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prof. Eugénio Edson


COMO APRENDER SEM APRENDER

INTRODUÇÃO
Moçambique é fruto do aprendizado da língua inglesa. Isto mesmo, foi a partir de um homem
chamado Eduardo Mondlane, que a quando da sua experiência com a língua inglesa nos EUA
quando fazia a faculdade por lá começou a "mudar a sua forma de pensar" resultando na criação
do partido que nos conduziu à independência logo após o seu regresso dos EUA. Este é um
exemplo de muitos outros líderes que por estar em contacto com outros povos, outra língua,
outra experiência, criaram novas formas de pensar que revolucionaram vidas, grupos, até países.
Eu, pessoalmente, sigo mentores que eu sei que chegaram onde estão porque "tiveram uma
experiência" com outras línguas e nações mudando a forma de pensar, porque foram
"transformados", "formatados", "inspirados", "mudados".
O motivo que leva à muitos não conseguirem aprender a comunicar num outro idioma é
porque primeiro aprendem sem um método e segundo porque não sabem o trajecto, ou seja, por
onde começar, o que priorizar. Foi nesta visão que foi criado o livro Como Aprender Sem
Aprender.
Obrigado por ter baixado o meu livro. O material que você está lendo agora traz para si um
novo método de como aprender uma língua, ele é o tutorial do curso EFFECTIVE ENGLISH
criado por mim. É um ensino móvel, particular e personalizado desenhado para que você se torne
fluente em inglês em apenas 90 dias. É possível? Sim é, mas para que tal aceleração aconteça você
precisará de um método, é isto que eu trago aqui.
Acredito que o método apresentado aqui é o mais potente do mundo porque se fundamenta
no jeito que os melhores e mais rápidos aprendizes de língua do mundo usam - as crianças.
Concordas?

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APRENDER INGLÊS É UMA JORNADA, NÃO UM MÓDULO

N ão são só as pessoas que estão sofrendo por não falar inglês, as empresas também vivem
uma situação desesperadora, tem gigantescas oportunidades para actuar no mercado
internacional, mas não encontram pessoas que falem inglês, perdem oportunidades e
algumas até fecham suas portas. Essas empresas até encontram pessoas qualificadas para as vagas,
mas não encontram pessoas que falem inglês; candidatos escrevem seu currículo: inglês básico,
inglês intermediário ou inglês avançado, mas quando chega a hora do vamos ver, quando chega a
hora real, não conseguem sequer balbuciar uma frase completa em inglês, as vezes ficam travados
pelo medo porque a única coisa que eles têm são anos, anos e anos de gramática que se mostra
inútil na hora da conversação.
Mas você pode perguntar-me se não existe este negócio de básico, intermediário ou avançado
como saber se uma pessoa fala inglês ou não? A resposta vem de um dos mais prestigiosos testes
de inglês e o mais usado pelas empresas do mundo todo que se chama T.O.E.I.C. que quer dizer.
Test of English of International Comunication. É um teste que mede a habilidade que você tem
para se comunicar em inglês no ambiente dos negócios. Isto quer dizer que é o seu vocabulário,
o número de palavras que você saiba ouvir, falar, ler e escrever é que vão determinar o que você
pode ou não fazer.
E a quantidade de vocabulário é contínua, logo, o aprendizado de inglês é uma jornada
contínua, não de alguns meses mas para a vida toda.

COMO ASSIM APRENDER A APRENDER SEM APRENDER?

Para entender melhor primeiro você tem que saber que o caminho do aprendizado não se dá
pelos livros ou pelo material didáctico, o aprendizado acontece em nosso cérebro. Então vamos
começar falando dele, do cérebro:
 Ele não é muito maior que uma laranja;
 Pesa menos do que um quilo e meio;
 Possui um trilhão de células;
 Pode produzir até 20.000 ramificações para cada uma das células nervosas;
 Possui dois lados que trabalham em harmonia: o esquerdo - acadêmico, o direito –
criativo;
 Comanda uma “ estação telefônica” que transporta milhões de mensagens por segundo
entre lados esquerdo e direito;
 Possui 8 centros de inteligências diferentes;
 É milhares de vezes mais potente do que o melhor computador do mundo;
 Ele contém a chave a sua própria revolução de aprendizagem pessoal.

Tudo isso? Sim tudo isso e muito mais! MAS, há um problema, quero falar-te uma verdade
dura e crua que talvez nunca tenha ouvido, a verdade ou melhor o adjectivo que é decisivo quando

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se trata de aprender um novo idioma, aí vai – O CÉREBRO É PREGUIÇOSO. Isto mesmo,


todo cérebro é um gigante adormecido, mágico mas bem preguiçoso. Logo, ele não gosta de
aprender a não ser que o aprendizado seja envolvido em algo emocionante ou divertido para o
próprio cérebro, é por isso que a criança aprender melhor – ela aprende se divertindo.
Aí você pode questioar o que tem a ver a PREGUIÇA com o aprendizado de um idioma?
Enquanto o seu “gigante” ainda continuar adormecido o aprendizado da língua será tratada
uma actividade cansativa, aborrecida, chata, stressante. O aprendizado de um idioma será visto
como um alvo inalcançável. Pois é, vou mencionar agora alguns pontos que mostram que por
conta da preguiça o aprendizado de um idioma pode se tornar um pesadelo, uma caminhada na
areia movediça, algo impossível. Se o seu cérebro tende a fazer as actividades que irei mencionar
aqui, então ele ainda é preguiçoso. Aqui vai:
 É dependente de tradução, ou seja, usa o método de tradução para entender “rápido” o
que lê ou ouve;
 É passivo. Ele espera ser dito o que fazer, prefere actividades de completar, organizar do
que actividades de criar, conversar, por exemplo;
 É estático, ou seja, não tem o hábito de querer ou se esforçar para falar ou escrever algo
de diferentes maneiras mas que tenham o mesmo significado ou aplicação;
 Tem medo de cometer erros na fala ou escrita;
Se você se identificou na descrição acima então o seu cérebro é preguiçoso. Agora vai uma
dura e crua realidade válida em todo o mundo – AS ESCOLAS ENSINAM PESSOAS A SEREM
PREGUIÇOSAS. Isto mesmo, todo sistema de educação treina os alunos a: dependerem de
tradução, serem passivos, ter medo de cometer erros e procurar por apenas uma resposta certa.
Mas porquê isto acontece? Para que o trabalho do professor seja mais fácil não porque são bons
para os alunos.
Testes de múltipla-escolha, por exemplo, são desenhados para que sejam corrigidos e entregues
de volta em curto tempo de espaço. Nas aulas, os alunos são treinados a memorizar regras de
gramáticas e listas de palavras, mais uma vez para beneficiar o trabalho do professor.
Um outro exemplo de trabalho “leve” do professor nas escolas tem a ver com dois termos
importantes quando se trata de aprendizado de um idioma: input e output. Input é tudo aquilo
que você lê ou escuta (palavras, frases, diálogos, etc.). Output é tudo aquilo que você produz
(palavras, frases, diálogos, etc.) tanto na forma oral quanto escrita. Assim, se considerarmos as
quatro habilidades envolvidas na aprendizagem de idiomas (fala, compreensão oral, escrita e
leitura), veremos que a compreensão oral e a leitura são actividades de input, enquanto que a escrita
e a fala são actividades de output. Nas escolas, os professores normalmente são forçados a falar o
mínimo possível, enquanto os alunos são encorajados a falar e escrever o máximo possível. O
resultado é que, por ainda não terem recebido a quantidade necessária de input, ou seja, por não
terem armazenado palavras, frases e estruturas suficientes, os alunos têm um “repertório” muito
pequeno à sua disposição e acabam falando e escrevendo pouco e de forma errada, o que prejudica
tanto os próprios alunos quanto seus colegas, que acabam sendo expostos à um input de baixa
qualidade e em pouca quantidade (quando um aluno tem que ficar escutando outro aluno falar
inglês de forma errada, ele acaba prejudicando seu aprendizado).

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ALCANCE A FLUÊNCIA DA LÍNGUA

Se falares com um homem numa língua que ele entende, isso vai-lhe à cabeça. Se falares com ele na língua dele, isso
vai para o coração dele.
- Nelson Mandela

Americanos que viajam pela primeira vez para o estrangeiro ficam muitas vezes chocados ao descobrir que, apesar
de todos os progressos que foram feitos nos últimos 30 anos, muitos estrangeiros ainda falam em línguas estrangeiras.
— Dave Barry

Aprender línguas é um desporto. Na escola você estuda inglês. Você aprende sobre inglês. Você
analisa partes da língua (gramática, vocabulário, etc.). Você faz testes em volta do conhecimento
das partes do inglês.
O problema é que, inglês não é uma disciplina para ser estudada. Inglês é uma habilidade para
ser apresentada ou “jogada”. Fala é algo que você faz, não algo que você analisa e pensa. Conversas
reais em inglês são muito rápidas e imprevisíveis. A outra pessoa fala rápido e você nunca sabe
exactamente o que ele dirá a seguir. Você deve ser capaz de escutar, entender e responder quase
que instantaneamente. Simplesmente não há tempo para pensar na gramática, tradução, ou
qualquer outra coisa que você aprendeu na sala de aula.
Conversa em inglês se parece mais com jogar futebol. O jogador de futebol deve agir e reagir
quase instantaneamente. O jogador deve jogar intuitivamente. Os jogadores de futebol não
aprendem fórmulas físicas para que joguem bem. Eles aprendem jogando. Eles “jogam” futebol,
eles não “estudam”. Ponto!
Lembra da frase acima de Nelson Mandela? Pois é, deixa-me colocar desta forma. A língua é
como uma música, se você canta com o foco na letra da música, para que você não erre, a música
irá para a cabeça mas se você canta com o foco na sua função que é transmitir emoção, diversão,
enfim, e aqui a letra da música já está gravada no seu subconsciente então você canta como se a
letra estivesse na sua cabeça desde sempre ou como que a letra tivesse sido composta por si ao
ponto de você na sua “versão” ao ponto da audiência confundir o cantor com o dono da música
(isto acontece no programa THE FOUR por exemplo), ou seja, aqui você não só canta mas
também interpreta sem medo de errar, aí a música vai para o coração da audiência e fica memorável
para eles. Então, aprender uma língua não é apenas aprender a “letra”, ou seja, as regras gramaticais
e vocabulários, mas sim você se focar na função básica da língua que é comunicar e isto num
conceito original é uma actividade espontânea e não “memorizada” ou previamente programada.

TRAJECTO PARA FLUÊNCIA


Uma das coisas que impede de muitas pessoas se tornarem fluentes em uma língua é o facto
delas não saberem por onde começar. Encontrei três passos básicos para a aprendizagem de
línguas:
1. Aprenda pronúncia primeiro.
2. Não traduza.
3. Use sistemas de repetição espaçado
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Aprenda pronúncia primeiro


O primeiro passo saiu do treino de conservatório de música (e é amplamente usada pelos
militares e pelos missionários da igreja mórmon). Os cantores aprendem a pronúncia das línguas
primeiro porque precisam cantar nestas línguas muito antes de terem tempo para as aprender. No
decorrer da dominação dos sons de uma língua, os nossos ouvidos tornam-se sintonizados com
esses sons, fazendo a aquisição do vocabulário, a compreensão da escuta e a fala vêm muito mais
rapidamente. E se ouvirmos de nativos, temos a oportunidade de ouvir um sotaque mais afinado
e preciso.

Não traduza
Eu sei que vou ser visto como “louco” aqui, justamente porque já ví muitos cursos de inglês
que sugerem o método de tradução como forma de aprender uma língua estrangeira. Mas qual é
o problema com tradução? Ele impede a concretização de um requisito indispensável para
aprender uma língua estrangeira - pensar numa língua estrangeira. Este detalhe torna possível a
aprendizagem de línguas. Esta é a falha fatal nas tentativas de inúmeras pessoas para aprender uma
língua estrangeira: praticar tradução em vez de falar. Jogando fora da sua língua nativa poderá
passar o seu tempo construindo fluência em vez de descodificar frases palavra a palavra.
Mas você pode perguntar como entender algo noutra língua sem traduzir para a minha língua
nativa? Veja bem, nesta pergunta é que reside o problema – VOCÊ NÃO ENTENDE OUTRA
LÍNGUA PORQUE VOCÊ QUER ENTENDER. Está confuso? Eu explico, já disse que a
forma mais potente de aprender uma língua é aprender sem aprender, ou seja, o aprendizado deve
acontecer primeiro no seu subconsciente, sem que você note que está a aprender, não precisa fazer
sentido a prior mas com o tempo você irá entender. Quando você activa a tradução você mostra
logo que está a aprender e isto intensifica a preguiça do seu “super-computador”. Então como
faço para aprender algo sem tradução? Boa pergunta, preste atenção aos passos que antecedem a
compreensão da língua, são eles:
1. Você é exposto repetitivamente à língua através de material engajador que lhe produza
input compreensível e (falarei mais sobre isto lá mais adiante);
2. Reprodução e reconhecimento do conteúdo do material (isto acontece no seu
subconsciente, involuntariamente e aqui você ainda não começou a entender mas se
interessou);
3. Por você gostar do material você começa a “senti-lo”, ou seja, para compreender você
aprecia, se entusiasma, aspira, isto o remete a adicionar um ingrediente decisivo para a
compreensão – a emoção.
É importante conectar emoções positivas e não negativas no processo de input e output da
língua. À este processo de conectar emoções à experiências chamamos de ancoragem. A
ancoragem pode ser positiva ou negativa. Por exemplo, imagine que você escuta música quando
se sente extremamente feliz. Se a emoção for forte o suficiente, a conexão entre a música e a
emoção será feita. E se você se sentir muito feliz quando você escutar aquela música de novo, a
conexão será mais forte ainda.
Eventualmente, você irá criar uma conexão muito forte entre a música e o sentimento de
felicidade. Em dado momento, sempre que você escutar a música você irá automaticamente
encontrar-se feliz.

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Pesquisas mostram que pessoas que se sentem entusiasmadas e energizadas enquanto


aprendem mais rápido na verdade. Eles lembram mais e lembram por maior tempo. Eles
produzem melhor. Portanto, a criação de ancoragem positiva é o seu primeiro passo para viagem
rápida para a fluência.

Use sistemas de repetição espaçado


A chave, use sistemas de repetição espaçados (Spaced Repitition Systems -SRSs), veio de blogues
linguísticos e desenvolvedores de software. SRSs são cartazes em esteróides. Com base no seu
input, eles criam um plano de estudo personalizado que impulsiona a informação profundamente
na sua memória de longo prazo. Sobrecarregam a memorização, e eles têm ainda de atingir o uso
do objectivo final.
Um número crescente de alunos de línguas na Internet estavam a aproveitar-se das SRSs, mas
estavam a usá-las para memorizar traduções. Inversamente, nenhum proponente de tradução
como Middlebury e Berlitz usava métodos de estudo comparativamente antiquados, não
aproveitando as novas ferramentas de aprendizagem computorizadas. Enquanto isso, ninguém
além dos cantores clássicos e os mórmones pareciam importar-se muito com a pronúncia.
Como usar todos estes métodos de uma só vez? Use o software de memorização no seu smartphone
para meter o inglês na sua cabeça, e certifique-me de que nenhum dos seus cartazes tenha uma
palavra em português. Comece por fazer cartazes para as regras de pronúncia, adicione muitas
fotos para os substantivos e alguns verbos, você poderá aprender as conjugações de verbos, e
depois chegar a construir simples definições inglesas de conceitos mais abstractos, poderá, em
curto período aprender milhares de palavras e conceitos gramaticais.

FLUÊNCIA
Você terá que determinar por si mesmo se a sua imagem de fluência inclui discussões políticas
com amigos, assistir a leituras de poesia, trabalhar como agente secreto, ou dar aulas sobre física
quântica na Sorbonne.
Lutamos para alcançar qualquer grau de fluência porque há tanto para lembrar. O livro de regras
do jogo da língua é muito longo. Vamos à aulas que discutem o livro de regras, fazemos exercícios
sobre uma regra ou outra, mas nunca podemos jogar o jogo. Na hipótese de chegarmos ao fim de
um livro de regras, já nos esquecemos da maior parte do início. Além disso, nós ignoramos o other
livro (o livro do vocabulário), cheio de milhares e milhares de palavras que são tão difíceis de
lembrar como as regras.
Esquecer é o nosso maior inimigo, e precisamos de um plano para derrotá-lo.

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Qual é a clássica história de sucesso da aprendizagem de línguas?


Um tipo muda-se para Espanha, apaixona-se por uma espanhola, e passa todas as horas a
praticar a língua até ser fluente dentro de um ano. Esta é a experiência de imersão, e derrota o
esquecimento com força bruta. Em grande parte, o nosso orgulhoso herói de língua espanhola é
bem-sucedido porque nunca teve tempo de esquecer. Todos os dias nada num oceano de
espanhol; como poderia esquecer o que tinha aprendido?
A imersão é uma experiência maravilhosa, mas se você tem um trabalho estável, um cão, uma
família, ou uma conta bancária que precisa de recheio, você não pode facilmente deixar cair tudo
e dedicar tão grande parte da sua vida para aprender uma língua. Precisamos de uma forma mais
prática de colocar a informação certa nas nossas cabeças e evitar que ela saia dos nossos ouvidos.

O JOGO DA LÍNGUA (O OBJETIVO DO LIVRO)


Vou mostrar-te como parar de esquecer, para que possas chegar ao jogo. E vou mostrar-te o
que te lembrares, para que assim que começares a jogar, sejas bom nisso. Pelo caminho, vamos
religar os ouvidos para ouvir novos sons, e religar a língua para dominar um novo sotaque. Vamos
investigar a composição das palavras, como a gramática reúne essas palavras em pensamentos, e
como fazer esses pensamentos saírem da sua boca sem precisar de perder tempo a traduzir. Vamos
aproveitar ao máximo o seu tempo limitado, investigando quais palavras aprender primeiro, como
usar mnemónicas para memorizar conceitos abstractos mais rapidamente, e como melhorar as
suas habilidades de leitura, escrita, audição e fala o mais rápido e eficazmente possível.
Quero que compreendas como usar as ferramentas que encontrei ao longo do caminho, mas
também quero que compreendas porque funcionam. A aprendizagem de línguas é uma das viagens
mais intensamente pessoais que pode realizar. Estás a entrar na tua própria mente e a alterar a tua
forma de pensar. Se vais passar meses ou anos a trabalhar nesse objectivo, vais ter de acreditar
nestes métodos e torná-los teus. Se souberes aproximar-te do jogo da linguagem, podes vencê-lo.
Espero mostrar-lhe o caminho mais curto para esse objectivo, para que possa esquecer as regras
e começar a jogar já.

QUANTO TEMPO DEMORA A FLUÊNCIA?


Para estimar o tempo que vai precisar, precisamos considerar os seus objectivos de fluência, a
linguagem que já conhece, a linguagem que está a aprender e os seus constrangimentos de tempo
diário. Não existe uma língua difícil. Já conheceste o único pré-requisito que te interessa. Pense
em exercício por um momento. Para ter sucesso numa rotina de exercício, precisamos ter prazer
nele ou o interesse perde. Aqueles de nós que se divertir, tem sucesso. Os praticantes de ginástica
bem-sucedidos aprendem a encontrar a alegria (e endorfinas) em exercícios diários cansativos. O
resto de nós pode empurrar-se para o ginásio com força de vontade, mas se não acharmos
agradável, é improvável que continuemos durante os 6 ou 24 meses que precisamos de ver
resultados. Os planos de fitness continuam a encolher no tempo — Fitness de 30 minutos, a Solução
de 10 Minutos, Último Fitness em 5 Minutos, o Treino de 3 Minutos — numa tentativa de fazer
com que algo que é difícil pareça mais agradável. Mas não importa o que aconteça, ainda vamos
ser uma confusão suada e dolorida no final, e seremos despedidos por nós mesmos por fazê-lo
todos os dias, isto torna-se difícil a curto prazo e mais difícil ainda a longo prazo.

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Enquanto a aprendizagem de línguas for difícil, teremos os mesmos problemas. Quem gosta de
exercitar gramática e memorizar listas de palavras? Mesmo que te prometa fluência em 30
segundos por dia, vais ter dificuldade em mantê-la se for desagradável.
Vamos largar as coisas chatas e encontrar algo mais excitante. As ferramentas que montei aqui
são EFICAZES.
Muito mais importante, são divertidas de usar. Gostamos de aprender; é o que nos vicia a ler
jornais, livros e revistas e sites de navegação como Lifehacker, Facebook, Reddit e o Huffington Post
Neste curso, vamos nos viciar na aprendizagem de línguas. O processo de descoberta de novas
palavras e gramática será o nosso novo Facebook, o processo de montagem de novos cartões de
memória será uma série de projectos rápidos de artes e ofícios, e o processo de memorização será
um videojogo acelerado que é apenas desafiante o suficiente para nos manter interessado.
Não há coincidência aqui, aprendemos melhor quando nos estamos a divertir, e ao procurar as
maneiras mais rápidas de aprender, acabei naturalmente com os métodos mais agradáveis.

VISÃO
Pretendo ensinar-te a aprender, em vez de aprenderes. Não podemos discutir cada palavra,
sistema gramatical e sistema de pronúncia que existe, por isso vai precisar de alguns recursos
adicionais específicos da sua linguagem de eleição.

FERRAMENTAS
Para que você alcance a fluência em qualquer língua será necessário que você tenha algumas
ferramentas essenciais para tal. Abaixo estão alguns exemplos e no curso eu passo para estas
ferramentas e muitas outras.

Livros de línguas
1. Grammar book
Uma boa gramática irá acompanhá-lo através da gramática da sua língua de uma forma
pensativa, passo a passo. 1 No caminho, irá apresentá-lo a mil palavras ou mais, dar-lhe um
monte de exemplos e exercícios, e fornecer-lhe um guião de resposta. Vais ignorar 90% dos
exercícios do livro, mas tê-los por perto vai poupar-te muito tempo assim que começarmos a
aprender gramática.
Há duas armadilhas aqui para evitar. Em primeiro lugar, evite livros que detalhem
sistematicamente cada regra solitária e detalhe e excepção, tudo de uma vez, numa torrente
incontrolável de desespero gramatical. Eu adorava estes livros até tentar aprender com eles. Estes
são volumes grossos de técnicas que estabelecem todo o sistema gramatical de uma linguagem em
fluxogramas gigantes. São manuais de referência adoráveis, mas são muito difíceis de usar de forma
passo-a-passo.
Segundo, desconfie da maioria dos livros de sala de aula, especialmente aqueles sem guião de
resposta. Os livros desenhados para as salas de aula são muitas vezes escassos em explicações,
porque esperam que o professor seja capaz de lidar com qualquer confusão. Muitas vezes terás
mais sorte com um livro de self-study.

2. Um phrase book é uma referência maravilhosa, já que é difícil encontrar frases úteis como "Am
I under arrest?" e "Where are you taking me to?" num dicionário.

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3. Um frequency dictionary supõe tipicamente as cinco mil palavras mais importantes da sua
linguagem alvo, organizadas por ordem de frequência. (A palavra número um em inglês, the,
aparece uma vez a cada vinte e cinco palavras.) Estes livros são incríveis, com exemplos e
traduções carinhosamente escolhidos. Eles vão poupar-te muito tempo e eles têm tanto trabalho
para compilar que devíamos estar a atirar dinheiro e flores aos pés dos seus autores.

4. Um pronunciation guide irá acompanhá-lo por todo o sistema de pronúncia da sua língua,
com a ajuda de gravações e diagramas da sua boca e língua. Para muitas línguas, você pode
encontrar guias com CDs inteiramente dedicados à pronúncia.

5. Também quer encontrar dois dictionaries. Cabe-lhe a si se encontrar online ou impresso. O


primeiro é um dicionário com pronúncia precisa listada para cada palavra. Utilize monolingual
dictionary (por exemplo, inglês-inglês), que tem definições reais (por exemplo, em inglês) em vez
de traduções.

6. Também pode querer um thematic vocabulary. Estes livros organizam as palavras na sua
língua por tema: palavras sobre carros, palavras para comida, palavras médicas, e assim por diante.

PARA OS INTERMEDIÁRIOS

Se já está algum tempo a estudar a sua língua-alvo, ajuste a sua lista de compras da seguinte
forma: Primeiro, se já tem uma gramática, certifique-se de que realmente gosta e que é
suficientemente desafiante. Se não, arranja uma nova que se adapte ao teu nível.
Segundo, se não tens um phrase book, vale a pena ter. Mesmo que já esteja a ler livros na sua
língua-alvo, pode não saber como perguntar sobre horas de trabalho ou seguro de aluguer de
carro. Ele vai deixá-lo procurar expressões para muitas situações do dia-a-dia que não aparecem
nos livros.
Terceiro, provavelmente ainda não tem um frequency dictionary, e vais usá-lo muito mais
cedo do que um principiante. Vai arranjar um. Por último, aguarde um livro de pronúncia ou
treinador.

A INTERNET
A Internet está a encher-se de gramáticas gratuitas, guias de pronúncia, listas de frequências e
dicionários de todas as formas e tamanhos. A qualidade varia drasticamente de site para site e
muda diariamente. Você pode aprender um idioma gratuitamente na internet, mas você será capaz
de aprender mais rapidamente se você combinar os melhores recursos de Internet com livros
bem escritos.

TUTORES E PROGRAMAS
Se precisar de resultados mais rápidos e se tiver alguns fundos de sobra, pode acelerar a sua
aprendizagem com tutores privados (que são extremamente acessíveis em italki.com)ou

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programa intensivo em casa e no estrangeiro. O caminho mais rápido para a fluência é também o
menos conveniente programa de imersão intensiva, ele fornecerá mais de vinte horas semanais de
tempo de aula, dez a vinte horas semanais de trabalhos de casa, e uma política rígida sem português.
Sairá com uma proficiência confortável na sua linguagem de eleição em troca de dois meses da sua
vida e um maço de dinheiro. Alguns deles têm políticas generosas de ajuda financeira se aplicarem
cedo o suficiente, por isso podem estar ao seu alcance se não tiverem os fundos, mas tenham
tempo.

O Caminho Para A Frente


Nas próximas páginas, vamos derrubar os desafios da língua, um a um. Vou apresentá-lo à um
sistema de memorização que lhe permitirá lembrar milhares de factos sem esforço e
permanentemente. Então determinaremos quais os factos a aprender. Vou guiá-lo passo a passo
através dos sons, palavras e gramática da sua língua. Em cada passo do caminho, usaremos o
seu sistema de memorização para aprender mais rapidamente.
Finalmente, desenvolveremos a sua compreensão de escuta e leitura, pois temos um caminho
para a fala fluente.
Pelo caminho, mostro-te todos os meus brinquedos favoritos. Gosto de encontrar formas de
tornara vida mais eficiente, mesmo quando encontrar uma maneira mais rápida de fazer algo leva
mais tempo do que simplesmente fazê-lo.

COMO ACABAR COM O ESQUECIMENTO?

A verdadeira posse de um homem é a sua memória. Em nada mais é rico, em nada mais é pobre.
— Alexander Smith

1. Torne as memórias mais memoráveis


Qualquer facto torna-se importante quando está ligado a outro.
— Umberto Eco, Pêndulo de Foucault

Para aprender a lembrar, temos de aprender sobre a natureza e a localização da memória.


Cientistas que trabalharam nos anos 40 e 50 começaram a sua busca pela memória no lugar mais
óbvio: dentro das células do nosso cérebro - os nossos neurónios. Cortaram partes do cérebro dos
ratos, tentando fazê-los esquecer um labirinto, e descobriram que não importava que parte do
cérebro escolheram; os ratos nunca esqueceram. Em 1950, os investigadores desistiram,
concluindo que tinham procurado por todo o lado, e que a memória deve estar noutro lugar.
Os investigadores acabaram por transformara sua busca por memórias na conexão neurónios e
não dentro das próprias células. Cada um dos cem biliões de neurónios no nosso cérebro estão,
em média, ligados a outros sete mil neurónios, numa densa teia de mais de 150.000 km de fibras

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nervosas. Estas teias interligadas estão intrinsecamente envolvidas em nossas memórias, e é por
isso que os cientistas nunca poderiam encontrar os labirintos em seus ratos. O labirinto de cada
rato espalhou-se cérebro. Sempre que os cientistas cortam uma peça, danificaram apenas uma
pequena parte das ligações envolvidas. Quanto mais se retiravam, mais demorava os ratos a
lembrarem-se, mas nunca se esqueceram completamente dos labirintos. A única maneira de
remover o labirinto inteiramente era remover o rato inteiramente.
Estes padrões de conexões formam-se num processo elegantemente simples e mecânico:
neurónios que acendem juntos o fio. Conhecido como Lei de Hebb, este princípio ajuda a explicar como
nos lembramos de qualquer coisa. Pegue a minha primeira memória de cookies. Passei dez minutos
à espera em frente ao forno, banhado em calor irradiado e no cheiro de manteiga, farinha e açúcar.
Esperei até saírem do forno e vi o vapor levantar-se deles enquanto arrefeciam. Quando não
suportava mais, o meu pai deu-me um copo de leite, peguei num biscoito, e aprendi empatia pelo
meu pobre amigo azul de Rua Sésamo. A minha rede neural para biscoitos envolve visão, cheiro e
sabor. Há componentes áudio - o som da palavra cookie e o som do leite derramando em um copo.
Lembro-me da cara do meu pai a sorrir enquanto ele mordeu o seu próprio biscoito delicioso.
Esta primeira experiência de cookie foi um desfile de sensações, que se ligaram a uma teia apertada
de conexões neurais. Estas ligações permitem-me voltar ao meu passado sempre que encontro um
novo cookie. Confrontada com um cheiro amanteigado familiar, aquela velha teia de neurónios
reactiva; o meu cérebro reproduz os mesmos sons, emoções e gostos, e revivo a minha experiência
de infância.
Compare esta experiência com uma nova: a sua memória actualmente formadora da palavra
mjöður. Não há muito desfile aqui. Não é óbvio como pronunciá-lo, e numa jogada particularmente
desagradável, nem sequer te estou a dizer o que significa. Como resultado, fica-se preso a olhar
para a estrutura da palavra — tem duas letras estrangeiras entre quatro familiares — e pouco mais.
Sem esforços hercúleos, esquecerá mjöður no final deste capítulo, se não mais cedo.

Níveis de Processamento: O Grande Filtro Mnemónico


A divisão que separa o seu novo mjöður do meu cookie é conhecida como níveis de
processamento, e separa o memorável do esquecível. O meu cookie é memorável porque contém
tantas ligações. Posso aceder a biscoitos de mil maneiras diferentes. Vou lembrar-me de biscoitos se
ler sobre eles, ouvi-los, vê-los, cheirá-los, ou prová-los. A palavra é inesquecível.
Precisamos de tornar o seu mjöður igualmente inesquecível, e vamos fazê-lo adicionando quatro
tipos de conexões: estrutura, som, conceito e conexão pessoal. Estes são os quatro níveis de
processamento. Foram identificados na década de 1970 por psicólogos que criaram um
questionário curioso com quatro tipos de perguntas e o deram a estudantes universitários:
Estrutura: Quantas letras maiúsculas estão na palavra BEAR?
Som: A palavra APPLE rima com Snapple?
Conceito: A palavra TOOL é outra palavra para “instrumento”?
Personal Connection: Do you like PIZZA?

Após o questionário, fizeram aos alunos um teste de memória surpresa, perguntando quais as
palavras do teste de que ainda se lembravam. As suas memórias foram dramaticamente
influenciadas pelos tipos de perguntas: os estudantes lembravam seis PIZZAs por cada URSO. A

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magia destas perguntas reside num truque mental peculiar. Para contar as letras maiúsculas em
BEAR, não precisa pensar em animais peludos castanhos, e assim não o fazes. Activou o nível
mais lento de processamento — estrutura — e seguiu em frente. Por outro lado, activa-se regiões
sem todo o seu cérebro para determinar se você gosta de PIZZA. Usa-se automaticamente a
estrutura para descobrir em que palavra estás a ver. Ao mesmo tempo, tendes a ouvir a palavra
pizza a ecoar dentro do teu crânio, como imaginas um disco quente de queijo. Bondade.
Finalmente, você vai aceder a memórias de pizzas passadas para determinar se você gosta de pizza
ou simplesmente ainda não conheceu a certa. Numa fracção de segundo, uma simples pergunta -
Do you like PIZZA? – pode simultaneamente activar todos os quatro níveis de processamento.
Estes quatro níveis vão disparar juntos, ligar e formar uma memória robusta que é seis vezes mais
fácil de lembrar do que aquele URSO que já esqueceu.
Os quatro níveis de processamento são mais do que a biológica peculiaridade; eles agem como
um filtro, protege-nos de sobrecarga de informação. Nós vivemos em um mar de informação,
cercado pela vertiginosa quantidade de input feita a partir da televisão, internet, livros, interações
sociais, e o eventos de nossas vidas. O seu cérebro usa níveis de processamento para julgar que
input é importante e que deve ser lançado fora. Você não quer ficar a pensar sobre o número de
letras na palavra tiger quando um estiver perseguindo você, nem quer esse rassaltado por vívidas
memórias de vacas quando comprares leite. Para manter você são, o seu cérebro consistentemente
trabalha em o mais raso nível de processamento necessário para ter a missão cumprida. Numa
mercearia, você irá simplesmente procurar pelas palavras chocolatee leite, ou talvez mesmo Feliz
Orgânico Saudável Chocolate de Leite de Vaca. Este é padrão correspondente e o seu cérebro usa
estrutura para rapidamente extirpar dentre centenas ou milhares de listas de ingrediente e rótulos
alimentos. Felizmente, você esquece quase cada uma destas listas e rótulos assim que alcançar o
seu leite. Se você não o fizer, a sua enciclopédia de conhecimento de marcas de supermercado
faria você uma terrível chatice nas festas. Em mais circunstâncias estimulantes, tal como aquele
tigre em alta perseguição, o seu cérebro tem um interesse investidora memória. Neste caso, você
deve sobreviver, provavelmente você não vai lembrar de subir na cerca do tigre no zoológico.
Desta forma, níveis de processamento agem como o nosso grande filtro mental, mantendo-nos
vivo e tolerável nas festas.
Este filtro é uma das razões pelas quais as palavras estrangeiras são difíceis de lembrar. O teu
cérebro está apenas a fazer o seu trabalho. Como pode ele saber que você quer lembrar mjöður,
mas não fosfato de desódio (um emulsionador no seu leite de chocolate)?

Como lembrar uma palavra estrangeira para sempre?


Para criar uma memória robusta para uma palavra como mjöður, você precisará de todos os
quatro níveis de processamento. O nível mais lento, estrutura, permite-lhe reconhecer padrões de
letras e determinar se uma palavra é longa, curta e escrita em inglês ou em japonês. O teu cérebro
está a reconhecer a estrutura quando descodificas doctor em médico. Este nível é essencial para a
leitura, mas envolve muito pouco do seu cérebro para contribuir muito para a memória. Quase
nenhum dos alunos nos níveis de estudo de processamento lembrou-se de contar as letras
maiúsculas em BEAR. Palavras como mjöður são difíceis de lembrar porque você não pode ir mais
profundo do que estrutura até que você saiba como lidar com letras estranhas como ö e ð.

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A sua primeira tarefa na aprendizagem de línguas é chegar ao próximo nível: som. O som liga a
estrutura aos ouvidos e à boca e permite-lhe falar. Vais começar por aprender os sons da tua língua
e quais as letras que fazem esses sons, porque se começares com som, vais ter muito mais facilidade
em lembrar-se das palavras. Os nossos estudantes universitários lembraram-se duas vezes mais
APPLEs (que, na verdade, rimam com Snapple) como fizeram com BEARs (que tem quatro letras
maiúsculas). O som é a terra da memorização do rote. Pegamos um nome, como Edward, ou um
par de palavras, como cat – gato, e repetimo-los, ativando continuamente as partes do nosso
cérebro que ligam a estrutura ao som. O nosso mjöður é muito aproximadamente pronunciado
"MEWther", e quanto mais precisamente aprendermos a sua pronúncia, melhor nos lembraremos.
Eventualmente, o nosso mjöður será tão memorável como um nome familiar como Edward. Isto
é melhor que estrutura, mas ainda não é bom o suficiente para as nossas necessidades. Afinal,
muitos de nós não se lembram muito bem de nomes, porque os nossos cérebros estão a filtrá-los
assim que chegam.
Precisamos de uma maneira de passar por este filtro, e vamos encontrá-lo no terceiro nível de
processamento: conceitos. Os nossos estudantes universitários lembraram-se duas vezes mais
TOOLs (sinónimo de instrumentos) como APPLEs (Snapples). Os conceitos podem ser divididos
em dois grupos: abstracto e concreto. Começaremos com o resumo. Se te disser que o meu
aniversário é em Junho, provavelmente não verás imediatamente imagens de bolos de aniversário
e chapéus de festa. Não precisas, e como discutimos, os nossos cérebros funcionam ao nível mais
lento necessário. É eficiente, e poupa-nos muito trabalho e distração. Ainda assim, a data do meu
aniversário é um significativo, se abstracto, conceito. Isto torna mais profundo e mais memorável
do que sons puros, e é por isso que terás mais facilidade em lembrar que o meu aniversário é em
Junho do que te vais lembrar que a palavra basca para "aniversário" é urtebetetze.
Mais profundos do que os conceitos abstractos são conceitos concretos e multissensoriais. Se
eu lhe disser que a minha próxima festa de aniversário terá lugar numa arena de paintball, depois
da qual vamos comer um bolo de sorvete de bolachas e gelados e depois passar o resto da noite
numa piscina, você tenderá a lembrar-se desses detalhes muito melhor do que você se lembrará o
mês do evento. Priorizamos e armazenamos conceitos concretos porque envolvem mais do nosso
cérebro, não porque são necessariamente mais importantes do que outras informações. Neste
caso, é menos importante que saiba os detalhes do meu aniversário do que sabe quando e onde
aparecer.
Perante este fenómeno, como fazemos uma palavra estranha e estrangeira como mjöður
memorável? A palavra em si não é o problema. Não somos maus a lembrar-nos das palavras
quando estão ligadas à experiências concretas e multissensoriais. Se eu lhe disser que a minha senha
de e-mail é mjöður, você provavelmente (espero?) não se lembrará disto, porque você está
processando-o em um nível de som e estrutural. Mas se estivermos juntos num bar, e eu te entregar
uma bebida em chamas com uma cobra morta dentro, e te disser: "Isto — mjöður! Você - bebe!"
não terá problemas em lembrar-se dessa palavra.
Não temos qualquer problema em nomear coisas; substantivos compreendem a grande maioria
das 450.000 entradas no Webster’s Third International Dictionary. É quando esses nomes não estão
ligados a conceitos concretos que temos problemas com as nossas memórias. O nosso objectivo,
e um dos objectivos fundamentais deste livro, é fazer palavras estrangeiras como mjöður mais
concreto e significativo.

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Rompendo o filtro: o poder das imagens e conexões pessoais


No início deste capítulo, encontrámos um par de palavras traduzido: cat – gato. Como
discutimos, a prática de estudo padrão envolve repetir gato e cat até formar uma ligação sonora.
Isto é muito pouco para se lembrar facilmente, mas também está fora da ideia; quando você lê cat,

não quer pensar apalavra gato; quer pensar isto:


Conseguiremos melhores resultados se ignorarmos a palavra portuguesa e usarmos uma
imagem.
Recordamos imagens muito melhor do que as palavras, porque automaticamente pensamos
conceptualmente quando vemos uma imagem.
A nossa capacidade de memória visual é extraordinária; só precisamos aprender a aproveitar-
nos dela.
Como precisamos de aprender palavras, não de imagens, usaremos combinações de palavras e
imagens. Tais combinações funcionam ainda melhor do que as imagens sozinhas. Este efeito
aplica-se mesmo à imagens totalmente não relacionadas: lembrar-se-á de um desenho abstracto
com a frase "As maçãs são deliciosas" melhor do que aquele desenho sozinho. Confrontado com
uma imagem incompreensível e uma palavra não relacionada, o seu cérebro luta para encontrar
sentido, mesmo que não haja nenhuma. No processo, move automaticamente a palavra para fora
do disodium phosphate lata de dentro dum território de biscoitos. Como resultado, vai lembrar-se.

Podemos ir um passo mais fundo do que as imagens aproveitando o último nível, ligação
pessoal. Você vai lembrar-se de um conceito com uma ligação pessoal 50 por cento mais
facilmente do que um conceito sem um, e é por isso que os nossos estudantes universitários se
lembraram de 50 por cento mais PIZZAs. Sim, gostamos delas) do que TOOLS (Sim, são sinónimo de
instrumentos). Isto não quer dizer que os conceitos por si só sejam ineficazes. Se ligar cat à uma
foto de um gato bonito, terá dificuldade em lembrar-se dessa palavra. Mas se, além disso,
conseguires ligar o gato à uma memória do teu próprio gato de infância, essa palavra tornar-se-á
praticamente inesquecível.
Como é que usamos isto na prática? Uma nova palavra estrangeira é como o nome de um novo
amigo. Nosso novo amigo pode ser uma pessoa, um cat, ou uma bebida; o fardo da memória em
cada caso é o mesmo. Vamos tornar o nome de um novo amigo memorável usando níveis de
processamento.

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O nosso novo amigo chama-se Edward. Simplesmente pensando em "Edward", já atingimos o


segundo nível de processamento - som. Se quisermos ir mais fundo, para território conceptual,
procuraríamos uma imagem concreta para o nome Edward, como o personagem do filme Edward
Scissor hands. Se passássemos um momento a imaginar o nosso novo amigo com uma tesoura
para as mãos, teríamos dificuldade em lembrar-nos do nome dele mais tarde. Esta estratégia é
usada por memorizadores competitivos (sim, há memorizadores competitivos) para memorizar
rapidamente os nomes das pessoas.
Mas ainda não acabámos. Faremos ainda melhor se encontrarmos uma ligação pessoal com o
nome dele. Talvez ainda te lembres de ver o Edward Scissor hands num teatro, talvez o teu irmão se
chame Edward, ou talvez tu também tenhas mãos feitas de tesouras. Como imaginas o teu novo
amigo a interagir com imagens relacionadas com o Edward e memórias pessoais relacionadas com
o Edward, estás a activar redes mais amplas e amplas no teu cérebro. Da próxima vez que vires o
Edward, este desfile de imagens e memórias vai voltar a correr, e será difícil esquecer o nome dele.
Isto dá-lhe pontos sociais valiosos, que às vezes são reembolsáveis para noites de vinho, queijo e
jogos de tabuleiro.
Este processo de pensamento pode levar a criatividade, mas você pode aprender a fazê-lo de
forma rápida e fácil. Para uma palavra concreta como images.google.com gato, você pode encontrar
uma imagem apropriada no Google Images (images.google.com) em segundos. Se simplesmente
te perguntares: "Quando foi a última vez que viu um gato? "Vais adicionar uma ligação pessoal e
cimentar a tua memória da palavra. É fácil.
Para uma palavra abstrata como a economy, o nosso trabalho ainda é muito simples. Quando
pesquisarmos no Google Images, encontraremos milhares de fotos de dinheiro, bancos de
porquinhos, gráficos de mercado e políticos. Ao escolher qualquer uma destas imagens, vamos
forçar-nos a pensar concreta e conceptualmente. Como resultado, a palavra tornar-se-á muito mais
fácil de lembrar. Se nos perguntarmos se a economy afectou as nossas vidas, teremos a ligação
pessoal que precisamos para nos lembrarmos dessa palavra para sempre.
Neste curso, vamos aprender vocabulário em duas fases principais: vamos construir uma base
de palavras fáceis e concretas, e depois usaremos essa fundação para aprender palavras abstractas.
Ao longo de todo, usaremos níveis de processamento para tornar as palavras estrangeiras
memoráveis.

PONTOS POR LEMBRAR


 O seu cérebro é um filtro sofisticado, o que torna a informação irrelevante esquecível e
significativa informação memorável. As palavras estrangeiras tendem a cair na categoria
"esquecível", porque parecem estranhas, não parecem particularmente significativas, e não
têm qualquer ligação com as suas próprias experiências de vida.
 Você pode contornar este filtro e tornar as palavras estrangeiras memoráveis fazendo três
coisas:
 Aprenda o sistema de som da sua língua;
 Ligue esses sons à imagens;
 Ligue essas imagens às suas experiências passadas.

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2. Maximize a preguiça

Ouvi dizer que o trabalho duro nunca matou ninguém, mas eu digo porquê arriscar?
— Ronald Reagan

Assim que aprendeu algo, um traço permaneceu dentro dele para sempre. Infelizmente, o lado
esquerdo é um desastre: as nossas memórias saem dos nossos ouvidos como água através de uma
rede. A rede permanece húmida, mas se estamos a tentar manter algo substancial nela - como
números de telefone, os nomes de pessoas que acabamos de conhecer, ou novas palavras
estrangeiras - podemos esperar lembrar-nos de uns míseros 30% no dia seguinte.
Como podemos fazer melhor? O nosso instinto é trabalhar mais; é o que nos leva através de
testes escolares e ocasiões sociais. Quando conhecemos o nosso novo amigo Edward, geralmente
lembramo-nos do seu nome com práticas repetitivas; repetimos o nome dele a nós mesmos até
nos lembrarmos. Se nós precisamos de lembrar - talvez Edward é o nosso novo chefe - então
podemos repetir o seu nome continuamente até que estejamos fartos dele. Se fizer este trabalho
extra, lembraremo-nos do nome dele significativamente melhor... por algumas semanas.
A repetição extra é conhecida como sobre aprendizagem, e não ajuda nada a memória a longo
prazo. Lembras-te de um único facto do último teste escolar para o que te apinhou? Consegue
lembrar-se do teste em si? Se vamos investir o nosso tempo numa língua, queremos lembrar-nos
durante meses, anos ou décadas. Se não conseguirmos alcançar este objectivo trabalhando mais,
então vamos fazê-lo trabalhando o mínimo possível.

PONTOS POR LEMBRAR


 A prática repetitiva é chata, e não funciona para memorização a longo prazo.
 Em vez disso, faça o caminho preguiçoso: estude um conceito até que possa repeti-lo uma
vez sem olhar e depois parar. Afinal, preguiçoso é apenas mais uma palavra para
"eficiente".

3. Não reveja. Lembre-se

Na escola aprendemos coisas e depois fazemos o teste, no dia-a-dia fazemos o teste e depois aprendemos coisas.
— Adman Israel

Pesquisas já revelaram que o nosso cérebro é composto por dois lados, o esquerdo é responsável
pela memorização e o lado direito é responsável pela criatividade. Isto quer dizer que todo Homem
tem o lado criativo então você não tem motivo para dizer que você tem talento ou dom para
aprender uma língua, a diferença nas pessoas está em que cada um é criativo na área ou assunto
que lhe interessa ou atrai.
Quando crias algo, torna-se parte de ti. Se, em vez disso, copiasses as notas de outra pessoa,
não beneficiarias tanto. Quando tentas memorizar o trabalho de outra pessoa, estás a travar uma
batalha difícil com os filtros do teu cérebro. Mesmo cat = [imagem de um gato] é muito mais fácil
de lembrar do que cat – gato, ainda não é estimulante o suficiente para armazenar permanentemente,
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porque alguém o escolheu, não você. Em contraste, quando o cat é um gato que escolheste, essa
escolha permite-te desviar os filtros mentais. Como resultado, terá muito mais facilidade em
lembrar-se.
Uma das razões pelas quais os programas linguísticos e as aulas falham é que ninguém pode dar-
lhe uma língua; você tem que tomar por si mesmo. Estás a religar o teu próprio cérebro. Para ter
sucesso, precisa participar activamente. Cada palavra na sua língua precisa tornar-se a sua palavra,
cada gramática governa a sua regra de gramática. Programas como Roseta Stone podem
proporcionar experiências originais decentes para palavras como ball e elephant, mas eventualmente,
é preciso lidar com palavras como a economic situation. Palavras abstractas como estas requerem
ligações pessoais complexas se alguma vez as vais usar confortavelmente enquanto falas. Tens de
fazer essas ligações para ti, porque mais ninguém te pode dizer como é que a corrente economic
situation afectou-o.
Criar o seu próprio convés é a forma mais eficaz de aprender um assunto complexo. Assuntos
como as línguas e as ciências não podem ser entendidos simplesmente memorizando factos -
exigem explicação e contexto para aprender eficazmente. Além disso, inserir a informação por si
mesmo obriga-o a decidir quais são os pontos-chave e leva à um melhor entendimento.
Num mundo ideal, a língua escrita e a língua falada andam juntas, de mãos dadas. Partilham
palavras livremente entre si, ajudam-se mutuamente através de pontos difíceis, e geralmente se
divertem juntas. Vocês os três são bons amigos. A língua escrita dá-lhe algumas boas
recomendações de livro, janta na casa da língua falada, e vocês os três se divertem. O que há para
não amar? As duas línguas têm uma nova companheira, e estás a conhecê-las à velocidade de
sincronia, porque podes conversar sobre o que leste, e podes ler sobre o que ouviste.
Tudo isto será em vão se não começarmos com a pronúncia, porque ficamos presos à um monte
de palavras soltas.
Encontramos uma palavra solta sempre que pensamos que uma palavra é pronunciada de uma
maneira, mas na verdade é pronunciada de uma maneira diferente. Estas palavras não podem ser
partilhadas entre a língua escrita e a língua falada, e como resultado, quebram o nosso pequeno
círculo de amigos.
Quando lês um livro, novas palavras e pedaços de gramática encontram o seu caminho nas tuas
conversas. Nessas conversas, ouvirás novas palavras, que vão encontrar o caminho para a tua
escrita. Cada vez que encontras uma nova input, melhora a sua compreensão e fluência em todos
os aspectos da sua língua.
Este processo só funciona se conseguir ligar com sucesso as palavras que lê às palavras que ouve.
Como não interiorizou a regra francesa “baixe a última consoante”, ela estava a lutar para
acompanhar palavras soltas com nomes semelhantes, crenças muito semelhantes, e as mesmas
profissões.
Quanto melhor interiorizar bons hábitos de pronúncia no início, menos tempo perderá a caça
de palavras soltas. Se conseguires construir uma instinta inspiração sobre pronúncia, então cada
nova palavra que leres vai automaticamente encontrar o seu caminho para os teus ouvidos e boca,
e cada palavra que ouvires reforçará a tua compreensão de leitura. Vais entender mais, vais
aprender mais depressa, e poupar-te à caça de palavras soltas. Pelo caminho, terá mais facilidade
em memorizar, vai causar melhores impressões em falantes nativos, e falará com mais confiança
quando estiver pronto.

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COMO APRENDER SEM APRENDER

Como pode fazer isto rapidamente? Se passares dois meses a analisar regras ortográficas e
gráficos de vogais antes de aprenderes uma única palavra, provavelmente vais ficar aborrecido.
Você precisa de um caminho através da pronúncia que rapidamente lhe ensina o básico e depois
reforça e desenvolve os seus instintos de pronúncia enquanto está ocupado aprendendo o resto
da língua. Tens de treinar a tua orelha, boca e olho.

Aprenda o sistema de som da sua língua


Não é preciso muito tempo para aprender o sistema de som de uma língua. Se estiver a aprender
uma língua como o espanhol, pode ouvir algumas gravações, olhar para algumas palavras exemplos
de cada ortografia na sua língua e passar para o vocabulário.
Existem dois caminhos básicos através da pronúncia: a rota padrão e a rota fora do comum. A
rota padrão utiliza recursos publicados: ou um livro gramatical com CD ou uma combinação
especial de livro/CD dedicada exclusivamente à pronúncia. Se a sua gramática vem com gravações,
provavelmente contém uma série de lições de pronúncia espalhadas pelo livro. Ignore todo o
vocabulário e gramática do seu livro e salte para cada secção de pronúncia. Lá, ouve e imita as
gravações e depois passa para a próxima aula de pronúncia até acabares. Se a sua gramática for
apenas texto, considere comprar um livro de pronúncia dedicado com CD e trabalhar através dele
de capa para capa. Se precisar de ajuda para lembrar um determinado som ou ortografia, então
pode escolher os cartões de memória que precisar da galeria.
A rota fora do comum leva as ferramentas que encontramos - testes mínimos de pares para o
treino de ouvido, o IPA para instruções na boca, e o nosso SRS para colocar tudo na nossa cabeça
- e constrói um treinador de pronúncia deles. Estes treinadores testam os seus ouvidos até que
possa ouvir os sons da sua nova língua, ligar esses sons aos padrões ortográficos da sua língua e
despejar essa informação na sua cabeça através do seu SRS.
Pode falar fluentemente porque as suas palavras se encaixam automaticamente. Quando pensas
em "dog", tens acesso instantaneamente às mil palavras que podem vir a seguir na tua história. Seu
cão pode latir, ou ladrar, ou salvar Timmy do poço. Tens instintos multicamadas incorporados no
teu "dog", e perdes esses instintos no momento em que traduzes essa palavra noutra língua.
Porquê? Porque as traduções tiram a música das palavras.
Vamos aprender a sinfonia nas nossas novas palavras. Porque assim que a ouvires, nunca mais
vais querer ouvir a tradução — aquele tocador de trompa fora de sintonia — outra vez.

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COMO APRENDER SEM APRENDER

POR ONDE COMEÇAR: NÃO FALAMOS MUITO SOBRE DAMASCOS

Algumas pessoas têm um jeito com as palavras, e outras pessoas... Oh, uh, não têm jeito.
— Steve Martin

Não podes aprender a música nas tuas palavras antes de saberes que palavras aprender. Como
pode saber por onde começar?
Para ser justo, muitas destas palavras são as chamadas palavras de função - velhas em estado de
prontidão como be e of, in e on e comportam-se de forma diferente em todas as línguas, por isso
não podes começar por elas. Vai precisar de uns substantivos antes de colocar algo "in" ou "on"
neles. Mesmo assim, mesmo que reserve as palavras de função por um momento, encontrará um
pequeno grupo de palavras úteis e simples que você usa. o tempo todo.
Estas palavras são um excelente lugar para começar uma língua, porque você vai vê-las em todos
os lugares. Vão deixar-te trabalhar mais eficientemente, porque não estás a perder o teu tempo
com palavras raras. Tens 79 vezes mais hipóteses de falar da tua mãe do que da tua sobrinha. Por
que não aprender mother primeiro e niece mais tarde?
As gramáticas e as aulas de línguas não seguem este princípio, em parte porque é fácil planear
lições em torno de temas como "family" e "fruit". Como resultado, encontrará sobrinha e mãe no
mesmo lugar na sua gramática, independentemente da sua utilidade relativa. Nas aulas de línguas,
aprenderá palavras para damascos e pêssegos quando o seu tempo seria muito melhor gasto
aprendendo sobre laptop, medicine e energy.
Estas são as palavras das nossas vidas. Por que não aprendê-los primeiro?
Faça uma lista de frequência de palavras. É uma ferramenta extraordinária. Com apenas mil
palavras, reconhecerá quase 75% do que lê. Com dois mil, vais chegar aos 80%. Como seria de
esperar, vai encontrar retornos diminuídos passado algum tempo, mas estas listas de frequências
fornecem uma base incrível para a sua língua.
Na prática, também são extremamente estranhos. Ganha-se a capacidade de falar sobre temas
complexos antes de poder fazer as tarefas linguísticas "simples" encontradas nos manuais
escolares. As listas de frequências não são o fim do estudo do vocabulário — eventualmente, pode
querer falar sobre a sua sobrinha e o seu amor por damascos - mas eles são o lugar ideal para
começar. Já cobrimos o básico da pronúncia, e podes aprender muitas destas palavras sem usar
um pingo do seu português.
As palavras mais frequentes não são as mesmas em todas as línguas;
Cada idioma tem a sua própria lista de frequências (os melhores dicionários de frequência são
publicados pela Routledge), e são fascinantes, tanto pelas palavras que incluem como pelas palavras
que não incluem.

JOGOS COM PALAVRAS


Nunca estamos tão plenamente vivos, mais completamente nós mesmos ou mais profundamente envolvidos em
qualquer coisa, do que quando estamos em jogo.
— Charles Schaefer

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COMO APRENDER SEM APRENDER

Um grande dicionário pode dar-lhe dez sinónimos para "house". Só precisas de um agora, e
vais encontrá-lo facilmente na sua phrase book ou glossário.
Podes atingir estes objectivos através de uma série de jogos rápidos, que jogarás sempre que
aprenderes novas palavras. O primeiro vai mostrar-lhe o que as suas palavras realmente significam,
e a segunda vai ligar esse significado à sua própria vida. Aqui, diversão é um assunto sério. Se te
aborreceres, os teus filtros mentais ligam-se, e todo o teu precioso trabalho vai sair-te dos ouvidos.
Então, tire um momento para se divertir; é muito mais eficaz.
Para criar uma memória profunda e multissensorial para uma palavra, terá de combinar vários
ingredientes: ortografia, som, significado e ligação pessoal.
Você pode procurar a ortografia de cada uma das suas palavras em um dicionário ou o glossário
de uma gramática, e você geralmente pode encontrar informações de pronúncia no mesmo lugar,
complementadas por gravações em Forvo.com. E depois vem o significado.

JOGO DA FRASE

Primeiro aprendes o instrumento, depois aprendes a música, depois esqueces-te de tudo isso e tocas.
— Charlie Parker

Você vai aprender a quebrar o mais complexo de construções gramaticais em peças fáceis de
aprender, e memorizar essas peças usando o seu SRS. E vai começar a contar histórias próprias.
Com a ajuda de novas ferramentas online que podem conectá-lo com falantes nativos, você vai
converter essas histórias em uma classe de linguagem personalizada e auto-gerida que fornece toda
a instrução que você precisa sem desperdiçar um segundo do seu tempo.
No final desta viagem, terá a capacidade de pensar numa nova língua e de tecer histórias de uma
forma completamente nova. É um processo emocionante.

O PODER DO INPUT: A SUA MÁQUINA LINGUÍSTICA


E disse: em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum
entrareis no reino dos céus.
- Jesus Cristo

Podes não te aperceber, mas há uma pequena máquina escondida dentro do teu cérebro. Esgota-
se das frases que ouve, absorve os seus padrões, e passado algum tempo, cospe uma linguagem
perfeitamente gramatical sem um momento de esforço ou pensamento. Quando eras criança,
usaste esta máquina para aprender a tua língua nativa, e vais usá-la outra vez para aprender uma
nova. Vamos descobrir como funciona.
Já dissemos antes que o cérebro é um super computador que também é preguiçoso. O que isto
quer dizer na prática? Que o cérebro gosta de rotinas, hábitos, ele gosta de se distrair, relaxar,
escolher, repetir, adivinhar, copiar, imitar, ligar, completar, enfim, actividades que deixem o
“processador” em baixo uso ou até no “sleep mode”. Por outro lado, o cérebro é capaz de fazer
grandes actividades e simultaneamente que conduza a pessoa à revolução, mudança e crescimento,

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COMO APRENDER SEM APRENDER

como por exemplo: pensar, criar, construir, inventar, modelar, inovar, interpretar, entender,
adaptar, arriscar, enfim, toda actividade que revele a sua real potência.
Resumindo, o cérebro ama brincar e odeia aprender. E é aqui que a criança tira de letra a
disciplina como aprender sem aprender, porque ela ama brincar mas tem uma sede constante
de aprender, desenvolver. Então ela sabe fazer o seu cérebro aprender brincando, da forma
agradável, rápida e eficaz. É por isso que a criança tem a capacidade incrível de aprender um
idioma.

Vou agora listar algumas características que fazem dela especial, são elas:
 Fala sozinha (isto permite que ela comece a pensar na língua-alvo);
 Sempre brincando, mesmo que sozinha. “Modo aprender” sempre ligado;
 É criativa e grande actriz: inventa brincadeiras, personagens... (isto permite que ela use o
que aprendeu para não esquecer);
 Não tem vergonha de errar;
 Nunca tem preguiça de aprender;
 Grande chef (isto permite que “cozinhe” palavras que adquiriu em diferentes frases e
contextos de forma “leve”);
 Mentalidade positiva: não se desanima e nem desiste, não acredita na frase não consigo,
nunca vou conseguir, não passa pela cabeça dela as frases sou burra, sou incapaz, não tenho
sorte, não é para mim, não tenho talento;
 Se envolve nas brincadeiras, levando-as a sério permitindo que aprenda os objectos e
expressões d forma eficaz;
 Procura entender apenas o que precisa;
 Tem boa memória para gravar as palavras e pronúncias a longo prazo;
 Aprende algo para usar, imitar ou reproduzir a seu jeito e não apenas para saber;
 Sempre híper auto-motivada para aprender;
 Sempre buscando o seu crescimento;
 Aprende do seu redor, de todos a sua volta, a partir de situações reais;
 Aprende com contextos, explicações simples, interacções e gestos;
 Aprende para melhorar seu jeito de brincar;
 Se envolve activamente nas suas brincadeiras;
 Aprende para se comunicar com os quem ela ama sobre os assuntos que ela gosta;
 Aprende bem melhor e rápido brincando, se divertindo (isto permite que o aprendizado
não seja chato ou pesado);
 É viciada em brincar, ao ponto de ignorar o roncar do estômago vazio, a hora de voltar
para casa, etc.;
 Tem pressa em aprender para ser entendida, para fazer parte do grupo e principalmente
para ser livre de “limitações”.
 Tem o cérebro programado para SIM, para vencer, ainda que demore, não importa o
passado de derrotas.
 Não tem crença limitante ou negativa.

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COMO APRENDER SEM APRENDER

 “Aceita” as palavras primeiro e entende o significado das palavras ou frases depois;


 Não conhece a palavra “tradução”;
 Não aprende com explicações e porquês (isto o permite a aprender sem ter que “estudar”
a língua);
 É insensível à críticas;
 Não tem dificuldades em obedecer (isto permite que ela primeiro tenha experiência com a
língua e depois aprenda a língua)
 Ouve primeiro e muito, para depois começar a produzir suas próprias frases;
 Aprende intuitivamente e inconscientemente;
 Aprende mais com ouvidos do que com os olhos, etc.

“PLAY”, NÃO É PARA BRINCAR, É PARA JOGAR


Então você está sugerindo que eu seja criança? Não completamente. Busque ter as
características da criança. Veja bem, a criança pensa consigo mesma que precisa aprender a língua
com o seu porquê, seja para se comunicar, para poder brincar mais, para poder entender o
programa de televisão que ela gosta.
Da criança imite o método e o porquê. Quais são os teus porquês? Porque é que você precisa
aprender inglês? Faça a sua lista. Por exemplo:
Eu preciso aprender inglês para “jogar” de:
 Entender as documentos do meu trabalho;
 Fazer parceria de negócio com empreendedores estrangeiros;
 Ser contratado por uma ONG ou empresa multinacional;
 Evoluir no meu trabalho;
 Entender músicas, filmes e séries;
 Entender vídeos sobre o meu passa-tempo, etc.

Disse antes que o cérebro não gosta de aprender a não ser que envolvamos esta actividade
com algo divertido ou emocionante.
É no cérebro que a língua fica armazenada. Psicologicamente, o cérebro é composto pelo lado
consciente e subconsciente. Este último é o responsável por 95-98% de todos nossos
pensamentos, emoções e comportamentos hoje.
O método que eu lhe sugiro neste curso é que você aprenda a aprender sem aprender, ou seja,
que você comece a aprender a aprender o inglês a partir do subconsciente, é o que criança
consegue fazer. Você já é adulto, então o que lhe resta fazer é reprogramar o seu cérebro
subconsciente para aprender uma nova língua, ou seja, se você treinar os seus pensamentos,
emoções e comportamentos para aprender tudo o que você deseja, não só uma nova língua o seu
super-computador irá cooperar de uma forma muito mais eficaz. Você precisa, tal como a criança,
aprender a “enganar” o seu cérebro que não está a aprender mas na verdade ele está, mas ele não
nota porque acontece primeiro no subconsciente. Porquê a escolha do subconsciente? Porque
aqui a língua é aprendida no segundo plano sem que o cérebro se sinta sobrecarregado, ou seja,
aqui o subconsciente aprende a língua enquanto o consciente está envolvido em actividades

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agradáveis à ele mesmo porque permite produzir pensamentos, emoções e comportamentos


positivos, e são estes elementos que fazem “germinar” a língua sem que o consciente perceba.
A criança aprende no seu ambiente, logo, pesquisas revelam que o ambiente assume um papel
fundamental na aprendizagem de uma língua, provando que a aprendizagem de um idioma dá-se
através de uma assimilação subconsciente dos seus elementos, seja a pronúncia, o vocabulário e a
gramática.
As crianças são ridiculamente boas a aprender gramática. São tão boas que, aos seis anos, podem
criar frases que nunca ouviram antes nas suas vidas, e cada uma destas frases é uma obra-prima
gramatical.
Então, como é que elas fazem isto? É óbvio que estão a aprender o português com a família e
amigos, mas não estão apenas a copiar o que ouvem. Muito provavelmente, never ouviram falar de
comedores de ratos ou de regras portuguesas sobre a formação de substantivos compostos, e no
entanto estas palavras não lhes causam problemas. De alguma forma, absorveram ao input da língua
do seu meio envolvente e transformaram-na em algo muito maior. Apanharam uma gramática
perfeita e automática que lhes permite criar palavras e frases inteiramente novas.

Input compreensível
Vamos ser um pouco mais precisos. As crianças não aprendem a sua língua simplesmente a
partir de qualquer tipo de absorção da língua. A única absorção que parece importar é a absorção
que as crianças podem entender. Nos círculos linguísticos, isto é conhecido como absorção
compreensível. A ideia básica é esta: as crianças precisam entender o cerne do que ouvem para
aprender uma língua com ela. Se acenares com um biscoito à frente da cara de uma criança e
disseres: "Queres um biscoito?" ela não vai ter problemas em perceber exactamente o que queres
dizer, mesmo que ela nunca tenha ouvido falar de biscoitos antes. Objectos físicos, linguagem
corporal e interacção todos servem como uma espécie de tradutor universal que ajuda as crianças
a dar sentido à suas primeiras palavras; transforma estas palavras em entrada compreensível. Mais
tarde, quando descobrirem o que são cookies, pode perguntar-lhes se querem um cookie sem
realmente segurar um, e eles saberão exactamente do que está a falar.
Em contraste, não se pode ensinar um miúdo japonês apenas mostrando-lhe programas de TV
japoneses, mesmo que o coloques em frente da televisão durante hundreds de horas. A televisão
não faz sentido o suficiente, falta-lhe aquele tradutor universal - cookies reais e interacções reais - e
por isso não é uma absorção compreensível. Pelo menos até fazermos televisões que possam assar
e servir biscoitos, a única maneira de ensinar uma nova língua à uma criança é encontrar uma
pessoa real para falar com eles nessa língua. Mais tarde, com absorção compreensível suficiente
das pessoas, as crianças podem aprender a entender a televisão, altura em que você e seu cookie
tornam-se muito menos interessantes do que Cookie Monster e seu cookie.
Todas as crianças podem receber frases dos pais, “mastigá-las” e “cuspir” automaticamente
gramática perfeita até aos seus sexto aniversário. E felizmente para nós, a máquina na cabeça deles
nunca para de funcionar. Se queremos aprender uma nova língua, só precisamos aprender a usá-
la.

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O Génio Gramatical dos Adultos


Como sabemos que os adultos mantêm as suas máquinas linguísticas? Isto certamente não
parece verdade. As crianças podem ter uma taxa de sucesso de 100%; ninguém deixa de aprender
a sua língua nativa aos seis anos de idade, e no entanto os adultos podem passar anos estudando
uma língua sem qualquer vestígio de sucesso.
Quando as crianças aprendem línguas, seguem uma série de fases previsíveis. Em inglês, por
exemplo, começam com frases simples que se assemelham às nossas histórias de início
SLEEPEAT WORK : birdie go (O pássaro foi-se), doggie jump (O cão está pulando). Pouco antes de
atingirem os três anos de idade, começam a usar a forma – ing de verbos (doggie jumping). Dentro de
seis meses, já adicionaram o irregular past tense (birdies went) e também (daddy is big). Depois,
finalmente, vêm os regular past verbs (doggie jumped) e os present tense verbs na terceira pessoa
(Daddy eats). Todas as crianças nativas da língua inglesa passam por estas fases na mesma ordem.
Se olharmos para as frases produzidas por adultos que aprendem uma segunda língua, não
esperamos ver quaisquer padrões. Afinal, onde as crianças aprendem sempre a língua com as suas
famílias e amigos, os adultos aprendem línguas em todas as espécies de maneiras. Alguns têm aulas
estruturadas, alguns mudam-se para países estrangeiros e mergulham-se, alguns lêm livros, e outros
apaixonam-se e aprendem com os namorados ou namoradas. Adicione a isto os milhares de
possíveis línguas nativas que um adulto pode falar originalmente, e você tem uma receita para a
irregularidade total. Não há razão para esperar que um adolescente japonês aprendendo inglês com
a namorada terá qualquer coisa em comum com uma mulher alemã aprendendo inglês a partir de
um livro.
Se alimentarmos as nossas máquinas linguísticas com um input compreensível suficiente, então
aprenderemos automaticamente a gramática da nossa nova língua, tal como fizemos quando
éramos crianças.
As crianças parecem ter sucesso na aprendizagem de línguas onde os adultos falham, mas isso
é só porque recebem muito mais informação do que nós. Nos primeiros seis anos de vida de uma
criança, estão expostos a dezenas de milhares de horas de língua.

Alimente a Sua Máquina de Língua Eficientemente


Aprender uma regra de gramática não vai afectar quando a usares instintivamente. Os
estudantes de inglês podem repetir he runs, she goes, e it falls até ficarem azuis na cara, mas nunca
irão aprender a produzir essas frases espontaneamente antes de dominarem a forma –ing (he is
running), o artigo (the dog is running)e the irregular past tense (the dog ran). Se for esse o caso, então
parece que práticas repetitivas de exercícios gramaticais é uma perda de tempo. E é. Mas não deites
fora a tua gramática ainda.
Como discutimos, só pode alimentar a sua máquina linguística com uma absorção
compreensível; tens de compreender a essência do que lês e ouves antes de aprenderes com isso.
Então não vais começar com literatura chinesa, tal como não começaste a aprender português
com Karingana wa Karingana.
Mas como pode entender algo que ainda não entende? Quando eras criança, tinhas adultos a
perseguir-te com bolachas, leite e cachos de frases simples. Como adulto, provavelmente não pode
pagar este luxo (e talvez não queira comer tantos biscoitos).

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É aqui que vais começar a usar duas habilidades que aprendeste quando adulto: a capacidade de
encontrar e usar traduções e a capacidade de aprender regras de gramática.
Discutimos em profundidade os problemas com as traduções - são difíceis de memorizar e não
são bons em dar-lhe o contexto geral - mas eles fazem um bom trabalho em dar-lhe essência de
uma frase desconhecida. Uma tradução simples como "Do you want a cookie? Queres um
biscoito?" pode ensinar-lhe a ideia básica por trás desta frase, mesmo que não forneça toda a
magia, música e mistério de cada uma das suas palavras. E tem uma tonelada de frases bem-feitas
e bem traduzidas à sua espera dentro da sua gramática. É uma mina de ouro de entrada
compreensível.
Aquele livro não é apenas útil para as suas frases traduzidas. As regras gramaticais também
valem a pena aprender; estudos mostram que aprenderá uma língua mais rápido quando aprender
as regras. Não é preciso lê-las repetidamente - como já discutimos, exercícios gramaticais não vão
ajudá-lo a ultrapassar quaisquer estágios de desenvolvimento - mas um passe familiaridade com
gramática pode ajudá-lo logicamente a quebrar frases complexas em pedaços que você pode
entender, e quanto mais frases você entender, mais rápido você vai aprender.
Pegue numa frase como He buys flowers for them. Há um sujeito, muitas flores, e muitos novos
donos de flores. Isto não é They buy him a flower, mesmo que todos os principais actores em ambas
frases - he, they, flower — são os mesmos. E sabemos que são diferentes porque a grammar nos diz
que sim.
A nossa frase — He buys flowers for them. — é complexa; não é o tipo de frase que virá
espontaneamente à boca de um estudante de inglês: buy transformou-se em buys, they em them, flower
em flowers, for vem do nada, e a ordem de cada componente é essencial. O nosso estudante de
inglês pode ser capaz de memorizar cada regra de gramática que está a funcionar aqui, mas não
vai dizer esta frase automaticamente. E se estás a aprender francês, não vais cuspir
automaticamente a versão francesa — Il leur achète des fleurs (He-them-buy, artigo plural indefinido
coisa-flores) — mesmo que conheça as palavras individuais e as regras gramaticais. Isto é cálculo,
e como estudante inicial, ainda estás a aprender álgebra.
No entanto, mesmo um aluno inicial ainda pode pegar no seu conhecimento rudimentar das
regras da gramática e usá-lo para entender a nossa história de flores, mesmo que ele não possa
produzi-lo facilmente por si mesmo. E ao compreender esta frase, alimenta a sua máquina
linguística e progride um passo mais perto da fluência.
Este é um ponto subtil. Se cada frase que entendeste aproxima da fluência, qual é o problema
com os exercícios gramaticais? Não contam como uma entrada compreensível?
De facto, sim. Não são particularmente interessantes. Se és o tipo de pessoa que adora
preencher mesas de conjugação(I sit, you sit, he sits, she sits, it sits, we sit, they sit…) então neste caso
vá em frente. Estas são frases compreensíveis, e vão alimentar a tua máquina de línguas muito
bem.
Mas se não tens dificuldades de gramática, não precisas de fazer muitos exercícios gramaticais.
Em vez disso, pode usar a sua gramática como uma guia rápida pela língua. Você vai ler as
explicações, aprender um ou dois exemplos, e saltar os (muitas vezes monótonos) repetições
contínuas e exercícios. Os exemplos que aprendem os ajudarão a lembrar-se de cada regra da
gramática, e servirão como absorção compreensível ao mesmo tempo, alimentando a sua máquina
linguística à medida que junta a gramática da sua nova língua em segundo plano.

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A sua gramática dir-lhe-á as regras, dar-lhe-á alguns exemplos (uma calzone, duas alzoni, um gnocco,
dois gnocchi)e depois lançar-se-á numa página ou duas de exercícios. Podes saltar completamente
esses exercícios. Basta escolher um exemplo ou dois que você acha particularmente interessante
(eu sou um fã de pizze e gelati eu mesmo), faça um cartaz para eles (vou dar-lhe sugestões mais
tarde no curso), e poof, você terá que a regra da gramática memorizada para sempre. Pode passar
para a próxima secção.
Em suma, terá uma visão geral de todo o sistema gramatical da sua nova língua, o que lhe
permitirá compreender e absorver quase tudo. Também vai adquirir uma tonelada de vocabulário
ao mesmo tempo.
Este processo é emocionante que você pode sentir a sua nova língua construindo-se na sua
mente. Em vez de perder o seu tempo em exercícios gramaticais monótonos, encontra-se
constantemente novas palavras, novas formas gramaticais e novas formas de se expressar - uma
torrente de absorção compreensível que alimenta a sua máquina linguística e ajuda a compreender
mais e mais a cada dia. Isto é o que alimenta a memória linguística – fins-de-semana inteiros
passados encolhidos sobre o seu livro ou laptop, aprendendo nova gramática e novo vocabulário,
fazendo cartazes e absorvendo a sua nova língua. É a minha parte preferida. E enquanto os teus
amigos se maravilham com a tua ética de trabalho, estão a perder o que realmente se está a passar.
Não estás a trabalhar. Só estás a divertir-te.

PONTOS POR LEMBRAR


 Aprenderá mais rápido se aproveitar a sua máquina linguística - a ferramenta de organizar
padrões que lhe ensinou a gramática da sua língua nativa. Esta máquina foge de uma
entrada compreensível — frases que compreendes — por isso terás de encontrar uma boa
fonte de frases simples e claras com traduções e explicações.
 Tire as primeiras frases da sua gramática. Dessa forma, as suas frases podem fazer o dobro
do dever, ensinando-lhe todas as regras de gramática conscientemente enquanto a sua
máquina linguística trabalha em segundo plano, juntando uma compreensão automática e
intuitiva da gramática que rapidamente o trará à fluência.

As Conexões: Som, Ortografia, Significado, Conexão Pessoal (Gênero)


Estas são as peças especiais de uma palavra que nos permite imaginar uma imagem - um
unicórnio, por exemplo - e enviar essa imagem para outra pessoa. São a substância básica de
cada palavra, e à medida que aprendes as tuas palavras, esta substância tornar-se-á mais familiar
e mais fácil de lembrar.
A seguir vem o significado. Vai querer descobrir o que as suas palavras realmente significam, em
vez do que as suas traduções parecem significar. O que usam as russas devushkas (raparigas) e o
que os franceses comem para déjeuner (almoço)? Vais querer criar novas associações significativas
em cada palavra que aprenderes.
Finalmente, vai querer ligações pessoais. Embora as suas novas palavras possam não se alinhar
perfeitamente com as suas traduções em português, elas vão alinhar-se com as suas próprias
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experiências. Todos conhecemos devushkas e comemos déjeuner. Temos de trazer estas memórias
e lembrar-nos quando aconteceram, como nos sentimos, o que ouvimos e o que vimos.
Se a tua língua usa género, também vais querer isso misturado nas tuas palavras. Desde o início,
os teus substantivos masculinos devem ser diferentes dos teus substantivos femininos, e podes
criar essas diferenças com imagens mnemónicas vivas.
Cada uma destas ligações facilitará a sua recordação e utilização no futuro. Quaisquer cartazes
que criares serão uma lembrança fraca da massa colorida de memórias que montar. Quando as
reveres, elas trarão de volta fragmento dessas memórias, e o teu cérebro fornecerá o resto num
súbito ataque de cor, sentimento e música. Então passará para o próximo cartaz. É uma
experiência intensa e inesquecível.

Recursos
TRADUÇÕES (ORTOGRAFIA): Você vai querer encontrar traduções para todas estas
palavras na sua língua-alvo (inglês). Podes usar o Google Translate, mas normalmente vais ter
muitas traduções estranhas e confusas. A tradução automática não é assim tão boa,
especialmente quando se traduz listas de palavras, em vez de frases.
Se utilizar um dicionário padrão, poderá encontrar demasiados resultados; não precisa de dez
sinónimos para a casa. Aqui está a tua oportunidade de usar o phrase book de bolso que compraste.
Os phrase books são rápidos para examinar, e eles vão dar-lhe as traduções mais usadas para cada
palavra.
SOM: Terá mais facilidade em entender o que ouve se também usar transcrições fonéticas das
suas palavras. Pode encontrá-las no seu glossário, mas se não, vai encontrá-las no seu dicionário
favorito e/ou wiktionary.org.
SIGNIFICADO: Encontre a sua palavra no Google Images. Você tem algumas opções aqui,
a primeira das quais é fácil de usar (e grande), e a segunda das quais requer um pouco de
configuração inicial (mas é incrível. Use o número dois!): Opção 1 (Versão Básica): Quando for
directamente para images.google.com, pode encontrar imagens, mas não verá a melhor parte — as
legendas. Vamos ligá-los.
Passo 1: Procurar uma palavra (qualquer palavra). Aqui vamos procurar cheval (cavalo).
Passo 2: Prossiga até ao fundo da página.
Passo 3: Aí verá o link Switch para versão básica. Clique nele.
Passo 4: Marque esta página, para que não tenha de fazer os passos 1-3 todas as vezes.

Em alternativa, basta ir ao tinyurl.com/basicimagee marcar essa página. Você verá uma página
maravilhosa com vinte imagens e legendas que se parecem com isto:

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O MELHOR CAMINHO É SIMPLIFICAR O SEU APRENDIZADO


Como todas as coisas magníficas, é muito simples.
— Natalie Babbitt, Tuck Eterno

Quando olhamos atentamente para o que a gramática pode efectuar, chegamos à inevitável
conclusão de que a gramática é impossivelmente complexa. Afinal, em qualquer momento de
qualquer dia, pode pegar em algumas palavras comuns e usá-las para criar uma frase que nunca
foi escrita ou dita na história do mundo, e impossivelmente o suficiente, fará todo o sentido para
quem fala inglês. A gramática cria infinitas possibilidades a partir de uma colecção finita de
palavras. É um tipo impossível de magia, e no entanto a usamos diariamente sem o mínimo
pensamento ou esforço.
Quando abrires uma gramática, vais encontrar 200à 600 páginas de formas gramaticais. Estes
livros não são infinitamente longos, o que é estranho, dado o potencial infinito da gramática, mas
são longos. Gramática, afinal, tem muito trabalho a fazer. Tem de nos dizer quem está a fazer o
quê, quando fazem, como estão a fazer, e todo o tipo de outras loucuras que entram nas nossas
cabeças e saem das nossas bocas. No final, a gramática permite-nos relacionar qualquer ideia
com qualquer outra ideia de qualquer forma possível, e de alguma forma enviar todas essas
relações para as cabeças das pessoas que nos ouvem. Pelos vistos, deve ser completamente
impossível de descrever, e no entanto os autores de gramáticas realizam o impossível
regularmente.
A gramática é incrível na sua complexidade, mas é absolutamente inspiradora na sua
simplicidade. Todas as infinitas possibilidades da gramática são o produto de três operações
básicas: adicionamos palavras (You like it. Do you like it?), mudamos a flexão delas (I eat I ate)e
mudamos a ordem delas(This is nice. Is this nice?).
Só isso. E não é só no português. A gramática de cada língua depende destas três operações
para transformar as suas palavras em histórias.
Por exemplo, um dos principais trabalhos de narrativa da gramática é dizer-nos quem está a
fazer o quê. Em inglês, indicamos isto movendo palavras: Dogs eat cats contra Cats eat dogs. Uma
língua como o russo muda a flexão das suas palavras para atingir o mesmo objetivo: Se um cão
está a comer um gato, é um sobaka(собака),mas se esse cão está a ser comido, transforma-se
num sobaku (собаку).
Esta simplicidade torna a gramática extraordinariamente fácil de aprender, pois mesmo as
formas gramaticais mais complexas são construídas a partir destas três peças básicas. Pegue a
voz passiva do inglês, e considere a diferença entre My dog ate my homework (active) versus My
homework was eaten by my dog (passive). Esta é uma transformação gramatical complexa; as duas
frases mal se assemelham uma à outra, e a mudança de significado entre elas é subtil. Embora
os factos em ambas frases sejam os mesmos, começamos com uma história sobre um cão mau
e terminamos com uma história sobre um trabalho de casa pobre e infeliz.
Mas toda esta complexidade é o produto de operações simples: Há um par de palavras
novas (was e by), uma nova conjugação de palavra(até transformado em eaten) e a ordem de
palavras foi alterada. Isto seria muito para aprender de uma vez, mas é fácil aprender em
pedaços menores e é precisamente isso que vais fazer na tua língua-alvo.

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Para aprender uma nova conjugação gramatical, tudo o que tem de fazer é encontrar um
exemplo da sua gramática, compreender a essência da história nesse exemplo — você usará as
explicações e traduções da sua gramática — e perguntar-se-á três perguntas:
Vê alguma palavra NOVA aqui?
Vê alguma NOVA conjugação aqui?
A ordem de palavra é surpreendentemente NOVA para si?

Então você fará cartazes para qualquer informação que queira aprender:

Vais reparar nos cartazes acima que estou a usar uma frase de exemplo para me ensinar a
palavra by. É assim que vai aprender vocabulário abstracto. Uma palavra como por é difícil de
visualizar ou definir. Normalmente não se vê um "by" a caminho do trabalho. E enquanto se
podia lutar com alguma definição obtusa — "by é a preposição que indica o agente de uma
construção passiva" — criar uma definição a partir da nossa frase de exemplo é muito mais fácil:
By é a palavra que se encaixa em “My homework was eaten _____ my dog.” É o que realmente
significa, afinal; é a palavra que por acaso usamos nesse contexto em particular. E como a nossa
frase de exemplo para by é uma história real, podemos encontrar uma imagem para nos ajudar a
lembrar essa palavra - há mais de um milhão de fotos de cães culpados e exercícios para trabalhos
de casa no Google Images.
Podemos usar esta estratégia para cada palavra? Quase. Para palavras funcionais com o of e
what, esta estratégia funciona sempre. Estas palavras não significam muito fora dos seus
contextos, e assim quaisquer exemplos podem dizer-lhe exactamente como usá-las. Of é a palavra
que se encaixa em I’d like a glass _____ water, e what é a palavra que se encaixa no _____’s your

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name? Estas podem não ser as únicas formas de usar estas palavras. What, por exemplo, aparece
em todos os tipos de contextos: What did you do today? eI’ll eat what he’s having! Mas você pode
aprender quaisquer surpreendentes novos exemplos de uma palavra transformando-as em
cartazes adicionais. Durante o processo, você vai ter uma sensação intuitiva sólida para estas
palavras em uma grande variedade de contextos, que é mil vezes mais útil do que uma definição
de dicionário desajeitado ou uma pilha gigante de traduções (por exemplo, de acordo com o
meu dicionário, bei em alemão significa " for, at, by, on, with, during, upon, near, in, care of,
next to,”, e assim por diante. Não é Muito Útil.).
Para algumas palavras que transmitem conceitos abstractos, como change ou honesty, você pode
precisar de ajuda adicional. Pode aprender a usar uma palavra com qualquer frase de exemplo —
He’s an honest man — mas muitas vezes precisa de bons exemplos para o ajudar a lembrar o que
uma palavra significa: Abraham Lincoln was an honest man. Em geral, não vais encontrar este problema
com muita frequência. Estás usar uma gramática e foi concebida para te dar bons e claros
exemplos para as palavras e conceitos que encontras. Mas quando tiveres uma palavra
problemática, apenas ignore. Assim que tiver um pouco mais de gramática sob o seu cinto, poderá
deixar o seu livro para trás e procure as suas próprias frases de exemplo na Internet, uma estratégia
que discutiremos no curso.
Tomando exemplos de frases da sua gramática e dividindo-as em novas palavras, formas de
palavras e ordens de palavras, obtém-se uma enorme quantidade de quilometragem de todos os
exemplos que escolher. Como resultado, aprende-se muito mais depressa do que se deve.
Enquanto a sua gramática está se ocupado a explicar o passado de comer (She ate her sister’s
birthday cake),você está aprendendo tudo o que a frase tem para oferecer - onde posicionar her,
como sisters e transforma em sister’s, e assim por diante. Quando a tua gramática começar a
explicar a forma possessiva her, já a terás memorizado. Isto transforma-se num jogo divertido
— é como uma corrida com a sua gramática, para ver se vais dominar completamente um tópico
antes da tua gramática falar sobre isso. Ganhas sempre.

PONTOS POR LEMBRAR


 Use a sua gramática como fonte de frases e diálogos simples exemplos.
 Escolha os seus exemplos favoritos de cada regra gramatical. Em seguida, quebre esses
exemplos em novas palavras, formas de palavras e ordens de palavras. Vais acabar com
um monte de cartazes EFICAZES e fáceis de aprender.

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RESUMINDO
Como Aprender Sempre Aprender ao fim de tudo significa que se você quiser aprender
uma língua de forma muito rápido mesmo você deve começar a aprender de dentro para fora,
ou seja, comece aprendendo de forma inconsciente, sem notar, fazendo coisas que deixem o
seu cérebro bem a vontade.
Como Aprender Sem Aprender, na verdade, é a transcrição do método que os Fast & Furious
da Língua – as crianças usam. Elas têm N adjectivos e uma mentalidade muito cooperativa que as
permitem aprenderem de forma incrível.
Se elas aprendem tão bem e rápido na idade que fazem sem mesmo saberem ler e falar antes,
imagine você.
Um dos maiores obstáculos na aprendizagem de um idioma é o esquecimento e aqui deixei
ficar um método eficaz para que você possa ultrapassar este grande inimigo, também relacionado
com os campeões da língua.
Para Aprender Sem Aprender você precisa “enganar” o seu cérebro aprendendo a língua
focando-se nos assuntos e material que realmente engaje a sua atenção, entusiasmo, interesses e
necessidades individuais.
Como Aprender Sem Aprender acaba sendo uma “perfeita viagem” para aprender um idioma
porque infelizmente um dos maiores, senão o maior defeito do nosso cérebro é a preguiça de
aprender, e este defeito a criança não tem.

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