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Santa Maria, RS
2019
Tomoko Kimura Gaudioso
Santa Maria, RS
2019
Gaudioso, Tomoko Kimura
A Presença do Governo Japonês e sua Política para a
Preservação de Memória, da Identidade e Perpetuação da
Etnia Japonesa no Exterior: Brasil, século XX / Tomoko
Kimura Gaudioso.-2019.
248 p.; 30 cm
_______________________________________
André Luís Ramos Soares, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
_______________________________________
José Martinho Rodrigues Remedi, Dr. (UFSM)
_______________________________________
Maria Catarina Chitolina Zanini, Dra. (UFSM)
_______________________________________
Eloísa Helena Capovilla da Luz Ramos, Dra. (UNISINOS)
_______________________________________
Maíra Ines Vendrame, Dra. (UNISINOS)
Santa Maria, RS
2019
AGRADECIMENTOS
Tomoko Gaudioso
RESUMO
Quando o Japão reinicia a abertura dos portos para o exterior em 1603, não havia concepção
entre os japoneses da unicidade como uma nação. Assim, o Japão precisou reconfigurar a
estrutura enquanto estado-nação e forma de governo. Nesse contexto, o país do sol nascente
aparece pela primeira vez na história mundial como uma nação una, hino e a bandeira própria,
seguindo o modelo dos países ocidentais. A Constituição Meiji é elaborada e promulgada como
primeira Magna Carta do Japão Moderno. Em relação à identidade nacional, ao estudar sistemas
de governo, economia, cultura e tecnologia do ocidente, os diligentes perceberam que havia
necessidade de criar uma identidade nacional, viabilizar a modernização do país assim como a
expansão territorial. De fato, depois de Imperador Meiji ter assumido o trono, houve a dominação
japonesa na Ásia e no Pacífico, como colonização de ilhas do Pacífico, invasão a Taiwan (1874)
e anexação do reino de Okinawa em 1872, como ocorria à moda ocidental de colonização. Sendo
Hokkaido o território nacional, empenhou em desbravá-lo e ocupa-lo, com assentamento d
soldados com suas famílias. Em 1894-1895 ocorrem guerra sino-japonesa, seguido de guerra
russo-japonesa, em 1904-1905, com o Japão vitorioso. Em 1910, a Coréia é anexada, como
colônia japonesa. Os símbolos nacionais como hino e bandeira nacional foram apresentados ao
povo. A figura do Imperador foi apresentada como soberano máximo e representativo do povo
japonês. Essa imagem mítica do imperador se mantém até o fim da Segunda Guerra Mundial,
quando, através do sagrado pronunciamento imperial, se autodeclara pessoa comum, com a
decisão da rendição incondicional para os aliados para salvar o seu povo. Neste contexto, esta
proposta tem como objetivo investigar a representatividade da figura do imperador do Japão
desde a Restauração Meiji, como representante dos japoneses, tanto os nacionais como as
pessoas de origem. Ainda, dentro do contexto da política de expansão do povo japonês além do
território nacional, investigar se esse movimento continuou mesmo após a Segunda Guerra
Mundial e sendo afirmativo, qual a nova estratégia o Japão passou a adotar em relação ao mundo.
Havendo essa política, identificar como é realizada a preservação da memória coletiva como
povo japonês, considerando que os mesmos estão alocados nos territórios geopolíticos externos
ao Japão. Para a coleta de dados, além de pesquisa documental e bibliográfica, foram realizadas
pesquisas de campo, sobretudo a de observação de comportamentos atinentes a cultura
característico dos japoneses, com o fim de demonstrar que, no mundo em que o deslocamento
humano se torna cada vez mais frequente em que o processo de integração regional ocorre de
forma contínua, é possível os povos manterem sua identidade cultural e memória, enquanto uma
etnia própria, tendo o Estado como protagonista.
As Japan reopens its ports to the outside world in 1603, there wasn’t yet among Japanese people
the notion of a unified nation. Thus, Japan had to reshape its structure as a nation state and
government. In this context, the land of the rising sun shows up for the first time in world history
as a unified nation, having its own flag and national anthem, following the example of western
countries. The Meiji Constitution is elaborated and promulgated as the first Magna Carta of
modern Japan. In regards to national identity, by studying the west’s governance systems,
economy, culture and technology, policymakers realized the need to bring forth a national identity,
to modernize the country as well as to expand its territory. In effect, after the rise to the throne of
the Meiji Emperor, Japan dominated Asia and the Pacific, with the colonization of the Pacific
Islands, the invasion of Taiwan (1874) and the annexing of the kingdom of Okinawa in 1872, as
was the colonial practice in the west. With Hokkaido being part of Japanese territory, there were
efforts in braving it and occupying it with settlements of soldiers and their families. In 1894-1895
breaks out the sino-japanese war, followed by the russo-japanese war, in 1904-1905, with Japan
emerging victorious. In 1910, Korea is annexed as a Japanese colony. The national symbols,
such as the national anthem and flag are presented to the people. The figure of the emperor was
presented as the absolute sovereign and representative of the Japanese people. This mythical
image of the emperor persists until the end of world war two, when, through sacred imperial
announcement, he declares himself as common folk, alongside its unconditional rendition to the
Allies to save his people. In this context, this proposal has the intent of investigating the
representativeness of the figure of the emperor of Japan since the Meiji Restoration, as
representative of the Japanese people, both nationals or people of Japanese origin. Moreover, in
the context of Japan’s policies of expansion beyond its national territory, investigate if this motion
carried on even after the end of world war two and, it being the case, what strategy did Japan
adopt regarding the rest of the world. Having this policy being adopted, identify how the collective
memory of the Japanese people is preserved, considering that these people are settled in
geopolitical territories external to Japan. For data collection, besides documental and
bibliographic research, field research was held, most importantly, the observation of behavior
pertaining the culture characteristic to the Japanese, with means to demonstrate that, in a world
in which migration is more frequent and where the process of regional integration happens in a
continuous way, it is possible for people to maintain their cultural identity and memory while
claiming their own ethnicity, and having the State as a leading figure.
Keywords: Japanese Immigration. Ethnicity and Geopolitics. Memory and Cultural Heritage.
LISTA DE FIGURAS
EC Era Comum
m Celebração menor
MG Minas Gerais
Porto Alegre
Centro de Estudos da Língua Japonesa de Porto Alegre
Moderuko
PR Paraná
SP São Paulo
1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 19
1.1. OBJETIVO................................................................................... 20
1.2. HIPÓTESES................................................................................ 22
1.3. METODOLOGIA.......................................................................... 22
2. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL E A PRESENÇA DA
FAMÍLIA IMPERIAL JAPONESA NO BRASIL..................................... 25
2.1. A ETNIA JAPONESA E A FIGURA DO IMPERADOR................ 25
2.2. O IMPERADOR COMO REPRESENTAÇÃO DA ETNIA
JAPONESA....................................................................................... 33
2.3. A CONSTITUIÇÃO E O SISTEMA MONÁRQUICO JAPONÊS.. 39
2.4. FIGURA DO IMPERADOR DO JAPÃO NO BRASIL E O
SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO............................................ 47
3. O DESLOCAMENTO DA ETNIA JAPONESA PARA O EXTERIOR.... 59
3.1. O ENCONTRO DO JAPÃO COM PAÍSES OCIDENTAIS ATÉ O
FIM DO SÉCULO XIX....................................................................... 58
3.2. A MODERNIZAÇÃO DO PAÍS E A EXPANSÃO DOS
JAPONESES PARA O ALÉM-MAR.................................................. 65
3.3. O DESLOCAMENTO MIGRATÓRIO DOS JAPONESES PARA O
BRASIL............................................................................................. 78
4. OS JAPONESES E O SISTEMA ORGANIZACIONAL NO E FORA DO
JAPÃO................................................................................................... 92
4.1. A ESTRUTURA DO GRUPO SOCIAL TRADICIONAL JAPONÊS
E ASSOCIAÇÃO DE PROVINCIANOS............................................ 93
4.2. A IMIGRAÇÃO JAPONESA PARA O RIO GRANDE DO SUL E A
FORMAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES LOCAIS.................................... 106
4.3. A ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA NIPO E BRASILEIRA DO
SUL E SUA RELAÇÃO COM OUTROS GRUPOS ASSOCIATIVOS
JAPONESES DO RIO GRANDE DO SUL...................................... 111
4.4. ASSOCIAÇÃO CULTURAL E ESPORTIVA NIPO-BRASILEIRA E
A CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA JAPONESA DO SUL 119
5. AS INSTITUIÇÕES PROMOTORAS DA INTEGRAÇÃO E FORMAÇÃO
DA CULTURA, MEMÓRIA E DA IDENTIDADE.................................. 126
5.1. A FORMAÇÃO DAS AGÊNCIAS FOMENTADORAS DA
EMIGRAÇÃO JAPONESA PARA O EXTERIOR E A COMUNIDADE
DOS PROVINCIANOS................................................................... 126
5.2. A ATUAÇÃO DAS AGÊNCIAS DE COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL DO JAPÃO NO CENÁRIO DE
DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO E SUAS RELAÇÕES COM OS
IMIGRANTES................................................................................. 142
5.3. A ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA NIPO E BRASILEIRA DO
SUL (ENKYÔ) E SUA RELAÇÃO COM AS INSTITUIÇÕES
JAPONESAS.................................................................................. 148
6. OS EVENTOS ANUAIS E CELEBRAÇÕES NA CULTURA
JAPONESA......................................................................................... 161
6.1. EVENTOS ANUAIS TRADICIONAIS......................................... 162
6.2. FESTAS E CELEBRAÇÕES COLETIVAS................................ 171
6.3. O PAPEL DA GINCANA ESPORTIVA UNDÔKAI NA
CONSTITUIÇÃO DA CIDADANIA.................................................. 179
7. CONCLUSÃO...................................................................................... 191
REFERÊNCIAS................................................................................... 198
ANEXO 1 – FOTOGRAFIAS DOS PRIMEIROS JOVENS QUE
EMBARCARAM DO JAPÃO E A SEDE DA ENKYÔ......................... 220
ANEXO 2 – 海外興業株式会社設立の目的 (KAIGAI KOGYO
KABUSHIKI KAISHA SETSURITSU NO MOKUTEKI – OS
PROPÓSITOS DO ESTABELECIMENTO COMPANHIA
ULTRAMARINA DE DESENVOLVIMENTO)...................................... 223
ANEXO 3 – A PUBLICAÇÃO DA LEGAÇÃO DA SUÉCIA,
ENCARREGADA DOS INTERESSES JAPONESES NO BRASIL, DE 4
DE ABRIL DE 1946............................................................................. 227
ANEXO 4 – TERMO DE ABERTURA DO REGISTRO ESPECIAL DO
IMPOSTO SOBRE SERVIÇO DE QUALQUER NATUREZA DA
ENKYO, DATADA DE 29 DE SETEMBRO DE 1972.......................... 230
ANEXO 5 – CAPAS DOS PRIMEIROS DOIS EXEMPLARES DO
JORNAL DA ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA À COLÔNIA
JAPONESA DO SUL DO BRASIL...................................................... 231
ANEXO 6 – CARTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE PENSÃO
MILITAR, DE 10 SET. 1981, EXPEDIDA PELA ASSOCIAÇÃO DE
ASSISTÊNCIA À COLÔNIA JAPONESA DO SUL DO BRASIL PARA
UM JAPONÊS..................................................................................... 233
ANEXO 7 – ATIVIDADE COMEMORATIVA A 55 ANOS DE
IMIGRAÇÃO JAPONESA NO RIO GRANDE DO SUL, REALIZADA
PELA ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA NIPO E BRASILEIRA DO
SUL, EM 20 DE AGOSTO DE 2011, EM SUA SEDE CAMPESTRE EM
GRAVATAÍ.......................................................................................... 234
ANEXO 8 – FOTOGRAFIAS DAS ATIVIDADES CULTURAIS
PROMOVIDAS PELA ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA NIPO E
BRASILEIRA DO SUL......................................................................... 236
ANEXO 9 – FOTOGRAFIAS DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO
UNDÔKAI DA ASSOCIAÇÃO DE ASSISTENCIA NIPO E BRASILEIRA
DO SUL................................................................................................ 240
ANEXO 10 – ATIVIDADES DA JICA JUNTO À COMUNIDADE
JAPONESA......................................................................................... 243
ANEXO 11 – AS REGIÕES DO JAPÃO E RESPECTIVAS
PROVÍNCIAS....................................................................................... 244
ANEXO 12 – ASSOCIAÇÃO DE PROVINCIANOS DO JAPÃO NO
BRASIL (DATA DA FUNDAÇÃO)....................................................... 245
ANEXO 13 – JAPONESES E DESCENDENTES RESIDENTES NO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EM 2008.................................. 247
19
1. INTRODUÇÃO
O meu interesse para a realização desta pesquisa e a delimitação do tema
“A presença do governo Japonês e sua política para a preservação da memória,
da identidade e perpetuação da etnia japonesa no exterior: Brasil, século XX”
surge a partir de atividades de projeto de extensão como docente na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com o título
“Memorial da Imigração e Cultura Japonesa”. O referido projeto iniciou-se no
ano de 2009, em parceria com Núcleo de Estudos de Patrimônio e Memória
(NEP) da Universidade Federal de Santa Maria.
1.1. OBJETIVO
Esta proposta de tese tem como objetivo principal identificar e avaliar
medidas que o governo japonês proporciona para realimentar a memória e
identidade japonesas aos descendentes de seus emigrantes que se
estabeleceram fora do país, sobretudo em Rio Grande do Sul, Brasil, ao longo
do processo de imigração e sua fixação. Para realizar essa avaliação, selecionei
como parâmetro a atuação da associação de imigrantes japoneses que existe
na cidade de Porto Alegre (RS) e sua relação com os órgãos governamentais do
21
1.2. HIPÓTESES
1.3. METODOLOGIA
Para esta pesquisa, a fim de basear-se no referencial teórico atualizado,
procurei o norte inspirado em Barros (2009). Segundo esse autor, a busca em
portais de periódicos coloca o pesquisador em contato direto com as questões
mais recentes referentes ao tema, atualizando, assim, o seu conteúdo de modo
que evita sua defasagem. Neste contexto, busquei subsídios no Portal de
Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
23
Superior) para buscar artigos científicos mais atualizados sobre o tema, assim
como no portal SciELO (Scientific Electronic Library Online) e nos portais de
publicação de universidades estrangeiras, principalmente as japonesas devido
ao tema tratado, bem como no Arquivo Nacional Japonês e da Dieta, do governo
japonês. Por outro lado, embora Barros ressalte que nos livros “as informações
não chegam na mesma velocidade que nos periódicos especializados. […] A
rede de artigos produzidos em periódicos, ao contrário, representa uma
atualização de conhecimento permanente e a intervalos mais curtos” (BARROS,
2009, p. 59), devido à escassez de artigos científicos que tratem do tema, tive
de fazer uma ampla pesquisa bibliográfica nos livros escritos.
Na busca nos portais, utilizei como palavras chaves para tal levantamento:
“imigração japonesa, etnicidade, JICA, memória, identidade e territorialidade”,
onde encontrei vários artigos, teses e dissertações, no Brasil e no exterior,
principalmente no Japão. Além disto, busquei referências sobre as associações
japonesas relacionadas à migração, no Brasil e no Japão, sobre a Agência de
Cooperação Técnica e o Escritório Consular do Japão em Porto Alegre, bem
como documentos referentes à Associação de Assistência Nipo e Brasileira do
Sul. A partir disso, resolvi discorrer sobre temas e selecionar documentos que
fundamentam este projeto de tese.
A estratégia do novo governo era mostrar ao povo uma figura que todos
se identificariam e, desta forma, se sentiriam ligados entre si como membros
pertencentes a um mesmo povo. Para isso, foi elaborada a Constituição Meiji,
que esclarecia a posição do Imperador no Japão – primeiramente para
27
1 Até os dias de hoje, os japoneses utilizam o termo 外人 (gaijin), isto é, “gente de fora” –
referindo-se aos ocidentais. Nas comunidades japonesas, esse termo é usado de forma
pejorativa para apontar as pessoas de origem europeia ou simplesmente brasileiros que não
tenham origem japonesa.
28
2 A primeira edição do livro A Ofensiva Japonesa no Brasil foi publicada em 1937, no auge do
movimento contra os imigrantes não latinos, como os japoneses e os alemães.
29
5 藩 (Han): feudos do Japão. Cada han era concedido pelo xogum e sua dimensão e poder eram
calculados pela produtividade de arroz em suas terras, chamada 石高 (kokudaka) (TOTMAN,
1993, p. 119).
34
Desde que herdei o trono enquanto jovem frágil, penso de que forma
poderei continuar fiel aos ancestrais considerando o trato com os
países estrangeiros.
No período medieval, o poder do imperador definhou e desde que os
guerreiros tomaram o poder para si, o império foi idolatrado
formalmente, mas, na verdade, foi afastado.
Por isso, o império passou a não poder conhecer os pensamentos do
todo povo como mãe ou pai dele e por fim, passou a existir somente
no nome.
[…]
Agora que o governo e o estado estão unificados, se o povo não puder
obter suas posições adequadas, isso se deve ser por minha culpa.
Portanto, eu pretendo enfrentar com todo o ímpeto enfrentando as
dificuldades.
Através do meu esforço em governar o país, seguindo os passos dos
meus ancestrais é que cumpro o meu dever preestabelecido. Com isso
consigo cumprir obrigação de ser líder do povo.
[…]
Deixando de lado o meu sofrimento e dificuldade individual, Eu mesmo
irei aos quatro cantos do território para governar, providenciarei a
estabilidade do meu povo e, finalmente, com o desbravamento de
todos os lugares, farei o poder do país ser reconhecido para o mundo,
trazendo a povo a estabilidade como o monte Fuji.
[…]
Clamo a todo o povo. Vamos dar a caminhada, tendo para consigo
também o meu objetivo.
Deixe de lado a opinião pessoal e vamos construir o bem coletivo e
público.
Ajude meu trabalho e mantenha a segurança do país.
Não há algo mais feliz para mim do que poder consolar os espíritos dos
ancestrais. (IMPERADOR MEIJI, 1868 apud KEENE, 2002, p. 224-228,
tradução nossa).
inicia às cinco horas e trinta minutos da manhã do primeiro dia do Ano Novo, no
meio ao jardim em frente ao prédio chamado 神 嘉 殿 (Shinkaden), onde o
Imperador realiza reverência em direção ao Templo do Ise, onde estão os
ancestrais imperiais, os deuses de quatro cantos, o mausoléu do Imperador
Jimmu e do imperador anterior. Esta cerimônia foi realizada continuamente,
mesmo sob alarme de bombardeio durante a Segunda Guerra Mundial e
continua até os dias de hoje.
Logo após, o Imperador e o príncipe herdeiro, no 宮中三殿 (Kyuuchuu
Sanden – Três Templos do Palácio Imperial), realizam o 歳旦祭 (Saitansai),
agradecendo pela dádiva recebida no ano que terminou aos oito milhões de
deuses e à deusa Amaterasu7, e aos imperadores antecessores. Em seguida, o
Imperador e príncipe herdeiro rogam aos deuses a prosperidade da nação e
felicidade de seu povo (TOKORO, 1990, p. 59). Esta cerimônia contínua,
realizada na manhã fria de inverno, enquanto ainda não há luz do dia, mais
parece a cerimônia de um sacerdote do que ato do próprio deus divino.
Outra cerimônia interessante é a 新嘗祭 (Niiname-sai), o ritual da colheita
japonês, realizada provavelmente desde época do Imperador Tenmu, na
segunda metade do século VII, nos templos xintoístas em todo território japonês
após o oferecimento de primeiras espigas no Templo de Ise. Atualmente, a
celebração acontece no dia 23 de novembro por implantação de novo calendário
para tal atividade. De acordo com Tokoro (1990, p. 77), nos dias de hoje, a
cerimônia da tarde é realizada das dezoito até as vinte horas, e a do amanhecer
inicia-se às 23 horas e ocorre até uma hora da manhã do dia seguinte.
8 柏 (Kashiwa): Quercus dentata, uma espécie de carvalho nativa do Japão, da China e da Coréia.
É também conhecida como “carvalho do Imperador japonês” ou “carvalho daimyô”.
9 O 箸 (hashi) utilizado para a refeição do Ano Novo tem duas extremidades exatamente iguais,
para serem colocados a boca. Isso representa o ato de comer, onde uma das extremidades cabe
ao deus e a outra, ao humano se servir.
Segundo Moraes,
incluir mitologia, já que afirmam nunca ter aprendido na escola que o Imperador
do Japão fosse um “deus”13.
13 O livro de leitura didática do ensino médio de 1929 menciona sobre o sistema de sucessão
do Imperador japonês, diferenciando-o do sistema chinês. Aquele se baseia na continuidade de
linhagem, este na troca de poder pela força e, por esse motivo, os conceitos de imperador e os
sistemas se diferenciam (FUKASAKU, 1929, p. 81-82).
44
14 Essa diferença cultural e linguística continuou sendo refletida nos imigrantes japoneses que
vieram ao Brasil. Muitas vezes, no casamento entre japoneses oriundos de diferentes regiões, o
casal não entendia o que cada um falava. A autora, no convívio com esses imigrantes, ouviu
comentários a respeito da vida dos primeiros anos de casamento. Há um episódio, por exemplo,
da mulher que, para esconder da sogra que não compreendia o que seu marido dizia, acabou
tomando várias atitudes tais como trazer cigarro, acender a lareira, fazer almoço etc., até
descobrir, finalmente, que o objeto que ele queria era uma chaleira. O episódio foi contado pelo
Sr. K, na década de 1990, em Porto Alegre, RS, em uma ocasião informal.
45
As estratégias tomadas pelo novo governo para remediar esta questão foram:
1) Determinação do ensino escolar obrigatório com material
escolar elaborado pelo governo central;
2) Uso de língua padrão nas salas de aula;
3) Criação de bandeira e hino nacional japonesa;
4) Criação e publicação da constituição, em 1889, fortalecendo a
imagem do Imperador como representante do povo japonês.
(SAKURAI, 2008).
15 同仁会(Dojinkai) foi a entidade responsável pela saúde e pelo bem-estar dos imigrantes
japoneses no Brasil. Esta entidade existiu de 1923 até 1941, quando o Japão declarou guerra
contra os Aliados, tendo, assim, o Brasil como inimigo. (O DÔJINKAI…, 2009).
51
guerra, criou uma comunidade das pessoas que acreditavam ainda na vitória do
Japão. Um desses grupos vitoristas, oriundo de Santo André, realizou uma
marcha organizada em 1954, desde o Viaduto de Chá até a Praça da Sé, mas
acabaram dispersados pelos policiais (SHINDO, 1999, p. 132; KYOGOKU, 2009,
p. 114).
Depois disso, aos poucos os imigrantes passaram a acreditar na derrota,
graças às cartas e mensagens recebidas de parentes e amigos do Japão, e,
então, o movimento terrorista cessou. Nas comunidades como a do Rio Grande
do Sul, mesmo sendo formado pelos imigrantes que vieram após a Segunda
Guerra, o assunto era tabu até o início da década de 1980.
Em relação ao Imperador – que havia se declarado homem comum no dia
15 de agosto de 1945 –, com a nova constituição, ele agora era classificado
apenas como detentor de papel figurativo. Excetuando-se a resposta negativa
dos vitoriosos que recorreram ao terrorismo ao ameaçarem e matarem os que
acreditaram na derrota japonesa, não houve manifestação negativa que afetasse
a figura do Imperador.
A terceira fase da Figura Imperial entre os imigrantes japoneses começou
logo depois da retomada da relação diplomática do Brasil com o Japão e reinício
da imigração e integração da sociedade nikkei17. Os membros da Casa Imperial
passaram a visitar o Brasil, o maior país em que há presença da etnia japonesa
no exterior.
A primeira visita pós-guerra do membro da família imperial foi na
comemoração de cinquenta anos de imigração japonesa ao Brasil, em junho de
1958. Nesta comemoração, que ocorreu no dia 18 de junho de 1958, no Pavilhão
das Indústrias do parque Ibirapuera, participaram da solenidade o príncipe
Mikasa e sua esposa, reunindo público estimado de cinquenta mil pessoas, mais
o governador de São Paulo Jânio Quadros e o prefeito Ademar de Barros, além
das demais autoridades (NAKAZAWA, 2003, p. 40; HANDA, 1976, p. 124).
17 日系 (Nikkei) – se refere a tudo que há relação direta com o Japão enquanto sua origem.
Assim, as pessoas que tem ancestralidade japonesa são chamados Nikkei ou Nikkeijin.
55
18 A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. (USIMINAS) foi criada em 1958, num projeto
conjunto entre o governo japonês e brasileiro (HONDA, 1974, p. 123). Em 1955, seguindo a
política de promoção de desenvolvimento do país do presidente Juscelino Kubitscheck, o Brasil
passou a procurar o parceiro para tal. O país escolhido foi o Japão para este grandioso
empreendimento. Em março de 1957, o parlamento aprovou o empreendimento e o projeto de
implantação da siderúrgica iniciou em março de 1958. Segundo o Sr. L. C. Vinholes que trabalhou
como intérprete japonês-português na construção das plantas – a da USIMINAS no Brasil e de
YAHATA Seitetsujyo no Japão –, ambas foram construídas em forma de consórcio, numa
cooperação técnica e financeira entre Japão e Brasil com participação de engenheiros de ambos
os países (depoimento informal concedido à autora, em 2018).
56
19 Isaac Titshingh (1745-1812) – descreveu a vida dos japoneses no período Edo, quando
esteve na ilha de Dejima, em Nagasaki. Sua obra póstuma foi publicada em Paris no ano de
1820, com o título Mémoires et anecdotes sur la dynastie régnante des Djogouns, souverains du
Japon.
Depois disso, houve outros incidentes por parte dos americanos, como,
por exemplo, a vinda do navio baleeiro Mercator, de bandeira americana,
trazendo os vinte e dois náufragos japoneses que perderam sua embarcação
nos mares do norte. O governo de Bakufu resolveu, então, sugerir aos
americanos que esses japoneses fossem entregues aos holandeses para, então,
serem repatriados.
The idea of liberty as a liberation from the caste and status hierarchy of
Tokugawa Japan Fuses with the sense of jiyū as freewheeling license
[…]. There was certainly a faddish aspect to “civilization,” a giddy sense
of newfound freedom from convention, the feeling that all manner of
new things was, now permitted. (WATANABE, 2012, p. 389).
24 正岡子規 (Masaoka Shiki, nome artístico de Masaoka Tsunenori) foi poeta e membro do grupo
literário Hototogisu que influenciou vários escritores de romances e poetas do fim do século XIX
e início do século XX (SHIKIAN, [201-?]).
68
Esta afirmação procede, pois observa-se que, mesmo antes do século XV,
havia presença japonesa com formação de comunidades fixas – e.g., 日本人町
(nihonjin-machi 27 ) – em diversas localidades ao longo dos países e reinos
próximos ao Japão, tais como na Indonésia, nas Filipinas e outros antes do
fechamento de portos ao exterior, pelo governo do Xogunato de Tokugawa, na
primeira metade do o século XVII (SHIBATA, 1941, p. 46-52)28. A maioria das
cidades japonesas no exterior tinha certa autonomia em relação à governança
local e, numa determinada época, o número dos que saíram do país chegou a
atingir mais de 70.000 indivíduos, sendo que cerca de 10.000 indivíduos
emigraram definitivamente para o país de destino (INOUE, 1983, p. 274)29.
29 Em 28 de outubro de 1613, Hasekura Tsunenaga e seus 180 tripulantes, por ordem de Date
Masamune, partiram à Espanha e a Roma, com o galeão fabricado no Japão no estilo europeu.
O objetivo era solicitar a abertura do comércio entre Nova Espanha (atual México) e o Japão. A
viagem para atravessar o Oceano Pacífico e chegar a Acapulco, costa oeste do México, demorou
noventa dias. A viagem para costa leste ao lado do Oceano Atlântico foi por terra. Tsunenaga
chegou à Espanha e também visitou Roma. A viagem demorou sete anos e, nesse período, o
Japão adotou a política do isolacionismo, e seu objetivo de abrir o comércio foi frustrado
(INOUE,1983, p. 275-276).
72
Before the turn of the 20th Century, Asians were view as an inferior
race, little better than “beasts of burden.” This all changed with the Sino-
Japanese War (1894-1895) and the Russo-Japanese War (1904-1905).
Japan prevailed in both wars and established Korea as a Japanese
protectorate. In less than forty years, Japan had transformed itself from
a pre-modern agrarian society to a formidable industrial and military
power (RAICHEL; HARADA; HURH, 2006, p. 8).
This resident was referring to the fact that outsiders’ use of Japantown
was meant to emphasize the section’s inferior status, while the
reference to “Japanese People” by the inhabitants was a form of
empowerment through group identification. He also did not want to give
the impression that the Japanese were colonizing a part of America,
especially during this period as Japan grew in its military power through
its victories in the Sino-Japanese War (1894-1895) and Russo-
Japanese War (1904-1905). (JORDAN, [200-?]).
31 A imigração realizada sob essa condição era chamada de 呼び寄せ移民 (yobiyose imin), ou
seja, imigrantes chamados. No Brasil, essa modalidade de imigração ocorreu de forma contínua,
de modo que uma parte dos imigrantes radicados no país acabaram chamando seus parentes.
Os japoneses solteiros que imigraram para o Brasil também acabavam chamando suas noivas
para se casarem e constituir família. Algumas famílias, por não declararem o casamento civil
realizado em cartório brasileiro no consulado japonês, mantiveram-se como solteiros no cadastro
de famílias do Japão. Depois da estabilização econômica, alguns casais como o do Sr. S. K.
contraíram matrimônio “novamente” no consulado japonês para obter renovação de passaporte
e retornar à terra natal para visitar os familiares. Esse casal apareceu um dia na mercearia onde
a autora se encontrava. Indagada pela dona da loja por estarem muitíssimo bem-vestidos, o
marido respondeu dizendo que “casou de novo” no consulado para tirar o passaporte, constando
o estado civil atualizado, pois, não constando como casado no cadastro de família, o consulado
havia negado a emissão de passaporte aos dois, mesmo sendo japoneses.
32 O movimento afro-americano iniciou-se após Segunda Guerra Mundial, nos anos 1950 e 1960
nos EUA como resposta contra o racismo (ANDREWS, 1985).
77
33 O livro foi publicado em 1920 com o título The Rising Tide of Color: The Threat Against White
World-Supremacy e depois modificado para The Rising Tide of Color Against White World-
Supremacy, alertando sobre o perigo da ascensão da raça não-branca, sobretudo chineses e
japoneses que começaram a se destacar com a industrialização e expansão no cenário
internacional (STODDARD, 1921, 320 p.).
34 Esse movimento contra os orientais interferiu na imigração japonesa para o Brasil e deu
origem ao movimento contra os japoneses, isto é, o perigo amarelo.
78
36 Há imigrantes coreanos e taiwaneses após a Segunda Guerra Mundial que vieram a residir
na cidade de Porto Alegre e, segundo vários desses imigrantes mais idosos, preferem ler jornais
e revistas escritos em japonês. Em relação ao movimento migratório dos coreanos entre Japão
e a Coreia, por exemplo, havia um fluxo contínuo desde abertura dos portos com a Restauração
Meiji, principalmente por parte dos coreanos que imigravam ao Japão em busca do trabalho e
de estudos. Embora pareça ser contraditória, a entrada dos coreanos trabalhadores para o Japão
incentivava a saída de jovens japoneses para o exterior em busca de espaço maior para realizar
seus sonhos.
82
1. Direitos do imigrante;
2. Cotas e entrada de estrangeiros;
3. Seleção e condições eugênicas dos imigrantes;
4. Colonização;
5. Assimilação;
6. Organização do Departamento Nacional de Imigração;
7. Bases para o Instituto de Imigração.
(BRASIL, 1936).
38 Lesser afirma que a fundação da Liga Estudantina ocorreu em 1935, segundo informação
obtida na entrevista com José Yamashiro, um dos fundadores daquela liga, em São Paulo, 12.12.
1995. (LESSER, 2000, p. 221; p. 255).
39 日 系 (nikkei): termo utilizado para todas as pessoas que têm algum relacionamento de
consanguinidade com os japoneses, independentemente da geração.
88
1. Diminuição da população;
2. Diminuição da taxa de natalidade40;
3. Atribuição do local de trabalho para os desempregados;
4. Envio de dinheiro dos emigrados para a pátria; inserção de
divisas no retorno ao país; pagamento de passagem de navio ao
retornar ao país; investimento financeiro; incentivo a comércio exterior;
ampliação da rota marítima que acompanha o deslocamento de
imigrantes; e
5. Outras.
(JAPÃO, 1956, p.1-2).
forma de emigração, como anterior à Segunda Guerra Mundial, porém com maior
assistência a esses emigrados.
Embora o texto não mencione de forma explícita a medida que foi tomada
para assistir os japoneses emigrados, a atuação japonesa no exterior modificou-
se em forma de cooperação internacional. Embora o abandono aparente aos
imigrantes japoneses no Brasil antes da Guerra tenha criado o termo 棄民
(kimin 41 ) – referindo-se aos imigrantes que pararam de receber o apoio do
governo japonês – esse perfil passa a modificar.
Conforme Minamikawa,
41 棄民 (kimin) : termo criado pelos japoneses que emigraram para o exterior que sentiram ser
abandonados pelo governo japonês, principalmente os imigrantes do Brasil. Entre vários livros
de memórias, pode-se citar, por exemplo, o conto Kimin no ishibumi, escrito em 1983 por Isao
Endo (ENDO, 2001).
90
42 Sobá de Campo Grande: é um prato originário de Okinawa, parecido com sopa de macarrão
temperado e cozido com carne de porco.
91
Nessa colônia, o Gonin-gumi troca seus membros uma vez ao ano através
de eleição feita entre os homens da comunidade. Esse grupo não tem relação
com a representatividade da colônia diante de outros grupos externos de
japoneses, pois, para essa última, elege-se uma pessoa, também anualmente,
que se torna o presidente da comunidade, o kaichô44 da associação japonesa
local, denominada nihonjinkai.
45 “Cada han é subordinado a um nihonjinkai, sendo que dentro da sua jurisdição tem liberdade
de decisão” (M.B.M, residente do município de Gravataí, maio de 2019). E equivalente ao
sucursal regional de uma instituição. A palavra han no âmbito civil, no Japão, se refere a menor
fração existente de um grupo de trabalho, sob comando de um líder. No âmbito militar significa
“esquadra”, o menor grupamento formado.
46 O Período Edo se refere ao período em que o clã Tokugawa deteve o poder num sistema
militarista. Esse período durou de 1603 até 1868. De acordo com John Whitney Hall, “the
smallness of the daimyo’s personal holdings, the continued existence of semi-independent
outlying castles, the excessively military orientation of the domain […] were all features awaiting
change under the Tokugawa regime” (HALL, 1966, p. 300).
95
48 São elas: Associação Assistencial e Cultural Yamaguchi Ken do Brasil, fundada em 1927,
Associação Hokkaido de Cultura e Assistência, fundada em 1939, e a Associação Cultural e
Assistencial Mie Kenjin do Brasil, fundada em 1943.
97
53 Depois do final da Segunda Guerra Mundial, ao surgir o movimento dos vitoriosos que não
aceitavam a derrota, os japoneses se dividiram entre os kachi-gumi e os make-gumi, ou seja,
grupos que acreditavam na vitória do Japão e outro, na derrota. As ações dos kachi-gumi,
liderados por grupo denominado Shindo-renmei, criou uma onda de terror na comunidade pois
ameaçavam os derrotistas com morte e violência (SHINDO, 1999, p. 107-134). Mesmo no Rio
Grande do Sul, onde predomina os imigrantes japoneses de pós-guerra, até meados da década
de 1980, o assunto sobre os kachi-gumi e os make-gumi era considerado tabu na comunidade
japonesa. Em Pelotas, foi entregue uma declaração do término da Segunda Guerra Mundial
escrita em língua japonesa pela Legação da Suécia, no dia 29 de abril 1946, na a comunidade
japonesa, endereçada ao senhor chamado Nakamua. A carta, datada de 4 de abril de 1946,
esclarece a rendição incondicional do Japão em meados de agosto de 1945 perante os aliados
e que, nessa condição, pretende esclarecer as dúvidas e terminar com as confusões a que os
japoneses estão submetidos no Brasil (LEGIÃO DA SUÉCIA, 1946).
54 O Japão não aceita a obtenção da dupla cidadania. Assim, não há como um descendente
de migrante japonês adquirir a cidadania japonesa sem que renuncie à cidadania brasileira.
106
57 Artigo 2º, artigo 14º, artigo 15º e artigo 16º, parágrafo único do estatuto da Associação de
Assistência Nipo-Brasileira do Sul, deliberado em 10 de julho de 1982.
59 Os boletins que informam as atividades da comunidade japonesa no Rio Grande do Sul, assim
como notícias sobre o Japão relevantes, são enviados mensalmente para os associados.
110
60 De acordo com o relatório manuscrito de agosto de 1981, quando a associação foi criada
havia 246 famílias associadas (ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA NIPO-BRASILEIRA DO SUL,
1981).
61 O ano fiscal japonês inicia no dia 1º de abril e termina no dia 31 de março do ano seguinte,
diferentemente do ano fiscal brasileiro, que inicia no dia 1º de janeiro e termina no dia 31 de
dezembro daquele mesmo ano. Estabelecendo o ano social de acordo com o calendário japonês,
considerando as atividades que envolvam custos de manutenção e de realização, a associação
teria de realizar duas contabilidades, uma adaptada ao calendário brasileiro e outra, ao
calendário japonês.
112
62 De acordo com informação fornecida pelo professor Paulo Warth Gick, primeiro secretário da
Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasilera, fundada em 1973, a Rua Garibaldi nº 960, Porto
Alegre, foi o local onde funcionava a JAMIC – Imigração e Colonização Ltda., empresa local da
国際協力事業団 (Kokusai Kyôryoku Jigyôdan – JICA).
Outra atividade que a Associação iniciou foi o empréstimo sem juros para
financiar a educação dos universitários nipo-brasileiros a partir de 1976, como
atividade delegada também pela 国際協力事業団 ポルトアレグレ支部 (Kokusai
Kyoryoku Jigyodan Poruto Aregure Shibu – Agencia de Cooperação
Internacional do Japão Escritório Regional de Porto Alegre). Esse sistema de
empréstimo educativo continua até os dias de hoje sustentado pelo fundo inicial
65 Em 1980, havia seis universitários, treze estudantes dos cursos de pré-vestibular, cinco
estudantes de ensino médio e dois estudantes de cursos técnicos, totalizando vinte e seis
internos (ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA NIPO-BRASILEIRA DO SUL, 1981).
114
66 Nos primeiros anos da atividade, as despesas eram arcadas pelo governo japonês.
Atualmente, uma parte das despesas do ambulatório médico móvel é custeada pela própria
associação. Por outro lado, também passou a atender os brasileiros, principalmente os
descendentes desses imigrantes, de nacionalidade brasileira. Embora o estatuto, desde a
fundação da Associação em 1969 previa o atendimento de não-japoneses, até dias de hoje
poucos brasileiros de origem não-japonesa têm procurado este serviço.
115
67 O imóvel adquirido na Rua Pernambuco, nº 106, Porto Alegre, segundo informação constante
na carta de intenções anexado ao jornal Enkyonews de novembro de 1987, era uma construção
de dois andares, num total de 526mq de área construída mais a érea de estacionamento,
perfazendo 726mq. O custo da compra foi de 3.800.000 cruzados. A 国際協力事業団 (Kokusai
Kyoryoku Jigyodan – Agência de Cooperação Internacional do Japão) disponibilizou a verba de
5.894.500 ienes para aquisição do imóvel pela Associação de Assistência Nipo e Brasileira do
Sul, mais 4.456.500 ienes para compra de materiais permanentes, num total de 10.351.000 ienes
viabilizando a criação da escola (ENKYONEWS, 1987). Atualmente, este imóvel é utilizado pela
Associação da Cultura Japonesa de Porto Alegre que sucedeu as atividades de ensino de língua
japonesa.
118
Por outro lado, com a reestruturação gradual da JICA desde 1998, dentro
do plano estratégico da internacionalização do governo japonês (JICA, 2019, p.
187-190), ela delegou as atividades direcionadas aos japoneses e seus
descendentes para a 海外日系人協会 (Kaigai Nikkeijin Kyokai – Associação
Kaigai Nikkeijin Kyokai). Assim, as ações como ambulatório médico móvel
passou a ser gerenciado por esta associação (ASSEMBLEIA ANUAL DA
ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA NIPO-BRASILEIRA DO SUL, 2001, p. 3;
ENKYONEWS, 2000). Por outro lado, a partir de 2003, totalmente reestruturada
como uma autarquia, a JICA passou a ser uma agência com autonomia própria
(JICA, 2019, p. 30-31). À primeira vista, passou a atuar nos projetos sem vínculo
específico com os imigrantes japoneses e os descendentes. Entretanto, desde
que 海 外日系人協会 (Kaigai Nikkeijin Kyokai – Associação Kaigai Nikkeijin
Kyokai) seja uma instituição delegada pela JICA na realização de projetos e
68 Informação do conhecimento da própria autora por fazer parte das atividades mencionadas
desde 2006.
119
70 A Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira teve como conselheiros Sr. Jiro Nishikawa,
Cônsul Geral do Japão em Porto Alegre, Kazu Fusumada, diretor da JAMIC – Imigração e
Colonização Ltda., e Hiroshi Hitomi, diretor-presidente do Lanifício Kurashiki do Brasil S.A., na
gestão de 1975. As atas de 1976 e 1977 não mencionam os nomes dos conselheiros
(ASSOCIAÇÃO CULTURAL E ESPORTIVA NIPO-BRASILEIRA, 1973-1980). Em 1978, na sexta
assembleia, novamente aparecem representantes da chancelaria do governo japonês como
membros da diretoria. Assim, são nomeados conselheiros Sr. Mamoru Fujita, novo Cônsul Geral
do Japão em Porto Alegre, Sr. Shigetoshi Hirano, novo diretor da JAMIC – Imigração e
Colonização Ltda., além do Sr. Takeshi Omori, diretor-presidente do Lanifício Kurashiki do Brasil
S. A., a empresa de maior representatividade no comércio relativo a lanifício entre o Japão no
Brasil. Ainda, Pe. Lino Stahl, Sr. Seichi Fuke e Sr. Mitsugu Hinohara foram nomeados como
conselheiros por terem influência na comunidade de japoneses. No ano seguinte, o Sr. Tooru
Yoshimizu, outro Cônsul Geral do Japão em Porto Alegre, tornou-se conselheiro. Os demais
conselheiros permaneceram no cargo, excetuando-se o Sr. Mitsugu Hinohara. Em 1980, na
oitava assembleia, o Sr. Tooru Yoshimizu, Cônsul Geral do Japão em Porto Alegre permaneceu
no cargo de conselheiro. Por outro lado, Sr. Toshiro Kamo, diretor da JAMIC – Imigração e
Colonização Ltda. e Sr. Masahiro Okuyama, diretor-presidente do Lanifício Kurashiki do Brasil S.
A., passaram a suceder os conselheiros anteriores (ASSOCIAÇÃO CULTURAL E ESPORTIVA
NIPO-BRASILEIRA, 1973-1980).
121
71 No Cartório de Registro Especial de Porto Alegre, não foi encontrado o documento relativo à
dissolução desta associação. No jornal Enkyonews de 15 de julho de 1981, consta a íntegra da
decisão da fusão da Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira e da Associação de
Assistência à Colônia Japonesa do Sul do Brasil (ENKYONEWS, 1981).
122
73 A palavra “nikkei” que Tsuchiya (1984) menciona refere-se tanto a pessoas jurídicas como a
pessoas físicas. No caso da pessoa jurídica, quer dizer que o empresário é japonês ou
descendente de japoneses.
125
Segundo o texto,
(SAKAGUCHI, 2010). Por outro lado, tornado república há apenas cinco anos, o
Brasil ainda não tinha um tratado bilateral com o Japão.
74 Esse decreto foi criado inicialmente para proteger os trabalhadores japoneses que saíam
para o Havaí. Mais tarde, torna-se lei de imigração.
130
1914, ela trouxe mais de 6.500 imigrantes ao Brasil. De outro lado, em 1911, foi
promulgada a lei estadual nº 1299/1911, pelo estado de São Paulo, atribuindo
ao estado o poder de firmar acordo de imigração com o 東京シンジケート(Tôkyô
Shinjikeeto – Sindicato de Tóquio) (HANDA, 1976, p. 23).
76 Panfleto de recrutamento de imigrantes elaborado pela KKKK, consta na sua primeira folha,
autorização de publicação pelo Ministério de Relações Exteriores do Japão, datada de 13 de
dezembro de 1926.
Para que essa colônia fosse exitosa, criou-se no Brasil a empresa ブラジ
ル農耕日本会(Burajiru Noukou Nihon Kai – Companhia Nipônica de Plantação
do Brasil) e, através dessa companhia, construiu a infraestrutura necessária para
a colônia, como hospital, escola, residências e estradas na colônia japonesa de
Acará, no município de Tomé Açú (IZUMI; SAITO, 1955, p. 99; YAMAMOTO,
2015). Essa colônia, estabelecida por forte interesse pelo governo japonês, em
29 de abril de 1934, recebeu a doação em dinheiro da casa imperial para auxiliar
o funcionamento do Hospital Acará, em Tomé-Açu, a exemplo de outros
estabelecimentos de saúde localizado no Brasil (HANDA, 1976, p. 72).
137
81 A Sociedade Colonizadora do Brazil Ltda. foi o nome jurídico brasileiro atribuído para a ブラ
ジル拓植組合 (Burajiru Takushoku Kumiai – BRATAC). Em inglês, esta instituição é traduzida
como Brazilian Development Co-operative, aproximando do significado original (LONE, 2001, p.
72).
139
instituição local para tratar dos assuntos financeiros e outros assuntos relativos
aos imigrantes. A nova agência, a 海 外移住事業団(Kaigai Iju Jigyodan) passou
a atuar em diversas áreas, como verificação de áreas adequadas para
assentamento e auxílio financeiro, além de apoiar a instalação de infraestrutura
nas colônias onde os imigrantes pudessem reproduzir as práticas culturais de
seus ancestrais.
83 海外技術協力事業団 (Kaigai Gijyutsu Kyoryoku Jigyodan) foi criada pela Lei 120 de 1965 para
dar apoio técnico aos países em desenvolvimento em forma de cooperação técnica internacional
(JAPÃO, [201--?]). A estrutura de atuação baseou-se no Plano Colombo, criado em 1951
envolvendo os EUA e os países asiáticos com objetivo de melhorar os países asiáticos em
desenvolvimento (KAIGAI, 1962, p. 10). Desde 1954, o Japão passou a integrar esse grupo,
atuando como país fomentador na área tecnológica, como atuação junto ao Plano Colombo na
Asia. “The Colombo Plan for Cooperative Economic and Social Development in Asia and the
Pacific was conceived at the Commonwealth Conference on Foreign Affairs held in Colombo,
Ceylon (now Sri Lanka) in January 1950 and was launched on 1 July 1951 as a cooperative
venture for the economic and social advancement of the peoples of South and Southeast Asia.
1977, its name was changed to “The Colombo Plan for Cooperative Economic and Social
Development in Asia and the Pacific” to reflect the expanded composition of its enhanced
membership and the scope of its activities.” (COLOMBO PLAN, 2018).
143
Em 1976, dois anos após sua fundação, a JICA iniciou seus trabalhos no
Brasil, em forma de cooperação internacional. De acordo com Agência Brasileira
de Cooperação (ABC), do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, “as
relações de cooperação técnica entre Brasil e Japão tiveram início em 1959 e
são reguladas pelo Acordo Básico de Cooperação Técnica Brasil-Japão, tratado
assinado em agosto de 1971” (AGÊNCIA BRASILEIRA DE COOPERAÇÃO,
2012).
84 O período mais marcante desta cooperação ocorreu nas décadas de 80 e 90 (século XX).
Este foi um período de apoio intenso, no qual vários projetos foram implementados e um canal
de transferência tecnológica consolidou-se, caracterizado pelo grande fluxo de peritos japoneses
enviados ao Brasil e de bolsistas brasileiros enviados ao Japão (AGÊNCIA BRASILEIRA DE
COOPERAÇÃO, 2012).
144
85 A Cooperativa Agrícola de Cotia foi fundada em 1927, com 83 membros, todos produtores
de batata-inglesa, com duzentos e noventa contos, mais a doação em dinheiro do Consulado
Geral do Japão (KOOYAMA, 1949, p. 276).
145
86 De acordo com o relatório geral elaborado analisando a evolução das atividades realizadas
na região do Cerrado, numa forma de joint venture Japão-Brasil, “after the implementation of the
projects ‘PADAP’ and ‘POLOCENTRO’ in 1973, and 1975 respectively, ‘Prodecer’ started to be
implemented in 1979”. E como resultado, “the Cerrados region added to the Brazilian productive
process 10 million ha of annual crops and 2 million ha of perennial crops, in a period of a quarter
of a century”. (BRASIL; JICA, 2002, cap. 5, p. 1).
146
87 A sigla “JICA” que significa “Agência de Cooperação Internacional do Japão” é usada tanto
para órgão 国際協力事業団(Kokusai Kyoryoku Jigyôdan) como para seu sucessor, 国際協力機構
(Kokusai Kyoryoku Kikô). Atualmente, é o órgão do Governo Japonês responsável pela
implementação da Assistência Oficial para o Desenvolvimento (ODA), que apoia o crescimento
e a estabilidade socioeconômica dos países em desenvolvimento com o objetivo de contribuir
para a paz e para o desenvolvimento da sociedade internacional. Com uma rede de escritórios
que se estende por quase cem países, a JICA presta assistência a mais de 150 países no mundo
todo (JICA, [20--?]).
88 A EMBRAPA Clima Temperado foi criada em 1993, numa fusão de instituições de pesquisa
locais anteriormente existentes na região de Pelotas, RS (EMBRAPA, [20--?]).
147
89 De acordo com Associação Kaigai Nikkeijin Kyokai, a palavra nikkei se refere a “aquele que
saiu do Japão e reside no exterior, munido do objetivo de viver definitivamente nessas terras, e
seus descendentes da segunda, terceira, quarta, e demais gerações, independentemente de sua
nacionalidade ou mistura” (KAIGAI NIKKEIJIN KYOKAI, 2018).
90 O prédio tem aparência de um grande salão e foi construído para abrigar a escola de língua
japonesa e fazer reuniões da comunidade japonesa daquela localidade. Atualmente, é usado
para fazer reuniões comemorativas, festas e assembleias.
148
também tem sido seu foco. Para tanto, algumas dessas atividades são realizadas
através da 海外日系人協会 (Kaigai Nikkeijin Kyokai – Associação Kaigai Nikkeijin
Kyokai). Os livros didáticos desenvolvidos para ensino de língua japonesa por
esta associação, em parceria com a JICA, são disponibilizados para diversas
escolas de língua japonesa latino-americanas 91 . Em relação à cooperação
técnica da JICA no Rio Grande do Sul, baseado no protocolo firmado entre Brasil
e o Japão, criou-se o Instituto de Geriatria e Gerontologia, na PUC-RS, em 1973
e que passa a funcionar em 197592.
91 Os livros didáticos, escritos em japonês, estão repletos de informações sobre a vida cotidiana
no Japão e sobre a cultura japonesa. Elaborada pela Associação Kaigai Nikkeijin Kyokai a pedido
da JICA, a partir de 1996, passou a analisar a língua japonesa no exterior. A partir dos resultados,
reelaborou todo material de ensino de língua japonesa considerando a língua japonesa como
língua estrangeira e não mais como língua de herança. A publicação do primeiro livro, Nihongo
do-re-mi ocorreu em 2002. O segundo livro, Nihongo Janpu, foi publicado em 2003 (NIHONGO…,
2003; NIHONGO…, 2004).
97 Atribui-se o nome “モデル校”para as escolas de língua japonesa que receberam o auxílio por
parte da JICA na década de 1990. No Brasil, há várias moderuko, as quais se dedicam ao ensino
da língua, principalmente para os descendentes de imigrantes japoneses.
154
Segundo justificativa por parte da JICA, esta entende que a Enkyô tem
alcançado consolidação suficiente para iniciar uma caminhada independente,
sem que seja necessário ser amparada por completo. A aquisição e melhoria de
três imóveis – dois na cidade de Porto Alegre e um no município de Gravataí,
com o apoio financeiro de JICA –, propiciou a consolidação e integração das
atividades culturais dos imigrantes japoneses.
100 Denomina-se nikkei todas as pessoas que tem alguma ancestralidade japonesa,
independentemente da geração.
157
102 CHAMBERLAIN, Basil Hall. Things Japanese. London: [s.n.], 1891. p. i apud JANSEN,
1969.
164
104 紀元節 (Kigen-setsu) – Esta data foi atribuída ao nascimento do indivíduo que é considerado
o primeiro Imperador do Japão, Imperador Jinmu, que assumiu o trono em 11 de fevereiro de
660 EC (TOKORO, 1990, p. 220-227).
106 O Código Especial da Casa Imperial, de 10 de abril de 1959, estabelece ainda, as seguintes
datas como feriado nacional: casamento do príncipe herdeiro, dia da entronização do imperador,
dia da proclamação de entronização e a cerimônia fúnebre do imperador (TOKORO, 1990;
JAPÃO, 2014).
107 Excepcionalmente, no ano de 2019, não há esta celebração porque houve renúncia do
Imperador Akihito em 30 de abril, tornando-se 上皇(Jôkô), assumindo no trono o Imperador
Naruhito, em 1º de maio. A razão da vacância da data comemorativa do aniversário do imperador
japonês nesse ano é que o Imperador Naruhito faz aniversário em 23 de fevereiro e o Jyôkô
Akihito faz seu aniversário no dia 23 de dezembro (JAPÃO, 2019b). No Japão, atribui-se o nome
Jyôkô para aquele que cedeu o trono imperial para o seu sucessor.
166
Porto Alegre, Mibe Kagami de Viamão e outro, Eito Asaeda, de Canoas 108
(ENKYONEWS, 1974b, p. 1).
110 O jornal Correio do Povo, de 7 de abril de 1977 possui depoimento do Sr. Mitori Kimura,
mencionando a mobilização do Sr. Deocleciano Nery Dornelles, então vice-prefeito do município
de Santa Maria em 1958, para conseguir a autorização do governo federal para o
estabelecimento dos imigrantes japoneses necessitados vindos de Uruguaiana (CORREIO DO
POVO, 1977 apud SOARES; GAUDIOSO, 2008, p. 111-113).
167
111 Por decisão do Gabinete de Governo do Japão, a concessão de medalhas de honra pelo
Imperador estava interrompida desde 1946, na época da ocupação de Forças Aliadas, mas, em
1963, o mesmo gabinete reiniciou a concessão, duas vezes ao ano – uma vez na primavera, no
dia 29 de abril, e outra no outono, no dia três de novembro (TOKORO, 1990, p. 219-221).
112 De acordo com jornal Nikkey Shimbun, o Consulado Geral do Japão foi desativado em 28
de dezembro de 2005, de modo que o Rio Grande do Sul e Santa Catarina passaram à jurisdição
do Consulado Geral do Japão em Curitiba. Depois de um abaixo-assinado para que o consulado
não fechasse, foi instalado o Escritório Consular do Japão em Porto Alegre para atender os
serviços como assistência aos japoneses residentes no Brasil, emissão de passaporte e vistos,
cadastro de família, registro de nacionalidade e outros serviços administrativos (NIKKEY
SHIMBUN, 2006).
113 No Japão, as visitas e as pessoas com maior grau de autoridade sempre são posicionados
mais ao fundo da sala, de modo que, quando há alguma festa, os convidados mais importantes
sentam-se sempre ao fundo. Nas festas internas do local de trabalho, os diretores também
posicionam-se ao fundo do recinto, reservando-se o assento próximo da porta aos funcionários
168
de menor grau (FUJIMA, 1977, p. 230). Na festa do aniversário do Imperador, salvo a imagem
do casal imperial que é colocada no fundo do salão, essa categorização não é percebida.
116 De acordo com Sra. M. B. M., moradora do município de Gravataí, a Nihonjinkai sempre
organiza a festa do Ano Novo através da realização de gincana esportiva, organizando várias
atividades de confraternização na comunidade.
117 O O-bon ou Bon é um evento festivo similar ao Dia de los Muertos que se celebra no México,
recebendo na casa a alma do familiar falecido. Esta festa ocorre atualmente nos dias 14, 15 e
16 de agosto, durando três dias. Há algumas regiões nas quais a celebração é realizada em 15
de julho, acompanhando o calendário lunar e o equinócio de outono (TOKORO, 1990).
Essas celebrações possuem origem nos eventos ligados a corte imperial antes
da Segunda Guerra Mundial, de modo que, finda a guerra, apareceram o com
outros nomes e outras definições, de forma mais popular.
33). Sendo feriado japonês, as representações japonesas no Brasil, como o Escritório Consular
do Japão em Porto Alegre, não abrem nessas datas.
119 Em 2012, a comunidade japonesa da Grande Porto Alegre passou a realizar o Festival do
Japão no sábado e no domingo mais próximos ao dia 18 de agosto, a data em que os primeiros
imigrantes japoneses chegaram ao Rio Grande do Sul. Com isso, a data da celebração
ecumênica anual em homenagem ao espírito dos antepassados foi transferida para o início do
mês.
120 O evento pode ser traduzido como “celebração” pois tem no discurso o enaltecimento dos
falecidos como aqueles que se sacrificaram para que os familiares, outros japoneses e a própria
comunidade pudessem ter uma vida melhor no presente.
121 No dia das meninas, em três de março, monta-se em sala um altar com bonecas de casal
imperial e serviçais, desejando para a menina que tenha um bom casamento. No Japão, os
171
e dia da criança122 assim como dia de contemplação da lua, essas são praticadas
em nível de família e não envolvem a comunidade.
122 O dia da criança no Japão é comemorado no dia cinco de maio, e, nesse dia, nas casas que
de famílias que têm meninos, hasteia-se grandes carpas feitas de tecido, de cores pretas, azuis,
além de vermelhas. A carpa simboliza a vigor e força, de modo que, nos eventos organizados
pela comunidade japonesa, as carpas são hasteadas em local privilegiado do espaço, junto com
a bandeira do Japão, como ocorre nas gincanas esportivas organizadas pela Enkyô.
123 Informação obtida da Sra. Iaioi Tao, quando seu filho foi homenageado pela comunidade
de Ivoti na 成人式 (seijinshiki – cerimônia de maioridade) ao atingir a maioridade.
172
festa em si, será tratado de forma mais detalhada no capítulo referente à prática
religiosa dos imigrantes.
124 A palavra 晴(ハレ – hare) tem o sentido de límpido, formal, tempo bom, propício, sem
nebulosidade, no sentido figurativo além da própria condição do tempo climático.
173
Mesmo que não seja tão impactante como a guerra, para os japoneses
que possuem forte ligação com os locais onde os ancestrais viveram, emigrar
para um país estrangeiro já é bastante traumático. Acrescido a isso, ocorria o
choque de cultura meio à cultura exógena, tencionando a vida do dia a dia
desses imigrantes125 o que tornava o momento coletivo necessário. Assim como
afirma Koselleck, as pessoas necessitam de um ao outro que possam se
identificar, compartilhando suas experiências e modo de viver.
125 O valor cultural e os hábitos do cotidiano são apropriados na infância e é difícil de criar
naturalmente uma aceitação à cultura distinta, principalmente se tratando de imigrante oriental,
sobretudo o japonês, como ocorreu no caso da autora que, em 1962, imigrou para o Brasil
quando ainda era criança.
126 O 忘年会(Bônenkai) não é apenas festa do fim do ano. O evento com essa denominação
surgiu no Período Meiji com a modernização do país, como festa para esquecer as dificuldades
do ano que está por terminar. Entretanto, alguns autores atribuem origem do evento à China,
como parte do pensamento do Chuang Tzu, atribuindo o esquecimento do ano como uma
desconsideração à idade dos indivíduos, velhos ou jovens (TOKYO TORITSU CHUO
TOSHOKAN, 2007).
174
127 Esses encontros festivos geralmente são acompanhados da palavra “家族慰安” (kazokuian),
que pode ser traduzida como “consolo à família” ou “conforto à família”, em que todos os
membros da família participam.
128 A engeikai surgiu no Japão na Era Tenmei (1781-1789) do Período Edo como uma
apropriação pelo povo da apresentação artística improvisada na exibição do teatro kabuki.
175
129 No texto original, no lugar da palavra “dinheiro”, consta que os jovens arrecadaram “hana”
ou seja, “flores”, num montante de seiscentos ienes, pela apresentação do engeikai no dia 12 de
setembro de 1955 (ANDO, 2001, p. 26-27).
176
engeikai, keirôkai e de undôkai ficou ao cargo dessa associação junto com outras
atividades recreativas.
132 A Urabon-e, popularmente chamada de Bon ou O-bon, é a festa das almas japonesa de
origem budista que acontece todos anos, de 13 a 15 de julho (FRÉDÉRIC, 2008, p. 1230).
133 Desde a infância, a autora tem participado em engeikai, tanto como parte da plateia como
participante ativa.
178
ser servido como almoço. A data também mudou nas últimas décadas, de forma
mais flexível, desde o mês de junho até setembro.
134 Neste caso, as pessoas não são necessariamente arrimo da família. Normalmente, é aquele
membro da família mais idoso. Também não é proibido alguém mais jovem fazer a doação.
136 Desde épocas imemoriais, os japoneses carregam suas refeições em forma de marmitas
para onde se locomovem. No Japão, há várias categorias de marmitas, isto é, obentô. Existe
obentô feito em casa para levar como refeição na escola ou no serviço. No Japão há várias lojas
de obentô onde as pessoas compram-no para comer em outro lugar. Outros, mais sofisticados,
são vendidos nas estações de trem, com comidas típicas da região (PLENUS KOME ACADEMY,
[20--]). Ainda, há obentô vendido em teatros e locais de espetáculos, chegando a atingir um valor
superior a duzentos reais, como o vendido na internet através do site https://www.kurumesi-
bentou.com/ranking/makunouchi/3501-/luxury/. Em relação à temperatura das comidas,
tradicionalmente, desde que sejam preparadas como marmitas, não é relevante.
180
137 A identidade japonesa com a era do imperador é bastante forte entre os imigrantes
japoneses. Em Porto Alegre, havia Taishôkai, isto é, associação dos imigrantes japoneses que
nasceram entre 1912 até 1926, na Era Taishô para fazer a confraternização.
181
139 Nesse período, entre 1910 a 1930, houve grande movimento emigratório de japoneses para
o Brasil (LESSER, 2001, p. 28). Essas pessoas, desde que tenham passado sua infância nas
escolas japonesas, a memória da experiência de ter participado em undôkai daquela época
repercutiria na organização ou participação do undôkai no Brasil.
140 学校教育法 (Gakkô Kyouiku hou) – Lei de educação formal nº 26 (JAPÃO, 1947).
182
mais uma vez a mudança com a nova diretriz educacional e passa a fazer parte
das atividades escolares para desenvolver caráter pacífico, comunitário e
colaborativo (JAPÃO, 1947). A partir da reforma da diretriz no que se refere a
educação básica, em julho de 1968, o undôkai passa ser evento esportivo das
escolas fundamentais e básicas de forma definitiva e consolidada (KURECHI,
2017, p. 128; 131; JAPÃO, 1968).
Kurechi (2017, p. 127) afirma que nas escolas japonesas, de modo geral,
na época que a guerra se tornava mais intensa, o undôkai passou a apresentar
seguintes características: 1. Introdução de competição de cunho coletivo que
exige do esforço coletivo para obter a vitória; 2. Competição que possa
apresentar o resultado do treino coletivo como ordem ou beleza da harmonia
coletiva; 3. Competição que exige do indivíduo a coragem e força e; 4.
Competição que não requer custos. Assim, na programação do undôkai de 1942,
realizada em uma escola fundamental em Yokohama, observou-se que houve
141 Neste trabalho, o undôkai é abordado como elemento formador da identidade étnica visto
que é uma das atividades culturais própria dos japoneses que são praticadas nas comunidades
de imigrantes e seus descendentes.
183
142 De acordo com GONZALEZ (2004), os esportes podem ser classificados em quatro
categorias: 1. “Esportes individuais em que não há interação com o oponente”, como as corridas
individuais; 2. “Esportes coletivos em que não há interação com o oponente”, como corrida de
três pernas; 3. “Esportes individuais em que há interação com o oponente”, tais como judô e
184
sumô; e 4. “Esportes coletivos em que há interação com o oponente”, como jogo de futebol e
cabo de guerra. Nas competições de undôkai, são realizadas as atividades que abrangem as
categorias 1, 2 e 4.
143 Alguns imigrantes guardaram os prêmios que ganharam até os dias de hoje. A Sra. H., que
reside no município de Viamão, passageira do mesmo navio em que a autora veio para o Brasil,
por exemplo, possui em sua casa uma garrafa térmica com a marca da companhia de navegação
Osaka Shoosen que ganhou na ocasião da competição.
144 A educação para a promoção de saúde iniciou-se nos Estados Unidos com a difusão do
aparelho de rádio e com programas anunciando o benefício de exercícios físicos, como ocorreu
com a Rádio KDKA Pittsburgh em 1922 (HALPER, 2009, p. 12). O ラジオ体操 (radio taisô)
atualmente faz parte do programa Sport for Tomorrow, com objetivo de formar indivíduos com
saúde e ter o esporte como instrumento de intercâmbio internacional das pessoas (CHAWTHIP,
2016).
185
145 No Arquivo Nacional do Japão, está registrado um evento nacional de radio taisô realizado
em 13 de agosto de 1941 no Santuário Yasukuni, que reuniu vinte mil pessoas para fazer
exercícios físicos sob comando de voz. O radio taisô realizado naquela ocasião foi uma forma
do povo japonês homenagear o espírito das pessoas que lutaram e combaliram em nome da
Nação (JAPAN CENTER FOR ASIAN HISTORICAL RECORDS, 1941). Este santuário que se
localiza em Tóquio foi construído em 1869 por ordem do Imperador Meiji para homenagear e
cultuar o espírito de pessoas que lutaram e deram suas vidas para a formação do novo Japão –
homens e mulheres, independentemente de serem militares ou civis. Atualmente, há mais de
2.466.000 espíritos de mortos cultuados, entre japoneses, coreanos e taiwaneses que, na época
da colonização, eram considerados japoneses (YASUKUNI JINJYA, [20--]).
146 A empresa Japan Airlines recebeu em 2017 uma carta de agradecimento do governo de
Tóquio por difundir o radio taisô ao produzir um vídeo de exercícios com participação de
profissionais de diversas áreas e com acessibilidade para cadeirantes, e também por colocarem
em prática em suas filiais, espalhadas dentro e fora do Japão (JAPAN AIRLINES, 2017).
186
147 A autora participou do evento comemorativo com exposição de fotografia dos imigrantes
japoneses. Na cerimônia da abertura, além do canto do hino nacional e o hasteamento das
bandeiras do Brasil, do Japão e do Rio Grande do Sul, houve saudação com saquê, distribuído
ao público (vide fotografias dos anexos 7 e 9).
187
148 Kurechi (2017, p. 127) divide as competições em três categorias: individual, em grupo e outra,
a competição para aumentar a beligerância do indivíduo.
188
como corrida a três pés, a corrida a vários pés, assim como 玉入れ (tama ire –
competição de cesto)149 são as modalidades tradicionalmente presentes.
149 No 玉入れ (tama ire – competição de cesto), as pessoas se dividem em grupo vermelho e
branco, e cada equipe coloca no cesto as bolinhas da cor de sua equipe tanto quanto possível
dentro de tempo limitado. A equipe que conseguir colocar o maior número de bolinhas no cesto
ganha a competição. No Japão, há associação de tama ire em nível nacional, chamada All Japan
Tamaire Association, o que elevou essa atividade à modalidade esportiva autônoma,
independente do undôkai, com regulamento específico para essa categoria (ALL JAPAN
TAMAIRE ASSOCIATION, 2019).
189
considerados hare, visto que são atividades que deslocam as pessoas do âmbito
do cotidiano.
7. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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TSUJI, Zennosuke. 江戸時代 (Edo jidai). Tóquio: Shunjyu sha, 1950. 日本文化
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ANEXO 1
Fonte: Fotografia cedida pelo Sr. Kurihara em 2018. Porto Alegre, [19--].
221
Fonte: Fotografia cedida pelo Sr. Kurihara em 2018. Porto Alegre, [19--].
ANEXO 2
Como está em relação a América do Sul? Isso ainda não está completo
em relação a instituições financeiras etc. Não visamos para esta região apenas
para fins de conveniência comercial. Abriremos uma filial ou sucursal do 横浜正
金 銀 行 (Yokohama Shokin Ginko – Banco de Comercio Exterior de
224
150
Banco japonesa criado em 1880, especialmente para tratar dos negócios de importação e
exportação com os países estrangeiros.
225
ANEXO 3
ANEXO 4
ANEXO 5
ANEXO 6
ANEXO 7
ANEXO 8
ANEXO 9
3. Radio Taisô
ANEXO 10
ANEXO 11
Região Província
Hokkaidō 1. Hokkaidō
2. Aomori
3. Iwate
Tōhoku 4. Miyagi
5. Akita
6. Yamagata
7. Fukushima
8. Ibaraki
9. Tochigi
10. Gunma
Kantō
11. Saitama
12. Chiba
13. Tóquio
14. Kanagawa
15. Niigata
16. Toyama
17. Ishikawa
18. Fukui
Chūbu e Tōkai 19. Yamanashi
20. Nagano
21. Shizuoka
22. Aichi
23. Gifu
24. Mie
25. Shiga
26. Kyoto
Kansai
27. Osaka
28. Hyōgo
29. Nara
30. Wakayama
31. Tottori
32. Shimane
Chūgoku 33. Okayama
34. Hiroshima
35. Yamaguchi
36. Tokushima
Shikoku 37. Kagawa
38. Ehime
39. Kōchi
40. Fukuoka
41. Saga
42. Nagasaki
Kyūshū e Okinawa 43. Kumamoto
44. Ōita
45. Miyazaki
46. Kagoshima
47. Okinawa
245
ANEXO 12
ASSOCIAÇÃO DE PROVINCIANOS DO JAPÃO NO BRASIL
(DATA DA FUNDAÇÃO)
ANEXO 13
Descendentes
Homens Mulheres
Cidade homens e Total
japoneses japonesas
mulheres
3 Cachoeira do Sul 6 5 32 43
5 Rio Grande 4 2 16 22
9 Ijuí 7 2 24 33
10 Lami 13 14 38 65
11 Itapuã 12 9 58 79
12 Bagé 4 4 12 20
13 Alegrete 2 2 8 12
15 Viamão 13 14 45 72
16 Caxias do Sul 19 8 41 68
17 Santana do Livramento 1 1 4 6
18 Uruguaiana 2 1 6 9
248
19 Guaíba 4 2 26 32
20 Camaquã 1 1 3 5
21 Cruz Alta 6 4 27 37
22 Itati 9 10 26 45
23 Torres e municípios 1 1 6 8
vizinhos