namorando. Isso
mostra o quanto a imagem afeta a cultura asiática como um todo, e não só a cultura
sul-coreana.
Apesar de todo o trabalho que é feito antes de esses ídolos serem lançados no
mercado, a mudança feita em suas aparências é constante. Contratos de mais de cinco
anos feitos com idols normalmente têm cláusulas que dizem que o artista deve fazer
cirurgias plásticas ao longo da carreira, e não deve ter nenhum tipo de relacionamento

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amoroso para que se concentrem no seu trabalho. Essa cláusula que os impedem de
manter relacionamentos afetivos tem muito a ver com parte da cultura coreana, onde os
ídolos são vistos como “namorados” de suas fãs, então aparecer namorando seria, de
certa forma, desrespeitoso com os mesmos.

MERCADO CULTURAL

Grandes empresas foram formadas a partir da popularização da música pop na


Coreia do Sul, apesar de terem sofrido certa resistência no início por conta de serem um
país extremamente conservador, ganharam fama e cresceram por conta de seu
marketing, da forma como geriram as empresas e dos seus métodos de expansão da
música coreana.
As maiores empresas do entretenimento e do ramo musical na Coreia do Sul são:
S.M. Entertainment​, ​YG Entertainment e a JYP Entertainment. Atualmente a Big Hit
Entertainment lidera o ranking de crescimento anual, apesar de ter apenas um grupo em
sua agência. Enquanto as demais, são responsáveis pelo agenciamento de grandes
nomes da música e da televisão na Ásia.
Todo álbum de kpop inclui um cd com os lançamentos do grupo ou banda, um
álbum de fotos, um ​photocard6 ​e um pôster. Não se trata apenas de vender um disco
com músicas novas que foram lançadas, se trata de vender a imagem dos idols como
forma de divulgação de seu trabalho. Os álbuns são considerados obras de arte pelos
amantes da música coreana, justamente por terem uma produção gigantesca envolvida.
Normalmente a cada ​comeback7 ​feito pelo grupo existem pelo menos duas
versões do mesmo álbum. Cada versão é composta por um cd, que contém as mesmas
músicas em qualquer versão, e cada álbum contém uma sessão de fotos diferente, feita
em lugares diferentes com conceitos diferentes. Isso induz o fã a comprar mais de uma
versão do mesmo álbum para que tenha todas as fotos que foram lançadas com as
músicas de forma física, utilizando essa imagem que eles trabalharam de modelos como
uma forma de gerar lucro tanto para os idols quanto para a empresa.

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Pequena foto impressa em formato de cartão.
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Momento de lançamento de um álbum após algum período de pouca atividade e nenhum lançamento
grande feito.

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O principal objetivo das empresas no kpop é ter um bom alcance nacional e
internacional. Por conta disso, as letras das músicas tem muitas partes em inglês, o que a
“globaliza” e a torna fácil de ser lembrada ou reconhecida. Além disso os MV’s
(videoclipes), trazem não só a imagem dos idols como atores e modelos, como também
colaboram para a interação com o público, que é atraído pela produção de alta qualidade
dos vídeos e das danças apresentadas na maioria deles.
Os conceitos abordados pelos grupos são focados no público, por exemplo os
grupos masculinos geralmente apelam por uma identidade visual mais sexy para atingir
uma quantidade maior do público feminino. Enquanto que grupos femininos abordam
conceitos fofos, focando no público masculino. Os conceitos estão sempre em mudança
para acompanhar as tendências ocidentais ou simplesmente para fazer produtos
diversificados na tentativa de atingir um público diferente.

K-POP E A CULTURA DE MASSA

Em seu livro Apocalípticos e Integrados, Umberto eco nos faz pensar sobre os
produtos culturais feitos para a massa e os papéis que eles desempenham. Eco relaciona
os Apocalípticos com os filósofos da escola de Frank ​Frankfurt, os quais enxergam a
cultura de massa apenas com o olhar negativo. E também os Integrados, o qual ele
associa aos pensamentos dos teóricos funcionalistas, que olham para a cultura de massa
de maneira positiva.
Podemos relacionar o k-pop com alguns dos pontos enumerados pelo eco, tanto
os negativos e os positivos. Visto que, como dito acima, a produção de um artista nesse
meio passa por etapas que visam um certo tipo de padrão. O que gera uma possível
previsão do conteúdo que será lançado pelas empresas.
O prestígio que a indústria Ocidental Americana exerce sobre o mundo é
bastante forte, e a influência exercida por ela na indústria Sul Coreana é evidente, já que
a mesma a usa como uma referência. E isso já é em si um aspecto ruim, já que passa por
cima da cultura tradicional do país para buscar referências de um país no exterior por
conta de sua popularidade.
A influência que os Idols exercem nos fãs, pode chegar à níveis doentios, a
ponto de colocar a vida do próprio artista em perigo. Como a estratégia de marketing e
divulgação exercida pelas empresas é extrema, o público é coagido ao consumismo

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exagerado a ponto de não questionar em nenhum momento, o valor não só de bem
material mas o valor simbólico que aquele produto carrega. É comum a organização de
grupos de fãs que através dessa organização procuram apoiar o artista ou grupo com o
qual se identificam em literais mutirões de apoio, seja no âmbito físico ou no virtual.
Sem contar que toda a produção é tão voltada para o lucro, que geralmente a liberdade
criativa do artista não é respeitada ou seguir a produção indústrial de conteúdo com
grande segregação de funções e a política de serialização do produto, apesar de muitos
escreverem suas próprias letras.
Podemos tirar pontos positivos dessa indústria, quando pensamos a partir da
perspectiva do consumidor. Já que se compararmos com o cantor ocidental, o público
geralmente se limitaria ao álbum e aos shows, no máximo compraria uma blusa ou
bottom8 d​ o cantor. Enquanto que o público consumidor do k-pop é refém de diversos
produtos lançados oficialmente pela empresa do artista.
Segundo o site The Click a visibilidade e os lucros que esse estilo musical, que
atualmente só cresce, traz para a Coreia do Sul significativas mudanças econômicas,
tanto para o aspecto da exportação de produtos da área quanto para o turismo.
É de extrema importância abordarmos a indústria cultural de um país com uma
cultura tão diferente da que estamos acostumados e que trabalha seu produto (neste caso
seus artistas) de forma tão moldada e planejada, diferentemente do que costuma-se fazer
no Brasil e em diversos outros países orientais. É de grande relevância reconhecermos a
competência que os países asiáticos tem em vender seu produto cultural para uma mídia
tanto local, quanto exterior e aprendermos com eles muito não só sobre sua cultura,
como também suas estratégias tão bem elaboradas dentro de um mercado capitalista
como o que nós como estudantes de produção cultural estamos aprendendo a gerir,
consumir e lidar.
Durante muitos anos a cultura asiática foi deixada de lado e diminuída a alguns
produtos que conhecemos por alto e nunca nos aprofundamos ou estudamos suas
capacidades de transformação de mercado, e agora através do grande “boom” do k-pop
e a ascensão da ​Hallyu​, temos muito mais acesso e conteúdo que podemos consumir
para compreender seu mercado e cultura de forma fácil e satisfatória.

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Pequeno alfinete com um objeto alumínico com fotos onde se prendem a superfícies feitas de tecido.
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Por fim, essa pesquisa tem como objetivo trazer os pontos positivos e negativos
daquilo que estamos consumindo e estar conscientes de seus aspectos culturais e
mercadológicos, e assim poder distinguir e entender o que estamos consumindo e como
aquilo é produzido, aspectos que deixam muito a desejar quando vamos consumir algum
produto cultural atualmente.

K-POP NO MERCADO CULTURAL BRASILEIRO

Para a Coreia do Sul, as relações brasileiras começaram através do


reconhecimento dado pelo Brasil a este país nas conferências da ONU. Com o golpe
militar de 1961 na Coreia, muitos sul-coreanos tiveram interesse na imigração e
acabaram por se estabelecer em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Até mesmo os
coreanos que entraram no país ilegalmente, foram anistiados e tiveram suas situações
regularizadas, e sua presença no país contribuiu para o aumento de transações entre
Brasil e Coreia (OLIVEIRA e MASIERO, 2005).
Atualmente existem muitas colônias asiáticas, não somente coreanas espalhadas
pelo Brasil. O maior bairro japonês fora do Japão se encontra em São Paulo, e é
conhecido por ser um bairro turístico que remete a diversos aspectos da cultura chinesa,
japonesa e coreana.
Há neste bairro diversas lojas voltadas para o público brasileiro que se interessa
pela cultura coreana, e pelo k-pop especificamente, onde os amantes dessas culturas
conseguem tem contato com produtos vindos da Coreia do Sul, como os álbuns de
k-pop já citados acima.
Essas lojas são voltadas para fornecer produtos vindos de países asiáticos para os
brasileiros e o bairro tem diversos pontos onde se pode ter contato mais específico com
outros aspectos culturais além de produtos da indústria musical, como parte da religião e
da culinária asiáticas.
Por conta dessa grande concentração de cultura asiática em São Paulo, existe
uma demanda maior para produtores culturais para trazer artistas asiáticos e eventos
voltados para a cultura asiática. De fato, ocorrem alguns eventos voltados para a
apreciação de animes, mangás e outros aspectos da cultura japonesa, como também há
eventos voltados especificamente para os fãs do k-pop.

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Esses eventos contam com lojas especializadas em vendas de produtos voltados
para grupos de kpop, como camisetas e álbuns, além de contar com competições que
k-cover, que se tratam de equipes que imitam as coreografias dos grupos de k-pop, e
levam em consideração a semelhança do figurino, ​lip sync9 e sincronia ao nível
kalgunmu10.
Esses eventos tem como objetivo reunir a comunidade de ​kpoppers, o​ nde várias
pessoas tem o mesmo propósito em comum de exaltar esses artistas coreanos.
Essas competições levaram à criação de grupos que se inspiraram na formação
do k-pop para criar um estilo de música pop brasileira inspirada no modelo de música
pop coreana, como o grupo feminino brasileiro ​High hill ​e o recentemente criado ​Eve,
que apesar da ideia de unificar esses estilos musicais, formando um estilo único, por se
moldarem através do k-pop acabam ficando, muitas vezes, aquém das expectativas.

CONCLUSÃO

No Brasil, é difícil falar da cultura coreana sem falar de alguns aspectos da


cultura de outros países asiáticos, pois ainda há muita estigmatização em cima dessas
culturas, como se todas fizessem parte de um único país.
Há muito preconceito dos brasileiros ainda com a cultura popular asiática de
uma forma geral, e o crescimento dessas culturas no Brasil tem modificado algumas
concepções sobre a importância da cultura asiática coreana na história brasileira.
Muitas empresas estão se especializando em trazer ídolos coreanos para o Brasil
e também produtos vindos da Coreia para os apreciadores de suas culturas, justamente
por estar se expandindo tanto ultimamente, e discutir sobre todas as influências da
Coreia no Brasil contribui, mesmo que pouco, para a quebra do preconceito tanto com a
língua, quanto com as culturas distintas que formam a Ásia, além de contribuir para a
expansão das culturas coreanas para países fora da Ásia, para que possam começar a
compreender as diferenças culturais de cada país e também respeitá-las.

9
Sincronia labial, que combina com a letra da música cantada.
10
Termo coreano que ​significa, literalmente, ​faca (​Kal​) e ​dança em grupo (​GunMu​), formando, na prática,
grupos que possuem danças “afiadas”, ou extremamente sincronizadas.
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REFERÊNCIAS

ALTEMANI, Henrique; MASIERO, Gilmar (2005). ​Estudos Asiáticos no Brasil:


contexto e desafios.
AMARAL, Caio da Cruz, Universidade Federal da Bahia. ​E precisa falar coreano?
Uma análise cultural do k-pop no brasil​. Salvador, Bahia: [s.n.], 2016. p.46 à p.71.
BASTOS, Paula (2017). O fenômeno KalGunMu: os grupos de kpop com danças
afiadas como faca. ​Revista Korea In.​ Disponível em:
<​http://revistakoreain.com.br/2017/07/o-fenomeno-kalgunmu-os-grupos-de-kpop-com-d
ancas-afiadas-como-faca/​>
ECO, Umberto. ​Apocalípticos e Integrados.
MENEZES, Jéssica (2016). ​Pop coreano, o nascimento de uma nova subcultura.
TERRA (2016). ​K-pop e novelas se tornam novos motores da economia sul-coreana.
Disponível em:
<​https://www.terra.com.br/noticias/mundo/asia/k-pop-e-novelas-se-tornam-novos-moto
res-da-economia-sul-coreana,b3fb415e03919c9187a1e5a036894275ta2jpl0z.html​>
THE CLICK (​ 2017). Coréia do Sul investe em indústria pop e alavanca economia.
Disponível em:
<​https://thclick.wordpress.com/2017/04/22/coreia-do-sul-investe-em-industria-pop-e-ala
vanca-economia/​>

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