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Workshop Barragens

Regulamentação de Barragens de Rejeito e


Gestão de Riscos

Prof. Dr. Fábio Augusto G. V. Reis


Presidente da FEBRAGEO
Docente da UNESP – Rio Claro
presidencia@febrageo.org.br ou fabio.reis@unesp.br
Sociedade Consumidora

Consumo de Every A merican Born Will Need... oy oz.


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3.03 million pounds of minerals, metals, and fuels in their lifetime
Dados 2017 ©2018 Minerals Education Coalition Learn more at www.MineralsEducationCoalition.org
Produção Mineral Mundial
EVOLUÇÃO DA
PRODUÇÃO
MUNDIAL

17,3 bilhões de
toneladas
(exceto agregados,
em milhões de t)

7,6 bilhões de pessoas

http://www.wmc.org.pl/sites/default/files/WMD2017.pdf WORLD MINING DATA (2017)


Produção Mineral Brasileira
EVOLUÇÃO
DA
PRODUÇÃO
MINERAL
BRASILEIRA
(PMB)

IBRAM (2018)
Resíduos de mineração
 gerados nas atividades de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios

 parte integrante de um processo de beneficiamento

Estéril – decapeamento / sem valor econômico

Rejeito – resultante do processo de beneficiamento


Substâncias produzidas x rejeito gerado
Estimativa da Estimativa do aumento
produção diária de da altura das barragens
rejeitos no mundo
1900 – 100 t/dia 1900 – 30 metros
1930 – 1.000 t/dia 1930 – 60 metros
1960 – 10.000 t/dia 1960 – 90 metros
2000 – 100.000 t/dia 2000 – 240 metros
2010 – 670.000 t/dia
Já está em construção barragem
Previsão 2030 – 1 Milhão t/dia de 340 m
Previsão de projeto com 400 m!

AUMENTA 10 VEZES A ALTURA DOBRA A CADA


CADA 30 ANOS 30 ANOS
Andrew Robertson (2011) – Pimenta de Avila (2016)
Segurança de barragens
Risco: a probabilidade que um evento indesejável especificado ou uma
situação de perigo aconteça dentro de um dado intervalo de tempo.

RISCO = PROBABILIDADE X CONSEQUÊNCIA

Produções maiores de minérios X Teores mais baixos


Probabilidade ~ proporcional à altura – aumenta 10x/30 anos
Consequência ~ proporcional ao volume – aumenta 2x/30 anos

RISCO AUMENTA 20 x a cada 30 ANOS

Pimenta de Avila (2016)


Mineração:

cultura técnica e empresarial

Risco x Produção

Convivência com Risco = Setor Reativo


PORTARIA DNPM/ANM Nº 70.389, DE 17/05/2017:

Barragens de Mineração: barragens, barramentos, diques, cavas com


barramentos construídos, associados às atividades desenvolvidas com
base em direito minerário, construídos em cota superior à da topografia
original do terreno, utilizados em caráter temporário ou definitivo para
fins de contenção, acumulação, decantação ou descarga de rejeitos de
mineração ou de sedimentos provenientes de atividades de mineração
com ou sem captação de água associada, compreendendo a estrutura
do barramento e suas estruturas associadas, excluindo-se deste
conceito as barragens de contenção de resíduos industriais;
PORTARIA DNPM/ANM Nº 70.389, DE 17/05/2017:

I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista,


maior ou igual a 15m (quinze metros);

II - capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000m³ (três


milhões de metros cúbicos);

III - reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas


técnicas aplicáveis;

IV - categoria de dano potencial associado, médio ou alto, conforme


definido no inciso XIV do artigo 2º e no Anexo V
País / Critérios para Aplicação da Legislação de Critérios para Obrigatoriedade da
Instituição Segurança de Barragens Avaliação de Riscos a Jusante
H > 15 m
10 < H < 15 m e
ICOLD L > 500 m ou;
V > 1 Hm³ ou;
Q > 2.000 m³/s
Barragens que entram na regulamentação NRM A avaliação de impactos é necessária
(2002) para as que se encaixam na
Oferecem risco a mais de uma pessoa legislação.
H > 8 m e V > 0,5 hm³ E, se entrarem nas categorias 1 ou 2,
H > 8 m, V > 0,25 hm³ e a bacia de drenagem é a devem ter um manual de controle de
Austrália maior que 3 vezes a área do reservatório cheio cheias
Essas barragens são divididas em duas
categorias, conforme o risco oferecido à população
a jusante em caso de ruptura: Categoria 1: 2 a 100
pessoas
Categoria 2: mais de 100 pessoas
Barragens de alta capacidade Todas as barragens de alta
H > 1 m e V > 1 hm³ capacidade
Canadá
H > 2,5 m e V > 30.000 m³
H > 7,5 m
País / Critérios para Aplicação da Legislação de Critérios para Obrigatoriedade da
Instituição Segurança de Barragens Avaliação de Riscos a Jusante
O Guia para elaboração de PAE do
Estados Unidos H > 7,60 m e V > 61.670 m³ FEMA é para barragens de risco
potencial alto ou significativo
H > 20 m e V > 15 hm³ obriga a
planos de emergência
H > 20 m ou barragens que implicam perigo para a
França
população

Os PAEs são necessários para todas


as barragens contempladas na
H > 10 M ou H > 5 e V > 50.000 m³ legislação.
Suíça Barragens que representam perigo a pessoas ou Para reservatórios com mais de 2
bens hm³ é obrigatória a instalação de
dispositivos de alarme de cheias nas
zonas próximas ao barramento.
Critérios de Classificação Risco de Barragens de Rejeito
Aspectos da Barragem Critérios Gerais
a) altura do barramento;
Características b) comprimento da barragem;
Técnicas c) Vazão do projeto;
(CT) d) Método construtivo;
e) Auscultação;
a) confiabilidade das estruturas extravasoras;
Estado de
b) percolação;
Conservação da
c) deformações e recalques;
Barragem
d) deterioração dos taludes.
(EC)
a) documentação de projeto;
b) estrutura organizacional e qualificação dos profissionais na equipe de
segurança da barragem;
Plano de Segurança da c) manuais de procedimentos para inspeções de segurança e de
Barragem monitoramento;
(PS) d) Plano de Ação Emergencial – PAE (quando exigido pelo órgão
fiscalizador); e
e) relatórios de inspeção e monitoramento da instrumentação e de análise
de segurança.
Critérios de Classificação do Dano Potencial
Associado de Barragens de Rejeito

DANO POTENCIAL ASSOCIADO – DPA

Volume Total do Existência de Impacto


Impacto ambiental
Reservatório população a jusante socioeconômico
(c)
(a) (b) (d)
Critérios de Classificação de Barragens de Rejeito
Critérios de Classificação de Barragens de Rejeito
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:
CONTEÚDO

I. Volume I - Informações Gerais e Documentação Técnica do


Empreendimento

II. Volume II - Planos e Procedimentos

III. Volume III - Registros e Controles

IV. Volume IV - Revisão Periódica de Segurança de Barragem

V. Volume V - Plano de Ação de Emergência – PAEBM


(barragens com DPA alto ou quando exigido pelo DNPM/ANM, e barragens
com DPA médio quando o item “existência de população a jusante” atingir
10 pontos ou o item “impacto ambiental” atingir 10 pontos)
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:

I. Volume I - Informações Gerais:

1. Identificação do Empreendedor;
2. Caracterização do empreendimento;
3. Estrutura organizacional, contatos dos responsáveis e qualificação
técnica dos profissionais da equipe de segurança da barragem atualizadas;
4. Declaração da classificação da barragem pelo DNPM quanto à categoria
de risco e dano potencial associado;
5. Licenças ambientais, outorgas e demais requerimentos legais.
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:

I. Volume I - Documentação Técnica do Empreendimento:

1. Características técnicas do Projeto e da Construção;


2. Projetos (básico e/ou executivo), caso existam;
3. Projeto como construído (as built), no caso de barragem construída após
a promulgação da Lei n.º 12.334, de 2010;
4. Projeto como está (as is), no caso de barragem construída antes da
promulgação da Lei n.º 12.334, de 2010, que não possua o projeto “as
built”.
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:

II. Volume II - Planos e Procedimentos:

1. Plano de operação, incluindo, mas não se limitando, à


a) Regra operacional dos dispositivos de vertimento, caso existam;
b) Procedimentos para atendimento às regras operacionais definidas pelo
Empreendedor ou por entidade responsável, quando for o caso.

2. Planejamento das manutenções;


3. Plano de monitoramento e instrumentação;
4. Planejamento das inspeções de segurança da barragem; e
5. Manuais dos equipamentos com cronogramas de testes e calibração,
caso existam.
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:

III. Volume III - Registros e Controles

1. Registros de Operação;
2. Registros da Manutenção;
3. Registros de Monitoramento e Instrumentação;
4. Fichas de Inspeções de Segurança de Barragens;
5. Registros dos testes de equipamentos hidráulicos, elétricos e
mecânicos, caso existam;
6. Relatórios de Inspeção de Segurança Regular (RISR)
7. Relatórios Conclusivos de Inspeção de Segurança Especial
8. Ciente do empreendedor ou de seu representante legal.
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:

IV. Volume IV - Revisão Periódica de Segurança de


Barragem

1. Resultado de inspeção detalhada e adequada do local da barragem e de suas estruturas


associadas;
2. Reavaliação dos projetos existentes, de acordo com os critérios de projeto aplicáveis à
época da revisão.
3. Reavaliação da categoria de risco e dano potencial associado;
4. Atualização das séries e estudos hidrológicos e confrontação desses estudos com a
capacidade dos dispositivos de vertimento existentes.
5. Reavaliação dos procedimentos de operação, manutenção, testes, instrumentação e
monitoramento;
6. Reavaliação do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração - PAEBM,
quando for o caso;
7. Revisão dos relatórios das revisões periódicas de segurança de barragem de anteriores;
8. Relatório Final do estudo; e
9. Declaração de Condição de Estabilidade
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:

V. Volume V - Plano de Ação de Emergência – PAEBM

1. Apresentação e objetivo do PAEBM;


2. Identificação e contatos do Empreendedor, do Coordenador do PAE e das
entidades constantes do Fluxograma de Notificações;
3. Descrição geral da barragem e estruturas associadas;
4. Detecção, avaliação e classificação das situações de emergência em níveis 1, 2
e/ou 3;
5. Ações esperadas para cada nível de emergência.
6. Descrição dos procedimentos preventivos e corretivos;
7. Recursos materiais e logísticos disponíveis para uso em situação de emergência:
8. Procedimentos de notificação (incluindo o Fluxograma de Notificação) e Sistema
de Alerta;
9. Responsabilidades no PAEBM (empreendedor, coordenador do PAE, equipe
técnica e Defesa Civil);
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:

V. Volume V - Plano de Ação de Emergência – PAEBM

10. Síntese do estudo de inundação com os respectivos mapas, indicação


da ZAS (Zona de Auto Salvamento) e ZSS (Zona de Segurança
Secundária) assim como dos pontos vulneráveis potencialmente afetados;
11. Declaração de Encerramento de Emergência, quando for o caso;
12. Plano de Treinamento do PAE;
13. Descrição do sistema de monitoramento utilizado na Barragem de
Mineração;
14. Registros dos treinamentos do PAEBM;
15. Relação das autoridades competentes que receberam o PAEBM e os
respectivos protocolos;
16. Relatório de Causas e Consequências do Evento em Emergência
Nível 3,
PLANO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS:

V. Volume V - Plano de Ação de Emergência – PAEBM

Zona de Autossalvamento - ZAS: região do vale à jusante da barragem em


que se considera que os avisos de alerta à população são da
responsabilidade do empreendedor, por não haver tempo suficiente
para uma intervenção das autoridades competentes em situações de
emergência, devendo-se adotar a maior das seguintes distâncias para a
sua delimitação: a distância que corresponda a um tempo de chegada da
onda de inundação igual a trinta minutos ou 10 km
Métodos Construtivos de Alteamento de Barragens

Gomes, 2009
ABNT/NBR 13028/1993: Elaboração e apresentação de projeto de
disposição de rejeitos de beneficiamento, em barramento, em
mineração

“Não se recomenda o alteamento de barragem pelo método

a montante”

Norma extremamente simplista de 1993

ABNT/NBR 13028/2017: revisão estabelecendo uma série de


critérios para alteamento a montante e linha de centro (material e
estudo de estabilidade ????)
Barragem de Alteamento a Montante

Rezende, 2013
Barragem de Alteamento da Montante

Rezende, 2013
PROJETOS E ESTUDOS MÍNIMOS

Fases Projetos e Estudos


Plano Diretor
Estudo de Viabilidade Técnica-Econômica
Modelo Conceitual
Planejamento
Projeto Básico
Projeto Ambiental (EIA/RIMA)
Projeto Executivo
“as Built” (como construído)
Instalação
Programas Ambientais
Plano de Operação
Operação Plano de Monitoramento
Plano de Ação Emergencial (Plano de Contingência)

Desativação Projeto de Fechamento da Mina (Descomissionamento)


MANIFESTO DOS SERVIDORES DA AGÊNCIA NACIONAL DE
MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS – ANM/MG

 “... em 25/01/2019, para chegarmos ao local um colega Especialista em


Recursos Minerais teve que abastecer a caminhonete com a qual se
deslocaria, utilizando recursos próprios para pagar o combustível,
devido à indisponibilidade de verba para esse fim na Gerência
Regional de Minas Gerais”.

 Estão disponíveis para a atividade de fiscalização, em toda Minas


Gerais, somente 10 (dez) caminhonetes (para todo setor de
fiscalização da ANM-MG);

 Temos, no total, apenas 04 (quatro) motoristas, dois deles na


iminência de se aposentarem e dois terceirizados que não são
motoristas profissionais;
MANIFESTO DOS SERVIDORES DA AGÊNCIA NACIONAL DE
MINERAÇÃO EM MINAS GERAIS – ANM/MG

O mais alarmante de tudo: quando o DNPM foi transformado em Autarquia


Federal, a Lei 8.876/1994, em seu artigo 5º, Parágrafo Único, determinou que
9,8% da verba arrecadada com a CFEM- Contribuição Financeira pela
Exploração de Recursos Minerais fosse repassada ao DNPM pelo MME –
Ministério de Minas e Energia. Essa regra se manteve com a criação da
Agência Nacional de Mineração. Porém, o montante devido nunca foi
repassado em sua íntegra e, além disso, foi sendo reduzido a cada ano.
PROPOSIÇÕES – Formação e Atividade Profissional
 Para ser profissional das Áreas de Engenharia e Geociências é preciso
que haja muito esforço

 Diretrizes Curriculares mais Rígidas que foque na qualidade da formação


(Estágio e Iniciação Científica com cargas obrigatórias elevadas), com
critérios mínimos

 Exame de Ordem – Combater Cursos de Baixa Qualidade

 Experiência profissional – ser incorporada na concessão de atribuições


profissionais (Certificação Profissional com base em formação e
experiência)

 Registro Profissional Renovável a cada 5 anos


PROPOSIÇÕES – Fiscalização e Legislação

 Manter corpo técnico qualificado nos órgãos de fiscalização (ANM,


ANA, ANEEL, órgãos estaduais), com mestrado e doutorado na
área de Geotecnia de Barragens (Programa Permanente de
Qualificação do Corpo Técnico) – Precisam ser Exemplos e
Referência para o Mercado

 Fiscalização Integrada e não setorial (Criação de Índice de


Vulnerabilidade de Bacias Hidrográficas à Barragens): barragens
em cascata (implantar real do SISNAMA Integrado)

 Condições adequadas para os órgãos fiscalizadores trabalharem


(estrutura, material e recursos humanos) – responsabilização
criminal e cível de gestores públicos e privados
PROPOSIÇÕES – Fiscalização e Legislação

 Criação de critérios para focar fiscalização de


Empreendimentos e Obras de Maiores Risco – Usar Melhor a
ART (Categorias de Risco)

 Obras de Alto Risco e Dano Associado – Projeto elaborado por


equipes multidisciplinares e auditados por profissionais
certificados

 Estabelecer critérios mais rígidos para implantação de novas


barragens no país (avaliação e revisão periódica dos critérios)
PROPOSIÇÕES – Políticas Públicas

 Criação do Conselho Nacional de Mineração:


Discussão do setor mineral a longo prazo, estabelecendo planejamento
estratégico com diferentes atores da sociedade. E integração com
demais Conselhos Nacionais

 Implementação de Política Permanente de Pesquisa,


Desenvolvimento de Inovação (PD&I) para o setor
mineral:
Desenvolvimento de novas tecnologias para o setor, como por exemplo,
reuso de rejeitos e novas técnicas de disposição de rejeitos e estéril
www.febrageo.org.br/progeo2019

Muito obrigado a todos

presidencia@febrageo.org.br

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