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Leandro da Mota Damasceno Commons 4.0 (CC BY-
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estudos para a concessão de Certificado de Origem Sefardita para que você respeite os termos
a pessoa requerente, à respectiva comunidade Judaica. Todas as da licença.
provas presentes foram devidamente analisadas e suas fontes De acordo com os termos
apresentadas nos anexos. seguintes:
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diversos países do mundo, realizando desde a pesquisa genealógica Você deve fazê-lo em
a acompanhamento do processo em Portugal, com serviços qualquer circunstância
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Para analisar esta solicitação, seguem as conexões genealógicas abaixo, apenas para
Branca Dias e sua família.
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Geração Nome
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Genealogia do requerente
Os pais do requente
Os avós do requerente
Filho de Galdino Orlando de Araújo e Rita Albuquerque de Araújo. Estudou no Externato São
José e no Seminário Diocesano de Sobral; continuou os estudos no Seminário de Fortaleza
(curso de Filosofia) e concluiu-os na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (Itália), onde
fez o curso de Teologia. Pós-graduado em Psicologia pela Faculdade de Cristo Rei (São
Leopoldo - RS).
Ana Severina de Melo, conforme Anexo 7. O trecho do documento abaixo afirma que seus
pais eram João de Melo e Silva e Ana da Conceição Madeira. O casamento de Ana
Severina e Raimundo Francisco das Chagas, conforme Sadoc (2015b) se dá em 07/05/1804.
O entroncamento que iremos seguir agora é de João de Melo e Silva, pai de Ana Severina,
que Segundo Sadoc (2015b), descende de Lourenço da Silva e Melo e Inês de Vasconcelos.
O trecho que se encontra no Anexo 9 segue abaixo.
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Inês de Vasconcelos, aliás Inês de Vasconcelos Uchôa, de acordo ainda com Sadoc (2015b,
417), contraiu núpcias pela segunda vez com o viúvo Lourenço da Silva Melo, tendo como
rebento, dentre outros, João de Melo e Silva, conforme indicado no Anexo 9, como o trecho
abaixo.
Ainda em Sadoc (2015b, 416), ele afirma Inês de Vasconcelos Uchoa se tratar de filha de
Francisco Vaz Carrasco (filho) e Antonia de Mendonça Uchoa, conforme Anexo 9. Abaixo,
trecho que trata da questão.
A partir de Francisco Vaz Carrasco (filho), chegamos a seus pais, Francisco Vaz Carrasco (pai)
e Brites de Vasconcelos (SADOC, 2015b, 42-43). O Trecho do Anexo 10 abaixo trata melhor da
questão.
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Francisco Vaz Carrasco e sua progênie foram muito conhecidas na região do Nordeste do
Brasil por se tratar de uma família com grandes conexões à nobreza local. De fato, ela é
largamente tratada por Borges da Fonseca na sua Nobiliarchia Pernambuca (1925; 1926). Por
conta de sua posição como militar e sacerdote, e por referências à sua atitude nobre,
conseguiu notoriedade na região, não ficando de fora da maioria das obras de genealogia
da região do Ceará, em especial todas as citadas no referencial bibliográfico deste relatório.
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A partir de Francisco Vaz Carrasco, não há referências sobre sua genealogia na obra do
Cônego Sadoc. No entanto, por conta de sua importância à época, sua genealogia é
tratada em várias obras que constam no referencial bibliográfico deste relatório e em várias
outras. A Nobiliarchia Pernambucana de Borges da Fonseca (1925; 1926) trata bastante de
sua ascendência. Embora de grande importância, sabe-se que essa obra, por motivos
pessoais e políticos do autor, não trata corretamente da descendência de Branca Dias por
conta de a mesma ter sido a cristã-nova mais notoriamente perseguida no Brasil pelo Santo
Ofício, e, portanto, carregando grande estigma.
Conforme trecho abaixo de LIma (2016a), extraído do Anexo 12, revela a linha genealógica
reta desde Maria de Góes, casada com Gaspar da Costa Coelho, descendo para sua filha
Brites de Vasconcelos, casada com Francisco Vaz Carrasco (pai), ambos pais de Francisco
Vaz Carrasco (filho), casado com Antonia de Mendonça Uchoa.
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Abaixo temos um trecho da árvore genealógica dos descendentes de Branca Dias, que a
liga a Francisco Vaz Carrasco diretamente, conforme publicado com Lima (2016a).
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No trecho abaixo da obra de Lima (2016a), encontramos os pais de Maria de Góes, Baltazar
Leitão de Holanda e Francisca dos Santos França.
Na mesma obra, conforme trecho extraído do Anexo 13 abaixo, vemos logo que os pais de
Baltazar Leitão de Holanda são Maria de Paiva e Agostinho de Holanda Vasconcelos.
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Como podemos observar na parte destacada da árvore genealógica, Maria de Paiva era
neta de Branca Dias e é reforçado seu casamento com Agostinho de Holanda Vasconcelos.
De acordo com Lima (2016a), baseado nas Denúncias ao Tribunal do Santo Ofício
(MENDONÇA e MENDES, 1984), Maria de Paiva ainda manteve alguns hábitos judaicos, em
particular alimentares, e sofreu suspeita de ser judaizante, tendo sido salva em grande parte
por conta da influência de seu pai.
Como mostrado acima, e melhor detalhado abaixo, Maria de Paiva era filha de Inês
Fernandes e Baltazar Leitão Cabral. Inês Fernandes era a filha mais velha de Branca Dias e
Diogo Fernandes, e conforme relatado abaixo, extraído do Anexo 16.
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Com uma existência entre a História e a Lenda, considerada uma das matriarcas do
Pernambuco, Branca Dias é, no século XVI, no Brasil, a primeira mulher portuguesa a praticar
«esnoga», a primeira «mestra laica» de meninas e uma das primeiras «senhoras de engenho».
Cristã-nova, natural de Viana da Foz do Lima (Portugal). Residiu em Lisboa (Portugal) e em
Pernambuco (Brasil). Não é exagero afirmar que Branca Dias é a cristã-nova mais notória no
Brasil por conta de sua perseguição pelo Tribunal do Santo Ofício, e uma das com mais vasta
descendência mais provas documentais dessa genealogia, sendo a mesma a cristã-nova
mais estudada no Brasil.
Foi casada com DIOGO FERNANDES. Foi processada pela Inquisição em 1543, no processo no
05736. Sentença: auto-da-fé privado de 02/04/1544. Condenada a abjuração pública, dois
anos de cárcere e hábito penitencial, ficando reservada a sua comutação e dispensa. Ela foi
denunciada novamente após a morte por sua filha Andresa Jorge. No Anexo 17
encontramos transcrição da página principal de seu processo na Torre do Tombo.
Após a partida de seu marido para o Brasil, residindo ela ainda em Lisboa, foi denunciada
pela mãe e pela irmã, que também estavam sendo processadas pelo Tribunal do Santo
Ofício, por prática de judaísmo. Elas eram naturais de Viana da Foz do Lima, onde moravam.
No processo nº 5775, datado de 2 de abril de 1544, consta que Violante Dias foi ao auto-de-
fé em Lisboa, e Isabel Dias foi sentenciada a abjuração pública, 2 anos de cárcere e hábito
penitencial; reservada a comutação da penitência quando parecesse serviço de Nosso
Senhor. Branca Dias foi sentenciada, em 12 de setembro de 1543, a "abjuração pública, dois
anos de cárcere e hábito penitencial, ficando reservada a sua comutação e dispensa".
Branca Dias apresentou uma petição ao Santo Ofício, em que pediu dispensa do tempo que
lhe faltava cumprir, tendo sido a mesma concedida, talvez em razão de ter filhos pequenos
para criar.
Em 1551 já estava em Pernambuco, para onde se transferiu com os filhos, passando a residir
no Engenho Camaragibe, construído por seu marido. Conforme novas denúncias à
Inquisição, após a sua morte (desta feita quando das visitas ocorridas no Brasil entre 1591 e
1595, sob a coordenação do Visitador Geral Licenciado Heitor Furtado de Mendonça), foi ela
acusada de manter, em sua residência em Camaragibe, uma "esnoga" (sinagoga), em que
os judeus da região se reuniam para cerimônias e se "adorava a toura" (Torah). Após o
falecimento de seu marido, permaneceu dez anos à frente do Engenho de Camaragibe, o
qual em seguida vende, mudando-se, com os filhos, para Olinda (PE), onde, na sua casa à
Rua Palhaes, abre uma escola para meninas, em que ensina culinária e costura.
Nas denúncias posteriores a sua morte, algumas de suas conhecidas e alunas relatam que,
na sexta-feira à tarde, mandava lavar e esfregar o sobrado e trocava a roupa de cama, em
preparação para o sábado, quando não trabalhava e, pela manhã, "se vestia com camisa
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Suas filhas e netas, processadas após sua morte, são unânimes em relatar que aprenderam
com ela a fidelidade à lei de Moisés. Faleceu por volta de 1588. Sua fama só cresceu com o
tempo, pois, como já observava Rodolpho Garcia, "de todos os cristãos-novos de
Pernambuco, nenhuns foram mais acusados perante a mesa do Santo Oficio do que Branca
Dias, seu marido Diogo Fernandes e suas filhas por cerimonias judaicas". Acredita-se que,
quando dos processos contra seus filhos e netos, seus ossos teriam sido levados a Lisboa, para
serem queimados em praça pública, o que parece ser produto das lendas criadas em torno
de seu nome. Consta ainda que o nome do Riacho do Prata, no subúrbio Dois Irmãos, no
Recife, se deveria ao fato de que, quando da chegada da Inquisição, Branca teria lançado
nele suas joias, episódio celebrado por Carlos Drummond de Andrade num poema: "É
acusada de judaísmo/ Já vão prendê-la/ Atira joias e prataria na correnteza/ A água vira
Riacho de Prata/ Morre queimada no santo lume da Inquisição em Portugal/ Reaparece na
Paraíba, em Pernambuco/ Sob o luar toda de branco/ Sandálias brancas e cinto azul-ouro..."
A exploração literária mais conhecida de sua figura foi feita por Dias Gomes, na peça "O
Santo Inquérito".
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Referencial Bibliográfico
ARAÚJO, Francisco Sadoc de (Pe.). Cronologia Sobralense - Séculos XVII e XVIII - 1604-1800.
2nd ed. Volume 1. Força: Edições ECOA, 2015.
FONSECA, Antônio J. V. Borges da. Nobiliaarchia Pernambucana Vol II. Anais da Biblioteca
Nacional. Vol. XLVIII. Rio de Janeiro, 1926.
LIMA, Candido Pinheiro Koren de. Branca Dias. Coleção Borges da Fonseca. Vol. 1. Recife: Ed.
Fundação Gilberto Freyre, 2016.
LIMA, Candido Pinheiro Koren de. Branca Dias. Coleção Borges da Fonseca. Vol. 2. Recife: Ed.
Fundação Gilberto Freyre, 2016.
LIMA, Candido Pinheiro Koren de. Branca Dias. Coleção Borges da Fonseca. Vol. 3. Recife: Ed.
Fundação Gilberto Freyre, 2016.
MELLO, Evaldo Cabral de. O Nome e o Sangue: Uma Parábola Genealógica no Pernambuco
Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
MENDONÇA, H. Furtado de., Silva, L. Dantas., MELLO, J. Antônio Gonsalves de. Primeira Visita
do Santo Ofício às Partes do Brasil: Denunciações E Confissões De Pernambuco, 1593-1595.
Recife: Governo de Pernambuco, Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes, Fundação do
Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Diretora de Assuntos Culturais, 1984.
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