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PRODUTO EDUCACIONAL
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................... 6
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 67
PRODUTO EDUCACIONAL
Caro(a) Leitor(a),
Jornal IFNMG.
Destaque para
as ações do
Cead como os
programas
Rede e-Tec e
Profuncionario,
2014.
Compreendendo que não somente o aumento da quantidade de IES é importante,
mas, também, o ingresso de alunos nos IES, demonstra-se, na figura 2, a abrangência
dessa modalidade, considerando apenas as matrículas em cursos superiores de
instituições de ensino superior – IES das redes pública e privada participantes do Censo
EAD.BR 2019-2020.
Laboratório dos
tutores à
distância do
CEAD/IFNMG,
2017.
Essa concepção acerca da gênese do trabalho como “base dinâmico-estruturante”
do ser é defendida por Lukács (1978), que concorda com o pensamento de Marx quando
afirma que
Curso Técnico em
Libras Rede e-Tec
Bolsa Formação, blitz
Educativa na cidade
Montes Claros/MG,
2017..
Em outra perspectiva, Mészáros (2008) apresenta que, para romper com a lógica
do capital sobre educação, não basta passar por simples reformas, mas realizar uma
mudança educacional radical. Desse modo, afirma que
Para Mészáros (2008), uma mudança educacional radical seria necessária para
romper com as amarras impostas pelo capital, que controla, por meio de seus valores
alienantes e desumanizantes, os trabalhadores e seus filhos, perpetuando sua lógica
perversa na sociedade.
A proposta de currículo integrado engaja-se em um posicionamento político que
tem como propósito compreender e explicar a realidade a partir dos seus
condicionamentos históricos, não negando os conflitos sociais, divisão social do trabalho
e a luta de classes. O conhecimento científico, historicamente acumulado, é base para se
compreender a realidade como totalidade. Para tanto, os saberes sistematizados
dialogam entre si e com a realidade vivida, num movimento constante e inseparável, que
se revigoram em uma interminável relação teórico-prática. Nesse ponto de vista,
Lotternann e Silva (2006, p. 21) afirmam que “os enfoques críticos tornaram visíveis os
modos de participação da educação na reprodução da vida social e, com isso, acabaram
por denunciar uma política de desigualdade e opressão embutida nas práticas educativas
e escolares”.
É primordial, portanto, uma leitura e intervenção no mundo por meio de práticas
curriculares que não apenas visem à manutenção de situação histórica, mas que criem
condições para compreendê-las, problematizá-las e superá-las. Isso não é possível com
uma visão de mundo ingênua e conformista, dada pelas pedagogias liberais, como a
pedagogia das competências cujo escopo curricular é a organização dos conteúdos para
a resolução de problemas, aplicação prática e imediata, desprezando determinados
campos do saber, por não serem considerados úteis à solução de problemas concretos.
Desse modo, prioriza certos conhecimentos, despreza outros e leva à fragmentação do
ensino ao desconsiderar o caráter epistemológico, político e social na formação do
currículo. A organização curricular fragmentada é definida com base nas teorias
tradicionais, cujo fundamento é a sociedade industrial do início do século 20, nos Estados
Unidos, quando esteve ligada às formas de organização do trabalho fabril. Desvelar o que
está subjacente nos currículos, por meio das ideologias apregoadas pela sociedade
capitalista e a quais fins se destinam, é também tarefa de todos e todas que defendem e
atuam no âmbito do currículo integrado, defendido por Lottermann e Silva (2006, p. 23)
quando asseveram que
Contudo, ao se optar por um currículo que visa à formação integrada, deve-se ter
ciência de que uma mudança de postura por parte de professores, alunos e todo o corpo
escolar, diante da realidade concreta que é apresentada, é imprescindível, pois, conforme
Araújo e Frigotto (2015, p. 66), “ao abordar os desafios de desenvolvimento de práticas
pedagógicas, sustentamos que uma didática integradora requer, necessariamente,
embora de forma não suficiente, uma atitude docente integradora, orientada pela ideia de
práxis” cuja finalidade é a de superar a fragmentação curricular, dicotomia trabalho
manual x trabalho intelectual, uma vez que o “compromisso com a transformação social
revela a teleologia do projeto de ensino integrado”. Desse modo, depreende-se que é
“esse princípio que distingue a práxis marxista da filosofia pragmática que busca vincular
os processos formativos com demandas imediatas e pontuais.” (ARAÚJO; FRIGOTTO,
2015, p. 69).
Implantação de
polo EaD e aula
inaugural, 2016.
Em síntese, admite-se que a escola é, portanto, o lugar institucional de socialização
de conhecimentos, produzidos historicamente, e saberes sistematizados, sendo esses um
direito de todos numa perspectiva democrática e universal. Numa abordagem de
formação integrada, a função da escola deve ser a de possibilitar aos sujeitos o acesso
aos conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade e, ainda, prepará-los
para agir consciente e criticamente no mundo material e social concreto; conhecer esse
mundo, enfrentá-lo e transformá-lo.
Os currículos são objeto de disputa de classes e de poder, campo de disputa
política, rechaçando-se a falsa ideia de neutralidade apregoada, sobretudo, pelas
pedagogias tradicionais e liberais. Dessa forma, é compreensível que esse modo de
organização e fragmentação dos currículos são consequências da concepção de
sociedade difundida pelo capitalismo. Portanto, é necessário superar a fragmentação do
currículo, desde a educação básica ao ensino superior, responsável pela formação do
professor, a fim de combater a dualidade histórica que se resume em uma educação
voltada para os filhos das elites e outra para os filhos dos trabalhadores, bem como das
camadas mais pobres da população.
Nesse cenário, a partir da década de 1930, o país passou por importantes mudanças no
âmbito político, econômico e social, assim como um acelerado processo de
industrialização nacional fomentado, principalmente, pelo Governo Federal. Nessa direção,
Ramos (2014, p. 13) caracteriza a formação capitalista e modernização do Estado
brasileiro como “modernização do arcaico”, no qual há um claro embate entre um grupo
que pensava o desenvolvimento nacional de forma autônoma e outro subordinado ao
capital externo.
A industrialização do Brasil, capitaneada pela burguesia nacional, fez-se, sobretudo,
associada ao capital norte-americano com importação de maquinários que, embora
obsoletos no país de origem, eram modernos para o Brasil. Assim, a burguesia nacional
se tornou dependente do capital externo e subalterna ideologicamente da dominação
externa, não se identificando com o povo brasileiro e com as questões nacionais, sendo
representada, no Estado brasileiro, de forma autoritária.
Em contrapartida, o período de Vargas, com a intervenção do Estado na economia
para favorecer o capital nacional e o desenvolvimento, entra em choque com as ideias
burguesas de associação ao capital estrangeiro. A partir de então, profundas mudanças
foram implementadas, na educação brasileira, como a criação do Ministério da Educação
e Saúde Pública, que passa a tratar a educação profissional como política pública,
atendendo diversas frações da sociedade (GARCIA et al., 2018). Nessa perspectiva,
Lemes (2016) destaca que
4 Trabalho publicado em SOUZA, E. S.; OLIVEIRA, R. M. da S. R. A rede e-Tec Brasil no Instituto Federal
do Norte de Minas Gerais: uma abordagem histórica. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n.
8, p. e521985672, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i8.5672. Disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/5672.
5 Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1980-1987/lei-7044-18-outubro-1982-357120-
publicacaooriginal-1-pl.html.
Nesse ponto de vista, entende-se que os pressupostos que fundamentam tal
proposta de ensino básico e educação universalizante encontram-se consonantes com o
pensamento de Saviani (2007), já que para esse autor
6 Termo que define o conjunto de organizações das entidades corporativas voltadas para o treinamento
profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que além de terem seu nome
iniciado com a letra S, têm raízes comuns e características organizacionais similares. Fazem parte do
sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc);
Serviço Social da Indústria (Sesi); e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac). Existem
ainda os seguintes: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); e Serviço Social de Transporte (Sest). Fonte: Agência
Senado. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/glossario-legislativo/sistema-s. Acesso em:
07 abr 2022.
Os cursos técnicos, desvinculados do ensino médio, com organização curricular
própria, preparavam para o trabalho simples de nível médio e, no nível fundamental, eram
oferecidos cursos de qualificação profissional em massa. Embora o Estado tivesse
delegado à iniciativa privada a oferta de cursos técnicos, continuava a centralização das
políticas educacionais, com base na Teoria do Capital Humano, com a disseminação de
novas noções de competências e empregabilidade. Apenas o CEFETs e escolas
agrotécnicas ficaram sob a gerência direta do governo federal.
Encontro de
Professores
Mediadores da
Rede e-Tec
Bolsa
Formação,.
2018.
Em 1998, foram proibidas as construções de novas escolas federais, com base na
Lei nº 8.948/1994, que dispõe sobre a instituição do Sistema Nacional de Educação
Tecnológica. Com isso, muitos cursos técnicos passaram a ser ofertados pela rede
privada e pelos estados, uma vez que os Centros Federais de Educação Tecnológica se
dedicaram mais aos cursos superiores (GARCIA et al., 2018). Diante desse quadro,
Ramos (2014) afirma que
são a síntese daquilo que de melhor a Rede Federal construiu ao longo de sua
história e das políticas de educação profissional e tecnológica do governo federal.
São caracterizados pela ousadia e inovação necessárias a uma política e a um
conceito que pretendem antecipar aqui e agora as bases de uma escola
contemporânea do futuro e comprometida com uma sociedade radicalmente
democrática e socialmente justa. (Pacheco, 2011, p. 12)
7 Trabalho publicado em SOUZA, E. S.; OLIVEIRA, R. M. da S. R. A rede e-Tec Brasil no Instituto Federal
do Norte de Minas Gerais: uma abordagem histórica. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n.
8, p. e521985672, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i8.5672. Disponível em:
ttps://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/5672.
Nesse contexto, a concepção de educação proposta pela Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica promove a construção de novas perspectivas e
possibilidades, no sentido do envolvimento, da participação e do protagonismo dos
diversos atores sociais, em cada instituição educacional. Por isso, a consecução do êxito
escolar ou acadêmico, assim como o reconhecimento e a valorização dos profissionais da
educação, revelam essa capacidade da Rede Federal, uma vez que não se restringe ao
ensino no âmbito escolar. Desse modo, Pacheco sustenta que
Solenidade de
10 anos da
Rede e-Tec
Brasil durante a
41ª Reunião
dos Dirigentes
da Rede
Federal de
Educação
Profissional
Científica e
Tecnológica ,
(Reditec 2017).
O Instituto Federal do Norte Minas Gerais (IFNMG) foi criado a partir edição da Lei
nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que institui a Rede Federal de Educação Profissi-
onal, Científica e Tecnológica, em ação do governo federal da época, para expandir o nú-
mero de escolas da Rede, cuja origem se deu em 1909, por meio do Decreto nº 7.556,
assinado pelo presidente da República Nilo Peçanha. Por definição, os Institutos Federais
de Educação, Ciência e Tecnologia
Os Institutos Federais, por força de lei, possuem autonomia, nos limites da sua
área de abrangência, para criar e extinguir cursos, registrar diplomas dos cursos ofertados,
além de exercer o papel de instituições acreditadoras e certificadoras de competências
profissionais. Organizam-se em vários campi, sendo que cada campus possui autonomia
administrativa e orçamentária. Dentre seus objetivos está o desenvolvimento de uma edu-
cação profissional cidadã, comprometida com a construção de um país digno e ético, e
que alcance os diferentes grupos e espaços sociais.
Já o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, embora tenha sido criado no âmbi-
to da Lei nº 11.892/2008, possui origens históricas que remetem à fundação da Escola
Agrotécnica Federal de Salinas e da Escola Agrotécnica Federal de Januária, ambas insti-
tuições consolidadas e reconhecidas regionalmente. A Escola Agrotécnica Federal de Sa-
linas iniciou suas atividades no ano de 1953, quando a chamada “Fazenda Varginha” re-
cebeu a pedra fundamental para a construção da Escola de Iniciação Agrícola de Salinas,
onde, em 1956, instauraram-se as aulas de formação de Operários Agrícolas Especializa-
dos. Desde então, formaram-se milhares de profissionais na área agrícola e, posterior-
mente, em outras áreas. Ao longo de seis décadas, a escola passou por vários formatos e
nomenclaturas: Ginásio Agrícola de Salinas, Ginásio Agrícola Clemente Medrado e Escola
Agrotécnica Federal de Salinas, até se unificar ao Cefet de Januária9. Já a Escola Agro-
técnica Federal de Januária foi fundada em 1960 e, ao longo de sua história, passou por
profundas transformações, inclusive de nomenclaturas: Colégio Agrícola de Januária, em
1964, Escola Agrotécnica Federal de Januária, em 1979, e Centro Federal de Educação
Tecnológica de Januária (Cefet), em 2002, culminando, a partir de 2008, no atual IFNMG
– Campus Januária10.
Desse modo, o IFNMG nasce da integração do Cefet de Januária e da Escola
Agrotécnica Federal de Salinas com as novas Unidades de Ensino Descentralizadas
(UNEDs) de Almenara, Araçuaí, Arinos, Januária, Montes Claros e Pirapora, dentro do
plano de expansão da Rede (IFNMG, 2009). A partir de 2015, são criados os campi de
Janaúba, Diamantina, Teófilo Otoni e Porteirinha como nova expansão do IFNMG. Apre-
sentamos, de forma sintética, nas figuras 3,4 e 5 do Anexo A, deste trabalho, todo o con-
texto explicitado neste subitem.
A identidade do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais pode ser conhecida por
meio do seu Estatuto, que versa sobre a natureza, as finalidades, os princípios, as carac-
terísticas, os objetivos e a organização administrativa da instituição (IFNMG, 2017). O
IFNMG está legalmente vinculado ao Ministério da Educação e rege-se pela Lei nº
11.892/2008, pela legislação federal e pelos seguintes instrumentos normativos: Estatuto,
Regimento Geral, Regimento Interno da Reitoria, Regimento Interno dos Campi, Regi-
mento Interno dos Campi Avançado, Regimento Interno do Centro de Referência em
Formação e Educação a Distância, Resoluções do Conselho Superior e Atos da Reitoria
(IFNMG, 2021, p. 4-6). Adicionalmente, há o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI)
que, além de traçar o perfil institucional do IFNMG, é o documento norteador de suas
ações, no qual são apresentadas sua proposta de trabalho e o planejamento estratégico
que, por sua vez, é baseado em objetivos, metas e indicadores. Ademais, é um instru-
mento de gestão que caracteriza a entidade, assim como permite fazer um acompanha-
mento e avaliação dos objetivos e metas institucionais. Ele diz respeito à filosofia de tra-
balho, à função social a que se propõe, às diretrizes pedagógicas que orientam as ações,
à estrutura organizacional e às atividades acadêmicas que se desenvolvem e/ou se pre-
tendem desenvolver, construindo, assim, as expectativas da administração atual (IFNMG,
9 Fonte: Informativo do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais. Edição Especial de 10 anos,
Dezembro de 2018.
10 Ibid.
2009). Por essa razão, foi pensado e elaborado a partir da construção coletiva da comu-
nidade escolar e acadêmica.
No que diz respeito ao perfil do IFNMG, sua missão é produzir, disseminar e aplicar
o conhecimento tecnológico e acadêmico, para formação cidadã, por meio do ensino, da
pesquisa e da extensão, contribuindo para o progresso socioeconômico local, regional e
nacional, na perspectiva do desenvolvimento sustentável e da integração com as deman-
das da sociedade e do setor produtivo (IFNMG, 2009). Assim, o IFNMG assume o com-
promisso de, no âmbito regional e local, ao identificar problemas, propor soluções nas
áreas técnicas e tecnológicas, mediante a assunção do currículo integrado como proposi-
ção pedagógica, para o desenvolvimento sustentável, com inclusão social. Nesse sentido,
a proposta é formar profissionais capazes de se adequarem às mudanças do mercado de
trabalho e irem além do simples ensino de ofícios, com a articulação entre o ensino técni-
co e o científico.
Estudio da EaD do
Cead IFNMG, 2014.
Em se tratando dos objetivos do IFNMG, previstos no PDI de 2009, tem-se minis-
trar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos in-
tegrados, para os concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de
jovens e adultos. Assim, a integração da educação presencial com a educação a distância
se apresenta como uma maneira de ampliar a área de atuação da instituição na oferta dos
cursos técnicos, nas modalidades concomitante/subsequente,11 mediante a demanda lo-
cal e regional, considerando o perfil do egresso e os arranjos produtivos locais. Dessa
maneira, a oferta de cursos técnicos, na modalidade de educação a distância, é prevista
como meta institucional no primeiro PDI do IFNMG no ano de 2009, conforme se pode
observar no quadro 1 a seguir.
Revista
Multifaces
edição
especial
Ead em
foco, 2018.
Nesse cenário, é possível descrever a história do ensino técnico, na modalidade
Educação a Distância, no Instituto Federal do Norte Minas Gerais, a partir da formalização
de um setor responsável pela categoria na Instituição: o Núcleo de Educação a Distância,
inserido no Regimento Interno da Reitoria do IFNMG, na primeira versão do documento,
em 2011, vinculado à Diretoria de Ensino que, por sua vez, é um órgão que integra a es-
trutura da Pró-Reitoria de Ensino. Segundo o Art. 72 desse documento, o Núcleo de Edu-
cação a Distância é responsável pela implantação, expansão, coordenação e supervisão
de todos os cursos a distância oferecidos pelo IFNMG, em quaisquer níveis, programas,
modalidades, categorias ou tipos (IFNMG, 2011, p. 39). Além disso, as atribuições e ativi-
dades definidas para o Núcleo de Educação a Distância do IFNMG foram elencadas de
modo que o órgão deveria
Importante ressaltar que a EAD já estava prevista como meta institucional no Plano
de Desenvolvimento Institucional do IFNMG da vigência de 2009-2013, ou seja, faltava
apenas a sua implementação. No PDI, a modalidade era contemplada com o objetivo de
ofertar cursos para atender, com maior abrangência geográfica, à demanda das diversas
comunidades e empresas, com as especialidades e competências dos docentes de seus
diversos campi, sem a existência de barreiras de distância, além de proporcionar suporte
e implemento de qualidade para os conteúdos dos cursos presenciais (IFNMG, 2009, p.
100-101). De forma geral, o intuito era, dentro de um contexto mais amplo, contribuir com
a crescente democratização do ensino, ao proporcionar oportunidade de acesso a cursos
e à formação técnica de nível médio ou superior de qualidade às pessoas que dificilmente
teriam condições de frequentar escolas ou cursos totalmente presenciais.
Nesse sentido, em consonância com o previsto no PDI do IFNMG, foi aprovado pe-
lo Conselho Superior do IFNMG, por meio da Resolução CS N° 04/2010, de 24 de Agosto
de 2010, o Projeto de Educação a Distância que trazia alguns fundamentos para a moda-
lidade como “concepção, organização e a sistemática para a implantação da EAD no
IFNMG, bem como a programação e estrutura para a abertura de cursos nessa modalida-
de” (IFNMG, 2014). Além disso, o objetivo principal do documento era “discutir e estabele-
cer políticas e práticas educacionais, constituindo uma identidade institucional para a mo-
dalidade de EAD”, bem como progredir no sentido de agregar saberes às áreas de ciência
e tecnologia, observando as necessidades do contexto local, e participar, junto a outros
setores do IFNMG, da realização de experiências inovadoras na construção do conheci-
mento e transformação social.
Revista e-Tec
comemora uma dé
cada de atuação.
Em destaque,
IFNMG na edição.
Antes de implantar as primeiras ofertas de cursos técnicos em EAD, o IFNMG rea-
lizou, em 2008, a experiência da oferta de carga horária a distância em disciplinas do cur-
so presencial de Especialização Lato Sensu de profissionais do ensino público, para atua-
ção na Educação Profissional integrada à Educação Básica na modalidade de Educação
de Jovens e Adultos. O curso objetivava atender municípios com necessidade de qualifi-
car professores e técnicos da educação, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos
integrada à Educação Profissionalizante, para atuarem eficazmente no processo de de-
mocratização do acesso ao saber da população não alfabetizada e não qualificada para o
trabalho. Sua organização seguia as orientações previstas na Portaria MEC nº 4.059, de
13 de dezembro de 2004, que estabelecia a possibilidade de oferta de disciplinas integral
ou parcialmente a distância, desde que não ultrapassassem 20% (vinte por cento) da car-
ga horária total do curso, com atividades centradas na autoaprendizagem, com mediação
de recursos didáticos, organizados em diferentes suportes de informação e tecnologias de
comunicação remota. (IFNMG, 2010, p. 9).
Ainda como ação de implementação da Educação a Distância no IFNMG, durante o
ano de 2012, houve a criação da Diretoria de Educação a Distância, em conformidade
com as ações desenvolvidas pela Instituição que constam no Relatório de Gestão do
Exercício do IFNMG do ano de 2012. Tal realização foi possível devido à alteração no Re-
gimento Interno da Reitoria e Regimento Geral do IFNMG por meio da Resolução CS n°
27, de 04 de Julho de 2012, ad referendum do Conselho Superior, sendo aprovada,
posteriormente, pela Resolução CS n° 05, de 26 de Abril de 2013. O Regimento Geral do
IFNMG estabeleceu a Diretoria de Educação a Distância diretamente subordinada ao rei-
tor e responsável por fomentar e apoiar a Educação a Distância e uso de tecnologias
educacionais no IFNMG, atuar na formação de professores e profissionais da educação.
Além disso, definiu sua estrutura como Centro de Referência em Formação e Educação a
Distância (Cead), responsável pelo desenvolvimento de planos e projetos relacionados à
educação profissional e tecnológica, conforme legislação vigente (IFNMG, 2013, p. 36).
Os documentos institucionais supracitados modificaram o denominado Núcleo de
Educação a Distância para Diretoria de Educação a Distância com a finalidade de cumprir
a meta prevista no PDI (vigência 2009-2013) de institucionalização da Educação a Dis-
tância no IFNMG, bem como a consolidação, expansão e interiorização da oferta de cur-
sos de forma a criar oportunidade para grande parcela populacional não contemplada pe-
los cursos regulares (IFNMG, 2012)12.
Ao elaborar o novo PDI do IFNMG para a vigência de 2014-2018, os gestores e re-
presentantes da comunidade escolar definiram, nesse documento, a política de Educação
a Distância que, no documento anterior, não era tratada formalmente nesses termos, em-
bora, na prática, desenvolvia-se dessa forma. Portanto, a EAD surge como uma das for-
mas de o IFNMG contribuir para garantir que o direito de todos à educação, como inscrito
na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, torne-se uma realidade, pois
propicia a ampliação da oferta institucional sem gerar sobrecarga nas instalações físicas e
promove a diversificação de cursos em diferentes níveis de ensino (IFNMG, 2014, p. 94).
Por esse entendimento, a construção de um projeto de Educação a Distância, como polí-
tica institucional, parte do pressuposto de que se deve assumir tal compromisso de forma
sólida, séria e com meta organizacional, com o envolvimento de gestores educacionais,
docentes, técnicos administrativos e representantes da comunidade local.
Formação
inicial do
Estúdio da EaD
IFNMG, 2014.
12 Relatório de Gestão do Exercício de 2012. Instituto Federal do Norte de Minas Gerais. Montes Claros,
2012.Disponível em: https://www.ifnmg.edu.br/relatorio-gestao. Acesso em: 18 abr 2022.
A ampliação das ações da EAD contribuiu com a missão do Instituto Federal do
Norte Minas Gerais e com o cumprimento das metas estabelecidas no Plano de Desen-
volvimento Institucional (IFNMG, 2014, p. 3), por meio de sua vocação principal: desen-
volvimento, execução e gestão de programas e projetos de formação inicial e continuada,
nas modalidades presencial e a distância, aliada às novas tecnologias de informação e
comunicação. Desse modo, no ano de 2014, foi criado o Centro de Referência em Educa-
ção a Distância e Projetos Especiais (Cead) do IFNMG, por meio da Resolução CS n° 36,
de 30 de outubro de 2014. Entende-se essa criação como uma ação de reorganização
estratégica e funcional, a fim de ampliar o número de servidores, para atender às deman-
das da EAD. Nesse sentido, a intenção da mudança é que o Cead
13 Trabalho publicado em SOUZA, E. S.; OLIVEIRA, R. M. da S. R. A rede e-Tec Brasil no Instituto Federal
do Norte de Minas Gerais: uma abordagem histórica. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n.
8, p. e521985672, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i8.5672. Disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/5672.
Dessa forma, o IFNMG, considerando a importância e a capacidade de alcance
territorial da EAD, buscou expandi-la e consolidá-la, mediante sua integração à Educação
Profissional e Tecnológica para contribuir na democratização do conhecimento. Para tanto,
implementou e fomentou ações e políticas institucionais com o objetivo de promover a
institucionalização da modalidade, por intermédio da oferta de cursos técnicos, nas
modalidades concomitante/subsequente. Assim, ampliou e interiorizou a EPT, por meio da
educação a distância, com o propósito de criar oportunidades para a população
desassistida nessa área.
Para isso, diversas ofertas de cursos técnicos foram realizadas, em diferentes
programas, por meio de fomento do governo federal, podendo citar o Sistema Escola
Técnica Aberta do Brasil (e-Tec Brasil), criado pelo Decreto nº 6.301/2007 e transformado
em Rede e-Tec Brasil em 2011 pelo Decreto n° 7.589/2011; o Programa de Formação
Inicial em Serviço dos Profissionais da Educação Básica dos Sistemas de Ensino Público
(Profuncionário), criado pela Portaria Normativa MEC nº 25/2007; o Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), instituído pela Lei nº 12.513/2011;
Bolsa Formação no âmbito do Pronatec, criado por meio da Portaria MEC nº 817/2015 e,
ainda o Mediotec, que é uma ação voltada para a oferta de cursos técnicos de nível médio,
na forma concomitante, para estudantes das redes públicas estaduais, matriculados no
ensino médio regular, sendo financiado pelo Bolsa Formação.
Significativo esclarecer que tanto a Rede e-Tec Brasil quanto o Profuncionário
foram financiados, até o ano de 2015, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), sendo transferidos, a partir de 2016, para o fomento do programa
Bolsa Formação. Portanto, compreende-se que essas ações ajudaram a consolidar o
IFNMG como agente importante na modalidade de EAD, fortalecendo a EPT e
contribuindo com a formação de estudantes, nas regiões Norte e Noroeste de Minas
Gerais, além das regiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri em Minas Gerais.
14 As nomenclaturas adotadas pelo IFNMG para as ofertas consideravam eventualmente a parceria com
outras instituições, o desenvolvimento de metodologias próprias pela instituição ou o programa de
fomento responsável pelo financiamento.
15 http://portal.mec.gov.br/rede-e-tec-brasil
A oferta Rede e-Tec/Metodologia Própria (2013/2015) teve a concepção
pedagógica baseada em metodologias desenvolvidas pelos professores, pedagogas e
técnicos em educação da própria instituição. Os cursos aconteciam em polos avançados
de municípios conveniados com o IFNMG, com aulas presenciais às sextas-feiras à noite
e aos sábados, ministradas por professores bolsistas contratados mediante processo
seletivo. Outra parte da carga horária do curso era desenvolvida no ambiente virtual de
aprendizagem do IFNMG16.
As ofertas da Rede e-Tec (2013/2015), Rede e-Tec (2014/2016) e Rede e-Tec
(2015/2017) se deram de forma semelhante, com encontros presenciais para
apresentação de videoaulas uma vez por semana, em dias definidos em calendário
escolar, com o apoio do professor formador, tutor a distância e tutor presencial, além do
cumprimento de carga horária e atividades avaliativas no AVA.
O Profuncionário17, Programa de Formação Inicial em Serviço dos Profissionais da
Educação Básica dos Sistemas de Ensino Público, foi criado pela Portaria Normativa
MEC Nº 25/2007 com o objetivo de induzir a formação em serviço de profissionais da
educação básica que trabalham em escolas e órgãos das redes públicas de ensino
(BRASIL, 2007), por meio da oferta de cursos técnicos de nível médio. O programa foi e é
importante, pois visa à formação de profissionais da educação básica em serviço nas
áreas de alimentação escolar, infraestrutura escolar, multimeios didáticos e secretaria
escolar.
Ao aderir a essa ação, o IFNMG realizou ofertas do Profuncionário em 2012/2014,
2013/2015, 2014/2016, 2015/2017, sendo que todas foram financiadas pelo programa
Rede e-Tec Brasil conforme definido pela legislação. Os cursos do programa seguem
metodologias próprias desenvolvidas para atender as especificidades do público-alvo, as
quais podem ser consultadas em caderno de Orientações Gerais, disponibilizado no portal
do MEC18.
Com objetivos mais ousados e, “a partir dos resultados alcançados pela oferta de
cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) a distância, bem como o desafio de
ampliar a oferta da EPT no País” (BRASIL, 2015), a Rede e-Tec passou por
reformulações e foi ampliada em 2015. A emissão da Portaria MEC nº 1152/2015 e
Portaria MEC nº 817/2015 estabeleceram "normas para execução das ações da Rede e-
16 http://ava.ifnmg.edu.br/
17 http://portal.mec.gov.br/profuncionario/saiba-mais
18 Idem.
Tec Brasil, incluindo os cursos financiados por meio da Bolsa-Formação do Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), instituído pela Lei nº
12.513/2011 (BRASIL, 2015).
Dessa maneira, e em consequência dessas mudanças, o IFNMG realizou as
ofertas da Rede e-Tec e Profuncionário pelo Pronatec Bolsa Formação (2016/2018). A
metodologia dos cursos se assemelhava as anteriores, mas já fazia uso de videoaulas
gravadas em estúdio próprio localizado na sede do Cead em Montes Claros-MG. As aulas
eram ministradas pelos professores mediadores presenciais nos encontros presenciais
uma vez por semana, também cumprindo ao disposto no calendário escolar, com o apoio
do professor formador, professores mediadores a distância para mediar as interações e as
atividades avaliativas no AVA e equipe multidisciplinar. Ressalta-se que todos os
estudantes e bolsistas foram selecionados por meio de processo seletivo público.
Outra oferta a ser mencionada trata-se do Mediotec (2017/2019), também
financiada pelo Pronatec Bolsa Formação. O MedioTec constitui-se de uma ação
realizada pela Setec/MEC para
20 De acordo com o Censo Escolar, “Concluinte” é o aluno que foi aprovado e concluiu, com emissão de
certificado, a etapa que estava cursando (ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional)
nas modalidades ensino regular, educação de jovens e adultos e educação especial – modalidade
substitutiva.
21 Metodologia Própria.
Alimentação Escolar, Infraestrutura
Escolar, Multimeios Didáticos e Profuncionário 2015/2017 3.892 1.443
Secretaria Escolar
Agropecuária, Informática para
Internet, Meio Ambiente, Multimeios Rede e-Tec e
Didáticos, Secretaria Escolar, Profuncionário 2016/2018 5.390 2.465
Segurança do Trabalho e Tradução e Pronatec BF22
Interpretação de Libras
Administração, Agronegócio,
Mediotec
Eletrotécnica, Informática para 2017/2019 3.639 1.680
Pronatec BF
Internet, Segurança do Trabalho
Total de matrículas/concluintes 49.695 21.080
FONTE: Relatórios de Gestão do IFNMG do período de 2012 a 2019 (2022) e Plataforma Nilo Peçanha23.
Adaptado.
CONCLUINTES 21080
MATRICULADOS 49695
22 Bolsa Formação.
23 A Plataforma Nilo Peçanha (PNP) é um ambiente virtual de coleta, validação e disseminação das
estatísticas oficiais da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Os dados informados na tabela 1 e no gráfico 2 demonstram como o IFNMG se
empenhou para cumprir suas metas institucionais, previstas em seus Planos de
Desenvolvimento Institucional, a fim de ampliar e democratizar a oferta de Educação
Profissional e Tecnológica por meio da EAD. Assim, a instituição, ao implantar e
desenvolver essa política, visa alcançar seus objetivos para a modalidade, quais sejam
Divulgação na
imprensa
escrita do 1°
FEAD do
IFNMG, 2014.
Da mesma forma, a oferta de cursos técnicos pelo Programa Profuncionário, cujo
objetivo principal é a indução da formação em serviço de profissionais da educação
básica de escolas das redes públicas de ensino, o IFNMG assumiu o compromisso de
“contribuir para a melhoria da educação básica pública, por meio da formação de
professores (presenciais, formadores, pesquisadores, conteudistas, tutores), de gestores
e outros profissionais das escolas” (IFNMG, 2013, p. 97). Cabe destacar que o
financiamento dos cursos pelo Profuncionário era feito com recursos da Rede e-Tec Brasil,
portanto, as matrículas dos cursos desse programa integravam às daquela oferta para fins
de registros quantitativos.
Ainda em relação aos dados da tabela 1, o IFNMG, com o objetivo de ampliar e
diversificar a oferta educativa institucional na EPT, aderiu também a oferta pela
reformulada Rede e-Tec Pronatec Bolsa Formação, que pretendia atingir objetivos mais
ousados na oferta de cursos de EPT na modalidade de EAD no Brasil. Contudo, a oferta
de 2016/2018 pela Rede e-Tec Pronatec Bolsa Formação, embora tenha oferecido uma
quantidade de vagas relevante, 5.390, apresentou redução importante em relação às
ofertas anteriores, sobretudo as de 2013/2015 e 2015/2017. Do mesmo modo, a oferta de
vagas para o Mediotec, de 2017/2019, apresentou uma redução ainda maior, a saber,
3.639, sugerindo uma tendência de queda neste tipo de fomento por parte do Ministério
da Educação.
Para maior visualização dos dados, apresenta-se um consolidado das ofertas
realizadas entre 2012 e 2019, o número de estudantes matriculados e o número de
estudantes concluintes, por oferta, no gráfico a seguir.
1ª FECEAD, feira de
empreendedorismo,
cursos técnicos da
Rede e-Tec,
GRÁFICO 2 - OFERTAS CONCLUÍDAS DE CURSOS TÉCNICOS EM EAD
Nº de matrículas/Nº de concluintes
14000
12000
10000
8000
6000
4000
2000
Matrículas Concluintes
Encontro
Pedagógico
oferta Rede
e-Tec, 2018.
O período de 2013 a 2015, ao contrário das primeiras ofertas, aumentou
significativamente a quantidade de vagas de cursos técnicos em EAD, o que condizia com
as metas institucionais do IFNMG para ampliar a oferta de vagas na modalidade.
Entre 2014 e 2016, foram feitas novas demandas por cursos técnicos pelos
municípios conveniados diante da procura elevada pela população. Dessa forma, novas
ofertas foram abertas para a Rede e-Tec, com 440 matrículas realizadas e 206 concluídas.
Além disso, os cursos pelo Profuncionário geraram 571 matrículas e 290 concluintes.
O período entre 2015 e 2017 representou novamente uma considerável oferta de
vagas, distribuídas em 17 cursos técnicos diferentes, entre os programas pela Rede e-Tec
e Profuncinonário, ampliando expressivamente a EAD na região de abrangência do
IFNMG. Neste período foram realizadas 13.640 matrículas em 13 cursos técnicos pela
Rede e-Tec e 3.892 matrículas em 4 cursos técnicos pelo Profuncionário. Em relação aos
concluintes, esta oferta da Rede e-Tec gerou 5.231 concluintes, ao passo que, a oferta do
Profuncinário gerou 1.443 concluintes.
Após mudanças na forma de fomento da Rede e-Tec e Profuncionário devido à
implementação do Pronatec Bolsa Formação, entre 2016 e 2018, foram efetivadas 5.390
matrículas, sendo que 2.465 estudantes concluíram os cursos. Já entre 2017 e 2019, o
Mediotec, igualmente financiado pelo Pronatec Bolsa Formação, foi responsável pela
entrada de 3.639 estudantes, sendo que 1.680 foram os concluintes. Pelo exposto,
entende-se que as duas ofertas fomentadas pelo Pronatec Bolsa Formação, entre 2016 e
2019, contribuiu de forma relevante para expansão da EAD e democratização da EPT na
área de abrangência do IFNMG. Entretanto, nota-se uma tendência de queda na oferta de
vagas, que pode ser comprovada pelos dados apresentados na tabela 2 e gráfico 2.
Dessa forma, o IFNMG, ao fomentar institucionalmente a EAD, interliga-se à
concepção da Educação Profissional e Tecnológica, que perpassa todos os níveis da
educação nacional, integrada às demais modalidades de educação e às dimensões do
trabalho, da ciência, da cultura e da tecnologia (BRASIL, 2021), portanto, em
conformidade com suas bases teóricas, ou seja, a ideia de integração que busca realizar
a formação do sujeito em várias dimensões: o trabalho, a ciência e a cultura (Ramos,
2008). Nessa perspectiva, concilia-se igualmente à concepção de politecnia, que presume
que o ponto de referência para sua compreensão é o fato de ter o trabalho como princípio
educativo geral (SAVIANI, 1989).
6. A RELAÇÃO ENTRE FORMAÇÃO ONTOLÓGICA DO SER SOCIAL E CONCEPÇÃO
DE EDUCAÇÃO
a realidade social, objetiva, que não existe por acaso, mas como produto da ação
dos homens, também não se transforma por acaso. Se os homens são os
produtores desta realidade e se esta, na “invasão da práxis”, se volta sobre eles e
os condiciona, transformar a realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa dos
homens. (Freire, 1994, p. 20)
A memória está presente em tudo e em todos. Somos tudo aquilo que lembramos;
somos a memória que temos. A memória não é só pensamento, imaginação e
construção social, mas também uma determinada experiência de vida capaz de
transformar outras experiências a partir de resíduos deixados anteriormente. A
memória, portanto, excede o escopo da mente humana, do corpo, do aparelho
sensitivo e motor e do tempo físico, pois ela também é o resultado de si mesma,
ela é objetivada em representações, rituais, textos e comemorações. (SANTOS,
2012, p. 30)
Informativo
Especial dos 10
anos do
IFNMG .
Ciavatta (2005) destaca que, embora a escola e os professores enfrentem
dificuldades materiais de implementar projetos autônomos de educação, em seu interior,
em decorrências de sucessivas reformas educacionais e consequente diminuição dos
recursos públicos, isso é um elemento pedagógico importante de coesão e, por isso,
deve-se agregar esforços para que sejam estimulados e realizados.
Logo, a pertinência de se pensar em construir meios para preservar a memória das
instituições educacionais, em especial, do IFNMG, encontra amparo em Pollak (1992) que
afirma
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