Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Daniel Almeida.
1
SUMÁRIO
O HOMEM ENQUANTO SER
O homem enquanto estética..............................................................pág4
O homem e a verdade.......................................................................pág7
O homem e a autoafirmação............................................................pág10
O homem e a vontade......................................................................pág15
O homem e o costume.....................................................................pág13
O homem e a bondade.....................................................................pág18
O homem e a democracia de massa.................................................pág21
O homem e o amor..........................................................................pág24
O HOMEM NA SOCIEDADE
O homem e a política.......................................................................pág26
O homem e ansiedade.....................................................................pág29
O homem nas relações sociais.........................................................pág32
O homem e sua nova forma de pensar.............................................pág34
O homem e o consumo desornado....................................................pág37
O homem e Deus.............................................................................pág39
2
PEQUENA OBSERVAÇÃO
É bom que se faça algumas observações antes de prosseguirmos nesta
investigação, valendo-se do leitor saber que, para fins literários, explicarei
cada palavra-chave em seu conceito que interpreto, uma vez que há
palavras e diversas interpretações, porém, buscarei sensatez e, por mais
que algumas conclusões possam transparecer em absurdo, certificarei de
não alterar, durante a investigação, os sentidos que atribuirei a elas.
3
O HOMEM ENQUANTO SER
CAPÍTULO 1 | ESTÉTICA
4
distintas, porém, não que seja necessariamente bom tomar conhecimento
de muitas coisas, para assim, compreender outras coisas a mais com um
olhar mais plural. Um conhecimento verdadeiro abre espaço para uma
multidão de realidade; um falso, multidão de ideais.
Por ser o homem eternamente desejoso das coisas, tanto materiais quanto
sentimentais, experimentais, nunca pára, então eternamente será um
parecer-do-ser. O parecer-do-ser é a forma mais possível que o homem
consegue para transparecer o ideal, seja este ideal um eu do passado que
é por ele buscado, do presente ou do futuro. Porém, ambos serão um eu
do futuro, por mais que queira transmitir um antigo ideal, como no
exemplo, parecer-se sério (e daí as roupas formais) imaginando ser este
um bom ideal, então, quando atingi-lo, tornar-se-á uma nova versão,
jamais semelhante a antiga, uma vez que as ideias que tomara até chegar
a esta nova versão alteraram-lhe suas visões acerca do parecer-ser;
consequentemente, por sê-lo, é então o homem também um eterno tornar-
a-ser. Veste-lhe o parecer, para tornar a ser o que lhe já transparece
parecer. O ideal que toma como projeto move-o, e muitas vezes o faz
erroneamente como sendo-o o próprio fim em si mesmo. Erra, pois o ideal
por definição não é, e tudo o que não é não pode ter valor. O ideal é o
plano futuro que, alcançado, deixa de ser ideal e torna-se real. Só aquilo
5
que é pode ter valor, e tudo aquilo que é real tem valor per si, podendo sê-
lo algo negativo ou positivo. Entretanto, não que seja o ideal algo
descartável, uma vez que é bom que o ideal sirva ao real. Logo, tudo o que
é real está acima do ideal, e a vida que busca somente o ideal subjugando
ou até mesmo renunciando o que é real vive em caminhos totalmente
aleatórios obtendo vontade de um coração louco e sem razão. Uma vida
que segue o plano real-ideal-real é boa, por que encara os fatos presentes
e anseia conhecer as verdades (as coisas que são, ou seja, as coisas reais)
da boa vida, e, para alcançar isso, projeta um plano ideal, sendo este
apenas ferramenta para enfim alcançar o que há de real, um novo fato
que antes era desconhecido. Uma nova descrição daquilo que é, e que
antes era-lhe desconhecido. O homem que compra a peça de roupa ideal
como fim em si mesma, seguindo o plano real-ideal-ideal, encontra-se,
enfim, novamente desejoso, e tornará a sê-lo em eterno (pois é natural do
homem desejar) e seguindo este plano, o tomará como sendo sua verdade,
e que mostrar-se-á falsa futuramente.
6
CAPÍTULO 2 | O HOMEM E A VERDADE
7
Quando se fala em qualquer coisa, atribui-se a essa coisa qualidades que,
se forem mudadas, deixam de ser aquilo que era, como o ferro. O que faz
o ferro propriamente dito? ele ter 26 prótons e 30 nêutrons no núcleo. Se
perde um próton, não é mais ferro. Uns podem dizer: "mas se eu cobrir
uma barra de puro ferro com água, então será ferro com água, e não irá
simplesmente deixar de ser ferro". Esta ideia prova-se falsa por que o que
faz com o que o ferro ainda seja ferro não foi alterado. Então, quando se
fala no eu, no sentido do ser persona, 'eu sou timído', 'sou egoísta',
presume-se ter este 'eu' qualidades específicas que o distingue de outros
seres. A frase "eu sou tímido hoje, mas 2 anos atrás não era", por
exemplo, não faz sentido, uma vez que o eu era algo e não é mais, ou seja,
aquilo que hoje define o eu, que faz com que o eu seja o eu, deixou de
forma, então, o eu "timido" não é mais o eu. Alguns poderiam dizer "este
novo que é o eu", então pergunto: O que afinal forma o eu? Por que todo
ser só pode ser uma coisa; não pode ser e não ser. Portanto, o 'ser eu'
possui características intrínsecas que o define; se alteradas, deixam de
sê-lo. O que forma intrinsecamente o eu? uns dizem: "a carne humana é
que é o eu", que me parece um estranho pensamento, uma vez que a
carne humana se renova todo dia, então o eu sempre deixa sê-lo a todo
momento. Portanto, não é regra válida para a intrinsecabilidade do ser. Se
a personalidade do ser, que como todo ser necessita de forma imutável
para sê-lo, é então a própria personalidade algo não-material, e a
capacidade de absorção de conhecimento e formalização, o cérebro.
8
personalidade, pela própria natureza desta; fica o homem gasto, por achar
comportar-se falsamente. Este é o peso de ter no homem consciência.
9
CAPÍTULO 3 | O HOMEM E A AUTOAFIRMAÇÃO
10
espaço que sobra para alguma personalidade menos ditada e mais
intuitiva também sofre vários danos (ainda no exemplo das grandes
cidades) pois já há uma paleta aceitável de "verdades subjetivas" em que
pode o homem seguir, como uma espécie de seleção natural
institucionalizada, voluntariamente, na sociedade. Porém, é bom
certificarmos que não há erro na discriminação, de modo que é o homem
livre para empregar-se de muitas figuras que o represente, de sorte que a
impossibilidade em certos comportamentos está atrelada, primeiramente
a lei que dita esta sociedade e em seguida nos próprios atos repressivos
desta perante a lei vigente. Não cabe-me regrar qual lei é justa ou não
neste capítulo, talvez noutra hora. Mas é certo que o homem mediano, já
empregado nesta sociedade, costuma-se misturar, mesmo que não goste,
aos comportamentos e ações moralmente aceitáveis desta sociedade. Por
mais que não goste, o faz por que quer, já que se não quisesse
desobedeceria e sofreria punições; prefere-lhe seguir do que responder por
lei. É visível: por mais repressivo que seja algum governo ditatorial, se
este estabelece seus domínios, primeiro militarmente, em seguida
conformando-os de que esta é a situação vigente e que perdurará, depois
impondo a cultura de aceitação, de respeito à autoridade, e, por fim,
tirando-lhes o anseio natural do homem pelo o que é divino, sagrado,
transcendental, transferindo a máxima de respeito e motivo da existência
deste povo em si; os homens encaram então seu destino de maneira
voluntária, por mais assustador que seja. Então, nesta sociedade
ditatorial, os desejos do homem médio serão pouco variáveis (já que se
trata de uma sociedade que estabeleceu-se forçosamente e agora
"voluntariamente"), entretanto, por mais que uma sociedade de livre
mercado num ambiente fortemente urbanizado e burocrático (burocrático
no sentido de regras privadas e não estatais) seja infinitamente melhor
por diversos motivos, esta também age de maneira maliciosa. É ela uma
repressora "voluntária", um ostracismo de massa. Mas é certo: não há
sociedade sem algum tipo de repressão, seja ela no nível militar, cultural
ou voluntária. O homem social aceita conviver num espaço onde, no
mínimo, as pessoas dividem uma ideia moral acerca de suas interações,
11
como não iniciar agressão, não agredir propriedade alheia, resolver
conflitos de maneira pacífica e em último caso coercitivamente, etc. Não é
desejável ao homem viver como uma engrenagem de um motor maior; por
mais que queiram, também querem sê-los por algum tempo somente, por
que querem voltar para casa depois do trabalho e ter consciência de si,
das coisas que o cerca e ter-se a certeza do caminho que o traça. Vê-se o
homem num dilema que ele mesmo escolhe: "Devo buscar um novo
ambiente, adaptar-me, por que este me permitirá certa liberdade da alma,
ou ficar aqui, rodeado das mesmas coisas e das mesmas pessoas com os
mesmos pensamentos sobre as mesmas coisas sobre o mesmo chão e as
mesmas propagandas e os mesmos anseios?" Geralmente a escolha que se
faz é a segunda, e então, gera-se no homem o costume.
12
CAPÍTULO 4 | O HOMEM E O COSTUME
13
adaptar-se na medida do possível. Entretanto, não é que tenha o homem
solteiro e o homem que namora a mesma intensidade de prazer, mas
ambos acostumam-se nestas condições. O homem que namora dedica
necessariamente mais tempo à sua companheira do que antes, de modo
que o tempo que preenchia sua existência antes agora a pertence, o que
no exemplo anterior do solteiro chorão é ótimo, pois vê-se lamentando
menos e sorrindo mais. Por agora ter em mãos uma situação nova,
esforça-se para mantê-la, por que permite a si ter um novo e
surpreendente caminho que poderá dar-lhe um bom sentido de vida.
Entretanto, se agir como um homem médio, e achar-se nela o fim de um
projeto de vida, ou seja, se o valor de estar com ela já vale por si, e não
encarar o relacionamento como um meio para uma realização mútua de
um fim, então vai-se o homem num novo buraco que ele mesmo o cava.
Cai o homem no buraco de valorizar seus desejos como fim em si mesmo,
e, ao alçar outro sonho, faz o mesmo! Parece ao homem nunca aprender...
Tudo nesta Terra, desde a pedra até sua família estão destinados ao fim,
ao pó e ao descontentamento, a falha, a incompletude e ao rabisco mal-
feito da metafísica. Buscar as coisas como fim em si mesmas é ridículo,
porém, incorre ao homem quase que instintivamente nesta jornada por
ser-lhe ainda natural que contente-se de que ache graça rapidamente,
sem necessidade de uma reflexão moral pessoal.
14
CAPÍTULO 5 | O HOMEM E A VONTADE
15
prefere trocar de roupa à fazer novos amigos ou convence-los; No fim,
acabou por fazer, tanto nas duas possibilidades, uma escolha totalmente
individual e egoísta.
16
se correta ao próximo, querendo agir assim ou não. Se quer, age bem,
mas também age pela própria vontade, ou seja, age por que é certo e por
que quer, sorte que quis agir certo para agir certo. Se agisse contra a
vontade por que entende ser o certo a se fazer, então não quis agir certo
mas agiu certo. O que faz o homem agir certo? Sua consciência moral,
Deus, ou as forças da natureza? Se Deus, então é certo que o homem não
tem livre-arbítrio nenhum, e o determinismo puro é verdade, de maneira
que nem precisa terminar de ler este livro, por que seu fim já se encontra
feito; As forças da natureza, ou seja, instinto? O instinto natural é
egoísta. Resta-nos a consciência moral: Só esta é capaz de agir conforme
dilemas. Se não a tivéssemos, agiríamos sempre controlados por outra
coisa ou entidade. Então é bom que tenha o homem egoísmo e vontade de
agir, entretanto, muitos usam deste artifício divino para caminhos
tortuosos, de maneira a não cumprir aquilo que é objetivamente bom.
17
CAPÍTULO 6 | O HOMEM E A BONDADE
Vimos que age sempre o homem de modo egoísta, de modo que agir de tal
maneira, per si, não é objetivamente errado ou de ma fé; é o egoísmo uma
ferramenta, um meio, para determinado fim que então poderá ser maléfico
ou benéfico. Entretanto, o homem confunde esses caminhos, e engana-se
pensando ser egoísmo = maldade e altruísmo = bondade, quando na
realidade, como demonstrado é o inverso. Somente no egoísmo mais pleno
e ideal é possível que poderia agir o homem com sua consciência e
vontade para o bem, de maneira que também poderia usá-lo para o mal,
mas certo que no altruísmo age o homem sem consciência, por sê-la
impossível. Tendo em mente todas as etapas em que enfrenta o homem,
desde a gênese de uma nova coisa até agora, poderia então o homem agir
corretamente? Afinal, há então bondade para que possa o homem agir?
No plano físico per si não há, por que não há nada na matéria em si que
possa haver a substância da bondade. Entretanto, se conectarmos o
mundo físico, onde manifesta-se os planos metafísicos, então haverá uma
bondade, de modo que a interação de matéria entre matéria por si não
tinha valor, porém há nelas algo que agora as dão. Esse algo é a verdade.
A verdade descreve aquilo que é, e o que não é, não pode ser. Então,
contar uma mentira, ou o ato da mentira, que é descrever/agir conforme
aquilo que não é, não pode ser bom.. nem mal. Portanto, não pode ser boa
a mentira. Só a verdade é boa, na medida em que a verdade é a própria
manifestação das coisas que existem, e todo o ser existe para um
propósito (a semente que nasce, a abelha que poliniza, a terra que dá
alimento, etc) e, se existem para um propósito, então são fruto de uma
"mente" que as projetou, e esse projeto e tudo o que existe é a própria
manifestação do desejo deste Criador. Se existimos e tudo o que existe
*existe*, e o que existe é a própria bondade, então o Criador criou a
bondade; e as coisas que não são: a anti-bondade, não é criação do
Criador, ou seja, o Criador fez somente bondade, o projeto, que é o que
existe, e agir conforme a não existência é agir, por definição, contra a
18
bondade. É então: tudo que há de bom, é a verdade; tudo que não é, anti-
bondade.
Entretanto, não pode a bondade ser "aquilo que é por nós desejado", por
que se é isso, e como os homens desejam coisas diferentes e conflitantes,
esta última por si anula a ideia da relativização da bondade individual,
por que, eventualmente, a bondade de um indivíduo será conflitante com
a bondade de outro, ou seja, será a bondade X e 1/X ao mesmo tempo, e,
sendo bondade sinônimo da verdade, é então, nesse ponto de vista a
verdade anti-lógica. Se a bondade não é algo que se possa relativizar,
então há ações em que age o homem corretamente objetivamente, e, por
mais que a culpabilidade está ligada ao ato de consciência do indivíduo,
também não se pode dizer que por isso pode agir o homem sempre como
quiser sem um pleno ordenamento racional e deste modo não agir de
maneira incorreta. Há no ato a incoerência, que é por si anti-lógica
portanto incorreta, de maneira que age o homem mais ou menos
conforme os ensinamentos morais que são a ele passados, que são
experimentados pela consciência e digeridos de maneira própria, e haverá
de agir conforme estes.
19
haver verdade relativa. Poderá a encontrar, porém, por sê-la objetiva,
acabará encontrando uma regra universal, que é como demonstrado a
própria verdade.
20
CAPÍTULO 7 | O HOMEM E A DEMOCRACIA DE MASSA
21
na verdade é o contrario: A sujeição das coisas, não só materiais como
também morais do homem mediante um instrumento onde todos brigam
para tomar as coisas entre si, e não por meios de troca, é por si anti-
humano, e é certo que comportamentos deliberados nessa ordem
subverterá o que há de mais elevado e sofisticado no homem, e fazer com
que se desfaleça o principal âmbito moral de uma cultura. Não que as
trocas voluntárias sempre acarretariam em uma sociedade imediatamente
realizada e feliz, de maneira que aqueles que já detém grandes
propriedades sempre levarão as vantagens iniciais, entretanto, incuti-los
a resolverem os desejos daqueles que menos tem, de maneira a cerceá-lo
das grandes propriedades para satisfação de uma massa, e, por este
método ser essencialmente errado, nunca encontrarão a pacificação e o
equilíbrio de vontades. Jamais chegarão ao fim, que é a materialização da
verdade.
Vê-se então o homem levado por qualquer tipo de doutrina, uma vez que
já se relativizou-se as principais verdades acerca de si, e, não só isto, mas
também incutiram-lhe uma reinterpretação deturpada das coisas mais
fundamentais, as coisas que, se não forem bastante claras, o homem não
conseguiria então raciocinar sobre a realidade que o cerca. Essa nova
roupa em que vestiram os conceitos básicos, que são: A espiritualidade, a
consciência de si no mundo e a reformulação do ordenamento jurídico. A
perversidade ocasionada nessas partes sem as quais o homem
simplesmente não vive como indivíduo e sim como uma massa coletiva
sem raciocínio próprio alteram totalmente a percepção deste para com
tudo de mais importante; sem uma clara explicação da doutrina religiosa
que segue, esta pode ser usada, tanto para espoliação econômica do
homem, tanto política, afim de, na mais vil das intenções, alienar-lhe à
um determinado caminho, como se fizesse a escolha voluntariamente,
sem mostrar-lhe ou até mesmo censurar qualquer um que mostre-lhe
uma outra alternativa para aquela questão; se o homem não tem
consciência de si, do que é, do que faz, do que deve fazer e do que não
deve fazer, facilmente é para este receber qualquer ordem ou instrução de
22
terceiros, de maneira que a maioria, por exemplo, seguem as leis por elas
serem puras e simplesmente leis. Seguem-na por si, e não conseguem
sequer raciocinar sinceramente do que por que segui-las ou não. Apenas
acreditam que é o certo a se fazer por que elas existem; Dando uma nova
interpretação acerca do regramento político, pervertendo o significado de
palavras-chave, como direito, vida, liberdade, democracia etc, o homem
político obtém apoio necessário para estabelecer-se sobre os homens
comuns, de modo a fazer-lhes agir de determinadas maneiras apenas por
ouvirem uma única palavra, por exemplo, democracia. Essa palavra
comumente tem o poder de significar liberdade, razão, certeza, ou até
mesmo "o modo certo se resolver as coisas", que já demonstrado aqui ser
totalmente o contrário. E esse novo ordenamento jurídico consegue se
estabelecer principalmente por um elemento chave que é natural do
homem social: Viver e trabalhar em paz. O homem geralmente procura
uma vida simples, onde o fruto do seu trabalho possa além de satisfazer
as necessidades básicas mas também possa-lhe suprir alguns desejos a
mais, geralmente não muito exacerbados, de maneira que não quer o
homem refletir muito sobre política, por que na gênese sabe que política
não resolve nada! Entretanto, ao usar dessa natureza voluntária e
pacificadora do homem, o ser político então subverte o sentido de tudo
aquilo que representa, de maneira a blindar-se com o alfabeto, impedindo
o homem de conseguir pensar realisticamente sobre ele, e, como já não é
natural do homem se preocupar com isso, em tentar descobrir algum tipo
de mistério ou algo além do necessário, não se esforça o suficiente para
enfim entender da real situação que está.
23
CAPÍTULO 8 | O HOMEM E O AMOR
O último tropeço do homem recai sobre o amor; este que é a forma da boa
vontade, suplanta-se num coração frio e mecânico, de maneira que perde-
se no homem toda individualidade e vontade de ser. Entretanto, não cabe
ressaltar o ódio em separado, por não sê-lo diferente do amor; não é o
contrário de ódio o amor, e sim, a indiferença. A escassez de autonomia e
de vontade. No homem contemporâneo, todas as formas de interpretação
do amor são subvertidas e relativizadas, e é certo que o mal deste século,
antes de ser a ansiedade, é a falta de verdade, por que é certo que todas
as coisas têm sua causa e seu efeito, sendo a relativização de tudo, que é
por si só a transformação dos conceitos tradicionalmente verdadeiros por
um falso epicurismo moderno exacerbado, que ilude ao homem ser
completamente são de si à todo momento, como se fosse uma máquina de
pura razão e controle emocional, o que, logicamente, não é verdade. Já no
começo das grandes cidades urbanas, viu-se crescer assustadoramente a
taxa de suicídios, e mais ainda hoje, pela relativização. Antes, via-se o
homem certo de seu destino porém preso por oportunidades; agora, vê-se
o homem cheio de oportunidades, porém preso em seu destino. Há mais
de tudo, e tudo falta. Multiplicam-se os pais, perde-se a fome. Cria-se
demanda, falta oferta. Em tudo há excesso, e isso é maravilhoso, mas por
não saber lidar com o espanto de oportunidades, vê-se o homem refém de
si. Creio que, se há um fim para isso tudo, e há, é certo que não é num
emprego de século 21 que encontrei o sentido da vida, nem numa nova
atualização, ou tanto faz; se há algo além, é certo que o nosso destino é
para lá, pois é natural do homem a busca pela verdade. Não mais hoje se
vê disto, de sorte que o homem está contaminado pela busca de meios
infinitos para um fim jamais certo para si. Falta o amor, a essência que
move e não se é movida, a causa motora da existência, o berço afago, as
rodinhas da bicicleta, e a câmera que registra a primeira caminhada
autônoma em duas rodas. Amor é o ato de tentar trazer o eu de outra
pessoa para mais perto de si, porém, nunca o alcança, de maneira que só
é o corpo um rascunho de manifestação da essência da existência, por
24
isso é o amor uma constante, uma infinita entrega de corpos, não só entre
humanos, mas para tudo. Perceba o homem que ama carpintaria: ao
finalizar um trabalho, não disfarça o sorriso; busca abraçar o projeto, não
cansa de olhar, de sorte que magicamente jamais entedia-se disto. Amor.
É ele mesmo a prova da existência de algo superior, por que parece-nos
ser infinito, de maneira que só pode ser algo infinito se existe o espaço
infinito para que possa sê-lo, e é ele mesmo que, sem perceber, atiça no
homem uma eterna vontade de existir, e de conhecer a verdade por meio
desta. E é esse sentido que perdeu-se no homem. Agora, o instrumento da
finalidade, da existência, do rumo da vida será, eternamente, um
emprego. Note: eternamente. É sim o trabalho um meio para um fim, mas
na sociedade urbana, onde permanece a cultura do diploma por diploma,
do concurso por concurso, ou do dinheiro por dinheiro, é certo que não
encontrará um fim firme e permanente, já que o busca em coisas finitas e
mortais, nos deuses da matéria. Por todos os motivos já passados, o
homem, agora sem amor, sem verdade e sem vontade, só vê uma escolha:
arrumar um emprego qualquer, casar-se com alguém que não ama, ter
filhos que não planejou, queixar-se diariamente do trabalho, trair e ser
traído, dar péssimos (ou nenhum) exemplo aos filhos, e arrepender-se de
tudo no fim da vida. Este é, indubitavelmente, o fim do homem, que fez-se
refém da própria consciência, selou as portas da própria cadeia, jogou a
chave fora, e agora encontra-se totalmente animalizado, não age com
consciência e sim por puro instinto, um instinto social, vive determinado,
e a falta do controle faz o homem ser guiado por qualquer outra coisa,
menos a si.
25
O HOMEM NA SOCIEDADE
CAPÍTULO 9 | O HOMEM E A POLÍTICA
*******
26
ocasiona uma melhor qualidade nos serviços, também é diferente na
política: Aqueles que melhor satisfazem os desejos de uma maioria
ganhará a sua recompensa.
27
ocasiões isto não acontece, como por exemplo, algum político que por
algum motivo ganhou tanta fama nas vésperas das eleições, que nem
precisou-se lançar promessas, ou o caso daqueles que são levados juntos
sem ter um único voto, etc, porém, a tendência é esta. Há também nesta
relação líquida um outro fator que, infelizmente, mantém a confiança no
Estado e na democracia, mas serve para estremecer um dos pilares do
mal hábito que são as políticas de altos gastos, pensamento de curto
prazo, estatização ou excessiva regulamentação, inchamento da
burocracia, etc, pois o discurso de moralidade política (moralidade em
roubar dinheiro?), de enxugamento na prestação dos serviços públicos,
etc, costuma contrabalancear com a tendência dominante da democracia,
uma vez que o ciclo do populismo de gastos sempre se esgota, dando
espaço para o populismo moral, do bom uso do dinheiro do povo, etc.
Entretanto, quando houver o menor sinal de recuperação, principalmente
econômica, então volta aqueles que prometem uma maior socialização dos
recursos, e assim sucessivamente.
É então essa relação líquida a mais atuante e principal réu das causas
que assolam o homem, principalmente no mundo moderno, que serve
como uma espécie de retroalimentação das características mais vis do
homem, que faz com que ele pense ter autonomia, quando, na verdade,
quanto mais pensa isso, menos realmente tem.
28
CAPÍTULO 10 | O HOMEM E A ANSIEDADE
29
infinitamente mais fácies de tomar, em que o homem perde-se em suas
próprias decisões, no chamado paradoxo da escolha. Isto ocorre por que é
natural do homem sempre tomar a melhor decisão em menor tempo
possível, e é neste motivo em que vê-se ansioso e com uma sensação de
desilusão, paralisia, por que optou por uma dentre várias opções e só em
seguida descobre que perdeu seu tempo numa decisão não tão boa. Esse
sintoma agrava-lhe pois, quanto mais opções possui, maior deverá ser o
marketing, investindo mais na parte emocional, pois esta atrai mais
rapidamente o homem do que numa decisão plena e racional. Essa
ansiedade transporta-se para fora, de maneira que atua na forma de uma
personalidade que age principalmente nas relações afetuosas, certo que a
interação entre esses dois indivíduos possui cada vez mais características
singulares.
30
tendência do homem integrar-se nos valores já manchados desta. É
retroalimentado.
31
CAPÍTULO 11 | O HOMEM NAS RELAÇÕES SOCIAIS
32
assumida como absoluta leva o homem à uma rua sem saída.
33
CAPÍTULO 12 | O HOMEM E SUA NOVA FORMA DE PENSAR
34
a sociedade e sim, fazer com que ela subjugue-se. É claro que, quando
fora do controle agem de maneira coercitiva, entretanto, sua maior e mais
ativa arma sempre foi o convencimento, o que não lhes é difícil alcançar.
35
cultural nas escolas, ou proibir que professores façam uma oração antes
da aula, etc. Outra atitude é perverter o sentido de liberdade, atrelando-
na bestialmente à democracia, como sinônimos. Desta forma, toda decisão
não democrática é imediatamente rejeitada. "Democratizar a mídia" é dar
liberdade de acesso à todos à mídia. Seria talvez a pior arma deles, esta.
Deste modo, com a legitimação do Estado, do ocultamento religioso
predominante e da tomada das propriedades do homem sob essa forma de
governo, possui então todos os meios que necessitam para a subversão.
Nem precisam de fato estarem no poder. Torna-se como uma simulação
de computador: alteram-se modos primordiais de se pensar a vida por
falácias que enganam-se com a verdade. Com o tempo, a própria
sociedade, por terem sido alteradas a maneira como pensam, só
conseguem então chegarem a conclusões que os subjugarão no futuro,
tornando os agora resistentes da nova cultura como "inimigos do
progresso, da ciência, da razão", permitindo assim a ascensão (agora sim)
política, econômica e militar dos subversivos.
36
CAPÍTULO 13 | O HOMEM E O CONSUMO DESORDENADO
37
não se tira a vida por que a fagulha da busca de sentido não lhe cessará,
enquanto o homem for homem.
A vida simples é desejada, mas não como uma rotina e sim uma semana
de férias; O trabalho que "paga as contas e permite um dinheiro pra sexta
e sábado" é almejado, mas quem o vive deste modo é considerado fraco e
abaixo da média. Todos esses pensamentos só indicam-me ser o homem
desejoso de tudo quanto não é da modernidade, para a mais natural, mas
não animalesca, forma de contentamento ante as questões que assolam o
homem desde que se fez na Terra, porém impedido de alcançá-la
justamente pela forma secular (referente ao século, ao agora) de ter que
resolver-se as tensões atuais que emergem justamente da busca do
homem pela "boa vida".
38
CAPÍTULO 14 | O HOMEM E DEUS
39
alteração nas premissas transforma todo o sentido de uma coisa: "Deus é
o Deus da riqueza e da prosperidade. Salomão, abençoado por Deus, era
rico! O mais rico de todos.. Ele caiu pela vaidade, mas é certo que Deus o
queria bem afortunado. Por essas e outras, é óbvio concluir que não
precisamos nos focar mais na adoração sincera ou na leitura e reflexão da
palavra, basta apenas que sigamos os mandamentos e que oremos
pedindo o sucesso material." E deste modo, sutilmente e vestido de
religião nascem os surrupiadores. Estes, os piores subversivos, envolvem-
se de uma áurea moral, de maneira que ofendê-lo ou criticá-lo é motivo de
maldição pois "Ai daquele que tocar num ungido do Senhor!". Ou seja, se
ao menos houver uma discordância de pensamento, ou é por que o
demônio está causando confusão na sua cabeça, ou você está certo,
entretanto, se o tiver, e denunciar os atos hereges do sacerdote, por mais
errado que ele esteja, ele pelo menos "está falando de Deus" e seria
horrível se alguém quebrasse essa aliança entre pastor e igreja, não é
mesmo? Não, porém é deste modo que muitos pensam.
40
este sentido se esvai, vai consigo esta busca, e então, perde-se o objetivo
central e movente do homem.
41
REFLEXÕES ACERCA DA VERDADE
CAPÍTULO 15 | CAPÍTULO ÚNICO
42
própria afirmação de uma coisa, que presume não haver uma objetividade
nas coisas veste-se disto para ter seu valor como uma verdade! Ou seja,
por esta frase concluímos o contrário: Existem verdades absolutas. Por
que, se a frase é verdade, se não existem verdades absolutas, então esta é
paradoxal, pois para que seja verdade é preciso que a própria afirmação
não seja; Se ela é falsa, ou seja, se a afirmação de que não existem
verdades absolutas não proceder, então, obviamente, poderíamos concluir
duas coisas: então podem existir verdades com tempo de duração, ou
todas as verdades são absolutas. Todas as verdades possuirem um prazo
de validade é incorreto, pois a própria natureza da palavra está ligada à
sua intrinsecabilidade. É, então, a corrupção uma espécie de descrição
temporal de uma coisa. Já que não é então a verdade e sim a realidade,
concluímos que é sim a verdade algo absoluto. Se a é, certo que existem
verdades intransponíveis inseridas na realidade, o que é belo, por que
podemos então nos aparar em estruturas inabaláveis como guia. Como
chegamos à verdade? Através da razão ou pela fé revelada. A primeira
compreende o método físico-metafísico, onde se faz necessário primeiro a
observação da realidade (físico) e a partir do conhecimento adquirido
racionalizar, ou seja, trabalhar com a mente (metafísico) para que se
extraia a verdade, separando-a da corrupção. A segunda, é puramente
metafísico-metafísico, pois compreende uma experiência entre dois
transcendentes, a mente humana (alma) e a mente de Deus. A segunda é
mais elevada, entretanto, não pode ser alcançada de um indivíduo
revelado à outro pelo método da razão, ou seja, pelo método físico-
metafísico, pela própria natureza transcendente; só se alcança de um à
outro se a primeira etapa do segundo método (ou seja, Deus) permitir, por
que até na primeira o mundo físico também "permite" ao homem conhecê-
la e em seguida racionaliza-la. O homem então deve buscar as verdades
mediante o uso da razão, observando a realidade e separando a corrupção
desta, entretanto, buscar através da oração a graça para que alcance as
verdades mais valiosas somente acessíveis pela fé.
**********
43
Poderíamos então igualar a verdade com a lei? Por que é certo que algo só
se torna uma lei na medida em que se chega à conclusão da
intrinsecabilidade da descrição do objeto, por exemplo, as leis físicas. É
uma verdade que a gravidade sempre atrai os corpos para si, de maneira
que a observação desta e sua racionalização levaram-nos a constatar isso.
Se as verdades são também tratadas como leis, no sentido de ser uma lei
(ou pelo menos deveria ser) algo instransponível e atemporal? Por que a
lei é em si a descrição objetiva do objeto, e traz consigo a certeza de que
assim o será. A lei descreve a essência, a coisa sem a qual objeto deixa de
sê-lo. Poderíamos então constatar a existência de leis intrínsecas ao
homem, de maneira que seja lógica e não puramente romântica? Sim, e
há essas leis, as mesmas que são tidas como verdade no mundo físico
também o são ao homem. Soa estranho falar disto, como se houvesse leis
previamente "escritas" antes mesmo da existência de uma constituição,
mas o fato é que nem mesmo a constituição vale de algo: é apenas um
livro com rabiscos de tinta. Imagine se as leis físicas tivessem que ser
proclamadas por um governante? As pessoas achariam que, antes dele, as
coisas não caiam em direção ao solo, entretanto, elas caem e caem antes
de sua prescrição. Uma dessas verdades acerca do homem (que é a
verdade geradora das outras) é a do Direito Natural. Ela se dá a partir de
uma constatação muitíssima simples: O homem controla o seu corpo. É
óbvio também notar que o homem não é o corpo, o homem transcende
isso, por que se o fosse, e como sabemos que todo dia perdemos parte de
nosso corpo "original" e cedemos espaço à outros átomos que nos
preenchem (que inclusive podem ser átomos de outras pessoas!)
chegaríamos a louca afirmação de que "deixamos de ser-nos a cada
segundo", uma proposição que então assumiria uma postura relativista ao
homem, de maneira que já que não existe algo que faz o homem ser o
homem, se não há nele esta essência, então não poderíamos dizer com
uma certeza lógica de que ele possui coisas como liberdade, vida, etc.
Tudo então não passaria de puro átomo, desornado e sem valor, o que
parece-me bastante pueril em pensamento. Compreendendo então a
metafísica do homem, entendemos que é ela (alma, mente transcendente)
44
que então faz uso do controle do corpo (físico, material) sendo a alma a
própria essência. Se isto é verdade, e toda verdade é objetiva e vale em si,
é então isto uma lei, não do homem, mas no homem. Entretanto, se
raciocinarmos um pouco, veremos que ela parece ser violada, por
exemplo, pelo Estado e uso contínuo de força militar, para coagir um
homem que possa estar vendendo algum produto "ilegal" como frutas
numa feira sem a devida autorização governamental, mas não é. Uma lei,
por sê-la, não é violável, entretanto, pode ser com que o objeto (ser) que
esteja aparentemente sendo violado esteja envolto de acidentes
(corrupção) como citado anteriormente. Por mais que algo esteja
totalmente corrompido, a essência ainda persiste por que, não não
houvesse de estar mais lá, então esse algo (que é a própria essência) nem
poderia ser corrompido. Noutras palavras: dizer que "algo está
corrompido" já pressupõe a existência da essência da coisa. Ou seja,
quando no exemplo anterior age a força militar do Estado, coagindo o
homem a entregar as frutas que vende, não estariam "violando" esta lei
(direito natural) intrínseco ao homem, por que se a "violassem", se
chegassem à conclusão de que ela não está mais lá, então poderíamos
dizer que ela nunca esteve! Dizer que coisas "violam o direito natural",
neste sentido, é dizer que algo age contra a própria verdade. É como
alguém que tenta provar a existência de Deus pelo método científico. Ora,
se Deus for provado deste modo, então este que se provou obviamente não
é Deus, uma vez que a sua própria definição de é a de um ser que
transcende o mundo físico, ou seja, tentar prova-lo deste modo é tão
contraditório como dizer que o direito natural pode deixar de ser. Nesta
questão, conclui-se: Tentar violar o Direito Natural é agir como se este
não existisse, ou seja, corromper a essência de algo que transcende a
própria realidade tátil que nos cerca, não é apenas agir de modo
contraditório, e sim perverter um sentido puro e perfeito (por ser uma
verdade), ademais sagrado. Entretanto, não cabe a mim, não neste livro,
encabeçar as sanções para os que corrompem esse sentido, outros por
mim já o fizeram.
45
Compreendo esta verdade, chegamos então a dois caminhos: Segui-lo, ou
não. É certo que as instituições governamentais, pela própria definição de
um Estado não seguem destes princípios até seu firmamento, até mesmo
os de constituição liberalíssima, como em Lichtenstein, entretanto, este
país por assim fazê-lo não "revoga" os Direitos Naturais impressos na
natureza; ele os corrompe, além da sua intrínseca falta de moralidade, por
mais que o governante aja de boa fé, é impossível que pela via estatal
conseguia. Por último, é impossível que se resolva os conflitos humanos
que se refiram aos políticos, sociais, econômicos, morais, pois atinge todos
estes quando se perverte uma verdade tão básica ao homem, isto por que,
por mais estranho que seja, pode agir contra a verdade das coisas, mas
não pode ignorar a realidade das consequências por assim fazê-lo. É como
uma nação que revoga a lógica de que 2+2=4. Ela pode fazê-lo, entretanto,
todas as suas fundamentações, desde o engenheiro até mesmo o simples
modo de pensar as coisas, em muitíssimos níveis serão alterados, de
modo que poderiam chegar à um consenso de que 2+2=4,5 e assim se
resolveriam alguns problemas. Porém, os prédios continuaram caindo, por
que simplesmente a conta não bate. E dai aceitariam que pode ser que 2+
2=4,1 e então menos prédios cairiam, mas ainda assim ficariam bambos.
Até que se chegassem à conclusão da verdade, e os prédios estariam
fundamentados na verdade, e se algum cair, com as contas certas agora,
seriam por falha humana. Conclui-se: Estando de acordo com a lei da
física, os prédios possuem a fundamentação necessária para se
sustentarem, estando sujeitos apenas à falha humana; Estando de acordo
com a lei do homem, os homens possuem agora a fundamentação
necessária para suas relações, estando sujeitos apenas às suas falhas
práticas.
46
maravilhado, e ao mesmo tempo espantado. Esboço um sorriso de
admiração, e sinto-me depois minúsculo. Blocos de cimento conseguem
deixar-me pra baixo, imagine 7 bilhões de pessoas. A aflição está em
perceber que, por mais que viaje, conheça novas pessoas, explore todas as
filosofias, estude história, sociologia, matemática, tudo, e em todos
lugares que meu corpo e mente viaja, pareço que ainda não sai da minha
cidade... Parece-me estar sempre numa bolha, como se minha cidade
fosse um universo inteiro, e a outra cidade um outro universo, e então o
sentimento de pequenez me atinge. Não desejo mudar o mundo, mas ele
insiste em me mudar. Essa homogeneidade me assusta, a formalização de
tudo, a burocracia, os caminhos já pré-definidos, as receitas de sucesso
pessoal e profissional, como se colocássemos pra viver no mundo por
engano e, pela falta de propósito nesta vida que surgiu, botássemos num
plano em que eles, não nós, eles sentirão felizes por que assim "teriam um
filho de sucesso". Será que eles não pensaram nem no sentido da palavra
sucesso? Sucesso é algo totalmente pessoal, e então assumem seus gostos
de sucesso pra alguém que apenas realizará (com mutíssima sorte) a
parte prática deste sucesso, entretanto, a parte mais elevada de qualquer
obra humana está sempre incutido no eu do sujeito, daquele que realiza,
no sentido de si. Se não possui o homem o sentido de si, como pode então
realizar-se? Como pode externalizar-se? Não pode. A natureza física é a
extensão, ainda que rascunha, da metafísica do homem. Se este não pode
nem experimentar deste rascunho pessoal, o que mais pode? É necessário
voltar ao propósito, de tudo. Pense! Acha que tudo veio do acaso? Seu
corpo? A vida? A ordem? Parece-me o homem agir que sim. Há coisas
maravilhosas na modernidade, na construção, nas coisas que fez o
homem e realiza, mas isso é a manifestação do pouco que ainda lhe
restou de humanidade.
47
verdade; Preserve as relações que respeitem o Direito Natural, e lute para
que o seu universo a sua volta entenda disso. O mundo é grande, mas
maior que ele é a sua vontade de descobrir. Outra verdade: Você não vai
descobrir todas as verdades do mundo, entretanto, somente elas podem te
dar paz de espírito, então busque-as e sinta realizado por tê-las. A vida é
uma continua reflexão, e eu escrevo todas estas coisas para que você
pense por você mesmo.
48