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Sheila Giardini Murta

Carlos Eduardo p. L. Ramos


Thauana Nayara G. Tavares
Eudes Diógenes A. Cangussú
MARINA S. F. DA COSTA

«
♦ ‘

UM GUIA SOBRE O ABANDONO


DE RELAÇÕES AMOROSAS ABUSIVAS
NAMOROS
VIOLENTOS
M9791 Murta, Sheila Giardini
Libertando-se de namoros violentos: um guia sobre o
abandono de relações amorosas abusivas / Sheila Giardini Murta,
Carlos Eduardo Paes Landim Ramos, Thauana Nayara Gomes
Tavares, Eudes Diógenes Alves Cangussú, Marina Silva Ferreira da
Costa. — Novo Hamburgo : Sinopsys, 2014.
80p. ; 16x23cm.

ISBN 978-85-64468-29-0

1. Psicologia — Adolescentes. I. Ramos, Carlos Eduardo Paes


Landim. II. Tavares, Thauana Nayara Gomes. III. Cangussú, Eu­
des Diógenes Alves. IV. Costa, Maria Silva Ferreira da. V.Título.

CDU 159.9-053.6

Catalogação na publicação: Mônica Ballcjo Canto - CRB 10/1023


SHEILA GlARDINI MURTA
Carlos Eduardo P. l. Ramos
Thauana Nayara C. Tavares
ElJ DES DlÓGENES A. CANGUSSÚ
MARINA S. F. DA COSTA

NAMOROS
VIOLENTOS
Um cuia sobre o abandono
DE RELAÇÕES AMOROSAS ABUSIVAS

< d i t o r a
•\ f•
2014
(Q Sinopsys Ediloi.i v Sislemas Lida., 20 l -l
Libertando-se de namoros violentos -
Um guia sobre o abandono de relações amorosas abusivas
Sheila Giardini Murta, Carlos Eduardo Paes Landim Ramos,
Thauana Nayara Gomes Tavares, Eudes Diógenes Alves Cangussú
Marina Silva Ferreira da Costa (Orgs.)

Capa: Maurício Pamplona

Revisão: Jade Bueno Arbo

Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto

Editoração: Formato Artes Gráficas

Sinopsys Editora
Fone: (51) 3066-3690
E-mail: atendimento@sinopsyseditora.com.br
Site: www.sinopsyseditora.com.br
Autores

Sheila Giardini Murta. Professora Adjunta no Departamento de Psicologia Clínica da


l Inivcrsidade de Brasília (UnB). Mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela
Universidade de Brasília e Doutora em Psicologia Social e do Trabalho pela UnB, com
estágio de doutoramento na Queensland University of Technology, Austrália. Pós-Dou-
tora pela Universidade Federal de São Carlos e Universidade de Maastricht (Holanda).
Especialista em Análise Política e Políticas Públicas (UnB). Investiga o desenvolvimento,
a avaliação, a difusão e a adaptação cultural de programas de promoção de saúde mental
c prevenção a riscos para transtornos mentais para pessoas em diferentes estágios e tran­
sições do ciclo de vida.
Carlos Eduardo Paes Landim Ramos. Graduando em Psicologia pela Universidade de
Brasília (UnB).
Thauana Nayara Gomes Tavares. Graduanda em Psicologia pela Universidade de Bra­
sília (UnB).
Eudes Diógenes Alves Cangussú. Graduando em Psicologia pela Universidade de Bra­
sília (UnB).
Marina Silva Ferreira da Costa. Graduada em Psicologia pela Universidade de Brasília
(UnB).
Agradecimentos

Aos jovens que compartilharam conosco suas experiências amorosas e nos


ensinaram sobre o processo de abandonar relações violentas e “tomar as rédeas da
própria vida”.
Aos adolescentes e jovens que cederam seu tempo para avaliar a adequação
c atratividade deste texto, nos indicando que rumo seguir.
A Larissa de Almeida Nobre Sandoval, Karine Brito dos Santos, Fabrício
Guimarães e Pedro Lusz, que generosamente fizeram uso de sua expertise em
qualidade da relação conjugal, violência no namoro, violência de gênero e
edição de livros, respectivamente, e dividiram conosco suas impressões acerca do
conteúdo e formato desta obra.
Aos estudantes de Graduação em Psicologia e aos membros do Grupo de
Estudos em Prevenção e Promoção de Saúde no Ciclo de Vida (GEPPSVida) da
Universidade de Brasília, pela leitura do texto e comentários iluminadores.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela Bolsa de Produtividade em Pesquisa (triênio 2011 a 2013 - Processo
306975/2010-6) e pelo fomento para o projeto de pesquisa (Processo 402579-
2010-0), que geraram e viabilizaram este trabalho.
Sumário

Prefácio.................................................................................................. 11
( armem Beatriz Neufeld

1 Para fazer bom uso deste livro.............................................................. 13


2 1 abertando-se de namoros violentos..................................................... 21

Estágio 1. Tomando consciência do problema........................................ 25


Exercícios................................................................................................ 26
Prestando atenção nos sentimentos quando se está com ele/a................... 26
Prestando atenção nos bons e maus momentos........................................ 27
()uvindo o que os outros dizem do seu namoro....................................... 28
Prestando atenção na quantidade de brigas.............................................. 29
Prestando atenção nas suas reações às brigas............................................. 29
Prestando atenção em você mesmo/a quando ele/a está distante.............. 30
Avaliando as mudanças produzidas por esse relacionamento na sua vida... 31

Estágio 2. Preparando-se para deixar o namoro violento......................... 33


Exercícios....................................................................... *....................... 35
Reconhecendo a violência como ultrajante e inaceitável........................... 35
Reconhecendo os estilos destrutivos nas relações amorosas...................... 35
Reconhecendo como foram aprendidos os estilos destrutivos
nas relações amorosas........................................................................... 36
Avaliando as vulnerabilidades pessoais..................................................... 37
Cuidando de si........................................................................................ 39
Fortalecendo a autoestima....................................................................... 41
Buscando ajuda de amigos....................................................................... 42
Planejando como seguir em frente........................................................... 43
10 *»um.n H>

Estágio 3. Icrminando a icla^ao dc namoro violem.i........................................ 45


Exercícios.......................................................................................................... 46
Planejando o término.............................................................................. 46
Planejando medidas de autoproteção...................................................... 47
Investindo nos sonhos antes deixados de lado.......................................... 48
Inventário de dores vividas na relação...................................................... 48
Mantendo o cuidado a cada dia............................................................... 49
Cuidando para seguir em frente............................................................... 50

Estágio 4. Protegendo-se de recaídas....................................................... 51


Exercícios................................................................................................ 52
Fazendo um plano de ação para não recair............................................... 52
Investindo na pessoa que você quer ser.................................................... 53
Reafirmando sua responsabilidade para com você mesmo/a..................... 54
Quem eu descobri que sou?..................................................................... 55

Anexos
Anexo 1. Indicadores de violência no namoro......................................... 59
Anexo 2. Indicadores de qualidade do namoro........................................ 61
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro.............................. 64
Anexo 4. Habilidades para manejo de conflitos no namoro..................... 77

Os anexos estão disponíveis em:


www.sinopsyseditora.com.br/nvform
Prefácio

A vida afetiva e os relacionamentos amorosos ocupam uma parcela


Mgniíicativa do cotidiano dos seres humanos. Na adolescência, estes se
iornam foco ainda mais ampliado. Quando a violência se instala nesta
importante área da vida dos adolescentes, seus efeitos sobre o desenvolvi­
mento e o bem-estar dos mesmos são devastadores.
Nessa direção, a obra Libertando-se de namoros violentos: Um guia
^obre o abandono de relações amorosas abusivas cumpre um papel social e
educativo fundamental. Sheila Murta e colegas oferecem ao público ado­
lescente este verdadeiro presente: uma obra que aborda o tema de forma
sensível, realista e direta, além de oferecer claras sugestões de identifica­
ção, preparação para mudança e prevenção de recaídas.
A sensibilidade dos autores neste tema é, no mínimo, surpreen­
dente. O leitor encontrará, nas quatro unidades do livro, preciosas di­
cas que abrangem diferentes estágios do processo de abandono de uma
relação amorosa violenta. Além disso, todas as unidades apresentam
exercícios, planejamentos e estratégias de identificação e de interven­
ção nessa realidade.
Você tem em mãos um verdadeiro tesouro. Uma ferramenta para
o autoconhecimento, a autodescoberta e para elevação da autoestima.
Fiquei sensibilizada por esta obra e pela criatividade, seriedade e sereni­
dade com que o tema é abordado. Trata-se de uma poderosa ferramenta
12 Prefácio

de mudança da realidade, de intervenção em contextos de relaciona­


mentos violentos e, não menos importante, de prevenção da violência
em relacionamentos amorosos.
Dra. Carmem Beatriz Neufeld
Doutora em Psicologia pela PUCRS; Coordenadora do Laboratório de Pesquisa
e Intervenção Cognitivo-Comporramental (LaPICC); Docente Orientadora do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Departamento de Psicologia
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo; Presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC)
Gestão 2011-2013/ 2013-2015.
1
Para fazer bom uso deste livro

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.


(Artigo III)

Ninguém será submetido à tortura nem tratamento


ou castigo cruel, desumano ou degradante.
(Artigo V)

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Enquanto a violência contra a mulher vem recebendo uma atenção


crescente por parte da sociedade, entre nós ainda é pouco reconhecida a
violência entre casais de namorados. Uma das formas mais frequentes de
violência entre namorados é a violência psicológica, que compreende,
por exemplo, xingamentos, humilhações e controle do parceiro por ciúme
excessivo. Outras formas de violência incluem a violência moral, como
divulgar fotos íntimas na internet, difamar e caluniar; violência física,
como empurrar, esbofetear e agredir com armas; violência sexual, como
estuprar e usar de ameaças para forçar uma relação sexual; e violência pa­
trimonial, como usar indevidamente o cartão de crédito do parceiro ou
destruir seus pertences (carro, arquivos, fotos, agenda, celular, etc.). Essas
formas de violência podem coexistir nos relacionamentos íntimos. Por
exemplo, um casal, em um único episódio de conflito, pode se tratar com
14 Para fazer bom uso deste livro

depreciações (maus-tratos psicológicos), empurrões (maus-tratos físicos) e


quebra de objetos (maus-tratos patrimoniais).
A prática da violência no namoro não é restrita a rapazes, a relacio­
namentos heterossexuais e a classes sociais desfavorecidas, tampouco é
rara. Rapazes e moças podem ser violentos com seus parceiros. Relaciona­
mentos heterossexuais e homossexuais podem incluir violência. Jovens ca­
sais de qualquer classe social podem praticar ou ser vítimas de violência
no namoro. Longe de ser rara, a violência nas relações amorosas de ado­
lescentes brasileiros chega a ser alarmante. Um estudo de Oliveira, Assis,
Njaime e Oliveira (2011), realizado com 3.205 adolescentes de todas as
regiões do Brasil, constatou que 86,9% dos participantes já foram vítimas
e 86,8% já praticaram algum tipo de agressão contra o parceiro, seja físi­
ca, emocional ou sexual. Além disso, verificaram que 76,6% dos partici­
pantes são ao mesmo tempo vítimas e perpetradores de violência. Logo, é
comum que a violência seja mútua, ainda que isto não seja o caso de to­
dos os casais.
Não é parte da natureza humana agredir quem se ama. Ao contrá­
rio, tratar o parceiro de modo violento é, definitivamente, aprendido. As
práticas culturais, os amigos, familiares e pais ensinam o uso da agressão
como forma natural de resolver conflitos. A violência entre namorados
está associada a uma cultura de tolerância para com a violência, a relacio-
nar-se com amigos que endossam a violência e a praticam nas suas rela­
ções amorosas, a pais que usam de formas abusivas para disciplinar os fi­
lhos, a conviver com maus-tratos entre os pais, em sua relação como casal;
à ausência da experiência de sentir-se amado, e à falta de habilidades para
expressar sentimentos como raiva, frustração, carinho e ternura. A aceita­
ção da violência é, em grande medida, favorecida também por estes mes­
mos fatores, os quais transmitem à vítima a crença de que “amar é sofrer”,
“é assim mesmo”, “os homens” ou “as mulheres são todas iguais”. Isto é,
os maus-tratos são vistos como inerentes às relações íntimas e ter um par­
ceiro abusivo (ou parceira abusiva) é melhor do que estar só ou este é o
melhor que se pôde conseguir.
Os namoros violentos não são iguais. Diferentes padrões de intera­
ção íntima violenta entre casais de jovens namorados foram identificadas
Libertando-se de namoros violentos 15

em um estudo feito por Martsof, Draucker, Stephenson, Cook e Heck-


man (2012), por meio de entrevistas com 88 jovens adultos estaduniden­
ses, com idades entre 18 e 21 anos de idade. Foram identificados quatro
padrões de interação íntima violenta: violência de curta duração (menos
de um ano acadêmico) e restrita a um relacionamento (denominada “vio­
lência contida”); violência prolongada (mais de um ano acadêmico) e res­
trita a um relacionamento (nomeada “violência prolongada”); violência
reincidente associada a múltiplos relacionamentos com grau de severidade
estável entre os vários relacionamentos (intitulada “violência repetitiva”);
e violência reincidente associada a múltiplos relacionamentos com grau
de severidade crescente (chamada de “violência escalonada”). Conforme
avança o número de relações violentas e sua duração, como é o caso das
violências reincidente e escalonada, essas se tornam mais complexas e se­
veras, requerendo tratamento diferenciado.
E de se esperar, então, que as consequências da vitimização por vio­
lência no namoro variem em severidade. Assassinatos e suicídios estão en­
tre as mais graves. Além destas consequências extremas, existem outros
efeitos negativos, como desenvolver transtorno de estresse pós-traumáti-
co, usar álcool e drogas, perder a concentração nos estudos, diminuir a
produtividade no trabalho, sentir-se deprimido e ter medo de envolver-se
em novos relacionamentos íntimos. Infelizmente, muitos casais que se re­
lacionam de modo violento no namoro tendem a continuar fazendo uso
da violência no casamento, o que também é nocivo para os filhos. As
crianças, com frequência, aprendem a ver a violência como normal e acei­
tável e o ciclo, se não for alterado por medidas preventivas ou de trata­
mento, tende a se estender no tempo e entre gerações.
E por tudo isso que a violência nas relações arfiorosas deve ser pre­
venida ou eliminada o quanto antes. Quanto mais cedo cuidar, melhor. É
mais fácil abandonar uma relação violenta quanto menor for o investi­
mento na relação e o compromisso com o parceiro. Por outro lado, o alto
investimento e o compromisso elevado fazem com que a tomada de deci­
são de sair da relação seja adiada, levando à continuidade da violência.
Pedir ajuda também não é simples. A vergonha, o medo de reações nega­
tivas e a falta de conhecimento de recursos de ajuda são alguns dos fatores
16 Para fazer bom uso deste livro

que dificultam ou impedem a busca de ajuda. Além disso, a exaustão emocio­


nal, a depressão, a vergonha e a baixa autoconfiança vivenciadas por adoles­
centes e jovens que vivem esse tipo de relação inibem a busca de soluções que
levem ao término da violência (Rhatingan, Shorey & Nathanson, 2011).
Esse livro resulta de pesquisas realizadas pelo Grupo de Estudos em
Prevenção e Promoção de Saúde no Ciclo de Vida (GEPPSVida), do De­
partamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília, por meio
de entrevistas com pessoas que viveram namoros violentos, e foi escrito
com o propósito de favorecer a autoproteção frente a namoros violentos.
Acreditamos que ele possa ser utilizado como parte integrante de psicote-
rapia ou outros serviços de saúde mental para adolescentes e jovens que
vivem namoros violentos.
Ao ouvir as histórias de seus relacionamentos e seus esforços para
autopreservação, descobrimos como as pessoas que sofreram namoros vio­
lentos conseguiram libertar-se (Murta, Ramos, Cangussú, Tavares, &
Costa, 2014). Alguns outros estudos realizados com jovens de outros paí­
ses também foram úteis para nossa compreensão acerca do processo de
tomada de consciência, tomada de decisão, preparação para agir e ações
de autocuidado, resultando, por fim, no término da relação violenta
(Alexander, Tracy, Radek, & Koverola, 2009; Edwards et al., 2012; Sho­
rey, Tirone, Nathanson, Handsel, & Rhatigan, 2013).
Esses estudos revelam que essa travessia não é fácil, mas é possível
quando recursos internos e externos facilitam mudanças, mesmo que lentas e
dolorosas. Para compreender essa travessia, tomamos emprestado da Psicolo­
gia da Saúde uma teoria originalmente usada para compreender o abandono
do cigarro, denominada Modelo Transteórico de Mudança (Prochaska & Di-
Clemente, 1983), e a utilizamos para reconhecer as várias fases de mudança
frente ao término de um relacionamento violento (Edwards et al., 2012):
• Estágio 1: pré-contemplação, caracterizada pela resistência frente
à mudança (“não há nada que eu deva fazer acerca do meu rela­
cionamento”).
• Estágio 2: contemplação, marcada pela ambivalência e início de
tomada de consciência acerca da necessidade de mudança (“às ve­
zes eu penso que eu deveria terminar o meu relacionamento”).
Libertando-se de namoros violentos 17
• Estágio 3: preparação, quando se dá a tomada de decisão e passos
preparatórios para viabilizar a mudança (“eu falei com alguém so­
bre terminar o meu relacionamento”).
• Estágio 4: ação, quando a mudança propriamente dita é imple­
mentada, mesmo vacilante e com recaídas (“eu falei para o meu
parceiro que estou terminando o relacionamento”).
• Estágio 5: manutenção, quando o comportamento adotado no
estágio anterior se mantém por, pelo menos, seis meses (“eu não
respondo se meu parceiro tenta me contatar”).

O livro contém orientações e exercícios para colocar em prática es­


tratégias de transição entre os estágios de mudança, concentrando-se nos
estágios de contemplação a manutenção, sendo assim renomeados: Está­
gio 1. Tomando consciência do problema; Estágio 2. Preparando-se para
deixar o namoro violento; Estágio 3. Terminando a relação de namoro
violenta e Estágio 4. Protegendo-se de recaídas.
Os exercícios apresentados, similares aos utilizados em Terapia Cog-
nitivo-Comportamental para outros propósitos de mudança, buscam fo­
mentar a tomada de consciência sobre os ganhos e custos da violência,
principal tarefa do estágio de contemplação; fortalecer a tomada de deci­
são e passos preparatórios para sair da relação violenta, principal tarefa do
estágio de preparação; facilitar a implementação de ações para terminar o
relacionamento, tarefa central do estágio de ação; e encorajar o autoco-
nhecimento para prevenção a recaídas, por meio do reconhecimento de
armadilhas e investimento em novos interesses e horizontes de vida, tarefa
primordial do estágio de manutenção.
Um alerta importante: as discussões deste livrcrresultam de estudos
acerca do processo de abandono de namoros violentos, mas não de casa­
mentos violentos. Portanto, as discussões e atividades que apresentamos
referem-se estritamente a relacionamentos pré-matrimoniais. Existem di­
ferenças importantes no grau de compromisso e investimento entre essas
relações. As complicações em terminar um casamento violento são muito
maiores do que as relativas ao término de um namoro. No casamento,
quando existem filhos, dependência econômica, pressões sociais ou reli­
18 Para fazer bom uso deste livro

giosas para manter o casamento, bem como complicações associadas à


partilha de bens, os obstáculos para a dissolução da relação podem se so­
brepor às vantagens do término da relação. Portanto, desaconselhamos
aplicações diretas do conteúdo deste livro a relações conjugais violentas.
Se você está envolvido/a ou já se envolveu em namoros violentos, este
livro poderá lhe ser útil para que perceba melhor os altos e baixos da relação
e decida o que fazer com seu relacionamento atual, ou para manter-se livre
de recaídas. Se você tem amigos que vivem namoros violentos, presenteá-
los com este livro pode ser um gesto de cuidado. Se você é psicoterapeuta,
este livro pode ser um recurso complementar ao seu trabalho, facilitando o
processo de tomada de consciência, fortalecimento da motivação, imple­
mentação de ações de autocuidado e prevenção à recaída entre seus clientes
adolescentes e jovens vitimizados pelo parceiro íntimo. Se você é professor
de adolescentes e jovens ou orientador educacional, este livro poderá lhe
dar idéias sobre como abordar alguns casos de alunos que cheguem até você
pedindo apoio. Como profissional da educação, você pode fazer muito para
agir ainda mais precocemente e prevenir a violência por meio do aprimora­
mento de habilidades para manter relações amorosas saudáveis na adoles­
cência (Murta et al., 2011). Se você é pesquisador especialista nesta área ou
outras afins, torcemos para que este guia inspire novos estudos acerca desse
assunto ainda tão carente de investigações no Brasil, e que estas resultem
em novas formas de prevenção, intervenção precoce ou tratamento. Oxalá
cada um de nós, em nossos diferentes papéis, possamos fazer algo para evi­
tar que o amar e ser amado se confunda com tortura, e para encorajar que o
potencial para ser feliz se atualize e os relacionamentos floresçam.

REFERÊNCIAS

Alexander, P. C., Tracy, A., Radek, M., & lege womens leaving process in abusive rela-
Koverola, C. (2009). Predicting stages of tionships. Journal of American College Health,
change in battered women. Journal oflnterper- 60 (3), 204-210.
sonalViolence, 24 (10), 1652-1672. Murta, S. G., Santos, B. R. P., Nobre, L. A.,
Edwards, K. M., Murphy, M. J., Tansill, E. C., Oliveira, S. A., Diniz, G. R. S., Rodrigues, í.
Myrick, C., Probst, D. R., Corsa, R. & Gidy- O., Miranda, A. A. V., Araújo, I, F., Del Prette,
cz, C. A. (2012). A qualitative analysis of col- A., & Del Prette, Z. A. (2011). Diferenciando
Libertando-se de namoros violentos 19

baladas de ciladas: um guia para o mpodera toward an integrative modcl of change. Journal of
mento de adolescentes em relacionamentos ínti­ Consulting and Clinicai Psychology, 51, 390-395.
mos. Brasília: Letras Livres.
Rhatingan, D. L., Shorey, R. C., & Na-
Murta, S. G.; Ramos, C. E. P. L.; Cangussú, E. thanson, A. M. (2011). The impact of post-
I). A., Tavares, T. N. G. & Costa, M. S. E traumatic symptoms on womens commitment
(2014) Desenvolvimento de um website para to a hypothetical violent relationship: a path
a prevenção à violência no namoro, abandono analytic test of posttraumatic stress, depres-
de relações íntimas abusivas e apoio aos pares. sion, shame, and self-efficacy on investment
Manuscrito submetido à publicação. model factors. Psychological Trauma: Theory,
Oliveira, Q. B. M., Assis, S. G., Njaine, K., & Research, Practice, and Policy, 3, 181-191.
Oliveira, R. V. C. (2011) Violência nas rela­ Shorey, R. C., Tirone, V., Nathanson, A. M.,
ções afetivo-sexuais. Em M. M. Minayo, S. G. Handsel, V. A., & Rhatigan, D. L. (2013). A
Assis, & K. Njaine (Orgs.). Amor e violência: preliminar investigation of the influence of
um paradoxo das relações de amor e do ficar (pp. subjective norms and relationship commite-
87-140). Rio de Janeiro: Fiocruz. ment on stages of change in female partner vi-
Prochaska, J. O. & DiClemente, C. C. (1983). olence victims. Journal of Interpersonal Violen-
Stages and processes of self-change of smoking: ce, 28, 621-642.
2
Libertando-se de namoros violentos

Sair de uma relação violenta nâo é o primeiro desejo de jovens que


sofrem experiências amorosas abusivas. Ao invés disso, desejam que a vio­
lência termine, mas nâo o namoro. Essa é, muitas vezes, a primeira tenta­
tiva de quem sofre a violência: tentar consertar a relação. Alguns tentam
conversar, sem sucesso. Outras pessoas usam estratégias extremas: engra­
vidar para segurar a relação, trair ou beber, e em vez de ser resolvido, o
problema aumenta. Na maioria das vezes, as tentativas de melhorar a rela­
ção não funcionam. Ao contrário, a violência continua, tornando-se mais
grave ao longo do tempo.
Tratamentos psicológicos especializados (quando ambos os parcei­
ros querem se tratar e colaboram no tratamento) e medidas legais, como
denúncia à Delegacia da Mulher (mesmo para homens), podem pôr fim
à violência no namoro. Mas isso não significa, necessariamente, que a
intimidade, o amor e a confiança possam ser resgatados. A restauração
de vínculos adoecidos, com diminuição de indicadores de violência
(para avaliação, veja Anexo 1) e aumento de indicadores de qualidade
da relação (para avaliação, veja Anexo 2), não é simples e depende, mui­
tas vezes, de acesso e engajamento em tratamento especializado. O su­
cesso de tratamentos, por sua vez, associa-se a múltiplos fatores relativos
a cada membro do casal, como seus fatores de risco para a violência no
22 Libertando se de namoros violentos

namoro (já apontados brevemente ao início deste livro e apresentados


no Anexo 3); ao casal, como a motivação de ambos os parceiros para o
tratamento e as suas habilidades para lidar com conflitos (como apre­
sentado no Anexo 4); ao terapeuta, como sua capacidade de construir
uma relação de confiança com o casal e ao tratamento em si, como sua
adequação técnica e ética.
Como nem sempre tratamentos especializados são procurados e
mostram-se suficientemente eficazes, é incomum que interações inicial­
mente abusivas cresçam gradualmente em qualidade. Então, a saída
mais comum para a violência no namoro é o término da relação. Embo­
ra possa não parecer, o abandono de namoros violentos não é apenas
uma forma de autoproteção, mas também de proteção ao parceiro, seja
ele vítima ou perpetrador. Interromper interações amorosas violentas no
namoro, quando o tratamento não é uma opção viável e as chances de
melhoria da relação são frágeis ou nulas, pode ser um ato de cuidado
consigo e com o outro. É sobre isto que falaremos aqui: como enxergar
a realidade e lidar com ela para fortalecer-se, proteger-se e evitar anos
de sofrimento, maus-tratos, vergonha, raiva e medo, senão de sequelas
físicas e, até mesmo, perda da vida.
Análises de experiências de outras pessoas que se libertaram da
violência no namoro mostram que existe um processo de mudança para
a resolução da violência. Esse processo pode variar entre semanas e
anos, desde o tomar consciência do problema até conseguir resolvê-lo e
proteger-se de recaídas, seja na mesma relação ou em outra com carac­
terísticas similares. Sumarizamos esse processo de mudança nos estágios
a seguir.

Estágio 1. Tomando consciência do problema


Estágio 2. Preparando-se para deixar o namoro violento
Estágio 3. Terminando a relação de namoro violenta
Estágio 4. Protegendo-se de recaídas
Libertando-se de namoros violentos 23

Para cada um desses estágios, este guia apresenta orientações e ofe­


rece exercícios para fortalecimento pessoal. Veja qual dessas fases descreve
melhor sua experiência atual e faça os exercícios correspondentes. Se você
está em tratamento psicoterapêutico, discuta as reflexões propiciadas por
esses exercícios com o profissional que lhe acompanha.
Estágio 1

Tomando consciência do problema

Nesse estágio inicial, a pessoa envolvida em um namoro violento


começa a prestar atenção nos episódios de violência, observa como se
sente na companhia do/a parceiro/a e na sua ausência. Começa a dar-se
conta da tensão existente na relação. E como se “a ficha caísse”. São co­
muns sentimentos de angústia, confusão, culpa e incapacidade de solu­
ção dos episódios de conflito. Percebe que é necessário fazer alguma coi­
sa, mas não sabe o que e nem como fazer. O desejo de livrar-se dos
maus-tratos coexiste com o desejo de investir na relação e manter o re­
lacionamento. Por isso, a vítima continua suportando as agressões e não
vislumbra como mudar a situação. Estudos com pessoas que passaram
por essa experiência mostram que elas tomaram consciência do proble­
ma quando:

- Vivenciaram alguma situação de violência extrema (“a gota d’água”


que faltava).
- Prestaram atenção no comportamento do/a parceiro/a: descontro­
le, irritação por coisas sem sentido, forçar a fazer sexo, indiferen­
ça, humilhações, depreciações, etc.
- Notaram a indiferença do/a parceiro/a (não responder mensagens,
não demonstrar desejo sexual...).
26 Estágio 1 Tomando conicllnclt do problema

— Perceberam que na ausência do/a parceiro/a se sentiam mais leves:


“cheias/os de si ”, livres, com vontade de viver, aliviados/as, alegres
e entusiasmados/as.
— Enxergaram os próprios sentimentos nas situações de violência:
confusão, medo, vergonha, humilhação, raiva, culpa, aprisiona-
mento, sensação de não serem atraentes e sensação de não terem
valor.

EXERCÍCIOS

Veja a seguir alguns exercícios que facilitam a tomada de cons­


ciência. Todos estes exercícios podem lhe ajudar a dar o primeiro pas­
so, isso é, abrir os olhos. Poderá ser doloroso enxergar a realidade,
mas deixar de vê-la poderá ser pior. Quanto mais cedo você perceber
o que está acontecendo, melhor para a sua autoproteção.
Não adie o exercício de enxergar a realidade. Abra a corti­
na e veja o que se passa no palco. Converse com amigos ou fa­
miliares nos quais você confia, se achar necessário. Procure
ajuda de um psicoterapeuta especializado. Busque recursos
para melhor observar a realidade. Mesmo que leve tempo e
seja doloroso, não se abandone indefinidamente em uma rela­
ção violenta. Dê-se o direito de ser feliz.

Prestando atenção nos sentimentos


quando se está com ele/a

Preste atenção em como você se sente quando encontra o/a


seu/sua parceiro/a.
Marque os sentimentos que você vivência, sejam agradáveis
ou desagradáveis.

continua
Libertando se de namoros violentos 27

continuação

Lista de sentimentos
Sentimentos agradáveis Sentimentos desagradáveis

[ ] Empolgado/a [ ] Ansioso/a
[ ] Feliz [ ] Amedrontado/a
[ ] Entusiasmado/a [ ] Triste
[ ] Tranquilo/a [ ] Culpado/a
[ ] Animado/a [ ] Envergonhado/a
[ ] Excitado/a [ ]Tenso/a
[ ] Atraente [ ] Confuso/a
[ ] Sensual [ ] Irritado/a
[ 1 Alegre [ ] Acorrentado/a
[ ] Autoconfiante [ ] Aprisionado/a
[ ] Livre [ ] Humilhado/a
[ ] Com vontade de viver [ ] Não atrativo/a

Você pode se sentir sem forças e não conseguir nomear seus


sentimentos. Se você se sentir exausto/a, necessitará de apoio.
Busque ajuda de uma pessoa com quem você possa se abrir, um
psicoterapeuta ou um amigo. É possível que, com alguém que lhe
passe segurança, você consiga se aproximar desses sentimentos
desagradáveis. Avance devagar, mas avance.

Prestando atenção nos bons e maus momentos

Que atividades vocês fazem juntos que são agradáveis? Que


atividades vocês fazem juntos que são sofridas? Use o quadro abai­
xo para separar os bons momentos dos maus momentos. Existem
bons momentos? Existem maus momentos? O que predomina? Na
semana passada, o que mais aconteceu: bons ou maus momentos?

continua
continuação

Inventário de bons e maus momentos


Atividades com meu/minha Atividades com meu/minha
parceiro/a que me fazem parceiro/a que me fazem sentir
sentir bem incomodado/a

Ex.: cozinhar juntos Ex.: estar com amigos e receber


críticas dele/a na frente de todos

-
-
-

Ouvindo o que os outros dizem do seu namoro

Como os seus pais veem o seu relacionamento? Como os


seus amigos veem o seu relacionamento? Como você avalia isso
que eles dizem?

Avaliação por terceiros


Meus pais já disseram que... Meus amigos já disseram que...

continua
Libertando-se de namoros violentos 29

continuação

Prestando atenção na quantidade de brigas

Anotar a quantidade de brigas em um diário pode ser útil para


você ver a realidade. Preste atenção e anote quando as brigas acon­
tecem. Isso pode ser feito por dia e por período do dia, como no
diário a seguir. Assim, você poderá ver a dimensão do problema.

Diário de conflitos
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

Manhã

Tarde

Noite

Predominam dias sem briga ou dias com briga?


Some quantas brigas ocorreram na semana.
Durante quanto tempo ficaram brigados?
Conflitos existem nas relações, mas sua constância e resoluções
violentas são sinais que a relação não vai bem. Se há brigas constan­
tes, você está vivendo uma relação destrutiva. Preste atenção!

Prestando atenção nas suas reações às brigas

É importante também conhecer como os episódios de violência


ocorrem e como você lida com essas situações. Preste atenção: Em
que circunstâncias isso acontece? Como você se sente? O que você
pensa durante a situação? Como você reage? Como ele/a reage? Esta
é outra forma de avaliar a gravidade da violência, assim como suas

continua
30 Estágio 1 Tomando consciência do problema

continuação

estratégias para enfrentá-la. Preencha o exercício abaixo. O que você


está vendo? Como se sente com o que vê?

Raio-x da violência
Comportamento Meus Meus Minha Reação
Situação
dele/a pensamentos sentimentos reação dele/a

Brigar e não comer, brigar e quebrar a louça da casa, brigar e


deixar de trabalhar ou estudar, agredir e ser agredido/a, tudo isto
é muito destrutivo. Quanto mais tempo durar este padrão de rela­
cionamento, mais destruído/a você ficará. Você poderá estar em
risco de ficar deprimido, beber em excesso, perder o desejo de es­
tudar, de trabalhar e, em casos extremos, de viver. Não deixe a si­
tuação se alongar e se agravar. Busque ajuda! Um psicoterapeuta,
serviços de saúde mental na comunidade, Delegacia da Mulher,
um bom amigo e outras pessoas em quem você confia são algu­
mas das opções de ajuda.

Prestando atenção em você mesmo/a quando ele/a está distante

Preste atenção em como você fica quando ele/a está longe


de você. Fica melhor ou pior sem ele/a por perto?

continua
Libertando-se de namoros violentos 31

continuação

Quadro de ganhos e perdas


Quando estou com ele/a Quando estou sozinho/a

Ganhos: é bom...

Perdas: é ruim...

Veja os dois lados, os ganhos e perdas de estar com ele/a.


Algumas pessoas se dão conta de que a relação tem algo de erra­
do quando se sentem mais leves distantes do/a parceiro/a. É esse
o seu caso? Veja como você se sente estando ao lado dele/a ou
distante.

Avaliando as mudanças produzidas por


esse relacionamento na sua vida

Considere o quanto sua vida está melhor ou pior desde que


você entrou nesse relacionamento. Use o quadro abaixo para con­
tabilizar em que essa relação tem lhe feito bem ou mal, desde que
você a começou.

Balanço do envolvimento afetivo com o/a parceiro/a


Consequências positivas Consequências negativas
32 I stágio 1 lom.indo ( oiim khk i.i do pioblrm.i

continuação

Ganhar a companhia de alguém e sair da condição de


solteiro/a pode ser um dos ganhos. Por outro lado, as perdas pa­
recem superar os ganhos quando a violência se agrava. Estudos
mostram que pessoas que vivem namoros violentos podem per­
der o humor, o sono, o apetite, a saúde, a vaidade, os amigos, a
concentração nos estudos e no trabalho e, até mesmo, a vontade
de viver. É possível que os prejuízos cheguem até os familiares
porque esses também sofrem (filhos, pais, irmãos...). Olhe os dois
lados e faça as contas: o que lhe parece falar mais alto, as conse­
quências positivas ou as negativas?
Estágio 2

Preparando-se para
deixar o namoro violento

No segundo estágio, a vítima de um relacionamento violento gra-


dualmente dá-se conta de que os maus-tratos sâo graves. Pouco a pouco,
decide livrar-se da relação violenta, mas sente-se presa, como se estivesse em
uma teia de aranha da qual não se pode escapar. Em alguns casos, experi­
menta estratégias de resolução, com insucesso, como con-versar, devolver a
violência, ameaçar terminar e, em situações extremas, forçar uma gravidez
para tentar melhorar o relacionamento. Outras pessoas buscam caminhos
para fortalecerem-se e afastarem-se, gradualmente, da relação. E uma prepa­
ração do terreno para mudanças mais profundas.
Como no estágio anterior, de tomada de consciência, continua sen­
do indispensável “olhar-se no espelho”: como eu lido com essa relação?
Que relação é essa na qual estou vivendo (ou deixando de viver)? Mas no­
vas estratégias são também usadas para “manter os olhos abertos” e seguir
adiante rumo à autopreservação. Estudos com pessoas que passaram por
essa experiência mostram que elas se prepararam para deixar um namoro
violento adotando os cuidados abaixo:
— Escrever falas violentas do/a parceiro/a para se convencer de que
esta relação não vale a pena.
-Olhar provas de desamor da parte do/a parceiro/a (como fotos
que comprovam traição).
34 Hstágio 2 Preparando se para deixar o namoro violento

— Considerar os danos que a relação causa para outras pessoas signi­


ficativas, como os filhos (quando já se tem filhos de outra relação
ou da relação atual).
- Deixar de criar oportunidades para encontrar com o/a parceiro/a.
- Ouvir o que os amigos e familiares dizem sobre a relação.
- Conversar com amigos que dão suporte para que a pessoa creia
no próprio valor.
- Investir na autoestima.
- Olhar-se no espelho e identificar as próprias qualidades.
- Prestar atenção em experiências do passado, como a relação com
os pais, que estejam afetando a relação atual.
- Reconhecer modos de pensar e de se comportar que se repetem
em várias relações de namoro e causam sofrimento, tais como
sacrificar-se para ser aceito/a f eu sempre me deixava em último
lugar e fazia todas as vontades dele”), envolver-se sempre com
parceiros problemáticos (fos homens com quem me relaciono sem­
pre vem com uma mala de problemas”) e ver-se como tendo pou­
co valor feu sou pouco, por isso recebo pouco e esse pouco eu trans­
formo em muito”).
- Investir em cuidados com a saúde mental, como fazer psicotera-
pia, e saúde física, como fazer acupuntura, aumentam a capacida­
de da pessoa de tomar boas decisões. Isso não quer dizer que você
esteja doente, mas sim que precisa se fortalecer para seguir adian­
te e não vir a adoecer.

Todos esses cuidados funcionam como múltiplos espelhos que


permitem à pessoa ver claramente que a relação violenta é um proble­
ma, e que precisa ser resolvido. Essas estratégias permitem também que
a pessoa se conheça melhor e busque forças para se proteger. Vendo-se
em todos esses espelhos e cuidando de si, a pessoa envolvida em uma
relação violenta acaba por convencer-se e decidir-se a pôr um fim na re­
lação. Colocar essa decisão em prática pode ser rápido ou demorar, mas
já é um grande passo.
Libertando-se de namoros violentos 35

EXERCÍCIOS

Reconhecendo a violência como ultrajante e Inaceitável

Escreva todas as palavras humilhantes e depreciativas que


você já ouviu de seu/sua parceiro/a e deixe isso em um lugar visí­
vel para você. Isso pode ser doloroso, mas é importante que você
se lembre que ele/a é assim, e não como você gostaria que fosse.
Essa dor será temporária se você for impulsionado/a por ela e se­
guir com as medidas de autocuidado que integram esse longo pro­
cesso.

Falas violentas

Reconhecendo os estilos destrutivos nas relações amorosas

Relembre seus relacionamentos passados e veja se há repe­


tições.
Que dificuldades se repetiram?

continua
36 Estágio 2 - Preparando-se para deixar o namoro violento

continuação

Considere o quadro a seguir para fazer uma síntese de cada


relação.

Histórias que (não) se repetem

Caso existam repetições, quais são elas?


Você se sacrificava pelo/a parceiro/a?
Aceitava a violência com medo de ficar só?
Sentia-se incompetente para atrair a atenção e receber o
amor de alguém?
Reagia à violência com mais violência para mostrar-se forte?
Você aceitava a violência esperando que a situação fosse
melhorar?
Sentia-se culpado/a e incompetente quando havia proble­
mas no relacionamento?

Reconhecendo como foram aprendidos os


estilos destrutivos nas relações amorosas

Reconheça padrões de relacionamentos destrutivos, decor­


rentes de sua história familiar, que podem estar afetando suas re-
continua
Libertando-se de namoros violentos 37

(ontinuaçõo

lições. Há algum aspecto do seu jeito de namorar que é parecido


Com o jeito de seus pais e que você não gosta? Há heranças fami­
liares que devem ser modificadas, como sacrificar-se para cuidar
do outro, tolerar a violência, atacar o/a parceiro/a com críticas
destrutivas, criticar em público ou outras? Descubra as suas he­
ranças e reflita sobre elas.

Heranças afetivas a serem mantidas ou modificadas


Aprendi com meus pais e Aprendi com meus pais e não
quero continuar assim quero continuar assim
Ex.: demonstrar admiração e fazer elo­ Ex.: ironizar e humilhar quando sen­
gios à/ao parceira/o tir raiva

Avaliando as vulnerabilidades pessoais

Ao se relacionarem de modo íntimo, as pessoas procuram


trocar apoio mútuo. No entanto, esses comportamentos, muitas
vezes, são confundidos com obrigação e isso pode acabar resul­
tando em situações desagradáveis no namoro, como quando
você dá mais de si e o outro não lhe retribui. Quando isso acon­
tece, o relacionamento acaba sendo muito desgastante e não
existe uma recompensa por isso, a não ser continuar tendo uma
companhia.
Algo que costuma atrapalhar a tomada de posição para
não voltar com o/a ex-namorado/a violento/a é o fato de a víti-
continua
38 Estágio 2 Preparando se para deixar o namoro violento

continuação

ma se sentir culpada pelo que aconteceu no relacionamento, fi­


car pensando em seus comportamentos e tentar descobrir onde
falhou. Quando não há autoconhecimento suficiente e autoesti-
ma adequada, existe um risco mais elevado para tolerar relacio­
namentos violentos. A baixa autoestíma e o au- toconhecimento
insuficiente dificultam a percepção do modo de amar do outro
como abusivo e levam a pessoa a crer que não encontrará nin­
guém melhor do que ele ou ela. Isso é agravado pelo isolamento
decorrente do afastamento ou perda dos amigos. Mas é possível
reestabelecer laços com amizades antigas e conhecer novas pes­
soas, aos poucos, com o apoio de quem é mais próximo. Reflita
sobre as perguntas que se seguem:
-Você já sentiu que seu/sua namorado/a veio com uma "mala de
problemas", como se você tivesse obrigação de ajudar a carregar?
-Você se relaciona com uma pessoa possessiva?
-Você faz atividades que lhe proporcionam prazer?
- Você sai com amigos?
-Você consegue ver o que seu/sua namorado/a e você fizeram
para que o relacionamento chegasse ao ponto que chegou?
-Você consegue perceber quais foram suas atitudes durante o re­
lacionamento e os momentos de conflito? E as dele/a?
-Você consegue ser você mesmo/a agora? Consegue ser você
mesmo/a na relação?
-Você percebe que a dança de vocês aconteceu conforme a músi­
ca que ele/a tocou?
- Tudo tem que ser do jeito que ele/a queria?
-Você se sente mais como mãe/pai do que namorado/a?
- Você tem medo de ficar sozinho/a?
- Você esquece muito rápido as coisas que lhe fazem, não guarda ran­
cor?
- Para você tudo está bom? É submisso/a?

continua
Libertando-se de namoros violentos 39

< ontinuação

Pizza da responsabilidade

Veja a figura a seguir e a considere uma pizza, com várias fa­


tias. Pense nos diferentes fatores envolvidos na situação de violên­
cia. Dê a cada um deles uma fatia da pizza, com a largura que você
acha justa: quanto mais larga a fatia, maior a culpa. Separe então a
parcela que de fato é sua responsabilidade. Quem são os responsá­
veis pela violência? Que tanto de responsabilidade lhe cabe nisto?

É importante perceber que nem tudo está ao seu alcance e


que não é possível para você sozinho/a tentar salvar seu/sua
namorado/a ou ajudá-lo/a em uma situação em que você está so­
frendo muito e se desgastando. Amar também é se afastar quan­
do você percebe que estar ao lado é mais destrutivo, tanto para
você quanto para ele/a, ou mesmo que seja para apenas um dos
dois. Se você se afasta, protege-se e o/a protege. Faça o que lhe
deixa feliz! Estar bem é o que importa.

Cuidando de si

Sem cuidar de você mesmo/a, será difícil ter forças para resol­
ver a relação violenta. De que cuidados você precisa? Que cuidados

continua
40 Estágio 2 Preparando se para deixar o namoro violento

continuação

você pode se dar agora? Considere a lista a seguir e selecione os cui­


dados dos quais você necessita. Considere também por onde come­
çar. O que é viável fazer agora?

Plano de autocuidado
Avaliação da viabilidade:
Lista de cuidados
por onde começar?

[ ] Começar por aqui


Tratamento psicológico
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Tratamento médico
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Atividade física
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Encontro com amigos
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Participação em grupos
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Atividades artísticas
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Atividades espirituais
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Meditação
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Estudo
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Trabalho
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Diversão
[ ] Não começar por aqui
[ ] Começar por aqui
Descanso
[ ] Não começar por aqui

continua
Libertando-se de namoros violentos 41

continuação

Fortalecendo a autoestima

Preste atenção nos elogios que seus amigos lhe fazem. Lem­
bre-se das coisas boas que você já ouviu sobre si mesmo.

Mapa de Autoconceito

Generosidade
("Eu ajudo as pessoas") Coragem
Responsabilidade ("Eu tenho
("Eu procuro pensar disposição para
antes de agir para fazer acontecer")
não prejudicar a mim
e aos outros")

Humor
Empatia ("Eu sou
("Eu divertido")
mpreendo
perspectiva
do outro")

Persistência
("Eu não
desisto
dos meus
sonhos")
Esperança
("Eu tenho fé
no futuro")

Criatividade
Otimismo
("Eugestqde
("Eu costumo Ver
inventar coisas
o lado bom da vida
novas èdiferentes")
e das pessoas")
Autoconfiança
("Eu acredito èm
mim mesmo")
,. y •, zAi-: '* :■ • •;

É importante recuperar a crença em você mesmo/a. Isso lhe


ajudará a tomar m rédeas da própria vida. Se viável e necessário,
.................................... .................................. i,,,.

continua
42 l stáp.io 2 Pr<*p«ir«indo sr p.n.i deixar o namoro violento

continuação

busque psicoterapia. Esse tipo de trabalho lhe ajudará a reconhe­


cer suas próprias forças e desenvolver outras novas.

Buscando ajuda de amigos

Os amigos cumprem diferentes funções em nossas vidas. Al­


guns deles podem estar prontos para conversar, para passear, para
resolver um problema na escola; outros podem indicar um profis­
sional; e outros podem, se for o caso, acompanhar você à Delega­
cia da Mulher. Todas essas ajudas podem ser importantes. Veja
com quem você pode contar. Planeje o que você fará, com quem e
quando.

Plano de busca de apoio


0 que vou fazer Com quem vou fazer Quando vou fazer

Quanto mais apoio você tiver, mais fácil será resolver a situ­
ação da violência. Seus amigos podem lhe ajudar a enxergar a rea­
lidade, a acreditar em você mesmo e a juntar as forças para seguir.
Mas nem toda ação que vem de um amigo, ajuda. Há atitu­
des que ajudam e outras que atrapalham. Os amigos podem aju­
dar se conseguirem ouvir sem julgar, culpar ou impor uma solu­
ção; estar presente e se mostrar disponível; prender-se aos fatos
para ajudar o amigo a enxergar a realidade; indicar terapia ou ou­

continua
Libertando-se de namoros violentos 43

tros recursos de ajuda; salientar as qualidades e forças do amigo;


ajudar em momentos de entretenimento e prazer para demons­
trar que se pode viver bem sem o/a agressor/a; e fazer crer que se
é "dono da própria vida". Busque os amigos que conseguem, real­
mente, lhe ajudar. E lembre-se: seu amigo é uma ponte, mas é
você o responsável por caminhar e fazer a travessia.

Planejando como seguir em frente

Agora que você já viu diferentes meios de se fortalecer para


tomar a decisão de se proteger da violência no namoro, avalie sua
autoconfiança para seguir em frente e faça um mapa de viagem.
Há algo que você possa fazer para fortalecer sua autocon­
fiança para seguir em frente?

1. Nada confiante Pouco confiante 3. Bastante confiante

Mapa de Viagem

Vou começar por...


Em seguida, vou...
Por fim, vou...
Estágio 3

Terminando a relação de namoro violenta


V

Nesse estágio, a decisão de se proteger já se completou e a pessoa


icmsegue pôr fim à violência. Em geral, isso significa terminar o namoro. E
fundamental responsabilizar-se por si mesmo e adotar diferentes cuidados
p.ira se manter protegido. Estudos com pessoas que conseguiram terminar
namoros violentos indicam que elas usaram as seguintes estratégias:
- Usar as oportunidades que ele/a dá para terminar a relação, como
traição, e assim evitar retaliações ou tentativas de reaproximação.
- Não atender a telefonemas do/a parceiro/a.
- Falar com firmeza.
- Evitar ambientes frequentados pelo/a parceiro/a.
- Contar para amigos/as que ele/a é violenta/o para reduzir o desejo
de reatar a relação e, então, evitar sentir-se envergonhada/o frente
aos mesmos amigos.
- Pedir apoio aos amigos para ocupar o tempo com atividades pra­
zerosas antes abandonadas.
- Resistir ao desejo de reencontrá-lo/a, ocupando-se com atividades
de interesse ou procurando pessoas de confiança.
- Ponderar ganhos e perdas da relação e lembrar-se da dor vivencia-
da no relacionamento.
- Adotar atitude de “tomar as rédeas da própria vida”, redescobrir-se,
reencontrar-se e responsabilizar-se pelo cuidado consigo mesmo/a.
46 Estágio 3 - Terminando a relação de namoro violenta

- Fortalecer-se por vários meios: fazendo psicoterapia, preservando


o próprio espaço, investindo na autoestima e dedicando-se a ati­
vidades de seu interesse, como viagens, dança ou trabalho.

Essas ações de autoproteção podem incluir outros cuidados se a


violência for de extrema severidade e envolver risco de vida ou lesões gra­
ves que podem deixar sequelas físicas e emocionais. O uso de armas e ál­
cool por parte do parceiro são graves sinais de perigo. Manter-se em um
lugar seguro e buscar proteção legal podem ser indispensáveis.

EXERCÍCIOS

Esses exercícios poderão lhe ajudar a terminar o relaciona­


mento, mudar seus hábitos e redirecionar seus objetivos de vida.
O rompimento pode ser doloroso. Procure o apoio de pessoas de
confiança. Poderá não ser fácil, mas valerá a pena. Você logo verá
que a vida continua, e, ainda melhor, sem a relação violenta.

Planejando o término

Planeje como terminar a relação. Ensaie para você mesmo/a.


Discuta o que fazer com um amigo ou terapeuta. Faça isso de uma
maneira segura para você. Você poderá sentir vontade de voltar
atrás. Planeje os cuidados para que isso não ocorra.

0 que fazer Quando fazer Como fazer Cuidados para proteger-se

contínua
Libertando-se de namoros violentos 47

rontlnuaçdo

Planejando medidas de autoproteçâo

Que situações podem lhe dar mais vontade de voltar a encon-


trá-lo/a?
Para cada situação listada, planeje o que lazer para se manter
distante.
As medidas de autoproteçâo podem incluir: mudar de tele­
fone, evitar lugares frequentados por ele/a, planejar o que dizer
frente a um pedido de desculpas, planejar como responder a con­
vites, ocupar o tempo com novos interesses, buscar a companhia
de amigos, etc.

Plano de enfrentamento
Situação Medidas de autoproteçâo

1. Você está sozinho/a após um dia


cansativo
2. Você passa perto do local onde cos­
tumava encontrá-lo/a
3. Ele/a manda mensagens carinhosas
dizendo que sente sua falta
4. Ele/a telefona pedindo desculpas e
prometendo mudar
5. Ele/a envia mensagens dizendo que
você é especial
6. Ele/a aparece de surpresa com pre­
sentes «T

7. Outras...

Avalie as medidas de autoproteçâo que têm funcionado e as


que não têm funcionado. Recaídas podem acontecer. Elas também
lhe ensinarão a conhecer seus pontos fracos e a se proteger me­
lhor da próxima vez. É normal aprender tom as recaídas.
contínua
48 Estágio 3 Terminando <i ftliçio dt namoro violenta

continuação

Investindo nos sonhos antes deixados de lado

Liste os seus desejos e sonhos que foram impedidos de se


realizarem por causa dessa relação. Você deixou de viajar? Deixou
de sair para dançar? Deixou de fazer alguma coisa importante para
você porque ele/a proibiu ou dificultou?

i
Lista de sonhos deixados de lado
1._____________________________________________________
2______________________________________________________
3 _______________________________________________________
4 ______________________________________________________
5 ______________________________________________________
6 _______________________________________________________
7 _______________________________________________________
8 _______________________________________________________
9______________________________________________________

E agora, em quais sonhos ou desejos você acha que vale a pena


investir? Dê espaço para seus interesses. Enriqueça sua rotina. Encon­
tre amigos. Faça algo que traga prazer e sentido para a sua vida.

.s al s,- ,t a. Q X. • ’ UíWf
Inventário de dores vividas na relação

Faça uma lista das situações dolorosas que você viveu no re­
lacionamento. Lembre-se de que não vale a pena voltar. Quando
sentir vontade de ceder, imagine-se novamente vivendo todas as
cenas do passado que tanto lhe fizeram sofrer.

continua
Ubertando-se de namoros violentos 49

tontinuaçOo

Inventário de dores
Por que não vale a pena voltar

Mantendo o cuidado a cada dia

Para continuar longe de relações violentas, invista diaria­


mente em cuidados consigo mesmo/a. Estes cuidados podem ser,
por exemplo, manter o estudo em dia, continuar em psicoterapia,
fazer atividades físicas, ir a jogos de futebol, participar de grupos
culturais ou outros. Faça seu planejamento semanal. Não deixe a
vida lhe levar. Programe-se para cuidar de você mesmo/a.

Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

contínua
50 Lstágio 3 terminando <i trlaQo dr n.iinoio vioIrnLi

continuação

Cuidando para seguir em frente

Agora que você já viu diferentes meios para sair de um na­


moro violento, avalie sua autoconfiança para seguir em frente e
manter-se livre da violência.

1. Nada confiante
z22"2

Continue fazendo seu mapa de viagem. Assim você terá mais


chances de chegar ao seu destino. Há algo que você possa fazer
para fortalecer sua autoconfiança para seguir em frente?

Mapa de Viagem
Vou começar por...
Em seguida, vou...
Por fim, vou...
Estágio 4

Protegendo-se de recaídas

Manter mudanças de comportamento exige investimentos. Esse é o foco


do quarto estágio, quando a situação já está resolvida, isso é, a relação violenta já
terminou, mas recaídas podem ocorrer (elas também podem ocorrer nos está­
gios anteriores), seja voltando ao namoro violento ou iniciando outros no mes­
mo padrão. Estudos indicam que diferentes estratégias podem ser usadas para
que se consiga manter-se longe de namoros violentos, seja o anterior ou novos
no mesmo padrão. Considere quais dessas são apropriadas para a sua situação:
- Manter os cuidados do estágio anterior: evitar situações de “tenta­
ção” ou risco para a recaída.
- Investir em novos interesses e objetivos de vida.
-Manter-se atento/a às situações de risco para a recaída e planejar
como evitá-las, sair delas ou resistir a elas. Essas situações podem
ser internas e externas. As internas são, por fxemplo, sentimentos
de solidão e vulnerabilidades pessoais (como a baixa autoestima e
o autossacrifício). As externas são, por exemplo, estar em lugares
onde você costumava encontrá-lo/a.
- Ter em mente que você é responsável pelo próprio bem-estar e não
delegar ao outro a responsabilidade para com a própria felicidade.

Veja a seguir alguns exercícios por meio dos quais se pode desenvol­
ver habilidades para evitar recaídas em namoros violentos.
52 Estágio 4 Protegendo-se de recaídas

EXERCÍCIOS

Fazendo um plano de ação para não recair

Fica mais fácil se proteger quando se tem um plano de ação


para lidar com as situações que podem levar à recaída. No plano
de ação, você pode prever o que fazer, quando fazer, como fazer e
com quem pode contar em cada situação-problema.
Antes disso, reconheça as situações internas que podem le­
var à recaída.
Marque as que você julga que podem ser relevantes para
você:
| | Sentimento de solidão
] Sentimento de tédio
| | Sentimento de saudade
| | Pensar que não encontrará outra pessoa como (tão boa quanto)
ele/a
□ Pensar que não voltará a amar alguém no futuro

Reconheça também as situações externas que podem ser propí­


cias à recaída:

I Dias da semana
| | Lugares
I Bebida
| | Cheiros
3] Reencontrá-lo/la na casa de amigos
] Conhecer alguém que lhe lembra o/a ex-namorado/a

contínua
Libertando-se de namoros violentos 53

tvntinuação

Quais são, para você, as situações internas e externas de maior risco


de recaída?

i Plano de ação

Considere as situações identificadas no exercício anterior


que podem ser propícias para a recaída. Planeje o que fazer, quan­
do fazer, como fazer e com quem se pode contar em cada situação
de risco para a recaída.

Situação de risco 0 que fazer Quando fazer Como fazer Com quem fazer

1.
2.
3.
4.
5.

Investindo na pessoa que você quer ser

Por fim, é fundamental continuar investindo em novos inte­


resses e objetivos pessoais. Isso ajuda a abrir novos horizontes e
deixar a vida fluir.
continua
54 Estágio 4 - Protegendo-se de recaídas

continuação

Lista de Projetos
1. ____________________________________________________
1
2.

3. ____________________________________________________
4. ____________________________________________________
5. ____________________________________________________
6. ____________________________________________________
7. ____________________________________________________

8. ____________________________________________________
9.
10.

Reafirmando sua responsabilidade


para com você mesmo/a

Relembre todos os cuidados que você tomou consigo


próprio/a desde o momento,que procurou uma solução para este
relacionamento violento. Veja que consequências essas ações
trouxeram para sua vida. Observe que, à medida que você age,
sua vida muda. Use o quadro da esquerda para refletir sobre como
suas ações afetaram sua vida. Se você continuar agindo, no futuro,
em prol de você mesmo/a, que efeitos virão? Use o quadro da di­
reita para listar como possíveis ações a serem realizadas no futuro
imediato ou distante poderão mudar sua vida.

continua
Libertando-se de namoros violentos 55

ntinuaçâo

Escolhas que tenho feito e posso vir a fazer


Passado: Futuro:
eu não tivesse feito... (descreva a Se eu fizer... (descreva a ação), eu...
çao), eu...(descreva os efeitos que dei­ (descreva os efeitos que você imagina
xariam de ter ocorrido) que podem ocorrer)

- -

Você é responsável por você mesmo/a. Suas escolhas defi­


nem, em boa parte, quem você é ou poderá vir a ser!

Quem eu descobri que sou?


*

Se caminhos forem buscados e sentido for atribuído à dor,


mesmo as experiêndás dolorosas podem nos fazer crescer, A vida
fica de pernas para 0 ar, mas, gradualmente, é possível recomeçar.
Após o período mais difícil, em seguida ao término da relação vio­
lenta, olhe para traz e veja o que você aprendeu com a experiência
e como ela lhe modificou.
Como você se vê agora? Que coisas boas você vê em você agora?
continua
56 Estágio 4 - Protegendo se de recaídas

continuação

Eu descobri que sou...

Lembre-se: a sua felicidade não depende apenas das situa­


ções externas. Ela parte, principalmente, de você, da sua decisão
de ser feliz e das escolhas que você faz. Ainda que dores e perdas
façam parte da vida, vá em frente e seja a pessoa que você deseja
ser. Viva a vida que você quer viver! Acredite, você pode (e preci­
sa) se fazer bem.
Os anexos estão disponíveis em:
www.sinopsyseditora.com.br/nvform
Anexo 1 - Indicadores de violência no namoro
Se você está namorando atualmente, como você avalia
a qualidade de sua relação de namoro? Parte A
Nada a ver Tudo a ver com
com a gente a gente
1 2 3 4 5
Em discussões acaloradas, eu o/a empurrei
Em discussões acaloradas, ele/a me empurrou
Eu o/a obriguei que me beijasse, sem ele/a querer
Ele/a me obrigou a beijá-lo/a, sem eu querer
Eu o/a obriguei a fazer sexo, sem ele/a querer
Ele/a me obrigou a fazer sexo, sem eu querer
Eu já inventei mentiras sobre ele/a para atingi-lo/a

Libertando-se de namoros violentos 59


Ele já inventou mentiras sobre mim para me atingir
Eu divulguei conteúdos íntimos dele/a nas redes sociais para
prejudicá-lo/a
Ele divulgou conteúdos íntimos meus nas redes sociais para me
prejudicar
Eu o/a humilhei em público
Ele me humilhou em público
Eu provoquei ciúmes intencionalmente nele/a
Ele me provocou ciúmes intencionalmente
Eu o/a enganei escondendo coisas importantes dele/a
(continua)
Anexo 1 - Indicadores de violência no namoro (continuação)

60 Anexo
Nada a ver Tudo a ver com
com a gente a gente

1
- Indicadores de violência no namoro
1 2 3 4 5
Ele/a me enganou escondendo coisas importantes de mim
Eu o/a xinguei e desqualifiquei
Ele/a me xingou e desqualificou
Eu negligenciei (deixei de cuidar, fiz pouco caso, fiz de conta que
não vi) necessidades ou insatisfações dele
Ele/a negligenciou (deixou de cuidar, fez pouco caso) necessidades
ou insatisfações minhas
Eu destruí bens materiais dele/a, como fotos, celular, carro, etc.
Ele destruiu bens materiais meus, como fotos, celular, carro, etc.
Eu fiquei com ele/a por interesse (status, riqueza, "subir na vida",
etc.)
Ele/a ficou comigo por interesse (status, riqueza, "subir na vida",
etc.)
Anexo 2 - Indicadores de qualidade ao namoro
Se você está namorando atualmente, como você avalia
a qualidade de sua relação de namoro? Parte B
Nada a ver Tudo a ver com
com a gente a gente
1 2 3 4 5
Eu aceito o jeito dele/a de ser, mesmo com nossas diferenças
Ele/a aceita o meu jeito de ser, mesmo com nossas diferenças
Eu o/a admiro
Ele/a me admira
Eu o/a ajudo quando preciso
Ele/a me ajuda quando preciso
Eu participo da vida dele/a

Libertando-se de namoros violentos 61


Ele/a participa da minha vida
Eu fico feliz com as conquistas dele/a
Ele fica feliz com as minhas conquistas
Eu vejo nossas afinidades
Ele/a vê nossas afinidades
Eu gosto de estar na companhia dele/a
Ele/a gosta de estar em minha companhia
Eu acho que temos uma boa química sexual
Ele/a acha que temos uma boa química sexual
(contínua)
Anexo 2 - Indicadores de qualidade do namoro (continuação)
Nada a ver Tudo a ver com
com a gente a gente
1 2 3 4 5
Eu confio/a nele/a
Ele/a confia em mim
Eu sei que posso contar com ele/a
Ele/a sabe que pode contar comigo
Eu consigo demonstrar que o/a compreendo
Ele consegue demonstrar que me compreende
Eu consigo deixá-lo/a falar e o/a ouço átentamente
Ele/a consegue me deixar falar e me ouve atentamente
Eu sou carinhosa/o com ele/a
Ele é carinhoso/a comigo
Eu o/a sinto comprometido/a com nosso relacionamento
Ele/a me sente comprometida com nosso relacionamento
! Eu procuro esclarecer as coisas quando há conflito entre nós
Ele/a procura esclarecer as coisas quando há conflito entre nós
Eu tenho os mesmos objetivos que ele/a em nosso relacionamento
Ele/a tem os mesmos objetivos que eu em nosso relacionamento
Eu digo para ele/a o que me irrita ou desagrada, sem agredi-lo/a
Ele/a me diz o que o/a irrita ou desagrada, sem me agredir
(continua)
Anexo 2 - Indicadores de qualidade do namoro (continuação)
Nada a ver Tudo a ver com
com a gente a gente
1 2 3 4 5
Eu me abro com ele/a e mostro o que sinto
Ele/a se abre comigo e mostra o que sente
Eu sei quais são as coisas das quais ele/a gosta
1
Ele/a sabe quais são as coisas das quais eu gosto
Eu percebo quando ele/a não está bem
Ele/a percebe quando eu não estou bem
Eu pergunto o que está acontecendo quando sinto que ele/a não
está bem
Ele/a pergunta o que está acontecendo quando sente que eu não
estou bem

Libertando-se de namoros violentos 63


Eu me dou bem com a família dele/a
Ele/a se dá bem com a minha família
Eu rio e me divirto junto com ele/a
Ele/a ri e se diverte junto comigo •«
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro
Os instrumentos a seguir descrevem os seguintes fatores de risco para a violência no namoro:

a) Exposição direta à violência, por pais ou outros cuidadores


b) Testemunho à violência
c) Conflitos interparentais
d) Papéis de gênero tradicionais dos pais
e) Amigos que endossam a violência no namoro ou vivem namoros violentos
f) Apego inseguro, falta de habilidades de regulação das emoções e de habilidades de resolução de problemas
g) Atitudes sexistas
h) Esquemas disfuncionais

a) Como os seus pais ou responsáveis (avós, tios, irmãos mais velhos, madrinha, padrinho, cuidadores de insti­
tuição...) cuidaram de você em sua infância?
Nada a ver Tudo a ver com
com a minha a minha his­
história tória
1 2 3 4 5
Lenaswras
Me cenawam de lado

Se importavam comigo
Eu buscava conforto ou ajuda deles quando estava em dificuldade
Me chantageavam emocionalmente
Me xingavam usando nomes horríveis J
(continua}
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)
Nada a ver Tudo a ver com
com a minha a minha his­
história tória
1 2 3 4 5
Tinha liberdade para conversar com eles
Me ensinavam o que era certo e o que era errado
Me faziam me sentir sem valor
Eu não me sentia amado
Eu sentia que eles tinham autoridade sobre mim
Eu confiava na proteção deles
Eu passava longos períodos sem conviver com eles
Ameaçavam ir embora se eu fizesse alguma coisa errada
Ameaçavam me mandar embora se eu fizesse alguma coisa errada

Libertando-se de namoros violentos 65


Eu sentia que eles me valorizavam como pessoa
Me ensinavam a manter a calma quando necessário
Eu sentia que não podia contar com eles
Me tratavam com carinho
Eu me sentia cuidado por eles
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)

66 A íw x i)
b) Se você vivenciou alguma forma de violência na sua infância, marque abaixo quem lhe agrediu, a gravidade
da violência e o tipo de violência que você sofreu: física (como surras), psicológica (como xingamentos) e se­

L iío tr s
xual (como ser forçado a tocar partes sexuais de alguém).
Não houve Houve violência Houve violência
Agressor Tipo de violência

<lr rKCO
violência pouco grave muito grave

0 1 2 3 4 5 Física Psicológica Sexual

pdi
Pai

.1
Mãe

V l(íle n n .i n tM h iin í> ro


Avó
Avô
Tio
Tia
Irmãos
Padrinho
Madrinha
~1
Padrasto
Madrasta
Primos
Vizinhos
Babá
1
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)
c) Se você não foi vítima direta mas presenciou alguma forma de violência praticada contra terceiros (como
seus irmãos) na sua infância, marque abaixo quem foi o agressor, a gravidade da violência e o tipo de violên­
cia da qual você foi testemunha: física (como surras), psicológica (como xingamentos) e sexual (como ser for­
çado a tocar partes sexuais de alguém).
Presenciei vio­ Presenciei vio­
Não presenciei
Agressor lência pouco lência muito Tipo de violência
violência
grave grave
0 1 2 3 4 5 Física Psicológica Sexual
Pai
Mãe
Avó
Avô

Libertando-se de namoros violentos 67


Tio
Tia
Irmãos
Padrinho •«
Madrinha
Padrasto
Madrasta
Primos
Vizinhos
Babá
68 Anexo 3 - Fatores de risco para a violência no namoro
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)
d) Como os seus pais se relacionavam no casamento, como casal, quando você era criança? Se não conviveu
com seus pais biológicos, considere algum outro casal que você teve como referência ao longo da vida.
Nada a ver com Tudo a ver com a
a relação deles relação deles
1 2 3 4 5
Conversavam para resolver os conflitos
Expunham o próprio ponto de vista para resolver problemas
Ouviam o ponto de vista um do outro para resolver problemas
Deixavam esfriar a cabeça e se acalmavam antes de resolver os conflitos
Passavam horas ou dias emburrados um com o outro sem conversar
Tratavam-se com ironias e sarcasmo
Tratavam-se com carinho (como beijo, abraço, mãos dadas)
Ajudavam-se nas tarefas de casa
Falavam mal um do outro para outras pessoas
Usavam os filhos para atacar o outro, colocando-os no meio do "tiroteio"
Gostavam de ter atividades de lazer juntos
Procuravam acalmar o outro quando em conflito
Diziam coisas agressivas para humilhar o outro
Agrediam-se fisicamente
Brincavam e mantinham o humor
Admitiam o erro e pediam desculpas
(continua)
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação}
Nada a ver com Tudo a ver com a
a relação deles relação deles
1 2 3 4 5
Aceitavam desculpas
Demonstravam cuidado com as necessidades do outro
Ignoravam e davam um gelo no outro
Criticavam algo que era importante para o outro para atingi-lo indireta­
mente
Ameaçavam sair de casa
Culpavam o outro
Ignoravam as necessidades do outro
Faziam chantagem emocional

Libertando-se de namoros violentos 69


Esperavam o momento certo para conversar quando em conflito
Conheciam os gostos e preferências um do outro nas coisas do dia a dia
Falavam bem um do outro para os filhos
Tinham casos fora do casamento, traíam
Agradavam um ao outro nas pequenas coisas do dia a dia
Gritavam um com o outro quando em conflito
Vingavam-se um do outro quando se sentiam atacados
Demonstravam admirar um ao outro
Cuidavam um do outro
70 Anexo 3 “ Fatores de risco para a violência no namoro
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)
e) Como você caracteriza o seu pai? Se você não conviveu com seu pai biológico, tome como referência alguém
que você considera como pai.
Nada a ver com ele Tudo a ver com ele |

1 2 3 4 5

Calmo

Único responsável pelas contas da casa

Agressivo

Comunicativo

Machista

Controlador

Autoritário

Durão
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)
f) Como você caracteriza a sua mãe? Se você não conviveu com sua mãe biológica, tome como referência al­
guém que você considera como mãe
Nada a ver com ela Tudo a ver com ela

1 2 3 4 5

Conciliadora

Cuida dos outros em primeiro lugar

Submissa

Libertando-se de namoros violentos 71


Livre

Sacrifica-se pela família

Independente

Guarda todo o sofrimento para si

Tradicional
72 Anexo 3 « F.itoi(*s de risco para a violcnci.i no n.unoio
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)
g) Como são seus amigos?

Nada a ver com Tudo a ver com


eles/elas eles/elas

1 2 3 4 5

Eles/elas já tiveram experiências de maltratar o/a namorado/a ou


fi cante

Eles/elas já tiveram experiências de ser mal tratado pelo/a o/a


namorado/a ou ficante

Tenho amigos/as que têm brigas pesadas (bater, machucar, humilhar)


com o/a namorado/a

Eles/elas são a favor de usar a violência para resolver certas situações


Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)
h) Como é o seu modo de conviver com as pessoas?
Nada a ver Tudo a ver
comigo comigo
1 2 3 4 5
Eu me sinto confortável em pedir ajuda quando preciso
Tenho pessoas em quem posso confiar
Tenho receio de que, ao confiar nas pessoas, serei traído/a
Quando algo não sai como eu quero, fico muito nervoso/a e perco o
controle
Quando fico nervoso/a, demoro a me acalmar
Tenho "pavio curto" e explodo facilmente
Suporto calado/a os comportamentos inconvenientes dos outros
para preservar a amizade

Libertando-se de namoros violentos 73


Respiro fundo para não agir com raiva e depois me arrepender
Deixo a raiva passar antes de falar com alguém que me ofendeu
Prefiro satisfazer as necessidades das pessoas do que as minhas
Se alguém me pede para fazer algo que eu não posso no momento,
digo que não posso
Ouvir os outros me deixa impaciente
Se me fazem algo que eu não gosto, digo que não gosto
Eu me sacrifico para ajudar os outros
Em uma discussão, digo o que sinto medindo as palavras para não
magoar o outro
(continua)
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)

74 Anexo
Nada a ver Tudo a ver

3
comigo comigo

-
Fatores de ris( o p.ira
1 2 3 4 5
Eu tenho problemas por ser bom demais com os outros
Se me ofendem, eu tomo medidas para me defender
Eu não levo desaforo para casa, custe o que custar
Eu suporto frustrar as pessoas e dizer não quando preciso
Gosto de ouvir as pessoas

a
violónt l.i no nam oro
Se alguém me agride, eu devolvo na mesma moeda
Eu me preocupo com as necessidades dos outros
Sou uma pessoa ciumenta
Quando tenho um problema com alguém, demoro a tomar iniciativas
para resolvê-lo e vou empurrando com a barriga
Quando tenho um problema com alguém, converso para esclarecer
as coisas e resolver a situação
Quando tenho um problema com alguém, analiso alternativas de
solução para decidir qual é o melhor caminho
Quando tenho um problema com alguém, espero que se resolva
naturalmente e fico no meu canto
Quando tenho um problema com alguém, não me interessa a conse­
quência, resolvo como me "der na telha"
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)
i) Em que medida você concorda com as afirmações abaixo?
Discordo Discordo Nem concordo Concordo Concordo
totalmente parcialmente nem discordo parcialmente totalmente
1 2 3 4 5

Quando casado, o homem deve ganhar mais do que a mulher

Libertando-se de namoros violentos 75


Quando casada, a mulher é responsável por cuidar dos filhos
Trair é parte da natureza do homem
Cuidar é parte da natureza da mulher
76 Anexo 3
Anexo 3. Fatores de risco para a violência no namoro (continuação)

- Fatores de risco para a violência no namoro


j) Em geral, como você se relaciona afetivamente?
Nada a ver Tudo a ver
comigo comigo

1 2 3 4 5

Eu diria que tenho sucesso em relacionamentos amorosos

"Fico" para não ficar sozinho/a, mesmo que meu/minha parceiro/a


não seja grande coisa

Eu deixo de lado o que gosto para ser aceito/a pelo/a meu/minha


parceiro/a

Acho que se eu exigir algo do relacionamento serei abandonado/a

Priorizo as necessidades do/a parceiro/a e deixo as minhas em último


lugar

Prefiro estar com alguém, mesmo que não seja uma pessoa especial,
do que estar sozinho/a

Sou bom/boa o suficiente para atrair a atenção de pessoas interes­


santes 1

Faço sacrifícios para manter o relacionamento


í
Anexo 4. Habilidades para manejo de conflitos no namoro
Se você está namorando atualmente, como você lida com situações de conflito?
Considere os três últimos episódios de conflito
(discordâncias, tensões, desentendimentos). O que você fez?

Não descreve Descreve


em nada perfeita mente
1 2 3 4 5
Eu propus que conversássemos depois, com mais calma
Eu analisei a situação e pensei muito antes de agir
Eu pedi a ele/a que consertasse os estragos que deixou
Eu vigiei os emails e mensagens dele/a
Eu o/a vigiei para saber o que estava fazendo e com quem estava

Libertando-se de namoros violentos 77


Eu acatei a imposição dele/a e o/a obedeci
Eu fiz de conta que nada estava acontecendo e o ignorei
Eu pedi desculpas a ele/a ”
Eu o/a perdoei
Eu tentei me colocar no lugar dele/a
Eu o/a toquei (beijei, abracei) sem ele/a querer
Eu joguei na cara dele/a tudo de ruim que ele/a já fez
Eu o/a empurrei ou agredi fisicamente
(continua)
Anexo 4. Habilidades para manejo de conflitos no namoro (continuação)

78 Estágio 4
Não descreve Descreve
em nada perfeita mente

-
1 2 3 4 5

Habilidades para m anejo de conflitos no nam oro


Eu prestei atenção no que eu estava sentindo

Eu procurei me acalmar

Eu procurei acalmá-lo

Eu o/a xinguei

Eu devolvi a agressão na mesma moeda

Eu extravasei minha raiva encima dele/a

Eu propus que conversássemos a sós

Eu guardei para mim o meu ciúme e não o demonstrei

Eu procurei confortá-lo/a

Eu insisti e continuei fazendo o que o/a irritava

Eu saí da situação para me acalmar

Eu segurei a raiva que estava sentindo

Eu brinquei com ele/a mesmo quando ele/a estava com raiva

Eu expus minhas necessidades

Eu expus meu ponto de vista sobre o problema

Eu tentei terminar o namoro

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