O aumento da população e o consequente crescimento da demanda de
consumidores nos serviços de saúde, tem levado os gestores a procurar formas
inovadoras para melhorar os resultados nos cuidados da saúde. Os sistemas de saúde devem atender às diversas necessidades da população, promovendo serviços de alta qualidade mesmo em ambientes remotos, precários e com poucos recursos, além de capacitar e apoiar os trabalhadores da saúde (PIETTE et al., 2020). Objetivando reduzir barreiras geográficas, melhorar e ampliar a oferta de informações em saúde, tem-se visto por parte de organizações internacionais, (e.g. Organização Mundial da Saúde - OMS) um investimento e incentivo no uso de tecnologias mHealth (mobile health / saúde móvel) e outras TICs (Tecnologias de Informa-ção e Comunicação) nos sistemas de saúde (MASIKA, et al., 2015). mHealth é aplicação da computação móvel no incentivo de cuidados com a saúde. O Observatório Global para e-Health (eletronic health / saúde eletrônica) (OGE) define mHealth como uma prática assistencial de saúde pública ancorado por dispositivos móveis, como telefones celulares, dispositivos de monitoramento do paciente, assistentes digitais pessoais (PDAs) e outros dispositivos sem fio (WHO, 2021). A expansão da telefonia móvel trouxe uma oportunidade significativa para o setor saúde. As ferramentas de mHealth são projetadas para melhorar a vigilância em saúde, gestão de sistemas de saúde, educação em saúde e de tomada de decisão clínica, além de apoiar mudanças de comportamento relacionadas com a gestão, facilitando a comunicação entre os clientes e profissionais de saúde (PIETTE et al., 2020; WHO, 2015). A típica arquitetura dos serviços de mHealth utiliza a Internet e os serviços da Web para proporcionar uma autêntica interação entre o serviço de saúde e os pacientes. Pode-se acessar facilmente o mesmo registro médico de um paciente a qualquer hora e em qualquer lugar através do seu computador, tablet ou smartphone (SILVA et al., 2015). A tecnologia mHealth pode ser amplamente difundida em locais com pouca infraestrutura, principalmente em países de baixa e média renda, pois tem um grande potencial para apoiar projetos destinados a saúde de modo que sejam economicamente viáveis e sustentáveis. As estratégias das tecnologias mHealth são centradas nos usuários, oferecendo um meio destinado à aquisição de novos conhecimentos, modificando suas atitudes ou mudança de comportamento. Visando educação em saúde em tempo hábil, auto monitoramento e veiculação de informações relacionadas à saúde (FREE et al., 2016; LESTER et al., 2020), principalmente entre as populações com baixa escolaridade (LABRIQUE et al., 2016). As principais barreiras para a implementação de tecnologias mHealth estão relacionadas com a falta de informação quanto à eficácia e custo benefício das aplicações de mHealth, conflitos de prioridades nos sistemas de saúde, ausência de uma política de apoio e questões legais (WHO, 2021). A área de mHealth tem um enorme potencial para transformar a saúde e as intervenções clínicas na comunidade. Vários estudos indicam o uso de telefones celulares para apoiar intervenções na saúde pública (WHO, 2021). Se ampliarmos essa perspectiva para o uso de aplicativos que coletam, compilam e processam informações pessoais dando apoio a tomada de decisão, temos possibilidades ilimitadas. Embora muitas intervenções mHealth ainda estejam em processo de avaliação quanto a sua eficácia, evidências atuais sugerem que a ferramenta mHealth, especialmente aqueles entregues através dos smartphones, podem promover mudanças no comportamento através do empoderamento e incentivos na educação (GUR-MAN et al., 2020). Destaca-se a plataforma React Native criada a partir do React, biblioteca de código Java Script para desenvolvimento de web sites, desenvolvidos por engenheiros do Facebook, que utiliza componentes nativos em vez de componentes web com compilação em blocos. Similarmente ao React, parte de alguns conceitos básicos, como a linguagem JSX, props, state, porém ainda necessita de aprendizagem de outros componentes nativos específicos da plataforma. Trabalha com linguagem baseada em Java Script, o JSX, e utiliza ECMAS-cript, CSS Flexbox e diversos pacotes NPM. É de código aberto, fácil manutenção, alta qualidade e acesso direto aos componentes de plataformas nativas, dando destaque à performance das aplicações. A compilação é reescrita para as plataformas Android, em Java, ou iOS, em Objective-C ou Swift, e os testes são executados em emulador, dispositivos reais ou através do recurso Hot Reloading, que permite compilar uma vez e recarregar as telas em tempo real. Utilizado por milhares de aplicações, entre empresas bem estabelecidas e novas startups. Algumas reconhecidas mundialmente como Facebook, Instagram, Skype, Airbnb, Wallmart, Tesla, Delivery.com, SoundCloud Pulse, UberEATS, Vogue e Wix.com. Uma aplicação Web para dispositivos móveis é desenvolvida para se adaptar ao navegador de um smartphone ou tablet, sendo independente de qualquer plataforma mobile nativa, loja de aplicativos ou aparelho. As aplicações Web são implementadas a partir das tecnologias HTML, CSS e JavaScript, assim utilizam do navegador como ambiente de tempo de execução e podem ser tratadas como um site web otimizado para dispositivos mobile que o navegador interpretará, com o cuidado de desenvolver para os diversos tamanhos de telas e usabilidade de usuário. O desenvolvimento é de baixo custo, rápido, adaptável e fácil. Como não está disponível para baixar em lojas de aplicativos, só podem ser acessadas simplesmente através de um endereço URL, tornando a tecnologia acessível ao maior número de pessoas. Porém, dependem de conexão à internet, e caso esta não seja eficiente a aplicação se torna lenta ou indisponível, não fornecem acesso às funcionalidades de hardware dos dispositivos como câmera, GPS, ligações, notificações ou outras integrações de hardware e software que estão disponíveis em aplicações nativas ou híbridas. Entre as desvantagens das tecnologias nativas e web, a tecnologia mobile híbrida pode ser a resposta. O desenvolvimento de aplicações híbridas serve para quando há a necessidade de distribuição em multiplataformas, abrangendo maior número de usuários, rapidamente, com baixo custo, financeiro e de manutenção, e acesso offline (sem internet) à aplicação. As aplicações híbridas são desenvolvidas uma única vez nas linguagens HTML5, CSS e Java Script, similar à tecnologia Web, contendo comparavelmente a mesma quantidade de linhas de código, e compiladas para as plataformas desejadas, como iOS, Android ou Windows Phone, utilizando funcionalidades específicas de cada API. Esta habilidade diminui o custo e tempo de desenvolvimento da aplicação. Semelhante às tecnologias nativas, aplicações híbridas são instaladas no dispositivo através das lojas das plataformas em que forem publicadas, tendo acesso às características específicas. Outras características técnicas desta tecnologia, são a flexibilidade de design de interfaces, o desenvolvimento e a implementação mais ágil e fácil, a performance, resposta e fluidez da aplicação perde quanto à nativa, assim como na disponibilidade de ferramentas para testes e depuração, porém, ganha na sua manutenção e independência de plataformas. Existem diversos frameworks disponíveis no mercado para o desenvolvimento de aplicações híbridas. Por exemplo Ionic, React Native, Xamarin, Phone-Gap, NativeScript, entre outras. Fundado em 2012, o framework Ionic é reconhecido como líder e mundialmente mais popular entre as tecnologias mobile híbridas para construção de aplicações de alta qualidade. Com o design moderno, claro, bonito, funcional e simples, é gratuito e de código fonte aberto para desenvolvimento de aplicações nativas e web progressivas com facilidade e rapidez (GUPTA, 2017). Licenciado pela MIT13, garante isenção de custo para sempre com uma vasta comunidade internacional que auxilia no desenvolvimento divertido da plataforma, além de oferecer documentação clara e consistente. Utiliza as web linguagens Type Script, linguagem mais simples e dinamicamente “tipada” que compila para Java Script puro, e HTML e é baseado em Angular, desenvolvido pela Google. Totalmente multiplataformas, mobile e web, com código único, fornece mais de 120 funcionalidades nativas como Bluetooth, HealthKit, autenticação digital e outros com plug-ins Cordova/PhoneGap e extensões do TypeScript. Inclui o pacote Ionicons, com centenas de ícones populares mais comuns entre as aplicações. Ainda demonstra preocupação com a performance das aplicações, apresenta linha de comandos simples para criação, compilação, teste e implementação numa única plataforma e leva destaque para a velocidade e facilidade de desenvolvimento com testes e atualizações de código em tempo real com a compilação AoT15. Os mais de cinco milhões de desenvolvedores de mais de 200 países no mundo utilizam, contribuem e compartilham a comunidade do fórum, sites de pesquisa e armazenamento de código, passando dos quatro milhões de aplicações construídas.
Uma Análise Comparativa Entre Flutter e React Native Como Frameworks para Desenvolvimento Híbrido de Aplicativos Mobile - Estudo de Caso Visando Produtividade