Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Passar adiante
Com menos, sempre menos
Até voar sem as horas.
Paixão e anjo decaído
Adriane Garcia
As labaredas sobem
Querem o céu
No baixo ventre
Queima esse inferno
De luz.
Estampidos
Adriane Garcia
Depois
Vão viver perdidos
ANNA APOLINÁRIO
Teu olhar
Um sol a espernear no céu
Pavão louco luciferando nuvens
Seu lume espatifa aves de rapina
O sorriso macera girassóis
Um milagre em cada sombra
Fulmina a voz das estrelas.
Revés
Anna Apolinário
Pássaros apalpam
A palavra pulmão
Sem pudor,
Lábios asfixiam
O voo.
Carmen
Anna Apolinário
a esfinge se cala
e entrega
de mão beijada
o centauro amado
a quem jamais
o amou assim
Poema sem título
Barbara Lia
lençóis de linho
em desalinho
de saudade
silêncio
de paredes
órfãs
tudo ignorado
pela ikebana
sorrindo luz
no canto da sala
outono
Barbara Lia
folha de plátano
baila ao sol
acha crepitante
desaba no solo triste
epitáfio da folha:
não desapareço
feito espuma nas ondas
regenero o solo
com ternura feroz
Imperdível,
é ver o verde
monocromático,
é ver as borboletas
no jardim,
as abelhas polonizado.
Imperdível!
É ver o sabiá
bicando o caqui,
e outro pássaro cantando:
bem-te-vi, bem-te-vi.
A criança brincando,
brincando com a natureza.
A mãe zelosa, observando.
Hoje
Elieder Corrêa da Silva
Andei rápido,
pensando que a vida acabasse ontem;
fui a igreja orar,
pensando que a vida acabasse ontem;
fui ao baile, bailar;
pensando que a vida acabasse ontem;
caminhei no ritmo do dia,
pensando que a vida acabasse ontem;
fui admirar o nascer e o pôr do sol,
pensando que a vida acabasse ontem;
corri maratonas imaginárias,
pensando que a vida acabasse ontem,
tentei fugir da certeza, não consegui;
sou flecha em direção ao Alvo único;
desvio o caminho, vou admirar o pôr
do sol,
pensando... amanhã não hei de.
ETEL FROTA
Na torre despovoada
rainha louca
invento escalas de importância
[ordens imaginárias]
Reclassifico
por critério de tamanho
por cicatrizes nas lombadas
por gradação cromática
[couleurs]
Já não há blancs
[todos patinados nas esperas]
Lá fora, rouge a peste
Je reviens. Vengeance
Trágico
para Abílio
Etel Frota
lavra o árido
cala o ávido
anacrônico
verte o cálido
fala o óbvio
pentatônico
lega o ótimo
vai, num átimo
cessa, anônimo
Pequeno tratado
das delicadezas
[à guisa de glosa]
Etel Frota
Flavia Quintanilha
desce em lava
sonando em notas
em corpo gemido letras
do avesso
que entalha na veias
tempo em tempo sem tempo
delineia todos os segredos
ouvidos pele
amorna
esfria
envolve e leva
todas as cores que
coração carrega
Flavia Quintanilha
Flavia Quintanilha
Somos
Zeus
Era e a Afrodite
Tu Zeus
Ela Era
Eu Afrodite
E nós?
No meio dos matos
Dos rios
Nos deleitando no alívio
Entre vinhos e desejos
Não chamamos Baco
Ficamos só nós dois
Nos amando
Trem surrealista
Jeovania P.
Os campos de flores
Na linha
Do trem
Entrava
Eu nesse trem
E não entrava
Nem lembranças
Nem dessabor
Só levava alegria
Amor
Notas musicais
E
Se um dia
Você me quisesse
Eu
Entrava na linha
Pode dizer:
-deixe disso
Mulher-
Sim!
Eu entrava na linha
A dor
dos teus olhos negros
escorrendo na tinta do lápis
essa mesma dor silenciosa
que levou Zila ao mar
Entusiasta da Vida
Se tu tens um sonho,
Insista, persista!
Sejas pleno, inteligente, racional
e realista.
Não desistas e sejas mais que otimista...
Sejas entusiasta da tua vida!
Quando a Paz Vem...
Juliana Oliveira Nascimento
Tempo
Oh! Tempo
Ah! Tempo
Bom tempo.
Esse tempo
Que muda o curso de vidas
Que alonga distâncias
Encurta caminhos.
Tempo
que não dá tempo
Sobra tempo
Espera o tempo.
Atravessar os desfiladeiros
Labutar nas montanhas
Estudar os furacões
Para chegar ao oceano de sabedoria.
O olhar surpreso
Acompanha o passo
Que no compasso
Da música ecoando no espaço
Se faz e refaz
Volteia e se retrai.
O olhar surpreso
É surpreendido
Pela vista que avista.
Significados não declaráveis
Mensagens indecifráveis
Pensamentos escondidos
Mas não expandidos
Interesses disfarçados.
Olhos escuros
Muito escuros
Inquietos, observadores
Do outro lado da distância
Inquisidores constantes
Penetram em minha mente
Causam incontáveis questionamentos
Dúvidas, incertezas
Mais irredutível
Que impede a fuga,
O afastamento, o descompasso
a falsa indiferença, o alheamento
No andar apressado
Um objetivo
Na atenção apreendida
Uma busca
Do que vai à frente
Pois o que se relegou
Ao estágio da desimportância
Permaneceu encoberto
Na sombra do passado
No esquecimento fortuito
Do que fora, uma vez
Sem chance de retomar
Sem espaço para acontecer
Sem vontade de existir.
À frente, incógnitos acontecimentos
Desconhecidos,
inesperados, interlaçados
com a angústia do não saber.
MARÍLIS DE ASSIS
A flor colorida
Palavras que dançam ao vento
Amores que suspiram em vigorosos ais
Solidão sem fim,
Temperança
Reza baixinho
Agradecendo a Deus a oportunidade
amar
Coração aflito
Frases de bolero
Bailarina do minueto
Na nascente do rio
Troca ideias com as pedrinhas brancas
Silêncio
As pedras falam
Ensinam segredos milenares
Materializar punhal de prata para cortar
o mal
Recitando versos de poeta celta
Cantando em suave melodia a língua
das fadas
MARLI ANDRUCHO
BOLDORI
Curvas sinuosas
mãos dissimuladas
sensuais sem deixar
de ser sensível
ao toque de hábeis
dedos
que tocam
com o arco
em posição vertical
Com quatro
Cordas afinadas
Exige, pois
muita disciplina
consegue divinas notas musicais
traduzindo assim
sua beleza
estonteante
Deixa atônitos
Os que se aproximam
Do mais belo
som musical
divinal violoncelo.
Súplica
Marli Andrucho Boldori
Um abraço final
que nem recebi,
um sorriso nos lábios
que não vi,
um amor tão puro que chegou ao fim.
E foi tudo.
A
Solidão
Sensação interna
Luta eterna
Contra a dor
Só
Sozinho
Lutando contra o destino
Reprimindo todo o amor.
Vai,
Vai levando,
Carregando sua dor.
Vai,
Vai chorando,
Vai morrendo para o amor.
O Palhaço
Regina Bacellar
Meus olhos
deslumbram o amor...
Aquele pleno amor
que jamais esquecerei.
Foste meu sol,
iluminando,
com seus raios...
A lua e seus mistérios,
embriaguei-me do teu cheiro.
Perdi-me nas
ondas dos teus cabelos;
Fartei-me de ti!
Como poderia
decifrar teus medos?
Sinto tua presença
na escuridão da noite.
Meus dias serão
de resignação!
Sigas o caminho
que escolheste
E do infinito
Olhes por mim.
Amar-te-ei eternamente,
meu anjo protetor!
Prece
Rita Delamari
Ouço o choro
de almas solitárias!
Na vidraça
descem rios...
Sofre a pressão
de teimosos pedriscos.
Quebra-se o silencio...
Noite escura; alaridos!
Um vírus solto no ar
que vem e que fica regras a ditar…
O que
Você procura
Que eu não encontro
O que
Você deseja
Que eu não sinto
O que
Você esconde
Que eu não percebo
O que
Você é
Que eu não sou
O que
Você busca em mim
Que só encontro em você
Sou caminho
Solange Chemin Rosenmann
Vá
Caminhe sozinho
Caminhe
Junto a areia do mar
Vá
Converse com ela
Converse com sua alma
Veja se isto lhe acalma
Vá
Converse com seu coração
Veja se ele responde
Vá
Vá
Caminhe sozinho
Caminhe junto da areia do mar
Passo a passo, de mansinho, caminhe
Vá
Quem sabe a brisa
Te leva à entrega ao voo do ar
Vá
Acalma o coração
De mãos dadas vão, Coração e Alma,
Abraçar o horizonte do olhar
Respostas encontrar.
Que procura é esta?
Solange Chemin Rosenmann
Poéticos escombros
São recortes de folhas do plátano
Guardadas, com carinho
Entre as páginas
De um livro de poesias...
Poéticos escombros
São migalhas de pão
A ladrilhar um caminho
Deixadas aos passarinhos -
E, quando anoitece
Pequenos escombros
Dialogam no porta-joias:
São sussurros trocados
Entre o brinco sem par
Com as pérolas soltas do colar,
Ah! Saudades dos pares,
Dos beijos sem pressa
Que envolvem
As lembranças guardadas
Nos poemas inacabados
Em papeizinhos, dobrados -
Relíquias de Amor…
Aracne
Vanice Zimerman
brisa de verão -
aroma de aquarela
desliza no Canson
POEMAS EN ESPAÑOL
DEVORA DANTE
La ilusión de tu llegada
alborosa mi alegría
huye la melancolía
¡Adios viejos presagios!
Te doy mi voto de fe
que mueve cualquier
montaña.
Bienvenido nuevo año
cara de verde esperanza.
Los Samanes
Dévora Dantes
Corre, vuela,
despierta
alma mia.
Corre, vuela,
sé libre
sin miedo.
Corre, vuela,
no te detengas,
no te dobleguez.
Corre, vuela,
ve por tus sueños,
sigue tu instinto.
Corre, vuela,
abre tus alas,
vive tu vida.
SHEINA LEE
anhelos fugitivos,
ardientes sentimientos,
que ya sean vuelto amigos,
y corren a mi encuentro,
intensamente vivos,
en miles de recuerdos…
Un último suspiro,
y camino tras ellos,
deseoso de seguirlos,
en ese viaje eterno,
que también hago mío,
pues no quiero perderlos…
La magia de los libros
Sheina Lee
y un eterno desafío,
junto a un cielo de cultura.
SONIA ANDREA MAZZA