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MULHERES POETIZAM

Organizadora: Isabel Furini


Prefácio: Chris Herrmann
Quadro da capa: Katia Velo
Editoração e diagramação: Carlos Zemek

Revista Carlos Zemek


http://revistacazemek.blogspot.com
Índice
MULHERES POETIZAM....................2
PREFÁCIO.......................................7
ADRIANE GARCIA............................9
Leve................................................10
Paixão e anjo decaído.....................11
Estampidos......................................12
ANNA APOLINÁRIO........................13
Os olhos catastróficos de Louise
Brooks.............................................14
Revés..............................................15
Carmen............................................16
BARBARA LIA..................................17
o centauro no jardim.......................18
Poema sem título............................19
outono.............................................20
CARLA RAMOS................................21
Nos Sussurros da Alma...................22
Morro em aparência........................23
Renasço em Essência......................24
ELCIANA GOEDERT........................25
Expectativa.....................................26
Reforma íntima...............................27
Trem da saudade.............................28
ELIEDER CORRÊA..........................29
DA SILVA...........................................29
Realidade........................................30
Natureza..........................................31
Hoje................................................32
ETEL FROTA.....................................33
Le couteau dans la bottine..............34
Trágico............................................35
Pequeno tratado das delicadezas.........36
FLAVIA QUINTANILHA..................37
Como água......................................38
estrela..............................................39
notas envelhecidas..........................41
ISABEL FURINI................................42
Espelho, espelho meu….................43
Francesca Woodman.......................44
Antonela..........................................45
JÉSSICA IANCOSKI.........................46
Aglutinação.....................................47
Silepses...........................................48
Sem a palavra, o amor não acontece
........................................................49
JEOVANIA P......................................50
Deuses.............................................51
Trem surrealista..............................52
Dor de poeta....................................54
JULIANA MEIRA..............................55
Poema sem título 1.........................56
Poema sem título 2.........................57
Poema sem título 3.........................58
JULIANA OLIVEIRA NASCIMENTO
............................................................59
Maturidade......................................60
Entusiasta........................................61
Quando a Paz Vem..........................62
MARIA ANTONIETA GONZAGA
TEIXEIRA..........................................64
Tempo.............................................65
Lições..............................................66
Sonhar é Preciso.............................67
MARIA DA GLÓRIA COLUCCI......69
Iguais..............................................70
Elas por “elas”................................71
Quisera............................................72
MARIA TERESA MARINS FREIRE 73
Rever...............................................74
Prisão..............................................76
Passado...........................................78
MARÍLIS DE ASSIS..........................79
Vale das Águas................................80
Versos..............................................81
Solidão............................................82
MARLI ANDRUCHO BOLDORI.....84
Metamorfose...................................85
Toque invisível................................86
Súplica............................................87
REGINA BACELLAR.......................88
Repentino adeus – fragmentos de
2020................................................89
Só....................................................90
O Palhaço........................................91
RITA DELAMARI.............................92
Mulheres da Vitória........................93
Anjo................................................95
Prece...............................................96
SOLANGE ROSENMANN...............97
Corpo/alma.....................................98
Sou caminho...................................99
Que procura é esta?.......................100
VANICE ZIMERMAN.....................101
Escombros....................................102
Aracne...........................................103
Haicai............................................104
POEMAS EN ESPAÑOL.................105
DEVORA DANTE...........................106
2021..............................................107
Los Samanes.................................108
Árbol # 1.......................................109
MARCELA GONZÁLEZ.................110
Hastío............................................111
Anhelo...........................................112
Despertar.......................................113
SHEINA LEE....................................114
Camino a la igualdad....................115
El bosque de los pinos..................117
La magia de los libros...................119
SONIA ANDREA MAZZA..............120
A mis rosas....................................121
Corazón torturado.........................122
Sueños...........................................123
PREFÁCIO
Por Chris Herrmann
Escritora e editora

Mulheres Poetizam é mais do que


simplesmente uma antologia que
empilha poemas de autoras ‘de versos‘.
É um projeto que já carrega em si,
mesmo antes de se ler os poemas, vários
aspectos que fazem toda a diferença.
Primeiramente, destaco a experiência e
a acuidade da organizadora deste e-
book, a também poeta, escritora e
ativista cultural, Isabel Furini. Com sua
percepção aguçada para a boa arte
literária, ela não só acertou na escolha
das participantes, como também no
momento certo para realização do
projeto. Digo isso, porque estamos no
mês dedicado às mulheres, em um
momento pandêmico e político terrível,
doído e complicado, onde as vozes
femininas, especialmente nas artes, são
ainda mais necessárias e urgentes.

Obviamente que a antologia não tem a


pretensão de abarcar vozes de todas as
grandes poetas existentes em um país
imenso e continental como o Brasil.
Contudo, esta seleção de 26 poetas é,
por excelência, uma mostra honrosa da
boa literatura poética feita por mulheres
em nosso país.

Além disso, a seleção de poemas


apresentadas pelas autoras é de tal
preciosidade, que representa não
somente suas próprias vozes, mas de
todas nós mulheres. Como espelhos do
cristal mais fino que existe, seus textos
são sutis e provocantes. São um convite
a uma viagem, que lá bem no fundo,
todas nós já fizemos e compreendemos.
Refletem a essência da verdade em seus
‘gritos e sussurros‘: espelham a alma
feminina-feminista ancestral,
contemporânea e universal.

Boas leituras, ou melhor, boas viagens!


ADRIANE GARCIA

Adriane Garcia (BH/MG), poeta.


Publicou Fábulas para adulto perder o
sono (Prêmio Paraná de Literatura
2013, ed. Biblioteca do Paraná), O
nome do mundo (ed. Armazém da
Cultura, 2014), Só, com peixes (ed.
Confraria do Vento, 2015), Garrafas ao
mar (ed. Penalux, 2018), Arraial do
Curral del Rei – a desmemória dos bois
(ed. Conceito Editorial, 2019) e Eva-
proto-poeta (ed. Caos & Letras, 2020).
Leve
Adriane Garcia
Abrir gavetas e armários
Retirar coisas
Tudo que sobra

Não ter medo de olhar


Para dentro das gavetas e armários
E retirar tudo que sobra

Passar adiante
Com menos, sempre menos
Até voar sem as horas.
Paixão e anjo decaído
Adriane Garcia

As labaredas sobem
Querem o céu

No baixo ventre
Queima esse inferno
De luz.
Estampidos
Adriane Garcia

Faço poemas para bem longe


Para eras de não existir
Na esperança de me curar
Do tempo em que não fui

Os cães que estiveram na guerra


Se assustam
Rompem as correntes
Ao menor sinal de
Fogos de artifício

Depois
Vão viver perdidos
ANNA APOLINÁRIO

Anna Apolinário (Paraíba, 1986) poeta e


produtora cultural, organizadora do Sarau
Selváticas, colaboradora da Revista
Acrobata de Literatura e Artes Visuais.
Publicou os livros Solfejo de Eros (Câmara
Brasileira de Jovens Escritores, 2010),
Mistrais (Prêmio Literário Augusto dos
Anjos, Edições Funesc, 2014), Zarabatana
(Editora Patuá, 2016), Magmáticas
Medusas(Editora Cintra/ARC Edições,
2018), Las Máscaras de Aire (Editora
Cintra/ARC Edições, 2020) A Chave
Selvagem do Sonho(Triluna, 2020), Furor
de Máscaras (Editora Cintra/ARC Edições,
2021).
Os olhos catastróficos de
Louise Brooks
Anna Apolinário

Teu olhar
Um sol a espernear no céu
Pavão louco luciferando nuvens
Seu lume espatifa aves de rapina
O sorriso macera girassóis
Um milagre em cada sombra
Fulmina a voz das estrelas.
Revés
Anna Apolinário

Pássaros apalpam
A palavra pulmão
Sem pudor,
Lábios asfixiam
O voo.
Carmen
Anna Apolinário

Infinitas safiras flutuam


Na taça hipnótica em teus lábios
Meus olhos rasgam o breu
Mãos acesas por melodias
Percorrem minha pele
Castanholas de fogo.
BARBARA LIA

Barbara Lia na fotografia de Maria Alice Bragança

Bárbara Lia (1955). Poeta e Escritora.


Livros publicados: O sal das rosas
(Lumme), A última chuva (Mulheres
Emergentes), Solidão Calcinada (Imprensa
Oficial - PR/), A flor dentro da árvore,
Forasteira (Vidráguas), As filhas de
Manuela (Triunfal.), Não o convidei ao
meu corpo (Kazuá), entre outros. Vive em
Curitiba.
http://www.chaparaasborboletas.blogspot.com/
o centauro no jardim
Barbara Lia
sou uma esfinge
leoa-mulher
e amo
um centauro
em um jardim
morreria por ele
de herança:
minha pata-leoa
minha mão escritora
a mesma
que tocou os cabelos
do mitológico ser
e o amou
um amor enjaulado
um amor ensimesmado
dói amar um ser
que cavalga em poesia
que grita belezas no silêncio...

a esfinge se cala
e entrega
de mão beijada
o centauro amado
a quem jamais
o amou assim
Poema sem título
Barbara Lia

ruas respiram o calor da vida


quando as portas se abrem
na madrugada

só da minha porta escoa


a aragem fria
da solidão calcinada

lençóis de linho
em desalinho
de saudade

silêncio
de paredes
órfãs

tudo ignorado
pela ikebana
sorrindo luz
no canto da sala
outono
Barbara Lia

folha de plátano
baila ao sol

acha crepitante
desaba no solo triste

epitáfio da folha:

não desapareço
feito espuma nas ondas

regenero o solo
com ternura feroz

para colorir azaleias


gardênias e girassóis
CARLA RAMOS

Carla Ramos Mestre em Teoria Literária,


Psicóloga Junguiana, Especialista em
Marketing & Propaganda, Escritora, Poeta,
Atriz e como Alkimista Contemporânea
apresenta o programa Alkimia do Ser:
Como os conhecimentos antigos podem
nos auxiliar nessa Pandemia? Participa do
núcleo de violência a mulher, Saúde e
Comunicação das "Mulheres do Brasil" da
Luíza Trajano(SP) e Coletivo Marianas
(PR) Seu primeiro livro foi "Vozes de uma
Alma", seguido de "Herdeiras de Lilith",
"O Melhor de Mim" e "Elas são de Marte:
Mulheres sem censura”
Nos Sussurros da Alma
Carla Ramos

Sei que mais belos


São os versos alegres
E que pouco de poético
Há nos versos tristes
Mas, a inspiração, vem da Alma,
Dizem que num certo toque,
Bem humano,
o de Hermes
Mas, minha alma não está feliz
Como não espero,
encantamento
Por meus escritos
Também não espero
Seus olhos comovidos
Ao me ler minha Alma
Se hoje, choro letras
É porque me contando aos poucos
Talvez alivie o peso desse meu sofrer
Pois, nem sempre a alma canta
ou encanta
Algumas vezes,
Ela apenas, em nós, sussurra...
Morro em aparência
Carla Ramos

Minhas tempestades existenciais


Não escolhe tempo, ou certa estação
Chegam quando se menos espera
E me naufragam no meu sentir...
E me perdem no meu pensar...
E então me devolvem
Como uma estranha
Para uma Vida que sempre
Foi Minha
Ou Pior,
Como eu mesma,
Para uma vida
que nunca foi minha
foi me imposta
ser assim, nas corretas ações,
pra ser aceita nesse mundo de meras
aparências...
Renasço em Essência
Carla Ramos

Minha alma nasce


Mas, grita em silêncio
Há em mim, ainda, muito barulho
Que me impede de ouvir
O Volume do Silêncio
Na voz de meu coração
Já não me vejo
Nem,mais como mulher, Yin
Ou, um homem, Yang
nem mesmo como corpos humanos
No processo do criar
Sou apenas, um Ser de Luz
Que ilumina o re-nascer
De minha Alma: Poeta!
ELCIANA GOEDERT

Elciana Goedert (Ciça) é de Ivaiporã/PR,


mas reside em Curitiba. Bióloga de
formação e poeta por inspiração, ocupa a
cadeira nº 01/PR na Academia
Internacional da União Cultural, e cadeira
20 da AVIPAF – Academia Virtual
Internacional de Poesia, Arte e Filosofia.
Publicou 3 livros, em versão impressa e
e-book (na Amazon): Eu e a Poesia (2014),
Sob a Ótica de Eros (2016) e Nutrisia
(2017), além de participar em diversas
antologias nacionais e internacionais.
Em 2016 recebeu Medalha Mérito Cultural
outorgada pelo Projeto Poetizar o Mundo,
e em 2017 seu poema “Ofício: Poeta”,
recebeu Menção Honrosa em Buenos
Aires, Argentina.
Expectativa
Elciana Goedert (Ciça)

Te espero, amado, todos os dias


Esperançosa, sei que logo vens
Cantarolando diversas melodias
Observo o bailar das nuvens

Guardo pra ti muito carinho


Um sentimento puro e sincero
Falta apenas um detalhezinho
Que estou cuidando com esmero

Ansiosa, espero a alvorada


Pois sei que virás, afinal
Depois d'uma noite enluarada

“Tu vens, eu já escuto teu sinal…”


Coração feliz, em disparada
Não tira os olhos do quintal.
Reforma íntima
Elciana Goedert (Ciça)

A estrutura sentiu, abalou


O estrago não pôde derrubar
Aquilo que sempre idealizou
É a hora de um up, reformar!

Entre a poeira e escombros


Vê-se o projeto da renovação
Olha para trás e dá de ombros
Enche de esperança o coração

Resultado final com excelência


Após realizar criteriosa reflexão
Revistas atitudes, com paciência

Analisou os erros, autoavaliação


Resgatou de terceiros a gerência
E.. nova fachada na inauguração!
Trem da saudade
Elciana Goedert (Ciça)

Partiu da Estação Nostalgia


O Trem da Saudade, lotado…
Traz um passageiro calado
Entre bagagens, nomes e melodias

Vários vagões, repletos de euforia


A Lembrança e a Lágrima, lado a lado
O Coração num canto, está quebrantado
Sendo acudido pelo Humor e a Alegria

Este trem faz uma longa viagem


Há estações onde muda o Maquinista
Ou embarca um novo personagem.

Ao enfim chegar na Estação Sonhador


O personagem calado dá a mensagem:
Saudade é quando permanece o Amor.
ELIEDER CORRÊA
DA SILVA

Elieder Corrêa da Silva, graduada em


Letras Anglo Portuguesa, cursou Filosofia,
História da Arte, Oficina da Escrita e
outras ligadas à literatura e artes, com duas
obras de sua autoria com poesias cujo
títulos são: “ Por acaso simplesmente”,
“Sem Formalidades- Poesias e
Xilogravuras”, “Histórias Indígenas para
Crianças”, “ Lua Medrosa”.
Realidade
Elieder Corrêa da Silva

Pisei fundo na terra,


sangrou-me os poros.
Ouvi murmurar a Serra,
e das matas o farfalhar.
Com passos leves enfrentei
o proposto pela vida.
Fiz semeaduras no passado,
floriu vida e com ela,
espinhos e cardos,
e também nasceram flores.
Hoje, colho frutos sagrados.
Natureza
Elieder Corrêa da Silva

Imperdível,
é ver o verde
monocromático,
é ver as borboletas
no jardim,
as abelhas polonizado.
Imperdível!
É ver o sabiá
bicando o caqui,
e outro pássaro cantando:
bem-te-vi, bem-te-vi.
A criança brincando,
brincando com a natureza.
A mãe zelosa, observando.
Hoje
Elieder Corrêa da Silva

Andei rápido,
pensando que a vida acabasse ontem;
fui a igreja orar,
pensando que a vida acabasse ontem;
fui ao baile, bailar;
pensando que a vida acabasse ontem;
caminhei no ritmo do dia,
pensando que a vida acabasse ontem;
fui admirar o nascer e o pôr do sol,
pensando que a vida acabasse ontem;
corri maratonas imaginárias,
pensando que a vida acabasse ontem,
tentei fugir da certeza, não consegui;
sou flecha em direção ao Alvo único;
desvio o caminho, vou admirar o pôr
do sol,
pensando... amanhã não hei de.
ETEL FROTA

Etel Frota, nasceu em 1952, em Cornélio


Procópio (PR). Médica, começou a
escrever depois dos 40 anos. Em 2002
lançou "Artigo oitavo - poesia escrita,
falada e cantada". Letrista de canções, em
2007 publicou "Lyricas, a construção da
canção", reunindo em songbook uma
produção que tem sido gravada por
importantes artistas da cena musical
brasileira. Seu primeiro romance, "O herói
provisório" é de 2017. Em 2019 participou
de "Mahadevi, a árvore da vida", poesia
para a fotografia de Dani Leela. Premiada
em certames de literatura, música e
dramaturgia. Membro da Academia
Paranaense de Letras.
Le couteau dans la bottine
para Vânia
Etel Frota

Na torre despovoada
rainha louca
invento escalas de importância
[ordens imaginárias]

Os livros e o passado dispostos nas


prateleiras

Reclassifico
por critério de tamanho
por cicatrizes nas lombadas
por gradação cromática
[couleurs]

Aos verdes, consagro as umidades


[o que vert]
Aos amarelos os ecos, vibrações de
jaune fille
A azuis imponderáveis, os olhos
vazados das ausências

Já não há blancs
[todos patinados nas esperas]
Lá fora, rouge a peste

Je reviens. Vengeance
Trágico
para Abílio
Etel Frota

lavra o árido
cala o ávido
anacrônico

verte o cálido
fala o óbvio
pentatônico

lega o ótimo
vai, num átimo
cessa, anônimo
Pequeno tratado
das delicadezas
[à guisa de glosa]
Etel Frota

Pressão sutil dessa palavra aos poucos


tamanho afeito a sopro
que toda a imensidão é vento
[Luis Felipe Gama]

Quem sabe um fio de uma ternura solta


a lenha e a fogueira
que toda combustão é lenta

Leito de rio, e a correnteza afoita


lição de corredeira
porque toda essa água é benta

Feição gentil, palavra mansa aos loucos


um dia após o outro
que a terra é uma questão de tempo
FLAVIA QUINTANILHA

Flavia Quintanilha na fotografia de Rei Santos

Flavia Quintanilha é poeta e filósofa.


Membro colaborador no Instituto de
Estudos Filosóficos na
Universidade de Coimbra e editora
associada na revista Philosophy
International Journal. Pesquisa
sobre hermenêutica filosófica
principalmente nos temas metaética,
metapoesia e deep ecology.
Publicou os livros Aporias da Justiça
(Novas edições Acadêmicas - 2015), A
mulher que contou a
minha história (Kotter - 2018) e
Desabotoar (Patuá – 2020).
Como água

Flavia Quintanilha

desce em lava
sonando em notas
em corpo gemido letras

do avesso
que entalha na veias
tempo em tempo sem tempo
delineia todos os segredos
ouvidos pele

amorna
esfria
envolve e leva
todas as cores que
coração carrega

sol sal desterro


ventania
poema que não termina
estrela

Flavia Quintanilha

quando amei aquela estrela


deixei o cinza no fundo da gaveta
sorri colorido
e foram verdes minhas mãos

em seus olhos vi o universo


espalhado em folhas
numa muda de alfazema
e meus cabelos ventavam alecrim

em seus beijos desenhei a pétala


o jardim cantava pimentas
num lençol de algodão
e os quadros se firmaram no ar de
nossos poemas

tentei alcançar aquela estrela


nas receitas que não cozi
nas rendas que acabei ao tecer
fechaduras
e meu corpo já não me comporta
nem as folhas
nem as asas

quando amei aquela estrela


virei pó
notas envelhecidas

Flavia Quintanilha

pela tarde sem brisa e luz


as palavras não encontram
plano na nota pianíssima
da canção que busco em seus lábios
mas sou só
sustenido
no que não expresso
pela pele
sua pele
que toquei
na mais dolorosa delicadeza
ISABEL FURINI

Isabel Furini é poeta e palestrante.


Publicou 35 livros, entre eles, “Os Corvos
de Van Gogh” (poemas). Seus poemas
foram premiados no Brasil, Espanha e
Portugal; criadora do Projeto Poetizar o
Mundo; acadêmica da AVIPAF (Academia
Virtual Internacional de Poesia, Arte e
Filosofia), Participou de Antologias em
Portugal, Argentina e Chile; Palestrou em
Feiras do Livro e realizou um Recital
Poético na Biblioteca Pública de
Burlingame, Califórnia, USA, em 2018.
Espelho, espelho meu…
Isabel Furini

apesar da voz nefasta


comove infinitamente
a aflição da madrasta

a voz do tempo-espelho é soberana


e o seu silêncio espalha tristeza
e seu desprezo é enferrujada espada

de repente a madrasta compreende


o tóxico escorpião que mora no espelho
é o pai
ele induz suas filhas à escravidão

o espelho-pai não tem compaixão


pois habita o coração do nada.
Francesca Woodman
Isabel Furini

fotografava os espelhos do destino


os rompantes emocionais
os suicídios clandestinos

o seu eu ilimitado fugia


do olho da câmera e reaparecia
com contornos indefinidos

nas fotografias, Francesca


imprimia um tom soturno
e redescobria a sua essência

enquanto o drama sacudia a sua alma


ela cinzelava imagens
nos eternos palcos da psique.
Antonela
Isabel Furini
envelheceu a paixão
e ficou silenciosa como um muro

sentiu-se abandonada Antonela


e somatizou na pele
as chicotadas da indiferença

passou a habitar as cavernas do tédio


e das lembranças

as lembranças devoraram as distâncias


e permaneceram ancoradas
(caoticamente)
no quarto de um fantasma

Antonela analisou as memórias


de sua mente
e compreendeu
que o fantasma era ela.
JÉSSICA IANCOSKI

Jéssica Iancoski é escritora, poeta e


artista plástica. Publicou em várias
antologias e revistas. Teve o poema
“Rotina Decadente” reconhecido pela
Academia Paranaense de Letras. É
idealizadora do Toma Aí Um Poema - o
maior podcast lusófono de declamação
de poesias, segundo o Spotify. Com
mais de 36 mil ouvintes diferentes, ao
longo do tempo.
Contato: www.jessicaiancoski.com |
@Euiancoski
Aglutinação
(Para Belise Campos)
Jéssica Iancoski

Só desejo a sinceridade, e nas verdades,


quaisquer que sejam, e tal como doam
ou
vibrem, que possa aprender sobre o
amor.
Não à nós, solitariamente
Mas ao todo, sem vedação:
Amor a terra que silva e ao vento que
ceifa.
Amar o diferente, o que não conhece,
O que os olhos sabem sem debruçar
Aquilo que jamais poderá
Fazer parte do que acredita, ou, engana.
Amar o vertical, que semeia, cultiva e
faz a graça da flor
Temendo o que horizonta, a desgraça,
sem deixar
Silenciar, aglutinando
Amar,ainda, assim, com, paixão,
Com,devoção,sobretudo,com,esperança.
Amar,com
Mas também foder
E como.
Silepses
(Para Nicola Otávio)
Jéssica Iancoski
Errante
Persigo o silêncio
Como o perigo impregna
Silepses
Sin,táticas
Sem tato
Ou sentido
Há discordância:
O gênero indica o feminino
Mas concordo com o masculino
A concordância não se faz
Com o semelhante
Mas com o outro
o oculto,
O Incutido,
Incurso
Indiscutível.
A omissão pressupõem-lhes
O erro.
Errante persisto
Não com,
Mas preso no sss silêncio
Das minhas sss silepses.
Sem a palavra, o amor não
acontece
(Para Christian Dunker)
Jéssica Iancoski

o sexo representa o infantil


preenche-se a falta com
o gozo da infância indolente
onde não há uma palavra gentil
há o gosto do beijo
que sedento toma a frente
a vagina oca molhada
consumindo o falo sustenido
num vagido puro da líbido
quanto mais se aprende a fala
quanto menos a laringe entala
menor é o vazio, maior é o brio
sem a palavra não conjuga-se
o verbo da fala,
o desejo é a regência
da falta.
JEOVANIA P.

Jeovânia P. é poeta e professora.


Mestre em Filosofia. Livros individuais
publicados: “Palavras Poéticas”;
“Poeticamente Entre Versos & Bocas”;
“A-M-O-R”; “Quem abriu a boca da
pedra”; “Re[s][x]istência”. Coletâneas
que organizou: “O Livro das Marias”;
“Escrituras Negras_ A Mulher que
Reluz em Mim” e “O Livro das Marias
II”; E atualmente está organizando
“Escrituras Negras II_ As Marcas”.
Deuses
Jeovania P.

Somos
Zeus
Era e a Afrodite
Tu Zeus
Ela Era
Eu Afrodite

Era correndo atrás de nós


Com seu cão de cem olhos
Sua arma em punho

E nós?
No meio dos matos
Dos rios
Nos deleitando no alívio
Entre vinhos e desejos
Não chamamos Baco
Ficamos só nós dois
Nos amando
Trem surrealista
Jeovania P.

Os campos de flores
Na linha
Do trem

Entrava
Eu nesse trem

E não entrava
Nem lembranças
Nem dessabor

Só levava alegria
Amor
Notas musicais

E
Se um dia
Você me quisesse
Eu
Entrava na linha
Pode dizer:
-deixe disso
Mulher-
Sim!
Eu entrava na linha

E até virava maquinista


De trem
E ia cruzar os campos verdes
Dor de poeta
Jeovania P.

A dor
dos teus olhos negros
escorrendo na tinta do lápis
essa mesma dor silenciosa
que levou Zila ao mar

É uma dor de viver intensamente


de está aí no mundo
pronto para a chuva
para o sol
para pular de paraquedas
e dançar a noite inteira

feito tapa que se leva na cara


que vai e volta
JULIANA MEIRA

Juliana Meira na fotografia de Rafael Missio

Juliana Meira nasceu em


Carazinho/RS e vive na serra gaúcha,
em Canela. Entre outros, publicou água
dura (Arcos & Ecos, 2019 ), na língua
da manhã silêncio e sal (Modelo de
Nuvem/Belas Letras, 2018 ), livro
vencedor do Prêmio Minuano de
Literatura na categoria Poesia no ano de
2018.
Poema sem título 1
Juliana Meira

desconfiamos desde que levantamos


e quando está tudo manso e vasto e ar
nenhum estala
desconfiamos assim desta vereda
calçada

e aqui detrás do junco


nos pomos como um lobuno trocando
orelha
Poema sem título 2
Juliana Meira

hoje bendizem o futuro


estes que veem tudo
e nos atiram ao meio ao meneio do
mundo

porque nosso fôlego bruto


sabe como erguer a face extrema e
aguda
da próxima hora
Poema sem título 3
Juliana Meira

quando vierem virar meu rosto


dedos de ampere

estarei entre outros dentro de mim


moendo vida feito os miúdos de um
bicho
por isso tragam silêncio e fome
JULIANA OLIVEIRA
NASCIMENTO

Juliana Oliveira Nascimento, Advogada,


Executiva, Professora, Palestrante,
Escritora e Poeta. Cofundadora do
ComplianceWomen Committee – CWC.
Mestrado Profissional Master of Laws
(LLM) em International Business Law pela
Steinbeis University Berlin. Mestrado em
Direito pela Unibrasil. Participou de
diversos livros. Foi destaque em Poesia
pela Revista Carlos Zemek. Em 2019,
recebeu o prêmio Compliance Across
Américas pela sua atuação profissional. É
membro da Academia Virtual Internacional
de Poesia, Arte e Filosofia. Além disso, já
participou de diversas exposições e
antologias poéticas.
Maturidade
Juliana Oliveira Nascimento

A Maturidade ensina a não esperar nada


em troca
A dar e se doar
A amar incondicionalmente
A abrandar o coração
A agir com inteligência
A alcançar a paz
A sempre ter bondade
A viver as oportunidades
A fazer e falar hoje...
Pois não sabemos do amanhã
E a importância de ser feliz.
Entusiasta
Juliana Oliveira Nascimento

Entusiasta da Vida
Se tu tens um sonho,
Insista, persista!
Sejas pleno, inteligente, racional
e realista.
Não desistas e sejas mais que otimista...
Sejas entusiasta da tua vida!
Quando a Paz Vem...
Juliana Oliveira Nascimento

Sente-se um vento suave


As vezes também uma tempestade
Mas, de qualquer forma,
Acalma o coração.

Quando a paz vem...


Deseja-se que ela fique
E conforte
Trazendo consigo a sua leveza e
mansidão.

Quando a paz vem...


Existe a confiança do controle do Deus
O coração fica sereno
O rosto pleno...
E a alma carregada de emoção.

Quando a paz vem...


Carrega consigo o desejo da sua
permanência
A grandeza do aconchego
A calma e a tranquilidade
Que afasta qualquer agitação...
Quando a paz vem...
Não se quer que ela vá embora
Mas que fique eternamente
No corpo, na alma e no espírito
Como um profundo estado
de completa integridade e satisfação.
MARIA ANTONIETA
GONZAGA TEIXEIRA

Maria Antonieta Gonzaga Teixeira é


Graduada em Pedagogia e Pós-Graduada
em Didática e em Psicopedagogia. Autora
dos livros: “Dos Pequizeiros às
Araucárias”, 2014; Instituto Cristão: Arte e
Vida, 2015; Encruzilhadas, 2017; Uma
VIDA: Affonso e Marieta- 2018; Cavanis:
50 anos no Brasil – 2019. Participou em
várias Antologias poéticas. É membro
correspondente da Academia de Letras de
Teófilo Otoni-ALTO; Academia
Luminescência Brasileira-ALUBRA;
Membro da Academia Virtual Internacional
de Poesia, Arte e Filosofia-AVIPAF.
Tempo
Maria Antonieta Gonzaga Teixeira

Tempo
Oh! Tempo
Ah! Tempo
Bom tempo.

Esse tempo
Que muda o curso de vidas
Que alonga distâncias
Encurta caminhos.

Tempo
que não dá tempo
Sobra tempo
Espera o tempo.

O tempo rabisca o ensaio


escreve a história.
O tempo ensina
se der tempo.
Lições
Maria Antonieta Gonzaga Teixeira

Atravessar os desfiladeiros
Labutar nas montanhas
Estudar os furacões
Para chegar ao oceano de sabedoria.

Saltar pedras de granito


Roçar estradas empoeiradas
Planejar rotas íngremes
Na construção do Mundo.
Sonhar é Preciso
Maria Antonieta Gonzaga Teixeira

Queria dentro de mim um SOL


de raios brilhantes para iluminar o
mundo.

Queria dentro de mim um JARDIM


com harmonia de cores e pencas de
rosas.

Queria dentro de mim muitas FLORES


para colorir a vida das crianças.

Queria dentro de mim um MAR


de ondas revoltas de sonhos e
esperanças.

Queria dentro de mim um instrumento


MUSICAL
estrelas e notas musicais emitem luz e
sons infinitamente.

Queria dentro de mim uma LUA


que de madrugada acaricia os
enamorados.
Queria dentro de mim um RIO
para percorrer as avenidas de vida dos
caminhantes.

Queria dentro de mim um ARCO-ÍRIS


para embelezar o céu em dias de chuvas
de verão.

Dentro de mim existe um coração cheio


de veias e artérias
que percorrem veredas, vales e
cachoeiras
de sentimentos, ternura e GRATIDÃO.
MARIA DA GLÓRIA
COLUCCI

Maria da Glória Colucci, advogada;


professora; Mestre em Direito Público
(UFPr); especialista em Filosofia do
Direito (PUC-PR); pesquisadora do Centro
Universitário Curitiba; escritora e poeta.
Membro da AVIPAF – Academia Virtual
Internacional de Poesia, Arte e Filosofia
(2018 – cadeira 9).
Iguais

Maria da Glória Colucci

Fluem suaves, sutis em desalento,


Nas leves hastes dos cataventos,
Nas trêmulas dobras da memória
Nas vagas luzes da história...
Sem volta; sem licença viajam:
- Tempo e vento. Vento e tempo.
Iguais em tudo! Velozes passam!
Elas por “elas”

Maria da Glória Colucci

“Elas” sofrem amedrontadas.


Desesperadas, espancadas:
- Vidas preciosas desperdiçadas!
“Elas”, pobres, desesperadas,
Em grilhões amordaçadas...
Analfabetas, desempregadas,
Dependentes, assassinadas...

Elas por “Elas”, engajadas,


Instruídas, empoderadas,
Corajosas, liberadas:
- Mulheres com audácia total
Contra réus do Juízo final.
Malignos homens matadores,
Perversos, cruéis violadores
Serão por Elas perdedores!
Quisera

Maria da Glória Colucci

Quisera não ser gente.


Ser apenas ave, flor ou vento.
Flutuar livre no pensamento.
Quisera não ser gente.
Apenas deslizar solta
Feliz sonhar envolta
Nas asas do sentimento.
MARIA TERESA
MARINS FREIRE

Maria Teresa Marins Freire. Doutora em


Comunicação e Saúde (PUCPR), Mestre
em Educação (PUCPR). Jornalista.
Professora universitária de Comunicação
Social. Artista plástica. Poetisa. Escritora
com livros publicados, participações em
revistas científicas, em congressos, sites
literários e Coletâneas. Membro da
AFEMIL (MG); da ALB (RJ); da ALPAS
21 (RS); do MNEL (BA); do CLP (PR) e
da APP (PR). Presidente Coordenadora da
Associação de Jornalistas e Escritoras do
Brasil, Coordenadoria Paraná, AJEB – PR.
Rever
Maria Tereza Marins Freire

O olhar surpreso
Acompanha o passo
Que no compasso
Da música ecoando no espaço
Se faz e refaz
Volteia e se retrai.

O olhar surpreso
É surpreendido
Pela vista que avista.
Significados não declaráveis
Mensagens indecifráveis
Pensamentos escondidos
Mas não expandidos
Interesses disfarçados.

Sensação que traz comprovação


Mas não significação
Do que seria
De outra maneira, de outro formato
De outro desejo
Sem arpejo, sem fôlego
Sem expressar o que diz o olhar
Que se vira para alhures a esconder
O sentimento que carrega
O desejo que aflora, mas não se mostra.

Olhar surpreso que deixa a pensar


O que seria, de que maneira seria
Se houvesse o desejo explícito
A palavra dita
O abraço dado
O beijo saboreado.
Que olhar seria, então?
Prisão
Maria Teresa Marins Freire

Olhos escuros
Muito escuros
Inquietos, observadores
Do outro lado da distância

Inquisidores constantes
Penetram em minha mente
Causam incontáveis questionamentos
Dúvidas, incertezas

Sem respostas, hesitante


Prendo-me a eles
Como um imã mais forte
Que a minha vontade

Mais irredutível
Que impede a fuga,
O afastamento, o descompasso
a falsa indiferença, o alheamento

Prendo-me nesses olhos


Que me perseguem
Em qualquer caminho
Que eu siga
A qualquer distância que eu vá.
Prendo-me nesse olhar
Profundo, fantasioso
Determinado, incerto
Nada consigo, além de prender-me.
Passado
Maria Teresa Marins Freire

No andar apressado
Um objetivo
Na atenção apreendida
Uma busca
Do que vai à frente
Pois o que se relegou
Ao estágio da desimportância
Permaneceu encoberto
Na sombra do passado
No esquecimento fortuito
Do que fora, uma vez
Sem chance de retomar
Sem espaço para acontecer
Sem vontade de existir.
À frente, incógnitos acontecimentos
Desconhecidos,
inesperados, interlaçados
com a angústia do não saber.
MARÍLIS DE ASSIS

Marílis de Assis é curitibana, autora dos


Livros Tratado de Amor, Minha Biografia e
o Jardineiro da Rosa Vermelha. Participou
das coletâneas Mulherio de Letras de
Portugal, Parnaso Poético, Conexão Feira
do Poeta V. Seus poemas falam de Amor,
Magia e Eternidade. Pública seus poemas
no site Recanto das Letras.
Vale das Águas
Marílis de Assis

No pôr do sol esperei que chegasse


a noite
Em frio açoite, branco luar
No fim do arco íris procurei o oásis
A vida

A flor colorida
Palavras que dançam ao vento
Amores que suspiram em vigorosos ais
Solidão sem fim,
Temperança

Teu rosto, bonita lembrança


Desenho inacabado
Vale das águas
Homem alado
Versos
Marílis de Assis

Sinto que você vem num sol de agosto


Aquecendo a manhã tranquila,
Compreendo tua presença

Mas em pele de cordeiro se esconde


Sorriso de paisagem, olhos de vampiro
Ronda minhas noites incertas
Sapateia no telhado
Faz serenata de amor

Me convida para uma valsa


Na meia ponta saio a bailar
As sapatilhas são douradas
Trocam confidências com o vento
As estrelas silenciam
Os desejos noturnos
Solidão
Marílis de Assis

Pérolas de amor rasgado


Lençóis de seda vermelha
Insana noite fria

Chora baixinho a solidão


Órfão de amor
Segue polindo os ladrilhos cor de rosa

Na tarde vã de um domingo amigo


Carinhos trocados no silêncio do
aquecedor

Reza baixinho
Agradecendo a Deus a oportunidade
amar
Coração aflito
Frases de bolero
Bailarina do minueto

Na nascente do rio
Troca ideias com as pedrinhas brancas
Silêncio
As pedras falam
Ensinam segredos milenares
Materializar punhal de prata para cortar
o mal
Recitando versos de poeta celta
Cantando em suave melodia a língua
das fadas
MARLI ANDRUCHO
BOLDORI

Marli Andrucho Boldori nasceu em


União da Vitória- PR. Graduou-se na FAFI/
UNESPAR, União da Vitória, em Letras
Inglês, pós- graduou-se em Produção de
Textos, UNESPAR. É membro Academia
de Letras do Vale do Iguaçu- ALVI.
Membro da Academia Virtual Internacional
de Poesia, Arte e Filosofia-AVIPAF.
Escreveu os livros “Pensando a Vida” e
“A magia do Amor”. Tem diversas
participações em livros de Antologias e,
em Exposições de Poesia. Assina uma
coluna no Jornal Caiçara de União da
Vitória desde 2016. Administra o Blog
Naco de Prosa.
Metamorfose
Marli Andrucho Boldori

Mulher é a palavra dita


desenhada
escrita grafada
decifrada ou guardada
a sete chaves.
Não se anula jamais,
vence seu caminho
floresce onde deseja
ou pode estender-se
e despejar suas flores
alastra seu perfume
Traz a tempestade, ventos fortes
clareia sua alma, pois
tem o poder da lua
Vive com as marés
entende o ciclo do tempo
é sábia
Divide com suas irmãs
a dor que só ela sente
arrasta-se em busca
do amor, mas a dor
a transformou.
Toque invisível
Marli Andrucho Boldori

Curvas sinuosas
mãos dissimuladas
sensuais sem deixar
de ser sensível
ao toque de hábeis
dedos
que tocam
com o arco
em posição vertical
Com quatro
Cordas afinadas
Exige, pois
muita disciplina
consegue divinas notas musicais
traduzindo assim
sua beleza
estonteante
Deixa atônitos
Os que se aproximam
Do mais belo
som musical
divinal violoncelo.
Súplica
Marli Andrucho Boldori

Com mãos posicionadas


pedi-lhe água
deu-me seu suor
e lágrimas
pedi sementes
das mais belas flores
deu-me pétalas,
mas murchas
chorei
supliquei então seu amor
Ganhei indiferença
e dor
era o que possuía.
REGINA BACELLAR

Regina Maria Bueno Bacellar, Advogada


consultora, mestre em direito pela PUC/SP.
Conselheira Estadual da OAB/PR gestão
2019/2021. Vice presidente da Associação
Brasileira das Mulheres de Carreira
Jurídica - Comissão Paraná - gestão
2020/2022. Membro do Instituto dos
Advogados do Paraná. Membro da União
Brasileira dos Advogados Ambientalistas.
Membro consultor da Comissão de Direito
à Cidade da OAB/PR.Membro da AVIPAP
cadeira 23, Patrono Carlos Drummond de
Andrade.
Repentino adeus –
fragmentos de 2020
Regina Bacellar

Um abraço final
que nem recebi,
um sorriso nos lábios
que não vi,
um amor tão puro que chegou ao fim.
E foi tudo.

Tudo para mim, para ele,


para nós, enfim...
Com seu rosto sereno,
rodeado de anjos,
sem ver as estrelas no céu,
sem saber do sol de amanhã,
sem dizer-me um último adeus,
Ele se foi.

Agora, um quarto vazio,


um leito sem dono,
uma filha que chora,
um coração pranteado pela dor,
tudo vazio,
Ele se foi...

Regina Bacellar

A
Solidão
Sensação interna
Luta eterna
Contra a dor


Sozinho
Lutando contra o destino
Reprimindo todo o amor.

Vai,
Vai levando,
Carregando sua dor.
Vai,
Vai chorando,
Vai morrendo para o amor.
O Palhaço
Regina Bacellar

Vive para brincar,


brinca para viver.
Ri, chora, grita,
desabafa problemas,
descarrega emoções.
No palco, são rostos,
utopias, vidas a representar.
Na vida, é um só
a se angustiar.

Ri, querendo chorar.


Chora, querendo gritar.
Grita, querendo se libertar.
Mente, faz sorrir, faz vibrar,
só não consegue se enganar.
RITA DELAMARI

Rita Delamari, Rita do Rocio Alves dos


Santos, é natural de Curitiba/PR. Começou
seus escritos na adolescência. Graduou-se
como 1º Sargento na PMPR e tem
formação acadêmica em Pedagogia.
Participou de antologias nacionais e
internacionais; textos no site “Recanto da
Letras”; nas revistas Esfera Policial, Carlos
Zemek, Gente de Palavra e Ser
MulherArte. Livros publicados: Das pedras
as flores, Editora Íthala, 2011; Da janela do
quarto, Editora Blanche, 2015 e Contornos
e contrastes, Marianas Edições, 2018.
Mulheres da Vitória
Rita Delamari

Sob o escudo de luz,


Cavalga sobre as colinas
E contempla a beleza
Da aurora boreal...
Defensora das tradições.
A paz como escolha!
Flor silvestre, sem lamento.
Solta fora das amarras,
Foge do inimigo,
Oh poderosa amante da lua!
Espírito livre, natureza...
Vida ou morte? Luta!
Abrem-se as correntes,
Brava guerreira,
Mar de doçura!
Ante o inferno
De um Centauro
Torna-se concedente
Da própria liberdade.
Refúgio dos oprimidos...
Mulheres da vitória!
Testemunhas do tempo...
Sabedoria nórdica,
Valquírias do agora!
Cisne ou falcão?
Na sua luta por justiça,
Somente paz é o que quer!
Fada ou bruxa?
Deusa mulher!
Anjo
Rita Delamari

Meus olhos
deslumbram o amor...
Aquele pleno amor
que jamais esquecerei.
Foste meu sol,
iluminando,
com seus raios...
A lua e seus mistérios,
embriaguei-me do teu cheiro.
Perdi-me nas
ondas dos teus cabelos;
Fartei-me de ti!
Como poderia
decifrar teus medos?
Sinto tua presença
na escuridão da noite.
Meus dias serão
de resignação!
Sigas o caminho
que escolheste
E do infinito
Olhes por mim.
Amar-te-ei eternamente,
meu anjo protetor!
Prece
Rita Delamari

Ouço o choro
de almas solitárias!

Na vidraça
descem rios...

Sofre a pressão
de teimosos pedriscos.

Quebra-se o silencio...
Noite escura; alaridos!

Pedidos silenciosos de socorro...


E o medo, apesar do conforto.

Um vírus solto no ar
que vem e que fica regras a ditar…

O pensamento voou junto


com a força dos ventos...

E o olhar àqueles combalidos,


que sofrem ao sabor do descaso.

Cerro meus olhos;


Junto minhas mãos, em oração!
SOLANGE ROSENMANN

Solange Rosenmann é educadora, artista


visual, designer, escritora e observadora
curiosa da natureza. Por entre frestas, ela
conceitua poeticamente o mundo da
realidade e da ficção e, também, a vida que
nele se faz presente. Entre 2003 e 2010 foi
a responsável pela implantação da ação
educativa do Museu Oscar Niemeyer, onde
ministrou a prática educativa, colaborando
com a edição de todo o material educativo
daquele período. Integra a Academia
Virtual Internacional de Poesia, Arte e
Filosofia (AVIPAF).
Corpo/alma
Solange Chemin Rosenmann

O que
Você procura
Que eu não encontro

O que
Você deseja
Que eu não sinto

O que
Você esconde
Que eu não percebo

O que
Você é
Que eu não sou

O que
Você busca em mim
Que só encontro em você
Sou caminho
Solange Chemin Rosenmann

Caminhe sozinho
Caminhe
Junto a areia do mar


Converse com ela
Converse com sua alma
Veja se isto lhe acalma


Converse com seu coração
Veja se ele responde


Caminhe sozinho
Caminhe junto da areia do mar
Passo a passo, de mansinho, caminhe


Quem sabe a brisa
Te leva à entrega ao voo do ar


Acalma o coração
De mãos dadas vão, Coração e Alma,
Abraçar o horizonte do olhar
Respostas encontrar.
Que procura é esta?
Solange Chemin Rosenmann

Que tu procuras, que buscas


incessantemente?
Te aquietes, ouças o teu coração.
Percebes, moro nele
E não pretendo fugir, nem sair por aí.
Quero-te em mim.
Vens, habita-me em calmaria,
Mesmo trazendo tua ventania,
Deixes a maré brilhante,
Em pôr de sol, mirar-se n'água,
Narciso de ti, vem habitar-me.
Quero-te em mim, estando em ti.
VANICE ZIMERMAN

Vanice Zimerman é curitibana; formada


em Letras Português/Inglês, Escritora e
Artista Plástica. Tem poemas, Crônicas e
Contos publicados em 96 livros. Participa
de algumas Coletâneas: “Conexão”- Feira
do Poeta- 2015 a 2020; Haicais (Croácia
2015 a 2020-23) Samoborski (Darko
Plazanin - Samobor), Kabocha, em 2016
(Menção Honrosa); A Lâmpada e as
Estrelas; Poemas & Imagens. Vice-
Presidenteda AVIPAF (Cadeira 16);
Membro da APB e da IWA.
Escombros
Vanice Zimermann

Poéticos escombros
São recortes de folhas do plátano
Guardadas, com carinho
Entre as páginas
De um livro de poesias...
Poéticos escombros
São migalhas de pão
A ladrilhar um caminho
Deixadas aos passarinhos -
E, quando anoitece
Pequenos escombros
Dialogam no porta-joias:
São sussurros trocados
Entre o brinco sem par
Com as pérolas soltas do colar,
Ah! Saudades dos pares,
Dos beijos sem pressa
Que envolvem
As lembranças guardadas
Nos poemas inacabados
Em papeizinhos, dobrados -
Relíquias de Amor…
Aracne
Vanice Zimerman

Próxima às telhas da antiga varanda


Permanece a geométrica teia,
Ao seu lado,
No pequeno tronco de madeira
Um rosto de mulher desenhado
Em finos traços, delineados
Em tons de gris a observar a teia,
Lembrando uma pitonisa
Envolta em brumas
Misteriosa figura feminina
Num entrelaçar
De delicadas tramas-tranças
Assim, nesse pausado bailar
Aracne devaneia
Abstraindo-se das dores
E, em seus sonhos nostálgicos
Borda com sabedoria
As cores do amanhecer...
Haicai
Vanice Zimerman

brisa de verão -
aroma de aquarela
desliza no Canson
POEMAS EN ESPAÑOL
DEVORA DANTE

Dévora Dante poeta antioqueña (de


Antioquia, Colombia) es Directora del
programa ConversArte, gerente cultural
Punto de Encuentro Arte y pertenece a
la Red de Mujeres Artistas de Medellín,
Colombia.
2021
Dévora Dante

Tienes ojos de futuro


promesa de enamorado
se divisa que a tu lado
tendremos felicidad.

No nos vuelvas a engañar


prometiendo grandes logros
ocultando los destrozos que
dejo el viejo año.

La ilusión de tu llegada
alborosa mi alegría
huye la melancolía
¡Adios viejos presagios!

Te doy mi voto de fe
que mueve cualquier
montaña.
Bienvenido nuevo año
cara de verde esperanza.
Los Samanes
Dévora Dantes

Me dieron la bienvenida como si fueran


gigantes, a mi mirada extasiada,
uno a uno hacían la venia.
Cuál más alto, más frondoso filados
como edecanes.
Cuando pregunté su nombre dijeron
son los Samanes.
Maravillas que mis ojos fortuna
tienen de ver, juguetean con las nubes
en el pleno atardecer.
Samanes que nos reciben con tan
poético abrazo, Samán árbol de la lluvia
a ti volverán mis pasos.
Árbol # 1
Dévora Dantes

La sombra que me albergo


su suave olor a naranja.
Atrapada mi niñez en cada
una de sus ramas.
En su madero talle
mi nombre como tatuaje.
Abrace su madero como
carne de mi carne.
Árbol que vida floreces
mi memoria te saluda.
Aunque ya no existas más
compañero de aventuras.
MARCELA GONZÁLEZ

Marcela González, efectuó estudios


terciarios graduándose de docente de nivel
primario y de profesora de nivel
preescolar. Ejerció como maestra en Jardin
de Infantes durante 30 años. Actualmente
está jubilada y dedica parte de su tiempo a
actividades relacionadas con el arte como
escribir y pintar.
Hastío
Marcela González

Y otra vez la noche,


gris, turbia y aplastante.
Como si invitara al olvido.
Sofocante e invasiva.
Y otra vez sola
aquí y allá.
Sola sin rumbo,
Sola sin nada,
Sin esperanza,
Sin compañía.
Anhelo
Marcela González

Llevo guardadas las cartas que me diste.


Siento el aroma de las flores que traías.
Tengo el recuerdo de tus caricias.
Hasta cuándo?
Cuándo será el momento de
reencontrarnos?
Por qué te marchaste antes dejándome
muerta en vida?
Sé que pronto partiré.
Espera.
Despertar
Marcela González

Corre, vuela,
despierta
alma mia.
Corre, vuela,
sé libre
sin miedo.
Corre, vuela,
no te detengas,
no te dobleguez.
Corre, vuela,
ve por tus sueños,
sigue tu instinto.
Corre, vuela,
abre tus alas,
vive tu vida.
SHEINA LEE

Sheina Lee, poeta y novelista uruguaya.


Nacida en Montevideo, Uruguay, en 1962,
publicó 19 libros de poesía y 42 novelas
románticas, (Románticos LGBT) así como
participado en numerosas antologías
colectivas, obteniendo diversas
distinciones en importantes concursos
literarios en Uruguay y el extranjero,
siendo socia además de destacadas
instituciones culturales nacionales e
internacionales.
Página literaria: www.sheinalee.com
Camino a la igualdad
Sheina Lee

La luna late con fuerza,


enciende la oscuridad,
aplaude las diferencias,
y con fervor la igualdad,

mujeres con gran firmeza,


hombres buscando la paz,
vistiéndose de promesas,
llevando a la libertad,

como mágica bandera,


que no deja de flamear,
casi toca las estrellas ,
en su intenso transitar,

buscando nueva conciencia


en un viaje sin final.
Hombres y mujeres vuelan,
con su alas de cristal,

cada día una proeza,


para no volver atrás,
ideales que reflejan,
destino en la eternidad,
junto a la vida perpleja,
decidida a no soltar,
a esas almas que aún sueñan,
un camino, a la igualdad.
El bosque de los pinos
Sheina Lee

El bosque de los pinos,


plasmado de recuerdos,
con sus brazos altivos,
mecidos por el viento;

resguardando con bríos,


nuestros antiguos sueños,
junto a graciosos niños,
que aún siguen corriendo,

por mágicos caminos,


cuidados por el tiempo,
desde donde sonrío,
en plácido silencio,

anhelos fugitivos,
ardientes sentimientos,
que ya sean vuelto amigos,
y corren a mi encuentro,

mezclados en los pinos,


y su extraño misterio,
recuerdos escondidos
entre árboles y cielo,

también viejo testigo,


de los antiguos juegos,
que conservan su brillo,
transformados en versos,
dedicado a esos niños,
que nunca envejecieron,
marcaron su destino,
en esos bosque quietos,

junto a ocasional trino


de un pájaro travieso,
anunciando bravío
el instante perfecto,

bajo los grandes pinos,


guardianes del reflejo,
de esos felices chicos,
que nunca más partieron,

intensamente vivos,
en miles de recuerdos…
Un último suspiro,
y camino tras ellos,

deseoso de seguirlos,
en ese viaje eterno,
que también hago mío,
pues no quiero perderlos…
La magia de los libros
Sheina Lee

Abrió sus puertas el libro


dio comienzo la aventura,
entre risas y sigilo,
las letras llegan de a una,

se van abriendo caminos


para que lleguen las musas,
conduciendo el firme hilo
de la mágica lectura,

y ese permanente brillo


enredado con la luna,
cuando vuelan mis suspiros
hacia esa pasión tan pura,

amante con tanto hechizo,


ha logrado hacerme suya,
que acompaño con ahínco,
cuando las hojas susurran,

hacia un ansioso destino,


donde no existen penumbras,
mientras sigo por los siglos,
detrás de excelsa lectura,

y un eterno desafío,
junto a un cielo de cultura.
SONIA ANDREA MAZZA

Sonia Andrea Mazza, nació en la ciudad


de Avellaneda, Buenos Aires, en 1966.
Es Psicóloga Social, Psicodramatista y
Master Reino. Participó en antologías
organizadas por la escritora Isabel Furini
en Brasil, y por el poeta Alfred Assis en
Chile. Participó de exposiciones de Poesía
en Curitiba (Brasil), EnCABA y Necochea
(Argentina),en Medellín y Río Negro
(Colombia). Publicó el e-book Subjetiva y
Substancial. Es miembro de AVIPAF
(Academia Virtual Internacional de Poesía,
Arte y Filosofía). Actualmente se
desempeña como miembro de la Comisión
directiva de Psiquis Sana org.
A mis rosas
Sonia Andrea Mazza

Me pregunto si mis rosas tan amadas


estarán entre lo bello que perdure
cuando yo ya no exista
si habrán de recordarme
corriendo hacia el jardín alguna tarde
apenas un instante antes
de que el sol base el suelo
a buscar un ramito de Romero
Corazón torturado
Sonia Andrea Mazza

Yo sé que un día vencerá la herrumbre,


el alambre de fardo que te amarra,
corazón torturado.
O será que tu carne podrida se libere
De crueles ataduras.
Bajo la Cruz perenne del olvido
Cuando ya ni recuerdes a tu primer
amado
y tu último enamorado se haya ido
Has de entender al despertar
que el amor es un sueño que se esfuma
Por calles desgastadas de rutinas
infestadas de parvadas de palabras
muertas,
Observada por pérfidas miradas,
Y no hay puerta capaz de resguardar
la huérfana ternura de un suspiro
Ni hay libro capaz de eternizar
los pétalos endebles de una rosa
Descansa en paz corazón mío.
Sueños
Sonia Andrea Mazza

Mi cuerpo que se niega a transmutar


se convierte en la noche en estatua
de nácar
y Blanca salta espuma
naufragando a la deriva
en olas de sábanas inmóviles y frías
un pájaro siniestro me transporta
sobre un océano de sombras
mientras los muertos en grito silencioso
susurran a mi oído
mensajes que no entiendo
otras veces los sueños son tan dulces
que dormida quisiera
permanecer por siempre

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