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de 1970 e início da década de 1980, quando seu uso foi banido ou res
tringido em muitos paises em fungáo da alta toxicidade e acimulo em
tecidos gordurosos de organismos náo alvos como mamíferos, aves E
répteis (DAVIES et al., 2007). Durante os períodos da Segunda Guer
ra Mundial e da Guerra da Coreia (décadas de 1940 e 1950), foram
descobertos os primeiros inseticidas organofosforados e carbamate
(SPARKS, 2013), os quais sáo utilizados até hoje apesar de serem alta
mente tóxicos e de baixa seletividade para organismos náo alvos (OBE=
REMOK et al., 2015). Em 1976, foram introduzidos no mercado os:
piretroides, moléculas sintéticas baseadas no produto natural piretrina
com alta eficiéncia por agáo de choque e de toxicidade reduzida pat
mamíferos (CASIDA, 1980; CASIDA; DURKIN, 2013).
Desde os anos 1970, inseticidas como os reguladores de cresek
mento e neonicotinoides tém sido desenvolvidos, vindo á tona prince
palmente na década de 1990 (CASIDA; QUISTAD, 1998; SPAR
2013), observando exigéncias sociais e de órgáos de regulamentac?
para o desenvolvimento de moléculas inseticidas com modos de acáo
mais específicos e com maior seletividade (NAUEN; BRETSCHNEE
DER, 2002). Com o avango da biotecnologia vegetal, a expressáo de
toxinas proteicas derivadas do microrganismo entomopatogénico B
cillus thuringiensis ou moléculas de dupla fita de RNA especificas ps
sou a ser realizada em plantas transgénicas para o controle de i
pragas (SCHULER et al., 1998; ZHANG et al., 2017).
O desenvolvimento de novas moléculas inseticidas tem reste
tado na disponibilizagáo de modos de agáo ativos sobre diferente
sistemas fisiológicos dos insetos. Em fungáo da pressdo de seleca
exercida pela continua exposigáo de populagées de insetos pragas
determinados inseticidas (BASS et al., 2015), os profissionais enve
vidos na escolha e aplicagáo de inseticidas devem conhecer os mod
de agáo dos produtos para um adequado manejo da resisténcia de &
setos (MRI) a inseticidas (SPARKS; NAUEN, 2015; NAUEN et
2019).
Neste capítulo sáo abordados os modos de agáo dos inseticidas
acaricidas comerciais indicados pelo Comité de Agáo á Resisténcia
Inseticidas (IRAC, do inglés Insecticide Resistance Action Committee
Modos de agáo dos inseticidas comerciais 211
e clasificados conforme o sítio de agáo em cinco grupos principais
atuantes sobre: (1) nervos e músculos, com 12 sítios primários de modos
de aco; (ii) crescimento e desenvolvimento, com sete sitios primários
de modos de agáo; (iii) respiracáo celular, com seis sitios primários de
modos de agáo; (iv) intestino médio, com um sítio primário de modo
de agáo e (v) modo de agáo desconhecido ou inespecífico que inclui 15
sub-grupos de moléculas (NAUEN et al., 2019).
tínicos da acetil-
2.4. Moduladores competitivos de receptores nico
colina
(acetamiprid, imi-
Neste grupo encontram-se os neonicotinoides
a nicotina (cloronicotinil), as
dacloprid, thiacloprid, thiamethoxan),
(flupyradifurone) e os me-
sulfoxaminas (sulfoxaflor), os butenolides
acáo dos moduladores
soiónicos (triftumezopyrim). O mecanismo de
te imitar a acetilcoli-
competitivos de receptores nicotínicos é justamen
pós-sináptico.
na, ligando-se a receptores nicotinicos do neurónio
da acetilcolina, os neonicotinoides e nicoti-
Porém, diferente
imediatamente após a
na nao sáo degradados pela acetilcolinesterase
sáo nervosa é persistente.
transmissáo do impulso nervoso e a transmis
prolongada, gerando
Assim, a ativagáo dos receptores de acetilcolina é
sáo contínua e descon-
hiperexcitabilidade do SNC, devido a transmis
NAUEN; BECK, 2013).
trolada dos impulsos nervosos (JESCHKE;
nicotínicos da acetilco-
2.5. Moduladores alostéricos de receptores
lina
únicos representan-
As espinosinas (espinetoram e espinosade),
bem semelhante aos
tes deste grupo, apresentam mecanismo de agáo
tínicos da acetilcolina. No
'moduladores competitivos de receptores nico
atuam sáo diferentes dos
entanto, os receptores em que as espinosinas
cionam como agonis-
neonicotinoides. Enquanto os neonicotinoides fun
m aos sitios correspondentes
tas, imitam a agáo da acetilcolina e se liga
m como moduladores
no neurónio pós-sináptico, as espinosinas atua
formacáo do sitio re-
alostéricos, ou seja, sáo capazes de alterar a con
SCHKE; NAUEN; BECK,
ceptor de acetilcolina tornando-o ativo (JE
2013).
agáo prolongada
O resultado da agáo desses inseticidas é a ativ
contínua e descontro-
dos sitios receptores de acetilcolina, transmissáo
que resultam na paralisia
lada dos impulsos nervosos e hiperexcitagáo
morte.
dos insetos por fadiga muscular seguida de
214 D, R. Barilli et al.
gio, portanto, que atuam os inseticidas que tém modo de agáo sobre a
respiragáo celular.
A fosforilagáo oxidativa inicia-se com o transporte de elétrons na
cadeia respiratória, que é constituida pelos complexos proteicos I, II,
TIT e IV e pelos transportadores de elétrons ubiquinona e citocromo c.
O transporte de elétrons gera um gradiente de próton (H*), chamado de
forga próton motriz, no espago intermembranoso, que retorna a matriz
mitocondrial pela ATP sintase e produz ATP pela fosforilagáo do ADP
AEP.
De acordo com a classificagáo do IRAC, existem trés alvos na
cadeia respiratória que os inseticidas podem atuar. Sao eles: inibidores
de ATP sintase mitocondrial, desacopladores da fosforilagáo oxidativa
via disrupgáo do gradiente de proton, inibidores do complexo I, II IIL e
IV da cadeia de transporte de elétrons na mitocóndria (NAUEN et al.,
2019).
Os inibidores da ATP sintase mitocondrial sáo o diafenthiuron,
organoesteánicos, propargite e tetradifron. O diafenthiuron é um pró-
-inseticida que controla todas as fases de desenvolvimento de ácaros,
moscas brancas e pulgóes (DEKEYSER, 2005).
Os desacopladores da fosforilagáo oxidativa via disrupgáo do
gradiente de próton sáo compostos ácidos que inibem o acoplamento
entre as reagdes de transporte de elétrons e fosforilagáo. Esse desaco-
plamento gera um fluxo de próton do espaco intermembranoso para
a matriz mitocondrial, inibindo a síntese de ATP sem afetar a cadeia
respiratória e a ATP sintase. O chlorfenapyr, dinitrofenol (DNOC) e sul-
fluramida sáo ingredientes ativos que atuam nesse sítio ativo (NAUEM;
BRETSCHNEIDER, 2002; TERADA, 1990).
O chlorfenapyr é um acaricida-inseticida de amplo espectro usa-
do para controlar todos os estágios de ácaros fitófagos e vários insetos
pragas (KIM; SEO, 2001). A sulforamida tem uma grande importán-
cia no Brasil no controle de formigas cortadeiras. (ISENRING; NEU-
MEISTER, 2010; ZANETTI et al., 2014).
O complexo I da cadeia de transporte de elétrons, também cha-
mado de ubiquinona-oxidorredutase é uma enzima que catalisa dois
processos simultáneos e obrigatoriamente acoplados: 1- transferéncia
222 D.R. Barilli et al.
éncia de protons
de elétrons do NADH para a ubiquinona e 2-a transfer
das inibidores do
da matriz para o espago intermembrana. Os insetici
esso global da fos-
complexo 1 inibem esse processo, bloqueando o proc
ticidas que atuam
forilagáo oxidativa (NELSON; COX, 2014). Os inse
KEYSER, 2005).
nesse sítio ativo sáo o fenpiroximato e a rotenona (DE
as carboxilamidas,
Os inibidores do complexo II sao o ciflumetofem e
A et al., 2017).
ambos registrados para o controle de Acaros (FURUY
acequinocil,
Qs inibidores do complexo III sao a hidrometilnona,
ogo da estrobiluri-
fluacrypyrim e bifenzato. O fluacrypyrim é um anál
icida e náo fungici-
na, comercializado pela primeira vez como um acar
da (DEKEYSER, 2005).
inio e de
Os inibidores do complexo IV sao os fosfeto de alum
ar, os fosfetos de
magnésio e os cianetos. Na presenga da umidade do
e eficaz no controle
aluminio e magnésio liberam fosfina, um gas tóxico
ntes armaze-
de ovos, larvas, pupas e adultos das pragas de gráos e seme
nadas (LORINI, 2012; LORINI et al., 2013).
intestino médio
Os inseticidas classificados com sitio de agao no
ntero (NAUEN et
sáo os disruptores microbianos da 'membrana do mesé
á base de B. thurin-
al., 2019). Sáo representados apenas por inseticidas
inseticidas produzi-
giensis (Bt) e Lysinibacillus sphaericus e proteínas
atuam no sistema
das por essas bactérias. Os inseticidas produzidos que
de inseticidas no
digestivo representam apenas 1% do total de venda
lamente emprega-
mundo (SPARKS; NAUEN, 2015). Porém, sáo amp
principalmente, de
dos na transformagáo de plantas para o controle,
eínas Bf em plantas
lepidópteros pragas, por meio da expressáo das prot
transgénicas.
mais de
Os bioinseticidas 4 base de Br sáo comercializados há
50 anos para controle de pragas (BRAVO et al., 2011). Sáo produtos
inócuos a mamíferos, náo poluentes e com alta especificidadé, o que
possibilita a selegáo de proteínas náo tóxicas a inimigos naturais e orga-
nismos náo alvo (YU; LI; WU, 2011). Apesar de serem descritas 83 su-
Modos de agáo dos inseticidas comerciais 223
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