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Agências reguladoras perdem

até 70% da força de trabalho e


serviços podem colapsar
Foto: Wilton Junior/Estadão

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Agências
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da força de trabalho e serviços podem colapsar

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Casos mais graves envolvem a Agência Nacional de Mineração (ANM) e a Agência


Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que já operam precariamente e podem
ter funcionamento comprometido

Por André Borges


25/01/2023 | 05h00

BRASÍLIA – Um apagão generalizado pode comprometer a fiscalização realizada


pelas agências reguladoras federais, órgãos que têm papel crucial no funcionamento
de setores econômicos como mineração, transporte e energia, além de outros ligados
a áreas de saúde e comunicação.

O Estadão fez um levantamento detalhado do quadro das 11 agências que estão sob
o crivo do governo federal. O cenário, que reúne dados do Portal da Transparência,
das próprias agências e do Sindicato Nacional dos Servidores das Agências
Nacionais de Regulação (Sinagências), revela que, atualmente, um terço dos cargos
previstos por lei nestes órgãos estão vagos.

A situação mais crítica é encarada pela Agência Nacional de Mineração (ANM),


criada em 2017 para substituir o antigo Departamento Nacional de Produção
:
Mineral (DNPM). Por lei, a ANM, que é responsável por fiscalizar um setor que
movimenta R$ 340 bilhões por ano – o equivalente a 4% de todas as riquezas
produzidas no Brasil – teria de ter 2.121 servidores em plena atividade.

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:
‘Apagão das agências’
Quadro de servidores das 11 agências reguladoras federais

AGÊNCIA NÚMERO NÚMERO DE


ATUAL DE VAGAS PREVISTAS
SERVIDORES EM LEI

AGÊNCIA NACIONAL DE MINERAÇÃO (ANM) 664 2.121


 
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES (ANTT) 985 1.764
 
AGÊNCIA NACIONAL DA AVIAÇÃO CIVIL (ANAC) 1.257 1.828
 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA) 288 397
 
AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES (ANATEL) 1.303 1.771
 
AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS (ANTAQ) 357 477
 
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (ANEEL)
590 776
 
AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP)
684 811
 
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS)
609 709
 
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA)
1.511 1.634
 
AGÊNCIA NACIONAL DO CINEMA (ANCINE)
334 361
 

TOTAL DE VAGAS
PREVISTAS EM LEI
12.649 TOTAL DE
SERVIDORES
8.582 MÉDIA DE
POSTOS VAGO
:
Fonte: Portal da Transparência, compilado por Sinagências

Esse é o organograma previsto em sua criação, ou seja, a estrutura necessária para


realizar seu trabalho. Hoje, porém, a ANM tem de se virar com apenas 644
servidores, o que significa um rombo de 68,7% em sua força de trabalho. É como se
cada pessoa tivesse de cobrir as tarefas de três funcionários..

Outro caso delicado é o da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que


tem de a missão de fiscalizar todas as estradas e ferrovias concedidas pelo governo
federal. A lei determina que ANTT deve contar com 1.705 servidores para tocar o
seu dia a dia. Na prática, porém, a agência tem de se desdobrar com apenas 929
funcionários que estão na ativa, o equivalente a 54% da força de trabalho exigida.

“Sem dúvida estamos diante de um apagão generalizado e, se nada for feito, essas
agências vão colapsar”, disse ao Estadão o presidente do Sinagências, Cleber
Ferreira. “Os dados falam por si. É preciso que este novo governo faça algo
urgentemente, pelo menos nas situações mais graves. Estamos falando de setores
vitais, que colaboram com a economia e que têm impacto direto na vida do cidadão.”

Agência Nacional de Mineração (ANM) foi criada em 2017 para substituir o antigo Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM) Foto: ANM/Divulgação

Um conjunto de fatores explica o cenário. O governo federal paralisou a maior parte


dos concursos públicos nos últimos anos – a Agência Nacional de Energia Elétrica
:
(Aneel), por exemplo, não tem concursos desde 2010; Agência Nacional do Petróleo
(ANP), desde 2015. O governo também não repôs as posições abertas com
constantes aposentadorias e remanejamento de servidores aos seus postos de
origem.
A solução precária tem sido a realização de contratações temporárias na tentativa de
seguir com a prestação de serviços. Ainda assim, em muitas ocasiões, nem mesmo
essas contratações são permitidas.

Questionado sobre a situação atual das agências e as medidas que devem ser
tomadas no médio e longo prazo, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços
Públicos declarou que “este governo reconhece que diversos órgãos precisam ser
reconstruídos ou reforçados” e que tomará medidas concretas.

“O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos está realizando estudos


sobre o cenário atual da força de trabalho na Administração Pública Federal e as
demandas de novos concursos e contratações encaminhadas pelos órgãos e
entidades ao órgão central de gestão de pessoas do Governo Federal”, afirmou.

Entenda a criação das agências reguladoras e suas funções


As agências reguladoras foram criadas a partir de 1997, pelo governo do então
presidente Fernando Henrique Cardoso. Com o avanço de processos de privatização
e concessão de serviços e bens públicos, o governo deixou de atuar como um
“provedor” dessas estruturas, para assumir o papel de “fiscalizador e regulador”,
impondo obrigações e metas às empresas que passaram a explorar os bens da União.

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:
A primeira agência federal foi a Anatel, no processo de privatização da telefonia no
Brasil. Hoje, há 11 agências federais em atividade no País.

Flávio Willeman, professor da Fundação Getúlio Vargas no e autor do livro


Responsabilidade Civil das Agências reguladoras, lembra que “a prestação de serviços
públicos adequados é um dever constitucional e também legal, à medida em que
assim impõem a Lei de Concessões de serviços públicos e o Código do Consumidor”.

A necessidade de manter uma estrutura consolidada desses órgãos, portanto, é vital,


para que a população tenha acesso a serviços e produtos contratados juto a essas
empresas. “Como se trata, no mais das vezes, de serviços com investimentos
bilionários, a alta especialização da assessoria prestada às concessionárias tem que
encontrar, nas agências reguladoras, profissionais tão ou mais preparados”, diz
Tomaz Aquino, advogado, sócio do Lara Martins Advogados, especialista em Direito
Processual Constitucional e procurador do Estado de Goiás. “A falta de
investimentos e de constante atualização nesse corpo técnico é a receita para o
fracasso do modelo de regulação.”

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