Esfera Homol Ogica de Poincar E: Amanda Lopes Barreto Andr e Salles de Carvalho

Esfera Homológica de Poincaré
Amanda Lopes Barreto1 André Salles de Carvalho2
1 Instituto
de Matemática e Estatı́stica
Universidade de São Paulo
2 Instituto
de Matemática e Estatı́stica
Universidade de São Paulo
10 de março de 2023
Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 1 / 32

Motivação: o questionamento de Poincaré
Henri Poincaré e a esfera tridimensional S3 ;


Homologia caracteriza a 3-esfera?;


O primeiro contra-exemplo desenvolvido;


O primeiro contra-exemplo desenvolvido;
A Esfera Homológica de Poincaré.

Ideia geral
Para construir uma 3-variedade com a homologia da 3-esfera, mas com

grupo fundamental de homotopia não-trivial, tomamos um quociente da
3-esfera (pela ação de multiplicação à esquerda) de um subgrupo finito da
3-esfera cuja abelianização é trivial.

Ideia geral

3-esfera cuja abelianização é trivial. Pelo teorema de Hurewicz, isso basta.
Teorema de Hurewicz
O grupo H1 de homologia de qualquer espaço topológico X é a
abelianização do Grupo Fundamental de Homotopia de X , isto é,
H1 (X ) = π1 (X )/[π1 (X ), π1 (X )].

Ideia geral

3-esfera cuja abelianização é trivial. Pelo teorema de Hurewicz, isso basta.
Teorema de Hurewicz
O grupo H1 de homologia de qualquer espaço topológico X é a
abelianização do Grupo Fundamental de Homotopia de X , isto é,
H1 (X ) = π1 (X )/[π1 (X ), π1 (X )].
Precisamos de um Y ⊂ S3 finito (π1 (S3 /Y ) = Y ) tal que Y = [Y , Y ].

Daı́, H1 (S3 /Y ) = π1 (S3 /2I )/[π1 (S3 /2I ), π1 (S3 /2I )] = Y /Y = {0}.

Através dos quatérnios a 3-esfera é um grupo

A esfera tridimensional é definida como
S3 = {(a, b, c, d) ∈ R4 : a2 + b 2 + c 2 + d 2 = 1}

S3 = {(a, b, c, d) ∈ R4 : a2 + b 2 + c 2 + d 2 = 1}
O grupo dos quatérnios é definido como o conjunto

H = {a + bi + cj + dk : a, b, c, d ∈ R} com a operação produto que é
distributiva com a soma e que satifaz ij = k, ji = −k, jk = i, kj = −i,
ki = j, ik = −j, i 2 = j 2 = k 2 = −1.

S3 = {(a, b, c, d) ∈ R4 : a2 + b 2 + c 2 + d 2 = 1}
O grupo dos quatérnios é definido como o conjunto

H = {a + bi + cj + dk : a, b, c, d ∈ R} com a operação produto que é
distributiva com a soma e que satifaz ij = k, ji = −k, jk = i, kj = −i,
ki = j, ik = −j, i 2 = j 2 = k 2 = −1.
Definimos o conjugado de um quatérnio h = a + bi + cj + dk ∈ H como o

quatérnio h∗ = a − bi − cj − dk.

Existe uma identificação biunı́voca entre o grupo dos quatérnios e o
espaço euclidiano quadridimensional R4 , dada como
h := a + bi + cj + dk ∈ H ↔ (a, b, c, d) ∈ R4 .

h := a + bi + cj + dk ∈ H ↔ (a, b, c, d) ∈ R4 .
Definimos a norma de h := a + bi + cj + dk ∈ H como

p
|| h ||= a2 + b 2 + c 2 + d 2 .

h := a + bi + cj + dk ∈ H ↔ (a, b, c, d) ∈ R4 .

p
|| h ||= a2 + b 2 + c 2 + d 2 .
Quatérnios unitários são aqueles que tem norma igual a um. Denotamos
por H1 o conjunto dos quatérnios unitários.

h := a + bi + cj + dk ∈ H ↔ (a, b, c, d) ∈ R4 .

p
|| h ||= a2 + b 2 + c 2 + d 2 .
Quatérnios unitários são aqueles que tem norma igual a um. Denotamos
por H1 o conjunto dos quatérnios unitários.
Assim, existe uma identificação biunı́voca entre o H1 ⊂ H e a esfera
S3 ⊂ R4 .

Vamos mostrar que H1 é um grupo.

1 O elemento neutro 1 ∈ H tem norma um e portanto é um elemento
de H1 ;

de H1 ;
2 Tomemos h1 := a1 + b1 i + c1 j + d1 k e
h2 := a2 + b2 i + c2 j + d2 k ∈ H1 , devemos mostrar que h1 h2−1 ∈ H1 .

de H1 ;
2 Tomemos h1 := a1 + b1 i + c1 j + d1 k e
h2 := a2 + b2 i + c2 j + d2 k ∈ H1 , devemos mostrar que h1 h2−1 ∈ H1 .
Para isso, observamos que || h ||2 = hh∗ e (hh′ )∗ = (h′ )∗ h∗ ,
∀h, h′ ∈ H, daı́ temos que
|| hh′ || = hh′ (hh′ )∗

= hh′ (h′ )∗ h∗
= h || h′ || h∗
= hh∗ || h′ ||
= || h |||| h′ ||, ∀h, h′ ∈ H.

Além disso, temos que
1 h2∗
h2−1 = (a 2 − b 2 i − c2 j − d 2 k) =
a22 + b22 + c22 + d22 || h2 ||2

1 h2∗
h2−1 = (a 2 − b 2 i − c2 j − d 2 k) =
a22 + b22 + c22 + d22 || h2 ||2
e, assim,
|| h2 || 1
|| h2−1 ||= = = 1.
|| h2 ||2 || h2 ||

1 h2∗
h2−1 = (a 2 − b 2 i − c2 j − d 2 k) =
a22 + b22 + c22 + d22 || h2 ||2
e, assim,
|| h2 || 1
|| h2−1 ||= = = 1.
|| h2 ||2 || h2 ||
Então,
|| h1 h2−1 ||=|| h1 |||| h2−1 ||= 1.
Logo, h1 h2−1 ∈ H1 .

1 h2∗
h2−1 = (a 2 − b 2 i − c2 j − d 2 k) =
a22 + b22 + c22 + d22 || h2 ||2
e, assim,
|| h2 || 1
|| h2−1 ||= = = 1.
|| h2 ||2 || h2 ||
Então,
|| h1 h2−1 ||=|| h1 |||| h2−1 ||= 1.
Logo, h1 h2−1 ∈ H1 .
Assim, H1 é um grupo e portanto a esfera S3 também é um grupo.

Quatérnios puros

Quatérnios puros
Quatérnios que tem a = 0, isto é, são da forma bi + cj + dk ∈ H.

Quatérnios puros

O espaço dos quatérnios puros é denotado por Ri + Rj + Rk e é
identificado ao R3 da seguinte forma
bi + cj + dk ∈ Ri + Rj + Rk ↔ (b, c, d) ∈ R3 .

Quatérnios puros

O conjunto Ri + Rj + Rk não é um grupo, porque h, q ∈ Ri + Rj + Rk

satisfaz
h · q = −⟨h, q⟩ + h × q ∈
/ Ri + Rj + Rk.
Em que ⟨h, q⟩ é o produto escalar e h × q é o produto vetorial em R3 .

Quatérnios puros

O conjunto Ri + Rj + Rk não é um grupo, porque h, q ∈ Ri + Rj + Rk

satisfaz
h · q = −⟨h, q⟩ + h × q ∈
/ Ri + Rj + Rk.
Em que ⟨h, q⟩ é o produto escalar e h × q é o produto vetorial em R3 .
Mas por esse produto, os quatérnios puros unitários incrivelmente
satisfazem o seguinte
u 2 = −⟨u, u⟩ = − || u ||2 = −1.
Isto é, u 2 = −1 para todo vetor unitário u ∈ Ri + Rj + Rk.

Teorema
h ∈ H diferente de ±1 é um quatérnio unitário se, e somente se,
h = cos(θ) + u sin(θ), pra um ângulo θ ̸= 0, π e u um quatérnio unitário
puro.

Teorema
puro.
Observação: h = a + bi + cj + dk implica cos(θ) = a, u = √bi+cj+dk

b 2 +c 2 +d 2
e
√
sin(θ) = b 2 + c 2 + d 2 . Se h = ±1, temos que θ = 0, π e daı́ sin(θ) = 0
e então u não está definido.

Teorema
puro.
Observação: h = a + bi + cj + dk implica cos(θ) = a, u = √bi+cj+dk

b 2 +c 2 +d 2
e
√
sin(θ) = b 2 + c 2 + d 2 . Se h = ±1, temos que θ = 0, π e daı́ sin(θ) = 0
e então u não está definido.
Demonstração.
(⇐) De fato, para todo h = cos(θ) + u sin(θ) temos que
|| h ||2 = || cos(θ) + u sin(θ) ||2

= cos2 (θ) + sin2 (θ)(b 2 + c 2 + d 2 )
= cos2 (θ) + sin2 (θ) = 1.
Então, || h ||= 1.

Demonstração.
(⇒) Veja que os quatérnios são generalizações dos números complexos,
tome h ̸= ±1 ∈ H1 , h pode ser escrito como h = cos(θ) + u sin(θ), u um
quatérnio unitário puro, considerando o espaço Ri + Rj + Rk como o
espaço imaginário ortogonal ao espaço real.
Ri + Rj + Rk
h = (cos(θ), sin(θ)) = cos(θ) + u sin(θ)

u ∈ Ri + Rj + Rk, u 2 = −1
1
sin(θ)
θ R
cos(θ)

S3 /{−1, 1} é isomorfo a SO(3)

Para t ∈ S3 , t = ±1 ou t = cos(θ/2) + u sin(θ/2) em que

u ∈ Ri + Rj + Rk ∼ = R3 é unitário (u 2 = −1) e θ ̸= 0, 2π, tomemos
ft : H → H
q 7→ tqt −1 .


ft : H → H
q 7→ tqt −1 .
Se t = ±1, ft é a aplicação identidade de H;


ft : H → H
q 7→ tqt −1 .

Vamos então analisar ft no caso geral.


ft : H → H
q 7→ tqt −1 .

ft é um isomorfismo;


ft : H → H
q 7→ tqt −1 .

ft é um isomorfismo;
Identificando H com R4 , que é um espaço vetorial, temos que ft é
uma transformação linear;

ft é uma isometria que fixa a origem de R4 ;
|| ft (q) − ft (h) ||=|| ft (q − h) ||=|| q − h ||, ∀q, h ∈ H

ft é uma isometria que fixa a origem de R4 ;
|| ft (q) − ft (h) ||=|| ft (q − h) ||=|| q − h ||, ∀q, h ∈ H
ft preserva o produto interno;
⟨ft (q) − ft (h), ft (q) − ft (h)⟩ = ⟨q − h, q − h⟩, ∀q, h ∈ H; (1)
Podemos tomar h = 0 ∈ H daı́
⟨ft (q), ft (q)⟩ = ⟨q, q⟩, ∀q ∈ H. (2)
No caso geral, temos
⟨ft (q), ft (q)⟩ − 2⟨ft (q), ft (h)⟩ + ⟨ft (h), ft (h)⟩ = ⟨q, q⟩ − 2⟨q, h⟩ + ⟨h, h⟩.
Cancelando os termos, temos o que querı́amos
⟨ft (q), ft (h)⟩ = ⟨q, h⟩, ∀q, h ∈ H.

Definição. Uma transformação ortogonal Γ é uma transformação linear
cuja matriz da transformação [Γ] satisfaz [Γ]T [Γ] = Id .

Definição. Uma transformação ortogonal Γ é uma transformação linear
cuja matriz da transformação [Γ] satisfaz [Γ]T [Γ] = Id .
ft é uma transformação ortogonal, ft ∈ O(4);

Nós temos que ⟨[ft ]q, [ft ]h⟩ = ⟨q, h⟩, ∀q, h ∈ R4 . Seja
B = {e1 , e2 , e3 , e4 } a base canônica de R4 , e ai , i = 1, . . . , 4 as
colunas de [ft ]. Podemos tomar q, h = ei , i = 1, . . . , 4. Então,

⟨ei , ej ⟩ = 1 , i = j,
⟨ai , aj ⟩ = ⟨[ft ]ei , [ft ]ej ⟩ =
⟨ei , ej ⟩ = 0 , i ̸= j.
Isto é, as colunas de [ft ] são ortonormais. Assim,
[ft ]T [ft ] = Id .
Portanto, ft é ortogonal, ft ∈ O(4).

ft fixa os números reais, ∀r ∈ R, ft (r ) = trt −1 = rtt −1 = r ;

ft preserva o espaço ortogonal ao eixo real
ft (Ri + Rj + Rk) = Ri + Rj + Rk.
Tomemos então a restrição
ft∗ : Ri + Rj + Rk → Ri + Rj + Rk
q 7→ tqt −1 .

ft preserva o espaço ortogonal ao eixo real
ft (Ri + Rj + Rk) = Ri + Rj + Rk.
Tomemos então a restrição
ft∗ : Ri + Rj + Rk → Ri + Rj + Rk
q 7→ tqt −1 .
ft∗ é uma transformação ortogonal em O(3);

Se t = cos(θ/2) + u sin(θ/2), ft∗ é uma rotação de ângulo θ no
sentido anti-horário ao redor do eixo u de R3 ;

ft∗ fixa u, ft∗ (u) = u;

Tomamos um vetor unitário v ∈ Ri + Rj + Rk e ortogonal a u,
⟨u, v ⟩ = 0 e seja w = uv := u × v . Então {u, v , w } é uma base
ortonormal de Ri + Rj + Rk, daı́
ft∗ (v ) = vcos(θ) + w sin(θ)

ft∗ (w ) = w cos(θ) − v sin(θ);
Isto é, ft∗ rotaciona os planos perpendiculares a u por um ângulo θ no

sentido anti-horário;



Se t = ±1, ft∗ é a rotação identidade de R3 ;



Se t = ±1, ft∗ é a rotação identidade de R3 ;

ft∗ ∈ SO(3).

Por outro lado, dada A ∈ SO(3), A é uma rotação de um ângulo θ ao
redor de um eixo u ∈ R3 ou A é a identidade, assim A é a conjugação ft∗
de quatérnios puros pelos quatérnios unitários
t = cos(θ/2) + u sin(θ/2) ou t = ±1

Por outro lado, dada A ∈ SO(3), A é uma rotação de um ângulo θ ao
redor de um eixo u ∈ R3 ou A é a identidade, assim A é a conjugação ft∗
de quatérnios puros pelos quatérnios unitários
t = cos(θ/2) + u sin(θ/2) ou t = ±1
Com isso temos uma identificação biunı́voca entre SO(3) e

Conjt (Ri + Rj + Rk) o espaço das conjugações ft∗ .

Podemos considerar então o mapa
ψ : S3 → SO(3) ∼
= Conjt (Ri + Rj + Rk)
t 7→ ψ(t) := ft∗ : q 7→ ft∗ (q) = tqt −1 .

ψ : S3 → SO(3) ∼
t 7→ ψ(t) := ft∗ : q 7→ ft∗ (q) = tqt −1 .
ψ é um homomorfismo;

ψ : S3 → SO(3) ∼
t 7→ ψ(t) := ft∗ : q 7→ ft∗ (q) = tqt −1 .
ψ é sobrejetivo;

ψ : S3 → SO(3) ∼
t 7→ ψ(t) := ft∗ : q 7→ ft∗ (q) = tqt −1 .
ψ é sobrejetivo;
ψ(t) = ψ(−t);

ψ é 2 : 1.

ψ é 2 : 1.
Cada rotação é unicamente determinada por um eixo e um ângulo de
rotação anti-horária.
Mas cada eixo de rotação contém dois vetores u e −u e rotacionar
um vetor v por um ângulo θ no sentido anti-horário ao redor de u é o
mesmo que rotacionar o vetor v por um ângulo −θ no sentido
anti-horário ao redor de −u. Assim, uma rotação é unicamente
determinada por dois pares (vetor, ângulo) (u, θ) e (−u, −θ).

ψ é 2 : 1.
Cada rotação é unicamente determinada por um eixo e um ângulo de
rotação anti-horária.
Mas cada eixo de rotação contém dois vetores u e −u e rotacionar
um vetor v por um ângulo θ no sentido anti-horário ao redor de u é o
mesmo que rotacionar o vetor v por um ângulo −θ no sentido
anti-horário ao redor de −u. Assim, uma rotação é unicamente
determinada por dois pares (vetor, ângulo) (u, θ) e (−u, −θ).
Temos então o isomorfismo desejado
S3 /{−1, 1} → SO(3)
[tu,θ/2 ] 7→ (q 7→ tqt −1 ).

SO(3) contém o grupo I das simetrias de rotação do
dodecaedro

dodecaedro
As rotações em SO(3) são as rotações da esfera S2 .

dodecaedro

Podemos inscrever na 2-esfera um dodecaedro regular, um sólido platônico
com doze faces pentagonais, trinta arestas e vinte vértices.

dodecaedro

Podemos inscrever na 2-esfera um dodecaedro regular, um sólido platônico
com doze faces pentagonais, trinta arestas e vinte vértices.
O grupo das simetrias de rotação do dodecaedro é um subgrupo do grupo

SO(3) denominado Grupo Icosaédrico Simétrico I .

O grupo I ⊂ SO(3) é composto por sessenta simetrias de rotação do
dodecaedro divididas da seguinte forma:
Vinte e quatro simetrias de rotação de faces (4 · 6);
Quinze simetrias de rotação de arestas (1 · 15);
Vinte simetrias de rotação de vértices (2 · 10);
Uma simetria trivial.

O Grupo Icosaédrico Binário 2I homomorfo ao grupo I
A imagem inversa do grupo I ⊂ SO(3) pelo homomorfismo sobrejetivo

2:1
ψ : S3 → SO(3) ∼
t 7→ ψ(t) := ft∗ : q 7→ ft∗ (q) = tqt −1
é um subgrupo da esfera S3 com cento e vinte elementos denominado

Grupo Icosaédrio Binário 2I .
ψ(2I ) = I

O Grupo Icosaédrico Simétrico I é isomorfo ao A5

O Grupo Icosaédrico Simétrico I é isomorfo ao A5
Inscrevemos no dodecaedro os cinco possı́veis cubos em cinco cores

distintas.
Fazendo a seguinte identificação:

Verde ∼ 1;
Azul ∼ 2;
Roxa ∼ 3;
Vermelha ∼ 4;
Amarela ∼ 5.

Simetrias de rotação de vértices.

Cada eixo tem duas simetrias não triviais de ângulos 120◦ e 240◦
(2π/3 e 4π/3);

(2π/3 e 4π/3);
Cada simetria é uma permutação (a1 a2 a3 ) ∈ A5 ,
ai ∈ 5̄ = {1, 2, 3, 4, 5}, ai ̸= aj , se i ̸= j;

(2π/3 e 4π/3);
ai ∈ 5̄ = {1, 2, 3, 4, 5}, ai ̸= aj , se i ̸= j;
Cada um dos dez eixos tem um arranjo de cores único;

(2π/3 e 4π/3);
ai ∈ 5̄ = {1, 2, 3, 4, 5}, ai ̸= aj , se i ̸= j;
Cada um dos dez eixos tem um arranjo de cores único;
Vinte permutações pares não triviais.

Simetrias de rotação de arestas.

Cada eixo tem uma simetria não trivial de ângulo 180◦ (π radianos);

Cada simetria é uma permutação (a1 a2 )(a3 a4 ) ∈ A5 ,
ai ∈ 5̄ = {1, 2, 3, 4, 5}, ai ̸= aj , se i ̸= j;

ai ∈ 5̄ = {1, 2, 3, 4, 5}, ai ̸= aj , se i ̸= j;
Cada um dos quinze eixos tem um arranjo de cores único;

ai ∈ 5̄ = {1, 2, 3, 4, 5}, ai ̸= aj , se i ̸= j;
Cada um dos quinze eixos tem um arranjo de cores único;
Quinze permutações pares não triviais.

Simetrias de rotação de faces.

Cada eixo tem quatro simetrias não triviais de ângulos 72◦ , 144◦ ,
216◦ e 288◦ (2π/5, 4π/5, 6π/5 e 8π/5);

216◦ e 288◦ (2π/5, 4π/5, 6π/5 e 8π/5);
Cada simetria é uma permutação (a1 a2 a3 a4 a5 ) ∈ A5 , ai ̸= aj ∈ 5̄;

216◦ e 288◦ (2π/5, 4π/5, 6π/5 e 8π/5);
Cada um dos seis eixos tem um arranjo de cores único;

216◦ e 288◦ (2π/5, 4π/5, 6π/5 e 8π/5);
Cada um dos seis eixos tem um arranjo de cores único;
Vinte e quatro permutações pares não triviais.
Vimos que toda simetria de rotação do dodecaedro é uma permutação das
5 cores dos cubos inscritos no dodecaedro, assim existe um homomorfismo
entre o grupo I e o grupo de permutações S5
f : I → S5 .
Esse homomorfismo deve ser injetivo pois cada simetria de rotação de I é

uma permutação par, totalizando 60 permutações pares que são os 60
elementos de A5 (os elementos identificados tem a mesma ordem e
formam os mesmos grupos cı́clicos). Então, o grupo I é isomorfo a um
subgrupo de S5 , como A5 é o único subgrupo de S5 de ordem 60, temos
que o grupo I é isomorfo ao A5

A5 ∼= I é simples, isto é, A5 não tem subgrupos normais
não triviais

não triviais
An é gerado pelos 3-ciclos de Sn .

não triviais

A conjugação em Sn satisfaz o seguinte:
Se ρ = (a1 . . . ar ) é um r -ciclo em Sn e σ ∈ Sn , então σρσ −1 é o
r -ciclo (σ(a1 ) . . . σ(ar ));
Duas permutações em Sn são conjugadas se, e somente se, têm a
mesma estrutura de ciclos.

não triviais

A conjugação em Sn satisfaz o seguinte:
Se ρ = (a1 . . . ar ) é um r -ciclo em Sn e σ ∈ Sn , então σρσ −1 é o
r -ciclo (σ(a1 ) . . . σ(ar ));
Duas permutações em Sn são conjugadas se, e somente se, têm a
mesma estrutura de ciclos.
Todos os 3-ciclos de An são conjugados entre si, para n ≥ 5, isto é, dados
α e β dois 3-ciclos de An então existe σ ∈ An tal que α = σβσ −1 .

Teorema
Para n ≥ 5, An é um grupo simples.

Teorema
Para n ≥ 5, An é um grupo simples.
Demonstração.
Tomemos N ◁ An , N ̸= {IAn }. Mostramos que N contém um 3-ciclo. Mas
N ter um 3-ciclo, digamos γ, implica que ργρ−1 ∈ N, ∀ρ ∈ An , pois N é
subgrupo normal de An , ou seja, todos os conjugados de γ em An
pertencem a N. Mas todos os 3-ciclos de An são conjugados a γ e assim
N contém todos os 3-ciclos. Como An é gerado pelos 3-ciclos, temos que
An ⊂ N, portanto N = An .

A5 ∼
= I é perfeito
Corolário
Para n ≥ 5, An é um grupo perfeito, isto é, An é igual ao seu comutador.

A5 ∼
= I é perfeito
Corolário
Para n ≥ 5, An é um grupo perfeito, isto é, An é igual ao seu comutador.
Demonstração.
Como An é um grupo simples, qualquer subgrupo normal de An é a
identidade ou ele mesmo. Como o subgrupo comutador de An não é a
identidade pois An não é abeliano
((123)(234) = (21)(34) ̸= (13)(24) = (234)(123) ), então
[An , An ] = An .

Teorema
O Grupo Icosaédrico Binário 2I é um grupo perfeito.

Teorema
O Grupo Icosaédrico Binário 2I é um grupo perfeito.
Demonstração.
O homomorfismo sobrejetivo entre S3 e SO(3) nos garante a seguinte
igualdade ψ([2I , 2I ]) = [ψ(2I ), ψ(2I )] = [I , I ] = I , pois I é perfeito.
Veja que todo elemento de I é um comutador e a imagem inversa de
qualquer comutador de I por ψ são dois comutadores de 2I , isto é, a
restrição de ψ no subgrupo comutador [2I , 2I ],
ψ[2I ,2I ] : [2I , 2I ] → I
satisfaz o seguinte ψ|[2I ,2I ] ([−x, y ]) = ψ|[2I ,2I ] ([x, −y ]) ∈ I , ∀x, y ∈ 2I . Ou

seja, pra cada comutador de I existem dois elementos de [2I , 2I ] que são
levados nele por ψ. Logo, a restrição de ψ em [2I , 2I ] é sobrejetiva e 2 : 1.
Portanto, o([2I , 2I ]) = 120 e assim [2I , 2I ] = 2I .

2I é o subgrupo desejado
Assim, 2I é um subgrupo finito da esfera S3 cuja abelianização é trivial.

Como o grupo 2I (por ser subgrupo) age na 3-esfera S3 pela multiplicação
(a esquerda) podemos considerar o espaço topológico quociente S3 /(2I )
gerado por essa ação, que é a 3-variedade desejada, a Esfera Homológica
de Poincaré.

Fim.

Esfera Homol Ogica de Poincar E: Amanda Lopes Barreto Andr e Salles de Carvalho

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Esfera Homológica de Poincaré

Amanda Lopes Barreto1 André Salles de Carvalho2

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 1 / 32

Henri Poincaré e a esfera tridimensional S3 ;

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 2 / 32

Henri Poincaré e a esfera tridimensional S3 ;

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 2 / 32

Henri Poincaré e a esfera tridimensional S3 ;

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 2 / 32

Henri Poincaré e a esfera tridimensional S3 ;

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 2 / 32

Para construir uma 3-variedade com a homologia da 3-esfera, mas com

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 3 / 32

Para construir uma 3-variedade com a homologia da 3-esfera, mas com

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 3 / 32

Para construir uma 3-variedade com a homologia da 3-esfera, mas com

Precisamos de um Y ⊂ S3 finito (π1 (S3 /Y ) = Y ) tal que Y = [Y , Y ].

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 3 / 32

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 4 / 32

A esfera tridimensional é definida como

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 4 / 32

A esfera tridimensional é definida como

O grupo dos quatérnios é definido como o conjunto

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 4 / 32

A esfera tridimensional é definida como

O grupo dos quatérnios é definido como o conjunto

Definimos o conjugado de um quatérnio h = a + bi + cj + dk ∈ H como o

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 4 / 32

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 5 / 32

Definimos a norma de h := a + bi + cj + dk ∈ H como

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 5 / 32

Definimos a norma de h := a + bi + cj + dk ∈ H como

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 5 / 32

Definimos a norma de h := a + bi + cj + dk ∈ H como

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 5 / 32

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 6 / 32

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 6 / 32

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 6 / 32

|| hh′ || = hh′ (hh′ )∗

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 6 / 32

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 7 / 32

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 7 / 32

|| h1 h2−1 ||=|| h1 |||| h2−1 ||= 1.

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 7 / 32

|| h1 h2−1 ||=|| h1 |||| h2−1 ||= 1.

Assim, H1 é um grupo e portanto a esfera S3 também é um grupo.

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 7 / 32

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 8 / 32

Quatérnios que tem a = 0, isto é, são da forma bi + cj + dk ∈ H.

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 8 / 32

Quatérnios que tem a = 0, isto é, são da forma bi + cj + dk ∈ H.

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 8 / 32

Quatérnios que tem a = 0, isto é, são da forma bi + cj + dk ∈ H.

O conjunto Ri + Rj + Rk não é um grupo, porque h, q ∈ Ri + Rj + Rk

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 8 / 32

Quatérnios que tem a = 0, isto é, são da forma bi + cj + dk ∈ H.

O conjunto Ri + Rj + Rk não é um grupo, porque h, q ∈ Ri + Rj + Rk

u 2 = −⟨u, u⟩ = − || u ||2 = −1.

Isto é, u 2 = −1 para todo vetor unitário u ∈ Ri + Rj + Rk.

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 9 / 32

Observação: h = a + bi + cj + dk implica cos(θ) = a, u = √bi+cj+dk

Amanda Lopes Barreto (IME/USP) Esfera Homológica de Poincaré 10/03/2023 9 / 32

Observação: h = a + bi + cj + dk implica cos(θ) = a, u = √bi+cj+dk