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FACULDADE MÉTODO DE SÃO PAULO

“Depressão da criança e do adolescente: Um estudo dos fatores e das


representações socioafetivas e da importância do suporte e estrutura
familiar como estratégia de intervenção”

Graduanda: Celionor Paiva Reis Andrade


Profª Orientadora: Luciana de Jesus Alves Davi

SÃO PAULO - SP
NOVEMBRO DE 2013
Dedicatória

Dedico este trabalho, em especial à minha tão querida e amada Ana Clara,
que apesar de tão pequena e indefesa já passou pela dor do abandono e da
perda de quem lhe era mais querida e fundamental, a mãe... A ela, que me é
mais preciosa que tudo, apesar de não poder suprir sua carência genuína do
amor materno, comprometo-me a buscar minimizá-lo de todas as formas
possíveis, tentando, quem sabe, demonstra-lhe a beleza e o encanto de
podermos estar juntas e presentes uma na vida da outra.

Dedico também, a todas as crianças e adolescentes que perderam a alegria


no olhar ... que passaram pela minha vida enquanto professora ou
simplesmente mais um ser na multidão e que, direta ou indiretamente,
apesar de silenciosas e alheias à vida que nos atropela diariamente, gritam
internamente por socorro e ajuda... A todas elas de igual forma, que mais
me ensinaram do que eu jamais as ajudei, ao despertarem em mim a
vontade crescente de poder, de alguma forma, ainda que mínima,
compreendê-las.
Agradecimentos

A todos que colaboraram comigo de alguma forma, ainda que como meu filho
Lucas que inúmeras vezes durante a execução deste trabalho, demonstrava
cuidado e carinho ao me trazer, mesmo que silenciosamente, um copo de
água ou um café bem quentinho... como uma forma delicada, gentil e amável
de dizer: Te amo!

A minha Orientadora Profª Luciana de Jesus que por inúmeras vezes deu-
me preciosos conselhos e importantíssimas “dicas” de como citar ou relatar
melhor algum comentário... e que, indiscutivelmente, fizeram toda a
diferença para a conclusão deste trabalho.

Agradeço em especial à minha Profª de Estágio Clínico Vanessa Goulart que


me propiciou momentos, ainda que poucos, mas decisivos e enriquecedores
para o atendimento, com suas colocações e intervenções tão importantes e
positivas.

A toda a minha família, alunos, colegas de trabalho e amigos que me


motivaram constantemente a continuar e a aprender mais, apesar da minha
ausência dos relacionamentos e das atividades corriqueiras do dia a dia
como passeios, visitas, a arrumação do lar, do almoço e jantar _ na busca de
priorizar a pesquisa e as leituras de forma criteriosa e insubstituível para
aquele momento...

A todos que fazem parte da minha vida e que diariamente, ainda que por
breve mensagens e singelas manifestações da sua presença me ensinam a
importância dos laços de amizade a cada dia, que dividem comigo momentos
de alegria, de tristeza, de dor e de anseios pela finalização deste como uma
forma de ser um pouco melhor que ontem... a todos eles, indistintamente,
obrigada!
APRESENTAÇÃO

Este trabalho buscar analisar e compreender as representações


socioafetivas das crianças e adolescentes em idade escolar assim como a
importância do suporte familiar como estrutura e estratégia de intervenção em
estados depressivos nesta faixa etária. Busca, também, através da
observação de algumas crianças e adolescentes num Centro de Educação
Infantil (CEI) onde trabalhei por cinco anos como Coordenadora Pedagógica e
uma Escola Fundamental de Ensino conveniados à Prefeitura de São Paulo,
compreender o estado de tristeza visível de algumas crianças ao me deparar
com estas que, apesar de estarem no auge da infância, da vitalidade e num
lugar repleto de motivações e ofertas de interação com o meio e estímulo
constante ao lúdico e o brincar, optavam muitas vezes, por estarem e se
manterem à parte da grande maioria. Crianças e pré-adolescentes que apesar
da insistência de alguns professores e colegas para se inteirarem e
participarem das atividades e dos momentos de brincadeiras mesmo nos
recreios, demonstravam claramente e até verbalmente, sua insatisfação em se
manter juntamente com a maioria, preferindo a exclusão e o estar só. Analisa,
portanto, o significado de se estar só, sua relação com o estar ou não
acompanhado e a participação das mesmas atividades que os outros, assim
como a necessidade da criança e do adolescente que prefere estar à parte,
fora do contexto geral, além da negação e recusa constante à participação de
tudo o que lhes é proposto. Procura entender a relação e o requisito básico
para se despertar nestas crianças solitárias e visivelmente abatidas, a vontade
e o prazer de estar com o outro, de fazer parte do meio como afirmação do eu
e preparação e reforço para à vida social assim como os relacionamentos para
toda a vida. Aponta no sentido da necessidade de se redefinir esta solidão e
tristeza de forma a se encontrar uma visão positiva para as dores, carências,
anseios, temores e incapacidades que contribua para o pleno desenvolvimento
saudável das potencialidades dos envolvidos, dando então, um novo sentido e
sabor à vida.
“Habitamos nosso corpo durante muito tempo antes de poder pensá-lo.
Nosso corpo, portanto, tem sobre nós uma dianteira irreparável”.
Albert Camus
ÍNDICE

Resumo............................................................................................... 03

Introdução........................................................................................... 05

Capítulo 1

Depressão em Crianças e Adolescentes

1.1. Fatores que geram mudanças biológicas, ambientais e


psicossociais na criança.......................................................... 06
1.2. A importância da interação social............................................ 07

Capítulo 2
Criança, Depressão e o Suporte da Família

2.1. A família, sua caracterização e importância na saúde


Emocional e psíquica da criança............................................... 08
2.2. Caracterizando o suporte familiar.............................................. 10
2.2.1. Superproteção........................................................................... 11
2.2.2. Carinho...................................................................................... 12
2.2.3 Consentimento de Autonomia e Independência........................ 12
2.2.4 Indiferença ou Rejeição............................................................. 13
2.3 O desencadeamento da depressão e os possíveis fatores
desencadeadores desta........................................................... 13
2.3.1 Como ocorre a aprendizagem frente ao quadro depressivo.... 15
2.3.2 Perdas, conflitos e separação influenciando o surgimento da
1
depressão.................................................................................. 15
2.3.3 Eventos que se mostram estressantes no ambiente social..... 16
2.3.4 Como o adolescente percebe e reage a isto no contexto fami-
liar................................................................................................. 17
2.3.5. Sintomas depressivos podem ser desenvolvidos por problemas
dentro da família?......................................................................... 18

2.3.6 Quando os pais, a escola ou o meio social pode considerar o

o quadro depressivo como estando dentro da normalidade?.... 19

Capítulo 3

A Depressão na escola: Sintomas e tratamento

3.1 Como surgem os sintomas da depressão.................................... 21

3.2 Os quadros de depressão e o desenvolvimento da criança....... 24

3.3 Reação de dor e aflição prolongadas........................................... 25

3.4 Como diagnosticar a depressão infantil....................................... 26

3.5 Tratamento................................................................................... 28

3.6 Como ensinar crianças depressivas....................................... 30

Considerações....................................................................................... 33

Figura.................................................................................................... 10

Referências........................................................................................... 35

2
RESUMO

A depressão é atualmente considerada um grave problema de saúde


pública. É compreendida como um sofrimento psíquico ou emocional e um
transtorno ou desequilíbrio multiforme de humor que abrange vários sintomas e
pode expressar-se de várias formas. Dentre estes sintomas que podem se
inter-relacionar, está a tristeza, o isolamento social, baixo rendimento escolar,
desesperança, perda de prazer e apetite, alterações psicomotoras e do sono,
baixa-estima, diminuição de energia, sentimento de culpa, uso de drogas,
ideação suicida. Os bebês podem demonstrar também expressão facial triste;
os pré-escolares podem ter disforia e perda de interesse por atividades, assim
como lentidão. Crianças e adolescentes, justamente por estarem em
desenvolvimento, não conseguem compreender o que lhes acontece
internamente, manifestando comportamento agressivo e, algumas vezes,
destrutivo. Nos quadros depressivos que surgem na infância e na adolescência
poderá se revelar futuros episódios de depressão na idade adulta. Portanto, o
profissional (clínico) deve estar atento a fim de diagnosticar com precisão a
depressão para que haja uma intervenção mais apropriada, iniciando
precocemente o tratamento. A depressão pode afetar toda a esfera da vida,
não estabelecendo padrões quanto à faixa etária, classe social, raça, cultura ou
espaço geográfico.

Há algum tempo a história da humanidade vem sofrendo com mudanças


severas no que se refere à saúde pública. Hoje, não são as bactérias e vírus
que por tanto tempo e de forma tão letal aterrorizaram a humanidade ou
cresceram de forma assustadora. Devido ao crescimento acelerado da
população e, ainda, o grande nível de estresse sofrido pelas pessoas nos mais
diversos níveis sociais a preocupação da saúde assim como o olhar da ciência
está voltado para as doenças mentais e emocionais como um todo.

Não são apenas os adultos que atualmente vêm lotando os consultórios


e mesmo precisando, cada vez mais, de medicação. Também, não são
somente os jovens de maneira geral que, por vários, motivos são atendidos nos
ambulatórios e centros médicos com doenças antes pouco conhecidas ou

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diagnosticadas... Mas, um número crescente de crianças pequenas e até
bebês ao serem expostos às mais distintas situações de abandono, tristeza e
medo, além da perda de ente queridos, vem surgindo nos mais variados
lugares e na sociedade. Tensão enfim, como dizia o sociólogo francês
Durkheim: “A pessoa humana é a coisa mais sagrada; ninguém pode violá-la
ou infringir seus limites, embora, ao mesmo tempo, o maior bem consista
na comunhão com os outros”.

O que se faz necessário, é que se compreenda que, apesar de se ver a


solidão como causada por fatores tanto internos quanto externos, intensas
transformações sociais na história da humanidade acabaram por reduzirem os
contatos espontâneos, os encontros familiares e os relacionamentos sociais,
assim como os laços de amizade que se tornam cada vez mais raros. Assim,
faz-se necessário compreender que a relação com o outro colabora na
construção da identidade pessoal, porém, a solidão pode ser o próprio caminho
da descoberta de si próprio, do autoconhecimento. “O silêncio faz parte da
construção de identidade. Estar só possibilita, de alguma forma, aprender
mais sobre as próprias necessidades e prazeres”, segundo relata Lilian Kos
Chitman. Resta-nos saber até que ponto isto é saudável e necessário, o
quanto e como isto pode ser ou não prejudicial. E é isto que busquei
compreender no ambiente em que encontrei tais crianças.

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INTRODUÇÃO

É de mim que dependo para minhas opções, para minhas resoluções.


Não se trata de negar a existência e a interação com o outro,
e sim de mostrar nossa condição de ser só.
ANGERAMI-CAMON,
1990

Se o medo e a tristeza duram muito tempo,


tal estado é próprio da melancolia.
HIPÓCRATES

Afetando aproximadamente oito milhões de pessoas só na América do


Norte, onde as principais pesquisas se desenvolvem, a depressão foi
considerada como sendo a principal doença psiquiátrica do século. As
pesquisas ainda apontaram no índice que, aqueles acometidos pela depressão,
estão propensos 20 vezes mais a morrer em acidentes ou suicídio, do que
outros sem o transtorno psiquiátrico.

A palavra “depressão” vem sendo estudada por muitos autores que, com
o passar do tempo foram nomeando-a de formas distintas. Mas, ainda assim,
sabe-se pouquíssimo sobre esta doença que atinge também crianças e
adolescentes. Os sintomas e suas consequências dificilmente são notados
pelos pais ou por aqueles que convivem com a criança ou adolescente e,
dependendo da fase de desenvolvimento em que se está inserido, a depressão
pode variar muito em seus sintomas. Nos bebês pode-se perceber tristeza na
face, além de alterações na alimentação e no sono; nas crianças em idade pré-
escolar a apatia e o isolamento social, além da disforia; nos escolares o humor
sofre alterações e ainda surgem queixas somáticas; na adolescência os
sentimentos de inferioridade e ainda o de inutilidade acompanham pensamento
depressivo e consequente queda no rendimento escolar. Como estão se
desenvolvendo, crianças e adolescentes não conseguem compreender o que

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lhes estão acontecendo internamente e assim, se isolam e fazem muitas vezes,
uso de drogas como fuga para o sentimento de abandono, possibilitando-os
momentaneamente fugirem de suas angústias sentindo-se eufóricos e com
uma falsa sensação de bem-estar. Estudos demonstram que
aproximadamente 22% das crianças e 15% dos adolescentes sofrem
depressão e isso pode prognosticar depressão também na idade adulta.
Quanto antes e mais cedo se diagnostica e se inicia o tratamento, menores
serão as chances de que esta criança ou adolescente se tornem em adultos
depressivos.
O quadro depressivo pode causar sentimentos desagradáveis e que a
criança e o adolescente não conseguem nem mesmo descrever como:
desespero, confusão e sensação de inadequação. Não se pode esquecer que,
apesar do quadro depressivo mostrar uma sintomatologia muitas vezes ampla,
deve-se compreender que cada uma destas pessoas vivencia a depressão de
uma maneira única. Diversos são os fatores que podem manifestar a
depressão, onde até mesmo a família e sua dinâmica podem estar
desencadeando tais sintomas. Outras vezes, a falta de estruturação na
educação dos filhos, a separação dos pais ou a quebra de relações familiares,
a perda de uma pessoa querida etc. O que se sabe é que a depressão não
pode ser vista como sendo causada por apenas um fator. São múltiplos ou
variados os fatores que, em conjunto, desenvolvem o quadro depressivo.

Capítulo 1

DEPRESSÃO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

“O corpo humano é a carruagem; eu, o homem


que a conduz o pensamento são as rédeas;
os sentimentos, os cavalos”.
PLATÃO

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A depressão na infância e na adolescência é um assunto que vem
despertando muito interesse e preocupação entre os pesquisadores e
psiquiatras, dado o crescente aumento de casos que surgem a cada ano. Os
números e as estimativas, segundo Agnold e Costello, (1995 apud BAHLS,
2004) que descrevem algo em torno de 2% em crianças e de 5% a 8% em
adolescentes, com idades entre 7, 9 e 13 anos de idade. Não afeta somente
aquele que a sofre, mas também, causa danos em toda a estrutura onde este
se insira, ou seja, a família, os amigos e ainda, interfere no comportamento
tanto emocional como social, sendo preditiva para o risco de suicídio,
principalmente em adolescente.
Bahls (2004) afirma que a ciência busca compreender a existência da
depressão em crianças e adolescentes há muito pouco tempo, pois esta
demonstrava ser rara e até inexistente na criança e no adolescente, apesar de
existir raros relatos de casos desde o século XVII.
Assumpção (1999) relata que desde meados do século XVIII a depressão
foi encontrada em crianças e adolescentes.
Antes da década de 65 a 70 não se falava em depressão infantil como
alteração psiquiátrica. Mas em meados dos anos 70 começou-se a descrever a
depressão como conceito que sofreu o mascaramento de equivalentes
depressivos, isto é, acreditava-se que tanto a hiperatividade, a ansiedade,
insônia, enurese e até a agressividade fossem acontecimentos associados à
depressão. Muitos outros autores acreditam que a depressão em crianças e
adolescentes sofra diagnóstico semelhante a de adultos. Ainda há aqueles
autores (3) que afirmam que a depressão em crianças é diferente daquela
sofrida pelos adultos. Também há autores (3) que dizem que a depressão pode
surgir nos anos iniciais da vida da criança e que esta se trata de uma síndrome
da infância. No entanto, o Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA (NIMH)
oficialmente reconheceu a existência da depressão em crianças e adolescentes
a partir de 1975 e as pesquisas nesta faixa etária tem atraído um interesse
crescente durante as duas últimas décadas.
Hoje, compreende-se que a depressão maior em adolescentes é comum,
debilitante e recorrente e que ainda, envolve um alto índice de morbidade e
suicídio, tornando-se uma preocupação para a saúde pública. Mas, ainda

3
assim, frequentemente esta não é reconhecida e tratada com a atenção e
rapidez que exige o quadro depressivo. Entende-se que é uma doença
debilitante e ameaça à vida, pois é a causadora de um número cada vez maior
de suicídios associados a esta idade, além de estar ocorrendo cada vez mais
cedo na vida de crianças e adolescentes.
Segundo Assumpção (1999, p. 83) examinando-se a criança, nem sempre
se encontram facilmente, que descrevam seu estado interno, referindo-a
frequentemente somente tristeza e solidão.
Justamente por isso, se deve buscar-se uma variedade cada vez maior de
compreensão desta criança, aumentando as possibilidades para se entender
com clareza seus sentimentos. Na maioria das vezes, por não ser fácil
identificar a origem desses sentimentos aos quais a criança se refere, nota-se
somente que esta se tornou chorona, irritada e até mesmo impaciente. Ou
seja, esta sofre uma mudança de comportamento muitas vezes repentina e
inexplicável. Surgem, então, as alterações de humor (disforias).

1.1. Fatores que geram mudanças biológicas, ambientais e


psicossociais na criança

Piaget (1964) mostra a importância do plano social no desenvolvimento


intelectual da criança, mostrando a interação social como mediador entre o
mundo egocêntrico e o mundo da “vida real”. A criança é pressionada a
compartilhar e compreender os pontos de vistas dos outros como sendo
diferentes do seu a fim de que se efetive a aceitação social. Para isto, a relação
interpessoal como objeto de convívio torna-se a principal fonte de desequilíbrio,
passando a ser o que promoverá o seu desenvolvimento mental. Mas, muitas
vezes a criança se sente inadequada ou não aceita por aqueles que a cercam,
vindo a se retrair e se fechar em si mesma, sofrendo a influência de
sentimentos de desconforto, tristeza e solidão.
Em Vygotsky (1991) o “ser social” não é o mesmo durante o processo de
seu desenvolvimento. Portanto, a cooperação é a ação social necessária e, por
que não dizer, essencial para o desenvolvimento mental. Assim, as relações
sociais exigirão dos envolvidos coerência e lógica em seu pensamento.

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Ainda, segundo Piaget (1964), “inicialmente, as crianças dão respostas
ao mundo e sua relação com este, que são determinadas pelo seu processo
biológico, ou seja, suas funções elementares mas quando em contato com
adultos ou crianças mais experientes, começam a se formar seus processos
psicológicos, e portanto, ela precisa ser aceita, acolhida, recebida e valorizada,
ainda que suas colocações iniciais não sejam tão coerentes e formuladas
quanto virão a ser, se observados os critérios de respeito e aceitação das
possibilidades que ela oferece”. Mudanças no meio ambiente também devem
ser levadas em consideração, visando o pleno desenvolvimento da criança. A
transição da casa para a creche e, posteriormente a educação infantil, o
fundamental, a nova casa, a separação dos pais, a chegada de um novo
membro na família, tudo isso pode gerar não somente ansiedade e tristeza pela
separação ainda que temporária da mãe e do pai ao ingressar na escola, como
também, a sensação de abandono, o que demanda a necessidade de
reacomodação na criança dos novos relacionamentos sociais, ou toda esta
problemática incidirá diretamente no seu estado emocional e no seu humor.

1.2. A importância da interação social

Segundo relata Chitman (1998, p. 41), ”Vygotsky atribui à cultura um


papel de fundamental importância na formação e no desenvolvimento do
homem, principalmente daquelas estruturas que o diferenciam dos outros
animais, isto é, as funções psicológicas superiores. Estas podem ser vistas
como processos mais complexos de comportamento, como as ações
conscientemente controladas, atenção voluntária, memorização ativa e o
pensamento abstrato, que surgem com o processo de desenvolvimento
cultural. Nesta perspectiva, o organismo humano é dotado de um alto grau de
plasticidade. Assim, o meio sócio-histórico contribuirá para o desenvolvimento
cognitivo do ser. Portanto, a dimensão social é totalmente necessária para o
favorecimento do desenvolvimento, pois, o ser humano constitui-se como tal na
relação com o outro”.
Já em Wallon (1975), vê-se a proposta do estudo contextualizado das
condutas infantis, onde em cada fase do desenvolvimento será estabelecido o
sistema de relações entre a criança e o seu meio. Não é possível então,
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estudar ou compreender a criança e seus sentimentos e reações sem que se
parta do meio em que esta esteja inserida e contextualizada pois, a criança da
sensibilidade orgânica ou interna, passa pela sensibilidade emocional até poder
ter consciência reflexiva. Entendemos, portanto, que as emoções
desempenham um papel grandioso na formação psíquica. É a elas que o bebê
recorre diante da fome buscando satisfazer suas necessidades.
Para Chitman (1998, p. 41) (...) “o ser humano é ‘geneticamente social’, o
que equivale a dizer que ele se comunica com seu semelhante desde sempre.
Aliás, o momento da sociabilidade máxima é precisamente o primeiro ano de
vida, quando a criança é estritamente dependente de outrem para existir.
Nessa fase, os contatos interpessoais superam de longe os contatos com os
objetos, que são, quando ocorrem, geralmente intermediados por pessoas.”
Para Wallon (1975), o sujeito constrói-se nas interações com o meio.
Analisando a importância da aceitação, do acolhimento, da busca em se
compreender quais as necessidades deste ser que apesar de ter carências não
sabe como verbalizá-las frente aos seus primeiros contatos com o meio e
aqueles que o integram, declara Maria Auxiliadora Mascarenhas Fernandes:

(...) “Muitas crianças que chegavam ao meu consultório,


a maioria encaminhadas pelas escolas, vinham com uma
queixa relacionada à impossibilidade de escrever, e
durante o processo da análise, ao deixarem suas marcas
no papel, iam escrevendo não uma história qualquer
e sim suas próprias histórias.”
(FERNANDES, Org.-2003, p.101).

Capítulo 2

CRIANÇA, DEPRESSÃO E SUPORTE FAMILIAR

“Muitos jovens rejeitam ideias e conceitos


que terão daqui a vinte anos”.
JEAN-PAUL SARTRE

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Para Baptista (1997), muitas são as pesquisas que descrevem que o
suporte e estrutura familiar quando inadequados podem gerar depressão na
adolescência. A estrutura familiar diz respeito aos integrantes da família e suas
características físicas. Se os pais são separados ou se moram juntos; se um
destes é falecido; se moram na mesma residência e o papel ou ação de cada
um na família.
Segundo Assumpção (1999, p. 31) o suporte familiar é o fator que nem
sempre está sob perspectiva de observação clara mas, relaciona-se ao aspecto
psicológico, como: expressão de carinho; atenção; comunicação; proximidade
afetiva; discriminação para com um dos filhos; permissão de autonomia, pelos
pais, aos filhos; liberdade; superproteção; independência e outras.

2.1. A família, sua caracterização e importância na estruturação da saúde


emocional e psíquica da criança.

Na infância e no início da adolescência, quando acontece no seio familiar


a formação e desenvolvimento do sujeito, onde aos poucos e continuamente,
vai se aprendendo regras e formas de conviver, de se comportar; a criança ou
adolescente é repreendido por fazer ou agir de uma determinada forma e
também, é incentivado a agir de outras. Apesar de ser conceitos complicados
de se entender, este sujeito vai aprendendo a avaliar e assimilar os
acontecimentos da vida, onde a estrutura familiar é fator de formação nas
impressões primeiras do ser. Apesar da criança não ser o reflexo exato dessa
família, pois há outros fatores do meio que também lhe transmitem estas
impressões, como: a televisão, a escola, as características pessoais, os
amigos, e que também lhe auxiliam a formar suas regras e a avaliar sob sua
própria visão o meio que a cerca, a família ou a falta de suporte familiar
aparece como sendo o agente que mais influência ou age sobre o
desenvolvimento da criança, bem como no surgimento de problemas de
comportamento ou dificuldades que esta demonstre a partir daí.
Os membros de uma família influenciam e são influenciados uns pelos
outros. Isto nos mostra que o processo familiar não acontece de qualquer
forma, mas de maneira contínua e às vezes, até mesmo complexa, se

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avaliarmos o número de transformações que esta vai sofrendo durante o
processo.
É o suporte familiar oferecido aos indivíduos desta família que influenciará
o curso da vida de cada um deles. Estes suportes podem, quando inadequados
ou mal compreendidos pela criança, gerarem e desenvolverem problemas de
comportamento, que mais tarde, na fase da adolescência, favoreçam atitudes
relacionadas a uso de drogas, de bebidas alcoólicas, abandono ou fracasso
escolar como fuga do sofrimento e dor.
Descobriu-se, portanto, segundo Garrison e colaboradores, (1990 apud
BAHLS, 2004, p. 68) que no início da adolescência, o ambiente familiar é um
preditor de sintomas mais estressantes do que os eventos estressores da vida.
Através de pesquisas comunitárias Patten e colaboradores, (1997 apud
BAHLS, 2004, p. 68) com adolescentes de 12 a 17 anos com sintomas
depressivos, concluíram que a falta de percepção de apoio por parte dos pais
é/ou está altamente relacionada com a presença de sintomas depressivos nos
jovens.
No Brasil, Nunes e colaboradores (1992 apud BAHLS, 2004, p. 68), em
pesquisa realizada na cidade de Londrina, Paraná, avaliaram a presença de
transtornos psiquiátricos em pais de indivíduos de 7 a 18 anos de idade com
depressão e encontraram uma predominância de transtornos de humor,
especialmente Depressão Maior (TDM) e Transtorno Distímico, exatamente
como descreve a suscetibilidade de filhos de pais depressivos desenvolverem
quadros depressivos, segundo descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais - DSM – IV (APA, 1995)
Duas grandes dimensões podem ser consideradas como fazendo parte
do suporte familiar, sendo opostas, formando dois grandes eixos:

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Figura 1. Dimensões no Suporte familiar (retirado de Parker, Tupling e
Brown).

2.2. Caracterizando o Suporte familiar

O suporte familiar, segundo relata Baptista (2000) pode ocorrer em dois


eixos e quatro níveis sendo estes: superproteção, consentimento de autonomia
e independência, indiferença e/ou rejeição e carinho. Na ausência de
superproteção e oferecimento de muito carinho, considera-se o suporte como
sendo ótimo. Já, quando houver falta ou pouco carinho e também pouca
superproteção, esta relação ou suporte familiar é considerado fraco. Pode
ocorrer muito carinho associado a muita superproteção, a relação será
considerada coercitiva ou limitada afetivamente. (...) “Há ainda o nível onde se
encontra pouco carinho e muita superproteção, o que gera uma relação
desprovida de controle afetivo” (BAPIISTA, 2000, p. 65-82).

2.2.1. Superproteção

De acordo com Baptista e Assumpção (1999), quando muito pequena e


indefesa a criança precisa de mais atenção e carinho para que lhe sejam
garantidas as devidas condições de suprimento e manutenção de vida. No
entanto, na passagem da infância para a fase da adolescência, a
superproteção deverá ser substituída por independência e autonomia enquanto
a criança vai descobrindo suas capacidades e elaborando novas formas de agir
frente aos seus obstáculos, apropriando-se assim, do desenvolvimento
cognitivo e psíquico de acordo com sua idade e vivências. Assim, enquanto
cresce e age frente a cada nova situação em seu caminho, o adolescente ou
púbere vai aumentando e estruturando sua capacidade de decidir,
compreendendo que, suas opções gerarão consequências e que deverá
mediar sua ação e assumir suas escolhas, ainda que com limitações. Só a
ausência da superproteção levará o adolescente a aprender e desenvolver
técnicas que lhe possibilitarão uma amplitude de ação e de representação do

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seu agir. Do contrário, quando criado num ambiente de superproteção estará
sempre indeciso quanto ao agir quando cada nova situação a ser resolvida se
mostrar presente. Seus sentimentos, então serão de inadequação e
incapacidade, sendo constantemente tomado por ansiedade e medo. Ainda
que se sintam desconfortáveis e preocupados, sempre querendo auxiliar e
fazer pelo filho aquilo que este deveria fazer, os pais devem buscar demonstrar
ao filho e passar a ele uma sensação de que confiam nele e que o sabem
capaz de resolver ou ainda, buscar solução para seus problemas. Portanto, os
pais deverão se manter de forma a oferecer apenas o suporte necessário para
que o filho possa tomar suas próprias decisões. É exatamente nesta época que
os filhos desenvolverão a capacidade de mais tarde, na vida adulta, sentirem-
se confiantes e seguros na busca da resolução de seus problemas e
dificuldades. Pais que superprotegem os filhos acabam por coibirem suas
possibilidades de desenvolvimento, o que mais tarde, quando adultos, sofrerão
as consequências de não aprenderem a agir por si mesmos desde cedo.
A autonomia e a independência oferecidas de acordo com as
possibilidades crescentes da criança e do adolescente só trarão benefícios na
fase adulta, formando-os e tornando-os pensantes, maduros, seguros,
decisivos; além de fortalecer a autoestima e o autoconceito, evitando, inclusive,
que mais tarde o adolescente se culpe por tudo o que ocorra em sua vida.

2.2.2 Carinho

Outro fator que possibilita ao adolescente se perceber amado e que há


pessoas com o propósito de conferir-lhe ajuda e suporte, é o carinho, como
declara Baptista e Assumpção (1999). (...) “Quando amado e acariciado o ser
se sabe reconhecido em suas peculiaridades e características únicas. Não se
deve compreender no entanto, que oferecer carinho e amor seja sinônimo de
ausência de limites e parâmetros de uma conduta saudável e correta. A forma
de se dar e efetivar o carinho podem ser desde o tom com que se fala quanto a
forma como se fala qualquer coisa que se faça necessário entre pais e filhos ou
responsáveis e os que estão sob sua orientação”.

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Não se deve, entretanto, crer que haja uma única forma de tratar ou uma
forma certa ou errada. Cada família vai encontrar, dentro de suas
possibilidades, sejam elas, sociais, biológicas, psicológicas ou até mesmo
econômicas, a maneira de educar e de propiciar afeto e atenção aos seus
filhos. Podem existir várias maneiras de se educar. O importante, é que cada
família busque o seu jeito ou a sua maneira de agir mutuamente. É exatamente
por esta razão que o suporte familiar depende não somente da condição
econômica e da educação dos pais ou responsáveis. Vários são os fatores que
podem influenciar esse suporte. Dinheiro e estudo ou conhecimento são
importantes, mas não é isto que garantirá o bom suporte familiar.

2.2.3 Consentimento de Autonomia e Independência

Por outro lado, Baptista e Assumpção (1999) relatam que apesar da


criança nascer totalmente dependente de seus pais é necessário que, com o
tempo e o desenvolvimento físico e psicológico, os pais favoreçam condições
para que esta comece a realizar algumas tarefas simples sozinha e, aos
poucos, tarefas mais complexas, até que se sinta capaz e com habilidades de
enfrentar os grandes desafios que a vida trará a ela. Atitudes semelhantes a
esta levará a criança a desenvolver a autoconfiança, que é muito importante
para enfrentar situações novas e obtenção de sucesso em diferentes atividades
ou novas situações que o ambiente nos impõe.

2.2.4 Indiferença ou Rejeição

Segundo os mesmos autores, a criança ou adolescente quando não


assistido ou amparado pelos pais ou cuidadores, ou que estes ainda,
demonstrem rejeição ou indiferença a eles, estarão, na verdade, criando
condições desfavoráveis de vida para estes indivíduos pois, o sentimento que
eles experimentarão será próximo da desvalia, da não-aceitação e isto os
levará a ter uma percepção tendenciosa de avaliar-se com rigor ou
culpabilidade, além de expressar avaliações negativas sobre sua capacidade
de efetuar tarefas simples ou relembrar mais frequentemente de ocasiões em
que fracassou a realizar alguma tarefa. Outros fenômenos observados podem

11
ser interpretações errôneas de eventos cotidianos, como por exemplo, a
criança ou o jovem não se achar merecedor de receber qualquer demonstração
de bondade ou reconhecimento, além de serem ampliadas as dificuldades para
se tomar decisões, pois a capacidade de avaliar as situações, as
consequências e benefícios de cada escolha estará restringida.

2.3 O desencadeamento da depressão e os possíveis fatores geradores


desta

Para Baptista (1996) o sofrimento humano começa no bebê, por um


estado indiferenciado de aflição, a partir do qual distinguir-se-á, mais tarde,
afetos (emoções), em particular a angústia e o afeto depressivo.
A reação de angústia está ligada à noção de perigo: fala-se de medo, se o
perigo é imediato, evidente, e de ansiedade, quando o perigo tem um caráter
menos definido.
Aos sentimentos de perda liga-se à depressão, que numa reação
fisiológica pode-se entender como reação de luto. Os bebês, por volta dos seis
meses de idade começam a se sentirem angustiados com o afastar da pessoa
que o protege. Ele se sente, então, em perigo eminente.
O estresse psicológico e a ansiedade que este desencadeia, influencia o
metabolismo e faz com que este entre em disfunções e dificuldades
respiratórias, cardíacas, vertigens, dores vertebrais, cinestesias abdominais,
náuseas, vômitos, constipação, distúrbios vesicais, distúrbios de apetite,
emagrecimento entre outros.
O sentimento entendido como depressão aparecerá um pouco mais
tarde na evolução do sujeito. Deve-se, portanto, observar se estes sintomas
perduram pois, no caso afirmativo, sugerirá uma patologia na afetividade. Ou
seja, com a persistência dos sintomas desagradáveis, o ser se revelará incapaz
de vencer e dominar estes sentimentos que, com o passar do tempo, afetará o
comportamento e o seu desenvolvimento como um todo. Sintomas corporais,
então, se desencadearão (HAYNAL & PASINI, 1983).

12
A depressão é um distúrbio do espírito,
tão misteriosa e imprevisivelmente percebida pela
pessoa --- pela mente mediadora ---
que é quase indescritível.
WILLIAM STYRON

Com o surgimento da neurociência e o seu desenvolvimento, começou-se


a entender melhor como os neurotransmissores e a genética podem influenciar
nos transtornos depressivos. Entende-se e reconhece-se ainda mais, agora, o
papel da família em relação aos transtornos depressivos, não somente em
relação à gênese e manutenção destes transtornos, mas principalmente quanto
a importância da família na recuperação de adolescentes com transtornos de
humor. As desordens psicológicas sofridas por estes podem ser influenciadas
pela insatisfação destes pelo suporte fornecido pelo seu meio social, ainda que
este seja a própria família.
Quando a criança, futuro adolescente, tem relacionamentos sociais
construtivos não somente com sua família mas, muito mais com os amigos, ele
constrói sua identidade e com a auto-estima saudável, não sofrerá o risco da
depressão.

2.3.1 Como ocorre a aprendizagem frente ao quadro depressivo

Conforme a Organização Mundial de Saúde e a CID 10 descritas em


Balhs (2004), (...) “aqueles que estão sob os efeitos devastadores da
depressão apresentam como traço característico o humor depressivo ou a
perda de interesse ou prazer, ocorrendo por pelo menos mais que duas
semanas e ainda, provocando um sofrimento intenso, além de limitações no
funcionamento social, ocupacional e afetivo, gerando ainda, incapacidade na
aprendizagem e aquisição do conhecimento. Em crianças e adolescentes
pode-se ver um comportamento irritado e agitado, o que não possibilita o
aprendizado harmonioso e total da criança. Relacionamentos pouco afetivos ou
com problemas relacionados a pouca estimulação, problemas de comunicação
e violência infantil, são fatores que muito contribuem para aquisição de

13
problemas comportamentais durante o desenvolvimento e que, certamente
influenciarão negativamente a aprendizagem e, ainda, relacionamentos
insatisfatórios e a propensão para o surgimento de quadros depressivos”

2.3.2. Perdas, conflitos e separação influenciando o surgimento da


depressão

Segundo Assumpção (1999, p. 34), (...) “geralmente, o comprometimento


do bem-estar dos pais debilita o sistema de suporte familiar, no qual os
conflitos familiares e infelicidades conjugais afetam negativamente a qualidade
afetiva dos relacionamentos entre pais e filhos. Segundo sua pesquisa,
adolescentes que vivenciam a separação dos pais antes da idade escolar, 24%
destes desenvolve quadros depressivos. Assim, acredita-se que quanto menos
idade a criança tiver no período de divórcio dos pais, maiores serão as chances
de desenvolver sintomas depressivos. Isto se dá pelo fato de esta ainda não
possuir um quadro ou uma rede de suporte social (amigos ou relacionamentos
íntimos) instituída”.
Para Stoneman (1989), uma criança que diariamente esteja presenciando
quadros depressivos na própria mãe, onde, um dos sintomas é a forma
negativa de ver e encarar a vida ou tenha uma visão negativa de si, do mundo
e daqueles que a cercam, certamente está propensa a reagir da mesma forma
que a mãe pois, como esta confia em sua mãe ela lhe estará transmitindo a
ideia de um futuro sombrio, difícil e de uma vida sem valor. Outro fator que
deve ser observado com especial atenção é a falta de tempo dos pais no que
se refere a deixar a criança em creches ou escolas de período integral, já que
seus pais precisam trabalhar fora buscando melhores condições de sustento
dos filhos. Crianças nessas circunstâncias terão menos atenção dos pais, ou
atenção de apenas um deles, já que pode acontecer separação entre estes
pais ou até mesmo morte de um deles.
Além de tais constatações, Chabrol (1990 apud BATISTA, 2004, p. 187),
descreve que: (...) “as tentativas de suicídio na adolescência estão ligadas às
depressões e que estas se manifestam através de sentimento de tédio
duradouro e insuportável, oscilando com períodos de intenso nervosismo;
dependência ou isolamento exagerado em relação a pais e amigos;

14
promiscuidade sexual; fadiga; preocupações corporais ou sintomas físicos;
perturbações do apetite, do sono ou desordens psicossomáticas; dificuldades
escolares; sintomas de ansiedade; obsessão, fobias; condutas antissociais ou
delinquentes.
Já em Baptista & Assumpção Jr. (1999) o humor depressivo na
adolescência está intimamente relacionado à falta de intimidade com os pais.

2.3.3. Eventos que se mostram estressantes no ambiente social

Alguns fatores e acontecimentos sociais influenciam simultaneamente a


adolescência e os quadros depressivos: problemas com no relacionamento
com os amigos e grupos sociais, por exemplo, a falta de atenção ou
concentração, traição, isolamento social, perda de apetite, percepção social
negativa, discussões e desentendimentos relacionados às ideias e pessimismo.
Ainda na adolescência, há mais fatores que influenciam a depressão, como:
mudança de domicílio ou de escola causando a separação dos amigos;
mudanças relacionadas ao físico, como: aparecimento de acne, o uso de
óculos, o rompimento de um relacionamento, etc. Muitas vezes estes fatores
também irão se relacionar ao uso de álcool ou de substâncias químicas, o que
acaba gerando problemas de comportamento e até mesmo delinquência,
desencadeando rupturas familiares e nas relações socioafetivas. Tudo que
gere estresse na adolescência pode gerar um quadro depressivo, onde pode-
se observar até mesmo ideações suicidas naqueles que tiveram uma infância e
uma pré-adolescência conturbada, principalmente se houver antecedentes de
divórcio (separação) ou ainda a morte de um destes, além de troca de guarda
ou abuso sexual. Pais que exercem e demonstram grande expectativas em
relação aos filhos no que se refere ao sucesso, a notas sempre excelentes,
acabam por desmerecer os mais simples esforços que os filhos fazem para
agradá-los e ainda sofrem vergonha constante por não poder ou conseguir
satisfazer tais expectativas. Portanto, períodos de humilhação, de vergonha, de
exposição; a falta de coesão social e familiar acaba desenvolvendo quadros
precoces de depressão em crianças e adolescentes. Para que isto não ocorra e
para que a vida e os acontecimentos da rotina diária não sufoquem e causem

15
dor nessas crianças e adolescentes, o suporte social e familiar devem ter como
objetivo o amortecimento dos eventos estressantes do cotidiano destes,
evitando que fiquem expostos e vulneráveis a problemas de ordem psicológica.

2.3.4. Como o adolescente percebe e reage a isto dentro da família

Batista & Assumpção Jr. (1999) relatam que nem sempre aquilo que
os pais pensam em relação à coesão e unidade da família corresponde ou é
igual àquilo que o adolescente sente ou percebe. Jovens comprometidos em
quadros depressivos declararam que percebem as pessoas e até mesmo as
famílias, não tão amigáveis ou participantes de suas vidas. Talvez isto se dê
devido ao fato da diferença de idade entre pais e filhos. Pelo fato de os pais
poderem, algumas vezes e situações, avaliarem os acontecimentos melhor que
os filhos justamente devido ao fator idade e vivências que estes já tiveram e
que os propiciaram chegarem aonde estão, os filhos encarem isto como não
compreensão por parte dos pais ou até mesmo invasão. O adolescente, então,
faz uma avaliação negativa dos pais e se arma contra o que ele julga ser
“controle” dos pais. Surge o chamado “conflito de gerações”. Este refere-se aos
diferentes níveis de idade englobando os valores, ideias e comportamentos.
Isto acontece, principalmente, porque o avanço das tecnologias, as
transformações morais e sociais vêm causando um distanciamento ainda maior
entre pais e filhos. Nos últimos anos, ideias e noções a respeito de valores,
boas maneiras, ética, educação e até mesmo princípios, sofreram a influência
de fatores sociais e de mudanças na sociedade nunca tão marcantes como
agora. Os pais realmente não conseguem acompanhar com a mesma
velocidade dos acontecimentos, estas mudanças. Para que conflitos familiares
entre pais e filhos sejam menores ou nulos é necessário que ambos busquem
estar no lugar do outro para que possam avaliar a questão. É preciso uma
mudança no olhar e na forma de conceituar cada situação, de dialogar mais e
melhor. Tanto pais quanto filhos devem se esforçar e buscar sempre
compreender ou entender o que leva o outro a agir como age. É preciso que os
pais percebam que, apesar de não terem mais um bebê não podem agir de
forma a tratar suas crianças e adolescentes como se fossem adultos. Apesar
de não gostarem de ser chamados de criança não têm a maturidade suficiente

16
para muitas situações e, portanto, necessitam de orientação, afeto e muito
amor. Pesquisas feitas no que se refere ao relacionamento familiar com os
adolescentes que estão inseridos nestas demonstraram que os que acreditam
que suas famílias não fornecem amor e atenção suficiente, ou ainda, aquelas
famílias superprotetoras foram acometidos em número muito maior por
sintomas depressivos e até delinquência.

2.3.5. Sintomas depressivos podem ser desenvolvidos por problemas


dentro da família?

Assumpção (2004) diz: (...) “Sabe-se que famílias que evidenciem uma
estrutura desestabilizada e que em seu seio haja brigas, conflitos, culpas,
ciúmes muitas vezes, acaba gerando causa depressiva em crianças e
adolescentes. No entanto, não se pode afirmar que estes problemas e esta
desestruturação, venha ser o fator principal de tais sintomas depressivos
precoces.
Segundo Baptista (1999), não se pode saber se são os problemas de
comportamento que fazem com que o adolescente avalie baixo o suporte
familiar ou é o baixo suporte familiar que causa problemas no comportamento
do adolescente. Mas, pesquisas afirmam que a família é fundamental na
aquisição de comportamentos-problema pelos adolescentes. Assim, a
depressão parece ter relação próxima com suporte familiar, associado aos
momentos de profunda transformação, o que em alguns casos, pode facilitar o
surgimento de sentimentos e pensamentos negativos sobre si e sobre o seu
entorno social. Os antecedentes familiares devem ser considerados, levando-
se em conta que, um número próximo a 50% e 80% de crianças que
apresentem sintomas depressivos têm histórico familiar depressivo. Ainda há
um número de maior incidência de sintomas depressivos associados a
alcoolismo e ansiedade em parentes próximos, isto é, de primeiro, segundo e
terceiro graus.

2.3.6. Quando os pais, a escola ou o meio social podem considerar o


quadro depressivo como estando dentro da normalidade ou se faça
necessário a intervenção profissional

17
O assunto dos sintomas depressivos na infância e adolescência é
comentado por alguns autores como estando dentro de certa normalidade pois,
as mudanças e os acontecimentos sucessivos na vida de um adolescente são
tão acelerados e constantes que este não tem um tempo para acomodar e
desacomodar suas aquisições e conquistas de forma tranquila. Justamente
devido aos novos e mais distintos acontecimentos constantes na vida do
adolescente é que surgem crises ou períodos de desequilíbrio, os quais são
gerados por tantas mudanças e, desta forma, podem ser considerados como
um processo de adaptação na nova realidade da vida do pré-adolescente. Mas,
se estes perdurem por um tempo mais prolongado, como por exemplo,
algumas semanas, aí sim, deverão ser considerados como preocupantes e um
profissional deverá ser consultado.
O reconhecimento de um quadro depressivo infantil e da adolescência
como um transtorno que pode afetar pessoas desse grupo etário, deu-se há
mais de 30 anos no IV Congresso da União de Psiquiatras Europeus, em
Estocolmo 1971 (ANNELL, 1972), e resultou na elaboração de diagnósticos
com esta finalidade, o qual recebeu o nome de Transtorno Depressivo na
Infância e na Adolescência (DSM-IV), 1994).
No entanto, os achados não são unânimes entre pesquisadores pois
levam em conta tanto o local de estudo como, também, os pacientes
observados na pesquisa. A isto se atribuiu o fato da diversidade entre os
diagnósticos sugeridos, já que houve casos atípicos como a hiperatividade e a
fobia escolar.
Muitos estudos e pesquisas americanas descrevem o surgimento da
depressão entre 0,9% dos pré-escolares; 1,9% nos escolares e 4,7% em
adolescentes, segundo Kashani (1987 apud WELLER, 1998, p. 646-664). Mas,
acredita-se que esses números venham ser muito maiores.
Porém, em artigo um pouco recente, José Luis Pedreira Massa diz que,
não é tão fácil reunir dados sobre a Depressão infantil; ainda que na Espanha,
local de estudo, encontrem-se geralmente em média, 9% da população infantil
com idade até 12 anos. Mas, na adolescência o índice é muito maior.

18
Capítulo 3

DEPRESSÃO NA ESCOLA; Sintomas e Tratamento

“Aquele que me interroga sabe também ler-me”.


LACAN,1974

“Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não


há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque
sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a
rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é
escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias”.
CLARICE LISPECTOR

3.1 Como surgem os sintomas da depressão

Invariavelmente, a depressão infantil não se refere somente a quadros


de tristeza e outros sintomas típicos nos momentos em que a criança
encontram-se triste ou aborrecida com acontecimentos diários e corriqueiros. A
depressão verdadeira encontra-se, principalmente, na variação e tempo e na
causa pelo qual esse sentimento acontece. Por causa da crescente atenção
que os médicos têm dado a este estado de alma e como estes a vêm
conceituando, a depressão infantil e no adolescente vem demonstrando a
necessidade de se valorizar cada vez mais, o que os meninos e meninas dizem
sentir. “Pediatras, pais e professores precisam estar atentos às queixas
relacionadas ao comportamento dos adolescentes”, relata Regina Reis (2009),
professora da Universidade Federal Fluminense. O sintoma que realmente
deve chamar a atenção para a suspeita de depressão infantil é a mudança que
esta sofre nas suas atitudes, nas alterações de comportamento, de apetite; no
ânimo que esta demonstra frente as atividades que lhe são propostas; o
retraimento social; a instabilidade de humor; a irritabilidade, o medo, e até

19
mesmo casos de tiques nervosos; aumento de sensibilidade, negativismo e
pessimismo; sentimento de rejeição, ideias mórbidas sobre a vida; condutas
antissociais e destrutivas; ansiedade e hipocondria. Uma criança depressiva
não precisa necessariamente, estar inclusa em todos estes sintomas ou na
maioria destes para que se faça o diagnóstico. Mas, esta deve satisfazer um
número suficientemente importante destes itens para que se entenda que ela
necessita de atenção especializada. Dependendo da intensidade dos sintomas,
até mesmo o rendimento escolar poderá ser afetado, culminando com a
diminuição da atenção e a hipersensibilidade emocional frente as mínimas
colocações a seu respeito. Além disso, surgem preocupações não condizentes
com a idade da criança, como por exemplo, relacionadas com a saúde e a
estabilidade dos pais ou daqueles que a mantém; medo da separação e da
morte, o que acaba por gerar mais ansiedade.
Tendo em vista a grande maioria das depressões na infância, muitos
autores como Batista e Golfeto (2000), em Ribeirão Preto, ao examinarem 135
estudantes entre 7 e 14 anos, dizem que este diagnóstico pode, também, servir
para definir outras patologias, como é o caso do Déficit de Atenção por
Hiperatividade, certos casos de Distúrbio de Conduta (rebeldia, oposição e
agressividade) e também o Transtorno Fóbico-Ansioso. Estes autores
acreditam que há uma relação entre os quadros depressivos e estas
patologias, seja como características e manifestações normais da depressão
infantil ou por comorbidades.
Outros sintomas podem acompanhar a depressão na infância e podem
ser: frustração, desespero, baixa autoestima, recusa em ir à escola e
problemas de aprendizagem. Frequentemente, as crianças acometidas pelo
quadro de depressão perdem o interesse por atividades que antes gostavam
de fazer, tornando-se apáticas.
“A Dra. Helen Street, do Queen Elizabeth Medical Center, de Perth,
relatou durante uma conferência de Psicologia, na Grã-Bretanha, que o
fenômeno pode ser notado até mesmo em crianças de 4 anos de idade, e que
até 20% destas correm o risco de virem a se tornar adultos também
depressivos no futuro. Ainda de acordo com Street, as crenças, em uma época
da vida tão precoce, sobre felicidade e objetivos poderiam ser um indício, em
crianças pequenas, de sua vulnerabilidade à depressão. Crianças que pensam

20
que dinheiro suficiente e popularidade trazem a felicidade correm um risco
maior de depressão do que aquelas que acreditam que o dinheiro pode ser
uma coisa boa de ter, mas que sua felicidade vem de seu desenvolvimento
pessoal”, declarou a especialista.
Na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro através de estudo e
atendimentos sociais a partir de 2008, constatou-se, por exemplo, o número de
casos de depressão infantil e adolescência na idade escolar aumentou mais de
10% de 1995 até agora. Dos pacientes atendidos nesse período, 76%
chegaram ao hospital sem que os pais soubessem do estado depressivo dos
filhos.
Segundo Annell (1972), na criança e no adolescente a depressão em sua
forma atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara
de irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia. As crianças mais
novas, devido a sua pouca condição de comunicação que revele o seu real
estado emocional, manifestam sintomas como hiperatividade. No entanto, não
se pode conceber que o quadro depressivo possa ser confundido com o de
disforia, as quais se referem apenas a momentos de tristeza e de angústia,
acompanhados por abatimento moral os quais aparecem devido aos problemas
da existência humana normal e que são cotidianas como as divergências entre
irmãos ou colegas, desgostos e aborrecimentos na escola e ainda, a correção
dos pais dentro do processo de formação do sujeito para a vida. Para se
entender melhor basta se observar que a diferença entre as disforia e o quadro
depressivo está em relação à evolução benigna da disforia. Quando há um
quadro de depressão, no entanto, a recuperação das experiências e vivências
estressoras e que geram traumas é muito mais demorada e sempre traz
prejuízo no que se refere a adaptação. Portanto, podemos dizer que a
depressão é a maneira patológica de reação à vida e seus acontecimentos,
enquanto a disforia é uma maneira mais fisiológica de lidar com os
acontecimentos estressores do cotidiano. Há também o quadro que se
apresenta como Fobia Escolar, que tem como principais características, dores
sem especificações aparentes, a evitação de tudo que lembre a escola ou a ida
para lá; sem aparente doença, quadros febris, dores abdominais; ansiedade e
baixa autoestima. Além de inapetência e insônia.

21
3.2. Os quadros de depressão e o desenvolvimento da criança

Em estudos e descrições de Ballone (2010), os quadros deprimidos


podem ser observados nas mais distintas fases do desenvolvimento da criança
e do adolescente.
• A inquietação, o retraimento social, o choro mais freqüente, a recusa da
alimentação assim como a apatia e a alteração na qualidade do sono,
estão presentes nas crianças deprimidas e que demonstram humor
rebaixado através de expressões mímicas e de comportamento, na fase
pré-verbal.
• Crianças que sintomatizam o transtorno afetivo com manifestações
através de dor abdominal, emagrecimento ou falta de ganho de peso,
retardo no desenvolvimento físico esperado correspondente com a
idade, além de fisionomia triste, hiperatividade, medos inespecíficos,
irritação e alteração do apetite, na fase pré-escolar.
• A depressão infantil pode manifestar-se com quadro de Ansiedade de
Separação, em que esta tenha aderência à figura de maior contato
(normalmente a mãe), e ainda, sinais de possível regressão
psicoemocional, como atraso da linguagem, semelhante ao processo de
luto no adulto, dos 2 aos 3 anos até a idade escolar. Numa fase ainda
mais precoce, o lactante quando separado de forma brusca pode
manifestar quadro de desespero e até mesmo ira.
É preciso cuidado e muita atenção ao comportamento manifesto na
criança quando da necessidade de separação pois, caso ocorra afastamento
sem os devidos cuidados, esta demonstrará apatia e se colocará, quase
imóvel. Esta será denominada de fase do desapego ou indiferença. Nessa
etapa a criança não demonstrará mais nenhuma emoção ou reação de
contentamento diante do reencontro com a figura que antes tinta apego. Esta
experiência de perda refere-se à carência de calor, afeto, carinho ou contato.
Para se entender qual a melhor atitude a se tomar frente à necessidade de
separação, é fundamental que se observe dois fatores para que se estabeleça
a característica de separação: 1. O temperamento da criança; 2. As
características da pessoa (da figura materna). Não se pode deixar de

22
considerar que, quanto mais sensível afetivamente for a criança, maiores
serão, no futuro, os prejuízos que a separação ou o sentimento de abandono
deixarão. A isto dá-se o nome de sentimento de Dor e Aflição.
Segundo Regina Reis (2009), professora da Universidade Federal
Fluminense, pediatras, pais e professores precisam estar atentos às queixas de
comportamentos em crianças e adolescentes. O sintoma que deve chamar a
atenção destes para que se suspeite de depressão na criança, é a mudança de
atitude desta, assim como, o estado de ânimo, alterações no apetite, a
irritabilidade e o retraimento social, além de tiques nervosos, sinais estes nunca
antes percebidos.

3.3 Reação de Dor e Aflição Prolongadas

Nissen, em 1983, relacionou alguns comportamentos que caracterizavam


a depressão infantil. Este estado manifesta-se sem necessariamente ter uma
seqüência, e determina atitudes de protesto, desespero e desinteresse. Os
aspectos ligados a estes na criança são:
1. Sem atender a qualquer tentativa de consolo, a criança, chora, chama e
busca o progenitor que está ausente;
2. Retrai-se e demonstra letargia, expressa tristeza e desinteressa-se por
atividades que são próprias de sua idade;
3. Os horários de dormir e de comer desta criança se desorganizam;
4. Observa-se choro de lamentação acompanhado por dor mental e
sofrimento;
5. Sente a perda do progenitor ao reconhecer a ausência deste e
desespera-se pela impossibilidade de recuperação;
6. Ânimo deprimido ou irritável;
7. Diminuição de interesse e prazer em atividades sugestivas ao seu
desenvolvimento;
8. Capacidade reduzida de protesto;
9. Interações sociais e iniciativas são diminuídas;
10. Alteração do sono e/ou alimentação;
11. Sintomas que se apresentem por mais de duas semanas consecutivas.

23
No adolescente é mais frequente atitudes como:
1. Pesar, abatimento, tristeza profunda e lamento;
2. Raiva é comum e pode até voltar-se contra a pessoa ausente ou
falecida, familiares, médicos, amigos e até mesmo contra o próprio ego;
3. Culpa e arrependimento;
4. Ansiedade e receios associados a medos e crise de angústias, além de
insegurança;
5. Se os sentimentos acontecem pela perda de um familiar, imagens
repetidas da pessoa falecida, da doença de forma intrusa e constante,
sem controle;
6. Desorganização mental e frequente variação de estados de distração,
confusão, esquecimento e falta de coerência;
7. As tarefas se acumulam e geram mais desespero e dificuldades para a
realização destas;
8. Sensação de perda de controle e de desamparo, abandono;
9. Incapacidade de encarar a realidade dos fatos e das situações;
10. Solidão como expressão de se estar só mesmo em grupo de pessoas;
11. Sentimentos que se alternam intensamente e posteriormente
isolamento;
12. Sentimentos positivos e negativos que se mesclam sem controle.

3.4 Como diagnosticar a depressão infantil

De acordo com Children’s Depression Inventory (CDI), adaptada por


Kovacs e Beck, em 1977, a depressão infantil está tornando-se um quadro tão
comum que certos autores recomendam, caso a criança, por um tempo
prolongado manifeste sintomas como apatia, tristeza, agressividade, medo à
morte de si mesmo e de familiares, choro constante, hiperatividade, queixas de
dores físicas, desespero, frustração, distração, baixa autoestima, perda de
interesse por atividades que antes gostava, recusa em ir para a escola e
problemas de aprendizagem, deve-se considerar a depressão como
diagnóstico. Mas, necessita-se que se considere se tais sintomas são parte do
quadro de depressão na infância ou se são penas, reações normais da fase do
desenvolvimento e suas instabilidades frente a novas experiências no processo

24
de crescimento, ou seja, conduta adaptativa, social e familiar, pois, a criança
tem dificuldade de expressar as situações vivenciais de sua vida ou de seu
mundo.
Sintomas físicos e somatizados também acontecem em quadros de
depressão na infância. Pesquisas mostram que 30% dos pacientes com
depressão infantil têm o apetite diminuído, e este índice refere-se a meninas.
Outros 60% desses pacientes referem-se a insônia inicial, que é a dificuldade
para começar a dormir, e um outro sintoma refere-se a insônia terminal, que é
a característica daqueles que despertam muito cedo. Tudo isso acaba
comprometendo a qualidade de vida do paciente infantil, refere-se Tereza
Sousa Melo. e a Psiquiatra Silzá Tramontina, do Hospital das Clínicas de Porto
Alegre, que defendem a idéia que o tratamento mais adequado para a
depressão é o modelo biopsicossocial, que inclui psicoterapia individual ou
familiar, uso de medicação, orientação educacional e manejo social.
Ana Rosa de Oliveira (1983), bolsista do CNPq relata em um artigo sobre
o Adventure Playground, quando vivia no Japão, que: (...) “Desde cedo as
crianças são lançadas numa maratona de estudos que começa aos 6 anos de
idade e vai até a universidade, quando ganham plena liberdade para, inclusive,
se quiserem, não estudarem nada. Estudos comprovam que o tempo das
crianças diminui, enquanto o dos adultos aumentou. Isto pode ser explicado
pelo número de alunos que tomam aulas particulares após as aulas normais,
não se esquecendo das aulas de piano, de violão, balé e de esportes em geral,
que acabam privando as crianças do seu tempo livre para brincar”. Segundo
Ana Rosa, não é de estranhar o grande e crescente quadro de suicídio infantil
no Japão.
Também não se pode deixar de considerar que fatores genéticos são de
grande importância para o surgimento de quadros depressivos na infância, pois
é muito freqüente que as crianças depressivas tenham um dos pais
depressivos.
Weissman (1984) relata que quanto mais cedo é o aparecimento dos
quadros de depressão, maior será a carga genética familiar causadora da
mesma. Ele refere-se a estar fortemente associada a uma carga familiar
quando a depressão aparece antes dos 20 anos. Mas, se o início da depressão
se dá após os 40 anos, muito provavelmente não existe uma relação familiar.

25
Segundo Weissman (1988), filhos de pais que tiveram depressão na
infância ou na adolescência, isto é, antes dos 20 anos, apresentam um risco 14
vezes maior de desenvolver depressão antes dos 15 anos. Ele se refere a ser o
causador destes quadros a grande carência de afeto e felicidade nos lares de
pais depressivos, inclusive, há uma comunicação entre estes pais e seus filhos
mais difícil e problemática que está associada ao humor doméstico que
também é depressivo. Outros fatores como o abuso físico e sexual, além de
problemas relacionados à separação conflitante dos pais pode sugerir o quadro
depressivo em crianças e adolescentes.

3.5 Tratamento

“O primeiro dever da criatura viva é tornar a vida suportável”.


FREUD- Observações sobre o amor de transferência (1915)

Em Donnelly (2006) e Thomé-Souza (2007), quando se busca tratamento


é muito importante ter certeza do diagnóstico pois, depois de diagnosticada a
depressão infantil é necessário avaliar o grau da doença e sua origem. Quanto
mais novas forem as crianças acometidas pela depressão, maiores são as
chances de serem fatores orgânicos que a causam como, por exemplo,
perturbações ocorridas no desenvolvimento da criança frente a processos
relacionados a viver em uma família disfuncional, baixa educação dos pais,
grande número de eventos estressantes gerando angústias e ansiedade, pouco
suporte familiar, baixa autoestima, problemas de saúde, capacidade de
enfrentamento das situações reduzidas, excessiva interdependência pessoal,
morte de um dos pais, superproteção, além de fatores genéticos. Mais ainda
quando houver antecedentes familiares de transtorno afetivo. Já na idade
escolar em diante pode acontecer de ser esta reativa, isto é, quando esta é
desencadeada ou determinada por fatores vivenciais. O tratamento da criança
depressiva deverá ser iniciado com a maior urgência possível, após a
determinação prévia do grau, do tipo e do tempo previsto para tratamento da
mesma. Para crianças pré-escolares, caso a depressão seja diagnosticada
como leve, o tratamento cognitivo-comportamental está mais indicado, ou seja,
um tratamento que venha ter como enfoque atividades abertas e trabalho de
26
desenvolvimento das habilidades específicas, além do psicanalista buscar
também, trabalhar as causas do sintoma depressivo. Deve-se ainda buscar o
atendimento psicoterápico que viabilize o relacionamento familiar, além da
melhor e mais efetiva reorganização dos laços familiares. Para casos de
depressão mais severa o mais indicado será o tratamento psicológico mais
intensivo além de medicamentoso, na maioria das vezes, com medicamentos
chamados antidepressivos buscando a eficácia e a extinção dos sintomas. No
entanto, os pacientes que fazem uso de medicação deverão ser avaliados
constantemente buscando mensurar a eficácia do medicamento e a adequação
das doses que serão ajustadas de acordo com cada paciente e necessidade e,
ainda, eventuais efeitos colaterais. Em geral e não menos que isto, o tempo
variado para o tratamento medicamentoso da depressão em crianças e
adolescentes, varia entre um e três anos, levando em consideração o curso e
como se dá o quadro depressivo, referem-se os autores.

“Ouça um bom conselho, eu lhe dou de graça.


Inútil dormir, que a dor não passa”.
CHICO BUARQUE

.3.6 Como Ensinar Crianças Depressivas

“O que nos preocupa, não somos nós mesmos; o que desejamos e buscamos,
aquilo de que precisamos, é a admiração dos outros, e a admiração, ainda
que por qualidades falsas, é um fim em si. Por sermos animais sociais, nossa
sociedade, nossa família, nossos amigos, só têm significado para nós pelos
valores que nos atribuem”.
FREUD

Para Madison (2003, p. 40), ensinar e orientar alunos acometidos por


problemas emocionais e que, por causa disto têm o seu comportamento

27
mudado, não é algo que se possa fazer com facilidade, pois não bastam teorias
ou habilidades didáticas. Nem mesmo o domínio que o professor mais capaz
possa ter não será suficiente para auxiliar, porventura, algum aluno seu que
sofra tal situação. Alguns professores podem ensinar alunos com dificuldades
de aprendizagem, outros com Déficit de atenção, outros alunos extremamente
capazes, mas para ensinar alunos com problemas de depressão, certamente
eles terão que buscar ajuda especializada profissional. Também são
imprescindíveis que estes professores tenham atitudes positivas pois isto
facilitará o processo de aprendizagem do aluno. Quando este professor
demonstra ser acolhedor e, principalmente, quando ele demonstra respeito às
características do aluno deprimido o educando se sentirá amparado.
Segundo Pace at al, (1999 apud MAKILIM, 2004, p. 153), em pesquisa
realizadas, atitudes negativas por parte do professor podem fazer com que a
educação do aluno deprimido ocorra de forma insatisfatória, pois a relação
professor/aluno tende ao empobrecimento. A pesquisa realizada por eles
destacou que há correlação entre medidas de ajustamento emocional e
comportamental, inclusive, depressão dos estudantes, além de atração
interpessoal dos professores pelos alunos. Verificou-se, ainda, que há rejeição
por parte dos docentes com o fato do discente externar problemas de
comportamento.
De acordo com REGENTS OF THE UNIVERSITY OF CALIFORNIA,
1999, as atitudes mais recomendadas quando se tem um estudante
deprimido em sala de aula são:
• Conversar reservadamente com o estudante.
• Valorizar os sentimentos e as experiências do mesmo.
• Ouvir atentamente as informações partilhadas pelo estudante.
• Ser acolhedor e expressar interesse em relação à situação.
• Ser diretivo e conciso quanto a ação.
• Oferecer ajuda assim que o estudante solicitar aconselhamento.
• Identificar pensamentos suicidas no estudante.
• Quando possível, recomende serviço de aconselhamento
psicológico.
• Caso não haja, encaminhá-lo ao sistema de saúde.

28
• Se o estudante se referir a abuso sexual ou discriminação devido
ao gênero, orientá-lo quanto a buscar ajuda legal.
• Quando possível, ofereça novas oportunidades para
apresentação de atividades que não foram entregues no tempo
determinado (exercícios, trabalhos, provas etc.).

As atitudes não recomendadas quando se tem um estudante com


depressão em sala de aula são:
• Ignorá-lo.
• Minimizar a situação.
• Discutir com o estudante.
• Fornecer muita informação para que este memorize ou processe.
• Acreditar que haverá superação das dificuldades enfrentadas pelo
estudante sem que haja alguma forma de tratamento.
• Presumir que a família tem conhecimento da depressão do
estudante.

Segundo os autores Fellow (1999) e Madison (1996), a paciência pode


ser a melhor ferramenta que o professor poderá ter para lidar com alunos
deprimidos e recomendar três formas de lidar com este estudante:
• Não ignore o estudante deprimido.
• Deixe que ele perceba que você se preocupa sem ser pessoal.
• Nunca privilegie o estudante deprimido.

“Mas o homem, por ter apenas uma vida, não tem nenhuma possibilidade
de verificar a hipótese por meio de experimentos, por isso não saberá nunca
se errou ou acertou ao obedecer a seu sentimento”.
MILAN KUNDERA – A Insustentável leveza do ser.

29
CONSIDERAÇÕES

O que me dilacera o coração é esta força destruidora oculta em toda a natureza, esta
força que nada cria senão para destruir-se e destruir o que cerca ao mesmo tempo.
Goethe

Portanto, observando as pesquisas aqui descritas, as informações


contidas nas declarações dos pesquisadores e ainda, baseada na vasta
literatura que trata sobre a questão da depressão infantil, pode-se certamente
constatar que os índices de crianças acometidas pelo quadro depressivo vêm
se tornando constantes e sofrendo acréscimo no que se refere às estatísticas
obtidas. Considera-se, então uma situação comum e grave que, sem dúvida
alguma, o aparecimento inicial vem ocorrendo cada vez mais precoce. A
sociedade como um todo deve estar procurando despertar-se de forma geral a
fim de priorizar o mais cedo possível o atendimento e, consequentemente, a
busca de atitudes que venham minimizar estes quadros, procurando aumentar
os atendimentos tanto por técnicos como por leigos, sensibilizar o olhar para
estas circunstâncias, buscando não ter atitudes preconceituosas as quais
infelizmente ainda podem ser vistas e, principalmente, buscar facilitar o
reconhecimento e atendimento à estas crianças e jovens. Não podemos deixar
de considerar questões como o fato de que a maioria das pesquisas e estudos
científicos nesta área sobre os sintomas dos quadros depressivos na infância e
na adolescência apresentem semelhanças entre estas duas distintas fases da
vida. Assim, as próximas pesquisas, buscando delinear melhor e diferenciar as
manifestações clínicas do quadro depressivo na infância e na adolescência,
poderão se preocupar e se ocupar mais em compreender o que é característica
própria de cada fase da vida. Isto com certeza, irá requerer estudos muito mais
aprofundados e criteriosos e uma cuidadosa avaliação diagnóstica dos
profissionais envolvidos com as crianças e adolescentes. Assim, cabem aos
professores, diretores, coordenadores e não menos importante, a família,
promoverem uma adaptação positiva e o bem-estar de crianças e jovens a fim
de que sejam menorizados os fatores de risco comportamentais e emocionais,
através de intervenção no lar e na escola ou no meio social da criança ou
adolescente.
30
Segundo Makilim(2004), “a depressão e o suicídio nada mais são que
fantasmas que assombram o homem contemporâneo; fantasmas que são fruto
de uma sociedade que precisa se reequilibrar em seus valores primeiros,
básicos. É necessário que se busque meios de possibilitar àquele que sofre
de sintomas depressivos, a se reencontrar e trocar os sintomas que o afligem
enquanto aprende novas e melhores formas de lidar com seus medos,
recalques, tristezas, temores e ansiedades. É preciso que haja um resgate
emocional e uma valorização pessoal e mais humana de cada ser. Que tudo
que suceda ao homem e à vida humana aconteça através de uma reflexão que
o possibilite ser mais atuante no seu meio social”. Cabe àqueles que tratarão e
orientarão este ser em depressão, desenvolverem um olhar mais atento a fim
de intervir junto a esses que, segundo ele, podem pensar como ROUSSEAU:

“Eis-me sozinho na terra, sem irmão, parente próximo, amigo


companhia, a não ser eu próprio. O mais sociável, e o mais
afetuoso dos homens foi proscrito da sociedade por um acordo
unânime. No requinte do seu ódio, procuraram o tormento que
fosse mais cruel para minha alma sensível e quebraram
violentamente todos os laços que a eles me ligavam. Eu teria
amado os homens apesar do que são. Ao deixarem de o ser mais
não fizeram do que se furtar ao meu afeto. Ei-los, portanto,
estrangeiros, desconhecidos, em suma, inexistente para mim, já
que assim o quiseram. Mas eu, desligado deles e de tudo, o que
sou afinal? É o que me falta descobrir.”

Que haja, cada vez mais um compromisso humano entre os homens e


afinal, entre todos que de maneira clara e expressa queiram e busquem
efetivamente amparar, auxiliar, ajudar, favorecer e possibilitar este
descobrimento na vida daqueles que necessitam e que se sentem carentes de
apoio e orientação.

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“O princípio redentor só se consubstancia coletivamente; não há uma prática libertadora do indivíduo;


educar --- conduzir para fora --- é conduzir para o outro, é ,enfim, comu(m)nicar” (Paulo Freire

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