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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

Prof. Lênio J. G. de Faria

ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) COM UM FATOR

(PARTE A)

O objetivo na análise de variância é comparar a variação devida


aos tratamentos com a variação devida ao acaso.
Quando as unidades experimentais são homogêneas, ou seja, as
parcelas são uniformes, os tratamentos podem ser sorteados nas
unidades experimentais sem qualquer restrição. Nessa situação, o
planejamento experimental é chamado de completamente
casualizado ou inteiramente ao acaso. Neste caso, todos os
tratamentos têm a mesma chance de serem aplicados em qualquer
unidade experimental ou parcela.

NOTAÇÃO

A Tabela 1 apresenta a notação utilizada para definir um


experimento com k tratamentos. Cada tratamento tem r repetições. A
soma dos resultados das r repetições de um mesmo tratamento constitui
o total deste tratamento. As médias dos tratamentos estão indicadas
por ym1, ym2, ym3,....,ymk. Então temos que: n é o número total de
observações ( ), k é o número de tratamentos e r corresponde
ao número de repetições.
Tabela 1. Notação de um experimento com k tratamentos
Tratamentos
Total
1 2 3 ∙∙∙ k
y11 y21 y31 ∙∙∙ yk1
y12 y22 y32 ∙∙∙ yk2
y13 y23 y33 ∙∙∙ yk3
∙ ∙ ∙ ∙∙∙ ∙
y1r y2r y3r ∙∙∙ ykr
Total T1 T2 T3 ∙∙∙ Tk ΣT=Σy
Repetições r r r ∙∙∙ r
Média ym1 ym2 ym3 ∙∙∙ Ymk

FORMULAÇÃO

Para se fazer a análise de variância de um experimento


inteiramente ao acaso (e construir uma tabela de análise de variância),
é preciso calcular as seguintes quantidades:

a) Graus de liberdade:

 De tratamentos: k – 1
 Do total: n – 1 ( )
 Do resíduo: (n – 1) - (k – 1) = n - k

b) Valor de C (correção): total geral elevado ao quadrado,


dividido pelo número de observações.

c) Soma de quadrados total:

d) Soma de quadrados de tratamentos:

e) Soma de quadrados de resíduos:


f) Quadrado médio de tratamentos:

g) Quadrado médio de resíduo:

h) Valor da estatística F (Fisher):

A configuração dessas quantidades calculadas em forma de


uma tabela, denominada de Análise de Variância, ou ANOVA, é
apresentada na Tabela 2:

Tabela 2. ANOVA de um experimento inteiramente ao acaso


Causas de variação GL SQ QM F
Tratamentos k-1 SQTr QMTr QMTr/QMR
Resíduo n-k SQR QMR
Total n-1 SQT
GL: graus de liberdade, SQ: soma de quadrados, QM: quadrado médio, F: estatística
F (Fisher).

EXEMPLO

São usados 4 produtos químicos (A, B, C, D) em um processo de


tingimento de um tipo particular de tecido. O engenheiro deseja
comparar o efeito dos 4 produtos químicos (fixadores) em relação
à resistência à tração do tecido em kPa. Para isso utilizou 20
corpos de prova do tecido e efetuou com cada um dos fixadores
5 ensaios, conforme os dados da Tabela 3.
Tabela 3. Resistência à tração (kPa)

A B C D
25 31 22 33
26 25 26 29
20 28 28 31
23 27 25 34
21 24 29 28
Soma: 115 135 130 155
Média: 23 27 26 31

a) Faça a análise de variância para a resistência à tração do


tecido;
b) Faça um teste hipóteses e interprete os resultados. Use α = 0,05;

Solução:

A) Graus de Liberdade:
De tratamento: k – 1 = 4 – 1 = 3
Do total: n – 1 = 20 – 1 = 19
Do resíduo: n – k = 20 – 4 = 16

B) Valor de C:

C)

D)

E) SQR = 275,75 – 163,75 = 112

F) QMTr = (163,75 / 3) = 54,58

G) QMR = 112 / 16 = 7

H) F = 54,58 / 7 ≈ 7,80

Assim, por meio de cálculo analítico, obtêm-se os dados da


Tabela 4:
Tabela 4. ANOVA a partir dos dados do Exemplo 1 (Tabela 3).
Causas de variação GL SQ QM F
Tratamentos 3 163,75 54,58 7,80
Resíduo 16 112,00 7,00
Total 19 275,75

A Tabela de Análise de Variância também pode ser obtida


utilizando-se o MINITAB. Após digitar os dados na planilha fazer: STAT >
ANOVA > ONE-WAY (UNSTRAKED) > “selecionar todas as variáveis”

Hipóteses:

H0: A resistência mecânica dos tecidos é igual. Os tratamentos


não influenciam a resistência à tração dos tecidos tingidos pelos 4
produtos químicos utilizados.

H1: Pelo menos um dos tecidos apresenta resistência mecânica à


tração, em média, diferente dos demais.

Usando a distribuição F, para uma confiança de 95% (nível de

significância  = 0,05), com 3 graus de liberdade para o numerador

(tratamentos) e 16 graus de liberdade para o denominador (resíduo),


temos:
F0,05; 3; 16 = 3,24 (F tabelado)
O valor de F calculado na ANOVA é: 7,80

Conclui-se então pela rejeição da hipótese nula, ou seja, pelo


menos um dos tecidos apresenta resistência mecânica à tração, em
média, diferente dos demais.

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