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FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA NA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ELETRICISTA INSTALADOR PREDIAL


DE BAIXA TENSÃO
República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal do Sul de Minas Gerais

Equipe Técnica

Charles William Polizelli Pereira


Professor-autor

Clayton Silva Mendes


Fabrício dos Santos Ritá
Gisele Fernandes Loures
Organizadores

Flávia Alves Figueirêdo Souza


Revisora

Luís Gustavo Luz


Diagramador

Equipe IFSULDEMINAS

Clayton Silva Mendes


Coordenador-geral

Fabrício dos Santos Ritá


Gisele Fernandes Loures
Coordenadores Pedagógicos

Alexandro Henrique da Silva


Débora Jucely de Carvalho
Marcos Roberto dos Santos
Coordenadores-adjuntos

Licença

Creative Commons - CC BY SA
https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/CCBYSA

Informações e Contato:
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - IFSULDEMINAS.
Pró-Reitoria de Extensão. Coordenação-Geral do Pronatec/Novos Caminhos.
Avenida Vicente Simões, nº 1.111 - Bairro Nova Pouso Alegre - Pouso Alegre/MG.
CEP: 37553-465
E-mail: proex@ifsuldeminas.edu.br
portal.ifsuldeminas.edu.br
FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

ELETRICISTA INSTALADOR PREDIAL


DE BAIXA TENSÃO
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
IFSULDEMINAS – Campus Passos
Biblioteca Clarice Lispector

P49e Pereira, Charles William Polizelli.


Eletricista instalador predial de baixa tensão : formação inicial e continuada
na educação de jovens e adultos / Charles William Polizelli Pereira; coordenador
Clayton Silva Mendes. -- Passos : IFSULDEMINAS, 2021.
138 p. : il.

Série: Cadernos IFSULDEMINAS FIC/EJA. n. 9


ISBN: 978-65-89334-11-8 (Físico)
ISBN: 978-65-89334-23-1 (Digital)

1. Educação de jovens e adultos. 2. Eletricista. 3. Instalações elétricas.


4. Eletricidade. 5. Segurança do trabalho. I. Mendes, Clayton Silva, coord. II.
Instituto Federal do Sul de Minas Gerais. III. Título.
CDD 621.31042

Elaborada por Jussara Oliveira da Costa – CRB 6/2801


Bibliotecária IFSULDEMINAS – Campus Passos
Apresentação
FIC/EJA

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais


(IFSULDEMINAS) tem como objetivo ofertar educação profissional e tecnológica nas
diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos
e tecnológicos com a prática pedagógica, visando promover o desenvolvimento social,
tecnológico e econômico. Busca-se implementar os objetivos institucionais por meio
de diversas ações educativas, que promovam a oferta de cursos de Formação Inicial e
Continuada (FIC) à comunidade. Dessa forma, com o propósito de cumprir sua diretriz
de atendimento às demandas da comunidade, o IFSULDEMINAS, em parceria com a
Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (COEJA/SEB/MEC), desenvolve
o projeto de Formação Inicial e Continuada na Educação de Jovens e Adultos (FIC EJA).
O objetivo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é proporcionar o acesso à educação e
à capacitação às pessoas que, por diversos motivos, não concluíram a Educação Básica
na idade certa. A EJA surge para que essas pessoas possam desenvolver o seu potencial,
independentemente da idade, e conquistar valores como liberdade e igualdade. Em
consonância com a experiência de qualificação profissional que o IFSULDEMINAS possui
no sistema prisional, este projeto foi destinado a contemplar o público privado de
liberdade. É sabido que a ressocialização do apenado por meio da educação contribui
para oferecer dignidade, tratamento humanizado, autoestima, além de colaborar para
que os direitos básicos do condenado sejam efetivados e priorizados, com o propósito
de que se tornem cidadãos aptos a ingressarem no mercado de trabalho e possam
prosseguir com suas vidas após o cumprimento da pena. Este curso foi estruturado numa
construção de conhecimento que articula teoria e prática, com o objetivo de capacitar
e mobilizar saberes empíricos (desenvolvidos ao longo da vida social, escolar e laboral),
expandindo-os para que, assim, o futuro profissional possa atuar de maneira eficaz em
situações concretas, tendo uma compreensão mais real e global do mundo do trabalho.
Os métodos pedagógicos e as práticas de ensino terão o aluno como centro do processo
educacional e sujeito ativo de sua própria aprendizagem. São propostas situações de ensino
e de aprendizagem norteadas por objetivos específicos, os quais definem as práticas que
o estudante precisa realizar para aprender e imprimir sentido à sua formação, fazendo
com que ele exercite habilidades técnicas e obtenha capacidade de pensar criticamente.
Nesse sentido, o IFSULDEMINAS reafirma seu compromisso de promover uma educação
transformadora das realidades cultural, social, laboral, política e ética.

Equipe do Projeto FIC EJA


Sumário
Palavra do professor-autor....................................................................... 09

Apresentação........................................................................................... 11

Unidade 1. Conceitos básicos sobre eletricidade....................................... 13


1.1. Conceitos de energia elétrica...................................................................... 14
1.2. Circuitos elétricos......................................................................................... 20
1.3. Potência elétrica........................................................................................... 22
1.4. Sistema Elétrico de Potência...................................................................... 24
1.5. Transformadores.......................................................................................... 26
1.6. Aterramento.................................................................................................. 32
Síntese da Unidade.............................................................................................38
Referências.........................................................................................................38
Atividades de Aprendizagem..............................................................................39

Unidade 2. Projeto de Instalações Elétricas.............................................. 41


2.1. Previsão de carga......................................................................................... 42
2.2. Condutores elétricos.................................................................................... 43
2.3. Leitura de Projetos Elétricos....................................................................... 51
2.4. Componentes da instalação elétrica.......................................................... 58
2.5. Divisão de Circuitos...................................................................................... 70
2.6. Instalação de Dispositivos Especiais........................................................... 71
Síntese da Unidade.............................................................................................72
Referências.........................................................................................................73
Atividades de Aprendizagem..............................................................................74
Unidade 3. Eletrotécnica Básica................................................................ 77
3.1. Motores Elétricos......................................................................................... 77
3.2. Sistemas de partidas de motores elétricos................................................ 84
3.3. Correção de Fator de Potência................................................................... 99
Síntese da Unidade...........................................................................................100
Referências.......................................................................................................100
Atividades de Aprendizagem............................................................................101

Unidade 4. Medidas Elétricas...................................................................103


4.1. Multímetros Digitais...................................................................................103
4.2. Transformadores para Medição................................................................109
4.3. Medição da Resistência do solo................................................................110
4.4. Medição de Potência..................................................................................111
Síntese da Unidade...........................................................................................112
Referências.......................................................................................................112
Atividades de Aprendizagem............................................................................113

Unidade 5. Saúde e Segurança do Trabalho..............................................115


5.1. Acidente de trabalho..................................................................................115
5.2. Gerenciamento de Riscos..........................................................................116
5.3. Riscos em Instalações e Serviços com Eletricidade................................117
5.4. Equipamento de Proteção.........................................................................125
5.5. Combate a Incêndios.................................................................................128
Síntese da Unidade...........................................................................................129
Referências.......................................................................................................129
Atividades de Aprendizagem............................................................................130

Prática profissional.................................................................................131

Currículo do professor-autor...................................................................136
Palavra do
professor-autor
Caro estudante,
É um privilégio e uma grande satisfação participar desse projeto e poder ajudá-lo na
busca de conhecimento e de uma profissão, coisas as quais considero as mais importantes
da nossa sociedade.
A energia elétrica nos proporciona conforto, nos possibilita realizar trabalhos e nos
tornarmos mais eficientes nas nossas atividades. Ser um profissional dessa área é algo
gratificante, uma vez que, junto às famílias, essa função auxilia no desenvolvimento das
atividades no comércio e na indústria.
Espero que este livro não traga apenas sua qualificação profissional, mas também
traga a mim e a você a motivação de realizar nosso trabalho bem feito, de forma ética
e profissional, buscando o bem para as pessoas e sendo justo com os nossos clientes,
amigos, conhecidos e também com aqueles que não conhecemos.
Se errarmos que possamos aprender com nossos erros e consigamos perdoar aqueles
que nos prejudicaram de alguma forma, nos âmbitos profissional e/ou pessoal e que, a
cada dia, possamos ter uma nova chance e que todo amanhecer seja um novo dia para
sermos pessoas e profissionais melhores. Que possamos buscar sempre a realização de
nosso trabalho com profissionalismo, justiça e gratidão, com o intuito de solucionarmos
problemas e ajudarmos pessoas e, com isso, sermos remunerados justamente pelo o que
entregarmos.

As mãos preguiçosas empobrecem o homem, porém, as mãos


diligentes lhe trazem riqueza. (Provérbios 10:4)

Charles William Polizelli Pereira


Professor-autor
Apresentação
O curso de Instalador Eletricista Predial de Baixa Tensão busca qualificar os profissionais
para sua atuação na instalação e manutenção elétrica de baixa tensão, realizando serviços
elétricos na baixa tensão e seguindo as normas de segurança e procedimentos técnicos
exigidos pela profissão. Este curso foi dividido em sete disciplinas, distribuídas pelas
unidades deste livro.
A primeira disciplina traz os princípios das habilidades profissionais que todo
profissional deve possuir, tendo noção de procedimentos técnicos e procedimentos
trabalhistas, saúde e segurança no trabalho e administração do tempo e de como ser
produtivo.
A segunda disciplina trata-se do conteúdo técnico da área da eletricidade, trazendo os
principais conceitos da eletricidade, como ela é gerada e chega até os pontos de consumo,
passando por conceitos de transformação de energia, sistema trifásico e aterramento
do padrão de entrada de energia.
A terceira disciplina trabalha os fundamentos da instalação elétrica dentro do local
de consumo, discutindo sobre as cargas de uma instalação elétrica, os procedimentos de
projeto de circuitos de iluminação e tomadas, o correto dimensionamento dos condutores
e a leitura de projetos elétricos. Além disso, são apresentados os procedimentos para
realizar emendas, ligações elétricas e passagem de condutores, desde a entrada de
serviço até a alimentação das cargas utilizadas.
Na quarta disciplina abordamos os conceitos de eletrotécnica, trabalhando os
conceitos de máquinas elétricas e a forma de conexão na rede elétrica. São apresentados
também os métodos de partida dos motores elétricos e os dispositivos de seccionamento
e proteção utilizados para o acionamento e funcionamento dos motores elétricos.
A quinta disciplina explica sobre os instrumentos de medição de variáveis elétricas,
utilizando um multímetro. Nessa unidade são mostrados os procedimentos corretos para
a utilização dos instrumentos de medição, para obter medidas corretas e sem colocar
em risco a vida do operador e nem o equipamento de medição.
A sexta disciplina se dedica aos riscos que a eletricidade traz para as pessoas e aos
procedimentos que devem ser tomados para proteger a vida e a saúde dos trabalhadores
que lidam com a eletricidade. É mostrado também como atuar em situações que podem
ocorrer, como é o caso dos incêndios.
Na última disciplina há o conteúdo de projeto de vida, relações de vida na sociedade
e a reflexão sobre o desenvolvimento de habilidades e competências para a vida em
sociedade, buscando uma vida profissional e social melhor.
No final, temos atividades práticas técnicas e de trabalho em grupo, de forma a
colocar em prática todos os conceitos visto neste livro. Este curso foi feito com muito
carinho, cuidado e dedicação para que seja uma ponte que o leve na busca de uma profissão
muito requisitada no mercado e que pode ser um recomeço em uma atividade nova.
Unidade 1
Conceitos básicos sobre eletricidade

Nesta unidade você terá conhecimento sobre a forma como que a energia elétrica
é produzida, transportada e como chega até os locais de uso, que são as residências,
comércios e indústrias. Após a conclusão deste capítulo, você será capaz de definir os
principais conceitos da eletricidade, como é o sistema elétrico e como é o padrão de
entrada de energia dos locais de utilização.
Já parou para pensar como seria a nossa vida sem a energia elétrica? Atualmente,
todos somos muito dependentes da energia elétrica, podendo ser de forma direta, como
na lâmpada para iluminação e no cozimento dos alimentos que comemos, por exemplo,
ou de forma indireta, como na impressão deste livro, na produção de bens de consumo,
entre outras possibilidades.
Trabalhar com a energia elétrica é um campo de atuação que vem crescendo nos
últimos anos, pois entender o funcionamento do sistema elétrico e conseguir exercer
atividades nesse campo de atuação é uma profissão que tem muita demanda.
De acordo com GUSSOW (1997), a energia é a capacidade de um sistema de realizar
um trabalho. A energia pode sofrer transformações, como por exemplo, uma lâmpada
incandescente que transforma a energia elétrica em energia luminosa e em calor, ou um
motor elétrico que transforma energia elétrica em energia mecânica e em calor.
Como visto nos exemplos dados, a energia luminosa e a energia mecânica são os
trabalhos que cada um desses sistemas realiza, e o calor são as perdas provenientes da
transformação dessa energia. Toda a transformação de energia possui perdas, que podem
ser na forma de calor ou de ruído. Tendo a energia elétrica como a principal forma de
energia que iremos trabalhar, na figura 01 podemos verificar os tipos de energia que
podem ser transformadas uma na outra.

13
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 01: Relação de transformação dos tipos de energia

Fonte: Elaborada pelo autor.

Atualmente, a grande parte da energia elétrica produzida vem da energia mecânica,


como é o caso das usinas hidrelétricas (a mais conhecida no Brasil é a Usina de Itaipu
em Foz do Iguaçu - PR).
A indicação das flechas na figura 01 se refere a podermos transformar uma forma de
energia em outra, ou seja, transformar a energia mecânica das hidrelétricas em energia
elétrica e transformar a energia elétrica em rotação no motor, ou transformar a energia
luminosa do sol, por meio da energia fotovoltaica, em energia elétrica, ao mesmo tempo
que podemos transformar a energia elétrica em luz nas lâmpadas.
Um exemplo de energia química que pode ser transformada em energia elétrica
são as baterias de chumbo dos carros, e um exemplo de energia térmica que pode ser
transformada em energia elétrica são as pastilhas de Peltier.

1.1 CONCEITOS DE ENERGIA ELÉTRICA


Dentro do campo da energia elétrica temos os conceitos de tensão, corrente,
resistência e potência. Esses quatro conceitos estão associados entre si, sendo um
dependente do outro. Para exemplificar cada um desses conceitos, vamos imaginar o
circuito de uma lanterna, como mostrado na figura 02.

Figura 02: Circuito elétrico de uma lanterna

Fonte: Elaborada pelo autor.

14
Conceitos básicos sobre eletricidade

A lanterna é alimentada por quatro pilhas em série, em que cada pilha possui 1,5
Volts, totalizando um circuito com uma tensão de 6 Volts, e a lâmpada consome uma
potência elétrica de 2 Watts e uma chave simbolizada por CH.
Enquanto a chave CH está aberta, nada acontece, pois a corrente não tem caminho para
percorrer. Quando a chave CH é fechada, as pilhas fornecem uma corrente para a lâmpada,
transferindo a energia química das pilhas em energia elétrica e, consequentemente, em
energia luminosa. A lâmpada da lanterna só acende porque o circuito está fechado e a
corrente tem um caminho para percorrer. A lâmpada também é conhecida como carga
e possui uma resistência que produz trabalho.
Com essa reflexão, podemos fazer a seguinte analogia (comparação): um circuito
elétrico é como um sistema hidráulico, em que a chave CH é o registro da torneira, a
corrente é equivalente à água e a tensão é equivalente à força da água que, em uma
residência, é dada pela altura da caixa de água.
Perceba que a quantidade de corrente fornecida pelas pilhas depende da potência
da lâmpada e, consequentemente, da resistência da lâmpada. Se a lâmpada precisar de
mais corrente para acender, as pilhas farão o possível para entregar essa corrente.
Diante disso, podemos definir os principais conceitos de eletricidade de acordo com
HALLIDAY (2009):

• Tensão elétrica é a energia potencial por unidade de carga ou também é o tra-


balho sobre uma carga, que provoca o seu deslocamento. É a força que empurra
os elétrons por um condutor e a sua unidade é o Volt, simbolizada pela letra V.
• Corrente elétrica é o fluxo do movimento de elétrons no interior de um con-
dutor elétrico em um circuito fechado, e sua unidade é o Ampére, simbolizada
pela letra A.
• Resistência elétrica é a relação da tensão pela corrente e tem a função de limitar
a quantidade de corrente que passa por um condutor. É uma característica da
carga instalada, e sua unidade é o Ohm, simbolizada pela letra grega Ω.
• Potência elétrica é a taxa de transferência de energia elétrica para uma outra
forma na intenção da realização de um trabalho. Potência é a multiplicação
da corrente pela tensão, e em circuitos de corrente contínua a sua unidade é o
Watt, simbolizado pela letra W.

GLOSSÁRIO

Elétrons: são as cargas elétricas negativas que todo material possui. Quando
as cargas negativas têm a mesma quantidade de cargas positivas em um certo
material, dizemos que ele está eletricamente neutro. Quando separamos ou
movimentamos as cargas elétricas, o material fica eletricamente carregado.

Como visto, a corrente é o elemento que é produzido nas fontes de geração de


energia, como as usinas hidrelétricas e a geração fotovoltaica. Mas, entre essas duas
tecnologias, há uma certa diferença, ao passo que as usinas hidrelétricas geram energia
em corrente alternada, as usinas fotovoltaicas geram energia em corrente contínua.

15
Eletricista instalador predial de baixa tensão

1.1.1 A corrente alternada e a corrente contínua


A corrente alternada possui o formato senoidal e a sua amplitude varia no decorrer
do tempo, indo de um valor positivo a um valor negativo, em uma certa frequência.
Essa é a forma de energia gerada nas usinas hidrelétricas, termoelétricas, eólicas e
nucleares, e é a forma de energia que recebemos nas residências, comércios e indústrias,
que chamamos de sistema elétrico de potência.
Já a corrente contínua tem o seu valor que não varia no decorrer do tempo, possuindo
um valor constante. Essa é a forma de energia encontrada nas baterias dos carros, na
geração fotovoltaica e em circuitos eletrônicos, como o circuito interno da televisão.
A corrente elétrica a que temos acesso nas tomadas é alternada, mas, em sua
grande maioria, os equipamentos que temos nas nossas casas, têm circuitos eletrônicos
que funcionam com corrente contínua. Para ligarmos os equipamentos eletrônicos,
existe uma fonte que converte a corrente alternada em corrente contínua. No sistema
fotovoltaico, a corrente contínua precisa ser transformada em corrente alternada para
chegar nas tomadas e essa conversão é realizada por um inversor de frequência.
Quando se fala em corrente e tensão alternada, surge o conceito de valor eficaz.
Como a corrente e, consequentemente a tensão, é alternada, variando de valores
positivos e negativos, ela consome um valor de energia, chamado de valor eficaz. O
valor de tensão eficaz tem o mesmo efeito que o valor da tensão contínua. Quando
falamos da tensão de uma tomada é sobre o seu valor eficaz de que estamos falando.
A corrente alternada em todo o Brasil tem uma frequência de 60 hertz (ou 60
ciclos por segundo) e, de acordo com a região, possui as tensões eficazes mostradas
no quadro 01.

Quadro 01: Valores das tensões padronizadas no Brasil


Tensões monofásicas Tensões trifásicas

254 V / 127 V 380 V / 220 V

230 V / 115 V 220 V / 127 V

240 V / 120 V

SAIBA MAIS
A menção à tensão de 110V é muito comum, mesmo que esse nível não seja
mais padrão no Brasil, e sim o valor correto de 127V, você ainda ouvirá falar em
110V e 220V, mesmo sendo o correto 127V e 220V.

A tensão eficaz é mostrada de acordo com a figura 03.

16
Conceitos básicos sobre eletricidade

Figura 03: Relação entre tensão eficaz e tensão de pico em um sinal


senoidal

Equação da tensão eficaz

üü
ü

Fonte: Elaborada pelo autor.

1.1.2 Lei de Ohm


A eletricidade é um campo da física regida de acordo com as leis físicas. A lei
mais usual na eletricidade é a Lei de Ohm que diz que a corrente que passa em um
dispositivo é sempre proporcional à diferença de tensão aplicada nesse dispositivo,
ou na forma da equação (01).

ü ℜ (01)

Além dessa equação, temos a equação da potência como pode ser visto em (02).

üℜ (02)

Para facilitar a lembrança dessas duas relações, podemos utilizar um recurso visual:
ao colocarmos o dedo sobre a variável elétrica que queremos saber, conseguimos calcular,
através das outras variáveis sobre as quais sabemos, o valor. Por exemplo, um circuito
está ligado em 127 V e alimenta uma carga de 12,7 Ω, para sabermos a corrente que
passa nos condutores, isolamos a corrente I da equação (01), ou fazemos como na figura
04.a. Ou, se quisermos saber a corrente que um aparelho ligado em 127 V e que consome
uma potência de 1270 W, podemos fazer como na figura 04.b.

Figura 04: Quadro de memorização das equações elétricas

ü ℜ üℜ

a) relação entre tensão, corrente e b) relação entre potência, tensão e


resistência corrente
Fonte: Elaborado pelo autor.

17
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Calculando a corrente para os dois casos temos o seu valor nas equações (03) e (04).

(03)

(04)

1.1.3 Resistores, capacitores e indutores


Os resistores são elementos passivos que servem para limitar a corrente em um
circuito elétrico, este, muitas vezes, ele é chamado de carga do circuito, pois ele é quem
vai dissipar a potência do circuito em que ele está inserido. A sua resistência é simbolizada
pela letra R e sua unidade é o Ω (ohm). Na figura 05 é mostrado o seu símbolo elétrico.

Figura 05: Símbolo elétrico do resistor

Fonte: Elaborada pelo autor.

Além dos resistores, há mais dois elementos de circuitos elétricos passivos; os


capacitores e os indutores. Eles são elementos que armazenam energia em um curto
período de tempo e esse fato faz eles terem aplicações diversas, como será discutido.
Os capacitores são dispositivos passivos, compostos por duas superfícies condutoras
separadas por um isolante e capazes de armazenar cargas elétricas. A sua capacidade
de armazenamento de carga é chamada de capacitância e a sua unidade é o Farad,
simbolizada pela letra F. Quanto maior a capacitância de um capacitor, mais carga ele
pode armazenar. O seu símbolo elétrico é mostrado na figura 06.

Figura 06: Símbolo elétrico do capacitor

+ -

C
Fonte: Elaborada pelo autor.

Os capacitores podem possuir polaridade, como é o caso do capacitor eletrolítico,


que podem ser utilizados apenas em tensão contínua e há os capacitores que podem
ser utilizados apenas na tensão alternada, por não possuírem polaridade. Os capacitores
são encontrados em filtragem de sinais, em fontes de conversão de corrente alternada
para contínua, em banco de capacitores para correção de fator de potência, entre outras
aplicações. Na figura 07 é possível verificar alguns tipos de capacitores.

18
Conceitos básicos sobre eletricidade

Figura 07: Tipos de capacitores

Fonte: HAYT, 2014, p. 211

Um outro elemento armazenador de energia são os indutores, que é o conjunto de


fios em que circula um núcleo ferromagnético e que possui a capacidade de armazenar
energia na forma de campo magnético. A unidade de medida da sua indutância é o Henry,
simbolizada pela letra H, e quanto maior a sua indutância, maior será a sua capacidade de
armazenar energia de forma magnética. O seu símbolo elétrico é mostrado na figura 08.

Figura 08: Símbolo elétrico do indutor

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os indutores não possuem polaridade, mas podem possuir diversos formatos, de


acordo com a forma do núcleo magnético em que o fio está enrolado. Os indutores são
utilizados em sintonizadores de alta frequência, em alguns tipos de filtros, como em
inversores de frequência e o motor elétrico, são exemplos de indutores que transformam
a energia magnética em movimento giratório, como será discutido mais à frente. Na
figura 09 são apresentados alguns indutores.

Figura 09: Tipos de Indutores

Fonte: HAYT, 2014, p. 218

19
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Além dos elementos passivos, são encontrados os elementos ativos nos circuitos
elétricos, que são os amplificadores e as chaves eletrônicas. A ligação dos elementos
com uma fonte de alimentação compõe os circuitos elétricos.

1.2 CIRCUITOS ELÉTRICOS


Um circuito elétrico é a junção dos elementos elétricos com alguma função. O
circuito pode estar com circuito aberto ou em curto-circuito. Além disso, os elementos
podem ser ligados em série ou em paralelo. Em resumo, no quadro 02 está mostrado os
principais elementos de um circuito elétrico.

Quadro 02: Principais elementos de um circuito elétrico

Elementos Símbolos Elementos Símbolos


Fonte de tensão Fonte de tensão
alternada AC contínua DC

Resistência R Capacitor + -

Indutor L Terra

Fonte: Elaborada pelo autor.

Um circuito aberto é um circuito descontinuado, não havendo caminho para a


circulação de corrente. É similar ao circuito de acionamento de uma lâmpada que se
encontra desligada. Um curto-circuito é uma parte do circuito com uma fonte de tensão
e em que não há uma resistência para limitar a corrente. Os dois tipos de circuitos podem
ser vistos na figura 10.a e 10.b.

Figura 10: Tipos de circuitos que não tem o funcionamento apropriado

DC DC

a) Circuito aberto b) Curto-circuito


Fonte: Elaborada pelo autor.

20
Conceitos básicos sobre eletricidade

O circuito em aberto não tem funcionalidade, já o circuito em curto não pode ser
feito, pois não tem limitação para a corrente.
Os elementos de circuitos podem estar dispostos em série, em paralelo ou das duas
formas. Na figura 11 é mostrado um circuito com elementos em série, em paralelo e de
forma mista.

Figura 11: Circuitos em série e em paralelo

Z1 Z2 Z3

V V Z1 Z2 Z3

a) Circuito em série b) Circuito em paralelo


Fonte: Elaborada pelo autor.

Um exemplo de circuito em série são as lâmpadas de árvore de natal, em que quando


uma lâmpada se queima, um conjunto de lâmpadas se apagam, pois o circuito foi aberto.
Nas instalações prediais, as tomadas e as lâmpadas estão todas conectadas em paralelo
à fonte de tensão, que é o quadro de distribuição. No caso paralelo, se uma lâmpada se
queima, ou se uma tomada está desconectada, a casa continua tendo energia.
Como os elementos representam as cargas na instalação predial, podemos verificar
a regra quando temos resistores, capacitores e indutores, em série e em paralelo.
Vamos considerar um circuito em série, como mostrado na figura 11.a. Se todos
forem resistência em série, a resistência equivalente é mostrada na equação (05), caso
todos os elementos sejam capacitores em série, a capacitância equivalente total é dada
pela equação (06) e se todos forem indutores em série, a indutância equivalente é dada
pela equação (07).

üüüüüüü ℜ (05)

üü
ℜ (06)
üüüüüüü

üüüüüüü ℜ (07)

Considerando um circuito em paralelo, mostrado na figura 11.b, a resistência em


paralelo equivalente é dada pela equação (08), a capacitância equivalente total é dada
por (09) e a indutância equivalente total é dada por (10).

21
Eletricista instalador predial de baixa tensão

üü
ℜ (08)
üüüüüüü

üüüüüüü ℜ (09)

üü
ℜ (10)
üüüüüüü

Os circuitos podem ter resistores, capacitores e indutores como cargas, e a


junção desses elementos é chamada de impedância, e essa impedância influencia no
comportamento da corrente do circuito. Para dimensionar o condutor das instalações
elétricas prediais vamos usar o conceito de potência elétrica.

1.3 POTÊNCIA ELÉTRICA


Como foi visto, a potência elétrica é a multiplicação da tensão pela corrente, sendo
definida como a energia consumida por uma carga, e em corrente contínua é dada em
Watts. Em corrente alternada, a potência elétrica é dividida em três tipos de potência,
a potência aparente, a potência ativa e a potência reativa.

1.3.1 Potência aparente


A potência aparente é a soma vetorial (pelo triângulo de potências, que será visto
adiante) da potência ativa e da potência reativa. A potência aparente, em circuitos de
corrente alternada, é a multiplicação da corrente eficaz pela tensão eficaz do circuito,
simbolizada pela letra S, e a sua unidade de medida é o Volt-Ampere (VA), como mostra
a equação (11).

üüℜ ü (11)

1.3.2 Potência ativa


A potência ativa é a parte da energia elétrica que é convertida em trabalho, é a
parte da potência que surge do comportamento resistivo da carga. No caso de um ferro
de passar roupa, como é uma carga puramente resistiva, a sua potência aparente total
é a potência ativa.
O seu símbolo é dado por P e a sua unidade é dada em Watts (W). A equação da
potência ativa é dada pela equação (12).

üüℜ üü (12)

Quando temos a potência reativa no circuito, surge um ângulo θ e o termo cos (θ)
é o fator de potência do circuito e serve para sabermos a amplitude da potência reativa,
que não é bom para as instalações elétricas.

22
Conceitos básicos sobre eletricidade

1.3.3 Potência reativa


Há cargas que não são puramente resistivas, possuindo capacitores e indutores. O
motor é um exemplo de uma carga comumente encontrada e que tem comportamento
indutivo. Nas cargas com motores surge uma parte de energia elétrica que não é
transformada em trabalho, servindo apenas para magnetizar o motor para ele realizar
trabalho. Essa potência que não realiza trabalho é a potência reativa e é simbolizada pela
letra Q, e a sua unidade é o Volt-Ampere reativo (VAr). A equação da potência reativa é
dada por (13).

üüüü
ℜ ü (13)

1.3.4 Fator de potência


Quando um circuito é alimentado com corrente e tensão alternadas pode surgir
uma defasagem entre o sinal da tensão e o sinal da corrente. Essa defasagem pode
ser um atraso ou adiantamento da corrente em relação à tensão, como pode ser visto
na figura 12.

Figura 12: Deslocamento angular entre tensão e corrente senoidais

Fonte: Elaborada pelo autor.

Esse atraso ocorre quando no circuito temos cargas capacitivas e indutivas, e o


cosseno do ângulo θ é chamado de fator de potência.
Esse fator de potência gera a potência reativa e isso prejudica o sistema elétrico. O
fator de potência varia de 0 (zero) a 1 (um), e a ANEEL orienta que o fator de potência
não seja menor que 0,92. Quando isso ocorre é necessário fazer a correção do fator de
potência, inserindo cargas para eliminar os reativos da rede elétrica. Em indústrias onde
se utilizam motores elétricos é comum a necessidade de correção do fator de potência
por bancos de capacitores. De forma esquemática, chamamos o conjunto dessas variáveis
de triângulo de potências, a partir do qual a sua relação pode ser obtida por regras
geométricas, como pode ser visto na figura 13.

23
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 13: Triângulo de potências

Fonte: Elaborada pelo autor.

A relação entre as três potências é dada pela regra de Pitágoras, como mostra a
equação (14).

üℜ ü
(14)

1.4 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA


Esses conceitos fazem parte de um sistema de energia elétrica, conhecido como
Sistema Elétrico de Potência, ou SEP. O Sistema Elétrico de Potência é o conjunto de
equipamentos e instalações que compõem desde a geração até o consumo de energia
elétrica. Ele é subdividido em três subsistemas:

• Geração;
• Transmissão;
• Distribuição;

O Sistema Elétrico de Potência possui três fases de tensão, ou seja, cada tensão é
defasada 120° uma das outras, como pode ser visto pela figura 14.

Figura 14: Representação senoidal de tensões de um sistema trifásico.

Fonte: Elaborada pelo autor.

24
Conceitos básicos sobre eletricidade

Essas fases podem ser chamadas de R, S e T, ou fase A, fase B e fase C. Os diagramas


da posição dos elementos do SEP podem ser representados pelas três fases ou, para
simplificar, é mais usual mostrar o diagrama em uma única fase, conhecido como unifilar.
Na figura 15 podem ser vistos os três subsistemas de um Sistema Elétrico de Potência
e os seus respectivos níveis de tensão, no formato unifilar.

Figura 15: Composição do Sistema Elétrico de Potência

Fonte: FERREIRA, 2010

25
Eletricista instalador predial de baixa tensão

A energia elétrica é gerada nas usinas de geração que, em sua maioria, são usinas
hidrelétricas onde o movimento e a força da água são captados por uma turbina e é
através do movimento de um gerador síncrono que a energia mecânica da turbina se
transforma em energia elétrica. Os níveis de tensão na geração varia de 6000 a 25000 V.
Após a geração dessa energia, temos a etapa de transmissão para as cidades onde
ela será utilizada. Da geração para a transmissão, são utilizados transformadores para
elevar os níveis de tensão e, consequentemente, baixar os níveis de corrente, para que
se possa transmitir mais corrente elétrica nos condutores. A energia é transmitida em
níveis de tensão de 138 kV a 765 kV (em que a letra k representa 1000 vezes).
Por questões de segurança, ao chegar perto das cidades, os níveis de tensão sofrem
diminuição por transformadores abaixadores, localizados em subestações nas entradas
das cidades.
A partir dessas subestações, o sistema de distribuição é considerado, e é dividido
em três níveis de tensão:

• Alta tensão: de 69 kV a 230 kV;


• Média tensão: de 1 kV a 69 kV;
• Baixa tensão: de 115 V a 1000 V.

Dentro das cidades há subestações que passam da Alta Tensão para a Média Tensão,
de acordo com sua região. Nos locais de indústrias, a Média Tensão normalmente é
estabelecida em 35 kV a 69 kV, já nos locais comerciais e residenciais, a Média Tensão é
de 15 kV ou 25 kV. Em ambos os locais, há transformadores que fazem o abaixamento
para a Baixa Tensão e os valores mais comuns de Baixa Tensão é 127/220 V ou 220/380V.
A atuação de um Eletricista Instalador Predial é na distribuição em Baixa Tensão,
mas o conhecimento das outras etapas é imprescindível para o entendimento do sistema
elétrico como um todo.

1.5 TRANSFORMADORES
O fenômeno físico da eletricidade está intrinsecamente associado ao eletromagnetismo,
ou seja, quando há uma corrente elétrica, aparecerá um campo magnético que, por sua
vez, faz surgir uma corrente elétrica. Devido a esse fenômeno físico é possível realizar
conversões de energia sem contato elétrico, como é o caso dos transformadores.
Os transformadores são equipamentos elétricos que fazem a conversão de energia
em corrente alternada. O transformador pode elevar uma tensão, ou baixar uma tensão,
no entanto, ele só trabalha com tensões e correntes alternadas.
Quando o transformador faz a elevação de tensão, dizemos que ele é um
transformador elevador e quando o transformador faz o abaixamento de tensão, é
chamado de abaixador de tensão. Esse processo de elevação/abaixamento de tensão
ocorre por um processo magnético, em que um condutor é enrolado em um núcleo
ferromagnético, produzindo um campo magnético e, sem contatos elétricos, esse campo
magnético gera um campo elétrico do outro lado do transformador, em que a tensão
de saída dependerá da quantidade de voltas do condutor no núcleo ferromagnético,
como pode ser visto um esquema na figura 16.

26
Conceitos básicos sobre eletricidade

Figura 16: Esquema construtivo do transformador

Fonte: Elaborado pelo autor.

Dizemos que os terminais onde entra a energia é o primário e que a saída é o


secundário; o primário pode estar conectado nos geradores, nas linhas de transmissão
ou nas linhas de distribuição e o secundário está conectado para onde a energia elétrica
está indo que, no nosso caso de interesse, é quando o secundário está conectado na
entrada das unidades de consumo (residência, comércio e indústria).
Como falado, o valor da tensão do transformador depende da quantidade de espiras,
e a equação que mostra a relação das tensões com as espiras é dada na equação (15),
em que V são as tensões e N são os números de espiras.

ü üü
ℜ ü
(15)
üü ü

Como exemplo, um transformador com uma tensão de 12700 V e com 2000 espiras
no primário e 20 espiras no secundário. Qual é a tensão no terminal do secundário?
Calculando usando a equação (16), temos:

üü
üü

üüüü (16)
ü

ü ü

Aqui foi utilizado apenas um exemplo numérico, no entanto, para uma quantidade
real de número de espiras, outros aspectos elétricos e mecânicos são considerados, mas
a relação é válida para todos os transformadores.
A corrente que o transformador processa também depende da tensão e do número
de espiras. Sabemos que o transformador não cria potência, portanto, um transformador
ideal (sem perdas) tem a mesma potência elétrica na entrada e a mesma potência na
saída, assim, podemos relacionar as tensões e correntes pela equação (17).

27
Eletricista instalador predial de baixa tensão

üü

üüℜ
üü
(17)
üü
üü

A equação (17) mostra que quanto maior a tensão, menor será a corrente e, quanto
menor a tensão, maior será a corrente. Isso justifica a utilização do transformador para
elevação e para o abaixamento de tensão, uma vez que as perdas elétricas nos fios são
proporcionais à corrente ao quadrado e, para uma menor quantidade de corrente, a bitola
do fio utilizada pode ser menor.
Ao olhar a imagem de um transformador abaixador conectado a um poste, podemos
verificar que a bitola do fio do primário é menor do que a bitola do fio do secundário. A
figura 17 mostra um transformador trifásico típico utilizado nas unidades de consumo,
com a identificação de alguns pontos.

Figura 17: Transformador trifásico

Fonte: Elaborada pelo autor.

No transformador nas unidades de consumo, que normalmente estão nos postes nas
entradas das unidades de consumo, há um transformador abaixador, em que o primário
está conectado à rede de Média Tensão e, no secundário, está a rede de Baixa Tensão. O
transformador mais comum utilizado é o transformador trifásico (três fases).

28
Conceitos básicos sobre eletricidade

A Média Tensão, no caso trifásico, é conectada na parte de cima do transformador


por três isoladores cerâmicos, chamados também de buchas, e podem estar conectados
na tensão de 13800 V, 23100 V ou 34500 V. A Baixa Tensão é conectada no secundário
na parte de trás do transformador (que fica voltada para o poste) através de quatro
terminais olhal ou barramento, dependendo da potência que o transformador processa.
Essa baixa tensão pode ser 220V/127V ou 380V/220V.

PARA REFLETIR

Algo importante a ser considerado é que um transformador 380V/220V não


pode ter a tensão de 127V, da mesma forma que um transformador 220V/127V
não possui a tensão de 380V.

O primário é identificado por H1, H2 e H3, marcando que cada isolador deve ser
conectado em uma fase da rede de distribuição. O secundário é identificado por X0, X1,
X2 e X3, em que o X0 é o neutro do transformador, ao passo que os terminais X1, X2 e
X3 são as fases de saída.
Há três fios na Média Tensão, em que a ligação interna do primário do transformador
está em triângulo e há quatro fios saindo do transformador para o poste, pois o secundário
está com conexão em estrela.

1.5.1 Conexões de Transformadores


Os transformadores (e as máquinas elétricas) podem ser monofásicos, com uma fase
no primário, podem ser bifásicos, com duas fases no primário ou trifásicos, com três fases
no primário. O transformador monofásico e bifásico são utilizados em locais afastados das
subestações, como sítios, chácaras e bairros afastados, onde é mais econômico o envio
de energia por um único condutor. Nos centros das cidades é mais comum a utilização
de transformadores trifásicos. A diferença entre eles está no formato do tanque e na
quantidade de isoladores de média tensão, como pode ser visto na figura 18.

Figura 18: Transformador monofásico, bifásico e trifásico

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os transformadores monofásicos e bifásicos possuem uma única bobina no primário


e uma única bobina no secundário que, por sua vez, é dividida em duas partes iguais no
secundário, como pode ser visto na figura 19.

29
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 19: Esquema de ligação de um transformador monofásico

Fonte: Elaborada pelo autor.

Se o transformador for monofásico, com um único isolador no primário, um terminal


da bobina do primário é conectado na rede elétrica e o outro terminal é aterrado no local
de instalação do transformador. Se for um transformador bifásico, com dois isoladores
no primário, cada isolador é ligado em uma fase de Média Tensão.
No secundário dos dois transformadores há três terminais, em que o terminal central
é o neutro e cada um dos outros terminais fornece a mesma tensão. Se pegarmos, por
exemplo, a fase X1 com X0, temos 127V, se pegarmos a fase X2 com X0, também teremos
127V, sendo a outra fase do transformador. Agora se pegarmos X1 e X2 teremos 254V,
sendo o dobro da tensão entre fase e neutro.
O transformador trifásico pode ser ligado internamente de duas formas, em estrela
ou em triângulo. Depois do transformador ser produzido, o tipo de ligação não pode ser
alterada. Nas entradas das unidades consumidoras, o primário é conectado em triângulo
e o secundário é conectado em estrela. A passagem da energia elétrica do primário para
o secundário é realizada da mesma forma, independentemente do tipo de ligação. A
ligação de um transformador trifásico pode ser vista na figura 20.

Figura 20: Esquema de ligação de um transformador trifásico

Fonte: Elaborada pelo autor.

30
Conceitos básicos sobre eletricidade

Podemos ver na figura 20 que tanto no primário quanto no secundário, há três


bobinas, mas a forma de ligação entre elas é diferente. Na ligação trifásica trabalhamos
com dois novos conceitos: a tensão de linha e a tensão de fase, que varia o seu valor de
acordo com a forma de ligação.
A tensão de linha é a tensão entre dois condutores energizados. A tensão de fase é
a tensão sobre cada bobina do transformador (ou do motor). Na ligação triângulo (∆), a
tensão de linha é a mesma tensão de linha, já na ligação estrela (Y), a tensão de fase é
menor do que a tensão de linha.
Na mesma ideia, podemos saber a relação de correntes. Na ligação estrela, a corrente
que está na linha é a mesma que a corrente que passa na bobina, portanto, a corrente
de fase é a mesma que a corrente de linha. Na ligação em triângulo, a corrente de linha
é maior do que a corrente de cada fase. Para simplificar a relação numérica entre essas
variáveis, temos o quadro 03.

Quadro 03: Tensões e Correntes de linha e de fase da ligação triangulo e


estrela

De Fase De Linha

Tensão ü üüüü ü üüüü

Ligação
Triângulo üü
Corrente üü üüüüü ℜ

üü
Tensão üü ü üüüü ℜ

Ligação
Estrela

Corrente üüüüü üüüüü

Fonte: Elaborado pelo autor.

No transformador é importante sabermos as tensões e como elas se relacionam.


Se no secundário de um transformador ligado em Y, ele foi projetado para ter as bobinas
com uma tensão de fase VF = 127V, a tensão de linha é dada pela equação (18).

ü üüüü ℜℜ üüüü (18)

Portanto, se fizermos uma ligação com a fase e o neutro do transformador temos


127V, e se usarmos duas fases diferentes, temos a tensão de 220V. Agora, se tivermos
entre fase e neutro (F-N) uma tensão de 220V, a tensão entre duas fases (F-F) será 380V,
por isso que se um transformador tem 127V não terá 380V, e vice-versa.

31
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Além disso, em certos locais do Brasil, a tensão nominal de consumo é de 127V /


220V e, em outras regiões é somente 220V, como em Santa Catarina. Essa diferença ocorre
devido ao formato da concessionária de energia de distribuição de energia elétrica para
os clientes. Na CELESC (Companhia de Energia Elétrica de Santa Catarina), a tensão de
F-N é de 220V e a tensão F-F é de 380V. Como não há equipamentos comuns de uma
casa que trabalha com 380V, todas as tomadas e luminárias deverão ter uma fase e um
neutro em sua instalação.
É a concessionária de energia que escolhe quantas fases serão disponibilizadas
para a ligação na unidade consumidora. Essa escolha é baseada na potência prevista
que será consumida nessa instalação, sendo que ela pode cobrar a mais por mês por
disponibilizar mais fases.
No caso da CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), é possível pedir três
tipos de ligações:

• Monofásica: são disponibilizados dois condutores, um neutro e uma fase, e o


consumo dos equipamentos elétricos é de até 8000 W.
• Bifásica: são disponibilizados três condutores, um neutro e duas fases, e o con-
sumo dos equipamentos está entre 8000 W e 25000 W.
• Trifásica: são disponibilizadas três fases e um neutro, para equipamentos com
consumo até 75000 W.

Para fazer a ligação é necessário protocolar uma Solicitação Inicial de Fornecimento


ou Alteração de Carga, disponível no site da empresa para baixar e preencher.

1.6 ATERRAMENTO
Outro elemento importante na ligação da entrada de serviço de uma instalação
elétrica é o aterramento. O aterramento é um sistema funcional e de proteção que
estabelece a referência de tensão zero. A corrente de surto ou de fuga sempre vai para
o ponto de menor tensão, por isso, o aterramento é necessário nas instalações, sendo
ele normatizado de acordo com a norma NBR 5410. A NBR 5410 apresenta os tipos de
aterramento que podem ser utilizados em ligações elétricas.
Os esquemas de aterramento utilizam o sistema trifásico, onde as massas indicam
o conjunto de cargas ligadas. Nos esquemas de aterramento são utilizados os símbolos
mostrados na figura 21.

Figura 21: Simbologia utilizada no aterramento.

Fonte: Elaborada pelo autor.

32
Conceitos básicos sobre eletricidade

Além desses símbolos, os esquemas de aterramento possuem a simbologia em


relação às letras de identificação, em que são utilizadas duas letras e, eventualmente,
uma terceira ou quarta letra, para identificar a forma como que o aterramento é ligado.

• A primeira letra demonstra a situação da alimentação em relação a terra, em


que a letra T é um ponto diretamente aterrado e a letra I tem uma isolação de
todas as partes vivas em relação a terra através de uma impedância.
• A segunda letra demonstra a situação das massas da instalação elétrica em relação
a terra, em que a letra T significa que as massas estão diretamente aterradas,
independentemente do aterramento da alimentação, e a letra N significa que
as massas são ligadas ao ponto da alimentação aterrado.
• As outras letras que podem aparecer diz respeito à disposição do condutor neutro
e do condutor de proteção, em que a letra S significa que o neutro e o condutor
de proteção (condutor terra) estão separados, são condutores distintos, e a letra
C apresenta que o condutor neutro e o condutor de proteção são combinados
em um único condutor, chamado também de condutor PEN.

De acordo com a NBR 5410, existem basicamente três tipos de aterramento, sendo
que cada um tem uma aplicação específica. Os aterramentos abordados na norma são o
TN, TT e o IT, além das suas complementações de acordo com as terceiras e quartas letras.
O aterramento mais utilizado em instalações prediais é do tipo TN-S, no qual o
condutor neutro e de proteção são distintos, como pode ser visto na figura 22.

Figura 22: Esquema de aterramento TN-S

Fonte: NBR 5410:2004

Na figura 22 temos três fases designadas por L1, L2 e L3, o condutor de neutro N
e o condutor de terra PE. Como visto, no transformador, quatro condutores saem, na
entrada de energia de uma instalação predial chegam as fases e o condutor de neutro.
Após passar pelo quadro de medição na entrada predial, o condutor de neutro deve ser
aterrado, como pode ser visto na figura 23.

33
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 23: Modelo de um padrão de entrada de energia

Fonte: CEMIG, 2017, p. 73

Dentro do quadro de medição, devem seguir para dentro da instalação um condutor


de neutro e um condutor de terra separados até o Quadro Geral de Distribuição, onde
deve haver um barramento para todos os neutros e outro barramento para todos os
condutores de terra que serão distribuídos na instalação.

LEITURA COMPLEMENTAR

Os outros tipos de aterramento podem ser consultados na NBR 5410:2004 –


Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

A atuação do eletricista predial começa no quadro de medição para dentro do


local de consumo. É responsabilidade do eletricista predial o sistema de aterramento na
entrada, a instalação até o quadro de distribuição dentro do local de consumo e todas
as suas ligações dos circuitos.
O aterramento de uma edificação pode ser realizado das seguintes formas:

a) Utilizando as armaduras das fundações, antes da construção.


b) Fazendo uso de fitas, barras ou cabos metálicos, imersos no concreto das fun-
dações, formando um anel no perímetro da edificação.

34
Conceitos básicos sobre eletricidade

c) Usando malhas metálicas enterradas na área da edificação e complementan-


do-as quando necessário por hastes verticais radialmente, conhecido como
“pés-de-galinha”.
d) Ou no mínimo, utilizando anel metálico enterrado, complementando com hastes
“pés-de-galinha”.

Canalizações de água e nem de outras funções como eletrodo de aterramento podem


ser utilizadas. Na prática, são utilizados eletrodos constituídos por hastes, eletrodos em
anel ou eletrodos em malha.

1.6.1 Aterramento por hastes


A haste possui um formato alongado e serve para injetar a corrente de fuga no solo
e dispersá-la. A haste deve ser introduzida verticalmente, de maneira que apresente a
menor resistência elétrica. Ela pode ser cilíndrica, maciça ou tubular, com perfil T, L
ou X, e a sua parte superior deve ficar a uma profundidade mínima de 0,5 metro, como
mostra a figura 24.

Figura 24: Representação de um sistema de aterramento por hastes

Fonte: Elaborada pelo autor.

1.6.2 Aterramento por eletrodo em anel


O eletrodo em anel é constituído por um condutor de cobre nu, enterrado ao
longo do perímetro da edificação a uma profundidade mínima de 0,5 metro. Devido à
simplicidade de instalação, esse é o tipo mais utilizado nas construções. O seu esquema
pode ser visto na figura 25.

Figura 25: Representação de um sistema de aterramento em anel

Fonte: CAVALIN, 1998, p. 361

35
Eletricista instalador predial de baixa tensão

1.6.3 Aterramento por eletrodo em malha


Esse método é também conhecido como malha de terra e é constituído pela
combinação de hastes e de condutores. É o método mais eficiente, pois tem a função de
tornar a superfície da edificação um único potencial de tensão. Na prática, é necessário
enterrar verticalmente hastes profundas e distanciadas entre si aos lados externos da
malha, eliminando o problema de tensão de passo, ocasionado em cabines de distribuição
de média e alta tensão. O esquema é mostrado na figura 26.

Figura 26: Representação de um sistema de aterramento em malha

Fonte: CAVALIN, 1998, p. 361

O material e as dimensões que devem ser utilizadas nos aterramentos são mostrados
no quadro 04.

Quadro 04: Materiais comumente utilizados em eletrodos de aterramento.

Fonte: NBR 5410:2004 (Tabela 51)

36
Conceitos básicos sobre eletricidade

As concessionárias de energia dispõem de esquemas de aterramento em suas


normas disponíveis na internet. Na figura 27, observamos como deve ser realizada a
implementação do aterramento.

Figura 27: Exemplo de aterramento para entrada de serviço

Fonte: CAVALIN, 1998, p. 369

Do quadro de medição, devem seguir os condutores de fase, neutro e aterramento


para dentro da edificação. A escolha dos condutores depende do projeto e da utilização
na edificação.

37
Eletricista instalador predial de baixa tensão

SÍNTESE DA UNIDADE

Nessa primeira unidade falamos dos principais conceitos da eletricidade e sobre a


aplicação desses conceitos nas instalações prediais. Discutimos como é gerada, transmitida
e distribuída a energia elétrica até as residências, comércios e indústrias. E, até aqui,
mantivemo-nos com a operação fora das instalações prediais, já nas próximas unidades,
verificaremos as operações dentro das instalações prediais, o que é cada elemento, a
forma de se trabalhar e o que deve ser levado em conta ao realizar uma instalação predial.

Nessa primeira unidade você viu como é gerada a energia elétrica e o seu caminho
até as residências, comércios e indústrias. Aprendeu sobre a diferença entre corrente
alternada e corrente contínua, e se familiarizou com os elementos dos circuitos, como
os resistores, capacitores e indutores.
Conseguiu entender o que é a potência aparente, a potência ativa, que é medida
em watts, e a potência reativa, além da necessidade da correção da potência reativa,
aumentando o fator de potência. Essa potência chega nos pontos de utilização através
do sistema elétrico de potência, passando pelo transformador e chegando no padrão
de entrada das nossas casas. Por último, viu os tipos de aterramento e as formas como
eles podem ser implementados

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações Elétricas de
Baixa Tensão. Rio de Janeiro, set. 2004.

CEMIG. Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Secundária – Rede de Distribuição


Aérea – Edificações Individuais. Norma de Distribuição. Belo Horizonte, MG, 2017.

CAVALIN, Geraldo. Instalações Elétricas Prediais – Coleção Estude e Use. Série


Eletricidade. São Paulo: Érica, 1998.

FERREIRA, Rodrigo Arruda Felício. Instalações Elétricas I – Apostila de disciplina ENE-


065. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), MG, 2010.

GUSSOW, Milton. Eletricidade básica. 2. ed.. Porto Alegre: Bookman, 2009.

HALLIDAY, David. Fundamentos de física, volume 3: eletromagnetismo. Rio de Janeiro:


LTC, 2009.

HAYT, William H. Análise de circuitos em engenharia. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

PINTO, Milton de Oliveira. Energia elétrica: geração, transmissão e sistemas interligados.


1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014.

38
Conceitos básicos sobre eletricidade

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. Além das hidrelétricas, quais são as outras formas de geração de energia que você
conhece?

2. Um ferro de passar roupa possui uma potência elétrica de 1500 Watts, se ele estiver
ligado em 127 V, qual será a corrente que ele estará consumindo? E se ele for ligado em
220 V, qual será a corrente a ser consumida?

3. Qual a tensão de pico para uma tensão eficaz de 220 V?

4. Um circuito com três resistências em paralelo é alimentado por uma fonte de tensão
eficaz de 127 V. Todas as resistências são iguais e de 30 ohms, qual será a corrente
fornecida pela fonte de 127 V ao circuito?

5. Um transformador monofásico é alimentado no primário por uma tensão de 13800


V e, na sua saída, ele tem 220 V. A potência que ele pode processar é de 75000 W. Qual
será a corrente no primário do transformador e a corrente no secundário? Onde está a
maior corrente?

39
Unidade 2
Projeto de Instalações Elétricas

Na segunda unidade deste livro, você aprenderá sobre o projeto elétrico, conhecendo
os principais elementos utilizados, tipos de cargas e de circuitos, dimensionamento dos
elementos e como fazer a leitura dos projetos elétricos, interpretando diagramas para
implementar na prática.
Até aqui você viu os principais conceitos que envolvem a eletricidade e que são
necessários para o entendimento de termos técnicos utilizados na profissão de eletricista
predial. Verificamos que o Sistema Elétrico de Potência começa nas usinas geradoras, passa
por subestações de energia, é transmitida em Alta Tensão e abaixada em transformadores
nas subestações e nos postes, até chegar nas residências, comércios e indústrias.
Agora vamos falar sobre os conceitos relacionados à instalação elétrica, quando um
eletricista atua de forma mais efetiva em uma instalação dentro da unidade consumidora.
A norma da ABNT NBR 5410:2004 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão - estabelece
as regras para a instalação em Baixa Tensão, apresentando de forma detalhada todos
os requisitos das instalações elétricas.
Uma instalação elétrica predial pode ser realizada em residências, comércios e
até em indústrias, cada instalação tem suas especificidades. No entanto, os conceitos
abordados nesta unidade valem para os três tipos de instalações. Basicamente, uma
instalação predial é composta pelos seguintes itens:

• Cargas: são os equipamentos que serão ligados, como os eletrodomésticos,


lâmpadas, motores etc.
• Condutores: são os cabos ou os fios que serão utilizados, de acordo com a
sua bitola.
• Quadro de Distribuição: conhecido também com Quadro de Distribuição Geral ou
Quadro de Distribuição de Cargas, é o quadro onde são colocados os dispositivos
de proteção e onde é realizada a divisão dos circuitos de uma instalação predial.
• Eletrodutos e caixas de passagem e de derivação: são os elementos em que é
realizada a passagem dos condutores e realizadas as manutenções.
• Elementos de Proteção: são os disjuntores termomagnéticos e o Diferencial
Residual, que servem para proteger os elementos da instalação elétrica e seus
usuários.

41
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Para uma instalação adequada é necessário ter conhecimento das cargas que serão
instaladas no local, para conseguir dimensionar os condutores, fazer a divisão correta
dos circuitos, dimensionar os elementos de proteção, entre outros fatores. Para isso, é
necessário fazer uma previsão de carga nas instalações novas.

2.1 PREVISÃO DE CARGA


Em uma instalação predial é necessário conhecer a potência dos equipamentos
que serão instalados no local, quando não se sabe a potência, deve ser considerada a
maior potência disponível no mercado. A potência dos equipamentos pode ser descrita
na etiqueta dos equipamentos e nos manuais de instrução.
As potências dos equipamentos de uma residência são mostradas em Watt, pois
são cargas resistivas. O fator de potência deve ser considerado em equipamentos que
possuem motor de corrente alternada, como os motores de indução, comuns na indústria,
e os ares-condicionados.
O projeto de instalação elétrica é função do engenheiro ou do arquiteto responsável
pela obra, mas é ideal que o eletricista tenha o conhecimento de alguns princípios de
projeto para a melhor execução dos serviços.
A instalação deve ser dividida em circuitos, de acordo com as cargas e com o tipo
de utilização. Quanto mais dividido for o circuito, menor será a corrente que irá percorrer
os condutores e, consequentemente, menor será a bitola necessária desse condutor. Na
previsão de carga, três tipos de circuitos devem ser considerados:

• Circuitos de iluminação;
• Circuitos de Tomada de Uso Geral (TUG);
• Circuitos de Tomada de Uso Específico (TUE).

No quadro de distribuição geral, esses circuitos devem estar bem divididos, não
podendo misturar mais de um circuito em um único disjuntor, ou seja, não podemos
colocar iluminação junto às tomadas.

2.1.1 Circuito de iluminação


As cargas de iluminação são as lâmpadas. De acordo com a NBR 5410, todo ambiente
deve ter pelo menos um ponto de iluminação, de preferência no teto e com acionamento
por um interruptor localizado no próprio ambiente. Para os casos em que não é possível
alocar um ponto de luz no teto, ele pode ser alocado na parede, como em espaços sob
a escada, depósito, despensas, lavabos e varandas.
Para o dimensionamento do circuito de iluminação deve ser prevista uma carga
mínima de 100 VA para cômodos com área igual ou inferior a 6 m². Quando o cômodo
for maior do que 6 m², deve ser prevista uma carga de 100 VA para os primeiros 6 m²,
acrescida de 60 VA para cada aumento de 4 m² inteiros.

2.1.2 Tomada de Uso Geral (TUG)


As tomadas de uso geral, conhecidas como TUGs, são as tomadas que são colocadas
nos ambientes para alimentar as cargas de uma instalação predial. O número de pontos de
tomadas deve ser determinado em função do ambiente e dos equipamentos elétricos que
podem ser utilizados naquele cômodo. A NBR 5410 estabelece alguns critérios mínimos:

42
Projeto de Instalações Elétricas

• nos banheiros deve ser prevista no mínimo uma tomada perto do lavatório;
• nas cozinhas, lavanderias e locais análogos deve ser previsto um ponto de toma-
da para cada 3,5 metros de perímetro e acima da bancada da pia, devem ser
previstas no mínimo duas tomadas de uso específico;
• nas varandas deve ser previsto um ponto de tomada, ou próximo ao seu acesso;
• nas salas e dormitórios deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada a
cada 5 metros de perímetro.

A potência a ser considerada em cada ambiente é:

• em cozinhas, banheiros e locais análogos deve ser considerada uma potência de


600VA para as três primeiras tomadas e 100VA, para as demais;
• nos demais cômodos deve ser considerada uma potência de 100VA por tomada.

Quando a corrente de cada tomada é menor do que 10A, as tomadas podem fazer
parte do mesmo circuito, separando o circuito de tomadas e de iluminação, no entanto,
a soma das correntes não deve ser maior que 16A para um mesmo circuito. Para tomadas
que irão alimentar um único equipamento com corrente acima de 10A, como ocorre com
forno elétrico e micro-ondas, deve ser instalada uma Tomada de Uso Específico.

2.1.3 Tomada de Uso Específico (TUE)


As tomadas de uso específico são aquelas que são dedicadas a um equipamento
específico, em que a corrente é maior do que 10A. Atualmente, no padrão brasileirode
tomadas, há as tomadas de até 10A e as tomadas de até 20A, portanto, toda tomada de
20A será de uso específico e ela deve ser colocada em um circuito separado, tendo o seu
próprio disjuntor. Além dessas tomadas de uso específico, o chuveiro, o ar-condicionado
ou o aquecedor de água elétrico são consideradas tomadas de uso específico, por ter a
sua corrente acima de 10A.

2.2 CONDUTORES ELÉTRICOS


Em instalações residenciais e prediais, os condutores mais utilizados são de cobre
com isolamento em PVC (policloreto de vinila), EPR (borracha etileno-propileno) e XLPE
(polietileno reticulado). A diferença entre os tipos de isolação é a temperatura que eles
suportam. O isolamento em PVC suporta temperaturas de até 70 °C no condutor, já o EPR
e o XLPE suportam temperaturas de até 90 °C no condutor. Há dois tipos de condutores:
o fio flexível e o cabo rígido, como pode ser visto na figura 01.

Figura 01: Tipos de condutores flexível (verde) e rígido (preto)

Fonte: Elaborada pelo autor.

43
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Os fios flexíveis são mais comumente utilizados em instalações elétricas devido à sua
flexibilidade para passar pelos eletrodutos. Já o fio rígido é mais utilizado em ambientes
externos, sujeitos à corrosão com o tempo.
Os condutores são especificados de acordo com a sua bitola interna, em que quanto
maior a bitola, mais corrente ele pode suportar. O quadro 01 apresenta as bitolas dos
condutores de cobre comerciais utilizadas em instalações elétricas.

Quadro 01: Seções nominais e comerciais dos condutores

Seções nominais dos condutores em mm2

0,5 0,75 1,0 1,5 2,5 4,0 6,0 10

16 25 35 50 70 95 120 150

185 240 300 400 500 630 800 1000

Fonte: Elaborado pelo autor.

A escolha da bitola do condutor a ser utilizado nas instalações elétricas depende


da sua capacidade de corrente e do mínimo estabelecido pela norma NBR 5410. Para
a grande maioria dos casos de instalação elétrica, é utilizado o método construtivo
de condutores isolados ou cabos unipolares ou multipolar em eletroduto de seção
circular embutido em alvenaria.

2.2.1 Dimensionamento de condutores


No quadro 02 é mostrado o método de instalação elétrica com o método de referência
desse método mais comum. Para outros métodos de construção é necessário verificar
a Tabela 33 da NBR 5410.

Quadro 02: Tipos de linhas elétricas

Método de Esquema Método de


Descrição
instalação ilustrativo referência
Condutores isolados ou cabos unipolares
em eletroduto de seção circular embutido
7 em alvenaria B1

Cabo multipolar em eletroduto de seção


circular embutido em alvenaria
8 B2

Fonte: NBR 5410 – Tabela 33

44
Projeto de Instalações Elétricas

Para saber a capacidade de corrente de cada aplicação é necessário saber o método


de referência que, nos casos mais utilizados nas residências, é o método de referência
B1 e B2, como visto no quadro 02. Após saber o método de referência, verificamos o
fio com a isolação que utilizaremos e consultamos as tabelas 36 a 39 da NBR 5410.
Suponhamos que vamos trabalhar no método de referência B1 com um fio de cobre
unipolar de isolação em PVC. O quadro 03 mostra os valores de capacidade de corrente
de acordo com a bitola do fio.

Quadro 03: Capacidade de condução de corrente para os métodos B1 e B2

Método de referência B1 Método de referência B2

Número de condutores carregados no eletroduto

2 3 2 3

Seção nominal Capacidade de corrente em Amperes

0,5 mm2 9 8 9 8

0,75 mm2 11 10 11 10

1,0 mm2 14 12 12 12

1,5 mm2 17,5 15,5 16,5 15

2,5 mm2 24 21 23 20

4,0 mm2 32 28 30 27

6,0 mm2 41 36 38 34

10,0 mm2 57 50 52 46

16,0 mm2 76 68 69 62
Fonte: NBR 5410 - Tabela 36

Para os outros métodos de referência é necessário verificar a tabela 36 da NBR 5410.


Observe que a capacidade depende também da quantidade de condutores carregados
que estão naquele circuito (2 condutores para circuitos monofásicos e 3 condutores para
circuito trifásico).
Vamos supor que, ao dimensionar a corrente que vai passar por um condutor,
chegamos na corrente de 22 Amperes e iremos utilizar o método de referência B1. Vemos
que, de acordo com o quadro 03, se houver apenas dois condutores carregados no circuito
(F-N ou F-F), podemos utilizar o condutor com a bitola de 2,5mm², no entanto, se houver
três condutores carregados (F-F-F), teremos que usar o fio com bitola de 4,0 mm², que
é a próxima bitola de maior fio, como pode ser visto na figura 02.

45
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 02: Print da tabela de condutores do quadro 03

PARA REFLETIR

O chuveiro em 220V é melhor do que o chuveiro em 127V, considerando a mesma


potência elétrica para os dois chuveiros?

Vamos supor a potência do chuveiro de 7000 W (nesse caso, a potência aparente


é a mesma que a potência ativa, pois o chuveiro é uma carga puramente resistiva), a
corrente (sem correção por agrupamento e nem por temperatura) do chuveiro em 127V é
calculada na equação (01) e a corrente do chuveiro em 220V é calculada na equação (02).

üü
üüüü ℜ üü (01)
ü ü

üü
üüüü ℜ üü (02)
ü ü

Lembre-se de que essa não é a corrente a ser usada para a escolha da bitola,
precisamos corrigi-la e faremos isso no dimensionamento dos condutores. Mas, para
termos uma ideia, no caso de 127V, precisaríamos no método B1 de um condutor
mínimo de 10mm² (que suporta até 57A para dois condutores carregados) e, no caso
de 220V, precisaríamos de um condutor mínimo de 4 mm² (que suporta até 32A para
dois condutores carregados).
A diferença na instalação de um chuveiro 127V ou 220V é apenas a espessura
do condutor e o disjuntor de maior corrente que deve ser utilizado, o consumo será
basicamente o mesmo, principalmente se o quadro de interruptores for próximo ao
chuveiro. Para escolher a bitola correta precisamos verificar a corrente que passará nesse
fio, utilizando os métodos de correção de corrente. Há dois métodos para correção da
corrente, o método de Capacidade de Corrente e o método da Queda de Tensão.

2.2.2 Capacidade de corrente


Os condutores estão expostos à temperatura da instalação e a quantidade de
condutores no mesmo eletroduto. Devido a isso, o dimensionamento dos condutores
deve levar em conta fatores de correção de corrente. O quadro 04 mostra os fatores
de temperatura para algumas temperaturas diferentes de 30°C, e no quadro 05 são
mostrados alguns fatores para correção de corrente devido ao agrupamento de
condutores no eletroduto.

46
Projeto de Instalações Elétricas

Quadro 04: Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes


de 30°C

Temperatura Isolação em PVC Isolação em EPR ou


Ambiente XLPE

10 1,22 1,15

15 1,17 1,12

25 1,06 1,04

35 0,94 0,96

40 0,87 0,91

45 0,76 0,87
Fonte: NBR 5410 – Tabela 40

Quadro 05: Fatores de correção aplicáveis a condutores agrupados

Número de circuitos ou cabos multipolares

Forma de 1 2 3 4 5 6 7 8 Método de
agrupamento referência

Em feixe, A1, A2, B1,


1,00

0,80

0,70

0,65

0,60

0,57

0,54

0,52

embutidos, B2, D.
em conduto
fechado
Fonte: NBR 5410 – Tabela 42

Para temperaturas ambientes diferentes das do quadro 04 e para métodos diferentes


dos mostrados ou para quantidade de circuitos maiores do que 8 em um único eletroduto,
a respectiva tabela da norma NBR 5410 deve ser consultada .Para realizar o procedimento
de correção por capacidade de corrente, primeiramente calculamos a corrente nominal
em cada circuito, de acordo com a equação (03) e, logo em seguida, aplicamos os
fatores de correção por temperatura (FCT), dado pelo quadro 04, e aplicamos o fator de
agrupamento (FCA), de acordo com o quadro 05; usando a equação (04).

üüüüüüüü
üüü ℜ (03)
üüü

üüü
üüüü (04)
üüü

47
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Vamos pegar o exemplo do chuveiro de 7000W ligado na tensão de 220V (bifásico),


com um fio de isolamento de PVC. Utilizamos a temperatura ambiente de 40°C, que é
o máximo de temperatura a que uma região no Brasil pode chegar, e um circuito único
para o chuveiro. Calculando a corrente nominal desse chuveiro, temos a equação (05).

üü
üüüü ℜ üü (05)
ü ü

Olhando o quadro 04, e estabelecendo a temperatura ambiente de 40°C, temos o


FCT = 0,87 e no método B1, em que a Ref. do quadro 05 é 1 – Em feixe: ao ar livre ou
sobre superfície; embutidos; em conduto fechado; com um único circuito, o FCA é igual
a 1. Portanto, a corrente corrigida é dada pela equação (06).

üüü üü
üüüüü ℜ üü (06)
üüü ℜ üü

Com essa corrente corrigida, verificamos o quadro 03 e podemos ver que a bitola
que atende de acordo com a correção por capacidade de corrente é de 6,0 mm², como
pode ser visto na figura 03.

Figura 03: Print do quadro 03

Fonte: Elaborada pelo autor.

Mas antes de definir a bitola do condutor, é necessário verificar a corrente corrigida


de acordo com o método de queda de tensão.

2.2.3 Queda de tensão


Todo condutor possui uma resistência elétrica associada a ele, que depende da
distância. Como vimos, quando temos uma resistência, existe uma corrente que percorre
o circuito e temos uma queda de tensão que fica nos cabos, sendo uma queda de tensão
em relação à entrada de tensão.
Essa queda de tensão se torna significativa quando a distância da entrada de energia
até o circuito terminal é grande. A NBR 5410 estabelece os limites permitidos para essa
queda de tensão, como pode ser visto na figura 04.

48
Projeto de Instalações Elétricas

Figura 04: Valores de queda de tensão em relação à distância dos quadros


de medição e de distribuição

Fonte: CREDER, 2021, p. 97

A seção mínima do condutor de acordo com o método de queda de tensão, pode


ser calculada pela equação 07.

üü é a seção em mm² do condutor


é a resistividade do condutor ℜ üü ℜ ü
ℜ ü
ℜ ü
üü (07)
ü
é comprimento do circuito em metros

ü é a corrente nominal

é a queda de tensão em volts

Vamos utilizar o chuveiro do nosso exemplo para calcular a bitola do fio com o
método queda de tensão. Como estamos considerando o dimensionamento de um circuito
terminal, que sai do Quadro de Distribuição, a queda de tensão que pode haver é de até
ℜℜüü üüüüüüü . A corrente do chuveiro obtida pela equação (05)
é de 31,82A e, considerando que o fio do quadro de distribuição até o chuveiro tenha 10
metros, a seção mínima pode ser calculada pela equação (08).

ℜ ü üüüüℜ
üüü ℜℜ ü
üü (08)
üü

De acordo com o que estabelece a NBR 5410, deve ser utilizada uma bitola mínima
para tomadas de corrente,sendo as três bitolas:

49
Eletricista instalador predial de baixa tensão

• Bitola mínima pela NBR 5410: 2,5 mm2


• Bitola mínima pela capacidade de corrente: 6,0 mm2
• Bitola mínima pela queda de tensão: 2,5 mm2

Entre essas bitolas, a maior bitola obtida deve ser a escolhida que, no caso do nosso
chuveiro, é de 6 mm2. Isso deve ser realizado para todos os circuitos, sempre escolhendo
a maior bitola obtida. Pode ser verificado que a maior bitola foi dada pelo método de
correção de capacidade de corrente ao invés do método de queda de tensão. Quando o
quadro de distribuição se encontra perto das cargas, estando bem distribuído, a queda de
tensão é pequena e não afeta os condutores da carga. Sempre que a carga for instalada
longe do quadro de distribuição (acima de 20 metros), é necessário se levar em conta a
queda de tensão.

2.2.4 Condutores de: fase, neutro e terra


Os circuitos possuem três tipos de condutores: o condutor de fase, de neutro e de
terra. O condutor de fase deve ser escolhido de acordo com o dimensionamento abordado
no item anterior, escolhendo a maior bitola entre o método de Capacidade de Corrente
e Queda de Tensão. Além disso, a NBR 5410 estabelece algumas bitolas mínimas:

• A bitola mínima de um circuito de iluminação deve ser de 1,5mm2;


• A bitola mínima de um circuito de tomadas deve ser de 2,5mm2.

Esses valores são os mínimos, no entanto, a bitola escolhida deve advir da consideração
do correto dimensionamento dos condutores. De acordo com o item 6.1.5.3 da NBR 5410
devem ser utilizados os condutores com as cores mostradas na figura 05.

Figura 05: Padrão de cores dos condutores

Fonte: Elaborada pelo autor.

A seção do condutor de fase deve ser escolhida de acordo com o dimensionamento.


Os condutores de neutro e de terra de um circuito são escolhidos de acordo com o que
estabelece a norma NBR 5410, como pode ser visto no quadro 06, as seções do condutor
de neutro em função do condutor de fase.

50
Projeto de Instalações Elétricas

Quadro 06: Seção reduzida do condutor neutro

Seção do condutor de FASE (mm2) Seção do condutor de NEUTRO (mm2)

S ≤ 25 mm² S

35 mm² 25 mm²

50 mm² 25 mm²

70 mm² 35 mm²

95 mm² 50 mm²

120 mm² 70 mm²

Fonte: NBR 5410 – Tabela 48

O condutor de neutro, com bitola menor que 25 mm², deve ter a mesma bitola que o
condutor de fase, que é o que ocorre na grande maioria dos casos de instalação predial.
As bitolas do condutor de terra, ou de proteção, são mostradas no quadro 07.

Quadro 07: Seção mínima do condutor de neutro

Seção do condutor de FASE (mm2) Seção do condutor de PROTEÇÃO (mm2)

S ≤ 16 mm2 S

16 < S ≤ 35 mm2 16 mm2

S > 35 mm2 S / 2 mm2


Fonte: NBR 5410 – Tabela 58

Vamos supor que foi projetado para o ar-condicionado monofásico Fase-Neutro um


condutor de fase com bitola de 6mm². De acordo com o quadro 06, a bitola do neutro
será igual à bitola da fase, ou seja, será 6mm² e, de acordo com o quadro 07, a bitola do
condutor de proteção, ou chamado de terra, também será a mesma bitola do condutor de
fase. Haverá bitolas diferentes de neutro quando a bitola de fase for maior que 25 mm² e
haverá bitola de terra diferente do de fase quando a bitola de fase for maior que 16 mm².

2.3 LEITURA DE PROJETOS ELÉTRICOS


A elaboração de um projeto elétrico é essencial para o profissional de instalações
elétricas tanto para a organização quanto para documentar a instalação. Ele é considerado
como projeto complementar nas residências e, em algumas prefeituras, para residências
acima de 100 metros quadrados, os projetos complementares são exigidos para liberar
o Alvará de Construção.
Além da obrigação, existe a questão de haver um responsável técnico por aquela
instalação, em que o responsável técnico emitirá uma ART (Anotação de Responsabilidade
Técnica) junto ao CREA. Em comércios, principalmente em shoppings e em indústrias,
são realizados os projetos elétricos, e um bom profissional precisa conseguir interpretar
cada um dos desenhos.

51
Eletricista instalador predial de baixa tensão

2.3.1 Diagramas elétricos (simbologia)


A norma que estabelece os símbolos utilizados em instalações elétricas é a NBR 5444
- Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais, mas nem sempre os projetistas
utilizam esses símbolos. Os símbolos usuais e os símbolos utilizados de acordo com a
NBR 5444 estão no quadro 08.

Quadro 08: Símbolos utilizados para os projetos elétricos

Fonte: CREDER, 2021, p. 57

52
Projeto de Instalações Elétricas

Quadro 08: Símbolos utilizados para os projetos elétricos (continuação)

Fonte: CREDER, 2021, p.58

Utilizando os símbolos vistos, podemos desenhar os principais esquemas de ligação.

2.3.2 Esquema de ligação das tomadas


As tomadas, independentemente se são de uso geral ou de uso específico, devem
ser ligadas como mostra o esquema da figura 06.a, para monofásico, e 06.b, para bifásico.

53
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 06: Ligação das tomadas monofásicas (F-N) e bifásicas (F-F)

Fonte: FERREIRA, 2010

LEMBRE-SE DE QUE

Nos locais onde o padrão é 127V/220V, o circuito monofásico F-N (fase-neutro)


será 127V e o circuito bifásico F-F será 220V, nos locais onde o padrão é 220V/380V,
haverá apenas circuitos monofásicos F-N de 220V.

O esquema elétrico de uma tomada pode ser mostrado na figura 07.

Figura 07: Esquema da instalação elétrica de uma tomada

Fonte: Elaborada pelo autor.

No novo padrão de tomadas há três terminais e, como norma, o terminal do meio


deve sempre ser conectado no terra, ou condutor de proteção, como mostrado na figura
07.a. Na figura 07.b é possível ver que os condutores da tomada vêm de uma caixa de
derivação no teto, chegando até o ponto de instalação da tomada. Nesse caso é uma

54
Projeto de Instalações Elétricas

tomada monofásica, onde é colocada uma fase, um neutro e um terra. O neutro sempre
aponta para o quadro de distribuição, ou seja, de onde vêm os condutores.

2.3.3 Esquema de ligação de iluminação


Os circuitos de iluminação podem ser ligados de duas formas: por um comando
simples ou por comando paralelo. No ponto de luz, NUNCA deve ser ligado o condutor de
fase e sim o condutor de neutro e de retorno. O comando simples é a ligação de um ou
mais pontos de luz, sendo acionado por um único interruptor, como mostra a figura 08.

Figura 08: Ligação do circuito de lâmpada por comando simples

Fonte: FERREIRA, 2010

Como pode ser visto, a fase é conectada no interruptor e entre a lâmpada e o


interruptor há um condutor não energizado, chamado de condutor de retorno. O condutor
de neutro é conectado no terminal do ponto de luz. O diagrama esquemático da ligação
por um único interruptor é mostrado na figura 09.

Figura 09: Diagrama elétrico de instalação de tomada com único interruptor

Fonte: CAVALIN, 1998

55
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Há situações em que se deseja acionar a mesma lâmpada por dois interruptores


em locais diferentes, como por exemplo, um interruptor na entrada do quarto e outro
na cabeceira da cama. Esse tipo de conexão é conhecido como Three-way e necessita
de um interruptor específico, precisa de dois interruptores paralelos (que é diferente do
simples). A ligação paralela é mostrada na figura 10.

Figura 10: Ligação do circuito de lâmpada por dois interruptores paralelos

Fonte: FERREIRA, 2010 Fonte: CAVALIN, 1989

Como pode ser visto, no primeiro interruptor é conectado o condutor de fase e saem
dois retornos que estão conectados no segundo interruptor. No segundo interruptor
está um retorno para a lâmpada e na lâmpada está conectado o neutro. O diagrama
esquemático é mostrado na figura 11.

Figura 11: Diagrama elétrico de instalação de tomada com dois


interruptores paralelos

Fonte: CAVALIN, 1989

Pode acontecer a necessidade de acionar o mesmo ponto de luz por três ou mais
interruptores, usando interruptores Four-way. É utilizado um interruptor three-way em
cada extremidade e os demais interruptores são do tipo four-way, como pode ser visto
na figura 12.

56
Projeto de Instalações Elétricas

Figura 12: Ligação do circuito de lâmpada por três interruptores paralelos

Fonte: FERREIRA, 2010 Fonte: CAVALIN, 1989

Nesse tipo de ligação é ligada a fase no primeiro interruptor e dois retornos que são
ligados no interruptor four-way. Além desses dois retornos, saem mais dois retornos do
interruptor do meio que são ligados no terceiro interruptor, este está ligado na lâmpada
por meio de um retorno, e o condutor neutro está no outro terminal do ponto de luz. O
diagrama esquemático é mostrado na figura 13.

Figura 13: Diagrama elétrico de instalação de tomada com três


interruptores paralelos

Fonte: CAVALIN, 1989

Como foi visto, em todos os casos o condutor de fase está conectado no interruptor
e o condutor neutro está conectado no ponto de luz. Em alguns tipos de luminárias há
o terminal para conexão do terra, mas nem sempre isso acontece. O ideal é passar o fio
de terra e deixar disponível para futuras conexões.

57
Eletricista instalador predial de baixa tensão

2.4 COMPONENTES DA INSTALAÇÃO ELÉTRICA


Além dos condutores e tomadas, a instalação elétrica é composta por outros elementos
importantes, como os eletrodutos, as caixas de luz retangular, quadrada e octogonal,
quadro de distribuição, barramento de fase, barramento de borne e os disjuntores.

2.4.1 Eletrodutos
Os eletrodutos são tubos, que podem ser de metal ou de PVC, que podem ser ainda
rígidos ou flexíveis. Eles possuem a função de proteção dos condutores contra choques
mecânicos e corrosão, e contra perigos de incêndio, resultante de superaquecimento
ou arcos dos condutores.
Os eletrodutos metálicos rígidos são feitos de aço galvanizado. Normalmente eles
são utilizados no ambiente industrial de forma aparente por apresentar uma grande
proteção mecânica aos fios, todavia, ele não deve ser utilizado em ambientes com
excessiva umidade ou utilizado com produtos corrosivos. Os eletrodutos de PVC rígidos
são fabricados com material isolante elétrico e não sofrem ação corrosiva, são indicados
para serem utilizados quando o metálico não é uma opção. Eles são recomendados para
utilização em pisos, lajes, linhas subterrâneas e superfícies concretadas.
Os eletrodutos metálicos flexíveis são fabricados com um revestimento em PVC
para proporcionar maior resistência mecânica e durabilidade, e podem ser utilizados em
instalações elétricas expostas e na instalação de motores devido à vibração. Por último,
temos os eletrodutos de PVC flexíveis que são utilizados em instalações residenciais,
comerciais e industriais, utilizados de forma embutida nas paredes de tijolos, lajes e
pisos. Na figura 14, estão alguns tipos de eletrodutos.

Figura 14: Tipos de eletrodutos

Fonte: FERREIRA, 2010

Os eletrodutos possuem uma quantidade limitada de condutores que podem ser


passados por ele e essa quantidade depende da bitola do condutor. A norma estabelece
que os condutores com a camada isolante tenham as seguintes taxas de ocupação da
seção dos eletrodutos:

• 53% para um condutor;


• 31% para dois condutores;
• 40% para três ou mais condutores.

58
Projeto de Instalações Elétricas

Os eletrodutos são interligados às caixas de passagem ou de derivação, podendo


ser emendados, fazendo o caminho do condutor entre a entrada de energia e o ponto de
utilização nas tomadas e nos pontos de luz. Não se deve deixar o fio exposto para que ele não
se desgaste com o tempo. Para essas conexões, há alguns acessórios para os eletrodutos.

• Luvas: são de formato cilíndrico com rosca interna, utilizadas para unir trechos
de eletrodutos e curvas pré-moldadas.
• Buchas: são peças para melhorar o acabamento das extremidades dos eletrodutos
rígidos, evitando a danificação da isolação dos condutores ao serem puxados
por rebarbas na extremidade do eletroduto.
• Arruelas: chamadas de contrabuchas ou de porcas, possuem rosca interna e são
colocadas externamente às caixas, servindo para contra-aperto com a bucha.
• Curvas: são utilizadas para fazer a mudança de direção em uma rede de eletrodutos.
• Braçadeiras: destinadas para a fixação de eletroduto rígido ou flexível em
paredes e tetos.
• Conectores ou adaptadores: são utilizados para ligação de eletrodutos rígidos
sem rosca e de eletrodutos flexíveis conectados às caixas ou aos quadros.

2.4.2 Caixas de derivação ou de passagem


São caixas utilizadas para colocação de interruptores, tomadas e luminárias, além
de se ter acesso a derivações e emendas. A alocação correta dessas caixas é de extrema
importância, assim como é fundamental que as emendas e as derivações sejam realizadas
nessas caixas, para facilitar a manutenção e a eventual mudança futura da instalação
elétrica, facilitando ainda a passagem dos condutores devido a grandes distâncias.
Elas servem também para a instalação de campainhas, pontos de telefones, interfones
ou porteiro eletrônico, sonorização, sistema de alarme, pontos de antena e de rede de
computadores. Devem ser alocadas em locais de fácil acesso e devem ter suas respectivas
tampas. Elas podem ser de embutir, sendo de 2x4 polegadas ou 4x4 polegadas, ou
ortogonal, para serem colocadas no teto. A figura 15 mostra as caixas de passagem e
derivação usuais.

Figura 15: Caixas de derivação e de passagem

Fonte: Elaborada pelo autor.

Além das caixas de embutir, temos as Caixas Aparentes, chamadas também de


conduletes. São utilizadas de forma aparente e em locais em que não é conveniente
e nem possível embutir os eletrodutos dentro da parede, sendo usuais em indústrias,
comércios, depósitos etc. Essas caixas podem ser de alumínio ou de PVC, sendo bem
resistentes mecanicamente. A figura 16 mostra um exemplo de uma caixa aparente.

59
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 16: Caixa condulete usado em instalações elétricas aparentes

Fonte: Elaborada pelo autor.

Há também as eletrocalhas, canaletas e perfilados que são utilizados quando é


necessário a passagem de uma grande quantidade de condutores. São de seção quadrada
ou retangular, com tampa, mas possuem ventilação e permitem acesso aos condutores
em toda a sua extensão.

2.4.3 Quadro de distribuição


O quadro de distribuição é o componente da instalação elétrica central, ele recebe
os cabos vindos do padrão de entrada, faz a divisão, a proteção e o seccionamento dos
circuitos e envia os condutores para os circuitos de tomada e de iluminação. Há vários
tipos e formatos de quadros de distribuição, mas eles devem ser dimensionados de
maneira suficiente para acomodar a proteção de todos os circuitos e haver sobras para
a colocação de novos disjuntores, caso seja necessário em futuras mudanças e aumento
de carga. A norma NBR 5410 estabelece quantos espaços devem ter de reserva de acordo
com a quantidade de circuitos já alocados, como pode ser visto no quadro 09.

Quadro 09: Espaço de reservas para quadros de distribuição

Quantidade de circuitos instalados N Espaço mínimo destinado à reserva

Até 6 2

7 a 12 3

13 a 30 4

Maior que 30 0,15 * N

Fonte: NBR 5410 – tabela 59

Os quadros de distribuição devem estar em locais de fácil acesso, em um local mais


próximo possível de elementos de maiores cargas, não deve estar em áreas molhadas;
como cozinha e banheiro, e não deve ser colocado embaixo de escadas. Em locais com
mais de um pavimento, o ideal é que cada pavimento possua um quadro próprio daquele

60
Projeto de Instalações Elétricas

andar, de forma a manter as cargas o mais próximo possível do quadro de distribuição. Na


figura 17, é possível ver um exemplo da ligação de um quadro de distribuição de cargas.

Figura 17: Esquema de ligação de um quadro de distribuição

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os equipamentos de proteção no quadro de distribuição são os disjuntores


termomagnéticos e os disjuntores diferencial residual (DR).

2.4.4 Passar fio pelos eletrodutos


Depois de concluídas as etapas da instalação dos eletrodutos, é possível começar
a passar os condutores das instalações elétricas. É importante se atentar ao fato de
que, nas instalações embutidas, a passagem dos condutores se dará após a conclusão
do revestimento das paredes, ou seja, quando não há mais trabalhos com argamassa,
cal ou azulejos, de modo que é recomendável que a passagem dos fios aconteça antes
das pinturas das paredes, para que essa atividade não venha a sujar as paredes recém-
pintadas. Também é importante limpar internamente as caixas de derivação e passagem
antes da passagem dos cabos. A passagem dos cabos deve ser realizada em cada trecho
entre duas caixas, geralmente por duas pessoas, da seguinte forma:

1° passo: Enfie o cabo-guia, conhecido também como passa-fio, em uma das


caixas de passagem ou derivação, até que ele saia na outra caixa, obedecendo
o sentido no qual os cabos serão puxados.

61
Eletricista instalador predial de baixa tensão

2° passo: Separe todos os condutores que vão ser passados, obedecendo a


quantidade, seção e cores, de acordo com o projeto, e no comprimento adequado
para chegar até a próxima caixa e sobrar um pouco de fio.

3° passo: na ponta de trás do passa-fio há uma forquilha ou ponto de ancoragem,


passe todos os cabos por essa forquilha e coloque os cabos em paralelo com o
final do passa-fio, com uma distância de uns dez centímetros antes do término
do passa-fio (figura 18.a).

4° passo: Para que não apareçam “calos” nos fios que dificultem a passagem,
não coloque todas as pontas juntas, deixando uma ponta distante no mínimo
quatro centímetros uma da outra, fazendo uma espécie de escada (figura 18.b).

5° passo: Passe a fita isolante de forma bem firme, juntando todos os cabos
paralelos ao passa-fio (figura 18.c e 18.d).

Figura 18: Passando fio utilizando o passa-fio.

a) Passando o fio pela forquilha do passa fio. b) Colocando os cabos em paralelo.

c) Prendendo todos os cabos no passa-fio. d) Passando fita isolante para deixar firme.
Fonte: Elaborada pelo autor.

Uma dica é não tirar os fios da embalagem para que não sejam embolados e sempre
começar pela ponta do meio do rolo de fio.

62
Projeto de Instalações Elétricas

2.4.5 Emendas em condutores


Pode acontecer que seja necessário realizar emendas nos condutores ou para realizar
derivações ou para realizar prolongamento nos fios. Se a sua execução for realizada
de maneira incorreta, pode ocasionar problemas elétricos e mecânicos nas emendas,
prejudicando toda a instalação elétrica.

LEMBRE-SE DE QUE

Recomenda-se que as emendas sejam realizadas nos condutores nas caixas


de passagem ou de derivação, de forma a facilitar futuras manutenções ou
modificações nas instalações elétricas.

Para realizar a emenda em prosseguimento de condutores flexíveis, ou seja, no


caso da necessidade de aumentar o tamanho do condutor que é insuficiente, devemos
seguir os seguintes procedimentos:

1° passo: Desencape as pontas dos dois condutores, retirando a cobertura


isolante como se estivesse apontando um lápis, sempre em direção à ponta do
fio. De um condutor deve ser retirado o equivalente a 10 vezes o diâmetro da
sua bitola e do outro condutor deve ser retirado o equivalente a 20 vezes o seu
diâmetro (figura 19.a).

2° passo: Coloque os dois condutores lado a lado, de modo que as pontas este-
jam juntas. Em seguida, faça a emenda dos condutores cruzando as suas pontas
e enrolando. Vai ficar uma parte sem isolação e fora da emenda (figura 19.b).

3° passo: Junte a parte da emenda com o fio nu, dobrando a emenda sobre o fio
nu e passe fita isolante de maneira firme, dando três ou mais voltas, enrolando
de forma que a fita isolante fique em cima da isolação do fio dos dois lados, e
depois corte a fita isolante utilizando um estilete ou canivete (figura 19.c e 19.d).

Para realizar uma emenda de derivação com condutores flexíveis, precisamos seguir
as seguintes etapas:

1° passo: Desencape um pedaço do cabo de onde sairá a derivação com a aju-


da de um desencapador ou estilete (figura 20.a). Desencape a ponto de outro
condutor, de modo que se tamanho permita que o cabo nu seja enrolado na
abertura do cabo de onde sairá a derivação.

2° passo: coloque o cabo de derivação por cima do cabo de onde sairá a derivação,
de forma que a isolação dos dois cabos estejam juntas (figura 20.b).

3° passo: Enrole o cabo de derivação, dando voltas por cima, até terminar o
cabo nu (figura 20.c).

4° passo: Junte o fio derivado ao fio com o fio derivador e passe fita isolante,
dando três ou mais voltas (figura 20.d).

63
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 19: Emenda de dois cabos em prosseguimento

a) Desencapando os fios que serão b) Fazendo a emenda dos dois cabos.


emendados.

c) Juntando os dois cabos na emenda. d) Passando fita isolante na emenda.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Há algumas outras formas de emendas, mas o importante em todas elas é que haja
uma boa resistência mecânica, de modo que se o fio for puxado, a emenda não se rompa;
outro requisito é que haja uma boa área de contato entre os condutores desencapados,
para não aquecer a emenda, além disso, é preciso que a isolação com fita isolante seja
realizada de forma correta, protegendo o fio para não entrar em contato com outros
fios e nem com outras partes.
Pode ser realizada uma soldagem no fio com estanho, antes de ser realizada a
isolação. Isso proporciona um melhor contato dos fios elétricos, no entanto, é necessário
ter cuidado para não haver solda fria.
Para cabos com bitola maior que 10 mm², o uso de conectores é aconselhável. Para
a instalação de chuveiros também se aconselha o uso de conectores, mas é preciso tomar
o cuidado de dar um bom aperto no parafuso, pois, se o parafuso ficar afrouxado, aquela
conexão derreterá e poderá dar curto no equipamento. Na figura 21, alguns conectores
utilizados podem ser vistos.

64
Projeto de Instalações Elétricas

Figura 20: Emenda de dois cabos em derivação

a) Desencapando os cabos onde será b) Juntando os cabos que formarão a


realizada a derivação. derivação.

c) Enrolando o cabo de derivação. d) Passando fita isolante na derivação.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 21: Tipos de conectores

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nas ligações em bornes de elementos, como interruptores, tomadas, dispositivos


de proteção e outros dispositivos, sempre que possível deve ser realizado, por meio
de um olhal, ou seja, fazer uma espécie de âncora com a ponta do fio nu, como pode
ser visto na figura 22. O olhal deve ser feito de tal maneira que ele não se abra com o
aperto do parafuso.

65
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 22: Conexão com fio rígido no formato de um olhal

Fonte: Elaborada pelo autor.

2.4.6 Disjuntores
Os disjuntores termomagnéticos são elementos de proteção do circuito, eles são
alocados no quadro de distribuição de cargas. Eles são colocados nas fases dos circuitos,
podendo ser monopolares, bipolares ou tripolares. Eles atuam quando há uma passagem
de corrente superior ao que o fio suporta, protegendo o condutor de sobrecorrente ou
de curtos-circuitos. Na figura 23 é possível ver alguns modelos de disjuntores.

Figura 23: Disjuntores monopolar e bipolar

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os disjuntores devem ser conectados apenas nas FASES. Dois disjuntores unipolares
não é a mesma coisa que um disjuntor bipolar, portanto, se o circuito tem duas fases, deve
ser utilizado o disjuntor bipolar de maneira correta. Os disjuntores devem ser utilizados
de acordo com a bitola do fio do circuito, com a intenção de proteger o condutor, como
mostrado no quadro 10.

66
Projeto de Instalações Elétricas

Quadro 10: Tabela de disjuntores em função dos condutores

Corrente nominal do disjuntor (A)


Seção dos
condutores 1 circuito por 2 circuitos por 3 circuitos por 4 circuitos por
eletroduto eletroduto eletroduto eletroduto

1,5 mm2 15 10 10 10

2,5 mm2 20 15 15 15

4,0 mm2 30 25 20 20

6,0 mm2 40 30 25 5

10,0 mm2 50 40 40 35

16,0 mm2 70 60 50 40

25,0 mm2 100 70 70 60

35,0 mm2 125 100 70 70

50,0 mm2 150 100 100 90

70,0 mm2 150 150 125 125

95,0 mm2 225 150 150 150

120,0 mm2 250 200 150 150


Fonte: Elaborado pelo autor.

Os disjuntores cumprem três funções basicamente: abrir e fechar circuitos; proteger


a fiação contra sobrecargas por meio de seu dispositivo térmico; e proteger a fiação
contra curto-circuito por meio do seu dispositivo magnético.
Há também os Interruptores Diferenciais Residuais (conhecido como IDR), eles
servem para interromper a corrente quando há fuga de corrente ou quando há curto-
circuito. Ele é utilizado para as áreas molhadas, a fim de evitar que as pessoas tomem
choque nesses locais. A figura 24 mostra um modelo de IDR.

67
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 24: Interruptor Diferencial Residual para três fases mais o neutro

Fonte: Elaborada pelo autor.

O IDR é instalado com as fases do circuito que ele quer proteger e o neutro, como
mostra o esquema elétrico em seu corpo. No caso da figura 24, o IDR de quatro terminais
serve para um circuito com 3 fases e o neutro (3F+N). O IDR pode ser utilizado apenas
nos circuitos terminais ou no circuito geral. Em instalações mais antigas, um DR geral
pode ocasionar acionamentos constantes a alguma possível fuga de corrente, por isso, é
recomendada a instalação em circuitos terminais com grande risco de choques elétricos.

LEMBRE-SE DE QUE

Pode acontecer de a utilização de chuveiros com resistência de aço inox ou de


cobre o IDR atue, desligando o circuito, mesmo não dando choque nas pessoas.
Isso se dá pela alta condutividade da água que passa pelo chuveiro, como em
locais que não tem tratamento de água. Nesses casos é necessário que os
chuveiros sejam de resistência blindada.

Os IDRs devem ser escolhidos de acordo com a corrente do disjuntor em que ele
está ligado e com a corrente de sensibilidade. A NBR 5410 recomenda a utilização de
dispositivos IDR de alta sensibilidade, com corrente de acionamento menor que 30 mA,
em tomadas de corrente em cozinha, lavanderias e áreas externas, ou em tomadas que
alimentarão equipamentos de uso em áreas externas e em circuitos de iluminação de
áreas externas.

LEMBRE-SE DE QUE

O IDR não substitui a utilização do disjuntor termomagnético, os circuitos


terminais podem conter apenas Disjuntores Termomagnéticos ou Disjuntores
Termomagnéticos com IDR, no entanto, não pode ser utilizado apenas o IDR.

68
Projeto de Instalações Elétricas

2.4.7 Barramentos de fase e borne


No quadro de distribuição, há um disjuntor geral e outros disjuntores terminais. Após
o disjuntor geral, é necessário realizar a ligação das fases. Um elemento amplamente
utilizado para fazer a distribuição da corrente para os circuitos é a utilização de um
barramento elétrico, como pode ser visto na figura 25.

Figura 25: Barramento elétrico para fases

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a conexão dos condutores de proteção e dos conectores de neutro ao aterramento


da instalação podem ser utilizados barramentos que juntam todos os condutores, como
mostra a figura 26.

Figura 26: Borne de neutro e terra

Fonte: Elaborado pelo autor.

Na figura 26.b, em amarelo, estão conectados os condutores de proteção e, no


círculo vermelho, estão conectados os condutores de neutro, aplicados em um quadro de
distribuição. Montar o quadro de distribuição requer organização e capricho, auxiliando
na segurança da instalação e dos usuários.

69
Eletricista instalador predial de baixa tensão

2.5 DIVISÃO DE CIRCUITOS


Uma boa instalação é quando os circuitos são bem divididos, quando cada disjuntor
protege uma parte do circuito, e essa divisão dependerá do profissional que a realizará.
Há alguns critérios que devem ser seguidos, entre eles:

• O circuito de iluminação deve estar separado do circuito de tomadas;


• As tomadas que alimentam cargas maiores do que 10A devem possuir um
circuito próprio;
• A soma das correntes das tomadas não deve exceder 16A por circuito;
• Deve ser considerado um circuito para tensões diferentes (por exemplo, uma
tomada de 220V na instalação de tomadas de 127V);
• Por questões econômicas, deve-se dividir os circuitos que exigem uma bitola
maior do que o mínimo estabelecido pela NBR 5410;
• Todo circuito no quadro de distribuição precisa conter uma nomenclatura que
identifique o circuito acionado por aquele disjuntor.

A figura 27 mostra como deve ficar um quadro de distribuição depois de montado.

Figura 27: Modelo de quadro de distribuição com a divisão do circuito e


suas marcações

Fonte: Elaborada pelo autor.

Há alguns elementos especiais, diferentes dos usuais, que fazem parte das instalações
elétricas de uma residência ou comércio, como minuteria, campainha, entre outros.

70
Projeto de Instalações Elétricas

2.6 INSTALAÇÃO DE DISPOSITIVOS ESPECIAIS


2.6.1 Instalação de interruptor de minuteria
É um circuito que necessita ser ligado por uma pessoa, mas o seu desligamento é
automático, depois de um tempo. O esquema da sua instalação pode ser visto na figura 28.

Figura 28: Esquema da instalação de um interruptor de minuteria

Fonte: CAVALIN, 1989

No esquema, três lâmpadas são mostradas, mas poderiam ser mais ou menos
lâmpadas a serem acionadas. A minuteria M recebe uma fase e manda dois retornos
para as lâmpadas.

2.6.2 Instalação de campainha


Há vários modelos de campainhas, mas todos seguem a mesma lógica de circuito.
Na figura 29, a forma de instalação das campainhas é apresentada.

Figura 29: Esquema da instalação de uma campainha

Fonte: CAVALIN, 1989

2.6.3 Instalação de relé fotoelétrico


Quando anoitece ou quando o ambiente fica escuro, ele é utilizado para ligar cargas.
O circuito de instalação é mostrado na figura 30.

71
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 30: Esquema da instalação de um relé fotoelétrico

Fonte: CAVALIN, 1989

Com o conhecimento de leitura de projetos, é possível fazer a instalação de qualquer


equipamento, observando o seu manual de instruções. Lembre-se que a busca do
conhecimento torna o profissional cada vez melhor.

SÍNTESE DA UNIDADE

Na segunda unidade, você teve contato com os elementos de dentro de uma


instalação elétrica, incluindo os principais quesitos considerados dentro de um projeto,
como dimensionamento de cargas e os fios, passando pela leitura de projetos elétricos
e esquemas de ligação, até chegar nas rotinas que devem ser adotadas. A partir dos
conhecimentos obtidos até aqui, você consegue interpretar um circuito elétrico e fazer
a instalação de todos os aparelhos e equipamentos.

72
Projeto de Instalações Elétricas

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações Elétricas de
Baixa Tensão. Rio de Janeiro, set. 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5444: Símbolos gráficos para


instalações elétricas prediais. Rio de Janeiro, fev. 1989.

CAVALIN, Geraldo. Instalações Elétricas Prediais – Coleção Estude e Use. Série


Eletricidade. São Paulo: Érica, 1998.

CREDER, Hélio. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2021.

FERREIRA, Rodrigo Arruda Felício. Instalações Elétricas I – Apostila de disciplina ENE-


065. Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, 2010.

KANASHIRO, Nelson Massao. Instalações elétricas industriais. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.

MARTIGNONI, Alfonso. Instalações Elétricas Prediais. 3. ed. Porto Alegre: Editora


Globo, 1977.

SENAI. PR. Eletricidade para Mecânico. Rio Branco do Sul, 2004.

73
Eletricista instalador predial de baixa tensão

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. Relacione os equipamentos utilizados em uma cozinha e a sua respectiva potência


de operação.

2. Em uma residência há diversos tipos de equipamentos; eletrodomésticos e eletrônicos.


Quais equipamentos de uma residência precisam de uma TUE?

3. Dada a planta residencial abaixo, escolha um local para a colocação do Quadro de


Distribuição e faça a passagem dos condutores de tomadas e de iluminação.

Figura 31: Modelo de planta para passagem dos condutores de iluminação

Fonte: Elaborada pelo autor.

74
Projeto de Instalações Elétricas

Figura 32: Modelo de planta para passagem dos condutores de tomadas

Fonte: Elaborada pelo autor.

75
Unidade 3
Eletrotécnica Básica

Na terceira unidade, trabalharemos os conceitos de eletrotécnica, área de aplicação


nas indústrias, conhecendo um pouco de motores e as formas de ligação deles na rede
elétrica. Após essa unidade, o estudante estará capacitado para ler diagramas de partida
de motores, montar métodos de partida e saber diferenciar um método do outro.
A eletrotécnica é a área da eletricidade que executa trabalhos na indústria e com
motores. Os motores são equipamentos de uma instalação elétrica que possuem algumas
particularidades que precisam ser tratadas de uma forma diferente de uma instalação
comum, pois eles podem representar perigo para os outros elementos instalados e para
as pessoas, se não forem tomados os devidos cuidados.

3.1 MOTORES ELÉTRICOS


Os motores elétricos são tipos de cargas utilizadas, com mais aplicações, no ambiente
industrial. Eles convertem a energia elétrica em energia mecânica, realizando trabalho.
Existem diversos tipos de motores elétricos, como é o caso dos motores monofásicos,
que são utilizados em motobombas, compressores, furadeiras, cortadores de grama,
entre outros. Eles são os mais simples de pequeno porte e possuem potências até 2 CV.
Há também os motores elétricos trifásicos que precisam das três fases fornecidas pelo
padrão de entrada. Há motores trifásicos de 1,0 cv podendo chegar a alguns milhares
de cv, e são utilizados nas mais diversas aplicações.

GLOSSÁRIO

CV = cavalo vapor: unidade utilizada para representar a potência mecânica dos


motores. Cada cv equivale a 736 Watts.

Os motores são constituídos basicamente de duas partes: o estator, que é a parte


física que não apresenta movimento, dita fixa, é onde ficam os terminais de alimentação
do motor e os enrolamentos que geram o campo magnético para a parte rotativa girar.
E o rotor, que é a parte rotativa do motor, que faz girar o eixo, sendo isolado das bobinas
do estator, sem contato físico com o estator, apenas por campo magnético.

77
Eletricista instalador predial de baixa tensão

SAIBA MAIS

Em 2019 entrou em operação na China o maior motor elétrico produzido. Ele


possui a potência elétrica de 26.250 kW, alimentado em 10 kV e mede 4 metros.
Em potência mecânica ele consegue acionar uma carga maior que 10.000 cv.

A análise e o dimensionamento dos elementos que acionam os motores devem


seguir as mesmas condições dos circuitos de iluminação e tomadas, mas com algumas
considerações:

• a corrente de partida é muito maior (em torno de 10 vezes) do que a corrente


nominal, em funcionamento normal. Essa quantidade pode ser vista na placa
de identificação de um motor, onde está essa relação no item Ip / In;
• a corrente em funcionamento normal é dependente da carga mecânica que o
motor está trabalhando. Se a carga for maior do que a potência do motor, pode
haver sobrecarga.

Todos os motores possuem uma placa de identificação que apresenta as suas principais
características elétricas e o seu esquema de ligação, como pode ser visto na figura 01.

Figura 01: placa de identificação de motor

Fonte: Elaborada pelo autor.

As marcações na figura 01 são mostradas no quadro 01.

78
Eletrotécnica Básica

Quadro 01: Itens da placa de identificação de um motor elétrico

1. Código do motor
2. Número de fases
3. Tensão nominal
4. Regime de serviço
5. Rendimento
6. Modelo da carcaça
7. Grau de proteção
8. Classe de isolamento
9. Temperatura de isolamento
10. Frequência
11. Potência em kW e em CV.
12. Rotação nominal por minuto
13. Corrente nominal de operação
14. Fator de potência
15. Temperatura ambiente
16. Fator de serviço
17. Altitude
18. Massa
19. Especificação do rolamento dianteiro e quantidade de graxa
20. Especificação do rolamento traseiro e quantidade de graxa
21. Tipo de graxa utilizada nos rolamentos
22. Esquema de ligação para a tensão nominal
23. Tempo de lubrificação do motor (em horas)
24. Certificações
25. Relação da corrente de partida/ corrente nominal
26. Categoria de conjugado
27. Corrente no fator de serviço
Fonte: Elaborado pelo autor.

Essas informações são necessárias para o dimensionamento e para a instalação


correta dos elementos utilizados com os motores.

79
Eletricista instalador predial de baixa tensão

3.1.1 Tipos de motores


Os motores elétricos mais encontrados em aplicações são os motores de corrente
contínua, os motores de corrente alternada e os motores universais.
Os Motores de Corrente Contínua são motores acionados por dispositivos de controle
em corrente contínua, utilizado em aplicações em que é necessária uma velocidade
ajustável e precisa. A desvantagem desses motores é o seu alto custo em relação à
potência mecânica, comparado com os motores de corrente alternada. Eles podem ser
classificados de acordo com a ligação dos seus enrolamentos de campo e de armadura,
podendo ser motores série, motores paralelo e motores compound (composto).
Os Motores de Corrente Alternada são acionados por corrente alternada e podem
ser do tipo síncrono e assíncrono. Os motores síncronos mantêm uma velocidade constante
no seu eixo, utilizados na geração de energia nas hidrelétricas, como é o caso da usina
de Itaipu. Para serem acionados, eles apresentam como desvantagem a necessidade
de um motor de corrente contínua para a partida e a utilização de um enrolamento de
compensação e uma fonte de excitação.
Podemos calcular a sua velocidade síncrona através da equação (01).

é a velocidade síncrona do motor


ü
é frequência de operação do motor (01)

é o número de polos do motor

Já os motores assíncronos, ou motores de indução, são os motores mais utilizados


nas aplicações industriais, devido ao seu baixo custo, simplicidade no funcionamento
e acionamento e baixa manutenção. Nesse motor não há contato elétrico externo no
rotor, em que ele só é alimentado no estator, devido a sua forma construtiva. A figura
02 mostra um motor de indução com o rotor em gaiola de esquilo.

Figura 02: Motor elétrico de indução – corte

Fonte: NERY, 2012

80
Eletrotécnica Básica

O motor universal possui baixas potências, até 0,5 CV, e são utilizados em
eletrodomésticos, como aspirador de pó, liquidificador e batedeira. Pode ser alimentado
com tensão alternada ou contínua e o seu rotor produz faiscamento interno, o que pode
provocar interferências na rede elétrica.
Como os motores de indução são os mais comuns nas indústrias e em aplicações
em instalação industrial, como bombas de piscinas, iremos focar nesse tipo de motor. Os
motores de indução apresentam uma curva de conjugado em função da sua velocidade,
mostrando as suas características de funcionamento. O gráfico do conjugado pela rotação
é mostrado na figura 03.

Figura 03: Curva típica do conjugado dos motores em função da


velocidade em RPM

Fonte: NERY, 2012

GLOSSÁRIO

Conjugado: ou torque, é a força que o motor aciona no seu eixo, ou seja, é o


esforço que o motor faz para girar o seu eixo. Quanto mais pesada a carga que
o motor precisa acionar, maior deverá ser o seu conjugado.

Os motores de indução na sua placa de identificação possuem as seguintes informações:

• Tensão nominal, que pode ser monofásica ou trifásica. Na tensão monofásica,


pode ser ligado em 127V ou 220V e, nesses casos, pode ser necessário um
capacitor auxiliar. Na tensão trifásica, pode ser alimentado em 220V ou 380V,
de acordo com a tensão da concessionária de energia.
• Potência mecânica (CV), que representa a potência mecânica disponível na ponta
do eixo. Para saber a potência elétrica é necessário considerar o rendimento e a
conversão de CV para Watts, em que 1 CV equivale a 736 Watts.

81
Eletricista instalador predial de baixa tensão

• Fator de Serviço (FS) indica a sobrecarga permitida que o motor pode sofrer.
Se o FS de um motor é 1,2, quer dizer que ele permite uma sobrecarga de 20%.
• Velocidade síncrona (Ns) é a velocidade de rotação do campo girante, que
depende da quantidade de polos e da frequência de operação do motor, como
foi visto na equação (01).
• Escorregamento (S%) é a diferença entre a velocidade síncrona do motor de
indução e a velocidade do motor com carga, como mostrado na equação (02).

ü
üü ℜ (02)

• Corrente Nominal é a corrente drenada da rede elétrica que faz acionar o motor,
levando-se em conta o fator de potência e o rendimento. Para motor monofásico,
ela pode ser calculada pela equação (03) e, para motor trifásico, ela pode ser
calculada pela equação (04).

ü é a corrente nominal do motor

é potência mecânica útil do motor em CV, 1 CV = 736W


ü
ü é a tensão de linha de alimentação (03)
üℜ
ü é o fator de potência do motor

é o rendimento do motor

ü
ü (04)
ü

• Grau de proteção (IP) indica por um código de números a proteção do motor


contra substâncias sólidas, como poeiras, e contra penetração de água. Um
motor usual tem o seu IP55, que significa que ele é protegido contra poeiras e
contra jatos de água.

3.1.2 Ligação da alimentação dos motores


Para a correta ligação dos motores é necessário identificar as bobinas, usando o
ohmímetro ou, em alguns casos, o teste de continuidade do multímetro. Os motores
monofásicos de seis terminais possuem três bobinas no seu interior, como pode ser visto
no esquema da figura 04.

82
Eletrotécnica Básica

Figura 04: Esquema de distribuição das bobinas de um motor monofásico

Fonte: Elaborada pelo autor.

Pode ser que os terminais já venham identificados, mas é necessário sempre verificar
se a marcação é a mesma apresentada. Para os casos de quatro terminais, e para alimentar
com a menor tensão disponível, precisamos ligar as bobinas em paralelo e, para alimentar
com a maior tensão, ligamos as bobinas em série, como mostra a figura 05.

Figura 05: Ligação do motor monofásico de 4 terminais

Fonte: Elaborada pelo autor.

Se o motor monofásico possuir seis terminais, ele deve ser ligado da forma apresentada
na figura 06, seguindo a numeração das bobinas dada na figura 04 anterior.

Figura 06: Ligação do motor monofásico de 6 terminais

Fonte: Elaborada pelo autor.

83
Eletricista instalador predial de baixa tensão

No caso dos motores trifásicos, temos os motores com seis terminais ou com doze
terminais. O motor de doze terminais pode ter suas bobinas ligadas em paralelo e em
série, conforme as ligações de cada motor permitem, e que é mostrado na sua placa de
identificação. A ligação dos motores trifásicos de seis terminais pode ser realizada em
triângulo ou estrela, com mostra a figura 07.

Figura 07: Ligação do motor trifásico de 6 terminais

Fonte: Elaborada pelo autor.

Mas, para ligar os motores os elementos de proteção, de acordo com o seu sistema
de partida, são necessários.

3.2 SISTEMAS DE PARTIDAS DE MOTORES ELÉTRICOS


Pelo fato dos motores drenarem uma alta corrente na partida, há métodos para
dar a sua partida de forma que não prejudique a rede elétrica. Além disso, em regime
permanente (em pleno funcionamento), ele precisa de elementos que protejam de
variações na rede elétrica ou de sobrecargas.

3.2.1 Dispositivos utilizados nos sistemas de partidas


Há dois tipos de dispositivos no acionamento dos motores: os dispositivos de proteção
que são os disjuntores, fusíveis e reles térmicos; e os dispositivos de seccionamento que
são os contatores, botoeiras e relés temporizadores. Vamos falar um pouco sobre cada
um desses dispositivos:

1. Disjuntores: são dispositivos de proteção e de manobra, protegendo o motor


contra sobrecorrentes, de corrente de curto-circuito e da abertura do circuito,
além de permitir comandar o circuito, abrindo ou fechando o circuito. Quando
se acionam motores, é a utilização dos disjuntores motores que é recomendada
quando o comando de acionamento é local e a frequência de operação é baixa.

Em todos os casos deve haver um disjuntor no acionamento do motor, tanto


no circuito de força quanto no circuito de comando. Na figura 08 é possível
verificar um disjuntor motor.

84
Eletrotécnica Básica

Figura 08: Disjuntor motor e seu esquema elétrico

Fonte: Elaborada pelo autor.

GLOSSÁRIO

Circuito de força: é o circuito que possui a alimentação para o motor e que


possui uma alta corrente que passa por ele.
Circuito de comando: conhecido também como circuito de acionamento, é o
circuito que utiliza uma pequena corrente para acionar grandes cargas e motores
no circuito de força. É composto por elementos em forma de lógica.

2. Fusíveis são dispositivos com a função de proteção contra curto-circuito, pro-


tegendo os condutores e os demais dispositivos de comando. Quando ocorre o
curto, o fusível queima, abrindo o circuito. Como ocorre a abertura mecânica do
fusível, para verificar se ele ainda está em condições de ser usado, é necessário
sempre medir com um multímetro a sua continuidade.
Como os motores possuem uma caraterística diferenciada de corrente de partida,
os fusíveis são dimensionados de acordo com curvas, que levam em consideração
a corrente nominal e o tempo que essa corrente passa pelo elemento fusível.
Os fusíveis utilizados em motores são um pouco diferentes dos utilizados em
componentes eletrônicos. Os fusíveis de motores mais comuns são:

• Tipo D, chamado de Diazed, é indicado para correntes nominais de 2 A a 63


A, capacidade de ruptura de 50 kA e tensão máxima de 500 V. Ele possui um
sinalizador que indica se ele está bom ainda ou se ele queimou.

• Tipo NH é o fusível de alta capacidade, com corrente nominal de 4 A a 630


A, capacidade de ruptura de 120 kA e tensão máxima de 500 V. Na figura 09,
podem ser vistos os dois tipos de fusíveis utilizados nos motores elétricos e
o seu esquema elétrico.

85
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 09: Fusível utilizado em cargas como motores

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os fusíveis devem ser dimensionados de acordo com a sua curva, pois é necessário
que ele suporte a corrente de partida do motor pelo seu tempo de duração
(chamado nos catálogos de tempo de fusão virtual), sem atuar no circuito. Com
os valores de Ip e Tp, observamos nas curvas e escolhemos o fusível correto para
essa finalidade.

Além disso, o fusível utilizado deve ter uma corrente de 20% acima da corrente
nominal do motor, ou seja, Ifusível = 1,2 * Inominal. Também é necessário que a
corrente do fusível seja menor do que a corrente dos contatores e dos relés, de
forma a protegê-los.

LEMBRE-SE DE QUE

Quando um fusível atua na proteção de um circuito, ele deve ser trocado por outro
com as mesmas especificações, pois ele se queima e não há como reutilizá-lo.

3. Reles Térmicos são dispositivos que atuam na proteção do circuito de força


quando há superaquecimento pelo efeito Joule, que acontece devido ao aumento
de corrente drenada pelo motor, preservando a vida útil dos elementos de acio-
namento dos motores elétricos. Os relés térmicos protegem quando ocorre um
superaquecimento que, por sua vez, surge quando há sobrecargas mecânicas ou
quando o rotor está bloqueado ou no elevado número de acionamento seguido
ou por tempo de partida alto ou quando há falta de fase. O relé térmico não
protege o motor em caso de curto-circuito. Quando acionado, o relé térmico
precisa ser rearmado manualmente e esse rearme deve ser realizado quando os
seus bimetálicos internos estiverem frios. Na figura 10, pode ser visto um relé
térmico e seu esquema elétrico.

86
Eletrotécnica Básica

Figura 10: Rele térmico e seu esquema elétrico

Fonte: Elaborada pelo autor.

O contato elétrico NF deve ser ligado em série com a bobina do contator para que,
em caso de uma sobrecarga, o contato NF se abre, interrompendo a alimentação
da bobina e desligando a alimentação do motor. Ele deve ser dimensionado para
a corrente Irele = 1,15 à 1,25*Inominal.

4. Contatores são os principais dispositivos de comando eletromecânico, pois


permitem o controle de correntes elevadas (circuito de força) através de um
circuito de baixa corrente (circuito de acionamento). Ele é capaz de estabelecer,
conduzir ou de interromper correntes normais do circuito. Eles possuem bobi-
nas que podem ser alimentadas com 24 V até 220 V, em corrente contínua ou
corrente alternada. Na figura 11, pode ser visto um contator comercial e seu
circuito esquemático.

Figura 11: Contator e seu esquema elétrico

Bobina e contatos – circuito de força:

Contatos auxiliares – circuito de acionamento:

Fonte: Elaborada pelo autor.

O acionamento das bobinas no circuito de força acontece pelo acionamento dos


contatos NA e NF do contator no circuito de acionamento. No circuito auxiliar,
os contatos do contator são chamados de auxiliares ou contato de comando e
possuem uma numeração com dois dígitos:

87
Eletricista instalador predial de baixa tensão

• primeiro dígito é o número do contato auxiliar no corpo do contator;

• segundo dígito é o tipo de contato, em que 1 é a entrada de um contato NF


(normalmente fechado), 2 é a saída do contato NF, 3 é a entrada do contato
NA (normalmente aberto) e 4 é a saída do contato NA.

Os contatores são divididos em categorias de acordo com a sua aplicação, quando


utilizados em motores elétricos, temos o AC2, AC3 e AC4. Os contatores AC2 são
aconselhados para serem utilizados em motores de anéis coletores, aplicados
em guinchos, bombas e compressores. Os contatores AC3 são utilizados em
motores de indução do tipo com rotor em gaiola de esquilo, e são utilizados
na maioria das aplicações industriais, como esteiras, ventiladores etc. Já os
disjuntores AC4 são utilizados em motores que são acionados em plena carga,
como em pontes rolantes.

As principais características dos contatores no acionamento dos motores são:


ligação segura e rápida do motor, comando no local de instalação ou à distância,
proteção do operador que está fazendo o acionamento, desligamento do motor
em caso de sobrecarga, controle de altas cargas pelo circuito de comando que
tem baixas correntes, além de ser essencial na ligação de diversos modos de
partida dos motores (estrela-triângulo, reversão).

5. Relés Temporizadores são aqueles utilizados para mudar algum tipo de ligação
depois de um certo tempo configurável. Após passar certo tempo T que o tem-
porizador foi alimentado, ele energiza os seus contatos, no entanto, quando a
alimentação é retirada do temporizador, ele desliga os seus contatos, o esquema
pode ser visto na figura 12.

Figura 12: Formas de onda do funcionamento do temporizador

Fonte: Elaborada pelo autor.

O relé temporizador é muito utilizado na partida estrela-triângulo, onde ele


possui dois circuitos de temporização separados. O primeiro controla a ligação
estrela e o segundo controla a ligação em triângulo do motor, que é acionado
depois de 0,1 segundo. Ao alimentar os terminais A1 e A2 do temporizador, o
contato da ligação estrela é acionado. Depois de passado o tempo regulado
no temporizador, os contatos da ligação estrela são desligados, passa-se 0,1
segundo e, logo em seguida, é acionado o contato da ligação em triângulo. Os
tempos de temporização podem ser vistos na figura 13.

88
Eletrotécnica Básica

Figura 13: Formas de onda do funcionamento do da ligação estrela-


triângulo com temporizador

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na figura 14, pode ser visto um temporizador típico utilizado.

Figura 14: Temporizador e seu esquema elétrico


-

Fonte: Elaborada pelo autor.

6. Botoeiras são os elementos que são comandadas de maneira manual com a


finalidade de estabelecer ou interromper um circuito de comando para iniciar ou
desligar um processo de automação, no nosso caso, os motores. Elas possuem
cores definidas de acordo com as suas funções:

• vermelho é utilizado para parar ou desligar um sistema, e é usado também


como botão de emergência.
• amarelo é utilizado para iniciar um retorno, eliminando uma condição perigosa.
• verde ou preto são utilizados para ligar ou dar partida no motor.
• branco ou azul são utilizados para qualquer função diferente das anteriores.

O seu símbolo esquemático pode ser visto na figura 15.

89
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 15: Símbolo dos contatos NA e NF

Chave de Impulso Desligado Acionado

NA

NF

Fonte: Elaborada pelo autor.

As botoeiras emitem um pulso enquanto estiverem acionadas, podendo ser


NA (normalmente aberto) ou NF (normalmente fechado), chamado de sem
retenção. No acionamento de motores, é necessário ter uma chave que, uma
vez acionada, mantém a sua condição de acionamento, chamada de chave selo.
Para se produzir a chave selo, usam-se botoeiras e a bobina do contato, como
pode ser visto na figura 16.

Figura 16: Chave selo implementada com botoeiras e contator

a) chave selo desligada b) chave selo acionada


Fonte: Elaborada pelo autor.

A chave selo é composta por uma botoeira B0 que é NF, uma botoeira B1 que é
NA e o contator KM1. A botoeira B0 serve para abrir o circuito e desligar a chave
selo, já a botoeira B1 serve para ligar a chave selo que, ao ser acionada, alimenta
as bobinas do contator KM1 e as portas 13 e 14 do contator são fechadas,
produzindo um caminho para a corrente circular e para manter o circuito fechado

90
Eletrotécnica Básica

(figura 16.b). Além da chave selo, há os circuitos utilizados no acionamento dos


motores como será visto nos principais tipos de ligação.

3.2.2 Partida direta


As técnicas de partida de motores são constituídas por dois circuitos: o circuito de
força quando o motor é instalado com os seus dispositivos de proteção e seccionamento,
e o circuito de comando, onde se localizam os dispositivos que farão o controle do
seccionamento dos motores. O circuito de força deve ser ligado de acordo com o
fechamento do motor, se está em triângulo ou estrela, como visto quando discutimos
sobre transformadores. Já no circuito de comando, pode ser utilizado a tensão da rede,
de acordo com as especificações dos dispositivos, no entanto, as ligações novas estão
sendo feitas com o que estabelece a norma de segurança NR12, a partir da qual, as
ligações do circuito de acionamento devem ser realizadas em 24 V. Como ainda nem
todos os lugares foram adequados para cumprir essa norma, apresentaremos os circuitos
utilizando a tensão da rede elétrica.
O método de partida de ligação direta é permitido na indústria para motores de
até 10 CV, devido à alta corrente de partida. Acima dessa potência, devem ser utilizados
outros métodos de partida, como veremos mais adiante.
A partida direta de motores é a ligação mais simples. O circuito de força e o circuito
de acionamento de um motor de indução trifásico são apresentados na figura 17.
O funcionamento da partida direta ocorre da seguinte forma:

a) Ao acionar os disjuntores do circuito de força e do circuito de comando, a partida


está pronta para acontecer.
b) Após isso, é acionada a botoeira B1 do circuito de comando, fazendo com que
o contator KM1 seja acionado e executando a chave selo. Com isso, o contator
KM1 no circuito de força será acionado e o motor entrará em operação.
c) Para desligar o motor, a botoeira B0 deve ser pressionada, quando por um pulso
fará com que o circuito de comando se abra e a bobina do contator deixe de ser
alimentada, abrindo a chave selo e, consequentemente, os terminais do contator
do circuito de força.
d) Se houver algum problema no circuito de força, o relé térmico RT ou o disjuntor
Q atuarão, ou até mesmo o fusível F poderá queimar, abrindo o circuito de força
e protegendo o motor.
e) Se forem acionados os elementos de proteção, deve-se desligar o disjuntor e
identificar o que ocasionou o acionamento da proteção, fazer a manutenção
correta, e voltar a acionar o motor.

91
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 17: Partida direta – circuito de força e circuito de comando

Fonte: Elaborada pelo autor.

3.2.3 Partida estrela-triângulo


Quando não é possível fazer a ligação direta, deve ser realizada a partida estrela-
triângulo. Esse tipo de partida é utilizado para potências mecânicas acima de 5 CV até
40 CV. Para permitir esse tipo de partida, o motor deve possuir no mínimo seis terminais
com acesso, para que ele possa ser operado em duas tensões diferentes: 127V/220V ou
220V/380V.
A ideia dessa ligação é dar a partida no motor em uma tensão mais baixa, ligando
em estrela, pois se a rede elétrica tiver a tensão entre fases de 220V (F-F), na ligação
em estrela, o motor terá 127V em suas bobinas internas.

92
Eletrotécnica Básica

LEMBRE-SE DE QUE

Se a tensão de linha em um sistema trifásico for 220V, quando o motor está


fechado em estrela, a tensão em cada fase será como a equação e a figura abaixo.

Figura 18: Tensão de fase e tensão de linha na ligação estrela

üü
üü

ü
ü üü ℜ ü

Fonte: Elaborada pelo autor.

Após a corrente estar em seu valor nominal, o motor é fechado em estrela, quando
a bobina é alimentada pela sua tensão nominal, que no exemplo é 220V. Para realizar
esse método de partida, sugere-se que o motor tenha a sua partida sem carga mecânica
no eixo (partida a vazio) ou que o conjugado na tensão menor seja suficiente para que no
motor seja dada a partida. Se a capacidade do motor for menor do que a carga necessita
para girar, a proteção do motor será acionada. O circuito de força e de acionamento
podem ser vistos nas figuras 19 e 20.

Figura 19: Partida estrela-triângulo – circuito de força

Fonte: Elaborada pelo autor.

93
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 20: Partida estrela-triângulo – circuito de comando

Fonte: Elaborada pelo autor.

O funcionamento da ligação estrela-triângulo ocorre da seguinte forma:

a) Ao fechar os disjuntores DJ1 e DJ2, a partida estrela-triângulo está pronta para


acontecer.
b) Ao pressionar o botão B1, a chave selo é acionada pelo contator K1, acionando
também o relé temporizador RT. A partir do acionamento do temporizador, ele
vai contar o tempo ajustado pelo operador, mantendo os seus contatos 55 e 56
fechados, mantendo acionado o contator K3 que, por sua vez, fecha o circuito
de potência em estrela.
c) Depois de passado o tempo ajustado, o temporizador abrirá os contatos 55 e 56,
abrindo o contator K3 e tendo um pequeno espaço de tempo de 0,1 segundo.
Logo em seguida, serão acionados os contatos 67 e 68, acionando o contator
K2 e fechando o motor em triângulo.
d) Enquanto o contator K3 estiver acionado, o contator K2 não pode ser aciona-
do pois há um contato NF do contator K3 em série com K2, da mesma forma,

94
Eletrotécnica Básica

enquanto o contator K2 estiver acionado, o contator K3 não pode vai estar


acionado, pelo contato 11 e 12 dos dois contatores.
e) Para desligar, basta apenas pressionar o botão B0 de desligar e todos os conta-
tores serão desativados, pois todos estão em série com a botoeira B0 de desligar.

3.2.4 Partida com chave compensadora


No método de partida utilizando uma chave compensadora é a utilização de um
autotransformador que fornece tensões menores ao motor, permitindo uma partida suave
e reduzindo o pico de corrente de partida. O autotransformador pode ter derivações (ou
chamados de TAPs) com a saída em 50%, 65% e 80% da tensão da rede elétrica. À medida
que o motor aumenta a rotação, chegando na corrente nominal para aquela tensão, o
circuito de comando faz a comutação por um temporizador para a alimentação da rede
elétrica. Esse método de partida é sugerido para motores acima de 15 CV. O diagrama
de partida por chave compensadora pode ser visto nas figuras 21 e 22.

Figura 21: Partida com chave compensadora – circuito de força

Fonte: Elaborada pelo autor.

95
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 22: Partida com chave compensadora – circuito de acionamento

Fonte: Elaborada pelo autor.

A chave compensadora funciona da seguinte forma:

a) Ao fechar os disjuntores DJ1 e DJ2, o motor está apto para partir na chave
compensadora.
b) Ao acionar a botoeira B1 de ligar, o contator K3 será acionado, fechando o
autotransformador em estrela, acionando ao mesmo tempo os seus contatos
13 e 14, acionando a bobina do contator K2 e ligando o autotransformador na
rede elétrica, além de abrir os contatos 21 e 22 de K3, mantendo o contator K1
desligado.
c) Quando o contator K2 é acionado, os contatos 13 e 14 de K2 serão acionados,
ligando o temporizador RT1 através dos contatos 43 e 44 de K2.
d) Decorrido o tempo ajustado no temporizador RT1, o contato 16 passará para
18 do RT1, desligando o contator K3, abrindo a ligação do autotransformador,
retornando os contatos 21 e 22 de K3, ligando o contator K1 que, por sua vez,
acionará os contatos 13 e 14 de K1, fazendo uma chave selo e, com isso, ligando
o motor diretamente na rede elétrica.

96
Eletrotécnica Básica

e) Quando K1 é acionado, os contatos 21 e 22 de K1 são desligados, e como K3


está desligando, os contatos 13 e 14 de K3 também estão abertos, fazendo com
que o contator K2 seja desligado, desligando também o temporizador.
f) Para desligar o motor é necessário apenas acionar o botão B0 de desligar.

A escolha do TAP do autotransformador precisa ser baseada no conjugado inicial


que o eixo do motor precisa acionar na partida. Quanto menor o TAP, menor a tensão e,
consequentemente, menor a corrente, mas o motor precisa ter força suficiente para dar
partida. No quadro 02 é mostrado qual TAP deve ser utilizado de acordo com o conjugado
que o motor precisa ter na partida.

Quadro 02: TAP do transformador em relação ao conjugado exigido pelo motor


TAP do transformador Percentual do conjugado nominal
0,5 25%
0,65 42,25%
0,8 64%
Fonte: Elaborado pelo autor.

3.2.5 Partida com soft-starter


Devido ao desenvolvimento da tecnologia, surgiram as chaves eletrônicas de partida,
conhecidas como Soft-Starters. A chave Soft-Starter é um equipamento eletrônico, composto
por chaves controladas que permitem a aceleração e a desaceleração progressiva de motores.
Para usar a soft-starter, é necessário configurar o tempo de rampa, pois ela fornecerá
a tensão aos poucos para o motor. Como analogia, a soft-starter empurra um pouco de
tensão e para, empurra mais um pouco e para novamente, empurra mais ainda, até que
ela coloque toda a tensão nos terminais do motor. Na figura 23 pode ser vista a imagem
de uma soft-starter.

Figura 23: Soft-Starter com IHM

Fonte: Elaborada pelo autor.

97
Eletricista instalador predial de baixa tensão

A chave soft-starter tem suas funções programadas por meio de uma IHM (Interface
Homem-Máquina), em que pode ser configurado o controle das rampas de aceleração
e desaceleração, limitação de corrente, conjugado na partida (kick-start) e detecção de
desequilíbrio da rede elétrica. A instalação da chave soft-starter pode ser feita de acordo
com o diagrama da figura 24.

Figura 24: Partida com soft-starter – circuito de força e de acionamento

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os terminais de alimentação da soft-starter e de comando dependem do modelo, e


devem ser consultados com o manual de instruções do fabricante. Uma outra forma que
pode ser utilizada para o acionamento de motores é o inversor de frequência, no entanto,
apesar do inversor de frequência fazer a partida dos motores de forma gradual, não compensa
financeiramente colocar um inversor de frequência para dar partida em motores, e sim
para o controle de velocidade dos motores em processos industriais que necessitem disso.

3.2.6 Inversor de frequência


O inversor de frequência utilizado em motores de corrente alternada tem o intuito
de controlar a sua velocidade e manter a energia mecânica no eixo. O inversor é o método
mais eficiente de controle dos motores de indução trifásico, pois o inversor pode variar a
frequência da tensão de alimentação do motor, controlando o conjugado e a velocidade.
O inversor não é classificado como um método de partida, pois como falado, o seu
objetivo é o controle da velocidade do motor. No entanto, como ele controla a velocidade
do motor, ele pode dar partida do motor com uma velocidade em rampa, aumentando
gradativamente a velocidade do motor e mantendo a corrente de partida baixa.
O inversor de frequência possui dois métodos de operação: o controle escalar e o
controle vetorial.

• Controle escalar é quando o inversor de frequência controla apenas a velocidade


do motor, sem controlar o seu torque (ou conjugado).
• Controle vetorial é quando existe um tacogerador na ponta do eixo do motor
e o inversor controla a velocidade de acordo com o conjugado que a carga
está solicitando.

98
Eletrotécnica Básica

GLOSSÁRIO

Tacogerador: é um instrumento que mede a velocidade no eixo de um motor,


onde ele está acoplado.

3.3 CORREÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA


Quando os motores são conectados à rede elétrica surge o fator de potência que
indica a defasagem da corrente em relação à tensão. As concessionárias cobram um
adicional quando esse fator de potência é abaixo de 0,92 e é necessário fazer o aumento
desse fator de potência para mais próximo de 1.
Os capacitores utilizados para correção de fator de potência são chamados de
capacitores de potência e não são polarizados. A figura 25 mostra alguns modelos de
bancos capacitivos.

Figura 25: Capacitores utilizados para correção de fator de potência

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os bancos de capacitores devem ser instalados juntamente às cargas que produzem


energia reativa, como junto aos motores elétricos. O esquema de ligação de um motor
com banco de capacitor está na figura 26.
Um cuidado que deve ser tomado com os bancos de capacitores é no contato das
pessoas com seus terminais. Mesmo desligados, os capacitores podem possuir energia
suficiente para haver uma descarga, por isso, o banco de capacitores deve ser manuseado
apenas na certeza de que eles estão descarregados.

99
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 26: Ligação do banco de capacitores com o motor trifásico

Fonte: MAMEDE, 2017, p. 460

SÍNTESE DA UNIDADE

Na unidade 3, você viu os conceitos relacionados a motores e como fazer a instalação


deles. Devido às características construtivas dos motores elétricos, eles precisam de
métodos para iniciarem o seu movimento, preservando a rede elétrica, a esse respeito,
você viu os métodos de partida dos motores trifásicos e o funcionamento e importância
de cada dispositivo utilizado.

REFERÊNCIAS
BASOTTI, Márcio Rogério. Eletricidade; instalações industriais. Sapucaia do Sul: Centro
de Educação Profissional SENAI de Eletromecânica, 2001.

CREDER, Hélio. Instalações elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 2021.

FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos Elétricos. 4. ed. São Paulo: Érica, 2008.

KANASHIRO, Nelson Massao. Instalações elétricas industriais. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.

KOSOVO, Irving L. Máquinas Elétricas e transformadores. 8. ed. São Paulo: Globo, 1989.

MAMEDE Filho, João. Instalações elétricas industriais: de acordo com a norma brasileira
NBR 5419:2015. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

NERY, N. Instalações Elétricas – Princípios e Aplicações. 2. ed. São Paulo: Érica, 2012.

100
Eletrotécnica Básica

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. Considere um motor com 12 terminais e seis bobinas, faça o desenho do seu fechamento
em estrela com todas as bobinas em série. Após isso, faça a ligação em triângulo com
as bobinas em pares paralelos.

Figura 27: Motor com 12 terminais


1 2 3 1 2 3

4 5 6 4 5 6

7 8 9 7 8 9

10 11 12 10 11 12

a) Fechamento em estrela Y b) Fechamento duplo triângulo ∆∆

2. Considere um motor trifásico com 1 CV de potência no eixo mecânico (750W), com


fator de potência de 0,82 e rendimento de 83%. Qual a corrente que ele drena na rede
elétrica quando está ligado em triângulo com uma tensão de linha de 220V? E qual a
corrente quando ele está ligado em estrela com uma tensão de linha de 380V?

101
Unidade 4
Medidas Elétricas

Nesta unidade, serão trabalhadas as formas de medida de variáveis elétricas e os


principais instrumentos para isso. Ao final desta unidade, você saberá diferenciar os tipos
de instrumentos, como fazer a medição de tensão, corrente, resistência e potência.
Além disso, você saberá sobre as funções dos multímetros, suas formas de conexão
e as suas limitações, terá contato também com o medidor de resistência do solo e com
o wattímetro.
A medição é definida como o conjunto de operações com a finalidade de se comparar
uma grandeza com outra da mesma espécie, determinando um valor, portanto, um
instrumento de medição elétrica é um dispositivo que mede um fenômeno físico de
natureza elétrica, o compara com outro fenômeno e traduz para os sentidos humanos,
no caso, a nossa visão.
Os instrumentos de medição podem ser analógicos, em que o sinal de saída se
apresenta de forma contínua, indicando a sua medida por ponteiros, ou podem ser
digitais, em que o sinal tem variações em passos de valores fixos, com o seu mostrador
de forma digital.
Os instrumentos de medidas elétricas podem ser classificados basicamente no
que toca à:

• Grandeza a ser medida: podendo ser amperímetro (que mede corrente), voltí-
metro (que mede tensão), ohmímetro (que mede resistência), wattímetro (que
mede potência) ou multímetro (que possui diversas funções de medidas);

• Tipo de Corrente: Corrente alternada, que mede a corrente e tensão da rede elé-
trica; e corrente contínua, que mede a corrente e tensão de uma bateria elétrica.

4.1 MULTÍMETROS DIGITAIS


Os instrumentos mais usuais para o profissional de instalação elétrica são o multímetro
digital e o alicate amperímetro. O multímetro digital possui diversas funções em um único
medidor, o melhor multímetro digital é o do tipo TRUE RMS, pois ele apresenta o valor
verdadeiro da tensão e corrente da rede elétrica, mesmo na presença de componentes
harmônicos na rede elétrica. O alicate amperímetro é um tipo de amperímetro especial
que será apresentado.

103
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Para a medição das variáveis elétricas é necessário seguir alguns procedimentos


e ficar atento à forma como serão medidas e as limitações dos medidores. A utilização
de forma incorreta dos instrumentos de medição, além de apresentar uma medida
incorreta, pode queimar o medidor, não tendo mais conserto. Na figura 01 é possível
verificar um multímetro.

Figura 01: Multímetro TRUE RMS digital

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe que no multímetro há os terminais para se medir baixas correntes (mA


µA), altas correntes (20A), medir tensão, diodo, capacitância, continuidade, frequência
e temperatura (V Ω Hz °C) e o borne COM que serve como neutro do multímetro. Em
todas as medições é utilizado o borne COM. No multímetro também há um seletor para
escolher qual variável será medida. Os modelos podem ser variados, mas, basicamente,
os multímetros possuem essas funções.

4.1.1 Medição de tensão


Para medir a tensão, o multímetro deve ser conectado aos terminais corretos que,
no caso do nosso multímetro exemplo, deve ser conectado em V e em COM. Usualmente,
é utilizado o cabo vermelho para a fase e o cabo preto para o neutro, como pode ser
visto na figura 02.

Figura 02: Conexão dos cabos no multímetro para medir a tensão

Fonte: Elaborada pelo autor.

104
Medidas Elétricas

Para a obtenção da medida correta da tensão de que se deseja conhecer o valor, deve-
se selecionar o tipo de tensão, se alternada V~, ou contínua V–– , selecionar corretamente
o seu valor de fundo de escala (se for a tensão da tomada deve ser selecionado 600V)
ou o valor superior à tensão esperada da tomada.
Para a obtenção da medição correta com o voltímetro, ele deve ser conectado
corretamente ao local onde se deseja medir a tensão. O voltímetro deve ser conectado
em paralelo com os terminais que se deseja medir, como mostra a figura 03.

Figura 03: Medindo a tensão com o multímetro

Fonte: Elaborada pelo autor. Fonte: NAGEL, 2008

A tensão da tomada possui apenas valor alternado, para o qual, se houver tentativa
de medição da tensão contínua, ela será nula, da mesma forma, se tentarmos medir
a tensão da bateria do carro ou de uma pilha com a tensão alternada, o seu valor
será zero.

4.1.2 Medição de corrente


A medição da corrente elétrica é realizada pelo Amperímetro, que deve ser
conectado aos terminais corretos para tal finalidade. Os multímetros geralmente
possuem dois terminais para medição de corrente, um para altas correntes e outro
para baixas correntes. Caso você não tenha ideia de quanto de corrente um circuito
está drenando, comece com a medição em alta corrente. Caso a corrente seja baixa
e a resolução do outro terminal permita medir aquela corrente, você pode mudar
posteriormente.
A medição de corrente é o processo que necessita de mais atenção do operador.
Além da necessidade de se observar o fundo de escala, é preciso verificar o valor máximo
de corrente permitido e o tempo máximo que ele aguenta essa corrente máxima, como
pode ser visto na figura 04, ele suporta 10 segundos na corrente máxima de 20A a
cada intervalo de 15 minutos.

105
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 04: Terminais para medir a corrente e o máximo de corrente


suportado pelo multímetro

Fonte: Elaborada pelo autor.

Um outro cuidado muito importante na medição de corrente é o fato de o amperímetro


ser conectado em série com a carga de que se quer saber a corrente. Para medir a corrente
com o amperímetro comum, é necessário abrir o circuito e conectar um terminal na fase
e outro terminal na carga, como pode ser visto a figura 05.

Figura 05: Medindo a corrente usando um multímetro.

Fonte: NAGEL, 2008

LEMBRE-SE DE QUE

O voltímetro é conectado em paralelo à carga.


O amperímetro é conectado em série com a carga.
Em nenhuma hipótese o amperímetro deve ser conectado em paralelo à carga,
pois fará com que a corrente circule toda por ele, se comportando como um curto,
queimando o amperímetro.

106
Medidas Elétricas

Pela dificuldade muitas vezes de se abrir o circuito, pode ser utilizado o Alicate
Amperímetro para medir a corrente que passa em um certo condutor. Como todo fio
que conduz energia elétrica produz um campo magnético, esse tipo de amperímetro
faz a leitura do campo magnético e apresenta o valor de corrente que está passando
no condutor naquele momento. A forma correta de se utilizar o alicate amperímetro é
mostrado na figura 06.

Figura 06: Alicate amperímetro utilizado para medir correntes

Fonte: BELCHIOR, 2014

Observe que na figura 06 que há dois fios, um azul e um vermelho. Vamos supor que
o fio vermelho é a fase e o fio azul é o neutro. Quando se quer medir a corrente com o
alicate amperímetro, ele deve circular apenas um dos condutores, podendo ser a fase ou
o neutro, e NUNCA os dois cabos, pois, em um cabo, a corrente vai e, no outro, a corrente
volta, apresentando a medida incorreta de corrente. Portanto, a corrente com o alicate
amperímetro deve ser medida em um cabo por vez.
Há situações em que é necessário medir baixas correntes, mas o fundo de escala de
um alicate amperímetro é alto. Para contornar isso, podemos dar voltas do condutor nas
garras do alicate amperímetro, mas lembre que a corrente real será o valor apresentado
no visor dividido pelo número de voltas. Mas essa forma de medição é apenas para medir
correntes na ordem de miliamperes de circuitos eletrônicos que operam em extra baixa
tensão (inferior a 50V alternada ou abaixo de 120V contínuo).

4.1.3 Medição de resistência


O multímetro também possui a função de medir resistências e cargas, e o valor
apresentado será em ohms. Para medir resistências (e cargas) deve se conectar os
terminais do multímetro, na função de ohmímetro, aos terminais da resistência a que
se pretende medir, como mostra a figura 07.

107
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 07: Medindo a resistência.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para se medir resistências, o circuito NÃO pode estar energizado, pois isso pode
fazer com que o multímetro se queime. Quando a medida apresentar o valor de zero
quer dizer que a resistência está em curto e quando ela não apresentar nenhum valor
quer dizer que o circuito está aberto.
Devido a isso, a função de ohmímetro do multímetro pode ser utilizada para
encontrar as pontas da bobina de um motor, já que quando dois terminais apresentam
uma resistência igual a zero ou muito baixa, quer dizer que aqueles são os terminais de
uma bobina, no entanto, quando aparecer que o circuito está em aberto, quer dizer que
aqueles terminais não são uma bobina. Em alguns casos pode ser usado o multímetro
na função de continuidade para descobrir quais são os terminais das bobinas do motor.

4.1.4 Teste de continuidade


Os multímetros possuem a função de medir a continuidade, geralmente, há um sinal
sonoro quando há continuidade entre duas extremidades de um fio. O teste de continuidade
não deve ser feito com o circuito ou cabos energizados, pois pode danificar o multímetro.
Esse tipo de teste é muito utilizado para saber se há algum rompimento no cabo,
descobrir o conjunto de bobinas de um motor, saber se as conexões estão bem feitas,
entre outras aplicações.

4.1.5 Teste de diodos


Em alguns modelos de multímetros há o teste de diodos, que é utilizado para saber a
polaridade de diodos e transistores, que são componentes usados na eletrônica. Quando
medido na polaridade correta, aparece a tensão de polarização do diodo, que é 0,5V ou
0,7V. E quando a polaridade de medição é invertida, aparece o circuito aberto.

4.1.6 Medição de capacitância


Em alguns modelos de multímetros pode haver o medidor de capacitância, que
informa em Faraday a capacitância do capacitor conectado aos terminais do multímetro.
A medição de um capacitor separadamente pode ser diferente dele no circuito, pois no
circuito o multímetro vai considerar todo o conjunto e a forma de ligação dos capacitores.

108
Medidas Elétricas

4.1.7 Medição de ganho de transistores


Em outros modelos de multímetro, há algumas entradas que identificam o ganho
dos transistores, quando colocados de forma correta. No multímetro são entradas
identificadas pelas letras C (coletor), B (base) e E (emissor), além do tipo PNP ou NPN.

4.2 TRANSFORMADORES PARA MEDIÇÃO


Na instrumentação, são utilizados sensores para medir correntes e tensões. Um
desses sensores que mede alta tensão é o transformador de potencial – TP e o que mede
altas correntes é o transformador de corrente – TC.
Os Transformadores de Potencial, ou TPs, são instrumentos que reduzem o níveis
de tensão das instalações para valores menores, em níveis seguros para operação por
profissionais, medição, controle e proteção de uma instalação elétrica, em que o primário
é ligado na alta ou média tensão e o secundário é ligado aos instrumentos de medição.
Eles são construídos para suportarem sobretensões em regime permanente, sem causar
nenhum dano. Os TPs são utilizados para medir potência, consumo de energia ativa e
reativa, medir frequência e fase e podem atuar como relés. Podemos fazer algumas
considerações na utilização dos TPs:

• Se um TP alimenta vários instrumentos elétricos, eles devem estar conectados


em paralelo com o secundário do TP, para que fique submetido à mesma tensão
do secundário;
• Quando não há nenhum instrumento ligado ao secundário de um TP, o secundário
deve ser mantido em circuito aberto.
• Quando os TPs são utilizados em medição elétrica para faturamento do con-
sumidor, não se deve colocar outros instrumentos de medição ou dispositivos
no secundário do TP, sendo que ele precisa ser exclusivo para essa medição de
faturamento.

O Transformador de Corrente, ou TC, tem a finalidade de reduzir os valores de


corrente a níveis menores para operação. O primário é ligado em série com a alimentação
de uma instalação onde é necessário fazer medições ou proteção. O secundário alimenta
as bobinas de corrente dos instrumentos que realizam as medições.
O TC possui a característica construtiva de ter tensões muito altas no secundário
quando o secundário é aberto em funcionamento, podendo ocasionar risco ao operador,
aquecimento excessivo da isolação e alteração de suas características de funcionamento
e precisão, por isso que não se pode utilizar fusíveis no secundário dos TCs e que, para
a realização da abertura do secundário, é necessário colocar o secundário em curto por
um condutor de baixa impedância, ou através de uma chave apropriada no corpo do
TC. Eles possuem diversos formatos, de acordo com a sua aplicação. Os TCs podem ser
do tipo enrolado, tipo barra, tipo janela, tipo bucha e do tipo núcleo dividido (como é o
caso do alicate amperímetro).
Tanto os TPs quanto os TCs são utilizados em subestação de energia para medição
e controle da energia que passa nessas subestações, e na figura 08 é possível ver um TP
e um TC utilizado em subestações de energia.

109
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 08: Utilização do TP e do TC em medição de subestações de energia

Fonte: Elaborada pelo autor.

4.3 MEDIÇÃO DA RESISTÊNCIA DO SOLO


A malha de aterramento de uma instalação elétrica é um dos requisitos primordiais
em um sistema elétrico industrial, considerando que a resistência de terra deve
satisfazer os valores dados em norma. As resistências do solo RT são consideradas
da seguinte forma:

• Excelente para ℜ
• Bom para üℜℜ
• Razoável para üüℜℜ
• Condenável para ℜü

De acordo com (MAMEDE, 2017), o método Wenner consiste em colocar quatro


eletrodos separados por uma distância A, enterrados no solo em uma profundidade de
20 cm, como é possível ver na figura 09.

110
Medidas Elétricas

Figura 09: Ligação do Megger de terra aos eletrodos de medida de


resistividade do solo

Fonte: MAMEDE, 2017, p.1327

É importante que os eletrodos estejam alinhados e essa distância A deve ser variada
em múltiplos de 2 metros, ou seja, 2m, 4m, 8m, 16m e 32m. Os valores obtidos dirão
como está a resistência do solo, verificando a necessidade ou não de se fazer tratamento
do solo para montar a malha de terra no ambiente industrial.

4.4 MEDIÇÃO DE POTÊNCIA


A medição da potência de um circuito elétrico é realizada por um wattímetro que
faz ao mesmo tempo a medição da tensão e a medição de corrente. A ligação de um
wattímetro requer um pouco mais de cuidado. O esquema de ligação de um wattímetro
monofásico pode ser visto na figura 10.

Figura 10: Utilização do wattímetro para medição de potência

Fonte: Elaborada pelo autor.

111
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Na figura 10 é possível verificar que uma das fases que entra é conectada ao terminal
de fase do wattímetro, junto ao terminal de corrente, a outra fase S ou neutro é conectada
ao outro terminal de fase do wattímetro e ao equipamento que vai alimentar. A corrente
IR que entra no wattímetro irá sair em Ia, e vai para o equipamento. Dependendo do
fabricante, os nomes dos terminais podem ser diferentes, então vale a pena consultar o
que é cada terminal antes de realizar as conexões.
Os wattímetros podem ser utilizados para a medição de potência trifásica pelo
método dos dois wattímetros. Eles também podem medir o fator de potência de uma
carga, dependendo das suas funções internas.

SÍNTESE DA UNIDADE

Nessa unidade vimos o funcionamento dos multímetros digitais e a forma de utilização


para obter as medidas de tensão, corrente, resistência e outros tipos de medições que
o multímetro é capaz de fazer. Foi visto também a forma que a tensão e a corrente são
obtidas em subestações de energia elétrica, através dos transformadores de medição.

REFERÊNCIAS
BELCHIOR, Fernando Nunes. Apostila ELE505 Medidas Elétricas. Universidade Federal
de Itajubá, Itajubá, MG, 2014.

CARVALHO, G. Máquinas elétricas. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.

FERNANDES, Marcus Vinicius Araújo. Apostila de Medidas Elétricas. Universidade Federal


do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2018.

MAMEDE Filho, João. Instalações elétricas industriais: de acordo com a norma brasileira
NBR 5419:2015. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

NAGEL, Márcio Luiz. Instalações Elétricas Industriais. Blumenau, SC: SENAI Nacional
de Aprendizagem Industrial, 2008.

SENAI. PR. Eletricista Instalador Predial. Curitiba, 2004.

112
Medidas Elétricas

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. O multímetro é um instrumento que junta várias funções em um único instrumento,


podendo ser usado para medir tensão, corrente, resistência, entre outras medidas.
Descreva a forma correta de se medir a tensão sobre os terminais de um soquete de
uma lâmpada.

2. O medidor de corrente, ou conhecido como amperímetro, requer cuidado redobrado


na sua utilização. Utilizando o multímetro, descreva a forma correta de se medir a
corrente de uma lâmpada. Desenhe um esquema de como ficaria a ligação para realizar
essa medição.

3. O multímetro na função de amperímetro ou como testador de continuidade pode ser


usado para identificar as bobinas de um motor. Podemos medir a resistência ou medir a
continuidade com o circuito energizado? Por quê?

113
Unidade 5
Saúde e Segurança do Trabalho

Nesta unidade você conhecerá os tópicos de segurança nas atividades com eletricidade.
Após a conclusão desta unidade, você será capaz de identificar os riscos inerentes às
atividades da área elétrica, como se prevenir de acidentes e quais as medidas existentes.
Você conhecerá os equipamentos de proteção coletiva e individual e a necessidade da sua
utilização para cada atividade a ser executada. Além disso, terá uma noção de combate
a incêndios, verificando a diferença entre os extintores.
Segurança do Trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas
e psicológicas utilizadas para prevenir acidentes, eliminar as condições inseguras do
ambiente e instruir ou convencer as pessoas da implantação de práticas preventivas. Ela
tem o objetivo de proporcionar condições de trabalho seguras e saudáveis para as pessoas.
Para regulamentar a segurança do trabalho, em 1978, o Ministério do Trabalho e
Emprego lançou as Normas Regulamentadoras, ou NRs, que trazem de forma detalhada
os mais diversos procedimentos para manter a segurança e saúde dos trabalhadores.
Para todos os profissionais da área de eletricidade, a Norma Regulamentadora
que estabelece os procedimentos de segurança é a NR 10, que tem como objetivo
estabelecer os requisitos para a implementação de medidas de controle e sistemas
preventivos, garantindo a segurança e saúde dos trabalhadores que realizam serviços
em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Dessa forma, é muito importante
para a sua segurança o conhecimento dessa norma.

5.1 ACIDENTE DE TRABALHO


O acidente do trabalho é aquele que acontece pelo exercício do trabalho a serviço
da empresa, que provoca lesão corporal ou perturbação funcional ou doença que resulte
na perda ou redução da capacidade de trabalho ou, até mesmo, na morte do trabalhador.
Acidentes de trabalho podem ser divididos em:

• Doença profissional: é aquela que acontece pelo exercício do trabalho em


determinada atividade relacionada na lista elaborada pelo Ministério do Trabalho
e Previdência Social, por exemplo: saturnismo (exposição ao chumbo), câncer
por exposição a produtos químicos etc.
• Doença do trabalho: são aquelas que se originam devido às condições do ambiente
do trabalho que é executado em condições especiais, e que está constando na

115
Eletricista instalador predial de baixa tensão

relação do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Como exemplo temos a


surdez ocasionada por atividades com alto nível de ruído, doenças ocasionadas
por vírus ou bactérias por atividade em lugares insalubres, entre outras.

Não são consideradas doenças do trabalho as doenças degenerativas, inerentes


ao grupo etário, que não produzem incapacidade laboral e doenças endêmicas (como
gripes). Ainda é considerado acidente de trabalho aquele que ocorre no percurso da
casa até o trabalho e vice-versa, desde que seja dentro do período necessário para tal
deslocamento, ato de agressão, desabamento, inundação, incêndio, entre outros que
aconteçam quando o funcionário está à disposição da empresa.
Quase todos os acidentes são evitáveis, pois possuem causas, que podem ser
eliminadas. A primeira forma de se evitar os acidentes, ou quase acidentes, é informar
ao gestor para que os profissionais da segurança do trabalho possam tomar ações para
prevenir os acidentes, eliminando os riscos.
Os acidentes ocorrem na sua grande maioria (mais de 95% dos acidentes de
trabalho) devido a atos inseguros ou condições inseguras. Os atos inseguros dependem
das ações das pessoas, que são as fontes causadoras de acidentes, por exemplo: ficar
sob cargas suspensas, usar máquinas sem habilitação ou sem autorização, realizar
manutenção em máquinas em movimento, ou realizar atividades em instalações
elétricas energizadas, não utilizar equipamentos de proteção corretamente, brincadeiras
e exibicionismo, entre outros.
As condições inseguras estão relacionadas às condições do ambiente de trabalho,
que são fontes causadoras de acidentes. Apesar de serem mais da responsabilidade da
empresa, cabe ao trabalhador solicitar equipamentos e utilizá-los para que minimizem
ou eliminem os riscos. Como exemplo podemos citar a falta de proteção em máquinas e
equipamentos, instalações elétricas defeituosas ou inadequadas, iluminação, ventilação,
temperaturas inadequadas, ruídos intensos, falta de equipamentos de proteção, entre
outros, relacionados ao ambiente do trabalho.

5.2 GERENCIAMENTO DE RISCOS


Com a intenção de eliminar ou diminuir o risco nos ambientes de trabalho, as
empresas estão constantemente utilizando ferramentas para identificar, analisar e
controlar os riscos. Esse gerenciamento segue as etapas da ferramenta PDCA, que consiste
em Planejar, Fazer, Checar e Agir.
O Gerenciamento de Risco tem como objetivo eliminar, reduzir ou controlar os riscos,
administrando as falhas de um processo para que ela não aconteça, prevenindo perdas
que podem ser ocasionadas. O ambiente de trabalho possui os seus próprios riscos, que
é classificado como Riscos Ambientais.

5.2.1 Riscos ambientais


Os Riscos Ambientais são os agentes que existem nos ambientes de trabalho e que
podem causar danos à saúde dos trabalhadores, devido à concentração ou intensidade
e do tempo de exposição. Os riscos ambientais são classificados em cinco classes, cada
um possui uma cor, como mostrado na figura 01.

116
Saúde e Segurança do Trabalho

Figura 01: Riscos ambientais e suas respectivas cores de identificação

Fonte: Elaborada pelo autor.

• Riscos Físicos: ruídos, vibrações, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,


frio, calor, pressões anormais, umidade, ventilação, iluminação.
• Riscos Químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substâncias,
compostos ou produtos químicos em geral
• Riscos Biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, bacilos, parasitas,
animais peçonhentos (insetos, cobras, aranhas), animais (cães, gatos, roedores).
• Riscos Ergonômicos: esforço físico intenso, levantamento e transporte manual
de peso, postura inadequada, jornada de trabalho prolongada, trabalho repeti-
tivo, estresse físico e psicológico.
• Risco de Acidentes: arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem
proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada,
eletricidade, incêndio ou explosão, armazenamento inadequado.

Os riscos ambientais são tratados no PPRA (Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais) que está na NR 9 e são apresentados para os trabalhadores de cada setor
através do Mapa de Riscos Ambientais, elaborado pela CIPA.

5.2.2 Mapa de riscos ambientais


É um documento visual que é elaborado para apresentar os riscos em um setor, de
forma clara, visível e de fácil acesso aos trabalhadores. No mapa de risco, os riscos são
apresentados na forma de cores e intensidade.
A finalidade do mapa de risco é apresentar aos trabalhadores daquele setor os riscos
ambientais que existem e como eles podem se prevenir, evitando acidentes de trabalho.
Além dos riscos ambientais conhecidos, o profissional da eletricidade pode estar exposto
a outros tipos de riscos.

5.3 RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE


O choque elétrico é o principal risco na eletricidade, pois pode ocasionar danos
que podem levar à morte. O choque elétrico ocorre quando o corpo humano cria um
caminho para a passagem da corrente elétrica, que depende do local do corpo que está
em contato com a fonte de eletricidade. A figura 02 mostra os principais percursos que
uma corrente elétrica pode fazer pelo corpo humano.

117
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 02: Percurso da corrente elétrica no corpo humano

Fonte: CPNSP, 2004

Além do caminho que a corrente elétrica pode percorrer, passando por órgãos
mais sensíveis à eletricidade, como o coração, a intensidade dessa corrente deve ser
considerada. O nosso corpo humano possui uma resistência que varia de aproximadamente
200.000 ohm na pele seca até 1.500 ohm com a pele molhada e, como vimos, a corrente
é a relação da tensão pela resistência, portanto, a sua intensidade dependerá da tensão
de exposição e das condições de nossa pele. Para se ter ideia, na equação (01) está
a corrente para a pele seca e na equação (02) está a corrente para a pele molhada,
considerando uma tensão de exposição de 127 V.

ü
Pele seca: ü ℜ üü (01)
üüü

ü
Pele molhada: ü ℜ üü (02)
üü
Em relação à intensidade de corrente, é possível verificar que, com a pele molhada, a
intensidade é muito maior. No quadro 01, é apresentado o dano biológico que a corrente
pode causar no corpo humano em função da sua intensidade.

Quadro 01: Consequências da corrente elétrica no corpo humano


Corrente elétrica Dano biológico

Até 10 mA Dor e contração muscular

De 10 mA até 20 mA Aumento das contrações musculares

De 20 mA até 100 mA Parada respiratória

De 100 mA até 3 A Fibrilação ventricular que pode ser fatal

Acima de 3 A Parada cardíaca, queimaduras graves

Fonte: Elaborado pelo autor.

118
Saúde e Segurança do Trabalho

Esses efeitos variam de pessoa para pessoa, é apenas uma aproximação, mas é
possível verificar que um choque de 127 V com a pele totalmente seca (condição difícil
de se conseguir) pode dar dor e ter uma contração muscular, podendo chegar até uma
parada respiratória se a pele estiver molhada.
Mas além do caminho que a corrente pode percorrer pelo nosso corpo e da intensidade
dessa corrente, é necessário considerar o tempo de exposição. Vamos supor que uma
pessoa tome um choque de 127 V e que os dedos sofram uma contração muscular, de
forma que a pessoa fique grudada na instalação. Dependendo da forma e da intensidade,
a pessoa pode não conseguir evitar a contração muscular e pode até vir a óbito. O choque
elétrico pode ocasionar acidentes indiretos, como batidas e quedas, queimaduras na
pele e nos órgãos internos.

LEMBRE-SE DE QUE

Ao presenciar uma pessoa tomando um choque, não encoste nela utilizando o


seu corpo, pois além de você não conseguir ajudá-la, você pode também ficar
exposto ao choque elétrico. Providencie um material isolante e o use para
desconectar a pessoa do choque elétrico. Nesse momento, a emoção deve ser
deixada de lado, recorrendo-se à razão, de maneira rápida e eficaz.

Os choques elétricos podem ser ocasionados por:

• Contato com condutor nu energizado: os condutores das ligações em média


tensão são nus, não possuindo nenhum tipo de isolação, por isso, o cuidado deve
ser mais do que redobrado em serviços perto da rede elétrica de distribuição, ou
até mesmo, em acidentes com a derrubada de postes de energia.
• Falha na isolação elétrica: devido à ação do tempo e das condições ambientais,
pode acontecer de os isolantes dos fios estarem deteriorados e que isso venha
a causar choques elétricos.
• Uso inadequado de equipamentos em ambientes perigosos: a utilização de
equipamentos em ambientes úmidos deve ser feita com muita cautela, devendo
se evitar ao máximo, como por exemplo, a utilização de equipamentos elétricos
perto de banheiras, uso de caixas de som no banheiro durante o banho, equipa-
mentos energizados perto de piscina, entre outros.

Ao presenciar uma pessoa que sofreu choque elétrico, ela deve ser isolada para longe
da fonte geradora de choque elétrico e nela deve ser aplicada massagem cardíaca, ao
mesmo tempo que aciona o sistema de emergência para prestar o devido atendimento.
Quando ocorrer queda de poste de energia, deve-se entrar em contato imediatamente
com a concessionária de energia da região, evitando se movimentar. Vamos supor que
um acidente com automóvel derrube um poste, as pessoas de dentro desse automóvel
não devem sair dele pois estão protegidas da instalação elétrica, devendo buscar ajuda
com a concessionária de energia. Caso seja realmente necessário sair do automóvel por
risco evidente de incêndio, orienta-se que saia do carro pulando com os dois pés juntos
para não estar exposto à tensão de passo que pode aparecer em acidentes desse tipo.

119
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Um segundo risco da eletricidade são as queimaduras que podem ocorrer pela


passagem de corrente elétrica no corpo. A queimadura por corrente elétrica depende
da sua intensidade e do tempo de exposição. Pode haver queimadura por eletricidade
mesmo sem contato físico com partes energizadas, em que a descarga elétrica pode
ocorrer próximo suficiente ao indivíduo para lhe ocasionar danos.
A eletricidade pode produzir queimaduras por contato, isso é quando a pessoa
tem contato com uma superfície energizada, podendo gerar queimadura superficial
ou até atingir a parte óssea. Pode produzir queimaduras por arco voltaico que ocorre
quando existe um fluxo de corrente elétrica no ar, podendo até provocar incêndios. E
pode produzir queimaduras por vapor metálico, quando há vapores ou derramamento
de metais derretidos, como o estanho utilizado em soldas.
O terceiro risco que pode ser provocado pela corrente elétrica é a geração de Campos
Eletromagnéticos que ocorre pela condução de eletricidade. Pessoas e trabalhadores
que utilizam aparelhos eletrônicos em seu corpo, como marca-passo e aparelho auditivo,
devem ter cuidados especiais no trabalho em linhas de média ou alta tensão, pois o
funcionamento desses aparelhos pode ser comprometido.

5.3.1 Riscos adicionais na eletricidade


Conhecer os riscos e as suas formas de prevenção são de extrema importância
para os trabalhadores, com a finalidade de evitar acidentes. Além dos riscos ambientais
conhecidos, o profissional que trabalha com eletricidade está exposto a outros riscos,
como será visto.

Risco adicional: Altura


É qualquer atividade em que o trabalhador atue acima do nível do solo. O trabalhador
que atue em altura deve possuir um atestado de saúde indicando expressamente que
ele tem condições de executar trabalho em altura, estar em perfeitas condições físicas
e psicológicas e estar treinado e orientado sobre os riscos, e deve usar os equipamentos
de segurança corretos e de forma correta (os equipamentos de segurança serão vistos
adiante).
O trabalho em altura é aquele realizado em telhados, forros, em estruturas acima
do nível do solo, e para a realização desses serviços deve ser realizado um Sistema de
Ancoragem para salvaguardar a vida do trabalhador.
O trabalhador que atua em altura nunca deve ficar sozinho, sempre é necessário
que outra pessoa no nível do solo o esteja acompanhando e lhe dando suporte.
Há outros meios para trabalho em altura, como o uso de escadas. A escada portátil
deve ser adquirida de fornecedores cadastrados e que atendam as especificações técnicas
como tamanho e capacidade máxima de peso. Não se deve NUNCA utilizar escadas
caseiras ou sem especificações e ela sempre deve estar nivelada no nível do solo e em
um local antiderrapante, não devendo ser apoiada em superfícies instáveis, portanto,
a escada não pode ser apoiada em cima de caixas, nem de mesas, nem de tubulações,
nem em superfícies de andaime e nem em escadas, e deve ser supervisionada por outro
profissional no solo.
Se for necessária a utilização de escadas próximo a portas, essas portas devem ser
trancadas e sinalizadas, se for necessária a utilização de escadas em local de movimento

120
Saúde e Segurança do Trabalho

de pessoas ou trânsito de veículos, o local deve ser sinalizado e devem ser colocados
obstáculos para isolar o local.
As ferramentas utilizadas para o trabalho não devem estar soltas sobre a escada,
necessitando a utilização de uma bandeja apropriada. Na execução dos serviços, os
dois pés do trabalhador devem estar no degrau da escada e não se deve ficar no último
degrau de uma escada, deixando no mínimo dois degraus livres da extremidade superior
da escada.

LEMBRE-SE DE QUE
Após a execução de todos os serviços, as ferramentas e a escada devem
estar limpas e guardadas em locais corretos, não deixando o ambiente de
trabalho bagunçado.

Para algumas situações ou alturas muito altas podem ser utilizados Andaimes, que
também necessitam de atenção na sua utilização.

• O andaime deve ter um sistema de guarda-corpo e rodapé em toda a sua volta.


• Deve ficar de forma regular no solo, de forma que os níveis fiquem totalmente
na vertical. Em solos irregulares deve ser utilizado placa de base ajustável.
• Quando necessário, o andaime deve ter a sua fixação ancorada em estrutura
firme ou deve estar estaiada.
• A plataforma de trabalho dos andaimes deve ter forração completa, antiderra-
pante, ser nivelada e fixada de forma segura e resistente (não se deve utilizar
material improvisado de construção, como madeiras de caixaria).
• Deve haver uma escada apropriada para acesso às plataformas de trabalho, com
gaiola ou trava-queda.
• Andaime sobre rodízio ou rodas só pode ser montado em áreas com piso firme
e nivelado, não podendo ter mais que 5 metros de altura.
• Todos os rodízios ou rodas do andaime devem possuir travas e em perfeitas con-
dições de uso, evitando que o andaime se movimente durante a sua utilização.
• Devem ser tomadas precauções especiais na utilização, montagem e desmon-
tagem de andaimes próximos a circuitos e equipamentos elétricos.

Em atividades em linha viva (condutores da Média Tensão que não possuem


isolamento) deve ser utilizada cesta aérea, confeccionada em PVC, comandadas por
carro apropriado para esse fim.

121
Eletricista instalador predial de baixa tensão

LEMBRE-SE DE QUE

Como eletricista é sua função atuar do relógio medidor para dentro do local da
instalação elétrica, e nunca para fora. Para atuar nos postes, transformadores,
média e alta tensão, os profissionais recebem treinamentos que os capacitam
sobre a atuação nesses locais. Alguns locais não possuem isolação elétrica, não
podem ser desconectados e precisam de equipamentos especiais. Sempre que
houver dúvida, consulte a concessionária da sua região pelo telefone.

Risco adicional: Espaço Confinado


São espaços que não foram projetados para ocupação contínua de pessoas, possuem
movimentação restrita e a ventilação não é suficiente para ficar nesses locais. Como
exemplo podemos citar os dutos de ventilação, tanques, rede de esgoto ou água, contêiner,
cisternas, minas, valas, silos, poços de inspeção, caixas subterrâneas, entre outros.
Antes de um trabalhador adentrar em um espaço confinado, as condições internas
devem ser avaliadas por um profissional autorizado e treinado para isso, verificando a
concentração de oxigênio, a existência de gases, de vapores inflamáveis e contaminantes
do ar, estes que podem ser tóxicos.
Para todo profissional que adentrar nesses locais deve ser preenchido um programa
de entrada em espaço confinado, em que são avaliados os riscos e as medidas que devem
ser tomadas em caso de acidente. O local deve ser sinalizado e isolado, havendo barreiras
para que pessoas não autorizadas ou desinformadas entrem no espaço confinado ou
bloqueiem a saída quando houver trabalhadores ali. Devem ser utilizados equipamentos
corretos para salvaguardar a saúde e a vida do trabalhador que realiza atividade nesses
espaços confinados.
Assim como no trabalho em altura, todo trabalho em ambiente confinado deverá ter
no mínimo duas pessoas, sendo uma delas denominada vigia, e que deve supervisionar do
lado de fora do espaço confinado, nunca devendo adentrar no local confinado e sempre
em contato com o trabalhador dentro do local confinado por rádio comunicador. Devem
ser desenvolvidos e implementados procedimentos para os serviços de emergência e
primeiros socorros para o resgate dos empregados em ambientes confinados, caso seja
necessário. Além disso, as operações de entrada devem ser interrompidas sempre que
surgir um novo risco, até que ele seja avaliado e sejam tomadas as devidas medidas de
prevenção, redução ou eliminação desse novo risco.

Risco adicional: Áreas Classificadas


Áreas classificadas são os locais que podem possuir uma atmosfera explosiva, por
exemplo, minas e postos de combustíveis. Primeiramente, as instalações elétricas nesses
locais devem ser à prova de explosão, como trata a norma da ABNT IEC 60079-14:2016.
Os projetos de instalações elétricas em ambiente explosivo são muito criteriosos e devem
ser bem minuciosos, com muita criteriosidade, pois devem ser utilizados materiais muito
específicos.
Uma atmosfera explosiva é aquela onde substâncias inflamáveis podem se misturar
com o ar, após uma ignição em que pode ocorrer uma combustão. Se não for realizado um

122
Saúde e Segurança do Trabalho

projeto elétrico adequado, ele pode ser fonte de ignição na área classificada. Para atender
o projeto elétrico à prova de explosões, os equipamentos e ferramentas devem possuir
classificações em relação à temperatura de operação, tipos de proteção, aterramento
com condutores com proteção e equipotenciais, separação de condutores de sistemas
de segurança, não deve ser utilizado ferramentas que geram faíscas (furadeira, serra
elétrica etc), nem ferramentas de impactos e nem devem ser utilizadas ferramentas de
materiais que podem gerar faíscas em quedas acidentais.

GLOSSÁRIO

Equipotencial: é a superfície que possui o mesmo potencial elétrico, ou seja,


a mesma tensão, não havendo a circulação de corrente pois não há diferença
de tensão.

Risco adicional: Umidade


Outro risco que deve ser considerado nas instalações elétricas é a umidade. Na NBR
5410, temos as tabelas 04 e 20 que classificam as condições dos ambientes em relação
à umidade e estabelecem critérios das instalações elétricas. Nesses ambientes não são
admitidos esquemas de aterramento IT e TT, sendo necessário uso de dispositivos DR.

Risco adicional: Condições Atmosféricas


Todos os locais estão expostos a condições atmosféricas adversas, mas a condição
atmosférica mais preocupante da eletricidade são os raios. Os raios podem atingir
pessoas, causar incêndios e até matar. Em condições de descargas elétricas, o serviço
com eletricidade energizada deve ser suspenso e avaliado se há riscos na sua execução,
mesmo que haja um sistema de para-raios no local.
Um dos locais críticos em condições de descargas atmosféricas são as estruturas
metálicas, que devem contar com aterramento temporário e com o uso adequado de
equipamentos de proteção.

5.3.2 Medidas de controle do risco elétrico


Uma vez que conhecidos os riscos elétricos, se faz necessário o controle desses riscos,
evitando acidentes e prejuízos financeiros. O controle desses riscos elétricos depende
de ações dos trabalhadores da área de eletricidade e o seu constante compromisso em
seguir essas rotinas, mesmo que pareçam repetitivas. Os acidentes acontecem quando o
trabalhador acha que não precisa tomar certos cuidados. Os procedimentos de controle
de riscos elétricos são:

a) Desenergização dos circuitos ou dos trechos onde será executado o trabalho,


obedecendo a seguinte sequência:

• seccionamento através do disjuntor ou interruptor do circuito;


• impedimento de reenergização, aplicando travas mecânicas (fechadura, cadea-
do, dispositivos de travamento);

123
Eletricista instalador predial de baixa tensão

• constatação da ausência de tensão por meio de testadores;


• instalação de aterramento temporário com a conexão de uma haste conec-
tada a terra;
• colocar obstáculos físicos na área controlada para evitar a entrada de pessoas
não permitidas;
• sinalizar o impedimento de reenergização com placas, avisos, cartões ou
etiquetas claras de que está sendo realizado manutenção.

Só depois de finalizado o trabalho e constatado que o problema foi corrigido


é que a proteção deve ser retirada, realizando a desconexão do aterramento
provisório, depois retirar as travas, fazer o seccionamento e, então, retirar os
obstáculos e a sinalização.

b) Aterramento de proteção temporário se dá fazendo a ligação intencional ao


terra dos condutores que podem ser energizados acidentalmente, com a fina-
lidade de fazer atuar a proteção do circuito. Também protege os trabalhadores
contra descargas atmosféricas. O aterramento temporário deve ser realizado
antes e depois do ponto de trabalho, exceto quando o trabalho ocorrer no cir-
cuito terminal. Além disso, o aterramento temporário deve ser retirado depois
de se realizar os serviços e antes de energizar novamente o circuito.

c) Equipotencialização é o procedimento de conectar todas as massas de uma


instalação no condutor de proteção (terra). Não é necessária a ligação ao con-
dutor de proteção de suporte metálico de isoladores de linhas aéreas, fora do
alcance normal, postes de concreto armado e massas reduzidas com dimensões
de até 5cm x 5cm.

d) Seccionamento automático da alimentação, por dispositivos com essa finalida-


de, como os disjuntores termomagnéticos, fusíveis e DRs que atuam protegendo
contatos diretos ou indiretos de animais e pessoas, protegendo o sistema das
altas temperaturas e arcos elétricos, protegendo de altas correntes e correntes
de curto circuito e protegendo contra sobretensões.

e) Utilização de extra Baixa Tensão que proporciona a limitação de tensão em


um nível de tensão não prejudicial às pessoas. Na última atualização da NR 12,
que diz sobre a segurança na operação de máquinas, foi estabelecido o uso de
tensão de 24 Vcc no acionamento de máquinas e cargas, ao invés dos 220 V que
eram utilizados antigamente.

f) Barreiras e obstáculos, impedindo qualquer contato com partes energizadas,


como telas de proteção e tampas de painéis. Podem ser removíveis sem o uso
de ferramentas, mas devem ser fixados ao ponto de não serem removidos de
forma involuntária.

g) Bloqueios e impedimentos, por meio de elementos que mantêm dispositivos


de manobra fixos, em uma determinada posição, como a utilização de cadeados
acompanhados por uma etiqueta de sinalização.

124
Saúde e Segurança do Trabalho

h) Isolação de partes vivas com materiais isolantes, para que serviços possam ser
executados sem o risco de contato com partes energizadas, como coberturas
circular de polietileno, mantas, tapetes e coberturas isolantes.

i) Isolação reforçada, que é utilizada em equipamentos portáteis que, por sua


vez, são utilizados em variados ambientes, como furadeiras elétricas. A dupla
isolação é realizada para complementar a isolação já existente, para separar as
partes metálicas com as partes energizadas, como pode ocorrer nos cabos de
alimentação.

Esses procedimentos protegem os trabalhadores contra os riscos elétricos, mas


o procedimento mais importante, que deve ser realizado antes de qualquer um, é a
organização no ambiente de trabalho, em que cada equipamento e ferramenta deve ser
limpo, organizado e guardado no seu devido lugar quando não está em uso.
Juntamente às medidas de controle de risco elétrico, devem ser utilizados os
equipamentos de proteção.

5.4 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO


Os Equipamentos de Proteção são elementos utilizados com a finalidade de proteger
os trabalhadores dos riscos ambientais de cada profissão. Eles devem ser fornecidos
gratuitamente aos trabalhadores em perfeito estado de conservação e uso. Eles se
dividem em Equipamentos de Proteção Coletiva e Equipamentos de Proteção Individual.
Cada tipo de atividade tem seus equipamentos de proteção, e vamos nos atentar apenas
para os equipamentos utilizados pelos profissionais que trabalham com eletricidade.

5.4.1 Equipamento de Proteção Coletiva – EPC


Trata-se de todo dispositivo, sistema ou meio fixo ou móvel de utilização coletiva para
eliminar ou reduzir os riscos ambientais. Na atuação de serviços em instalações elétricas
devem ser previstos, de acordo com o tipo de trabalho, os seguintes equipamentos de
proteção coletiva:

• Cone e fita de sinalização: para delimitar áreas de trabalho e obras em vias


públicas ou rodovias.
• Grade dobrável: isolamento de áreas de trabalho, poços de inspeção, entradas
de galerias e locais semelhantes.
• Banqueta Isolante: isolamento do operador de guindaste utilizado pertos de
linhas energizadas.
• Manta e cobertura isolante: para isolar as partes energizadas durante a reali-
zação dos serviços.

Na figura 03, podemos ver esses EPCs utilizados pelos profissionais de eletricidade.

125
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Figura 03: Tipos de EPCs utilizados em atividades com eletricidade

Fonte: CPNSP, 2004

5.4.2 Equipamento de Proteção Individual – EPI


Os EPIs são dispositivos de uso individual que devem ser utilizados pelo empregado,
na finalidade de proteção dos riscos que podem ameaçar à saúde e à segurança do
trabalhador. Eles devem ser utilizados para a finalidade que foram projetados, por
exemplo, uma luva de proteção contra choques mecânicos não deve ser utilizada no
lugar de uma luva contra choques elétricos, elas devem ser utilizados quando as medidas
de segurança coletiva não oferecerem completa proteção ao trabalhador, enquanto as
medidas de proteção coletiva estiverem sendo implementadas e para atender situações
de emergência. A norma que trata os EPIs é a NR 6. Os equipamentos de proteção coletiva
dos trabalhadores com eletricidade são:

• Capacete de proteção tipo aba total: utilizado em trabalhos a céu aberto e em


locais em que pode haver queda ou projeção de objetos.
• Capacete de proteção com viseira: utilizado em trabalhos onde há risco de
explosões e de queimaduras por arco voltaico.
• Óculos de segurança para proteção (lente incolor ou com tonalidade escura):
utilizado para proteção dos olhos contra impactos mecânicos, partículas e raios
ultravioletas.
• Protetor auditivo tipo concha ou plug: utilizado para proteção do aparelho
auditivo nas atividades e em locais com ruído excessivo.
• Luva isolante de borracha: utilizada para proteção das mãos e braços em ativi-
dades com superfícies energizadas.
• Luva de proteção em vaqueta: utilizada para proteção das mãos e punhos contra
agentes abrasivos e escoriantes.
• Luva de proteção em PVC (hexanol): utilizada para proteção das mãos contra
elementos com óleo, graxa ou solvente.
• Calçado de proteção tipo botina de couro ou bota de couro (cano médio ou cano
longo): utilizado para proteção dos pés contra torção, derrapagens, ambientes
úmidos, queda de objetos e ataque de animais peçonhentos.
• Colete de sinalização reflexivo: utilizado em atividades em vias públicas.

A figura 04 mostra alguns dos EPIs utilizados em atividades com eletricidade.

126
Saúde e Segurança do Trabalho

Figura 04: Alguns EPIs utilizados em atividades com eletricidade

Fonte: CPNSP, 2004

Trabalho em altura com eletricidade: Para a realização de trabalhos acima do


nível do solo, a partir de 2 metros e em que há o risco de queda, além dos EPIs utilizados
nos trabalhos com eletricidade, devem ser adotadas as medidas de segurança da NR 35.
Entre os procedimentos que devem ser realizados, a utilização do EPI de forma correta
é o principal. Os EPIs para trabalho em altura são:

• Cinturão de segurança tipo paraquedista


• Talabarte de segurança tipo regulável
• Talabarte de segurança tipo Y com absorção de energia
• Dispositivo trava-quedas
• Fita de Ancoragem
• Mosquetão
• Corda de segurança (linha viva)

Para os trabalhos em altura, o profissional deve fazer um curso de NR 35 para ser


capacitado sobre os procedimentos de segurança que devem ser cumpridos.

Trabalho em Espaço Confinado: AAs atividades em espaço confinado devem ser


realizadas com a supervisão de outro funcionário, que tem a tarefa de prestar assistência
ao trabalhador que está realizando os trabalhos. Em espaço confinado, em geral devem
ser utilizados os seguintes EPIs:

• Equipamento de sondagem da atmosfera onde deve ser realizado o trabalho


• Equipamento de ventilação mecânica
• Equipamento de comunicação
• Equipamentos para primeiros socorros
• Equipamento auxiliar de iluminação
• Corda amarrada no corpo do funcionário que adentrará no espaço confinado,
com a ponta da corda sobre os cuidados do vigia

A responsabilidade do fornecimento do EPI é do empregador, mas a limpeza, a


utilização correta e o acondicionamento correto são de responsabilidade do trabalhador.

127
Eletricista instalador predial de baixa tensão

5.5 COMBATE A INCÊNDIOS


Os profissionais que atuam com eletricidade podem estar expostos a incêndios.
A primeira atitude no indício de incêndio é entrar em contato com os bombeiros pelo
telefone 193.
O combate imediato ao incêndio é realizado por extintores de incêndio, e cada extintor
tem um tipo de incêndio que ele pode combater. Sempre deve ser observada a classe de
incêndio que o extintor pode combater, pois a utilização incorreta pode ocasionar mais
danos. As classes de incêndio são:

• Classe A: incêndio em materiais sólidos, como madeira, papel, tecido e borracha.


• Classe B: incêndio em materiais combustíveis e líquidos inflamáveis
• Classe C: incêndio em materiais e equipamentos energizados
• Classe D: incêndio em materiais pirofóricos, como alumínio, antimônio, magnésio etc.
• Classe K: incêndio em óleos e gorduras.

A figura 05 mostra os esquemas dos tipos de incêndio, de maneira a facilitar a


identificação.

Figura 05: Classes de incêndio

Fonte: Elaborada pelo autor.

Os tipos de extintores de incêndio são:

a) Água Pressurizada: deve ser utilizado apenas para o combate ao incêndio de


classe A, nunca para os outros tipos de incêndio.
b) Gás Carbônico (CO2): deve ser utilizado para incêndio de classe C (eletricidade),
podendo ser utilizado na classe A e na classe B.
c) Pó químico: indicado para incêndio de classe B, podendo ser utilizado nas classes
A e C, mas inutiliza o equipamento elétrico.
d) Pó químico especial: indicado na utilização de incêndio de classe D.
e) Espuma: indicado para ser utilizado nos incêndios de classe A e de classe B.
Nunca deve ser utilizado em incêndio de classe C por conduzir corrente elétrica.
f) Pó ABC (Fosfato de Monoamônico): indicado para ser utilizado nos incêndios de
classe A, classe B e classe C.
g) Extintor Classe K (Acetato de Potássio): indicado para utilizar nos incêndios de
classe K, podendo ser utilizado nos incêndios de classe A. Não pode ser utilizado
nos incêndios de classe B, C e D.

128
Saúde e Segurança do Trabalho

Sempre que surgir dúvida quanto aos procedimentos de trabalho, você deve buscar
o conhecimento para tomar as atitudes corretas e proteger a sua vida e a vida das outras
pessoas. O profissional que trabalha com eletricidade precisa fazer o curso de NR 10, que
trata das condições de segurança nos serviços com eletricidade.

LEITURA COMPLEMENTAR

O Ministério do Trabalho e Emprego publicou as normas de segurança que


devem ser seguidas nas atividades profissionais. Quem trabalha com energia
tem uma norma exclusiva dessa atividade, a NR 10 – Segurança em Instalações
e Serviços em Eletricidade.

SÍNTESE DA UNIDADE

Nessa unidade você discorreu sobre os acidentes de trabalho e os riscos que podem
levar a eles. Soube os tipos de riscos ambientais e como esses riscos são apresentados
aos trabalhadores dos setores que trabalham, através do Mapa de Riscos.
Você também viu os riscos que estão associados à área elétrica, os riscos adicionais
que podem surgir, dependendo da atividade a ser executada, e as medidas de controle
dos riscos elétricos, as formas de atenuar ou eliminar esses riscos com a utilização dos
equipamentos de proteção. E, por fim, foram apresentados os tipos de extintores utilizados
no combate a incêndios.

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. IEC 60079-14. Equipamentos elétricos
para atmosferas explosivas. Parte 14: Instalação elétrica em áreas classificadas (exceto
minas). Rio de Janeiro, dez. 2016.

CAVALIN, Geraldo. Instalações Elétricas Prediais – Coleção Estude e Use. Série


Eletricidade. São Paulo: Érica, 1998.

CPNSP - COMISSÃO TRIPARTITE PERMANENTE DE NEGOCIAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO


NO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de treinamento - curso básico de segurança em
instalações e serviços com eletricidade - NR 10. São Paulo: CNSP, 2004.

NASCIMENTO, Rogério Luiz. Eletricista Instalador Predial, Residencial e Industrial.


Blumenau – SC: SENAI, Blumenau, 2013.

______. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços


em Eletricidade. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2016.

129
Eletricista instalador predial de baixa tensão

ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

1. Sabendo que a utilização correta dos EPIs evitam acidentes na execução dos serviços
com a rede elétrica, considere que um eletricista subiu em uma escada para realizar
reparos na luminária e devido a não utilização dos EPIs, ele tomou um choque e acabou
caindo da escada, se machucando no chão. Relacione os equipamentos de proteção que
poderiam ter sido utilizados para evitar esse acidente.

2. Na execução de uma nova ligação em um residência, o eletricista deve fazer as conexões


das luminárias e tomadas. Antes de qualquer execução, quais devem ser as ações que
o eletricista precisa tomar e se certificar? Considere que durante a instalação não há
necessidade da utilização de nenhum equipamento conectado à energia elétrica.

130
PROPOSTA DE PRÁTICA PROFISSIONAL

PRÁTICA 1: Montar painel com caixas de luz e eletroduto

Material utilizado:
• alicates • disjuntores
• barra de eletroduto • quadro de distribuição
• caixas de luz retangular • tarraxa de PVC
• caixas de luz octagonal • trena
• chaves de fenda • cabo-guia

Procedimentos:
• 1º Passo: Junto ao orientador, planeje a construção de uma bancada onde serão
realizadas as ligações. Ela deve ter no MÍNIMO um quadro de distribuição com
disjuntores, duas caixas octogonais, três caixas de luz retangular e curvas com o
eletroduto. A montagem deve ser realizada de acordo com o material disponível.
Na figura 01 é mostrado um modelo que pode ser montado.

Figura 01: Modelo de quadro para instalações elétricas

Fonte: Elaborada pelo autor.

• 2º Passo: Para prender os eletrodutos e as caixas, podem ser utilizadas abraça-


deiras de nylon.
• 3° Passo: Depois de montado, utilize o cabo-guia sem fiação para verificar a
dificuldade da passagem entre as caixas de derivação.

131
Eletricista instalador predial de baixa tensão

PRÁTICA 2: Emenda de condutores em prosseguimento e em derivação

Material utilizado:
• Fios
• Alicates
• Fita Isolante

Procedimentos:
• 1º Passo: Desencape as pontas dos dois condutores em que será feito o prosse-
guimento, retirando a cobertura isolante em PVC.
• 2º Passo: Faça a emenda, conforme foi visto na unidade 2.4.5 deste livro.
• 3° Passo: passe a fita isolante, dando pelo menos 3 voltas.
• 4° Passo: faça o mesmo para o processo de emenda de derivação.

PRÁTICA 3: Instalação de uma lâmpada acionada por um interruptor


de uma seção
Material utilizado:
• Fios • 1 soquete para a lâmpada
• Alicates • 1 interruptor de uma seção (uma tecla)
• Fita Isolante • 1 cabo-guia ou passa-fio
• 1 lâmpada • chave de fenda.
• 1 chave de teste

Procedimentos::
• 1º Passo: Com o auxílio da chave teste, verificar se o circuito está desenergizado:
se estiver desenergizado, continue, se não, desligue o disjuntor.
• 2º Passo: Passar o cabo passa-fio pelo eletroduto.
• 3° Passo: Separe a fiação, que será passada, de acordo com o diagrama unifilar
da figura 02, em que F é a fase, R é o retorno e N é o neutro.

Figura 02: Diagrama funcional do acionamento de uma lâmpada

Fonte: Elaborada pelo autor.

132
Proposta de prática profissional

• 4° Passo: Prenda a fiação no passa-fio e faça as devidas passagens pelas caixas


de derivação.
• 5° Passo: Depois de passada a fiação, desprenda o cabo-guia e realize as conexões
no soquete e no interruptor e ,se necessário, realize emendas. Não se esqueça de
que o condutor fase vai no interruptor e a fase vai no receptáculo. Se necessário,
identifique qual o condutor de fase com a chave teste.
• 6° Passo: Feche os interruptores e ligue o disjuntor geral, alimentando o circuito,
e acione o interruptor.

PRÁTICA 4: Instalação de duas lâmpadas acionada por um


interruptor de duas seções.

Material utilizado:
• Fios • 1 interruptor de duas seções (duas teclas)
• Alicates • 1 chave de teste
• Fita Isolante • 1 cabo-guia ou passa-fio
• 2 lâmpadas • chave de fenda
• 2 soquetes para a lâmpada

Procedimentos:
• 1º Passo: Com o auxílio da chave teste, verificar se o circuito está desenergizado:
se estiver desenergizado, continue, se não, desligue o disjuntor.
• 2º Passo: Passar o cabo passa-fio pelo eletroduto.
• 3° Passo: Separe a fiação, que será passada, de acordo com o diagrama unifilar
da figura 03, em que F é a fase, R é o retorno e N é o neutro.

Figura 03: Diagrama funcional do acionamento de duas lâmpadas por dois


interruptores

Fonte: Elaborada pelo autor.

• 4° Passo: Prenda a fiação no passa-fio e faça as devidas passagens pelas caixas


de derivação.

133
Eletricista instalador predial de baixa tensão

• 5° Passo: Depois de passada a fiação, desprenda o cabo-guia e realize as conexões


no soquete e no interruptor e, se necessário, realize emendas. Não se esqueça de
que o condutor fase vai no interruptor e a fase vai no receptáculo. Se necessário,
identifique qual o condutor de fase com a chave teste.
• 6° Passo: Feche os interruptores e ligue o disjuntor geral, alimentando o circui-
to, acione os interruptores e verifique o funcionamento correto das lâmpadas.

PRÁTICA 5: Instalação de uma lâmpada acionada por interruptor


paralelo ou Tree-Way

Material utilizado:
• Fios • 2 interruptores paralelo de uma seção (uma tecla)
• Alicates • 1 soquete para a lâmpada
• Fita Isolante • 1 cabo-guia ou passa-fio
• 1 lâmpada • chave de fenda
• 1 chave de teste

Procedimentos:
• 1º Passo: Com o auxílio da chave teste, verificar se o circuito está desenergizado:
se estiver desenergiado continue, senão desligue o disjuntor.
• 2º Passo: Passar o cabo passa-fio pelo eletroduto.
• 3° Passo: Separe a fiação, que será passada, de acordo com o diagrama unifilar
da figura 04, em que F é a fase, R é o retorno e N é o neutro.

Figura 04: Diagrama funcional do acionamento de uma lâmpada por dois


interruptores paralelo

Fonte: Elaborada pelo autor.

• 4° Passo: Prenda a fiação no passa-fio e faça as devidas passagens pelas caixas


de derivação.
• 5° Passo: Depois de passado a fiação, desprenda o cabo guia e realize as conexões
no soquete e no interruptor, e se necessário, realize emendas.

134
Proposta de prática profissional

• 6° Passo: O condutor fase deve ser conectado no terminal central (terminal do


meio) de um dos interruptores. O terminal central do outro interruptor deve ser
conectado na lâmpada. Se necessário identifique qual o condutor de fase com
a chave teste.
• 7° Passo: Feche os interruptores e ligue o disjuntor geral, alimentando o circuito,
e acione os interruptores e verifique o funcionamento correto das lâmpadas.

PRÁTICA 6: Instalação de uma tomada com condutor de proteção.

Material utilizado:
• Fios • 1 chave de teste
• Alicates • 1 cabo-guia ou passa-fio.
• Fita Isolante • chave de fenda
• 1 tomada (2P+T) • multímetro

Procedimentos:
• 1º Passo: Com o auxílio da chave teste, verificar se o circuito está desenergizado:
se estiver desenergiado continue, senão desligue o disjuntor.
• 2º Passo: Passar o cabo passa-fio pelo eletroduto.
• 3° Passo: Separe a fiação, que será passada, de acordo com o diagrama unifilar
da figura 05, em que F é a fase, R é o retorno e N é o neutro.

Figura 05: Diagrama funcional do circuito de uma tomada com condutor


de terra

Fonte: Elaborada pelo autor.

• 4° Passo: Prenda a fiação no passa-fio e faça as devidas passagens pelas caixas


de derivação.
• 5° Passo: Depois de passada a fiação, desprenda o cabo-guia e realize as conexões
nos terminais da tomada e se, necessário, realize emendas.
• 6° Passo: Se atente para a conexão correta do condutor de proteção, que deve
ser conectado no furo central da tomada.
• 7° Passo: Feche a caixa de tomada e ligue o disjuntor geral, alimentando o cir-
cuito. Utilize o multímetro para medir tensão e verifique se há tensão nos furos
da tomada e se é a mesma tensão instalada.

135
Eletricista instalador predial de baixa tensão

Currículo do professor-autor
Charles William Polizelli Pereira
nasceu e vive no interior do Paraná, é formado em Engenharia
Elétrica, em Engenharia Civil e em Engenharia de Segurança
do Trabalho e atua como professor em cursos de graduação,
cursos técnicos e profissionalizantes, além de atuar como
engenheiro projetista.
Tem experiência na indústria como projetista de
Transformadores de Potência e como desenvolvedor de
sistemas embarcados utilizados para controle de energia
renovável. É autor de livros de circuitos elétricos e eletrônicos, sistemas de controle
realimentado e instrumentação industrial.
Gosta de ensinar e está em constante aprendizado, buscando conhecimento sobre novas
tecnologias e inovação que surgem dia a dia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este livro, no decorrer do conteúdo técnico, trouxe desde onde a eletricidade é
gerada até os locais de consumo, os seus principais fundamentos físicos, os elementos
de uma instalação elétrica, comercial e industrial, as ferramentas da área elétrica, além
de apresentar os princípios de segurança da atividade do eletricista.
Para a execução de um bom trabalho, o profissional da área de instalações elétricas
precisa ter conhecimento de projeto, da execução correta das instalações, dos dispositivos
utilizados, de como projetar e especificar esses dispositivos e o seu correto meio de
instalação, precisa conhecer e conseguir utilizar as ferramentas e equipamentos, e
conhecer os riscos inerentes à profissão e as formas de evitar acidentes.
É uma profissão que requer constante atualização das novas tecnologias que surgem,
requer cuidado na sua execução e proporciona às pessoas atendidas mais conforto e
desenvolvimento.
Sempre faça com muito zelo as atividades de instalação, tomando cuidado com a
sua saúde, utilizando corretamente os equipamentos de segurança. Cuide também de
suas ferramentas de trabalho, pois elas te proporcionarão uma boa execução dos serviços
e te farão ser bem-sucedido. Esteja sempre informado e, se houver dúvida, busque as
respostas para exercer a sua profissão.

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