Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
04/2022
Rio Verde – GO
1
RESUMO
2
1. INTRODUÇÃO
3
Considerando a importância social, ambiental e econômica de M. urundeuva e
D. alata esse trabalho tem o objetivo de avaliar o comportamento de diferentes níveis de
sombreamento na mitigação do estresse hídrico em plantas com diferentes exigências
luminosas. Inicialmente hipotetizamos que em ambas as espécies haverá diferenças
significativas por possuírem diferentes limitações quanto a luz, portanto levando em
consideração a plasticidade fenotípica de D. alata espera-se que ela se ambiente bem em
condições de altas luminosidades. Esperamos também que mesmo com a limitação
luminosa para a realização de fotossíntese, as mudas de D. alata sob limitação hídrica
conseguirão se desenvolver com mais eficiência sob sombreamento devido a influência
do microclima, diferente do que esperamos para M. urundeuva já que a espécie vai estar
com sua capacidade fotossintética limitada sob o sombreamento.
2. JUSTIFICATIVA
De acordo com Rosa et al. (2021) a dimensão dos efeitos do déficit hídrico,
depende da intensidade e duração da escassez, bem como da resposta genética e/ou
bioquímica da espécie ao estresse. Em geral, as plantas têm uma recuperação rápida e
até completa da taxa fotossintética quando submetidas a déficit hídrico leve ou
moderado; no entanto, um déficit hídrico severo altera essa resposta, e a recuperação é
lenta ou mesmo ausente. Nas regiões áridas e semi-áridas, as condições climáticas,
como a baixa precipitação total, agravada pela irregularidade das chuvas e pela reduzida
disponibilidade de água nos solos, exercem grande influência na sobrevivência e
adaptação das espécies vegetais neste ambiente.
4
comportamento de características genéticas em interação com padrões específicos de
condições ambientais (DIAS-FILHO, 1997).
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Por todas as razões relacionadas a degradação do Cerrado, ele tem hoje sua
conservação amparada pela legislação ambiental vigente, seja como Áreas de
Preservação Permanente, seja nas áreas de Reserva Legal estabelecidas pelo Código
Florestal, a percentagem de cada propriedade ou posse rural que deve ser preservada
com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, varia de acordo com a
região e o bioma. O Código estabelece, no seu artigo 12, os tamanhos das Reservas:
80% em áreas de florestas da Amazônia Legal, 35% no cerrado, 20% transição entre
biomas (BRASIL, 2012). Dentro dessas áreas, a vegetação natural deve ser mantida e,
caso tenha sido desmatada ilegalmente, precisa ser recuperada (DURIGAN, 2011).
5
A espécie Dipteryx alata Vogel, popularmente conhecida como baru, é uma
espécie nativa do cerrado, porém não é endêmica no Brasil (PINELI et al., 2015). É
recomendado para uso em recuperação de áreas degradadas, pois apresenta alta
produção de biomassa foliar, possui uma considerável plasticidade fenotípica se
adaptando facilmente aos ambientes, e favorece o enriquecimento de nutrientes no solo,
além de ser uam espécie chave na sustentação da fauna silvestre devido a seus frutos
serem um dos poucos que apresentam polpa carnosa durante a estação seca no Cerrado,
alimentando pássaros, morcegos, roedores, macacos e insetos (CARVALHO, 2003 e
SANO et al., 2004). De acordo com Mota; Scalon e Heinz (2012) e Cavalcante et al.
(2019) o baru é uma espécie que possui baixa capacidade de se desenvolver em altas
luminosidades, sendo o melhor desenvolvimento em sombreamentos em sistemas com
50% de retenção de luz, mas apesar disso, por ser uma espécie com uma considerável
plasticidade fenotípica é bastante usada em plantios de recuperação de áreas degradas.
4. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Caracterizar os efeitos do sombreamento e sua correlação com a restrição hídrica
sobre variáveis morfológicas, anatômicas, fisiológicas e bioquímicas em mudas com
diferentes exigências luminosas.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar trocas gasosas e fotossíntese nas mudas expostas ao sombreamento e
restrição hídrica;
6
Caracterizar a correlação do sombreamento com déficit hídrico em mudas de
espécies florestais com diferentes exigências luminosas;
Avaliar a influência do sombreamento na recuperação hídrica de espécies florestais
com diferentes exigências luminosas;
Verificar a influência do sombreamento na mitigação dos efeitos da seca nas mudas
com diferentes exigências luminosas.
7
5. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento será conduzido em casa de sombreamento do Laboratório de
Estudos Aplicados em Fisiologia Vegetal (LEAF) do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Rio Verde. As sementes serão obtidas na reserva
ecológica do Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde, coletadas em plantas
matrizes selecionadas quanto à sanidade vegetal após a dispersão. Posteriormente a
coleta, as sementes serão levadas ao LEAF onde passarão por processo de assepsia para
que sejam plantadas. As sementes serão semeadas em bandejas com substrato próprio
para a germinação, contendo bagaço de cana e esterco bovino (1:1) como indicado por
Andrade et al. (2013) e serão dispostas em casa de sombreamento com sombrite de 50%
de capacidade de retenção da luz, para uma germinação mais eficiente. Após
germinarem e atingirem o estádio de um par de folhas (entre 15 e 30 dias), as plântulas
serão transplantadas para vasos com 6 litros de capacidade, contendo latossolo
vermelho, areia e esterco bovino na proporção de 2:1:1.
Cada espécie será submetida a seis diferentes tratamentos que serão constituídos
por três diferentes intensidades luminosas, sendo elas 0% (plantas a pleno sol), 50%
(plantas sobre sombrite com 50% de retenção de luz) e 25% (plantas sobre sombrite
com 25% de retenção de luz), e duas diferentes condições de irrigação, sendo elas:
Controle (plantas irrigadas continuamente, de forma que a umidade do solo
permanecesse próxima à capacidade de campo) e Déficit Hídrico (plantas submetidas a
restrição hídrica de 50% de água disponível no solo), sendo os tratamentos organizados
da seguinte forma: CT+0% (plantas irrigadas normalmente e submetidas a sol pleno),
CT+25% (plantas irrigadas normalmente e submetidas a sombreamento com 25% de
retenção da luz), CT+50% (plantas irrigadas normalmente e submetidas a
sombreamento com 50% de retenção da luz), DH+0% (plantas submetidas a déficit
hídrico com 30% de água disponível no solo durante 7 dias e submetidas a sol pleno),
8
DH+25% (plantas submetidas a déficit hídrico com 30% de água disponível no solo
durante 7 dias e submetidas a sombreamento com 25% de retenção da luz), DH+50%
(plantas submetidas a déficit hídrico com 30% de água disponível no solo durante 7 dias
e submetidas a sombreamento com 50% de retenção da luz). As seguintes análises serão
feitas após submeter as plantas a seca.
9
As medidas do crescimento e acúmulo de matéria serão avaliadas por ocasião do
encerramento do experimento. Inicialmente serão obtidos, o número de folhas, a área
foliar, área foliar específica (AFE), o diâmetro do caule, o número de entrenós, a altura
da planta, o volume do sistema radicular, a massa seca de raízes e a massa seca do
caule. As raízes serão lavadas em água corrente, sob uma peneira, até a completa
remoção dos resíduos de solo. Então o volume do sistema radicular será medido pelo
deslocamento da coluna d´água em uma proveta graduada. Em seguida o material será
colocado em estufa a 65ºC, até atingir peso constante para a obtenção da massa da
matéria seca. A área foliar das plantas serão determinadas mediante a obtenção do
diâmetro e largura com uso de régua graduada de todas as folhas, a média será
multiplicada pela quantidade de folhas na planta. A área foliar específica (AFE) será
calculada por meio da relação entre a área de 15 folhas e sua massa correspondente,
onde, AFE = Área foliar / massa seca (m2 kg-1). A massa seca do caule será obtida após
a secagem em estufa à temperatura de 65°C, por aproximadamente 72 horas ou até peso
constante.
10
Nebraska, EUA), equipado com uma fonte de luz azul/vermelho (modelo LI-6400-02B,
LI-COR).
Com o mesmo analisador a respiração noturna (R N), ou taxa de assimilação
líquida de CO2 noturna, será avaliada antes do amanhecer. A respiração mitocondrial
durante o dia (RD), por sua vez, será estimada a partir de R N. Na antemanhã, será obtida
a fluorescência mínima (F0) via excitação dos tecidos foliares por luz vermelha
modulada de baixa intensidade (0,03μmol fótons m -2 s-1). A fluorescência máxima (Fm)
será obtida pela aplicação de um pulso de 0,8 s de luz actínica saturante (8000 μmol
fótons m-2 s-1). A fluorescência variável (Fv) será determinada pela diferença F0 e Fm e a
partir desses valores, foi calculado o rendimento quântico potencial do fotossistema II
(Fv/Fm).
As folhas serão aclimatadas à luz actínica (1000 μmol fótons m -2 s-1) durante 60s,
a fim de se obter a fluorescência transiente (Fs), seguido por um pulso de luz saturante
para estimar-se a fluorescência máxima à luz (Fm’) e, por último, será aplicado um pulso
de luz vermelho-distante, para obter-se a fluorescência mínima após aclimatação à luz
actínica (F0’). Com esses parâmetros, serão calculados a eficiência fotoquímica do
transporte de elétrons associado ao fotossistema II (φFSII). A taxa de fotorrespiração da
Rubisco (PR) será obtida usando-se a fórmula propostas por Epron and Dreyer (1993).
11
partir dos extratos etanólicos foi diluídos com água deionizada na proporção de 1:15
(Wannaz & Pignata 2006). O conteúdo de HPDC foi calculado a partir da constante ε=
2,65 x 104 M-1 cm-1 (Levin & Pignata 1995). Os resultados foram expressos em
μmol.g-1 de massa fresca.
5 RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se de modo geral, que o sombreamento atenue os efeitos do déficit
hídrico, e que as plantas apresentem um melhor desenvolvimento sob sombreamento,
portanto por serem plantas com diferentes exigências luminosas, espera-se também que
haja diferentes estratégias para se adaptar as diferentes condições de luminosidade e ao
déficit hídrico.
Espera-se com esse projeto criar subsídios para o melhor planejamento no
plantio de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas, além de demonstrar a
viabilidade da utilização da M. urundeuva e D. alata nesses plantios, além disso
esperamos caracterizar os efeitos do sombreamento na mitigação do déficit hídrico e
definir a tolerância de ambas as espécies a seca, além de caracterizar a influência do
sombreamento sob essa variável. A partir disso esperamos subsidiar outras pesquisas
para melhoramento genético e políticas públicas para conservação das espécies, que são
consideradas espécies tão importantes para o domínio cerrado.
12
6 REFERÊNCIAS
1. ANDRADE, Alexandro Pereira et al. Estabelecimento inicial de plântulas de
Myracrodruon urundeuva Allemão em diferentes substratos. Revista Árvore,
Barreiras, v. 37, n. 4, p. 737-745, 2013.
2. BERTONHA, Laerte João et al. Seleção de progênies de Myracrodruon
urundeuva baseada em caracteres fenológicos e de crescimento para
reconstituição de áreas de Reserva Legal. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 44,
n. 109, p. 95-104, 2016.
3. BRASIL. Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19
de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos
4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida
Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. 2012.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, Ano CXLIX, n. 102, 28 maio 2012. Seção
1, p.1. Disponível em .
4. BRODRIBB, T. J.; HOLBROOK, N. M.. Changes in leaf hydraulic conductance
during leaf shedding in seasonally dry tropical forest. New Phytologist, [S.L.],
v. 158, n. 2, p. 295-303, maio 2003. Wiley.
5. CAMPOS, M. A. A.; UCHIDA, T. Influência do sombreamento no crescimento
de mudas de três espécies amazônicas. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 37, n. 3, p.281-288, mar. 2002.
6. CAVALCANTE, Tadeu Robson Melo. Luminosidade, recipiente e pó de
micaxisto no crescimento de mudas de Dipteryx alata Vogel
(FABACEAE). Revista Ibero-Americana de Ciências Ambientais, [S.L.], v.
10, n. 5, p. 243-249, 12 out. 2019. Companhia Brasileira de Producao Cientifica.
7. CARVALHO, P. E. R. Espécies Arbóreas Brasileiras, v.1. Brasília: Embrapa
Informação Tecnológica, 2003. 1039p.
8. DIAS-FILHO, M.B. Physiological response of Solanum crinitum Lam. to
contrasting light environments. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
v.32, n.8, p.789-796, 1997.
9. DURIGAN, Giselda et al. Manual para recuperação da vegetação de
cerrado. 3 ed. São Paulo: SMA, 2011.
11. LEVIN, A.G. & PIGNATA, M.L. 1995. Ramalina ecklonii as bioindicator of
atmospheric pollution in Argentina. Canadian Journal of Botany 73:1196–
1202.
12. LORENZI, H. (1992). Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de
plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum.
13. MESQUITA, A. C.; DANTAS, B. F.; CAIRO, V. A. R.. Ecophysiology of
caatinga native species under semi-arid conditions. Bioscience Journal,
Uberlândia, v. 34, n. 1, p. 81-89, 2018.
14. MOTA, Leandro Henrique de Sousa; SCALON, Silvana de Paula Quintão;
HEINZ, Rafael. Sombreamento na emergência de plântulas e no crescimento
inicial de Dipteryx alata Vog. Ciência Florestal, [S.L.], v. 22, n. 3, p. 423-431,
27 set. 2012. Universidad Federal de Santa Maria.
13
15. NUNES, Jayane Santos et al. Avaliação de emergência do favão (Parkia
multijuga) para reabilitação em áreas impactadas por extração de argila. Revista
Agroecossistemas, Marabá, PA, v. 2, n. 1, p. 18-21, 2010.
16. PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; Costa, L.G.S. & Reis, A. 1990. Estratégias de
estabelecimento de espécies arbóreas e o manejo de Florestas Tropicais. Anais
do 6° Congresso Florestal Brasileiro, Campos do Jordão, SP, 22 a 27 de
setembro de 1990, pp.676-684.
17. ROSA, Derek Brito Chaim Jardim et al. Shading for water stress mitigation in
Copaifera langsdorffii Desf. seedlings. South African Journal Of Botany,
Grande Dourados, v. 140, n. 1, p. 240-248, 2021.
18. SANO, S. M.; RIBEIRO, J. F.; DE BRITO, M. A. Baru: biologia e uso.
Planaltina: Embrapa Cerrados, 2004. 52p.
19. SANTOS, Gilsonleylopes dos et al. Degradation of the Brazilian Cerrado:
Interactions with human disturbance and environmental variables. Forest
Ecology And Management, Rio de Janeiro, Rj, Brazil, v. 482, n. 1, p. 1-11, 13
dez. 2020.
20. SCARIOT, Aldicir; FELFILI, Jeanine M.. Cerrado: Ecologia, Biodiversidade
e Conservação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. 118 p.
21. SILVA, Paulo E.M. et al. The functional divergence of biomass partitioning,
carbon gain and water use in Coffea canephora in response to the water supply:
Implications for breeding aimed at improving drought tolerance.
Environmental And Experimental Botany, Viçosa, v. 87, n. 1, p. 49-57, 2013.
22. SIMONIN, Kevin A.; BURNS, Emily; CHOAT, Brendan; BARBOUR,
Margaret M.; DAWSON, Todd E.; FRANKS, Peter J.. Increasing leaf hydraulic
conductance with transpiration rate minimizes the water potential drawdown
from stem to leaf. Journal Of Experimental Botany, [S.L.], v. 66, n. 5, p.
1303-1315, 29 dez. 2014. Oxford University Press (OUP).
23. STILLER, Volker; LAFITTE, H. Renee; SPERRY, John S.. Hydraulic
Properties of Rice and the Response of Gas Exchange to Water Stress. Plant
Physiology, Los Banos, v. 132, n. 3, p. 1698-1706, 2003.
24. VOLPATO, Graziele Hernandes; MARTINS, Sebastião Venâncio. The bird
community in naturally regenerating Myracrodruon urundeuva (Anacardiaceae)
forest in Southeastern Brazil. Revista de Biología Tropical, San José, v. 61, n.
4, p. 1585-1595, 2013.
25. WANNAZ, E.D. & PIGNATA, M.L. 2006. Calibration of four species of
Tillandsia as air pollution biomonitors. Journal of Atmospheric Chemistry 53:
185-209.
14