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ICMS/SP - Imunidade tributária

Procedimento Atualizado: Em face da publicação da Portaria CAT nº 114/2010, este procedimento foi
atualizado. Subtópico atualizado: 2.1 Papel destinado à impressão de livro, jornal ou periódico. Este
procedimento foi revitalizado em 21.08.2017 para inclusão do quadro sinótico.
Resumo: Este procedimento dispõe sobre os aspectos relacionados à imunidade tributária e o seu
respectivo tratamento tributário previsto na legislação do ICMS inclusive com decisões judiciais a
respeito do tema.
Sumário
1. Quadro sinótico

2. Imunidade tributária

3. Não-incidência do ICMS

    3.1 Papel destinado à impressão de livro, jornal ou periódico

4. Livros, jornais e periódicos

    4.1 Consultoria Tributária da Secretaria da Fazenda

    4.2 Livros editados em CD-ROM

    4.2.1 Jurisprudência

    4.2.1.1 Supremo Tribunal Federal (STF)

5. Entidades de educação e de assistência social

    5.1 Incidência do ICMS


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1. Quadro sinótico
Veremos neste texto, as principais regras de aplicação da imunidade tributária aplicada ao ICMS, cujas
informações sintetizamos no quadro a seguir:
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IMUNIDADE TRIBUTÁRIA
Imunidade é a vedação à instituição de imposto, estabelecida em
Definição sede constitucional, de natureza estática (permanente) e só pode ser
  revogada ou modificada por meio de emenda à Constituição Federal .
 
Hipóteses de não incidência do O imposto não incide sobre:
ICMS paulista com base na a) a saída e o correspondente retorno de equipamentos e materiais,
Constituição Federal/1988 promovidos por pessoa ou entidade a seguir indicadas, utilizados
  exclusivamente nas operações vinculadas às suas atividades ou
finalidades essenciais:
a.1) a União, os Estados e os Municípios, inclusive autarquias e
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
a.2) os templos de qualquer culto;
a.3) os partidos políticos e suas fundações, as entidades sindicais dos
trabalhadores e as instituições de educação ou de assistência social,
atendidos os requisitos da lei;
b) a operação ou prestação que envolva livro, jornal ou periódico ou o
papel destinado à sua impressão.
 
A imunidade se aplica ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos
Imunidade para livro eletrônico suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo e os componentes
(e-book) - Posição do STF eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática
  com fascículos.
 

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2. Imunidade tributária
A imunidade tributária se exterioriza pela vedação à instituição de impostos pelos entes tributantes, é
de ordem constitucional e não pode ser objeto de instituição por disposição infraconstitucional.
Diversamente do conceito de isenção, a imunidade pode ser entendida como vedação à instituição de
imposto, estabelecida em sede constitucional, de natureza estática (permanente) e só pode ser
revogada ou modificada por meio de emenda à Constituição Federal. Enquanto a imunidade veda a
instituição de imposto, a isenção se manifesta pela dispensa legal da exigência tributária e pode ser de
natureza transitória (temporária), tendo em vista que, a critério da autoridade que a concede, pode ser
revogada a qualquer momento, por intermédio, em ambos os casos (concessão e revogação), de lei
ordinária, baseada em Convênio ICMS.
A imunidade, como providência constitucional que impede a incidência tributária, também é
denominada hipótese de não-incidência constitucionalmente qualificada.
Em nosso sistema jurídico-tributário, a imunidade está prevista, precipuamente, no art. 150 , VI, da
Constituição Federal de 1988 , que dispõe:
"Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
...
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros (imunidade recíproca, baseada no princípio da isonomia
entre os entes constitucionais);
b) templos de qualquer culto (imunidade baseada no direito inviolável da liberdade de consciência e de
crença, nos termos do art. 5º, VI a VIII, da CF/1988);
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei (imunidade política, tendo em vista que protege valores constitucionais básicos, de interesse
social, com objetivos extrafiscais);
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão (art. 5º, IX e XIV, da CF/1988 , dispõe que
é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de
censura ou licença e que é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional);
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais
de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes
materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas
de leitura a laser.
...
§ 2º - A vedação do inciso VI, a, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados às suas finalidades essenciais ou
às delas decorrentes.
§ 3º - As vedações do inciso VI, a, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos
serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas por normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo
usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativo ao bem imóvel.
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, compreendem somente o patrimônio, a renda e os
serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nela mencionadas.
......"
Quanto à disciplina de matéria que concede imunidade tributária aos impostos de competência da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dispõem os incisos II e III do art. 146 da
CF/1988 que cabe à lei complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar e
estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre definição de
tributos e suas espécies, fatos geradores, bases de cálculo, contribuintes, obrigação, lançamento,
crédito, prescrição, decadência etc.
A Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional), foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988 ,
assumindo o status de lei complementar, a ela cabendo, portanto, conforme enunciado no inc. III do art.
146 citado, estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária.
Desse modo, os requisitos exigidos pela lei, a que se refere a alínea "c" do inc. VI do art. 150 da
CF/1988 , relativamente à imunidade de impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos
partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, são os estabelecidos no art. 14 do CTN , quais
sejam (veja, ainda, o item 5 desse texto):
a) não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
b) aplicar integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;
c) manter escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes
de assegurar sua exatidão.
( Constituição Federal de 1988 , arts. 146 , II e III; 150, VI, "a" a "d", §§ 2º a 4º, e Lei nº 5.172/1966 -
Código Tributário Nacional , art. 14 , caput, I a III)
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3. Não-incidência do ICMS
Nos termos do art. 7º, VII, "a" a "c", XIII, § 4º, do RICMS-SP/2000 , o imposto não incide sobre:
a) a saída e o correspondente retorno de equipamentos e materiais, promovidos por pessoa ou
entidade a seguir indicadas, utilizados exclusivamente nas operações vinculadas às suas atividades
ou finalidades essenciais:
a.1) a União, os Estados e os Municípios, inclusive autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público;
a.2) os templos de qualquer culto;
a.3) os partidos políticos e suas fundações, as entidades sindicais dos trabalhadores e as instituições de
educação ou de assistência social, atendidos os requisitos da lei;
b) a operação ou prestação que envolva livro, jornal ou periódico ou o papel destinado à sua
impressão.
 Notas
(1) Os requisitos da lei de que trata a letra "a.3" são, em essência, os especificados no art. 14 do
Código Tributário Nacional , Lei nº 5.172/2006 (veja parte final do item 2 e o item 5).
(2) A Portaria CAT nº 26/1999 estabelece competência para o reconhecimento de isenções e de
imunidades em relação aos tributos estaduais. O art. 1º dessa Portaria dispõe que as isenções e as
imunidades, relativas a tributos estaduais, cuja efetivação dependa de prévio reconhecimento do
Fisco, serão declaradas em ato específico expedido em decorrência de requerimento do
interessado, instruído com os documentos exigidos pela legislação tributária.
(3) O Decreto nº 55.308/2009 dispõe que a não incidência do imposto sobre as operações com o
papel destinado à impressão de livro, jornal ou periódico, a que se refere o inciso XIII do art. 7º do
RICMS-SP/2000 , dependerá de prévio reconhecimento pelo Fisco, nos termos de disciplina
estabelecida pela Secretaria da Fazenda.
( RICMS-SP/2000 , art. 7º , VII, "a" a "c", XIII, §§ 4º e 6º; Decreto nº 55.308/2009 ; Portaria CAT nº
26/1999 )
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3.1 Papel destinado à impressão de livro, jornal ou periódico


A Portaria CAT nº 14/2010 disciplinou o reconhecimento da não incidência do imposto nas operações
com papel destinado à impressão de livro, jornal ou periódico e instituiu o Sistema de Reconhecimento e
Controle das Operações com o Papel Imune (Recopi).
O pedido de credenciamento dos contribuintes no Recopi poderá ser efetuado mediante acesso ao site
https://www.fazenda.sp.gov.br/RECOPI.
Para efetuar o credenciamento, o contribuinte deverá informar os dados solicitados por ocasião do
acesso ao Sistema Recopi, devendo imprimir, em 2 vias, o formulário gerado pelo sistema que deverá
ser apresentado ao posto fiscal de vinculação do estabelecimento matriz ou de outro do mesmo titular,
eleito em razão da preponderância de operações realizadas com a não incidência do imposto, instruído
com os documentos exigidos.
Sem prejuízo dos demais requisitos previstos na legislação, na hipótese de operação de remessa ou de
importação a qualquer título realizada por contribuinte deste Estado, o número de registro de controle
da operação, concedido por meio do Sistema Recopi, deverá ser indicado no campo "Informações
Complementares" da nota fiscal, com a expressão "Não incidência do ICMS - Art. 7º, inciso XIII, do
RICMS/2000 - Registro de Controle da Operação no Sistema Recopi nº...".
Na hipótese em que a operação seja acobertada por Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), modelo 55, sem
prejuízo dos demais requisitos previstos na legislação, em se tratando de contribuinte que emita esse
documento por meio de:
a) "Emissor Gratuito de NF-e", disponível para download no site
http://www.emissornfe.fazenda.sp.gov.br/, indicar:
a.1) no campo "Nome do Campo" da subpasta "Observações do Contribuinte" da pasta "Informações
Adicionais", com a expressão "Recopi";
a.2) no campo "Observação" da subpasta "Observações do Contribuinte" da pasta "Informações Adicionais",
com o número de registro de controle da operação gerado pelo Sistema Recopi;
a.3) no campo "Código" da subpasta "Dados" da pasta "Produtos e Serviços", com o código do
correspondente tipo de papel informado, nos termos do Anexo I da Portaria CAT nº 14/2010 ;
b) software próprio, indicar:
b.1) no campo Z05 (xCampo) do subgrupo Z04 (obsCont) do grupo Z (Informações Adicionais da NF-e),
com a expressão "Recopi";
b.2) no campo Z06 (xTexto) do subgrupo Z04 (obsCont) do grupo Z (Informações Adicionais da NF-e), com
o número de registro de controle da operação gerado pelo Sistema Recopi;
b.3) no campo I05 (NCM) do subgrupo I04 (xProd) do grupo I (Produtos e Serviços da NF-e), com o código
da NCM com 8 posições, do correspondente tipo de papel informado, nos termos do Anexo I da Portaria
CAT nº 14/2010 .
O contribuinte credenciado deverá informar mensalmente, até o dia 15 do mês subsequente,
relativamente a cada um dos estabelecimentos credenciados, mediante preenchimento de dados no
módulo de controle de estoques do Sistema Recopi, as quantidades totais, em quilogramas, por tipo de
papel, de acordo com a codificação indicada no Anexo I da Portaria CAT nº 14/2010 , relativas aos
saldos inicial e final, às entradas e saídas a qualquer título ocorridas no período, às utilizações na
impressão de livro, jornal ou periódico e às eventuais perdas ou outros eventos previstos no Sistema.
(Portaria CAT nº 14/2010 )
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4. Livros, jornais e periódicos
Os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão estão amparados pela imunidade
tributária na forma do art. 150, VI, "d", da Constituição Federal. No âmbito estadual, as operações e
prestações que envolvam esses produtos (veja letra "b" do item precedente) estão ao abrigo da não-
incidência do ICMS, de acordo com o art. 7º , XIII, do RICMS-SP/2000 .
Reproduzimos, a seguir, texto da Súmula nº 657 do Supremo Tribunal Federal (STF) que versa sobre o
assunto:
"Súmula 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos."
( Constituição Federal de 1988 , art. 150 , VI, "d"; Súmula nº 657 do STF, e RICMS-SP/2000 , art. 7º ,
XIII)
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4.1 Consultoria Tributária da Secretaria da Fazenda


Transcrevemos, a seguir, respostas da Consultoria Tributária da Secretaria da Fazenda, que versam
sobre o tema:
ICMS - Imunidade - Papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos - Saída destinada a
empresa distribuidora - Considerações
Resposta à Consulta nº 79/2006, de 5 de abril de 2006
1. A Consulente informa importar e receber em transferência, de sua fábrica estabelecida no Estado do
Paraná, papel para a impressão de livros, jornais e periódicos, e o revender em todo o território nacional,
para clientes que editam as referidas mercadorias, bem como gráficas e outras distribuidoras.
2. Após se reportar às Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal nos 71/2001 e 101/2001, por
meio das quais tornou-se obrigatório o cumprimento de diversas obrigações acessórias, perante o fisco
federal, por empresas que realizam operações com papel ao abrigo da imunidade tributária, incluindo
registro em cadastro especial e a entrega da Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de
Papel Imune, a Consulente formula as indagações transcritas a seguir:
"a) Uma vez tratar-se de imunidade objetiva do papel destinado a impressão de livros, jornais e periódicos,
independente da quantidade de operações na cadeia comercial que acontecerão antes de ser efetivamente
empregado na produção de produto imune, a sua saída para empresas distribuidoras será beneficiada com a
não-incidência do ICMS, conforme o artigo 7º, inciso XIII, do RICMS-SP?
b) Em caso negativo, existe norma legal ou sequer regulamentar que determine que a imunidade
constitucional ou a não-incidência, conforme o artigo 7º, inciso XIII, do RICMS-SP , somente tem
aplicação no caso de a empresa destinatária ser fabricante de livros, jornais e periódicos?"
3. Registre-se, inicialmente, que, em mais de uma decisão, o Supremo Tribunal Federal assinalou que o
benefício constitucional alcança o papel utilizado diretamente no processo industrial de impressão de
jornais, livros e periódicos (neste sentido, entre outras decisões, destacam-se: Ac do STF - Pleno - mv - RE
174.476-6/SP - Rel. Min. Marco Aurélio - j 26.09.96; e Ac un. da 1ª T do STF - RE 174.897-4/SP - Rel.
Ministro Sidney Sanches - j 1º.09.98).
4. Isso posto, por coerência, interpretamos as normas que dispõem sobre a imunidade em tela no sentido de
que o ICMS deve incidir normalmente sobre as saídas de papel com destino a empresas distribuidoras,
considerando-se que, por ocasião de tais saídas, não nos parece possível estabelecer se o papel será
posteriormente revendido a terceiro que efetivamente o empregue na impressão de livros, jornais ou
periódicos ou em outra finalidade.
5. Quanto à segunda indagação, esclarecemos que a orientação supra não se encontra expressamente
disposta em nenhum dispositivo legal ou regulamentar, porém decorre da interpretação que se nos afigura a
mais coerente.
Maria Alice Formigoni,
Consultora Tributária.
De acordo. Elaise Ellen Leopoldi.
Consultora Tributária Chefe - 3º ACT.
De acordo.
Guilherme Alvarenga Pacheco.
Diretor Adjunto da Consultoria Tributária.
Operações com revistas - Imunidade constitucional - Casos de incidência sobre a publicidade nas
revistas
Resposta à Consulta nº 40/2001, de 02 de março de 2001
1. A Consulente é empresa prestadora de serviços de comunicação, que tem por objeto "o fornecimento de
sinais de televisão repetidos via satélite, produção, distribuição, importação e exportação de programas de
televisão, próprios e/ou de terceiros, importação de equipamentos e peças de reposição, para uso próprio,
prestação de demais serviços relacionados com sistemas de transmissão, recepção e distribuição de sinais e
programas de televisão, participação em outras sociedades" (art. 3º do Estatuto Social).
2. Esclarece que "edita e vende, em paralelo, a seus assinantes ou ao público, uma revista impressa,
abordando, preponderantemente, temas em torno da programação veiculada nos canais de seus sistemas de
televisão por assinatura", a qual "contém publicidade paga pelos anunciantes" e pergunta se a publicidade
veiculada na revista é tributada pelo ICMS. Citando a Constituição Federal e a jurisprudência, "registra
seu entendimento de que a veiculação de publicidade na revista de programação fornecida pela Consulente
aos seus assinantes é imune à incidência do ICMS, tendo em vista que é um periódico".
3. Não incide o ICMS sobre vendas de revistas, ex vi do disposto no art. 150, VI, "d", da Constituição
Federal de 1988 .
4. Contudo, somente afasta a incidência do imposto a observação rigorosa da correta classificação do
produto como "revista".
5. Revistas são publicações periódicas, de características bem definidas, dedicadas a ramos do
conhecimento, ou então à miscelânea das atualidades, contêm artigos de jornalistas ou colunistas, e
eventualmente podem dizer respeito a entidades ou institutos em particular. Não são, em essência, veículos
com propósitos de propaganda, que caracterizam os catálogos, os quais, pela sua finalidade comercial,
normalmente relacionam produtos ou oferecem serviços, geralmente de forma desconexa, e sobre os quais
incide normalmente o ICMS.
6. Relativamente à veiculação de publicidade em revistas, nem sempre estão abrigadas pela proteção
constitucional.
7. Somente a publicidade compreendida na própria editoração e paginação da revista, que se encontra lado a
lado com os textos, é imune ao ICMS.
8. Os impressos e materiais, que são distribuídos com as revistas, não se confundem com elas. Incide
normalmente o imposto pela prestação de serviço de comunicação, que se dá pela inserção e distribuição de
encartes publicitários, soltos ou anexados (grampeados) à revista, qualquer que seja seu material de
veiculação, desde que nela colocados não compreendidos no trabalho de editoração e paginação,
propriamente ditos.
9. A incidência do imposto, sobre o serviço de comunicação não afastado pela norma constitucional, decorre
da previsão legal do art. 1º, inc. III, da Lei nº 6.374/89 , na redação dada pela Lei nº 10.619/00 .
10. Portando, exceto pela ocorrência dos fatos expostos nos itens 7 a 9 desta Resposta, as revistas,
caracterizadas conforme o item 5 desta Resposta, estão imunes à incidência do ICMS, de acordo com o
preceito contido no art. 150, VI, "d", da Constituição Federal de 1988 .
Fernando Batlouni Mendroni,
Consultor Tributário.
De acordo.
Cirineu do Nascimento Rodrigues,
Diretor da Consultoria Tributária.
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4.2 Livros editados em CD-ROM


Os livros, jornais ou periódicos editados em CD-ROM, de acordo com a Resposta à Consulta nº
651/1996 publicada pela Consultoria Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, não
estão contemplados pelo benefício da não-incidência, sendo normalmente tributados pelo ICMS; no
entanto, há entendimento contrário, conforme descrição contida no subitem 4.2.1 a seguir.
(Resposta à Consulta nº 651/1996)
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4.2.1 Jurisprudência
Há linha de interpretação defendida por tributaristas no sentido de que os livros, jornais e periódicos
editados em CD-ROM e similares estão contemplados pela imunidade constitucional da mesma forma
que os editados do modo tradicional (impresso).
Nesse sentido, segundo ensina José Souto Maior Borges e consoante entendimento adotado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), a imunidade é ampla, ao contrário do que ocorre nos casos de isenção,
em que, por força do CTN , art. 111 , II, a disposição a ela correspondente deve ser interpretada
literalmente. Nesse contexto, esse autor cita ementa de decisão proferida pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) no Recurso Extraordinário nº 102.141, a qual expressa: "Em se tratando de norma
constitucional relativa às imunidades tributárias genéricas, admite-se a interpretação ampla, de modo a
transparecerem os princípios e postulados nela consagrados".
Na esfera judiciária, várias decisões já foram proferidas (pela Sexta e pela Oitava Câmaras de Direito
Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, entre outras respectivamente), no sentido de
que a imunidade contempla os livros, os jornais ou periódicos editados eletronicamente, uma vez que,
embora a Constituição refira-se apenas aos livros, a obra gravada em disquetes tem o mesmo valor da
edição impressa.
A Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região também decidiu, do mesmo modo, por
unanimidade, sob o aspecto de que a imunidade constitucional contempla os livros, os jornais e os
periódicos editados em CD-ROM.
Para conhecimento, divulgamos, a seguir, a íntegra da referida decisão:
Apelação Cível nº 1998.04.01.090888-5/SC
Relator: Juiz João Pedro Gebran Neto
Apelante: União Federal/Fazenda Nacional
Advogado: ...................................................
Apelado: ......................................................
Advogado: .................................................
Remetente: Juízo Federal da 5ª Vara Federal de Florianópolis/SC
Ementa: Constitucional - Tributário - Imunidade - Jornal - "CD-ROM".
1 - O fato de o jornal não ser feito de papel, mas veiculado em "CD-ROM", não é óbice ao reconhecimento da
imunidade do art. 150, VI, d, da CF, porquanto isto não o desnatura como um dos meios de informação
protegidos contra a tributação.
2 - Interpretação sistemática e teleológica do texto constitucional, segundo a qual a imunidade visa a dar
efetividade aos princípios da livre manifestação de pensamento, de expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, de acesso à informação e aos meios necessários para tal, o que
deságua, em última análise, no direito de educação, que deve ser fomentado pelo Estado visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho,
havendo liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber (art. 5º, IV, IX,
XIV, 205, 206, II, etc.).
3 - Apelo e remessa oficial improvidos.
Acórdão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Segunda Turma do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao apelo e à remessa oficial
nos termos do relatório e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 03 de agosto de 2000.
Juiz João Pedro Gebran Neto
Relator
Relatório
Trata-se de ação ordinária de repetição de indébito pela qual se busca a restituição de valores recolhidos a
título de imposto de importação incidente sobre operação que teve por objeto jornal alemão em forma de
"CD-ROM". Alega, em síntese, que o art. 150, VI, d, da Carta Política prescreve imunidade para os jornais,
livros e periódicos, e que a importação de cópia única de programa de computador, destinado à utilização
exclusiva do usuário final é isenta de qualquer tributo, nos termos do art. 30, da Lei nº 7.646/87 .
A União contestou o feito levantando a preliminar de carência de ação e, no mérito, aduzindo que a
imunidade não se direciona a programas "CD-ROM", mas a livros, jornais e periódicos em seu sentido
literal. Afirmou também que a Lei nº 7.646/87 não trata de matéria tributária, mas apenas da proteção de
programas de computador e de sua comercialização no País.
Sobreveio sentença que rejeitou a preliminar e, no mérito, julgou procedente a ação.
Apela a União reprisando as razões da contestação.
Sem contra-razões, subiram os autos a esta Corte também por força da remessa de ofício, havendo
manifestação ministerial pela reforma do julgado.
É o relatório. Peço pauta.
Juiz João Pedro Gebran Neto
Relator
Voto
1 - A questão deve ser reexaminada por força da remessa ex officio.
Não prospera a preliminar de carência de ação posta em contestação, já que esta mesma peça tratou de
deixar evidente a relutância do Fisco em admitir a tese do autor, tornando, portanto, manifesto que seria
infrutífero o ingresso na via administrativa. As razões da Administração demonstram a existência do
interesse de agir no caso em testilha, não se cogitando da extinção prematura do processo, sem análise do
mérito, até por medida de economia processual, uma vez que é inarredável a configuração da lide. Ademais,
o simples fato de o autor não ter requerido administrativamente a devolução do montante recolhido não
constitui óbice ao processamento do feito, pois não está o contribuinte jungido a este procedimento, tendo a
liberdade de acionar desde logo o Judiciário.
2 - A questão de fundo é de simples indagação. Circunscreve-se em perquirir o alcance do preceito
imunizante insculpido no art. 150, VI, d, da Carta Maior, vazado nestes termos:
"Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão."
Tenho que a análise deve partir da premissa de que as limitações ao poder de tributar expressas no art. 150
da Constituição atingem pontos nodais da relação entre o Estado tributante e o contribuinte. Todas elas têm
escopos bem nítidos e, por isso, antes de o intérprete lançar mão de inteligência literal dos dispositivos, deve
ter em mente os fins colimados pela norma, promovendo assim exegese teleológica e sistemática, pautada
pelo todo constitucional e pela mens leges.
Nesse toar, tomando-se especificamente o próprio inciso VI do art. 150, nota-se que todas as garantias
(imunidades) ali outorgadas estão umbilicalmente ligadas aos princípios e fins plasmados na Constituição
Federal .
Tem-se, portanto, que: a alínea a, ao vedar a tributação do patrimônio, renda ou serviços de um ente da
federação por outros, consagra a essência do princípio federativo e da autonomia dos Estados-membros e
dos Municípios (arts. 1º, 18, 25, 29, 34, 35, 60, § 4º, etc.); a alínea b, ao impedir a tributação de templos de
qualquer culto, trata da liberdade de religião, expressando ao mesmo tempo que o Brasil é um Estado laico,
que não intervirá nas cerimônias religiosas e nos locais de sua realização, seja para impor restrições,
tributárias ou não, ou para subvencioná-las (arts. 5º, IV e VI, 19, I, etc.); a alínea c veda a tributação do
patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, sendo reflexo imediato do pluralismo político, Estado
democrático, liberdade partidária e de associação, inclusive sindical (art. 1º, caput, V, parágrafo único, 5º,
XVII, 8º, 17), primado da educação, da saúde e da assistência social como direito de todos e dever do Estado
(art. 6º, 196, 197, 203, 205, etc.); e, por fim, a alínea d, objeto da presente análise, que imuniza
expressamente os livros, jornais e periódicos, bem como o papel destinado a sua impressão, visa a dar
efetividade aos princípios da livre manifestação de pensamento, de expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, de acesso à informação e aos meios necessários para tal, o que
deságua, em última análise, no direito de educação, que deve ser fomentado pelo Estado visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho,
havendo liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber (art. 5º, IV, IX,
XIV, 205, 206, II, etc.).
De outro lado, é extremamente atual a discussão trazida à baila, razão pela qual deve ser dirimida à luz da
conjuntura contemporânea, pois desde a promulgação da Carta de 1988 o Brasil experimentou notável
avanço no que atine aos meios de divulgação e apreensão de informações, sendo cediço que o constituinte
nem de longe previa a facilidade de acesso aos meios informatizados de livre manifestação e recepção de
idéias e conhecimentos que se tem hodiernamente.
A imunidade em questão é primeiramente direcionada aos livros, jornais e periódicos, e apenas
acessoriamente ao papel destinado a sua impressão. O texto constitucional em nenhuma passagem diz que
os veículos de informação deverão ser necessariamente impressos em papel para gozar do benefício.
Como assenta oportunamente Tércio Sampaio Ferraz Júnior, se, por exemplo, o livro é imune, não cabe, aí
sim, ao exegeta distinguir onde a norma não distinguiu, isto é, não lhe cabe decompor o livro nos seus
elementos materiais e imateriais, para aceitar alguns e excluir outros. Afinal, imune é o livro, com tudo o que
compõe. Sua imunidade é autônoma em relação ao papel, embora possa ser reconhecido que a imunidade do
papel, porque acessória, não é autônoma em relação ao livro, ao periódico e ao jornal (Cadernos de Direito
Tributário e Finanças Públicas, Livro Eletrônico e Imunidade Tributária, p. 36).
Portanto, tenho que o simples fato de o jornal não ser feito de papel não é óbice ao reconhecimento da
imunidade, porquanto não o desnatura como um dos veículos de informação protegidos contra a tributação.
Anoto, finalmente, que a tese aqui esposada não se desalinha dos precedentes do Supremo Tribunal Federal
(RE 190.761 e 174.476), no sentido de que a imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição
Federal , está restrita, no que tange a equipamentos e insumos destinados à impressão de livros, jornais e
periódicos, ao papel ou qualquer outro material assimilável a papel, utilizado no processo de impressão. Não
se trata aqui de tributo incidente sobre equipamentos ou insumos destinados à impressão do jornal, mas sim
de exação que se pretende fazer gravar o próprio jornal materializado no "CD-ROM" importado.
Tal entendimento vem sendo adotado na 2ª Região, consoante o seguinte aresto:
Ementa
"Constitucional e Tributário - Imunidade - CD-ROM".
Livros impressos em papel, ou em "CD-ROM", são alcançados pela imunidade da alínea "d" do inciso VI do
art. 150 da Constituição Federal . A Portaria MF 181/89 - na qual se pretende amparado o ato
impugnado - não determina a incidência de Imposto de Importação e IPI sobre disquetes, "CD-ROM", nos
quais tenha sido impresso livros, jornais ou periódicos. Remessa necessária improvida. (REO 98.0202873-
8/RJ, 4ª T., Rel. Juiz Rogério Carvalho, DJU 18.03.99, p. 000120)
3 - Ante o exposto, voto pelo improvimento do apelo e da remessa oficial.
Juiz João Pedro Gebran Neto
Relator
(Reprodução do acórdão conforme íntegra obtida junto ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região;
ementa publicada no DJU-e 2 de 25.10.2000, p. 349)
.

4.2.1.1 Supremo Tribunal Federal (STF)


O Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar os Recursos Extraordinários nºs 330817 e 595676, com
repercussão geral, decidiram que a imunidade se aplica ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos
suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo e os componentes eletrônicos destinados,
exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos.
Reproduzimos a seguir as mencionadas decisões:
RE 330817 - O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 593 da
repercussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "A imunidade
tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos
suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo".
RE 595676 - O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 259 da
repercussão geral, conheceu do recurso extraordinário e negou-lhe provimento e fixou a seguinte tese: "A
imunidade da alínea d do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal alcança componentes
eletrônicos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos".
.
5. Entidades de educação e de assistência social
Para efeito do disposto no art. 150, VI, "c", da Constituição, considera-se imune a instituição de
educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os
coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem
fins lucrativos.
Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações
financeiras de renda fixa ou de renda variável. Para o gozo da imunidade, as instituições mencionadas
estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos:
a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados;
b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos
sociais;
c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades
que assegurem a respectiva exatidão;
d) conservar em boa ordem, pelo prazo de 5 anos, contado da data da emissão, os documentos
que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização
de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial;
e) apresentar, anualmente, declaração de rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da
Secretaria da Receita Federal do Brasil;
f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição
para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí
decorrentes;
g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo
da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a
órgão público;
h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das
entidades de educação e de assistência social.
(Lei nº 9.532/1997 , art. 12 )
.

5.1 Incidência do ICMS


Transcrevemos, a seguir, texto da Resposta à Consulta nº 510/2006 da Consultoria Tributária da
Secretaria da Fazenda, que esclarece sobre a incidência do ICMS no caso que especifica:
ICMS - Saída de mercadoria adquirida por entidade beneficente - Incidência do imposto
Resposta à consulta tributária nº 510/2006, de 11 de setembro de 2006
1. A Consulente informa comercializar, entres outros produtos, projetores multimídia e telas de projeção e
tem, como uma de suas clientes, uma associação - "pessoa jurídica de direito privado de fins não lucrativos,
filantrópica educacional e de assistência social com sede em Porto Alegre/RS".
2. Relata que essa associação recentemente "pleiteou a isenção (ou imunidade) do ICMS" sobre as
mercadorias que viesse a adquirir "para incorporar a seu ativo imobilizado", com base no artigo 14 do CTN
c/c o artigo 150 , VI da Constituição Federal de 1988 , uma vez que é "possuidora de certificado
filantrópico e reconhecida como sendo de utilidade pública municipal, estadual e federal".
3. Aduz, ainda, que:
"Para consubstanciar o pedido de isenção do ICMS a associação (...) enviou à consulente cópia de certidão
expedida pela 5ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central da Comarca de Porto Alegre atestando que, em
ação declaratória proposta pela própria Associação (...) contra o Estado do Rio Grande do Sul, a sentença
definitiva lhe fora favorável declarando "a inexigibilidade do ICMS sobre a aquisição de mercadorias, bens e
equipamentos destinados ao uso e consumo e que compõe o ativo imobilizado da autora e de suas mantidas,
com fulcro no artigo 14 do CTN , c/c 150, VI da CF/88" (trecho extraído da certidão).
Junto vieram cópias de ofícios enviados pelo Juiz de direito daquela Vara Pública para o Secretário da
Fazenda Estadual daquele Estado do Rio Grande do Sul e para a Secretaria da Receita Federal (Alfândega
Aeroporto Salgado Filho), comunicando da reconhecida inexigibilidade do ICMS, bem como cópia de ofício
emitido pelo diretor presidente daquela entidade esclarecendo o mesmo fato".
4. Como, em seu entendimento, essa sentença produz seus efeitos somente em relação ao Fisco Estadual do
Rio Grande do Sul, a Consulente indaga:
"1) Está correto o entendimento adotado, de que a sentença judicial em questão não se aplica ao Estado de
São Paulo e, portanto, eventual venda de equipamentos feita pela consulente, para aquela associação, deverá
ser tributada pelo ICMS pela alíquota normal, prevista para vendas a consumidor final?
2) Caso contrário, qual seria o entendimento correto e como proceder quanto à emissão da nota fiscal em
relação ao ICMS que deixaria de ser recolhido?
3) Há, na legislação do ICMS do Estado de São Paulo, previsão de isenção ou não-incidência desse tributo
que possa vir a beneficiar a Associação (...............) sendo ela pessoa jurídica de direito privado, entidade sem
fins lucrativos, possuidora de certificado filantrópico e reconhecida como sendo de utilidade pública
municipal, estadual e federal?'
5. Esclarecemos que este Órgão Consultivo tem entendido, em análise aos critérios estabelecidos pelo artigo
150, inciso VI, alínea "c", e § 4", da Constituição Federal , que esse dispositivo constitucional proíbe, tão-
somente, a cobrança de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços das entidades ali especificadas,
entre as quais se encontram as instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos.
5.1. A imunidade constitucional referida é prevista apenas para as hipóteses que gravam diretamente o
patrimônio, a renda e os serviços dessas entidades, como acontece com o Imposto Territorial e Predial
Urbano (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que recaem sobre o
patrimônio, ou com o Imposto de Renda - Pessoa Jurídica, que grava a renda auferida em determinado
período. Ressalte-se que, nestes casos, a imunidade será aplicada quando o objeto da obrigação tributária, a
ser afastada, estiver necessariamente relacionado com as finalidades essenciais da entidade.
5.2. Já o ICMS, afora as prestações de serviços de transporte intermunicipal e interestadual e de
comunicação, tem como objeto as operações relativas à circulação de mercadorias, não se enquadrando,
assim, no conceito de impostos sobre o patrimônio, a renda e serviços.
5.3. Nesse sentido, afirmamos que a saída de mercadoria adquirida por essas entidades beneficentes é uma
situação fática não favorecida pelas hipóteses de imunidade constitucional ali referidas (ainda que a
posteriori essa mercadoria venha a fazer parte do ativo imobilizado da entidade, no momento da saída do
estabelecimento vendedor ela é uma mercadoria). Conseqüentemente, nessa operação será exigida a
cobrança do ICMS - exceto em relação à operação amparada por isenção, expressamente prevista na
legislação tributária desse imposto.
6. Essa interpretação encontra respaldo nas reflexões do Professor Sacha Calmon Navarro Coêlho, em sua
obra: "Comentários à Constituição de 1988 - Sistema Tributário", 6ª edição, página 349, manifestadas nos
seguintes termos:
"A imunidade das instituições de educação e assistência social as protege da incidência do IR, dos impostos
sobre o patrimônio e dos impostos sobre serviços, não de outros, quer sejam as instituições contribuintes de
jure ou de facto. Destes outros só se livrarão mediante isenção expressa, uma questão diversa. (...)" (n.g.)
7. Por fim, responde-se às questões na ordem em que foram apresentadas:
7.1. Sim, cabendo lembrar que as decisões dos tribunais, de acordo com o artigo 472 do Código de
Processo Civil , têm validade apenas entre as partes.
7.2. Prejudicada.
7.3. As hipóteses de isenção estão listadas no Anexo I do RICMS/2000, cabendo aos interessados a devida
análise de adequação da situação fática à hipótese da norma.
Denise Maria de Sousa Cirumbolo - Consultora Tributária.
De acordo. Elaise Ellen Leopoldi - Consultora Tributária Chefe - 3º ACT.
Guilherme Alvarenga Pacheco - Diretor Adjunto da Consultoria Tributária
(Resposta à Consulta nº 510/2006)
Legislação Referenciada
consulta tributária nº 510/2006
RICMS-SP/2000
Decreto nº 55.308/2009
Lei nº 10.619/00
Lei nº 5.172/1966
Lei nº 5.172/2006
Lei nº 6.374/89
Lei nº 7.646/87
Lei nº 9.532/1997
Portaria CAT nº 14/2010
Portaria CAT nº 26/1999
Portaria MF 181/89
Resposta à Consulta nº 40/2001
Resposta à Consulta nº 510/2006
Resposta à Consulta nº 651/1996
Resposta à Consulta nº 79/2006
Constituição Federal
Código de Processo Civil
CTN

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