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Gab riela Gome s da Silva | P sic ol og ia | 10º p eríodo | @ ps ic om gab i 1

PSICOTERAPIA COGNITIVA são determinantes essenciais na elaboração dessa


perda;
LUTO E PERDAS REPENTINAS – CONTRIBUIÇÕES  Dentre esses determinantes, cabe destacar a forma
DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL com que a morte ocorre, pois acredita-se que estas
influenciam diretamente no enlutado, seja na
INTRODUÇÃO intensidade, seja na duração dos sintomas;
 Quando ocorre uma perda devido a alguma doença
 Na Idade Média, as mortes eram vividas com mais
degenerativa, ou uma morte natural e esperada, as
tranquilidade, eram mais familiares, por isso eram
consideradas como um fato natural; pessoas possuem um tempo maior para se
prepararem e até se conformam mais rapidamente
 Passados alguns anos, embora a morte fosse vista
como cotidiana, também foi percebida como um com a partida do ente querido;
 O luto antecipatório é bastante encontrado nesses
fracasso do morto em relação à vida, salientando a
casos, pois as pessoas passam a ter sintomas de
impotência diante dela;
raiva, depressão, ajustes de papéis familiares e, de
 Mais tarde, a finitude era altamente ligada às
acordo com alguns estudiosos, são facilitadores da
religiões, suas causas eram atribuídas à vontade do
vivência do luto;
ser divino, superior. Frente a isso, a entrada ao
 Já com perdas súbitas, o processo de elaboração do
paraíso era julgada de acordo com as ações
realizadas, a fé e a devoção; luto se torna mais complexo, pois tem o elemento
surpresa, sem sinais, sem indício algum. As pessoas
 Com o avanço da ciência e o crescimento da
próximas ficam tentando encontrar os porquês, os
industrialização, é percebido também o
detalhes das mortes (como foi, onde foi). Elas
inconformismo diante da morte de si mesmo e do
precisam achar um entendimento racional de como
outro, uma vez que a prosperidade do coletivo está
ameaçada. Porém, essas mudanças socioculturais aconteceu, isso lhes é fundamental para aliviar a
dor, ansiedade e confusão;
vão mais além, provocam o afastamento da morte
no cotidiano. Aos enfermos é omitida a morte  Com isso, fica claro que morte repentina,
inesperada e precoce é preditora considerada
iminente, e perante a sociedade a morte é
complicadora para elaboração do luto normal;
camuflada, pois é vista como tabu-objeto de
pode gerar problemas psicológicos como a
interdição;
depressão e a ansiedade;
 A incapacidade de impedi-la caracterizava-se pelo
silêncio. Este, por sua vez, fora imposto pela  O luto normal é uma resposta saudável a um fator
estressante que é a perda significativa de um ente
sociedade, tornando a expressão da morte interdita
- os sentimentos, gestos, palavras e atitudes quase querido. Quando refere-se a uma resposta
saudável, implica na capacidade de expressar a dor.
inaudíveis;
Seja reconhecendo, reajustando e investindo em
 Posteriormente a isso, diante das descobertas da
novos vínculos. Quando esses recursos são
ciência, ocorre uma ruptura entre a morte e a
escassos, pode levar ao processo de luto
religião. A ideia de que a morte era uma punição de
um ser supremo, é desmascarada; complicado. O luto complicado é manifestado por
sintomas físicos e mentais que fortemente
 A sociedade impossibilita a expressão da dor por
morte, então ela passa a ser reprimida, escondida, propiciam a negação e a repressão da dor pela
perda.
solitária;
 Hoje a morte é vista como um tabu, cercada por
mistérios, crenças, e, independentemente de suas COG NI ÇÕES SOBRE A MORTE
causas ou formas, ocorrem frequentes negações  Partindo da postulação da TCC, da ideia de que ao
sobre esse tema obscuro e encoberto, um assunto longo de nossas vidas são construídas e adquiridas
do qual não podemos fugir, pois mais cedo ou mais cognições sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre
tarde vamos nos deparar com isso em nossas vidas; o futuro, não raro as pessoas tendem a fazer
 Este mistério que é a morte gera medo, que pode interpretações errôneas acerca das situações. Com
acarretar em muitas dores físicas, emocionais e isso, situações de crise e situações da perda de um
psicológicas. A morte é um fenômeno que pode ente querido podem ser situações ativadoras
desencadear ou gerar uma sensação de fragilidade, dessas crenças disfuncionais;
não só para quem está morrendo, mas também  As crenças a respeito da perda de um ente querido,
para os familiares, amigos, etc.; serão ativadas e processadas pelo entendimento
 O rompimento do vínculo afetivo existente, o nível que o indivíduo tem em relação à morte, ou seja, a
de aceitação, o tipo de morte – repentina ou não, reação dependerá do estilo de enfrentamento e

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dos padrões anteriormente aprendidos e de dependência/ incompetência, de fracasso, de


internalizados, interferindo e refletindo, negatividade/pessimismo e de vulnerabilidade, por
principalmente, na alteração emocional e não conseguirem enfrentar a situação sozinhos.
comportamental, devido aos erros do pensamento. Algumas crenças e erros de pensamento se
A elaboração de outras perdas anteriores e as manifestarão, como: catastrofização, abstração
crenças relativas à morte também podem ser seletiva e pensamento dicotômico: “Eu não sou
fatores que interferem no luto. capaz de lidar com isso”; “Tudo está perdido”; “Não
tenho saída”; “Eu não vou me recuperar dessa
MECANISMOS PARA LIDAR COM A PER DA perda, vou entrar em depressão”.
 A maioria das pessoas que passa por situações de
estresse, como a perda de um ente querido, ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS
desenvolve respostas de enfrentamento  Identificar recursos disponíveis e avaliar quais são
desadaptativas; as principais preocupações do paciente. Num
 Lutar, fugir, paralisar-se são as principais respostas primeiro momento, recomenda-se defini-las; por
à ameaça. Nos esquemas, essas respostas são seguinte, priorizá-las; e, por fim, abordá-las,
denominadas de: 1) hipercompensação: quando levando em consideração e avaliando a rede de
eles lutam contra o esquema pensando, agindo, apoio social e auxiliando na tomada de decisões,
sentindo como se o oposto do esquema fosse pois possivelmente o enlutado encontra-se em
verdadeiro; 2) evitação: os pacientes organizam estados psicológico e emocional prejudicados;
suas vidas para que o esquema não seja ativado,  Sugestiona-se ao terapeuta expressar empatia,
bloqueiam pensamentos e imagens para evitar respeitar e adequar-se ao o ritmo do paciente,
sentimentos ativados pelo esquema; e 3) principalmente no decorrer do uso das estratégias
resignação: quando os pacientes consentem o e técnicas terapêuticas. Adequar-se ao
esquema, aceitam como verdadeiro, não tentam funcionamento do paciente e não confrontar
evitar nem lutar contra ele; diretamente com ele, pois há grandes chances de
 Esquemas de privação emocional, abandono, ele desenvolver resistência ao tratamento. Outro
defectividade, além de esquemas de inibição ponto importante é não fornecer informações nem
emocional, são caracterizados, principalmente, por desnecessárias nem insuficientes, não negar dados
uma evitação na expressão de sentimentos e que lhe são solicitados, para que se evitem maiores
pensamentos. São mecanismos defensivos que distorções cognitivas. Sempre que possível, indica-
barram emoções desagradáveis ao indivíduo. A se estimular a autoeficácia do enlutado;
negação e o entorpecimento não deixam de ser
uma resposta de enfrentamento desadaptativa RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
frente à situação de perda por morte; É usada para avaliar como e o que o enlutado está
 Crenças do esquema de abandono também são priorizando. Nesse momento, busca-se a melhora na
ativadas no anseio. É o momento em que os habilidade de ressolucionar problemas, maximizando o
enlutados passam a buscar incessantemente pela que está funcional e diminuindo a complexidade dos
pessoa que partiu, hipergeneralizando: “Se ele me mesmos. “Será que não haveria outras formas de lidar
deixou, as outras pessoas vão me deixar também”; com essa situação”; “Que empecilhos podemos
 A barganha tem relação com a manutenção encontrar?”; “Haveria algum recurso disponível que
esquemática. Este também é o momento em que pudesse nos auxiliar nesse momento?”.
os indivíduos fazem acordos ou negociações com o
intuito de alcançar algo profundamente desejado. AUTOMONITORAMENTO
Ou tudo ou nada: “Se Deus não atender meu Aumentar a capacidade de metacognição, com intuito
pedido, não sei o que será de mim”; de o paciente perceber como pensa e passa a ter
 A personalização aparece quando os indivíduos sentimentos e comportamentos devido às crenças.
assumem a culpa pelo fato ocorrido: “Ele morreu Recomenda-se que, diante de uma situação aversiva, o
por minha culpa, não podia ter deixado sair com o paciente identifique o que está fazendo, pensando,
carro”; sentindo. É o pensar sobre o pensamento.
 A raiva é percebida como uma prévia aceitação da
TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS
realidade, caracterizada por esquemas de abuso:
“Ele me sacaneou, não podia ter feito isso comigo”; Aumentar e ensinar novas habilidades cognitivas como
 Já a depressão, o desespero e a desorganização o automonitoramento, habilidades verbais e,
poderão ser encontrados quando ativos esquemas principalmente, comportamentais, para que o enlutado

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consiga perceber e lidar melhor com o ambiente. Neste REGISTRO DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS
caso, recomenda-se que possam ser listadas algumas O RPD é um instrumento bastante utilizado para
situações em que o paciente apresenta dificuldades verificar quais pensamentos passaram pela mente do
para resolver. Diante das situações listadas e por meio paciente diante de uma determinada situação, e, a
de um ensaio comportamental, avalia-se como o partir desses pensamentos, pode-se utilizar outra
paciente se comportaria em determinada situação, e técnica, a flecha descendente para encontrar as crenças
juntos, paciente e terapeuta, treinam uma resposta centrais que geraram tais emoções e comportamentos
adaptativa. ao paciente.
ESTRATÉGIAS DE COPING ROLE-PLAY
O conjunto das estratégias utilizadas pelas pessoas para É a simulação de um evento em que paciente e
adaptarem-se a circunstâncias adversas, ou seja, uma terapeuta identificam qual pensamento ocorreu
resposta cognitiva e comportamental ao estresse, com naquele certo momento, para promover formas de
objetivo de suavizar características aversivas. Indica-se manejo e enfrentamento mais funcionais.
o levantamento de outros eventos adversos na vida dos
enlutados e quais estratégias foram úteis para amenizar DESCOBERTA GUIADA
os sintomas gerados: “Quando você se encontrou numa Esta técnica busca descobrir significados mais
situação difícil, como você lidou com ela?”; “Se uma profundos com base na informação dada pelo paciente.
pessoa amiga estivesse na mesma situação na qual você O que ele atribui, pensa e entende perante uma
se encontra, que conselho daria a ela?”. situação. Perguntas como: “O que significa isso para
você?”, “Se isso fosse verdade, o que quer dizer de
RESTRUTURAÇÃO COGNITIVA você?” são utilizadas para evocar as crenças centrais.
Numa colaboração entre paciente e terapeuta,
identifica-se pensamentos irracionais e catastróficos, DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA
exame das evidências favoráveis e contrárias aos Paciente e terapeuta hierarquizam quais situações são
pensamentos distorcidos, a fim de avaliar e perceber mais ansiogênicas ao paciente, e, gradativamente, do
outros pensamentos mais adaptativos. Nesse menor ao maior evento ansiogênico, há a confrontação
momento, pode ser usado o modelo A-B-C (A=situação, deste com a finalidade de dessensibilização.
B=pensamento, C=consequência) para auxiliar o
paciente a identificar a situação perturbadora e o
pensamento automático. Ressalta-se que são poucos materiais encontrados na
literatura que abordam o luto com ênfase na teoria
PREVENÇÃO E RECAÍDA cognitiva e comportamental.
Psicoeducar o enlutado quanto ao seu funcionamento,
suas dificuldades e também sua autoeficácia. No REFERÊNCIAS
decorrer do processo psicoterapêutico, foi lhe
Esse resumo reuniu trechos do seguinte material:
orientado a utilizar estratégias e habilidades para lidar
de maneira eficaz com o problema percebido. Ao se
BASSO, L. A.; WAINER, R. Luto e perdas repentinas
repentinas::
deparar com outras situações, terá recursos para
Contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental
Cognitivo-Comportamental.
enfrentar possíveis problemas: “Quais os pródromos de
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, vol. 7, p 35-43,
um evento adverso?”; “Que situações são consideradas
2011
como situação de risco?”; “Que estratégicas disponíveis
me auxiliariam neste momento?”.

INTERVENÇÕES COGNI TIVO -


COM PORTAMENTAIS

PSICOEDUCAÇÃO
Momento em que o terapeuta explica ao paciente o
modelo da terapia e também o funcionamento
disfuncional do paciente, para promover a
compreensão deste perante a perda sofrida.

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