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CONTABILIDADE

TRIBUTÁRIA

Ramon Alberto
Cunha de Faria

Pablo Rojas
Coordenador
© SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016

Colaboraram nesta edição:


Coordenador técnico: Pablo Rojas
Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH
Imagem da capa: Shutterstock
Editoração: Kaka Silocchi

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F224c Faria, Ramon Alberto Cunha de.


Contabilidade tributária [recurso eletrônico] / Ramon Alberto Cunha de Faria
coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre : SAGAH, 2016.

Editado como livro impresso em 2016.

ISBN 978-85-69726-12-8

1. Contabilidade tributária. 2. Tributação. I. Título.

CDU 657:336.221

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


INTRODUÇÃO

A contabilidade tributária é o ramo que estuda a teoria e as aplica pela


prática dos princípios e normas da legislação tributária, visando sempre
pelo gerenciamento das apurações dos tributos incidentes sobre as diversas
atividades de diversos segmentos de empresa, e também as auxiliando nas
gerações de diversas obrigações acessórias que o governo às impõe, para que
não sejam passíveis de sofrerem sanções e penalidades fiscais.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final desta unidade você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Compreender adequadamente o instituto e estudo da contabilidade voltada


a área tributária;
• Entender como funciona um planejamento tributário, obedecendo os preceitos
e normas tributárias, sempre também obedecendo os postulados contábeis;
• Entender os mecanismos que levam ao motivo de que é necessário
gerenciamento nos resultados contábeis para área tributária, pois estes
darão as medidas para uma saúde financeira tributária para as empresas.

O QUE A CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA


EXERCE COMO ATIVIDADE?

Umas das primordiais funções e atividades da contabilidade tributária são:

• Escrituração dos documentos fiscais, através das Notas Fiscais que hoje
são praticamente todas eletrônicas, independente dos estados (Nota Fiscais
de Venda) ou dos municípios (Notas Fiscais de Serviços Prestados), que serão
transcritos em livros fiscais, para que se possa determinar o montante devido
de tributos que a empresa terá de recolher dentro do prazo, geralmente
sempre um mês após a competência da nota fiscal (emissão da NF).

• Exatidão na base de cálculo ou resultado tributável, no lucro de um


determinado período fiscal, a até mesmo obtenção de um possível
prejuízo, que na frente se devidamente registrado e controlado (através

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da contabilidade) irá gerar um benefício fiscal para a empresa, como poder
abater um percentual do valor de prejuízos de anos anteriores do lucro
tributável do exercício para fins de cálculo do Imposto de Renda Pessoa
Jurídica, diminuindo assim seu imposto a recolher. Nesse âmbito, paremos
para refletir o quão importante se torna o papel da contabilidade, pois sem
ela, não teríamos condições e ferramentas para controlar corretamente o uso
do prejuízo fiscal para obter essa vantagem de deduzir o devido valor de um
determinado tributo. Se a empresa não tiver um rígido controle, certamente
estará pagando mais tributos do que deveria somente nesse único detalhe.

• Contabilização das provisões dos tributos, em obediências ao princípio


(contábil) da competência, pois alguns dos tributos tem em suas apurações
períodos trimestrais e até mesmo anuais, e como a contabilidade é um sistema
responsável por prestar informações, é seu dever também provisionar os
devidos valores dos tributos, para que a empresa possa organizar seu fluxo
de caixa para o devido pagamento quando chegar a data.

• Embasamento e orientação fiscal para as empresas que possuem filiais,


controladas, coligadas e de demais grupos. Estas orientações são de vital
importância, pois a localização da empresa, pode mudar sua carga tributária,
dependendo do municípios onde o ISS (imposto sobre serviço) tem uma
alíquota reduzida, ou até mesmo em outro estado, onde o ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) poderá ter sua alíquota também
reduzida, ou algum outro benefício fiscal relacionado.

• Emissão e gerenciamento de guias de tributos para o departamento de


contas a pagar, o acompanhamento do pagamento destes, para que a
empresa não venha futuramente a receber comunicados de penhoras de
bens por falta de pagamento de tributos.

CONTABILIDADE - METODOLOGIA

Para que possamos entender a contabilidade voltada a área tributária,


primeiramente se faz necessário um estudo prévio da metodologia contábil.

A contabilidade é a ciência que visa a interpretar, compreender e aplicar os fatos


empresariais e assim gerar informações para que gestores e administradores
de seus negócios possam ter diretrizes e saber quais rumos tomarem, ou seja

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é um indicador de tomadas de decisões e até mesmo de soluções.

A contabilidade tem um dos seus pilares fundamentais na teoria chamada


“método das partidas dobradas”, consiste em um sistema padronizado
e utilizado por empresas e demais entidades para registrar transações
financeiras. Esse método consiste em controlar e registrar as origens e as
aplicações de recursos, onde para cada transação à no mínimo duas contas
a serem contabilizadas, uma a débito e outra a crédito em igual valor para
ambas as contas.

DICA

Método das partidas dobradas: Foi escrito e desenvolvido por Luca


Pacioli em seu livro chamado “Summa de Arithmetica, Geometria,
Proportioni et Proportionalità em 1494”.

DÉBITO – É o lançamento contábil que identifica para quais contas foram os


recursos, “as aplicações derivadas das origens dos recursos” (toda entrada de
recurso debita-se em determinada conta).

CRÉDITO – É o lançamento contábil que identifica a origem ou a procedência


dos recursos (toda saída de recursos, seja ele financeiros ou patrimonial,
credita-se determinada conta).

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Diante de um sistema tributário complexo, burocrático, e aliado a isso a alta


carga tributária, chegando em média a 37% do PIB (Produto Interno Bruto),
as empresas necessitam como forma de gestão, de um planejamento no
momento de se pagar um determinado tributo.
No entanto na seara tributária o planejamento é considerado por vezes

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ilícito, devido ao fisco se manifestar na posição de que o contribuinte que visa
diminuir os seus tributos em seus planejamentos, já o visa na intenção.

O planejamento tributário consiste em organizar as operações mercadológicas
da empresa, através de ferramenta e mecanismos de forma estrutural
e jurídica, capaz de antever e até mesmo evitar a hipótese de incidência
tributária, ou podendo modificá-la através da materialidade ou de lapso
temporal, fazendo com que tal medida de hipótese de incidência venha a ser
mais benéfica em tempos propícios. Esta medida trata de um comportamento
técnico formal, como explícita Humberto Bonavides, que visa a reduzir, adiar
ou até mesmo excluir os respectivos encargos tributários.

Vemos então que o planejamento tributário, consistem em estudar


determinadas alternativas lícitas tributárias, para que a empresa possa se
precaver, postergar e até mesmo diminuir seus tributos, antes da ocorrência
do fato gerador.

No entanto, o fisco não analisa desta maneira o planejamento tributário,


dizendo que isto se faria por meio de ato ilícito, através da sonegação fiscal.

A respeito disso vou tratar de dois pilares de diferenciação de planejamento


tributário lícito (elisão fiscal) e o ilícito (evasão fiscal).

ELISÃO FISCAL

Elisão fiscal é um ato formal e jurídico, totalmente lícito, para que o


contribuinte possa reduzir a carga tributária, através de um ato para antever
o fato gerador, podendo ser feito através da própria legislação, e também de
lacunas na legislação.

Planejamento tributário feito através da própria legislação: São benefícios


fiscais concedidos (mediante lei), a determinados ramos de atividades
empresariais, que possibilita a empresa optar por essa ou outra escolha que
visa a reduzir sua carga tributária, em prol de um ato vinculado.

Cito um exemplo do benefício fiscal concedido sobre os Juros sobre o Capital


Próprio (JCP), em que o governo permite as empresas remunerarem seus
sócios através desta sistemática, ao invés de distribuir “dividendos”. Ao optar

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pela remuneração de seus sócios / investidores através dos JCP, a empresa
pode computar este pagamento como despesa do próprio exercício, e deduzi-
la do lucro para fins de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica.

“Lei nº 9.249 de 26 de dezembro de 1995 – artigo 9º: A pessoa jurídica poderá


deduzir para efeitos de apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados
individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do
capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados a
variação pro rata dia da Taxa de Juros a Longo Prazo – TJLP”.

Esta é uma das formas lícita onde podemos planejar qual a melhor maneira
de se obter uma carga tributária menos elevada, e dentro da lei.

Planejamento tributário realizado através de lacunas na legislação fiscal:


São interpretações na legislação tributária ao qual visam a beneficiar o
contribuinte, devido a lei estar obscura ou má redigida, pois quem faz a lei
não tem a mesma visão de quem as aplica.

Cito o exemplo do início, término, interrupção e demais aspectos de contagens


do prazo prescricional e decadencial, sendo deles surtidos os efeitos a
partir da constituição federal delegando a matéria para ser tratada em lei
complementar, que por sua vez não a tratou como deveria, sendo objeto
de soluções de consultas, pareceres normativos, e também de doutrinas
e jurisprudências, fazendo com que os contribuintes optem pela melhor
interpretação.

Vemos então, para que não se tenha uma interpretação divergente daquela
dada pelo fisco, tem o legislador que ser preciso em sua redação legislativa,
caso não o tenha, não pode o contribuinte ser julgado como sonegador de
imposto por interpretar de maneira diversa. Esse é um ponto importantíssimo
que irá nos precaver de sofrer sanções fiscais.

EVASÃO FISCAL

É o ato ou ação ilícita de se evitar, protelar, reduzir determinado tributo após


a ocorrência do fato gerador.

O conceito de “evasão fiscal” não está disciplinado em lei, porem o seu teor

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está contido na lei nº 8.137/1990 – Lei de crime contra a ordem tributária,
econômica e contra as relações de consumo, em seu artigo 1ª que diz,
constitui crime contra a ordem tributária (...)

I - Omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;


II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo
operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III - Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou
qualquer outro documento relativo à operação tributável;
IV - Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou
deva saber falso ou inexato;
V - Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento
equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço,
efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Vemos então que o conceito de evasão está sem dúvida totalmente
equivocado com a interpretação de planejamento tributário.

REFERÊNCIAS

BORGES, H.B. Gerencia de impostos: IPI, ICMS e ISS. 3.ed. São Paulo: Atlas,
2000. p. 55.

ROCHA, V. de O. (coord.). O planejamento tributário e a lei complementar


104. 1ª reimp. São Paulo: Dialética, 2002. p. 15.

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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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