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Introdução ao
Crystal Reports
Como é sabido e geralmente aceite por todos nós, vivemos um período onde a
complexidade dos negócios é cada vez maior, tal como o prova a intensificação da
concorrência, os baixos ciclos de vida dos produtos, o aparecimento e
desaparecimento de um grande número de empresas em curtos espaços de tempo,
entre muitos outros factores possíveis de serem comprovados empiricamente.

Se considerarmos como um dos princípios básicos da gestão de empresas, o facto


de que a existência das mesmas só faz sentido quando pensada para servir um
determinado público, ou seja, os seus clientes, então o que poderemos concluir é
que esta complexização do mundo empresarial surge, em parte, como resposta a
uma complexização da sociedade, acabando esta por ser posteriormente afectada
pela primeira. Por outras palavras, enquanto que as pessoas querem e exigem
mais, a função das empresas é, precisamente, a de responder a essas exigências,
dando e servindo melhor. Porém, e como querer não é poder, algo tem de sustentar
esse querer e essa capacidade de resposta a novas exigências. Se bem que muitos
factores podem ser apontados, existe um que certamente será referido por todos,
nomeadamente, os avanços tecnológicos.

No mundo empresarial, a tecnologia é importante em muitos aspectos, uma vez


que a mesma está na base de todo o ciclo produtivo, desde a obtenção das matérias
primas, passando pelo fabrico do produto (ou prestação dos serviços), pela sua
distribuição e manutenção (suporte). Assim, um avanço de determinada tecnologia
utilizada pelas empresas poderá então evidenciar-se como uma oportunidade para
a obtenção de melhores desempenhos por parte das mesmas.

De entre o vasto conjunto de aplicabilidade que as empresas podem conceder às


tecnologias, encontra-se a aplicabilidade na gestão da informação, sendo a
tecnologia assim empregue chamada de Tecnologias de Informação. As

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Tecnologias de Informação serão, portanto, todo o tipo de tecnologias que


permitem automatizar os Sistemas de Informação de uma empresa, ou seja, a
gestão dos fluxos de dados/informação que circulam em torno de um empresa e
que são vitais para a sua sobrevivência, uma vez que são eles que descrevem o
funcionamento da empresa, os seus clientes e os seus empregados, sendo através
dos mesmos que aqueles com capacidade de decisão tomarão decisões acerca do
futuro da empresa.

Se, tal como foi dito no início do capítulo, as empresas tendem a tornar-se mais
complexas, então muito certamente o fluxo de dados/informação que tende a girar
sobre as mesmas será, por conseguinte, também mais complexo. Desta forma,
evidencia-se importante e urgente a existência de tecnologias capazes de
trabalharem esses dados/informação possibilitando, aos seus decisores, a
capacidade de tomar as melhores decisões no mais curto espaço de tempo
possível.

É precisamente ao nível deste âmbito que surge o conceito de Business


Intelligence, ou seja, um conjunto de tecnologias que permitem às empresas
trabalhar os seus dados de forma a que, a partir dessas análises se possam tomar as
melhores decisões acerca do dia-a-dia e do futuro de uma empresa. Uma vez que
existe, dentro deste conceito, um grande conjunto de ferramentas, a escolha de
umas em detrimento de outras vai depender em muito de factores tais como o tipo
de análise a efectuar, a dimensão dos dados sobre os quais irá recair a análise, a
complexidade das ferramentas, entre outros factores.

Uma das formas possíveis de se analisarem os dados de uma organização consiste


em retirar os mesmos de uma fonte de dados, aplicar sobre estes determinadas
regras de negócio e de formatação e, por fim, disponibilizá-los num relatório,
sendo este predefinido (igual para todos os que o utilizem) ou susceptível de
parametrizar (em especial com o recurso a parâmetros). Este será então o domínio
de aplicabilidade da ferramenta que será analisada ao longo deste livro, o Crystal
Reports.

A aplicação Crystal Reports é um produto da empresa Crystal Decisions


(www.crystaldecisions.com), anteriormente conhecida como Seagate Software,
que tem vindo a tornar-se numa ferramenta standard para o desenvolvimento de
relatórios.

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INTRODUÇÃO AO CRYSTAL REPORTS

À data deste livro o Crystal (nome pelo qual será referida a aplicação ao longo
deste livro) encontra-se na versão 9 e, segundo a Crystal Decisions, é a ferramenta
mais utilizada no mundo para a construção de relatórios. Para este sucesso, em
muito tem contribuído as parcerias estabelecidas entre a Crystal Decisions e outros
fabricantes de software, tais como a Microsoft, SAP, PeopleSoft, Oracle, BAAN,
entre outras.

Um dos marcos históricos desta aplicação e, certamente, um dos grandes


responsáveis por um aumento futuro da sua utilização pelas organizações, deve-se
ao facto de ter sido escolhida, por parte da Microsoft, como a aplicação standard
para o desenvolvimento de relatórios a partir do recente, à data deste livro, Visual
Studio .NET. Note-se porém que já a própria versão 6.0 do Visual Studio se fazia
acompanhar por uma versão do Crystal Reports (embora mais antiga).

Da mesma forma foi anunciado recentemente (novamente, à data deste livro) que
a Crystal Decisions e a SAP tinham chegado a acordo quanto à distribuição de
uma versão da aplicação Crystal Enterprise - Crystal Enterprise SAP Edition -,
juntamente com o componente de data warehouse da solução mySAP Business
Intelligence (SAP BI), o SAP Business Information Warehouse 3.0b (SAP BW).
Note-se que o Crystal Enterprise, apesar de ser uma solução independente da
solução Crystal Reports, utiliza esta última para a construção de relatórios.

Também a nível nacional temos um bom exemplo de como o Crystal Reports é,


geralmente, bem aceite pelos principais fabricantes de software, nomeadamente
através do software Primavera, uma vez que os relatórios desta solução se
baseiam no Crystal Reports.

Ao longo da sua evolução e como é normal, parte da funcionalidade do Crystal


Reports foi-se mantendo com poucas alterações, enquanto outras funcionalidades
foram sendo introduzidas. Entre estas destaca-se, como não poderia deixar de ser,
o suporte para ambientes distribuídos, nomeadamente a Internet.

Algo que o leitor deverá de ter em conta é que o Crystal existe sobre a forma de
quatro distribuições, cada uma delas indicada especialmente para um determinado
tipo de utilização e de pessoas, a saber:
• Standard: para profissionais mais ligados à área da gestão que, não
possuindo muitos conhecimentos a nível técnico, procuram, porém, obter

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sozinhos uma visualização prática, rápida e consistente dos dados da


organização;
• Professional: indicada para profissionais da área das Tecnologias de
Informação, visando o desenvolvimento de relatórios e a sua distribuição
por toda a organização;
• Developer e Advanced (versão 9): especialmente indicadas para os
programadores, pelo que para além de disponibilizarem as funcionalidades
das distribuições anteriores, permitem ainda a automatização dos relatórios
com o recurso à programação.

Neste livro, usar-se-á como base para a maioria dos exemplos e exercícios aqui
tratados a distribuição Advanced da versão 9. Desta forma pretende-se responder
às necessidades de todo o tipo de utilizadores da aplicação, tendo ainda em vista
as novas funcionalidades apresentadas pela última versão do produto. Porém,
teremos ainda o cuidado de guiar tanto quanto possível os utilizadores de versões
anteriores, de forma a que também eles possam tirar proveito deste livro. Para tal,
sempre que se mostre necessário, será mencionada a existência ou inexistência de
uma determinada funcionalidade face às diferentes versões do Crystal Reports.
Em termos genéricos, a compatibilidade das funcionalidades será equacionada
entre as versões 7 e 9, se bem que grande parte das funcionalidades ainda seja
suportada em versões anteriores.

Seguidamente, e para que o leitor fique com uma primeira noção daquilo que
poderá ou não fazer com a sua versão da aplicação, serão apontadas as alterações
mais significativas que ocorreram na passagem entre as últimas versões,
nomeadamente entre as versões 7 e 8 e entre as versões 8 e 9.

A primeira grande alteração entre as versões 7 e 8 deu-se com o aparecimento da


distribuição Developer, passando a existir, na altura, três distribuições do produto
(a quarta, Advanced, viria com a versão 9).

Foi também acrescentada à versão 8 a janela Data Explorer como forma de


simplificar e facilitar o estabelecimento de ligações às bases de dados a usar por
determinado relatório. Para além do mais, incluíram-se igualmente Add-ins para o
Microsoft Excel e o Microsoft Access.
Outra novidade, e esta sobretudo para os programadores de Visual Basic, foi a
inclusão da sintaxe Basic para a criação de fórmulas. Foi também acrescentado um

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conjunto de novas funcionalidade de formatação tais como: a capacidade de se


moverem vários objectos ao mesmo tempo; a criação de objectos com cantos
arredondados e a formatação da fonte dos objectos de texto com o recurso a
fórmulas (formatação condicional).

Na mudança da versão 8 para a versão 9 convém dizer antes de tudo que, entre
elas, existem duas versões intermédias. A primeira diz respeito à versão 8.5 que
veio trazer uma maior consistência e uma melhor facilidade de configuração e de
produção de relatórios a distribuir via web. Por exemplo, foram acrescentadas
ferramentas de administração e tornou-se possível fazer pedidos de parâmetros
pela web bem como a exportação para XML.

A outra versão intermédia (no sentido de ter sido afectada pelas funcionalidades
existentes nesta passagem de versões), e que será estudada mais ao pormenor na
terceira parte deste livro, diz respeito à versão para o Visual Studio .NET. Nesta
versão iremos explorar sobretudo as suas capacidades no âmbito da Internet, tal
como a capacidade de se expor (e visualizar) relatórios como web services e de se
utilizar o ADO.NET como fonte de dados para um relatório. Um dado a ter em
conta é que nesta versão foi retirada a capacidade de elaboração de relatórios
OLAP, bem como os Add-ins para o Office, não sendo também possível a
exportação para XML.

No que diz respeito à versão 9, a primeira grande alteração a mencionar diz


respeito ao facto de se ter tornado possível indicar, como fonte de dados para um
relatório, um comando de SQL totalmente controlado pelo utilizador. Desta
forma, é possível indicar agora uma instrução de SQL, por mais complexa que
seja, sendo esta avaliada na sua totalidade pela base de dados subjacente. Graças a
esta funcionalidade, não só é possível desenvolver relatórios mais ricos, como
também o desempenho dos mesmos sairá bastante beneficiado, uma vez que se
diminui o processamento no lado do cliente.

Tendo em vista o facto de que nas empresas o que geralmente se verifica é a


existência de várias pessoas a trabalhar ou nas mesmas tarefas ou em tarefas
associadas, foi adicionado ao Crystal Reports um repositório onde se poderão
guardar e partilhar determinados objectos tais como os comandos de SQL e as
custom functions.
As custom functions, por sua vez, são outra das grandes alterações a apontar nesta
nova versão. De facto, enquanto nas versões anteriores, a única forma de se criar

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funções suscpetíveis de serem partilhadas (utilizadas) por vários relatórios, seria


recorrendo a funções UFL que necessitavam de ser compiladas em uma DLL e
distribuídas nesse formato, nesta nova versão, as funções custom fazem a vez das
primeiras, podendo ser facilmente partilhadas a partir do repositório.

Por fim, outra alteração de registo diz respeito ao aparecimento da janela Formula
Worshop, funcionando como um local central para a edição e criação de todo o
tipo de fórmulas de um relatório.

Antes de terminar, convém, no entanto, chamar a atenção do leitor para o facto de


que, enquanto nas versões 8 e 8.5 era possível gravar um relatório para a versão
anterior, neste caso para a versão 7, na versão 9 não é possível gravar um relatório
para qualquer versão anterior. O leitor poderá, porém, importar sem quaisquer
problemas um relatório da versão 8 ou 8.5 para a versão 9.

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