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CUSTOS
INDUSTRIAIS
Gustavo Antoni
Análise horizontal e vertical
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Você sabe como analisar os demonstrativos contábeis divulgados por uma
empresa? Essa é uma dúvida comum, mas a análise de demonstrativos é
uma tarefa cotidiana para aqueles que trabalham com investimentos em
companhias, ou que trabalham em auditoria contábil, ou ainda aqueles
que se dedicam ao estudo desta área.
Existem diversas técnicas para analisar relatórios contábeis, porém,
este capítulo vai abordar a análise horizontal e a análise vertical. São
técnicas simples, aplicadas diretamente nos demonstrativos divulgados,
que permitem observar o comportamento das contas de uma empresa
ao longo do tempo, assim como também permitem avaliar a composição
dos relatórios e a representatividade das principais contas.
Uma condição fundamental para a análise é que ela deve ser feita utili-
zando demonstrativos de dois ou mais exercícios (ÁVILA, 2006). Além disso,
a análise, a comparação e a interpretação das informações não se aplicam
somente a uma situação estática da empresa, como o balanço patrimonial,
mas também à situação dinâmica da empresa, como a DRE, na qual lucros e
prejuízos são apurados (ÁVILA, 2006).
A análise das demonstrações contábeis exige a preparação de informações
úteis aos seus usuários, de modo que suas necessidades sejam consideradas
previamente à elaboração (ÁVILA, 2006). A preparação das demonstrações
contábeis deve passar por uma análise minuciosa das contas patrimoniais
e, após isso, devem ser padronizadas, com o objetivo de facilitar a análise e
permitir, de uma forma visível, a separação dos bens, direitos e obrigações
da empresa (ÁVILA, 2006).
A análise de demonstrações busca, basicamente, mostrar ao administrador
interno uma avaliação do seu desempenho geral, como forma de identificar as
consequências das decisões financeiras tomadas. Já para um analista externo,
uma avaliação mais específica da empresa é apresentada, dependendo da
posição deste, se credor – liquidez e capacidade de pagamento – ou investidor
– retorno do investimento e criação de valor (MARTINS, 2017).
Análise horizontal
A análise horizontal avalia a evolução dos componentes das demonstrações
contábeis ao longo do tempo. Logo, para esta análise, são necessárias, no
mínimo, demonstrações de dois exercícios consecutivos (ÁVILA, 2006). A
análise horizontal demostra se houve crescimento da empresa, além de acom-
panhar o desempenho individual de cada conta – ou cada componente – de
uma demonstração analisada.
A finalidade da análise horizontal é observar a evolução ou involução dos
componentes das demonstrações, pois, ao analisar períodos consecutivos de
uma demonstração contábil, é possível verificar a ocorrência de disfunções em
contas patrimoniais (LIMEIRA et al., 2010). Pode-se verificar em uma análise
horizontal, por exemplo, o aumento excessivo em uma despesa administrativa
ou uma redução expressiva no lucro da empresa (ÁVILA, 2006).
Veja no Quadro 1 os dados do balanço patrimonial da empresa fictícia
Estrela Solitária S/A referentes aos exercícios de 2009 e 2010, que servirão
de base para o exemplo da aplicação da análise horizontal.
Ativo 16.600 133 12.500 100 Passivo 15.800 146 10.800 100
circulante Circulante
Disponível 900 150 600 100 Empréstimo/ 5.400 174 3.100 100
financiamentos
Aplicações 2.700 113 2.400 100 Fornecedores 5.600 133 4.200 100
financeiras
Clientes 7.200 131 5.500 100 Provisões 2.500 108 2.300 100
sociais/
tributárias
Estoques 5.800 145 4.000 100 Dividendos 2.300 192 1.200 100
Ativo não 27.200 118 23.000 100 Passivo não 5.000 106 4.700 100
circulante circulante
Realizável a 2.000 111 1.800 100 Empréstimo/ 2.800 112 2.500 100
longo prazo financiamentos
Investimentos 11.100 116 9.600 100 Debêntures 2.200 100 2.200 100
Intangível 4.100 128 3.200 100 Patrimônio 23.000 115 20.000 100
líquido
Ativo total 43.800 123 35.500 100 Passivo e 43.800 123 35.500 100
PL total
A partir deste valor, pode-se afirmar que, de 2009 para 2010, a empresa
teve um aumento nos seus estoques de 45%.
Da mesma forma que analisamos o balanço patrimonial, podemos analisar
a demonstração de resultados do exercício (DRE), desde que tenhamos, pelo
menos, demonstrações de dois períodos consecutivos. Veja a DRE da empresa
fictícia Modelo S/A mostrada no Quadro 2.
No Quadro 2, o ano 20_1 está definido como ano–base. Aos valores de-
monstrados nele, atribuímos o valor de 100%. Analisando a DRE, podemos
notar que o lucro líquido do exercício diminui 3% no ano 20_2 e, depois, cresce
4% em 20_3, sendo que ambos os valores tomam como base o ano de 20_1.
Se tivéssemos à disposição somente os anos 20_2 e 20_3, a análise horizon-
tal seria feia de forma diferente, pois o ano 20_2 seria tomado como ano-base
e, aos seus valores, atribuiríamos 100%. O lucro líquido de 20_3, neste caso,
seria analisado da seguinte forma:
Análise vertical
Ávila (2006) define a análise vertical como aquela na qual comparamos os
valores individuais das contas patrimoniais em relação ao valor total deste
grupo, o que mostra o percentual de participação de cada conta no valor total
do grupo. Para esta análise, utilizamos os dados de um único exercício, pois
avalia-se a representatividade de cada componente das demonstrações para
poder identificar aquelas que contribuem de forma mais significativa para o
resultado (LIMEIRA et al., 2012).
Segundo Ávila (2006), a análise vertical, quando aplicada ao balanço pa-
trimonial, avalia a qualidade da estrutura de contas, ao passo que, quando
aplicada à DRE, conforme Perez-Júnior e Begalli (2009 apud LIMEIRA et
al., 2012), possibilita avaliar a composição percentual das receitas e despesas
de forma que seja possível evidenciar as maiores influências na formação do
lucro ou prejuízo.
Tabela 1.
Tabela 2.
Realizado Ano 2
Receitas financeiras
Tabela 3.
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Caixa e equivalentes de caixa 4 5.063.383 5.648.080 Fornecedores 2.743.818 3.629.788
Gestão de custos industriais
(Continua)
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(Continuação)
Tabela 3.
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e trabalhistas
Depósitos judiciais 17 1.861.784 1.703.367 Provisão para passivos 20 66.069 136.070
ambientais
Outros ativos não circulantes 447.260 490.583 Benefícios a empregados 19 1.504.394 1.687.486
Gastos antecipados com 19 56.797 140.388 Obrigações com FIDC 21 1.007.259 853.252
plano de pensão
Investimentos avaliados 9 798.844 1.392.882 Outros passivos 401.582 690.766
por equivalência não circulantes
Ágios 11 9.470.016 15.124.430 21.738.979 30.261.295
Outros intangíveis 12 1.319.941 1.835.761 Patrimônio Líquido 22
Imobilizado 10 19.351.891 22.784.326 Capital social 19.249.181 19.249.181
36.838.401 47.917.211 Ações em tesouraria (98.746) (383.363)
Reserva de capital 11.597 11.597
Reserva de lucros 3.763.207 6.908.059
Ajustes de avaliação 1.102.897 5.900.327
patrimonial
Atribuídos a participação dos 24.028.136 31.685.801
acionistas controladores
Participações dos acionistas 246.517 248.582
não controladores
Patrimônio Líquido 24.274.653 31.970.383
Total do ativo 54.635.141 70.094.709 Total do passivo e do 54.635.141 70.094.709
patrimônio líquido
Análise horizontal e vertical
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146 Gestão de custos industriais
ÁVILA, C. A. Gestão contábil para contadores e não contadores. 20 ed. Curitiba: IBPEX,
2006.
DINIZ, F. Análise das demonstrações contábeis: análise horizontal e vertical de balanços.
09 jul. 2014. Disponível em: <http://www.cienciascontabeis.com.br/analise-demons-
tracoes-contabeis-analise-horizontal-vertical/>. Acesso em: 05 abr. 2017.
MARTINS, S. Saiba como aplicar as análises horizontal e vertical nas demonstrações
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-horizontal-vertical/>. Acesso em: 05 abr. 2017.
LIMEIRA, A. L. F. et al. Gestão contábil financeira. Rio de Janeiro: FGV, 2012. (Gestão
Empresarial).
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL (Org.). Estrutura e análise das demonstrações
contábeis. Curitiba: IBPEX, 2009.