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TEXTUALIDADE E GÊNEROS

TEXTUAIS
Violência
A violência contra a mulher é uma realidade
brasileira.

 Compreensão do fato; sua constatação, trazida como uma afirmação pelo autor.
Posso então compreender deste
posicionamento:

 No Brasil muitas mulheres morrem espancadas

 As mulheres brasileiras sofrem violências todos os dias

 No Brasil há, ainda, violência contra as mulheres;

 A realidade brasileira de muitas mulheres é de extrema violência;

 Brasileiras vivenciam uma realidade violenta.


Possíveis interpretações e suas pertinências com
o posicionamento apresentado
 No Brasil muitas mulheres morrem espancadas
 No Brasil a violência contra as mulheres pode ocorrer de forma física, levando-as, em muitos casos,
à morte.

 As mulheres brasileiras sofrem violências todos os dias


 Diariamente temos conhecimento de alguma violência contra a mulher

 A realidade brasileira de muitas mulheres é de extrema violência;


 Muitos tipos de violências sofridas pelas mulheres no Brasil são caracterizados pelo extremo
PRODUÇÃO E RECEPÇÃO TEXTUAL
INTERPRETATIVISTA E ARGUMENTATIVA
• Violência contra a
Temática mulher brasileira
persiste

Tese/Recorte
• O feminicídio no Brasil está longe de ter uma redução
interpretativo/ por ser uma questão cultural
tópico frasal
• Falta de rigor na aplicação da Lei Maria da
Penha;
Premissas • Insegurança da mulher agredida em
denunciar;
Argumentação • Sociedade calcada na cultura machista

Embora tenhamos uma lei para combater o


feminicídio, a falta de fiscalização da mesma gera
na mulher o medo em denunciar, pois muitas
Conclusão delas se sentem aprisionadas ao agressor por
questões financeiras, afetivas e/ou emocionais
construídas socialmente.
TESE, ARGUMENTOS E CONCLUSÃO
 TESE/TÓPICO FRASAL/IDEIA NÚCLEO/RECORTE INTERPRETATIVO: ponto de vista assumido/a ser
defendido

 Argumento(s): conjunto de proposições utilizadas para sustentar/defender o ponto de vista assumido,


com base no repertório de conhecimentos do falante, cujas informações podem estar implícitas e/ou
explícitas; cuja articulação leva a uma conclusão.

 Conclusão: Também faz parte do argumento, mas atua como o articulador das premissas assumidas em
favor da tese, por isso que há uma tendência a reiterar na conclusão o que é assumido como tese.
Veracidade dos argumentos: uma questão de
verificabilidade consistente no cenário
sociohistórico e cultural.
EX:.
Salvador é a capital da violência;

Todas as mulheres casam de branco;

Que é do Bahia já nasce com a recepção das estrelas

A (não) pertinência/plausividade disso dependerá de verificações: sociais, históricas, estatísticas


no processo interacional da recepção e produção textual...
Assim como o conceito de validade não
pode ser aplicado a proposições, o
conceito de verdade não pode ser aplicado
a argumentos. Logo, é um equívoco dizer
“este argumento é verdadeiro”. (MATTOS,
2017)
Não podemos entender a produção textual como
uma simples atividade de codificação e a leitura
como mero um processo decodificação.
TEXTO: prática social

Processo – evento comunicativo (interferências e


recepções múltiplas);

Proposta de significações – perspectivas interpretativas:


O sentido não está só no leitor, nem apenas no texto ou
no autor, mas numa interface das relações entre estes e
das atividades desenvolvidas, ou seja, na interação.
Sarah Baartman: Vênus Hotentote
A cantora Beyoncé estaria
planejando escrever e
protagonizar um filme sobre
Baartman.
Jean Burgess, chefe do grupo
khoikhoi – a etnia de
Baartman – disse que
Beyoncé não conta com "a
dignidade humana básica para
ser digna de escrever a
história de Sarah, menos
ainda para interpretá-la". Ela
justificou que via com
"arrogância" a suposta ideia
de Beyoncé de "contar uma
história que não pertence a
ela" e sugeriu que a atriz
fizesse um filme sobre
indígenas americanos.
Vênus Calipigia x Vênus Hotentote
COMPREENDER e INTERPRETAR são habilidades
do leitor para negociar os sentidos na interação
com o texto, seja dando conta da materialidade de
fato, expressa linguisticamente, ou pelos valores e
representações possibilitados e margeados pelo
contexto de recepção textual, respectivamente
(MATTOS, 2016)
INFERÊNCIA
"Os fungos são realmente bastante nocivos aos interesses
humanos. Fungando, uma pessoa pode estar inalando milhões e
milhões de vírus e bactérias do ambiente que se respira. Mas há
também a utilidade. Uma boa fungada pode efetivamente retirar
aquele catarro preso na garganta, sendo que quanto maior o
som emitido pela fungada maior é a sua eficiência e precisão na
retirada daquela substância indesejada. Há quem diga que
fungar é porcaria mas pesquisas científicas revelam que, além de
serem métodos eficientes, as fungadas fazem parte do dia-a-dia
de pessoas em todo o mundo. E como diz a famosa frase: aquele
que nunca deu uma fungada que atire a primeira pedra."
Gêneros textuais

Textos que apresentam padrões


sociocomunicativos característicos definidos por
composições funcionais, objetivos e estilos.

Atos enunciativos relativamente estáveis


(BAHKTIN, 2001)
Os gêneros atuam como:

Práticas orais e escritas para organizarmos a linguagem,


considerando nossos objetivos e intencionalidades
comunicativas.

São delineados por suas características relativamente


estáveis, ou seja, finalidades, aspectos linguísticos, meios
de produção e de recepção, sujeito social e todos os
fenômenos sociais que amparam o gênero.
Esferas sociais
 As esferas são agrupamentos de práticas e atividades sociais organizadas por
determinados contexto, a exemplo:

1. Cotidiana: solicitação de informação na rua, cartão postal, blog, telegrama, convite


para festa, recado de um telefonema.
2. Familiar: diário, bilhete, lista de compras, carta de amor
3. Jurídica: mandado de segurança, prisão, declaração de vontade
4. Burocrática: cadastro, documentos pessoais, atestado de óbito etc
5. Acadêmica: monografias, comunicações, palestras etc
6. Religiosa: oração, pedido, meditação, certificado de batismo
7. Artística: peça de teatro, pintura, poema, cordel, xilogravura etc.
8. Jornalística: editorial, reportagem, anúncio, vinheta, cartum etc
9. Escolar: boletim, fichinha, calendário de provas, seminário, redação etc.
Textualidade
Características, organicidade e propriedades que
constituem o texto,

Tem uma relação com a língua e seus níveis,


estabelecendo-se pela linguagems.

o sentido não está no texto, mas se constrói a partir


dele (KOCH, 1997; Marcuschi, 2008; Costa Val, 2002)
TEXTUALIDADE

Inferência
Paralelismo:
sintático e
semântico
Paralelismo – semântico e sintático

Propriedade textual que permite a


coordenação entre termos com a
mesma função sintática ou semântica.
Essa relação é estabelecida por
elementos coesivos.
Paralelismo sintático

 João e Paulo são colegas de classe.

Substantivos
próprios

 Estava tudo quebrado, desde o telefone à cadeira.

Substantivos
concretos
Paralelismo sintático

 Prefiro um grupo de estudos particular a uma turma de cursinho lotada.

Regência verbal

Ela namora com André


Ele a desejava tanto como a uma nova vida.
Você pode escolher entre a praia e o parque.
Paralelismo semântico

 A diferença entre as carteiras e os estudantes disponíveis na sala é


enorme.

 A estrutura da escola é boa comparada a outras, tem sala de


professores e de informática, refeitório, quadra de esportes,
biblioteca e uma bibliotecária.
Os paralelismos em confronto

Tanto nós, brasileiros, e os norte americanos pertencemos


ao mesmo continente. Não é aceitável que vejamos a
reprodução de discursos que colocam isso de maneira
contrária.

Os discentes não fizeram a atividade recomendada, mas


também não tiveram a revisão para a avaliação
Coesão e coerência

A construção de sentido tem


relação direta com a coerência
textual, sendo a coesão, por sua
vez, uma estratégia lexical e
sintática que possibilita organizar
essa construção.
A coesão consiste em:

Organização, essencialmente, formal que permite


articular e interligar sequencialmente diversos
componentes em favor de uma unidade semântica
do texto, o que, por sua vez, implica a coerência
textual.

Possui, portanto, natureza lexical e sintática.


COESÃO REFERENCIAL
 ANAFÓRICA:

 João Paulo II esteve em Porto Alegre.


Aqui, ele disse que a Igreja continua a favor do celibato.
COESÃO REFERENCIAL

 CATÁFORA

Ele era bonito, inteligente e simpático. Marcos


não precisava de muito esforço para conquistar
as mulheres.

 A mãe olhou-o e disse: Pedro, estás mais magro.

 Nosso objetivo é este: passar em um bom concurso.


CLASSES COESIVAS
Pronomes;
Joana vendeu a casa. Depois que seus pais morreram num acidente, ela não quis
continuar vivendo lá.
Numerais
Preciso de alguns alunos para ajudarem na pesquisa. O primeiro aluno que se
apresentar como voluntário será o coordenador.
Artigos
Depois de algum tempo, aproximou-se de nós um desconhecido trajado de modo
estranho. O desconhecido tirou do bolso do paletó um embrulho.
Hiperônimos
Vimos o carro do ministro aproximar-se. Alguns minutos depois, o veículo estacionava
adiante do Palácio do Governo.
Conjunções
que, enquanto, embora, mas, porém, todavia) pronomes (ele, ela, sua, este, aquele, o
qual.
Preposições
a, de, para, com, até, após, em, entre ...
CLASSES COESIVAS
Advérbios e Expressões adverbiais
aqui, lá, logo, antes, dessa maneira, aos poucos
É preciso ponderar o seguinte: não adianta tentar eliminar os efeitos, sem debelar as
causas do mal.

Expressões ou grupos nominais


Reagen perdeu a batalha no Congresso. O presidente dos Estados Unidos vem
sofrendo sucessivas derrotas políticas.

Sinônimos
A porta se abriu e apareceu uma menina. A garotinha tinha olhos azuis e longos
cabelos dourados.
Elipse
Os convidados chegaram atrasados. Ø Tinham errado o caminho e custaram a
encontrar alguém que os orientasse.
Palavras denotativas
(afinal, inclusive, senão, apenas, então, entre outras
Ambiguidade anafórica (Costa Val, 2012)
IMPORTANTE: Somente a coesão não
garante a textualidade.

“O dia está bonito, pois ontem encontrei seu


irmão no cinema. Não gosto de ir ao cinema. Lá
passam muitos filmes divertidos”.
Coerência
 A coerência também diz respeito às relações estruturais do texto,
mas de uma maneira global e não superficial como a coesão.

 está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um


sentido para o texto, ela é que faz com que o texto faça sentido
para os usuários;

 não depende apenas dos aspectos linguísticos, pois ela é global, é


preciso que os interlocutores de um texto tenham possibilidade
de estabelecer relações diversas entre todos os elementos
contidos nesse texto.
a coerência de um
texto implica:
elementos linguísticos,
conhecimento de mundo,
conhecimentos compartilhados e
inferências.

A coerência é, portanto, “um


trabalho do leitor sobre as
possibilidades interpretativas do
texto” (MARCUSCHI 2008).
Pode haver
coerência sem
coesão?
Olhar fito, horizonte.
mar imenso, calmo, noir.
Silêncio, grito profundo,
ondas profanam pedras.
Tentativa desesperada: recordar;
Acordar;
Nadar;
Nada.
Gritos sussurrados;
sais adocicados salpicam suave derme
Engia
Urgia relutar
Angustiamar.

(Mattos, 2011)
 Menino!! Venha, porra.
CONHECIMENTOS DE MUNDO
CONTINUIDADE
 Necessária retomada de elementos no decorrer do discurso de um texto.

 EXEMPLO (por conta da coerência):

 Fomos ao mercado e acabei esquecendo a lista com os


ingredientes. Então, pedi uma pizza e saímos da sala do cinema
antes de terminar o filme. Parecia até que o dia tinha acabado
quando ele pediu o café e a conta, mas eram apenas seis da noite.
Comprei todos os ingredientes para fazermos aquele almoço,
mesmo sem a lista.
INTERTEXTUALIDADE

 relação entre diversos textos, que reflete a


heterogeneidade textual e a marca do outro
no texto produzido.

 as diversas maneiras pelas quais a


produção/recepção de um dado texto
depende do conhecimento de outros textos
por parte dos interlocutores.

 O termo intertextualidade foi usado pela


primeira vez por Kristeva (1970), para se
referir ao modo como determinado texto era
marcado por outros já produzidos.

 Segundo Kristeva (1974, p. 60), “qualquer


texto se constrói como um mosaico de
citações e é a absorção e transformação de
um outro texto.”
INTERTEXTUALIDA EXPLÍCITA

ocorre quando há a citação da fonte dos intertextos,


como acontece em citações de trabalhos científicos,
em artigos, etc. Neste caso, há como se recuperar
textualmente o texto fonte com o qual o texto que
está sendo processado se relaciona.
INTERTEXTUALIDADE IMPLÍCITA

o produtor do texto espera que o leitor/ouvinte seja


capaz de reconhecer a presença do intertexto pela
ativação do texto fonte em sua memória discursiva,
visto que, se tal não ocorrer, estará prejudicada a
construção do sentido.
Deuses do futebol: Urucubaco
Olímpico leitor, divinal
leitora, há mais coisas entre
o céu dos deuses e a terra
do futebol do que sonha a
nossa vã crônica esportiva:
Determinadas situações do
jogo e certas fases pelas
quais os times passam não
são, como pensam alguns,
obra do acaso. Ao contrário,
são uma manifestação da
vontade de seres superiores,
seres que controlam a nossa
vida desde o dia em que o
Caos gerou a Noite.
(trecho de crônica de José Roberto Torero)
INFORMATIVIDADE

 COLOCA EM JOGO OS CONHECIMENTOS MÚLTIPLOS DO OUVINTE/LEITOR

Lá está ela, reluzente, a velha morada de São Jorge cresce, hoje, aos olhos.

A Estrela da manhã brilha no horizonte. Não há como negar a beleza da estrela da


noite.
INTENCIONALIDADE

 objetivos ou propósitos na construção e/ou, até mesmo, na recepção textual.


Refere-se ao modo como produzimos textos para perseguir e realizar intenções,
objetivos e/ou proposições.

 Nada é aleatório na produção do texto, seja verbal e/ou não verbal.

 Para tanto, lançamos mão de recursos argumentativos.

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