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Licenciatura em Engenharia Mecânica Automóvel

ÁLGEBRA (ALGEB)

Espaços vetoriais sobre


• Definição; Propriedades; subespaço vetorial;
• Combinação linear de vetores, vetores geradores, independência linear de
vetores;
• Base e dimensão de um espaço vetorial;
• Coordenadas relativamente a uma base.
Alzira Maria Teixeira da Mota
Departamento de Matemática
atm@isep.ipp.pt
ANO LETIVO 2023/24
Espaço vetorial

Definição:
Seja um conjunto não vazio de elementos designados por vetores e sobre qual estão
definidas duas operações: uma adição de elementos em e uma multiplicação
de um número real por elementos de (multiplicação escalar).

diz-se um Espaço Vetorial ou Espaço vetorial sobre o corpo se se verificarem os


seguintes axiomas:
A0. Fecho para a adição:
A1. Associatividade da adição:
A2. Comutatividade da adição:
A3. Existência de elemento neutro da adição:
A4. Existência de elemento oposto:

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Espaço vetorial

Definição (continuação):
M0. Fecho para a multiplicação por um escalar:

M1. Associatividade da multiplicação por um escalar:

M2. Elemento neutro da multiplicação por um escalar:


M3. Distributividade da adição em :
M4. Distributividade da adição de escalares:

Nota:
Os elementos de designam-se por vetores e os elementos de chamam-se escalares.

Classificação dos espaços vetoriais


• Se então diz-se espaço vetorial real;
• Se então diz-se espaço vetorial complexo.

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Espaço vetorial

Exercício:
Verifique se o conjunto com as operações de adição e
multiplicação escalar a seguir definidas é um espaço vetorial sobre .
.
, .

Nota:
Na adição usual usaremos o + e na multiplicação escalar o ou .

Adição usual (em 𝟐 ):


Multiplicação escalar usual (em 𝟐
): ,

Assim, no exercício vamos usar + e para representar as operações de adição e


multiplicação escalar, respetivamente, ou seja,
.
, .

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Espaço vetorial

Resolução:
Para mostrar que o conjunto é um espaço vetorial real tem-se que verificar os
axiomas da adição e multiplicação escalar.
Começa-se por verificar os axiomas da adição:
A0. Fecho para a adição: 𝟐 𝟐

Sejam
+ =

A1. Associatividade da adição: 𝟐

Sejam ,

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Espaço vetorial

Resolução (continuação):
A2. Comutatividade da adição: 𝟐

Sejam

A3. Existência de elemento neutro da adição: 𝟏


𝑽
𝟐 𝟐

𝑽 𝑽

Seja e :

A4. Existência de elemento oposto: 𝟐 𝟏 𝟐


𝑽

Seja e ,

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Espaço vetorial

Resolução (continuação):
Prove-se agora os axiomas da multiplicação escalar.
M0. Fecho para a multiplicação por um escalar:
𝟐 𝟐

Seja e ,

M1. Associatividade da multiplicação por um escalar: 𝟐

Sejam e ,

M2. Elemento neutro da multiplicação por um escalar: 𝑽


𝟐
𝑽

Seja e ,

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Espaço vetorial

Resolução (continuação):
M3. Distributividade da adição em 𝟐
: 𝟐

Seja e ,

M4. Distributividade da adição de escalares: 𝟐

Sejam e

Como se verificaram os axiomas de adição e multiplicação escalar, pode-se concluir que o


conjunto munidos das operações usuais de adição e multiplicação escalar é espaço
vetorial.

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Espaço vetorial

Exemplos de Espaços Vetoriais:


1. ( ) com as operações usuais de adição e multiplicação escalar.
2. × (conjunto das matrizes reais do tipo ), munido das operações usuais de
adição de matrizes e da multiplicação de uma matriz por um escalar.
3. munido da adição tal que da multiplicação escalar definida por
é um espaço vetorial, denominado Espaço vetorial Trivial

Exercício:
Mostrar que o conjunto munido das operações de adição e multiplicação escalar
definidas a seguir é espaço vetorial:

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Espaço vetorial
Algumas propriedades dos espaços vetoriais
Seja um espaço vetorial e o elemento neutro da adição de .
, , verificam-se as seguintes propriedades:

P1.
P2.
P3:
P4.
P4:
P5:

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Subespaço vetorial

Definição:
Seja um espaço vetorial sobre um corpo e um subconjunto não vazio de
munido com as operações de adição ( e multiplicação por um escalar ( ) definidas em
. é um subespaço vetorial de se se verificarem as seguintes condições:
S1:
S2: (ou é fechado para a adição)
S3: (ou é fechado para a multiplicação por um escalar

Nota:
Todo o espaço vetorial admite pelo menos dois subespaços vetoriais: o espaço nulo
e o próprio .
Estes subespaços são chamados subespaços triviais. Os restantes subespaços, se existirem,
são designados por subespaços próprios.

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Subespaço vetorial

Exercício:
Seja um espaço vetorial com as operações usuais de adição de vetores e
multiplicação de um vetor por um escalar. Verifique se os conjuntos seguintes são
subespaços vetoriais de .
1. ;
2. .

Resolução:
Exercício 1:
Seja,

é subespaço vetorial de , se:


S1: 𝑽

O elemento neutro de é . Este vetor pertence a , i.e., .

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Subespaço vetorial

Resolução (continuação):

S2: (ou é fechado para a adição)


Sejam

S3: (ou é fechado para a multiplicação por um escalar)


Seja e ,

Portanto, é subespaço vetorial de 𝟑


(ou 𝟑
).

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Subespaço vetorial

Exercício:
Seja um espaço vetorial com as operações usuais de adição de vetores e
multiplicação de um vetor por um escalar. Verifique se os conjuntos seguintes são
subespaços vetoriais de .
1. ;
2. .

Resolução:
Exercício 2:
Seja
é subespaço vetorial de se:
S1: 𝑽

Logo, não é subespaço vetorial de 𝟑


(ou 𝟑
).

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Subespaço vetorial

Propriedades dos subespaços vetoriais:


Seja um espaço vetorial sobre um corpo . Se e são subespaços vetoriais de então:
é um subespaço vetorial de ;
é um subespaço vetorial de se e só se ou .

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Combinação linear de vetores

Definição:
Seja um espaço vetorial sobre e . Diz-se que um vetor é
combinação linear dos vetores se existirem escalares reais tais
que:

Exercício:
Verificar se o vetor é combinação linear dos vetores e
.

Resolução:
O vetor é combinação linear dos vetores e se existirem os escalares e tal que:

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Combinação linear de vetores

Resolução (continuação):

← ×( )

Como o S.P.D. Logo, o vetor é combinação linear dos vetores


e .

Determinando os valores de e

Tem-se que

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Combinação linear de vetores

Exercício:
Verificar se o vetor é combinação linear dos vetores
e .
Resolução:
Para o vetor ser combinação linear dos vetores e tem de se verificar a condição:

← ×( )

Como e o S.I. Logo, o vetor não é combinação linear dos


vetores e .

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Vetores geradores de um espaço vetorial

Seja um espaço vetorial sobre . Diz-se que os vetores geram (ou são
vetores geradores de) se qualquer vetor deste espaço vetorial puder ser escrito como
combinação linear desses vetores.

é gerado pelos vetores representa-se simbolicamente por

Exercício:
Verificar que os vetores e geram o espaço vetorial
.

Resolução:
?

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Vetores geradores de um espaço vetorial

Exercício (continuação):
Os vetores geram se se verificar a condição seguinte:

Como o S.P.D.

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Vetores geradores de um espaço vetorial

Exercício:
Determinar o subespaço vetorial de gerado pelos vetores:
e .
Resolução:
Seja e o vetor .

← ×
← ×
← ×

Para que o sistema seja possível, .


Assim, .

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Independência linear

Definição (Combinação linear nula):


Seja um espaço vetorial sobre e . À expressão
, onde são escalares reais designa-se por combinação linear
nula V.
Definição (Independência linear): Seja um espaço vetorial sobre e .
Diz-se que os vetores são linearmente independentes se
é a única combinação linear nula.

Os vetores dizem-se linearmente independentes se a única combinação linear nula deles é


obtida apenas com todos os escalares nulos.
Os vetores dizem-se linearmente dependentes se é possível obter uma combinação linear
nula com pelo menos um escalar diferente de zero.

Alzira Mota 22
Independência linear

Teorema I
Seja um espaço vetorial sobre e . Os vetores são
linearmente dependentes se e só se pelo menos um deles for combinação linear dos
restantes.
Teorema II
Seja um espaço vetorial sobre e . Se os vetores são
linearmente independentes e se não é combinação linear de então
são, também, linearmente independentes.

Exemplo:
Mostrar que os vetores , e são linearmente
independentes.

Alzira Mota 23
Independência linear

Resolução:
Sejam os vetores , e A combinação linear
nula dos vetores é:

← ×( )
← ×( )
← ×( )

o S.P.D.

A determinação da combinação linear nula resulta na resolução de um sistema homogéneo.


O sistema em estudo é possível e determinado, logo a única solução deste sistema é a
solução nula (ou zero). Desta forma, conclui-se que os vetores são linearmente
independentes.

Alzira Mota 24
Independência linear

Nota: Denotamos o conjunto de todos os polinómios em com grau e coeficientes


reais por (ou ).

Exercício:
Verificar se os polinómios:
, e
do espaço vetorial são linearmente dependentes.

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Base de um espaço vetorial

Definição (base de um espaço vetorial):


Seja um espaço vetorial sobre e . forma uma base do
espaço vetorial se os vetores :
1. Gerarem
2. Forem linearmente independentes.

Exemplos:
1. , base canónica de .
2. , base canónica de .
3. , base canónica do espaço das matrizes × .
4. , base canónica do espaço de polinómios de grau .

Exercício:
Verificar que , e formam uma base de .

Alzira Mota 26
Base de um espaço vetorial

Exercício:
Verificar que , e formam uma base de .
Resolução:
Os vetores , e formam uma base de , se:

𝟑
1. 𝟏 𝟐 𝟑
Seja ,

← ×( ) ←

, o S.P.D.,

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Base de um espaço vetorial

Resolução (continuação):
é uma base de , se:

2. Os vetores 𝟏, 𝟐 e 𝟑 são linearmente independentes.

O sistema resultante desta igualdade é um sistema homogéneo. Pelo passo 1), pode-se
concluir que é um sistema possível e determinado, logo os vetores são linearmente
independentes.

Portanto, os vetores , e formam uma base de .

Exemplos de bases (ordenadas) de 𝟑


formadas pelos vetores 𝟏, 𝟐 e 𝟑 :

 O número de bases ordenadas formadas pelos vetores , e é 3!=6 bases.

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Dimensão de um espaço vetorial

Definição:
Seja um espaço vetorial não nulo. Se é finitamente gerado, chama-se dimensão de
ao número de vetores de uma sua base. Se o espaço vetorial não é gerado finitamente
diz-que que tem dimensão infinita.
Verifica-se que:

,
×

Seja uma base de de dimensão finita. Então:


1. Todo o vetor de se escreve de modo único como combinação linear dos vetores de .
2. Todo o subconjunto de com mais de elementos é linearmente dependente, e
nenhum subconjunto de com menos de elementos pode gerar .
3. Todas as bases de têm elementos.

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Coordenadas relativamente a uma base

Exercício:
Verificar que os vetores são linearmente independentes mas não
geram . Determine o subespaço vetorial gerado pelos 2 vetores e indique a sua
dimensão.

Definição (Coordenadas relativamente a uma base):


Seja um espaço vetorial sobre , uma base de e . À n-upla de
escalares que verificam a expressão

chamamos coordenadas do vetor relativamente à base .

Alzira Mota 30
Coordenadas relativamente a uma base

Exemplo:
Considere o espaço vetorial com as operações usuais de adição e multiplicação por um
escalar. Determine as coordenadas do vetor na base
.
Resolução:
Começa-se por escrever como combinação linear dos vetor da base . A seguir, resolve-se
o sistema obtido.

← ×( )
← ×
← ×( )

, o S.P.D.

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Coordenadas relativamente a uma base

Resolução (continuação):

Portanto, as coordenadas no vetor na base são:

Exercício:

Considere o espaço vetorial com as operações usuais de adição e multiplicação por um


escalar. Determine as coordenadas do vetor na base

Solução:

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