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CRITÉRIOS PARA ESCOLHAS PROFISSIONAIS


KATHIA MARIA COSTA NEIVA

A atividade de orientação profissional e de colha. A experiência com esse material, mi-


carreira requer instrumentos que auxiliem nha e de colegas, levou à ampliação do seu
na reflexão e na construção do projeto pro- uso aos adultos e sua utilização em diferen-
fissional. O presente jogo tem como objetivo tes momentos da vida que exijam escolhas
facilitar as escolhas profissionais de jovens no âmbito profissional. Com isso, o jogo te-
ou adultos, promovendo o desenvolvimen- ve, na sua terceira e atual edição (Neiva,
to da identidade vocacional-ocupacional e 2015), seu título ligeiramente modificado,
da capacidade de decisão autônoma. Pode passando a denominar-se Critérios para Es-
ser utilizado por orientadores provenientes colhas Profissionais, respondendo, assim, à
de formações distintas, em contextos varia- ampliação de seu uso à população adulta.
dos e aplicado a pessoas que necessitem fa- Neste capítulo, apresentarei os funda-
zer escolhas profissionais em diferentes mo- mentos teóricos do jogo, as possibilidades
mentos de sua trajetória profissional. O pre- de utilização e as formas de aplicação, fina-
se~t: capítulo apresenta o jogo em sua nova lizando com a discussão de um caso.
ediçao, seus usos, suas etapas de aplicação
eª análise de um caso.
Ao longo do meu percurso profissio- FUNDAMENTOS TEÓRICOS
nal como ps1co . 'loga, orientadora prof'issio-
.
ngo da vida, temos de tomar uma sé-
n~l, pesquisadora e professora, sempre nu- A o 1o ' .
rie de decisões relacionadas a carreira pro-
triª preocupação em sociabilizar mais a ta- . nal A primeira delas ocorre na fase da
refa d 0 . fi SSIO . d 'd'
e nentação profissional, fazendo-a adolescência, quando temos de ec1 ir por
a1cançar . .
mais pessoas A ideia de constnur . os estudos ingressando em um
esse instru . .. prosseguir ' .
a ar . mento surgiu visando a facilitar curso técnico ou superior, ou por nos mse~
ár IV!dade de profissionais de diferentes . di'retamente no mercado de traba
eas que . . ~ nrmos . d'ante na fase adu1ta, vanas , ·
d esteJam envolvidos na onentaçao ou-
as escolh . lho Mais a I , d
ra as realizadas ao longo da carrei- . . ~ são necessárias: a escolha a
~
. na1• A pnmeira
denProfissio . .
versao .
do Jogo, ~ras dec~~s~~nal pós-universidade; decisões
sionº~in~da Critérios para a Escolha Profis- area ~ro o ostas de trabalho, mu-
focoª ' ~01
publicada em 2003 e tinha como relac1onadas ª pr ~ansições ou redirecio-
danças de cargo e
os Jovens e a facilitação da primeira es-
Orientação vocacional e de carreira em contextos cl'n·
1 1cos e educativos
Rosane Schotgues Levenfus (Org.) 173
172
profissional e elenco cinco aspect . nais perpassam toda a vida do co~ógicos, mas eles são de uso exclusivo dos
namentos na carreira e até mesmo a decisão . osaser tõeS voca~io se limitando à fase da adoles-
definidos: em ps1cólogos. Ainda são escassos os instru-
de O que fazer após a aposentadoria (Nei- . ito nao
suJe. ' uando ocorre a necessidade de ela- mentos abertos aos orientadores provenien-
va, 2013). cêocta, q ·meira decisão profissional. De tes de outras formações. Esse jogo é um re-
1. ambiente de trabalho (onde t b
bOrar a pn
Moujan (1986) e Bohoslavsky (1998) . ra alha .
em que tipo de ambiente?) ; r, m super (1963), o desenvo!VJ- curso que pode ser utilizado por orientado-
apontam a importância da elaboração da cordo co . á .
identidade vocacional-ocupacional, que é 2. objetos/conteúdos de trabalho ( ª ocacional passa por cinco est g10s: res profissionais e de carreira, provenientes
com 0 rnento v de diferentes formações.
parte integrante da identidade pessoal do que tra ba Ihar e vinculado a qu .
, ais con As ideias apresentadas contribuíram
sujeito e relaciona-se, portanto, ao desen- teudos?); · crescimento (infância) ,
1 para a construção do instrumento original e
volvimento desta última. De acordo com 3. atividades de trabalho (fazendo 0 · exploração (adolescência),
como?); que e ~: estabelecimento (idade adulta) , de sua ampliação na versão atual.
Bohoslavsky (1998), a identidade ocupa-
cional é o produto da pessoa que escolhe 4. rotina de trabalho (quando e quanto tra- 4 permanência e
e se refere a com que trabalhar, como, on- balhar?) ; e s:declínio ou desengajamento (velhice) .
OBJETIVO
de, quando e à maneira de quem. No entan- 5. retornos do trabalho (o que deseja obter
to, a identidade vocacional é uma resposta com o trabalho?). Sendo assim, em qualquer uma dessas
O jogo tem como principal objetivo facili-
a para que e por que do produto da identi- etapas podem surgir dificuldade~ nas toma-
tar as escolhas profissionais de jovens ou
dade ocupacional. A modalidade clínica de A junção dessas ideias inspirou a cons- das de decisão no âmbito profiss10nal e con-
adultos, promovendo o desenvolvimento da
orientação profissional, defendida pelo au- trução de uma técnica que foi por mim tes- sequentemente a necessi~ade de uma ~rien-
identidade vocacional-ocupacional e da ca-
tor, tem como um dos objetivos facilitar a tada ao longo de vários anos e acabou dan- tação profissional. Com isso, a atu_açao do
pacidade de decisão autônoma. O jogo per-
elaboração da identidade vocacional-ocu- do origem a esse jogo. orientador profissional se expandiu (Leh-
pacional. Esse processo, que se inicia na man, 2010; Neiva, 2013,) , o que requer ins- mite:
Muitos estudiosos da área ressaltam
adolescência, é constantemente reeditado a importância de o processo de orientação trumentos que possam facilitar a tarefa de
1. ampliar o autoconhecimento, especifica-
principalmente em momentos que exige~ profissional e de carreira contemplar a am- orientação em diferentes populações, situa- mente no que diz respeito aos interesses
novas decisões profissionais ou em situa- pliação de dois tipos de conhecimento: de ções, contextos e estágios da trajetória pro-
ções de crise ou transições na carreira. Tais e valores;
si mesmo e da realidade socioprofissional fissional. Esse jogo pretende atender a essa _ analisar as expectativas relacionadas ao
ideias foram fundamentais para a elabora- necessidade, pois é um instrumento que po- 2
(Bohoslavsky, 1998; Lima, 2007; Lucchia- fururo profissional;
ção do jogo e nortearam a sua construção. ri, 1993; Moura, 2001; Neiva, 2013; Soa- de ser utilizado com jovens e adultos, nas 3. estabelecer critérios para as escolhas
Bohoslavsky (1998) defende ainda a res, 2002; Spaccaquerche & Fortim, 2009). várias situações em que se fazem necessá-
importância de a orientação profissional de- profissionais; _
Tomar consciência de interesses habilida- rias escolhas relacionadas à trajetória pro- 4. identificar profissões ou ocupaçoes_ que
senvolver a capacidade de decisão autôno- fissional.
des, competências, valores, expe~tativas de se relacionem aos critérios estabeleodos;
ma. Aprender a tomar decisões é porta t A atividade de orientação profissio-
ai ' n~ futuro, conflitos, influências, entre outros 5. realizar uma pesquisa orientada sobre a
go a ser alcançado nesse processo. Fazer nal ou de carreira não é exclusiva de uma
aspectos internos, é fundamental na cons- realidade profissional; e _
escolha~ ~e~uer explorar, selecionar, estabe- categoria profissional. Embora a maioria
trução de um projeto de carreira. Conrudo, . n'ten·osamente as profissoes ou
lecer cmenos, delinear prioridades e com- 6 ava11ar c .
para planejar uma carreira, é necessário co· dos orientadores profissionais seja psicólo- . - 'denáficadas e pesqmsadas
parar possibilidades Será que os . ocupaçoes 1
d 1 · Jovens e nhecer a realidade profissional - as profis· go (Melo-Silva, Lassance, & Soares, 2004;
a ~ tos, ao . tomarem decisões profissio- (Neiva, 2015).
nais, fazem isso? Ou melhor b ' sões/ocupações existentes, as atividades e Uvaido, Garcia, Munhoz, & Teixeira, 2012),
is ? e . , sa em ,azer ª rotina das profissões/ocupações de inte- essa atividade também é realizada por pro-
so. orno a3udá-los nessa tarefa? NuoU
(1987) elaborou um pro=m d· . er resse, o mercado de trabalho, etc. (Neiva, fissionais provenientes de outras formações POPULAÇÃO A QUE SE DESTINA
- fi . 0 - -..a e onenta-
ªº
Ç pro ss10nal no qual 1
d d
·nc1u·
lU uma ativi
2013). O presente jogo foi construído visan· acadêmicas, como ped agogos, administra-
dores, psicopedagogos, até mesmo filósofos
a e, denominada "Seleção de e . , . - do a estimular o autoconhecimento e a bus- .o o ode ser aplicado àquelas pess~as
Satisfação Profissional" e . ~t~nos de ca de infonnações sobre a realidade profis· e SOciólogos. Entretanto, é necessário que OJ g P . alizar escolhas relacto·
ajudar o orientando a di~ O~Jettvo era sional, permitindo ao orientando uma análi- 0 profissional tenha desenvolvido as com-
necessitem re
qude a' carreira profissional, como (Neiva,
na as ,
.

critérios de satisfação ;o;rr. cinco a seis se criteriosa de seus interesses, seus valores !>etências necessárias a essa atuação (Ta-
como ponto de partid p s1ona~, tendo, 2015) :
e suas expectativas de futuro, assim corno lavera, Liévano, Soto, Ferrer-Sama, & Hie-
teresses habi11'd d a, uma relaçao de in- ben, 2004), capacitando-o para realizares- omento da primeira
, a es e valo do mundo profissional.
0 995, 2013) discut . res. Em Neiva Os teóricos da abordagem do desen-
sa ti .
ma~ VJdade profissional. Os instrumentos • adolescentefis n_o : , (curso profissionali-
. , o a 1mportãn . escolha pro ss10 . .
Jovem estabelecer crit , . eia de o volvimento vocacional (Ginzberg, 19 52; 15 comumente utilizados nos processos ' cnico ou superior),
enos para a escolha deonentaçao - profissional são os testes pst-
. zante, te
Super, 1953, 1963) apontam que as ques-
174 Rosane Schotgues Levenfus (Org.)
Orientação vocacional e de carreira em
conte~tos clínicos e educativos 175
• jovens adultos, insatisfeitos com o cur- temo, cooperativo com ..
· " 1 ' Pet1t1v0 e de jncornpleta, é necessá rio completá-la
so universitário ou com a escolha profis- inionna , calmo, agitad ' iornia1 oéc~pações que melhor atendem a seus cri-
sional realizada, que buscam reorienta- 2 ob· o, etc , da são. Deve-se prever uma sessão pa- t n os e- os prin c1pa1s
· · mconvenientes
· dessas
• ~etos/conteúdos d · na ses . S . -
e trabalh . cutir as pesquisas. e a onentaçao profissoes.
ção profissional; o que trabalhar? Crianças o: Com ra dis .
fi sional for reahzada em grupo, a tare- Esta última etapa tem se mostrado
• formandos universitários ao escolher a tes, adultos, animais ' ~dolescen.
' vegetais · prod s pesquisa pode ser feita em d upla ou bas_tante útil, pois permite extrair dados
área de trabalho e/ ou os projetos pós- mentas, dinheiro núm , tnstru fa e .
, eros ma · grupos pequenos, reunmdo alunos que te- mais conclusivos, provenientes de todo o
-universitários; cata, etc. ' Pas, su.
• adultos que queiram redirecionar ou re- ham interesses em comum ou até mesmo processo reflexivo que O jogo estimula.
Vinculado
. .a quais conteu'dos? M . :lgumas profissões podem ser pesquisadas
tomar a vida profissional; nca, química, física histó . aterna.
• indivíduos em transição profissional (de • . ' na lite individualmente e outras em grupo. Para
ps1co1og1a, sociologia et ' ratura, MATERIAL
emprego, cargo, etc.); a discussão, pode-se propor uma a presen-
3. Atividades. .de trabalho·~ d
• azen o 0 tação em forma de painel, permitindo, as-
• indivíduos que queiram desenvolver como? AtlVIdades manu . . quee
sim, que as informações sejam compartilha- Para a aplicação individual ou em peque-
uma nova atividade profissional após a científicas, artísticas poal1~t'. mtelectuais,
d . , 1 1cas ou v das com todo o grupo . nos grupos (S-15 pessoas) são utilizados
aposentadoria; e
er, negociar, escrever, criar es . en- A pesquisa das profissões/ ocupações é cinco conjuntos de cartões coloridos (ama-
• indivíduos em reinserção profissional
desenhar, construir, empree~d~r ~u1sar, relo, verde, azul, vermelho e branco), con-
devido ~ algum tipo de incapacitaçã~ ou ter liberdade de ação e fr ' liderar
organizada em tomo dos mesmos aspectos
que nortearam os critérios de escolha: (1) tendo palavras-estímulo referentes aos as-
que os impeça de retomar à atividade fi , n entar de-
sa os, resolver problemas, participar do ambiente de trabalho; (2) objetos/ conteú- pectos explorados no jogo: 1) ambiente de
profissional de origem.
avanço tecnológico, etc. dos do trabalho; (3) atividades de trabalho; tra balho; 2) objetos/ conteúdos de trabalho;
4. Rotina de trabalho: Quando e quanto (4) rotina de trabalho; e (S) retornos de tra- 3) atividades de trabalho; 4) rotina de tra-
APLICAÇÃO trabalhar?_Ritmo de trabalho (modera- balho. Após a pesquisa, o orientando deve balho; e 5) retornos de trabalho.
damente, mtensamente etc ) . ho . . Para aplicação coletiva (grupos gran-
(fl , , • , ranos identificar as vantagens e desvantagens das
. eXIvel, fixo, regular, irregular, período des) é utilizada a Folha "Critérios para esco-
O jogo pode ser aplicado individualmente profissões/ocupações pesquisadas.
em_pequenos ou grandes grupos. O ·o o é mtegra!, período parcial) ; com desloca- lhas profissionais", na qual constam as mes-
mas palavras-estímulo, e os orientandos po-
aplicado ao longo de algumas s - J g mentos, viagens, etc.
- . essoes, e sua dem marcar na folha os itens selecionados.
aplicaçao e realizada em tr' 5 · Retornos do trabalho: O que deseja ob- Etapa 3 - Avaliação das
va, 2015): es etapas (Nei- Para o registro das atividades de ca-
ter com O trabalho? Autossatisfação, cul- profissões/ocupações da etapa, são utilizadas as seguintes folhas:
tura, prestígio, poder, estabilidade fi.
nanceira, promoção, responsabilidade Esta etapa foi incluída na 3ª edição após
• Folha de registro: "Meus critérios para
Etapa 1- Definição de critérios para social, sucesso, aventura, etc. ser testada por algum tempo. Nesta eta-
escolhas profissionais".
:scolhas profissionais e identifica - pa, o orientando deverá avaliar as profis-
Folha de registro: "Realidade Profissio-
e profissões/ocupações çao Após a definição de seus critérios para sões pesquisadas, comparando os dados da
realidade de cada profissão/ ocupação com nal".
~scolhas profissionais, o orientando deverá , Folha de registro: "Avaliação das Profis-
A primeira etapa tem com . . identificar, com a ajuda do orientador, quais seus critérios para escolhas profissionais,
o orientando a tr . . ~ obJenvo ajudar sões/ Ocupações"•
açar cntenos P~~fissões/ ocupações se relacionam aos cri- verificando quanto cada profissão pesquisa-
colhas profissiona. 'd . para suas es- da atende às suas expectativas. Essa com-
1s e t em1fic fi tenos por ele estabelecidos. Explicações detalhadas sobre. o ~o-
ou ocupações relacion d ar pro ssões paração permitirá extrair notas para as pro-
lecionados lnic· ª as aos critérios se- Esta etapa dura entre 40 e 60 minu- go, incluindo as instruções para aphcaçao,
. 1a1mente • t~s. No caso de aplicação coletiva, a dura- fiss~es/ocupações pesquisadas e identificar,
partir de uma série de , O orientando, a assim, quais delas atendem melhor aos cri-
constam no manual.
fará escolhas com I palavras-estímulo çao pode estender-se um pouco mais, de·
tos a seguir: re ação aos · ' pendendo do número de participantes no térios de escolha estabelecidos. Finalmen-
cinco aspec-
grupo e do tempo despendido na discussão. t~, 0 orientando deverá lista r as principais
dificuldades e inconvenientes de cada pro-
USOS DO JOGO
l . Ambiente de tr b fissão.
ª
lhar? Em c1'dades grand
alho: Onde traba-
Etapa 2 - Pesquisa da Esta etapa dura entre 30 e 50 minu-
O jogo é considerado um material psicope-
em escolas, hospitais es. ou _pequenas, dagógico e pode ser uma ferrame~ta a ser
realidade profissional tos, dependendo do número de profissões/ utilizada por profissionais .de diferentes
restaurantes cl ' . , escmónos, hotéis OCupaçoes
- a serem avaliadas e comparadas.
d , m1casous · , N formações que pretendam es~ular_ uma_re-
po e ambiente de tr 'b eJa, em que ti- O
a alho? Interno, ex- Essa pesquisa é realizada como rarefa de d caso de grupos, alguns participantes po- - bre as escolhas profiss1ona1s: ps1có-
casa' mas, caso o onentando
. fl exao so
traga a a1ivi- em apresentar qual ou quais as profissões/
176 Rosane schotgues Levenfus (Org.)
Orientação vocacional e de carreira em contextos cl'micos
· e educativos
.
177
logos, pedagogos, psicopeda~ogo~, ad~inis- aplicada apenas a prim .
,ç; . _ eira etap . s~ pela áre~ de a~diovisual. Durante o pe-
rradores, orientadores profiss1ona1s, onenta- go - DeJ'mçao de critér1· a do Jo. RELATO DE CASO
,ç;,.. . os para nodo da onentaçao, um vizinho, que é ci-
dores educacionais, educadores, professores, pro1...,.,wnms e identiç;ca - d escolhas
gestores de pessoas, coaches de carreira, etc.
_ ':I' çao epro"' _
ocupaçoes -, e os J·ovens • ~•ssoes;
_ . m rapaz de 17 anos, havia acaba- neasta, convidou-o para acompanhar uma
Ao~ti l Joao, u •no médio e estava iniciando o cur-
o jogo pode ser utilizado com as se- a b uscar informação fi . mu ados do O ens1 . _ fi filmagem, o que resultou em uma experiên-
guintes finalidades (Neiva, 2015): • • pro ss1on 1 . quando buscou onentaçao pro s- cia bem interessante para ele. Seu pai tam-
onentaçao profissional. a e/ ou s1nho, .b 1
. Prestou vesti u ar para os cursos bém o incentivou a fazer um curso de curta
s1ona 1• . .
• Orientação profissional ou de carrei- diovisual e jornalismo em a 1gumas um- duração no SENAC, na área de audiovisual.
ra, preparação para a aposentadoria PESQUISAS COM o JOGO au
versidades, mas s ó f.01· aprovado neste u' l ti-
· Seu interesse pelos esportes também é
Como já foi mencionado, dúvidas rela- mo curso em uma universidade no Nordes- forte, tendo praticado vários deles: futebol,
cionadas a decisões de carreira podem o não estava seguro com relação à tênis de mesa, natação e basquetebol.
Ainda são poucas as pesquisas . te. com . .
surgir ao longo da vida. Esse jogo pode com esse material. Na ma· . d realizadas sua decisão profissional, dec1dm fazer cur- O jogo foi aplicado na sétima sessão,
10na elas o .
ser utilizado como um dos instrumentos aparece como um dos 1·nst ' Jogo sinho. Seus interesses profissionais concen- após a aplicação de algumas técnicas que per-
rumemos T travam-se na área de comunicação, cogitan-
facilitadores em processos de orienta- dos na inteJVenção em orient • ut1 iza. mitiram a exploração de sua problemática de
ção_ ou reorientação profissional, orien- na! (Cavenage, & Melo-Silva ª1~ºo~~oissio- do profissões como jornalismo e audiovisu- escolha e a ampliação do autoconhecimento.
taçao de carreira ou preparação para a & Barros, 2012; Ivatiuk 2004· L ' osta, al. Pensou também em Publicidade, mas As conclusões de João com relação aos seus
apose~tadoria. Recomendo que ele se- ges, & Resend e, 2013; Lucas
' , opes, Bor-
Bn·ese, & For- tinha certo preconceito com relação a es- critérios para escolhas profissionais estão
Ja aplicado no meio do processo, após tu . 2 , se curso, considerando-o "não muito sério, apresentadas no Quadro 12.1.
~at~, 013; Marcon & Melo-Silva 2013'
co~hecer a problemática de escolha do Ohve1ra & Neiva 20l3) E' . ' , não exige muito" (sic) . Seu pai, engenheiro Durante a discussão sobre os crité-
onentando e realizar algumas ativida- ta ' · mteressante no- agrônomo, e sua mãe, médica, incentivaram
. r que, apesar de as inteJVenções não uti- rios traçados por João, ficou evidente seu
des q~e estimulem o autoconhecimen- sua participação em um processo de orienta- interesse pela área de comunicação. Ao
hza~em o mesmo referencial teórico a in-
to. OJog? propicia uma organização das clusao do J·ogo t em se mostrado peninenre ' ção profissional para que pudesse examinar se referir à área de audiovisual, apareceu
expectativas com relação ao futuro e faz outras possibilidades profissionais que inclu- seu desejo em vincular possíveis projetos
e. eficaz. Costa e Barros (2012) , que rea-
uma ponte entre a fase de autoconheci- 1izaram uma inte - Junto
· íssem sua capacidade e interesse pela reda- à defesa de causas sociais. O interesse pe-
me~to e conhecimento do mund rvençao a jovens
com ~DAH, salientam a grande utilidade ção. Aceitou essa sugestão e foi bastante par- lo esporte foi descartado como opção pro-
pac1onal, permitindo um av o ocu-
cesso de decisão. anço no pro- desse instrumento, pois • o Jogo
. ticipativo ao longo do processo. fissional, mas João vislumbrou a possibili-
responde às
necessidades de estruturação típicas desse João considera-se um ótimo aluno dade de associá-lo ao jornalismo, em uma
• Sensibilização para tendo preferência e facilidade em portuguê~ possível atuação como jornalista esporti-
fissionais as escolhas pro- grupo e recorre às estratégias de resolução
de problemas, o que permite agilizar a to· (redação) e história . Tem interesse também vo. Com relação ao ambiente, prefere am-
Existem situações em u - , mada de uma d ec1sao· - profissional nessa po- por sociologia e geografia. Entretanto, tem bientes externos, descontraídos, menos for-
desenvolver um q e nao e possível pulação. pouca facilidade e pouco interesse em ma- mais e cooperativos. Os objetos e as ativida-
orientação profis ~rocelsso completo de temática. Descreve-se como inteligente, des preferidas relacionam-se diretamente à
s1ona ou de Neiva, Mei, Lima Oliveira e Xerfan
que os profissionais da , carreira e
(~00:7") pesquisaram, ju~to a 37 alunos re· fbem . .articuJa d o, determinado, curioso, com área de comunicação e fortemente à área de
fazer ações PDntu . . area necessitam acibdade de comunicação (oral e escrita) e audiovisual. Com relação à rotina, apontou
lizar os orientand:1s visando a sensibi- ce~-mgressos no curso de psicologia, os cri· l1derança N , . seu desejo em trabalhar intensamente, mas
de suas escolhas s para a irnponância ténos de escolha dessa profissão. Os resul- · o entanto, tambem é desorgani-
tados indicaram a preferencia
, . pelo trabaIho zado teun · não "ser escravo de horário" (sic), preferin-
so das fe • profissionais É tr .' oso, com pouca tolerância a frus-
iras de profi _ · o ca- d açoes e tendência a protelar a realização do ter um horário mais flexível e uma rotina
de responsabilidade ss~es, dos eventos em consultório, em um ambiente tranqui·
lo ~ descontraído, trabalhando com pessoas doe cenas• ativida d es, principalmente quan- que inclua deslocamentos e movimentação.
eventos. Nessas situ so:1al, entre outros
e lidando principalmente com os seguintes nao lhe interessam. Conhecimento, aprendizagem e cultura es-
ser aplicado como ~çoes, o jogo pode
de_forma pontual Viinstrumento único conteúdos·• p s1co
· Iog1a
· soc10logia
• · e filI osoli,a. Gosta e tem facilidade para a redação
J.á escreveu
tão entre os retornos mais desejados por ele.
'
Pnmeira reflexão' e san~o .ª gerar um~ ~ atividades priorizadas foram : relações de Pítu.lo d contos, poemas e até alguns ca-
5
João decidiu pesquisar quatro pro-
a problemática d sens1b11ização par ba.iuda' serviço
· social,
· cura corporal, com 1•·· Pa...., . e uma história, que está inacabada . fissões: audiovisual, publicidade e propa-
Ele d a escolha a e rdade de ação e possibilidade de analisar. •"cipou no lé · ganda, rádio e 1V e jornalismo. Após a pes-
i po e ser aplicadO profissional envoiv ' co g10, de um trabalho que
essores em também · A escolha pelo horário flexível foi marcancc, tribuiueu ª realização de vídeos, o que con- quisa, tais opções foram criteriosamente
nalidad, sala de aula c por pro- avaliadas conforme avaliação proposta por
e. Em gera] ' 0 m essa fi- e os retornos mais selecionados foram: au· Para que despertasse o seu interes-
' nessas situ • tossatisfação, ajuda às pessoas estabilidade Neiva (2015) , na qual a realidade de ca-
açoes, é
financeira · e conhecimento. ' :-;;--
rne fictício.
da profissão deve ser comparada aos_crité-
rios traçados pelo orientando. A parnr des-
inas Ca' Po. ntl·fí eia
publicada - Universidade Católica de Cam
coNSIDERAÇÕES FINAIS P , mpmas). -
Lehman, Y. P. (2010) Ori -
_ a experiência e a de vários colegas têm pós-modernidade. R entaçao profissional na
Soares (Eds) O . 1n : S. Levenfus, & D. H. P. S.
AMBIENTE DE TRABAlHO \Onde t rabalhar? Em que tipo de ambiente?) t,linh ado a utilidade desse jogo para a fa- ed PP 19-3. o ') nPoentaçaAlo vocacional ocupacional (2.
co~fi~o de tomadas de decisão no âmbito _·' · • rto egre: Artrned.
- Trabalhar em cidades grandes.
Lima, M. T._(2007). Princípios teóricos, prdticas e tex-

-
_ Ambiente· externo \ar livre), informal ou formal, amplo, descontraído, agitado o u tra .1 cihtfiaça·onal. sua possibilidade de utilização
- Trabalhar em clubes esportivos, rádio e 1V. nqui º•cooperativo. ro ssi . . tos para psicólogos e educadores. São Paulo: Vetor.
P ~.-ios segmentos populac1ona1s (ado- Lopes, M. R. ~ R., ~rges, P. M. M., & Resende, A.
e!ll v,,,. , s adultos, aposentad os) e por pro- C. (2013) . Onentaçao vocacionaVprofissional em um
OBJETOS/CONTEÚDOS DE TRABAlHO \Com o que trabalhar?) te
- Revistas, filmes, documentação, instrumentos musicais. \escen
. ai·s, provenientes de diferentes
. forma- grupo de adolescentes: relato de experiência. Traba-
- Psicologia, sociologia, filosofia, português, línguas, esporte. fission lho _apresentado no XI Simpósio de Orientação vo-
- amplia consideravelmente o seu uso cac1onal e Ocupac1onal, IV Congresso Latino Ameri-
çoes aJ·uda que nós, orientadores, possamos cano de Orientação Profissional da ABOP e li Fórum
ATIVIDADES DE TRABAlHO \Fazendo o que e como?)
- Atividades: intelectuais e manuais; variadas e dinâmicas; atividades e m grupo. e a às diversas pessoas que b uscam d.ire- de Pesquisa em Orientação Profissional e de Carrei-
- Relações de ajuda, serviço social. proVer . ra, São Paulo.
- Observar, pesquisar, criar, filmar, comandar/liderar, orientar, persuadir/ convencer to . _
·onar melhor suas carreiras. Lucas, M. G., Briese, T. C. A. M., & Fommatti, z. F.
liberdade de ação. • mar dec1soes, ter ci Na última edição recém-publicada, de S. (2013). As peculiaridades de um processo de
foi incluída uma terceira etapa de avalia- orientação profissional: Visão das acadêmicas de um
ROTINA DETRABAl HO \Quando e quanto t rabalhar?) curso de Psicologia. Trabalho apresentado no XI Sim-
ção das profiss~es/ ~cu~ações, que pem:ite
- Trabalhar intensamente, em período parcial, horário flexível. pósio de Orientação Vocacional e Ocupacional, IV
- Deslocar-se constantemente, movimentar-se fisicamente.
uma comparaçao cntenosa entre as opçoes, Congresso Latino Americano de Orientação Profis-
gerando, assim, resultados mais concretos, sional da ABOP e li Fórum de Pesquisa em Orienta-
~ETORNO_S DO TRABALHO \O que desejo obter com o meu trabalho ?) frutos de todo o processo reflexivo do orien- ção Profissional e de Carreira, São Paulo.
Conhecimento, aprendizagem, cultura, autossatisfação, honestidade solidariedade h d - Lucchíari, D. H. P. S. (1993) . Pensando e vivendo a
estab1hdade financeira. • • e onismo, sucesso, tando. O material proposto p ara essa etapa
orientação profissional. São Paulo: Summus.
- Responsabilidade social, respeito, aventura, liberdade. foi testado ao longo de alguns anos e tem se Marcon, G. H ., & Melo-Silva, L. L. (2013) . Identida-
- Reconhecimento público, prestígio, acúmulo de bens. mosuado muito produtivo. de ocupacional e valores no processo de migração pro-
Espero que o jogo seja útil para o tra- fissional. Trabalho apresentado no XI Simpósio de
- Cinema/audiovisual, jornalismo \esportívo)OS ~~U-~ CdRITÉRIOS PARA ESCOLHAS PROFISSIONAIS
PROFISSÕES/ OCUPAÇÕES RElACIONADAS A Orientação Vocacional e Ocupacional, IV Congres-
, pu c1 a e e propaganda, comunicação, rádio e TV. balho de todos aqueles que estejam envolvi- so Latino Americano de Orientação Profissional da
dos na facilitação das escolhas profissionais ABOP e li Fórum de Pesquisa em Orientação Profis-
e convido-os, assim como meus colegas pes- sional e de Carreira, São Paulo.
quisadores nessa área, a avançarem as pes- Melo-Silva, L. L., \.aSSaflCe, M. C. P., & Soares, D. H.
P. ( 004) . A orientação profissional no cont_exto ~a
quisas com esse instrumento. 2
sa comparação' sao
- outorgadas notas para educação e trabalho. Revista Brasileira de Onentaçao
convenientes apontados por João. Após
cada um dos aspectos e é gerada uma no- Projissiona~ 5(2) , 31-52. . . , .
entrevistas com profissionais das áreas de . F (l 986). Abordaje teonco y clm1co dei
ta total. Mouian, 0 - - .
audiovisual e rádio e T\/, e uma comparação adolescente. Buenos Aires: Nueva Vis10n. .
. A Tabela 12.l mostra os resultados fi- mais apurada dessas opções, ele decidiu-se
REFERt NCIAS B ( 00l) . Orientação profissional _sob
Moura. e· · 2 Lo dnna·
nais o enfoque da andlise do comporcamento. n .
- da avaliação de cada uma das profis- por audiovisual, construindo argumentos ~hos\avsky, R. (1998). Orientação vocacional: A e.srra-
soes e as respectivas dificuldades e os .m- claros que justificassem sua decisão. tegia clínica (11. ed.) . ruo de Janeiro: MartinS Fontes. Editora UEL-
v M C (
,;;,
.
1995). Entendendo a escolha pro, ~-
Cavenage, C. C., & Melo-Silva, L. L. (2009) . Prazer Ne1va, " · · ·
sional
_ · São
, Paulo:
C ( Pau\us. .
) . Proct>SOS de escolha e onen-
x dever: Um conflito na escolha de carreira. São Pau-
2013
lo: Vetor. Caderno de Resumos do 11 Congresso La- Ne1~ª• K-~; . 1 (2 ed.). São Paulo: Vetor.
TAB ELA 12. l llno-Americano de Orientação Profissional da ABOP raçao prOJ _ iona · . ,. olha
. K. M C (2015). Jogo: cnienos para a esc
e 1X Simpósio Brasileiro de Orientação vocacional Neiva,. . . . s- Paulo: Vetor.
Avaliação das profissões & Ocupacional ro;;«ional (3. ed.) - ao . M C B M Olivei-
P 1- M · E uma • • · · ··
C~sta, N. S. da, & Barros, D. T. R. (2012). Orienta- Neiva, K. M. C.. ei. S z cÍ0071- Critérios de ts·
Profissões ç~o profissional com portadores de TDAH: lnfonna- ra, R. 1. M., & Xerf.in., ··a · São Paulo: Vetor. Traba·
Nota total Dificuldades/Inconve niências
~oes e adaptações necessárias. Revista Brasileira de colha do curso de Psico ogi · sso Latino-Americano
Audiovisual \ho apresentado no 1. Con\gdrc , 00p e vm Simpósio
43 Rotinas e horários sujeitos a irregularidades, produções Gneniação Profissional, 13(2), 245-252. . - profiss1ona a "" - \
longas. _mzbcrg, E. (1952) . Toward a theory of occupa- de onentaçao _ _ V"""cional & Qcupaa ona -
Rádio e 1\1 . . de onentaçao vw . .
llonal
ce ehoice.
· .
Occupattons: -
The Vocattonal Gut·dan- s ras•1e1ro 1· d"on·entarion. Zunque.
38 Curso não muito amplo em relação ao de Audiovisual 7) J.:ate 1er .
Nuoffer, J. (l 99. · rorientation sco\a1re et
Jornalismo Joumat, 30(7), 491-494.
A5Sociation s,nsse pour
33 1Vati k, . Pª;ª
_l'ublicidade e propaganda
32
Não proferir para não ferir a constit uição de Direitos
Humanos. ts:
pro u. _ A.. 1:- (2004) Orientação projisswnal
se nao universitárias: perspectiva da ana(1-
mportamento (Dissertação de mestrado nao
professionnel\e.

Produções descartáveis.

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